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DIDATICA unidade1

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Marly Savioli e Marinez Chiquetti
Didática 
Sumário
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CAPÍTULO 1 – Qual o papel da didática no processo de formação dos educadores? ............05
Introdução ...................................................................................................................05
1.1 Concepções da didática: das origens até o presente ....................................................05
1.1.1 A didática no Brasil .........................................................................................10
1.2 A prática pedagógica na formação dos professores .....................................................14
1.2.1 Quem é sua referência? ...................................................................................14
1.2.2 O que poderia ser ensinado sobre a prática? .....................................................16
1.3 Didática: uma disciplina ou um método de ensino? .....................................................18
1.4 Dificuldades na significação da didática ao contexto escolar .........................................19
1.4.1 Didática e planejamento ..................................................................................20
Síntese ..........................................................................................................................21
Referências Bibliográficas ................................................................................................22
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Capítulo 1 
Introdução 
Quando o professor chega para dar sua primeira aula traz consigo muita insegurança e dúvidas. 
O que vou ensinar? Como vou ensinar? Como devo me comportar?
Para essas questões existem estudos de didática e metodologias. Muitos ainda continuam se per-
guntando: metodologia é igual a didática? Qual a diferença de conceitos? O planejamento do 
trabalho precisa incluir caminhos de como atingir os objetivos? 
A didática é ramo da pedagogia que estuda os processos de ensino e aprendizagem, e devemos 
conhecer sua trajetória histórica, suas origens e concepções através do tempo. Esse conhecimen-
to o ajudará a entender as tendências atuais. 
A partir dessa retrospectiva, você refletirá sobre a importância da prática pedagógica na forma-
ção de professores enquanto aluno e, depois, quando já estiver exercendo o papel de profissio-
nal da educação, capaz de elaborar planejamentos como base de uma aula eficiente.
Todos esses temas são fundamentais para a formação do pedagogo como um elo da educa-
ção, proporcionando um aprendizado útil ao estudante para desenvolver suas potencialidades 
como cidadão.
1.1 Concepções da didática: das 
origens até o presente
A didática pode ser entendida como elo entre a teoria e a prática do ensino-aprendizagem. 
Busca caminhos para qualificar as ações do professor em sala de aula, com objetivo de instruir 
e formar futuros cidadãos. 
Mas quais seriam os caminhos adequados para ensinar? De Sócrates (470-399 a. C.) a Paulo 
Freire (1921-1997), estudiosos e pesquisadores de todos os tempos debruçaram-se sobre essa 
questão. Nesse primeiro momento, você conhecerá um pouco da evolução das concepções sobre 
didática ao longo da história, começando pelo pensamento de Sócrates, na Antiguidade, mas que 
contribuiu significativamente para a formação dos conceitos da didática atual. Observe uma cita-
ção deste pensador, extraída do artigo Vejam o que Sócrates falava dos jovens (LEAHY, 2012, s. p.): 
Os jovens de hoje gostam do luxo. São malcomportados, desprezam a autoridade. Não têm 
respeito pelos mais velhos e passam o tempo a falar em vez de trabalhar. Não se levantam 
quando um adulto chega. Contradizem os pais, apresentam-se em sociedade com enfeitos 
estranhos. Apressam-se a ir para a mesa e comem os cepipes, cruzam as pernas e tiranizam 
os seus mestres. 
Qual o papel da didática no 
processo de formação dos 
educadores?
06 Laureate- International Universities
Didática
Conforme afirmação de Sócrates, pode-se constatar que os jovens daquela época causavam 
tanto espanto nos adultos quanto atualmente. Assim como hoje, era preciso achar caminhos para 
que estudantes aprendessem conteúdos e posturas ideais para viver em sociedade. Isso se deve à 
diferença de gerações. A exemplo da Grécia antiga, também no século XXI encontra-se o desafio 
de ensinar de maneira prazerosa, interessante e que realmente seja apropriado pelos estudantes. 
Por isso, deve-se conhecer as propostas dos pensadores que contribuíram para a educação no 
mundo, vivenciando as mesmas dificuldades que permeiam a prática atual.
Será que desde a Antiguidade, a didática faz parte de todas as intenções de ensino conhecidas? 
O conceito didático socrático denominado “maiêutica” (expresso por volta de 450 a. C.), tem 
dois significados, de acordo com o Dicionário de Português Michaelis online:
mai.êu.ti.ca sf (gr maieutikós) 1 Pedag Uma das formas pedagógicas do método socrático, 
que consiste em multiplicar as perguntas a fim de obter, por indução dos casos particulares 
e concretos, um conceito geral do objeto em estudo. 2 Ginec Arte de partejar; obstetrícia 
(MICHAELIS, s. d./s. p.).
