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1 2 3 O AUTOR Olá, estudantes. Sou o professor Regys Rodrigues da Mota. Sou bacharel (2007) e licenciado (2008) em Ciências Sociais e mestre em Sociologia (2011) pela Universidade Federal de Goiás. Durante os próximos meses, estaremos juntos realizando uma série de atividades acadêmicas para que possamos aprofundar o conhecimento sobre alguns dos temas abordados pela disciplina de Antropologia e Cultura oferecida pela Faculdade Araguaia. Vamos iniciar a disciplina de Matodologia Científica. Acompanhe cada unidade e leia com atenção todos os materiais. A interação e a troca de experiências são muito importantes para a consolidação do conhecimento, sendo assim, participe de forma intensiva dos fóruns propostos. É muito importante que você se dedique à leitura, às atividades e se comprometa em realizar os exercícios propostos. Lembre-se de trocar informações com o tutor (a) e com os colegas do curso. Tenho certeza de que juntos vamos alcançar o sucesso! Bons estudos! Professor Mestre Regys Rodrigues da Mota Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP M917m Mota, Regys Rodrigues da Metodologia científica / Regys Rodrigues da Mota – Goiânia: NUTEC, 2017. 89 p. : il. - (Educação a distância Araguaia). Possui bibliografia. 1. Metodologia do trabalho científico. 2. Pesquisa. 3. Educação a distância – Metodologia. 4. Educação superior. I. Faculdade Araguaia. II. Título. ISBN: 978-85-98300-42-9 CDU: 001.8(07) Ficha catalográfica elaborada pela Bibliotecária Marta Claudino de Moraes CRB-1928 4 FACULDADE ARAGUAIA - FARA 1º Edição - 2017 É proibida a reprodução total ou parcial desta obra, por qualquer meio e para qualquer fim. Obra protegida pela Lei de Direitos Autorais DIRETORIA GERAL: Professor Mestre Arnaldo Cardoso Freire DIRETORIA FINANCEIRA: Professora Adriana Cardoso Freire DIRETORIA ACADÊMICA Professora Ana Angélica Cardoso Freire DIRETORIA ADMINISTRATIVA Professor Hernalde Menezes DIRETORIA PEDAGÓGICA: Professora Mestra Rita de Cássia Rodrigues Del Bianco VICE-DIRETORIA PEDAGÓGICA Professor Mestre Hamilcar Pereira e Costa COORDENAÇÃO GERAL DO NÚCLEO DE TECNOLOGIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Professor Mestre Leandro Vasconcelos Baptista COORDENAÇÃO GERAL DOS CURSOS TÉCNICOS Professor Doutor Ronaldo Rosa Júnior REVISÃO DE LÍNGUA PORTUGUESA Rafael Souza Simões COORDENAÇÃO E REVISÃO TÉCNICA DE PRODUÇÃO DE CONTEÚDO EM VÍDEO E WEB Professora Doutora Tatiana Carilly Oliveira Andrade DESIGN GRÁFICO E EDITORIAL Bruno Adan Vieira Haringl FACULDADE ARAGUAIA Unidade Centro – Polo de Apoio Presencial Endereço: Rua 18 nº 81 - Centro - Goiânia-GO, CEP: 74.030-040 Fone: (62) 3224-8829 Unidade Bueno Endereço: Av. T-10 nº 1.047, Setor Bueno - Goiânia-GO, CEP: 74.223-060 Fone: (62) 3274-3161 Site Institucional www.faculdadearaguaia.edu.br NÚCLEO DE TECNOLOGIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Polo Goiânia: Unidade Centro Correio eletrônico: nutec@faculdadearaguaia.edu.br mailto:nutec@faculdadearaguaia.edu.br 5 SUMÁRIO Apresentação ............................................................................................................. 7 UNIDADE 1: METODOLOGIA CIENTÍFICA......................................................... 8 1.1 METOLOGIA E AS DIVERSAS FORMAS DE CONHECIMENTO ...................... 9 1.1.1- O conhecimento do senso comum .......................................................... 10 1.1.2- O senso comum e a propagação de informações ................................... 11 1.1.3- O conhecimento científico ....................................................................... 13 1.1.4- O caráter hipotético do conhecimento científico ...................................... 14 1.1.5- O método de investigação praticado por Sócrates .................................. 15 1.1.6- O método aristotélico ............................................................................... 16 1.1.7- Legado grego .......................................................................................... 17 1.2 CIÊNCIA E MÉTODO ................................................................................. 18 1.2.1- A abordagem da ciência moderna ........................................................... 19 Síntese da unidade ......................................................................................... 22 Atividades 1 .................................................................................................... 23 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 24 UNIDADE 2: TIPOS DE PRODUÇÕES CIENTÍFICAS ............................................. 25 2.1 O FICHAMENTO ................................................................................................ 25 2.1.1 O modelo de fichamento de citações ........................................................ 27 2.2.2 O modelo de fichamento de resumo ou conteúdo ..................................... 27 2.2.3 O modelo de fichamento bibliográfico ...................................................... 28 2.2 O RESUMO ........................................................................................................ 28 2.3 A RESENHA ....................................................................................................... 30 2.4 O RELATÓRIO TÉCNICO ........................................................................... 32 2.4.1 O resumo técnico ..................................................................................... 32 2.5 O PROJETO DE PESQUISA ...................................................................... 33 2.5.1 o artigo Científico ...................................................................................... 34 Síntese da unidade ......................................................................................... 34 Atividades 2 .................................................................................................... 35 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 36 ANEXO 1 Modelo de Resumo Simples fornecido pelas coordenações do curso de Engenharia Civil e do curso de Engenharia Ambiental da Faculdade Araguaia ................................................................................................................... 37 ANEXO 2 Modelo do Resumo Expandido fornecido pelas coordenações do curso de Engenharia Civil e do curso de Engenharia Ambiental da Faculdade Araguaia ................................................................................................................... 38 UNIDADE 3: O PROJETO DE PESQUISA E O ARTIGO CIENTÍFICO ................... 42 3.1 A ESTRUTURA DO PROJETO DE PESQUISA. ................................................ 42 3.2 A ESTRUTURA DO ARTIGO CIENTÍFICO ........................................................ 47 6 3.3 A ESCRITA CIENTÍFICA .................................................................................... 49 3.3.1 Normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) para referências ......................................................................................................... 50 3.3.2 Fazendo a referência no tópico Referências ............................................. 52 3.3.3 Pesquisando artigos científicos e referências ........................................... 56 Síntese da unidade ......................................................................................... 58 Atividade 3...................................................................................................... 59 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 61 ANEXO 1 Modelo de capa para o projeto de pesquisa e para o artigo científico62 ANEXO 2 Modelo de folha de rosto para o projeto de pesquisa e para o artigo científico................................................................................................................... 63 ANEXO 3 Modelo do Cronograma ......................................................................... 64 ANEXO 4 Estrutura do Artigo científico ................................................................ 66 UNIDADE 4: TIPOS DE PESQUISA ......................................................................... 67 4.1 DELINEAMENTO DA PESQUISA ...................................................................... 67 4.2 COMO CLASSIFICAR UMA PESQUISA COM BASE NOS SEUS OBJETIVOS? 4.2.1 Pesquisa exploratória ............................................................................ 68 4.2.2 Pesquisa descritiva ................................................................................ 68 4.2.3 Pesquisa explicativa .............................................................................. 69 4.3 COMO CLASSIFICAR UMA PESQUISA COM BASE NOS PROCEDIMENTOS TÉCNICOS UTILIZADOS? ....................................................................................... 69 4.3.1 Pesquisa Bibliográfica ............................................................................. 70 4.3.2 Pesquisa Documental .............................................................................. 71 4.3.3 Pesquisa Experimental ............................................................................ 71 4.3.4 Pesquisa Pré-experimental ..................................................................... 71 4.3.5 Pesquisa Ex-post-facto ............................................................................ 72 4.3.6 Pesquisa de Levantamento (Surverys) .................................................... 72 4.4 TÉCNICAS DE COLETA DE DADOS ......................................................... 75 4.4.1 A observação na coleta de dados ............................................................. 75 4.4.2 Observação simples .................................................................................. 76 4.4.3 Observação participante ........................................................................... 78 4.4.4 Observação sistemática ............................................................................ 79 4.4.5 Entrevista .................................................................................................. 79 4.4.6 Estrevista informal ..................................................................................... 81 4.4.7 Entrevista focalizada ................................................................................. 81 4.4.8 Entrevista por pautas ................................................................................ 81 4.4.9 Entrevista por telefone .............................................................................. 82 Síntese da unidade ......................................................................................... 84 Atividade 4 ...................................................................................................... 85 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 87 7 Apresentação O objetivo desta disciplina, ministrada pela Faculdade Araguaia no Ensino a Distância, é capacitar os (as) acadêmicos (as) com conhecimentos fundamentais da Metodologia Científica, buscando a interdisciplinaridade ao tratar dos procedimentos que devem ser seguidos para o desenvolvimento de pesquisas científicas. Dessa forma, a intenção é trabalhar no decorrer das aulas diversos assuntos relacionados à produção científica. Na primeira unidade, a proposta é abordar sobre a teoria do conhecimento, apresentando as diferenças entre o senso comum e o conhecimento científico, bem como a evolução de diversos métodos de investigação no decorrer da história humana que contribuíram para a construção do que chamamos hoje de metodologia na produçãoo científica. Na segunda unidade, o objetivo específico é o de compreender as diferenças entre alguns tipos de produções didáticas/científicas, apresentando os elementos que caracterizam o fichamento, a resenha, o resumo simples, o resumo expandido, o relatório técnico e o resumo técnico, além de apresentar uma primeira definição do que é o projeto de pesquisa que culminará no desenvolvimento do artigo científico. A proposta da terceira unidade é analisar de forma mais aprofundada os elementos que caracterizam o projeto científico e o artigo científico, elementos estes orientados pela Associação Nrasileira de Normas Técnicas (ABNT). Na quarta unidade, o objetivo é o de apresentar os tipos de pesquisa, bem como suas especificidades. Após se ter a noção dos elementos que constituem o projeto de pesquisa e o artigo é possível realizar uma classificação metodológica a partir dos objetivos e dos procedimentos que caracterizam uma investigação de caráter científico. 8 UNIDADE 1: METODOLOGIA CIENTÍFICA A disciplina de Metodologia Científica está presente em praticamente todas as grades de aulas de todos os cursos acadêmicos, sejam cursos englobados nas áreas de Humanas, Biológicas ou Exatas. A partir de tal disciplina, o estudante entra em contato com a normatização para a produção de trabalhos científicos e com as técnicas de coleta e análise de dados obtidos com a realização de pesquisas. No entanto, outras dimensões são apresentadas. Realizar uma pesquisa é muito mais do que aplicar técnicas de coleta, analisar dados e escrever no final do processo um trabalho seguindo uma normatização pré-determinada. Para a confecção de um trabalho científico, é necessário primeiramente se pensar na postura que deve ser adotada pelo pesquisador, nas diferentes formas de ver o mundo, no tipo de conhecimento que almeja ser construído. Um pesquisador deve se fazer, o tempo todo, algumas perguntas para não correr o risco de que o resultado final de sua produção seja invalidado. Estou sendo imparcial ou parcial na condução desse estudo? Essa opinião caracteriza-se por ser determinista? O material produzido utiliza-se de fontes adequadas ou está bebendo 9 do senso comum? É necessário que, no final das contas, eu confirme minha hipótese inicial de pesquisa para que o que eu fiz seja válido? Essas são algumas das perguntas que devem ser feitas constantemente no ato de se pesquisar. Ou pelo menos deveriam ser feitas. O aluno, em alguns casos, é colocado diretamente em contato com a técnica, com o instrumento de coleta de dados, com a urgência de se fazer logo “um bom Referencial Teórico”, sem antes estabelecer uma discussão metodológica do que é senso comum, do que é determinismo, do que são ou não fontes confiáveis de informações ou mesmo o que é um Referencial Teórico. Assim, o aluno aprende o que tem que fazer para a construção do trabalho científico, mas nem sempre aprende a conectar corretamente as partes do trabalho. Para compreender os diferentes componentes presentes na metodologia de uma pesquisa realizada na atualidade, é necessário inicialmente olhar para o passado e compreender as várias discussões metodológicas estabelecidas em diferentes períodos da história humana. 1.1 AS DIVERSAS FORMAS DE CONHECIENTO Metodologia é uma palavra derivada de “método”, do latim “methodus”, cujo significado é “caminho ou a via para a realização de algo”. Método é o processo para se atingir determinado fimou para se chegar ao conhecimento. Dessa forma, metodologia é o campo em que se estuda os melhores métodos praticados em determinada área para a produção do conhecimento (LAKATOS e MARCONI, 2015). Assim sendo, para compreender esse campo de estudo é necessário compreender primeiramente os diferentes tipos de conhecimento. O ser humano é um ser jogado ao mundo, condenado a viver sua existência. Por ser existencial, tem que interpretar a si e ao mundo em que vive, atribuindo-lhes significações, criando intelectualmente representações significativas da realidade, representações que, por sua vez, são chamadas de conhecimento. Dependendo da forma pela qual se chega a uma determinada representação significativa, o conhecimento pode ser, em linhas gerais, classificado em diversos tipos: mítico, ordinário, artístico, filosófico, religioso, dentre outros. 10 As duas formas que estão mais presentes e que mais interferem nas decisões da vida diária do homem são o conhecimento do senso comum e o científico. Ambas as formas partem da necessidade de se compreender o mundo, mas os caminhos que percorrem são diferentes. Não só os caminhos são diferentes, como os instrumentos utilizados para a produção de significados também são. Até mesmo quando as representações dos significados são os mesmos, o processo de validação e propagação de tais representações apresentam características particulares. 1.1.1 O conhecimento do senso comum A forma mais usual utilizada para interpretar a si mesmo, o seu mundo e o universo como um todo, produzindo interpretações significativas, é a do senso comum (conhecimento ordinário, comum ou empírico). Essa forma de conhecimento surge como consequência da necessidade de resolver problemas imediatos, que aparecem na vida prática e decorrem do contato direto com fatos e fenômenos que vão acontecendo no dia a dia, notados principalmente através da percepção sensorial. Não é um conhecimento programado ou planejado, pois, à medida que a vida vai acontecendo, ele se desenvolve, sendo caracterizado por ser espontâneo e instintivo (LAKATOS e MARCONI, 2015). Por ser vivencial é também superficial, sem aprofundamento crítico ou racionalista, é um “viver sem conhecer”. Apresenta um caráter predominantemente 11 utilitarista, não especificando as razões ou fundamentos teóricos que demonstram ou justificam o seu uso, possível correção ou confiabilidade. Por se basear em soluções de problemas imediatos, sem compreender ou conhecer as explicações a respeito do seu sucesso, o senso comum transforma-se em convicção, em crença, que é repassada de indivíduo para indivíduo, de geração para geração. A utilização de ervas medicinais, por exemplo, é reproduzida sem a devida reflexão a respeito das razões que levam a tal utilização. Sabe-se apenas que o uso de erva X possibilita o benefício Y, ou pelo menos se imagina que possibilita o benefício Y, pois nem isso pode ser confirmado, já que não existe um estudo rigoroso a respeito. O açúcar cristal, por exemplo, é utilizado para a cicatrização de ferimentos. Ninguém, a não ser quem tenha obtido a informação de alguma fonte científica, sabe dizer por que esse açúcar possui esse poder bactericida e cicatrizante. Aliás, baseado exclusivamente no senso comum, sequer é possível comprovar se o açúcar possui realmente essas capacidades. Na maioria dos casos, as pessoas conhecem apenas o efeito benéfico, ou mesmo reproduz o que outros falaram, instituindo uma tradição, um costume que é passado adiante (LAKATOS e MARCONI, 2015). Esse tipo de conhecimento é muito subjetivo e tem baixo poder de crítica, subordinado a um envolvimento afetivo e emotivo do sujeito que o elabora/reproduz. É incapaz de ser isento, pois baseia-se em interpretações sustentadas apenas por crenças pessoais e não resiste quando submetido à crítica sistemática. 