Como você observou, além do conceito relacionado à pedagogia, há o significado ligado à gi-
necologia – especialização da Medicina que trata da saúde feminina. Isso porque, como a mãe 
de Sócrates era parteira, ele achava que devia fazer com que seus alunos “parissem” ideias. A 
proposta de Sócrates consistia na organização dos conhecimentos a partir das perguntas, como 
representa a Figura 1:
Figura 1 – A organização das ideias é feita a partir dos questionamentos.
Fonte: Shutterstock, 2016.
Apesar das contribuições de Sócrates, a educação era para as elites e consistia em ajudar na 
oratória e na retórica, já que a força da palavra era centro do poder. Com a importância da 
retórica, surgiram os sofistas, que transformaram a educação em uma tutoria em que aquele que 
tinha o poder da palavra ensinava aos outros.
O que é retórica? Conforme o Dicionário de Português Michaelis online, é o conjunto de 
regras para bem dizer em público ou para falar eloquentemente. (MICHAELIS, s. d./s. p.).
VOCÊ SABIA?
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Os sofistas sistematizaram e transmitiram uma série de conhecimentos estudados até os dias de 
hoje, dominavam técnicas avançadas de discurso e atraíam aprendizes. Antes de mais nada, os 
sofistas preocupavam-se em manejar minuciosamente as técnicas de discurso, a tal ponto que o 
interlocutor se convencesse rapidamente daquilo que estavam pregando. Para os sofistas, não interes-
sava se o discurso era verdadeiro, pois o essencial era conquistar a adesão do público ouvinte.
Outro personagem importante para o ensino foi Martinho Lutero (1483-1546). Conhecido como 
precursor da reforma protestante no século XVI, lutou contra os abusos da igreja católica, e suas 
ideias revolucionárias influenciaram também a educação. Ele defendeu a educação obrigatória, 
de responsabilidade do Estado e que fossem destacados os estudos das escrituras. Para conhecer 
as escrituras, era preciso saber ler, portanto, conforme Lutero, todos deveriam saber ler. Lutero 
incentivou a escola para todos, inclusive para os adultos.
Considerado o “pai” da didática moderna, Jan Amos Komensky (1592-1670), também conhe-
cido como Iohannis Amos Comenius e João Amós Comênio, viveu em um dos períodos mais 
conturbados da história da Europa, em que se travavam muitas guerras religiosas.
Em sua obra intitulada Didática Magna (1621-1687), Comenius sistematizou um tratado de 
educação em que a didática era posta como a arte de ensinar tudo a todos. De acordo com ele, 
homens, mulheres, pobres ou ricos deveriam frequentar escolas e receber educação já incluindo 
valores. Sua visão ousada defendia a interação entre professor e aluno, seus interesses e a or-
ganização do tempo escolar.
Comenius defendeu uma escola para todos, movendo-se completamentena contramão do que 
ocorria na época, quando a educação era somente para as elites. Neste período, em que a pal-
matória era muito usada e estudar era um pesadelo, propôs uma escola onde estudar pudesse 
ser um prazer. Para este estudioso, educar é uma arte, e como toda arte precisa-se conhecer as 
técnicas que a envolvem. 
Observe trecho a seguir, extraído da obra Didática Magna: 
Que todos sejam educadores para uma cultura não vistosa, mas verdadeiro, não superficial, 
mas sólida, de tal sorte que o homem, como animal racional, seja guiado pela própria razão 
e não pela de outrem e se habitue não só a ler e a entender nos livros as opiniões alheias e a 
guardá-las de cor e a recitá-las, mas a penetrar por si mesmo na raiz das coisas e delas extrair 
autêntico conhecimento e utilidade. (COMENIUS,1997, p.109-110)
Diante disso, percebemos que Comenius via a escola como local onde pessoas poderiam se 
desenvolver como cidadãos pensantes e ativos. Importante ficar ciente que, para este autor, a 
educação deveria ser fundamentada na religião e na fé.
Por volta de 1873, o filósofo Friedrich Nietzche (1844-1900) também dissertou sobre a educa-
ção, demonstrando uma preocupação sobre a necessidade de um novo modelo de educador 
que iria além dos aspectos racionais. Propunha pensar em uma educação que desenvolvesse o 
indivíduo em sua integralidade, incluindo o aspecto emocional. Apesar de muitos de seus propó-
sitos irem ao encontro das ideias de Comenius, Nietzsche era avesso à religião e, em especial, 
ao cristianismo.