1.1.2. O senso comum e a propagação de informações Essa forma de conhecimento superficial encontra-se também na reprodução de informações dentro da sociedade. Discursos são constantemente reproduzidos, mas não são analisados. Na atualidade, onde o mundo encontra-se “conectado”, a quantidade de informações disponibilizadas é muito grande, mas a forma como são tratadas ainda é muito precária. Nas redes sociais, discursos são instituídos de maneira muito rápida. Uma notícia ganha força ao ser compartilhada, mas nem todos buscam a veracidade da fonte ou mesmo analisam o conteúdo do que está sendo reproduzido. Passar adiante uma chamada bombástica está a “um clique” de distância. Agora, analisar o 12 que está sendo lido, associar com um contexto maior, refletir a respeito do que está sendo falado pode levar mais tempo, o que nem todos estão dispostos a “perder”. Diante dessa postura, o senso comum vai ganhando força, pois ele é rápido, exige menos crítica e é cômodo, pois encontra respaldo em uma coletividade. Seguir a maioria, o que todos estão falando, pode oferecer mais conforto do que, por exemplo, pensar por si mesmo e chegar a uma conclusão diferente por meio da reflexão constante (MARCONI, 2013). Fontes não científicas ganham força, pois não existe debate. A mídia aparece como uma fonte totalmente verídica e o que ela fala ganha rapidamente peso de verdade, pois o confronto de ideias pode não encontrar espaço para ser praticado. Costumes, tabus e preconceitos são estabelecidos a partir dessa ausência de discussão e, consequentemente, ausência de reflexão. De certa forma, é impossível afirmar que determinada pessoa é livre por completo do senso comum, pois a informação contida nesse conhecimento é mais imediata e fácil de ser acessada. Como dito anteriormente, remete a um envolvimento afetivo e emotivo do sujeito que o elabora/reproduz. No entanto, como será exposto mais adiante, aquilo que é tido como verdade só se mantém com tal status aos olhos da ciência quando é constantemente exposto a um método rigoroso de análise. Ciências exatas, humanas e biológicas trabalham com a exposição do objeto estudado à constante verificação de sua veracidade. No campo das ideias, essa verificação passa pelo livre debate, pela exposição de diferentes opiniões na tentativa de se produzir novas formas de conhecimento e não pela simples e mecânica reprodução do que a maioria está dizendo. A produção do conhecimento científico trata-se, portanto, de uma tarefa mais árdua, que exige concentração, disciplina, rigor metodológico e da mente aberta por parte do pesquisador, pois as respostas obtidas por ele dentro de uma pesquisa nem sempre estarão de acordo com o mundo e as informações que constituem a sua subjetividade, sendo necessário sempre se reinventar diante da descoberta de novos paradigmas, de novas técnicas, de novos conceitos e de diferentes perspectivas. 13 1.1.3 O conhecimento científico O conhecimento científico surge da necessidade de o homem não assumir uma posição meramente passiva, de testemunha dos fenômenos, sem poder de ação ou controle dos mesmos. Cabe ao ser humano, otimizando o uso da sua racionalidade, propor uma forma sistemática, metódica e crítica da sua função de desvelar o mundo, compreendê-lo, explicá-lo e dominá-lo. O que impulsiona o homem em direção à ciência é a necessidade de compreender a cadeia de relações que se esconde por trás das aparências sensíveis dos objetos, fatos ou fenômenos, captadas pela percepção sensorial e analisadas de forma superficial e subjetiva pelo senso comum. Sócrates, por volta de 469 a 399 a.C., já fazia a distinção entre um Mundo Sensível e um Mundo das Ideias. Para ele, o Mundo Sensível é o lugar que leva ao erro, leva à percepção errada das coisas, baseado apenas no que cada um vê ou escuta, sem procurar enxergar a essência real das coisas. É um lugar onde impera o preconceito, a imagem, o estereótipo, a superficialidade,o ato de ver apenas a fachada das coisas, o ato de julgar um livro pela capa. Por outro lado, o Mundo das Ideias é um lugar à parte onde só é possível se chegar por meio da constante reflexão, predominando a busca pelo conhecimento, pela verdade das coisas (MINAYO, 2004). 14 Apesar da força do alcance e do comodismo do senso comum, o ser humano quer ir além dessa forma de ver a realidade imediatamente percebida por meio dos olhos e ouvidos e descobrir os princípios explicativos que servem de base para a compreensão da organização, classificação e ordenação da natureza em que está inserido. Através dessa particularidade, a realidade passa a ser percebida aos olhos da ciência não de uma forma desordenada, fragmentada, como ocorre na visão subjetiva do senso comum, mas sob o enfoque de um critério orientador, de um princípio explicativo que esclarece e proporciona a compreensão do tipo de relação que se estabelece entre fatos, coisas e fenômenos, unificando a visão de mundo. O conhecimento científico é produto resultante da investigação científica, investigação esta iniciada a partir do momento que se tem uma dúvida, uma pergunta que ainda não tem resposta ou cujo o conhecimento já existente é insuficiente ou inadequado para apresentar uma resposta satisfatória (LAKATOS e MARCONI, 2015). 1.1.4 O caráter hipotético do conhecimento científico O conhecimento científico, assim como o senso comum, embora mais seguro do que esse último, também é falível. Pode o investigador, por exemplo, à luz do seu referencial teórico, elaborar hipóteses inadequadas, excluindo fatores significativos relacionados com a situação problema, não planejar corretamente o processo de testagem de suas hipóteses, não prever a utilização de instrumentos e técnicas de observação e de medida adequados, válidos ou fidedignos, não perceber provas contrárias ou ainda, influenciado pela sua subjetividade, que jamais é eliminada ou anulada, ou levado pela precipitação e por um raciocínio incorreto, extrair uma conclusão imprópria. Por se reconhecer a natureza hipotética do conhecimento científico, ele deve ser constantemente submetido a uma revisão crítica, tanto na consciência lógica interna de suas teorias, quanto na validade de seus métodos e técnicas de investigação (GIL, 2002). O que distingue essa forma de conhecimento das demais não é o assunto, o tema ou o problema, e sim a forma especial que adota para investigar os problemas. 15 Como será exposto no decorrer desta disciplina, a ciência esteve presa durante muito tempo a uma concepção determinista/positivista do universo, incorporando em si o status de que “o que é científico é uma verdade absoluta”. Apesar de combater o dogmatismo religioso, durante o final da Idade Média e Início do Renascimento, o conhecimento científico, durante muito tempo, se apresentou com ares de dogmatismo. No entanto, essa concepção foi abandonada e hoje trabalha-se com a noção de falibilidade da própria ciência. O que é verdade hoje, amanhã pode não ser a partir da descoberta de novas informações, de novas técnicas de investigação. A resposta de hoje, amanhã pode já não mais satisfazer frente à luz de novas perspectivas, de novas perguntas a serem respondidas, de novos paradigmas. 1.1.5 O método de investigação praticado por Sócrates Relatos históricos afirmam que Sócrates procurava lançar questões para alimentar o debate entre seus discípulos e estimular a reflexão sobre diferentes assuntos a respeito da vida humana. Passado o debate, os discípulos manifestavam as suas ideias. Após a formulação e exposição das opiniões, Sócrates procurava mostrar, por meio de questionamentos, a contradição no pensamento dos discípulos a fim de produzir um novo conhecimento a partir da reflexão. Esse movimento não só produzia conhecimento aos alunos como também produzia para o mestre, ao entrar em contato com diferentes opiniões, diferentes argumentos e perspectivas. 16 A intenção não seria a de ganhar o debate, como propunham os sofistas e sim a de criar uma via de mão dupla de troca e produção de informações. Essa forma de aprendizagem perdurou entre os discípulos de Sócrates, com destaque para Platão. Aristóteles, discípulo de Platão, também deu continuidade a esse processo com algumas mudanças de perspectivas, que serão abordadas mais a frente nesse texto. Os três filósofos encaravam o ser humano como um ser do conhecimento e procuravam contextualizá-lo no tempo e na história. A obra “A República” de Platão e a obra “A política”, de Aristóteles, foram as primeiras a tratar das relações entre homens e a constituição de grupos de interação (sociedades) de maneira sistemática e separada da religião, mas não independente dos regimes políticos e econômicos. 