No entanto, a segunda grande revolução didática foi promovida por Jean-Jacques Rousseau 
(1712-1778) e considerada um marco na pedagogia contemporânea. 
Para Rousseau, os professores deveriam estimular os estudantes a querer aprender e a serem 
cidadãos conscientes e éticos. Ao defender a proposta de que a educação deveria iniciar com 
brincadeiras, jogos e música, deu um passo à frente dos outros didatas, preocupando-se com a 
natureza da criança e seus tempos. 
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Didática
Jean-Jacques Rousseau foi um dos principais filósofos do Iluminismo, e suas ideias ino-
vadoras contribuíram, inclusive, para a Revolução Francesa (1789-1799). Suas obras 
foram consideradas na França como injúria às tradições morais e religiosas. Para Rous-
seau, a principal característica de um catedrático é a sua capacidade de educar o 
aluno para transformá-lo em um homem de bem.
VOCÊ O CONHECE?
Uma contribuição relevante de Rousseau seria o ensaio pedagógico Emílio, no qual procurou 
traçar em linhas gerais, o que deveriam fazer e seguir para tornar a criança um adulto bom. 
Segundo Fortes (1987), em Emílio, o principal objetivo é imunizar o ser humano a todos os ma-
les que a sociedade pode manifestar, tentando desta forma, preveni-lo dos malefícios sociais, 
mostrando para os outros a importância da escolha, ou seja, do livre arbítrio, e o respeito para 
com o desenvolvimento da criança.
VOCÊ QUER VER?
No filme Sociedade dos poetas mortos, Robin Williams interpreta um professor que 
revoluciona o ensino em uma escola tradicional. Por meio de abordagens nada con-
vencionais, provoca reações, reflexões e desperta o pensamento crítico dos alunos.
Outra personalidade que muito contribui com a didática foi João Frederico Herbart (1776-1841), 
que buscou criar uma pedagogia científica influenciada pela filosofia e pela psicologia da época.
Estabeleceu cinco passos didáticos, que ainda hoje são essenciais no processo de ensino, con-
forme descritos a seguir:
1. relacionar o novo conteúdo a conhecimentos ou lembranças que o aluno possua;
2. apresentar o conteúdo;
3. promover associação na qual a assimilação do assunto se completa por meio de
comparações minuciosas com conteúdo prévio;
4. utilizar o conteúdo recém-aprendido para formulação de regras globais;
5. aplicar o conteúdo como objetivo de mostrar utilidade para o que se aprendeu.
Naturalmente, esses passos sofreram variações e aperfeiçoamentos, mas o princípio é o mesmo 
desde seu descobrimento.
Herbart considerou os cinco passos apropriados a toda e qualquer situação de ensino e apren-
dizagem. Dessa forma, afirmava que, se qualquer professor seguisse os passos recomendados, 
os estudantes aprenderiam.
O filósofo e pedagogo alemão Johann Friedrich Herbart inaugurou a análise sistemáti-
ca da educação e mostrou a importância da psicologia na teorização do ensino (NOVA 
ESCOLA, 2008) A influência de sua teoria se estendeu a uma legião de pensadores, 
dando origem a várias interpretações, até entrar em declínio no início do século XX. 
Para saber mais, acesse: <http://revistaescola.abril.com.br/formacao/organizador-
-pedagogia-como-ciencia-423109.shtml>.
VOCÊ O CONHECE?
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Com a chegada do capitalismo, da industrialização, urbanização e descobertas da psicologia 
sobre o desenvolvimento infantil, a escola foi influenciada com novos conceitos educacionais. 
Esse movimento foi denominado como Escola Nova, Progressista, Renovada ou Ativa, por se 
contrapor ao tradicional.
A Escola Nova compartilha das ideias de preparar o estudante para refletir, indagar e resolver pro-
blemas através de uma educação vivenciada, experimentada e lúdica, como representa a Figura 2:
Isso poderiaIsso poderia
funcionar...funcionar...
Sim...
Entendi...
Figura 2 – Representação do aprendizado através do questionamento, do diálogo e da reflexão.