1.1.6 O método aristotélico Diferente de Sócrates, Aristóteles (384 a 322 a.C.) acreditava ser possível chegar ao verdadeiro conhecimento a partir da colaboração do Mundo Sensível ao Mundo das Ideias. Propunha um método de investigação baseado na observação e na dedução, ou seja, a partir do que se vê e se ouve (Mundo Sensível) é possível chegar à realidade das coisas por meio da reflexão e constatação de evidências (Mundo das Ideias). A teoria do conhecimento que se utilizava desse método ficou conhecida pelo nome de empirismo (LAKATOS e MARCONI, 2015). No empirismo, a experiência sensorial revela a existência de evidências concretas. A realidade pode ser analisada através de suas partes e princípios, que podem ser observados, para, em seguida, por meio da dedução, postular princípios universais, expressos na forma de juízos, encadeados logicamente entre si. Dessa forma, o modelo aristotélico propõe uma ciência que produz um conhecimento que pretende ser um fiel espelho da realidade, por estar sustentado no observável. Porém, esse modelo deve produzir também uma ciência do discurso, predominantemente qualitativa (que descreve a qualidade/natureza do objeto). O conhecimento verdadeiro deve satisfazer os critérios da justificação lógica, ou seja, deve ser demonstrado com argumentos que sustentam sua veracidade a partir da 17 coerência lógica de suas afirmações com princípios universalmente aceitos (verdade sintática) (LAKATOS e MARCONI, 2015). A esse encadeamento lógico atribuiu-se o nome de silogismo. Consiste em se chegar a uma conclusão a partir da dedução obtida no momento que se apreende a lógica existente na conexão entre as premissas: Premissa 1: Todo homem é mortal. Premisse 2: João é homem. Conclusão: Logo, João é mortal. Assim sendo, de forma geral, o processo de investigação de um determinado fenômeno (método dedutivo) deveria seguir os seguintes passos: A) Primeiro, deve-se observar o fenômeno (a experiência sensorial alimenta a reflexão e revela a existência de evidências/premissas concretas) B) Registrar as partes e princípios constituintes desse fenômeno que foram observados (registrar evidências/premissas). C) Estabelecer por meio da dedução, leis universais que explicam as causas e os efeitos do fenômeno (conclusão). Em outras palavras, para Aristóteles, por meio de observação constante de algo, é possível se chegar às suas partes componentes (premissas) e, a partir da dedução lógica, chega-se à conclusão de uma lei universal que serve para explicar as causas e os efeitos do fenômeno observado. 1.1.7 Legado grego Mesmo com o domínio do Império Romano, muitos aspectos da cultura grega foram preservados, influenciando o mundo ocidental até a atualidade. É claro que mudanças ocorreram na história que resultaram em alterações na forma de se enxergar o ser humano, o social e o padrão de investigação a ser aplicado. A Idade Média, também conhecida como Idade das Trevas (séculos V a XV d.C), representou uma forte ruptura com o ideal grego da livre reflexão.A forte influência da Igreja em diferentes setores da vida social, controlando inclusive o que era 18 ensinado nas escolas, condicionou também as produções culturais e científicas a seguirem um viés estritamente religioso. A livre reflexão defendida por Sócrates, Platão e Aristóteles, bem como a defesa da centralidade do ser humano ao se pensar no social, perdem espaço para um ensino estritamente religioso. Apenas com o Renascimento, retoma-se o ideal filosófico grego de se pensar o mundo a partir das relações humanas, causando mudanças nos paradigmas educacionais e metodológicos. O preceito sofista de que deve existir o livre debate de ideias é algo ainda em voga na atualidade. Mas esse debate deve estar acompanhado de conteúdo. Fazer ciência é também contrapor ideias. Uma metodologia de pesquisa pode prever o contraponto de argumentos, de conceitos e de técnicas de investigação. A perspectiva defendida por Sócrates de que ser humano é, antes de tudo, um ser do conhecimento, ainda hoje perdura, assim como a observação proposta por Aristóteles ainda hoje é um recurso muito importante para a realização de pesquisas. Mesmo concepções como o silogismo, a verdade sintática, empirismo e o método dedutivo dividindo espaço com outras proposições metodológicas na atualidade, ainda hoje alimentam o debate sobre a adequação do métodos e técnicas de investigação de acordo com diferentes modelos de produções científicas. 1.2 CIÊNCIA E MÉTODO Os caminhos apontados pelos filósofos gregos influenciaram o mundo por mais de 2000 anos. Como dito na aula anterior, ainda hoje essa influência se faz presente no “fazer científico”. No entanto, a partir do século XV, muitos elementos constitutivos desses caminhos passaram a ser duramente atacados, frente a uma verdadeira revolução científica que introduziu a experimentação como nova fonte para a produção do conhecimento, modificando radicalmente a compreensão e concepção teórica de mundo, de verdade e de método (RAMOS, 2009). Aos poucos, a observação deixou de ser a principal fonte de produção do conhecimento e passou a ser um dos vários recursos para se chegar à verdade das coisas. A reprodução do fenômeno estudado por meio de experimentos passou a ser 19 a fonte de validação do conhecimento. Se algo não pode ser reproduzido em condições ideais, então este algo não pode ser corroborado. O mesmo aconteceu com o método dedutivo proposto por Aristóteles. Nessa nova perspectiva, algo não pode ser tomado como verdade baseado apenas na dedução lógica. Deve existir uma verificação constante do fenômeno analisado e uma lógica maior do que a mera dedução como resposta para os problemas levantados pela ciência. Instituiu-se a necessidade de existir um rigor metodológico para a realização da pesquisa. Tal rigor ainda hoje se faz presente, pois sem controle, sem a vigência de um método de investigação previamente estabelecido, o conhecimento deixa de ser científico e passa a ser meramente o resultado do senso comum, ou seja, passa a ser resultado da subjetividade de cada pesquisador (LAKATOS e MARCONI, 2010). Tornou-se necessária a uniformidade metodológica dos procedimentos científicos. No entanto, quais critérios deveriam ser adotados para se estabelecer essa uniformidade? Para Francis Bacon, o principal critério deveria ser a experimentação. 1.2.1 A abordagem da ciência moderna Francis Bacon (1561-1626) Opondo-se à ciência grega e ao dogmatismo religioso que imperou durante toda a Idade Média, o filósofo e cientista Francis Bacon propôs que os preconceitos de ordem religiosa, filosófica e decorrentes das crenças culturais, fossem 20 abandonados, pois distorciam a impediam a verdadeira visão do mundo, que deveria ser resultado da interpretação da natureza. Segundo Bacon, o empirismo proposto por Aristóteles, que até então consistia no modelo vigente, era muito leviano, pois ao estudar um determinado fenômeno, os observadores se deixavam levar pelas impressões dos sentidos, concluindo generalizações utilizando indevidamente a dedução, conduzindo a enganos que não podiam ser classificados como “fazer ciência”. Defendia que era necessário inventar um novo instrumento, um novo método de estudo que desse maior eficácia à investigação. A esse novo método, Bacon atribuiu o nome de interpretação da natureza, partindo do pressuposto de que a natureza é a mestra do homem, sendo necessário obedecê-la para dominá-la. Acreditava que para se fazer ciência era importante primeiramente abandonar os pré-conceitos (ídolos), pois impediam a correta visão das formas (leis) que organizavam a natureza. Segundo Bacon, a ciência fica comprometida quando o pesquisador parte para a análise dos dados com os olhos encobertos pelos Ídolos da Tribo (tendência humana de considerar apenas os casos favoráveis, desconsiderando aquilo que é desfavorável), Ídolos da Caverna (levar em consideração a sua verdade particular e generalizá-la como sendo uma verdade absoluta), Ídolos do Foro (considerar que o que já está dito é uma verdade absoluta) e os Ídolos do Teatro (fazer ciência baseado previamente em ideologias, mantendo a mente fechada para novas ideias) (LAKATOS e MARCONI, 2010). Após eliminar a influência dos ídolos, o caminho a ser percorrido pelo pesquisador, em seguida, deveria ser o da indução experimental, ao invés da dedução lógica proposta por Aristóteles. Nesse caminho, não se poderia simples enumerar alguns casos observados, e sim deveria levar em consideração uma grande gama de elementos envolvidos nos casos analisados e reproduzidos em condições ideais. Em outras palavras, o fazer científico passaria pela observação e pela reprodução do que foi observado por meio de experiências cientificas com a finalidade de analisar o maior número possível de informações. De forma geral, o método da interpretação da natureza, também conhecido como método científico, possuía as seguintes etapas: 21 A) Experimentação: fase na qual são realizados os experimentos sobre o problema investigado, para poder observar e registrar metódica e sistematicamente todas as informações possíveis de se coletar. B) Formulação de hipóteses: após os experimentos, formulam-se hipóteses, na tentativa de explicar a relação causal dos fatos entre si. C) Repetição da experimentação por outros cientistas: ao se repetir os experimentos em outros lugares, acumula-se mais dados que também podem servir para a formulação de hipóteses. D) Repetição do experimento para a testagem das hipóteses: para se obter ainda mais dados e evidências. E) Formulação das generalizações e leis: por fim, ao se realizar todas as etapas anteriores, o cientista formula as leis que descobrir, generalizando suas explicações para todos os fenômenos da mesma espécie. Esse método, no entanto, não teve o mérito de atingir os objetivos a que Bacon se propunha. O que chamou de experimentos, destituídos de mensuração e controle quantitativos, não passaram de meras experiências. A Bacon deve ser creditado o salto de qualidade do pensamento científico moderno instituindo um método empirista baseado na indução experimental, mas foi Galileu Galilei que revolucionou a ciência de sua época. Galileu Galilei (1564 a 1642) 22 Diferentemente do que propunha Aristóteles, que considerava ser possível validar a explicação de algo através da utilização de argumentos lógicos, Galileu acreditava que só seria possível tal validação por meio de provas construídas e elaboradas de forma matemática. O critério da verdade não mais deveria ser o da verdade sintática, e sim o da verdade semântica, que consiste na procura da correspondência entre o