Fonte: Shutterstock, 2016
Entre o final do século XIX e o início do século XX, destacaram-se as ideias do cientista Lev 
Vygotsky, que defendeu uma educação mediada a partir dos conhecimentos prévios dos estu-
dantes. Seus estudos são amplos em diversos aspectos e estão entre os mais ponderados pelos 
estudiosos da pedagogia contemporânea. Vygotsky foi um pensador complexo e tocou em muitos 
pontos nevrálgicos da pedagogia contemporânea (REGO, 2008, s. p.).
Aos educadores, interessa em particular os estudos sobre desenvolvimento intelectual. Vygotsky atri-
buía um papel preponderante às relações sociais nesse processo, tanto que a corrente pedagógica 
que se originou de seu pensamento é chamada de socioconstrutivismo ou sociointeracionismo.
No mundo tudo estava se transformando, mas como a didática evoluía no Brasil? Como as pes-
quisas sobre educação influenciaram a educação brasileira?
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Didática
1.1.1 A didática no Brasil
Ao pensar na evolução da didática no mundo, talvez você não entenda por que a educação no 
Brasil evolui tão lentamente. 
Para tanto, é preciso reconhecer o momento histórico-político de cada país. Conhecer pesquisas 
em educação realizadas pelo mundo ajuda a entender o contexto da educação no Brasil, mas é 
preciso bom senso para adaptá-las à realidade brasileira. 
Pode-se dividir a evolução histórica da educação no Brasil em três períodos:
• ditadura militar (1964 a 1985);
• abertura política (1989-1979);
• globalização e economia (1980-1990).
No período da ditadura militar, o país encontrava-se em pleno crescimento econômico em que, 
devido à mecanização da produção, ocorria o fenômeno do êxodo rural. A política era domina-
da por um governo imposto e que reprimia quaisquer contestações e desobediências ao regime.
Para atender às necessidades do mercado, a educação foi marcada pela inclusão da disciplina 
de Educação, Moral e Cívica nos currículos escolares e pela doutrina anticomunista. 
A educação passa a ser vista como fator de desenvolvimento, investimento individual e social. 
Nesse momento discute-se a necessidade de formar um novo professor tecnicamente compe-
tente e comprometido com o programa político-econômico do país. E a formação do professor 
passa a se fazer por meio de treinamentos, em que são transmitidos os instrumentos técnicos 
necessários à aplicação do conhecimento científico, fundado na qualidade dos produtos, efici-ência e eficácia. A racionalização do processo aparece como necessidade básica para o alcan-
ce dos objetivos do ensino e o planejamento tem papel central na sua organização. (MARTINS; 
ROMANOWSKI, 2010, p. 206).
A educação assume um aspecto tecnicista, com modelos sistemáticos de ensino e treino de ha-
bilidades. Veiga (2011, p. 61) corrobora com essa ideia afirmando que: 
[...] centram-se na organização racional do processo de ensino, isto é, no planejamento di-
dático formal, na elaboração de materiais instrucionais, nos livros didáticos descartáveis. Sua 
preocupação básica é a descrição e especificação comportamental e operacional dos objetivos, 
o desenvolvimento dos componentes de instrução, a análise das condições ambientais, a
avaliação somativa, a implementação e o controle, enfim, a mecanização do processo de ensi-
no e a supervalorização dos meios sofisticados.
A Educação como finalidade social era uma prática efetivamente inexistente e “o pouco de 
educação escolar que existia aliado ao incipiente desenvolvimento científico e tecnológico do 
momento, dificultava a comunicação, veiculação e expansão de novas ideias e concepções pro-
duzidas” (DAMIS, 1988, p. 14).
A abertura do comércio para empresas do exterior gerou aumento do desemprego devido à fa-
lência de inúmeras pequenas e médias empresas nacionais e consequentemente impulsionou a 
queda da produção e o aumento da inflação. Os movimentos políticos esquerdistas lutavam por 
um movimento democrático, que se fortaleceu a partir de 1979.
Por sua vez, os educadores, lutavam pela educação de qualidade progressista com métodos con-
trários, priorizando qualidade e não quantidade como é possível perceber na citação a seguir:
[...] a preocupação principal passa a girar em torno da busca de propostas alternativas 
para encaminhar os problemas da educação brasileira em consonância com o processo de 
democratização, para além do regime autoritário (SAVIANI, 2010, p. 405).
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Comentando sobre os movimentos dos professores que discutiram mudanças em termos de me-
todologias, técnicas de ensino, conhecimentos e pesquisas num momento em que as tecnologias 
da informação, as mudanças econômicas e sociais passavam por grandes transformações na 
busca de qualificar a educação, Silva (2008, p. 2) afirma que esses movimentos (políticos esquer-
distas) foram uma tentativa de superar a cultura tecnicista instalada no meio educativo e politizar 
o pensamento pedagógico.