conteúdo dos enunciados e a evidência dos fatos por meio do método científico- experimental. Apesar de se basear nessa ideia de queera necessária a realização do experimento para a validação científica de algo, como propunha Bacon, Galileu propunha a matemática e a geometria como linguagens da ciência e o teste quantitativo-experimental das suposições teóricas como mecanismos necessários para avaliar a veracidade das hipóteses e estipular a verdade científica, mudando radicalmente a forma de produzir e justificar o conhecimento científico. Esse método foi também chamado de método quantitativo experimental. A realidade passou a ser vista como algo geométrico e os fenômenos que estavam presentes nessa realidade se comportavam de acordo com relações e princípios quantitativos (que pode ser quantificado). Assim sendo, ao ser humano competiria utilizar a sua razão para teorizar e construir a interpretação matemática do real. Da proposição de ciência qualitativa de Aristóteles, passou-se a valorizar a ciência quantitativa de Galileu. Síntese da Unidade Tanto o senso comum quanto o conhecimento científico caracterizam-se por serem formados de conhecimento que apresentam especificidades que os diferenciam. Enquanto o senso comum se apoia na força da maioria, no sentimento, nos instintos, nas emoções, no dito popular, o conhecimento científico, por sua vez, se baseia na verdade contextualizada que é constantemente questionada. A ciência exige que as investigações tenham um certo rigor metodológico para que a verdade seja constantemente questionada, pois hoje trabalha-se com a noção de falibilidade da própria ciência. Sócrates, já por volta do século V a.C., defendia a necessidade de sempre se questionar aquilo que é tomado pela maioria como certo para mostrar as contradições do pensamento dessa maioria. 23 Aristóteles propôs como método de investigação, o chamado método dedutivo, em que considerava ser possível, por meio da observação constante, se chegar à verdade das coisas a partir de uma lógica dedutiva. Tal proposta de investigaçãoo perdurou durante vários séculos, até momento em que Fracis Bacon afirmou que a ciência não poderia ser baseada meramente na observação e na dedução das coisas. Para Bacon, ao se estudar um determinado fenômeno, tornava- se necessário abandonar primeiramente os ídolos (“pré-conceitos”) e reproduzir tal fenômeno inúmeras vezes a fim de apreender sobre suas características, causas e consequências. Galileu concordava com tal proposta, mas acrescentou ainda a necessidade de traduzir os resultados dessas reproduções em fórmulas matemáticas. Atividade 1: marque o que se pede nos enunciados das questões Questão 1- Por ser um animal racional, o ser humano produz e reproduz determinadas formas de conhecimento que orientam e reorientam as relações sociais. Sobre essa relação entre o ser humano e o conhecimento, é incorreto afirmar que: A) Por ser existencial, o ser humano tem que interpretar a si e ao mundo em que vive, atribuindo-lhes significações. Cria intelectualmente representações significativas da realidade, que são chamadas de conhecimento. B) Dependendo da forma pela qual se chega a uma determinada representação significativa, o conhecimento pode ser, em linhas gerais, classificado em diversos tipos: mítico, ordinário, artístico, filosófico, religioso, dentre outros. C) As duas formas que estão mais presentes e que mais interferem nas decisões da vida diária do homem são o conhecimento do senso comum e o científico. D) Tanto o senso comum quanto o conhecimento científico partem da necessidade de se compreender o mundo, mas os caminhos que percorrem são diferentes. Não só os caminhos são diferentes, como os instrumentos utilizados para a produção de significados também são. E) Quando as representações dos significados são os mesmos para o senso comum e para o conhecimento científico, o processo de validação e 24 propagação de tais representações apresentam características semelhantes para ambas as formas do conhecimento. Questão 2- De acordo com Bacon, o método utilizado para a construção do conhecimento científico deveria seguir uma série de passos. Não faz parte dessa sequência de passos a informação presente na alternativa: A) O primeiro passo é o da experimentação, no qual o cientista realiza experimentos sobre o problema investigado para poder observar e registrar metódica e sistematicamente todas as informações que for possível coletar. B) O primeiro passo é o da formulação de hipóteses para tentar explicar a relação causal dos fatos entre si. C) O terceiro passo é o da repetição da experimentação por outros cientistas. Após as experimentações iniciais e a formulação de hipóteses, é necessário fornecer os dados para outros cientistas para que eles possam reproduzir os experimentos, ajudando na acumulação de dados que, por sua vez, podem ajudar na formulação de mais hipóteses. D) O quarto passo é o da repetição dos experimentos para a testagem das hipóteses. Após as experimentações iniciais, a formulação de hipóteses e os experimentos realizados por outros cientistas, o investigador, munido de todas as informações possíveis, deve realizar novamente ainda mais experimentos para testar as hipóteses com o objetivo de encontrar novos dados e novas evidências que as corroborem ou as refutem, possibilitando a construção de leis gerais. E) O último passo é o da formulação das generalizações e leis. Ao se realizar todas as etapas anteriores, o cientista formula as leis que descobrir, generalizando suas explicações para todos os fenômenos da mesma espécie. Para responder esses questões é necessária a leitura da Unidade 1 25 BIBLIOGRAFIA BÁSICA GIL, Antônio Carlos. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. São Paulo: Editora Atlas, 2002. LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia do Trabalho Científico. São Paulo: Atlas, 2015. BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de Metodologia Científica. São Paulo: Atlas, 2010. MARCONI, Marina De Andrade. Técnicas de Pesquisa: Planejamento e Execução de Pesquisas: São Paulo. Atlas. 2013. MINAYO, Maria Cecília de Souza (org.) Pesquisa Social: teoria, método e criatividade. 22ª edição. Petrópolis: Vozes, 2004. RAMOS, Albenides. Metodologia da Pesquisa Científica. São Paulo: Atlas, 2009. 26 UNIDADE 2: TIPOS DE PRODUÇÕES CIENTÍFICAS Atualmente, existem várias modalidades de produção que auxiliam o desenvolvimento das pesquisas científicas. Dentre essas modalidades, estão o fichamento, o resumo, a resenha, o projeto de pesquisa e o artigo científico. Cada uma dessas produções possui especificidades que serão analisadas nos tópicos a seguir. 2.1 O FICHAMENTO O fichamento é o ato de registrar os estudos de um livro e/ou um texto. Essa modalidade de produção possibilita ao estudante a assimilação do conhecimento e a facilidade na execução dos trabalhos acadêmicos, ao passo que o estudante vai registrando os trechos principais de uma determinada obra, estabelecendo uma sequência que poderá ser revisitada e mais facilmente compreendida quando for necessário o desenvolvimento de outros tipos de trabalhos. Conceitualmente, existem três tipos básicos de fichamentos: o fichamento bibliográfico, o fichamento de resumo ou conteúdo e o fichamento de citações. Por não existir um modelo pronto e/ou determinado, cada instituição pode sugerir modelos específicos de fichamento. No entanto, o consenso é de que a estrutura em qualquer um desses três tipos de fichamento deve ser precedida de um cabeçalho, indicando o assunto e a referência da obra, isto é, a autoria, o título, o local de publicação, a editora e o ano da publicação. Exemplo: TELES, Maria Amélia de Almeida. Educação da mulher: a perpetuação da injustiça. In: ______. Breve história do feminismo no Brasil. São Paulo:brasiliense, 1993, 27 Cap. 2, pp. 30 – 132.1 2.1.1 O modelo de fichamento de citações. O fichamento de citações consiste na transcrição textual, ou seja, é a reprodução fiel das frases que se pretende usar como citação na redação do trabalho. Assim sendo, esse tipo de produção utiliza-se de citações diretas2 da obra que se pretende utilizar como fonte teórica para o desenvolvimento da pesquisa ou de outros tipos de trabalhos acadêmicos (SEVERINO, 2007). Exemplo: TELES, Maria Amélia de Almeida. Educação da mulher: a perpetuação da injustiça. In: ______. Breve história do feminismo no Brasil. São Paulo: brasiliense, 1993, Cap. 2, pp. 30 – 132. “uma das primeiras feministas do Brasil, Nísia Floresta Augusta, defendeu a abolição da escravatura, ao lado de propostas como educação e a emancipação da mulher e a instauração da República” (p.30) “na justiça brasileira, é comum os assassinos de mulheres serem absolvidos sob a defesa de honra” (p. 132) 2.1.2 O modelo de fichamento de resumo ou conteúdo É uma síntese das principais ideias contidas na obra. O aluno elabora, com suas próprias palavras, a interpretação do que foi dito, ou seja, são feitas citações indiretas3 da obra que se pretende utilizar como fonte teórica para o desenvolvimento de uma pesquisa (SEVERINO, 2007). Exemplo: TELES, Maria Amélia de Almeida. Educação da mulher: a perpetuação da injustiça. In: ______. Breve história do feminismo no Brasil. São Paulo: brasiliense, 1993, Cap. 2, pp. 30 – 132. O trabalho da autora baseia-se em análise de textos e na própria vivência nos movimentos feministas, como relato de uma prática. A autora divide seu texto em fases históricas compreendidas entre Brasil Colônia 1 As normas para se fazer a referencia de uma obra serão detalhadas na Unidade 3 desta apostila. 2 Os elementos que caracterizam a citação direta será detalhado na unidade 3 desta apostila. 3 Os elementos que caracterizam a citação indireta serão detalhados na Unidade 3 desta apostila. 28 (1500 – 1822), até os anos de 1975 em que foi considerado o Ano Internacional da Mulher. A autora trabalha ainda assuntos como mulheres da periferia de São Paulo, a luta por creches, violência, participação em greves, saúde e sexualidade. 2.1.3 O modelo de fichamento bibliográfico. É a descrição, com comentários dos tópicos abordados em uma obra inteira ou parte dela. Diferentemente do fichamento de resumo, em que trechos de uma obra são transcritos de acordo com as palavras de quem está transcrevendo, nesse caso são feitos comentários que buscam criar um contexto entre os trechos analisados (SEVERINO, 2007). Exemplo: TELES, Maria Amélia de Almeida. Breve história do feminismo no Brasil. São Paulo: brasiliense, 1993. A obra insere-se no campo da história e da antropologia social. A autora utiliza-se de fontes secundárias colhidas por meio de livros, revistas e depoimentos. Assim sendo, a abordagem caracteriza por ser descritiva e analítica, envolvendo os aspectos históricos da condição feminina no Brasil a partir do ano de 1500. A autora descreve em linhas gerais todo as lutas e conquistas da mulher tentando criar um panorama abrangente do processo de luta feminista por direitos iguais entre homens e mulheres. 2.2 O RESUMO Outro tipo de producão científica é o resumo. Ele consiste em uma síntese de textos (de toda uma obra ou de um único capítulo). Não consiste em uma síntese de palavras de um texto, e sim por ser um trabalho de “extração de ideias”, em que aquele que extrai, as escreve com suas próprias palavras. De uma maneira geral, deve ressaltar o objetivo da pesquisa, o método adotado, os resultados e as conclusões (ABNT, NBR 6028:2003). A ordem e a extensão destes itens dependem do tipo de resumo, já que ele pode ser informativo, indicativo ou crítico. O informativo tem por finalidade informar o leitor acerca dos principais pontos destacados em um texto, dando a ideia geral da 29 obra. Por sua vez, o indicativo apresenta apenas os pontos mais relevantes do texto não dando uma ideia geral da obra. Por fim, o crítico permite que aquele que está resumindo emita opiniões a respeito do texto resumido, realizando uma análise particular da obra. Assim sendo, o resumo crítico recebe muitas vezes o nome de resenha crítica. Quanto à extensão, o resumo pode ser simples ou expandido. De uma maneira geral, a estrutura do simples4 é caracterizada por: - Fonte: 12, Times New Roman, espaçamento entrelinhas simples. - Título em negrito (sem caixa alta) e centralizado. - Devem conter os nomes dos autores na forma de citação e centralizado. - Não fazer citação de autores no corpo do resumo, pois trata-se de uma comunicação rápida e já de cunho científico. - Número mínimo de palavras 250 e máximo 500. - Fazer em parágrafo único, sem utilização de espaçamento no início. - Palavras-chave: número de 03, não sendo pertencente ao título do trabalho. - Não deve ser precedido de referência, exceto se este vier inserido no documento. - Deve ser composto de uma sequência de frases concisas, afirmativas e não uma enumeração de tópicos. Recomenda-se o uso de parágrafo único. - Deve usar o verbo na voz ativa e na terceira pessoa do singular. - As palavras-chave devem figurar logo abaixo do resumo, antecedida da expressão palavras-chave, separadas e finalizadas por ponto. - Não devem contar com símbolos e contrações como: fórmulas, equações, que não sejam absolutamente necessários; quando seu uso for indispensável, defini-los na primeira vez que aparecerem. Já no resumo expandido5 é preciso que: - Exista a divisão dos tópicos Resumo, Introdução, Metodologia, Resultados e Discussões, Conclusão e Referências. - A redação científica seja clara e direta, não deixando margens a 4 Ver modelo de resumo simples no Anexo 1 desta Unidade. 5 Ver modelo de resumo expandido no Anexo 2 desta Unidade. 30 interpretações diferentes do que se deseja comunicar. - Sejam evitadas as expressões vulgares, coloquiais e ambíguas. a. Recomenda-se, na linguagem científica, que se use a terceira pessoa do singular e voz passiva. Devem ser evitadas as expressões taxativas, utilizando-se afirmações ou negações que sejam consequências do raciocínio ou de inferências lógicas dos dados analisados. - Os parágrafos sejam curtos, característica esta recomendável em uma redação científica. Quanto a formatação do resumo expandido, este deve ser redigido com fonte Arial com tamanho 12 para texto, tamanho 11 para citações longas e tamanho 10 para notas de rodapé e para o tópico “Resumo” dentro do resumo expandido. As folhas devem apresentar margem esquerda e superior de 3 centímetros, enquanto a margem direita e inferior é de 2 centímetros. Todo texto deve ser digitado com espaço 1,5 nas entrelinhas, sendo que a primeira linha de cada parágrafo deve ter 1,25 centímetros, as citações longas, as notas e os resumos devem ser digitados em espaço simples nas entrelinhas. A numeração é colocada a partir da primeira folha da parte textual, em algarismos arábicos, no canto superior direito da folha, a 2 cm da borda superior, ficando o último algarismo a 2 cm da borda direita da folha. De uma maneira geral, os resumos expandidos devem ter no máximo 5 páginas, incluído as referências. Para melhor compreender a estrutura do resumo simples e do resumo expandido, leia os Anexos 1 e 2 ao final desta unidade, detalhando os elementos que caracterizam a estrutura de ambos os tipos de produções. 2.3 A RESENHA A resenha tem como principal característica, o fato de ser um breve texto, como se fosse um resumo, mas que é feito comentando o trabalho realizado. A resenha precisa ter uma ótima qualidadeem seu conteúdo e é preciso dominar muito bem as normas da ABNT para que ela fique padronizada. 31 Todo o texto da resenha deve ser feito de forma uniforme, não podendo conter subdivisões e na primeira folha deverá constar a referência bibliográfica da obra que está sendo comentada. Ao final da resenha, vem o nome, a titulação acadêmica e também a filiação institucional do resenhista. Em uma resenha, é sempre bom evitar a citação de outras obras. A Resenha Resumo, também conhecida como Resenha Informativa, como o próprio nome indica, é aquela onde se faz um resumo do conteúdo, seja do livro, de um capítulo, filme, peça teatral, espetáculo etc. Neste tipo, o resenhista nunca deverá fazer qualquer tipo de crítica ou sequer julgamentos de valor. A Resenha Resumo é apenas um informativo, pois o objetivo dela é simplesmente o de informar. Já a Resenha Crítica tem não só o resumo da obra, como também irá fazer uma avaliação sobre a mesma, trazendo uma crítica e podendo oferecer ao leitor, os aspectos positivos e negativos segundo o seu ponto de vista. A Resenha Crítica é um texto informativo, mas que também traz a opinião do resenhista e por essa razão também pode ser classificada como do tipo crítico-informativo (SEVERINO, 2007). Na grande maioria das vezes, a Resenha é feita para divulgar algum material cultural, seja um livro, filme, peça teatral, entre outros e quase sempre é veiculada através de jornais, revistas e agora também pela internet. A sequência lógica para elaboração da resenha consiste em: 1º Informe os dados bibliográficos a respeito da obra que está sendo resenhada; 2º Lembre-se da sinopse do livro resenhado; 3º Resuma em 3 a 5 parágrafos; 4º Faça uma análise crítica, expressando suas opiniões, podendo até fazer comparações; 5º Faça a recomendação ou não da obra resenhada, podendo especificar se é uma leitura indicada para crianças, jovens, adultos, estudantes etc.; 6º Identifique o autor do conteúdo resenhado; 7º Assine sua resenha e lembre-se de informar as referências feitas na sua resenha, caso as tenha feito. 32 Importante lembrar que a crítica deve ser dirigida às ideias e posições do autor e não a sua pessoa. O autor/pensador e suas concepções são criticados e não o ser humano. É permitido relacionar a obra analisada com outros trabalhos do autor fazendo uma contextualização teórica/conceitual, temporal e cultural, mas que não deve levar em consideração a vida particular do ser humano que elaborou o texto a ser resenhado (SEVERINO, 2007). 2.4 O RELATÓRIO TÉCNICO Na vida acadêmica, o pesquisador pode ter que apresentar um relatório técnico a respeito do andamento ou da conclusão de uma pesquisa. Esse tipo de relatório técnico visa historiar o desenvolvimento de um projeto, apresentando os caminhos percorridos, as atividades realizadas e os resultados obtidos (parciais ou finais) sem necessariamente ter que conter análises e reflexões a respeito de todo o processo em questão. Os passos para a elaboração de um relatório técnico são: 1º- Retomar os objetivos do próprio projeto; 2º- Descrever as atividades realizadas a partir de tais objetivos; 3º- Apresentar os resultados obtidos; 4º indicar a programação das próximas etapas da pesquisa. O quarto passo só é necessário se houver realmente uma continuidade na pesquisa. No caso dessa continuidade ser necessária, o autor do relatório precisa detalhar e discriminar as várias atividades ainda a serem realizadas. É permitido anexar ainda, ao final do relatório, os produtos parciais da pesquisa (transcrições de entrevistas, dados tabulados, capítulos já elaborados, etc.) (SEVERINO, 2007). 2.4.1 O resumo técnico O resumo técnico consiste na apresentação concisa do conteúdo de um trabalho de cunho científico, tendo como finalidade passar ao leitor uma ideia completa do teor do documento analisado, fornecendo dados bibliográficos do documento, as informações relacionadas ao texto para o leitor formar um primeira 33 opinião e a justificativa para que motive o leitor a ir atrás da leitura da obra na sua íntegra (SEVERINO, 2007). O resumo técnico deve responder, portanto: 1º- qual a natureza do trabalho analisado? 2º- qual foi o objeto pesquisado? 3º- o que se pretendeu demonstrar com a pesquisa? 4º- quais foram as referências teóricas em que a pesquisa se baseou? 5º- quais foram os procedimentos metodológicos e técnicos-operacionais adotados na pesquisa? 6º- quais foram os resultados obtidos a partir dos objetivos da pesquisa? O resumo desse tipo deve ser estruturado em um único parágrafo, entre 200 e 250 palavras, não devendo conter opiniões, observações avaliativas ou desdobramentos explicativos. Deve iniciar com a referenciação bibliográfica do documento a ser resumido e encerrar com até 5 palavras-chave. 2.5 O PROJETO DE PESQUISA O projeto de pesquisa6 é a sistematização de uma pesquisa que ainda será realizada. Ele conta com a sistematização de uma pergunta a ser respondida, com o apontamento dos motivos que revelam a importância de se desenvolver tal estudo, com os objetivos a serem perseguidos para se responder a pergunta de pesquisa, com os procedimentos e técnicas a serem adotados para a realização de tais objetivos e com a discussão teórica/conceitual a respeito da temática da investigação (SEVERINO, 2007). Como a pesquisa ainda será realizada, o projeto não visa trazer respostas e sim levantar questionamentos. É o passo inicial de uma investigação que será encerrado com o desenvolvimento de um artigo científico ou de uma monografia (BARROS e LEHFELD, 2004). 6 Os elementos que caracterizam o projeto de pesquisa serão detalhados na Unidade 3 desta apostila. 34 2.5.1 Artigo Científico De acordo com a ABNT NBR 2022:2003, há três tipos de artigos para publicação em periódicos: - O artigo científico: parte de uma publicação periódica com autoria declarada, que apresenta e discute ideias, métodos, técnicas, processos e resultados nas diversas áreas do conhecimento; - O artigo de revisão: é parte de uma publicação periódica que resume, analisa e discute informações já publicadas; - O artigo original: é parte da uma publicação periódica que apresenta temas ou abordagens originais; Como ressaltado, o artigo científico é destinado para ser publicado em revistas e periódicos científicos, mas pode ser adotado como modalidade de produção para a conclusão de curso superior, pós-graduação lato sensu e stricto sensu, como é o caso da Faculdade Araguaia. Sua finalidade é registrar e divulgar resultados de novos estudos sobre diversas temáticas de interesse teórico/científico. Para fazer este registro, o artigo7 deve destacar os objetivos, a fundamentação teórica e a metodologia adotada na pesquisa, seguindo com a análise dos dados coletados no decorrer da investigação e as conclusões resultantes de tal análise e finalizando com o registro das referencias bibliográficas e documentais. Síntese da unidade Existem vários tipos de produções textuais que auxiliam no desenvolvimento das pesquisas científicas, sendo elas o fichamento, o resumo, a resenha e o relatório técnico. Existem ainda o projeto de pesquisa e o artigo científico que consistem em relatórios essenciais para a condução de uma investigação cientítica. Ao passo que o fichamento visa registrar trechos dos estudos de uma obra que servirá para o desenvolvimento de uma pesquisa, o resumo visa sintetizar a obra ou parte dela em si. A resenha, por sua vez, visa ser um texto que comenta uma determinada obra em questão, não sendo apenas um exercício de sínteses. 7 Os elementos que caracterizam o artigo científico serão detalhados na Unidade 3 desta apostila.35 O relatório técnico caracteriza-se por ser a descrição dos objetivos, procedimentos e conclusões de uma atividade, sem a necessidade que exista uma extensa reflexão teórico/metodológica a respeito do processo que está sendo descrito. O projeto de pesquisa já consiste no passo inicial de uma pesquisa científica onde são estabelecidos uma pergunta e os passos a serem seguidos para responder a tal pergunta. Por fim, o artigo científico consiste em uma modalidade de relatório final obtido com a conclusão de uma pesquisa. Atividade 2: Fórum de discussão Para uma melhor compreensão das diferenças entre alguns tipos de produções científicas, procure no fórum de discussões distinguir as diferenças entre o resumo informativo, o resumo indicativo e a resenha crítica. (Máximo de 15 linhas) Para a participação no fórum, é necessária a leitura da Unidade 2 36 BIBLIOGRAFIA BÁSICA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6022:2003 Informação e documentação: artigo em publicação periódica científica impressa – Apresentação. Rio de Janeiro, 2003. ______. NBR 6028:2003 Informação e documentação: Resumo – Apresentação. Rio de Janeiro, 2003. SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do Trabalho Científico. São Paulo: Cortez Editora, 2007. BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR BARROS, Aidil de Jesus Paes de; LEHFELD, Neide Aparecida de Souza. Projeto de Pesquisa: propostas metodológicas. 22ª edição. Petrópolis: Vozes, 2004. 37 ANEXO 1. Modelo de Resumo Simples fornecido pelas coordenações do curso de Engenharia Civil e do curso de Engenharia Ambiental da Faculdade Araguaia RESUMO Educação para a tolerância e o respeito às diferenças Sobrenome, Nome completo8; Sobrenome, Nome completo; Sobrenome, Nome do orientador9. O trabalho proposto parte de uma revisão bibliográfica e de estudos realizados na disciplina Educação e trabalho do curso de pedagogia. Buscou-se compreender que a educação reconhecida como o lugar da reflexão, das construções dos conhecimentos e promoção de cultura, a formação superior para a autonomia e emancipação dos sujeitos parece perder seu sentido, impondo a necessidade da reflexão sobre o tipo de ser humano que se pretende formar. Na nossa sociedade moderna capitalista, o principio de toda destruição é a propriedade privada, pois, a competitividade para alcançar condições mais civilizatórias, ou seja, conquistar o mercado pelo consumo exige dos indivíduos aquilo que foi necessário ser reprimido inicialmente: a violência, a agressividade, o ódio, a paixão. Palavras-chave: educação; sociedade; cultura. 8 Acadêmica do curso de Engenharia Ambiental – Xo Período – Faculdade Araguaia. e-mail: xxx@xxxx.xxx 9 Professor Orientador Xo Período – Curso de Engenharia Ambiental - Faculdade Araguaia. e-mail: xxx@xxxx.xxx mailto:xxx@xxxx.xxx 38 ANEXO 2. Modelo do Resumo Expandido fornecido pelas coordenações do curso de Engenharia Civil e do curso de Engenharia Ambiental da Faculdade Araguaia TÍTULO (TÍTULO EM ARIAL 12, CENTRALIZADO, NEGRITO E MAIÚSCULAS) OBSERVAÇÕES: A escolha do título de um resumo expandido requer bastante cuidado por parte do seu autor, pois ele objetiva, principalmente, atrair o leitor. Nesse sentido, ele tem de ser revestido de muita atenção e, assim, dentre todos os títulos propostos provisoriamente, o pesquisador escolherá aquele que melhor se identificar com o conteúdo. Para tanto, ele precisa ser criativo, não muito extenso e realmente instigar a curiosidade do leitor. Além disso, é pertinente que o escritor não se esqueça que o título não pode conter construções com sequência de sujeito, verbo e complemento. Autor(es) SOBRENOME, Nome do Autor 10; SOBRENOME, Nome do autor11 OBSERVAÇÕES: Em um resumo expandido o nome completo do(s) autor(es) apresenta-se logo abaixo do título e à direita. É preciso que se utilize um número ou, então, asterisco logo após o nome do autor, ou dos autores quando a produção não for individual. Essa providência faz-se necessária para que o autor ou autores sejam identificados no rodapé da primeira página. Tal identificação possibilita que o leitor saiba quem é ou quem são os autores do resumo expandido. Deve conter a formação profissional ou outro curso ou, ainda, a atividade do autor, porém, desde que haja ligação com o tema do resumo expandido. Além disso, se necessário, inserir a instituição onde o autor exerce suas atividades. RESUMO OBSERVAÇÕES: Deve ser elaborado em fonte Arial 10 justificados, em parágrafo único, sem recuos, com espaço entrelinhas simples, com o título em negrito. Deve conter no 10 Formação ou titulação do autor, instituição de ensino (abreviatura do nome da instituição), cidade, Estado, e-mail, sendo que estes devem estar em ordem alfabética do primeiro nome e por extenso, o nome do apresentador deverá estar em negrito, respeitando a ordem alfabética. 11 Formação ou titulação do autor, instituição de ensino (abreviatura do nome da instituição), cidade, Estado, e-mail, sendo que estes devem estar em ordem alfabética do primeiro nome e por extenso, o nome do apresentador deverá estar em negrito, respeitando a ordem alfabética. 39 máximo de 150 palavras. O resumo, cujas normas são definidas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT na NBR 6028 (2003c) consiste na condensação de um texto mantendo suas ideias fundamentais. Nesse sentido, o leitor deve permanecer fiel às ideias do autor. Isso não significa que ele irá tão somente transcrevê-las, pelo contrário, ele precisa, com as palavras do seu próprio vocabulário, expressar a mensagem transmitida pelo autor. Em suma, trata- se de expor, em geral em um único bloco, as ideias principais contidas no texto. No tocante à linguagem, a NBR 6028 (2003c) sugere que o autor utilize, preferencialmente, a terceira pessoa do singular e, ainda, mantenha o verbo na voz ativa. Quanto a extensão, recomenda que os resumo expandidos científicos devem conter até 250 (duzentos e cinquenta) palavras. Palavras-chave: No máximo 3 (três) palavras-chave. OBSERVAÇÕES: As palavras-chaves, como o próprio nome já revela, consistem nos termos fundamentais que irão exprimir a essência do assunto tratado no resumo expandido, e, obrigatoriamente, eles devem aparecer após o resumo, sendo precedidos da expressão Palavras-chave. Recomenda-se que o autor, no máximo, exponha uma relação de 3 (três) palavras. INÍCIO DO TEXTO OBSERVAÇÕES: O corpo principal do trabalho deverá ser dividido em Introdução, Material e Métodos, Resultados, Discussão, Conclusão e Referências. O título de cada uma das seções deverá estar centralizado e escrito em caixa alta. Subseções, quando houver, deverão ter seus títulos alinhados à margem esquerda e escritos em minúsculas. Os relatos deverão basear-se nas técnicas mais avançadas e apropriadas à pesquisa. Quando apropriado, deverá ser atestado que a pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética e Biossegurança da Instituição. As equações deverão ser editadas utilizando software compatível com o editor de texto. INTRODUÇÃO OBSERVAÇÕES: A introdução deve conter uma referência ao assunto a ser desenvolvido 40 no resumo expandido, bem como as linhas gerais que serão desenvolvidas no corpo do mesmo. Tal seção não admitirá subdivisões. A Introdução deverá conter o(s) objetivo(s) do estudo apresentado. METODOLOGIA OBSERVAÇÕES: Devem conter, de forma resumida e clara, informações suficientes para explicar os procedimentos realizados e permitir que o estudo seja repetido por outros pesquisadores. Técnicas padronizadas bastam ser referenciadas.será explicitado o tipo de estudo, local, população(caso for pesquisa de campo), período, técnica e análise dos dados. RESULTADOS E DISCUSSÃO OBSERVAÇÕES: Devem indicar uma descrição concisa sobre as informações descobertas, com o mínimo julgamento pessoal. Não repetir no texto todos os dados contidos em tabelas e figuras. Números (dígitos) devem estar separados de unidades por um espaço. Deve limitar-se ao significado dos resultados e relacioná-los às informações existentes, preferencialmente, mais recentes. Somente citações indispensáveis devem ser incluídas. Deve ser dada ênfase sobre novas informações. Novas hipóteses devem ser claramente identificadas. Conclusões devem ser suportadas por fatos ou dados. Subdivisões são possíveis. CONCLUSÃO OBSERVAÇÕES: A conclusão é o elemento textual que finaliza toda a argumentação. Nesse momento o autor expõe as suas deduções e/ou inferências, buscando fazer uma ligação com os argumentos expostos no texto. Trata-se de uma retomada dos conceitos apresentados tanto na introdução como no desenvolvimento, mas não uma repetição. Enfim, a conclusão procura destacar os resultados obtidos na pesquisa. REFERÊNCIAS SOBRENOME, Nome. Título da obra em negrito: subtítulo sem negrito. Cidade: Editora, Ano. 41 SOBRENOME, Nome. Título da obra em negrito. Cidade: Editora, Ano. OBSERVAÇÕES: As referências bibliográficas, obrigatoriamente, fazem parte dos elementos pós- textuais. Elas devem ser apresentadas em ordem alfabética e seguirem rigorosamente a NBR 6023c da ABNT. Poderão conter referências de internet desde que seguidas as normas da ABNT. 42 UNIDADE 3: O PROJETO DE PESQUISA E O ARTIGO CIENTÍFICO Para a finalização de um curso superior, as instituições educacionais pedem para os alunos desenvolverem, como trabalhos de conclusão de curso, um projeto de pesquisa seguido de um artigo científico ou de uma monografia. Como a Faculdade Araguaia trabalha com a produção de artigo científico, essa será a modalidade tratada na apostila. 3.1 A ESTRUTURA DO PROJETO DE PESQUISA O projeto de pesquisa é uma sistematização de uma pesquisa que ainda será realizada e deve estar embasado em estudos preliminaries. Ele serve muito mais para o próprio autor do estudo sistematizar para si mesmo os passos que serão percorridos na investigacão, estabelecendo uma sequência lógica de coleta e análise de dados, na tentativa de responder uma determinada pergunta de pesquisa (SEVERINO, 2007). O graduando precisa buscar a questão que pretende investigar na literatura já existente, levantando conceitos que fundamentem teoricamente sua proposta de investigacão. Em seguida, deve estabelecer os passos e procedimentos a serem adotados para tentar responder a questão levantada. Vale lembrar que a resposta da questão não será obtida no projedo em si, e sim no desenvolvimento da pesquisa, com os resultados produzidos sendo divulgados no artigo científico. Segundo Gil (2002), você deve indicar no projeto: - O que será pesquisado; - O motivo de pesquisado: - Para quem será pesquisado; - Onde será pesquisado; - A maneira como será pesquisado; - Quanto será pesquisado: - Quando será pesquisado; - Quem será pesquisado; A indicação dessas informacões ocorre em tópicos específicos. Assim sendo, 43 fazem parte da estrutura do projeto os seguintes elementos: QUADRO 1: ESTRUTURA DO PROJETO DE PESQUISA ESTRUTURA DO PROJETO CONTEÚDO Capa Ver modelo de capa no Anexo 1 desta Unidade Folha de rosto Ver modelo de folha de rosto no Anexo 1 desta Unidade Sumário (1 lauda) Listas de tabelas e figuras (1 lauda) 1 Tema e Problema (até 2 laudas) É nesta parte que você indica quem e o que serão pesquisados; 2 Justificativa (até 3 laudas) É nesta parte que você apresenta o porquê tal temática/problemática será investigada; 3 Objetivos (1 lauda): Geral e Específicos É nesta parte que você especifica os passos que serão realizados para conduzir sua investigação; 4 Referencial Teórico (mínimo de 4 laudas) É nesta parte que você trata dos conceitos que demonstram que sua temática tem uma sólida fundamentação teórica que permite você conduzir sua investigacão científica; 5 Metodologia (mínimo de 2 laudas) É nesta parte em que você indica como será investigado, por meio de quais procedimentos e técnicas será investigado, onde, quanto e quando será realizada a investigação; 6 Cronograma (1 lauda) É nesta parte que você indica quando ocorrerão cada uma das etapas da sua pesquisa; Referências Fonte: elaborado pelo próprio autor. O projeto deve ser impresso em folha A4, respeitando as seguintes margens: o Superior: 3 cm o Inferior 2 cm o Esquerda 3 cm o Direita 2 cm 44 As laudas devem ser numeradas a partir do sumário, sendo o número colocado no alto de cada lauda, à direita (canto superior direito), sempre a 2 centímetros da borda da folha e da primeira linha do texto. Os parágrafos iniciam-se a 1,25 centímetros de distância da margem esquerda e o texto deve estar na fonte Times New Roman ou Arial, com tamanho 12, espaçamento entre linhas de 1,5 centímetros e alinhamento justificado. No tópico intitulado de Tema e Problema, em 2 ou 3 parágrafos é apresentado exatamente o que se vai pesquisar. Um dos parágrafos deve ser redigido em forma de pergunta. Essa pergunta é o problema de pesquisa e será o elemento que irá nortear a investigação (no projeto e, consequentemente, no artigo), pois a pesquisa tentará responder tal pergunta. Os outros dois parágrafos situam o leitor a respeito do tema em torno desse problema de pesquisa. O projeto pode apresentar mais de uma pergunta, desde que estejam relacionadas com o tema a ser investigado. Algo comum que acontece (mas que não deve acontecer) é a indicação de uma resposta já na própria pergunta. Esse tipo de situação passa impressão ao leitor que a pesquisa está fechada em torno do objetivo de confirmar aquele ponto de vista indicado na pergunta, desconsiderando elementos que indiquem outras respostas. Exemplo de resposta já presente na pergunta formulada: - Por que os trabalhadores de call center são desmotivados? Esse exemplo já indica que o investigador considera que os trabalhadores de call center são desmotivados. No entanto, e se durante a investigacão for constatado que os trabalhadores não são desmotivados ou que apenas uma porcentagem pequena apresenta desmotivação? Tendo o exemplo por base, o pesquisador deveria primeiramente investigar o nível de motivação dos trabalhadores de call center conversando com eles em entrevistas/aplicações de questionários. Em um segundo momento, analisaria os fatores que interferem na motivação daqueles envolvidos na profissão. A pergunta de pesquisa deve deixar espaço para encontrar qualquer tipo de resposta. O investigador normalmente indica uma hipótese no seu trabalho, mas isso não quer dizer que tal hipótese deve ser a todo custo confirmada. Uma resposta 45 contrária à hipótese também se configura como resposta de pesquisa. Exemplos de perguntas de pesquisa redigidas de maneira correta: - Como é feito o descarte de resíduos na construção de edifícios em Goiânia? - Quais as principais patologias que podem afetar a construção de edifícios? - Quais as principais técnicas de reaproveitamento dos resíduos podem ser aplicadas na construcão de edifícios? - Quais fatores podem interfeir na motivação de um trabalhador de Call Center? - Quais os possíveis benefícios que a Lei Complementar 123/2006 concede as Micro e Pequenas Empresas na participação de licitações públicas? - Qual o papel do planejamento estratégico para a contabilidade gerencial de pequenas empresas? - Quais os tipos de conflitos podem acontecer na administração
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