Saviani (2010, p. 405-406) ainda destaca quatro propostas que se sobressaíram nesse período 
de transformações da educação:
• pedagogias de “educação popular”, tendo como maior representante Paulo Freire e
valorizando os saberes prévios dos alunos e sua realidade socioeconômica e política;
• pedagogias da prática, defendidas por Oder José dos Santos, Miguel Gonzalez Arroyo e
Maurício Tragtenberg, visam uma escola democrática e, entre outras coisas, o desenvolvimento
das aprendizagens fundamentais: aprender a prender, aprender a conhecer;
• pedagogia crítico-social dos conteúdos, formulada por José Carlos Libâneo, preocupa-
se com a função transformadora da educação em relação à sociedade, sem, com isso,
negligenciar o processo de construção do conhecimento fundamentado nos conteúdos
acumulados pela humanidade;
• pedagogia histórico-crítica, proposta pelo próprio Saviani, que tenta propor uma
pedagogia que tenha como partida a compreensão da realidade histórico-social.
Apesar das diferenças entre as propostas educacionais mencionadas, havia um ponto de conver-
gência entre essas vertentes: uma educação pública de qualidade, que forme cidadãos pensantes 
e reflexivos. Para isso, o professor também precisa ter formação político-educativa. O educador, 
que até então dava aulas expositivas e provas mensuradas por respostas decoradas, agora pre-
cisa mudar totalmente sua visão de educação.
O professor passou a ter total responsabilidade pela prática em sala de aula e apesar de muitos 
avanços, muito se perdeu em termos do conhecimento próprio da ação docente. O que acon-
teceu? Rejeitando as práticas tecnicistas, o professor passou a trabalhar de maneira muito livre. 
A didática, entendida como técnica de ensino, ficou subestimada: “[...] critiquice antitécnica é 
própria do democratismo e responde em boa dose pela diminuição da competência técnica do 
educador escolar.” (LIBÂNEO, 2008, p. 52).
Na citação que você acaba de ler, Libâneo refere-se ao total abandono das técnicas pedagó-
gicas. Pode-se evoluir, mas não é preciso ignorar tudo o que já foi aprendido no passado. É 
possível encontrar um ponto de equilíbrio em que não haja repressão, nem abuso da liberdade. 
Nas décadas de 1980 e 1990, os pesquisadores educacionais buscaram identidade para a didá-
tica, focando em problemas e necessidades, mas pouco se produziu na prática. A globalização 
transformou os cenários político, social e econômico, afetando as reflexões sobre a didática.
Com essas mudanças, o mercado de trabalho tornou-se cada vez mais competitivo. As empresas 
buscam profissionais capazes de trabalhar em equipe e que tenham competências que incluem 
domínio tecnológico, capacidade de estabelecer bom relacionamento interpessoal, inteligência 
criativa e posicionamento crítico, contexto que também atinge a educação. É preciso que os 
estudantes se formem com habilidades e competências para o trabalho, mas também para modi-
ficar uma sociedade caracterizada por um meio ambiente prejudicado pelas indústrias, destruído 
ecologicamente e abalado pela violência nas relações pessoais. 
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Didática
Observe as figuras 3 e 4, que representam, respectivamente, o perfil ultrapassado de profissional 
e aquele exigido pelo mercado de trabalho atual:
Figura 3 – O modelo profissional que trabalha individualmente está ultrapassado.
Fonte: Shutterstock, 2016.
Conforme você observou, na Figura 3, encontram-se profissionais que, organizadamente, fazem 
apenas a sua parte. Até o período de globalização, as empresas não exigiam potencialidade de 
troca e nem criatividade.
Figura 4 – O profissional moderno precisa ser múltiplo, criativo e interativo
Fonte: Shutterstock, 2016.
A Figura 4 representa a expressão do profissional moderno, que deve dominar vários conhecimen-
tos, ser capaz de interagir com parceiros, acompanhar o desenvolvimento da tecnologia e inovar.
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Para atender esse novo mercado, a escola agora tem de garantir que os estudantes saibam gerir 
conhecimentos sozinhos, mas com capacidade de discernir o que é bom do que não é. É preciso 
que desenvolvam competências nas relações interpessoais para trabalharem em equipe. E que 
disponham de criatividade, opinião, empatia e capacidade de posicionarem-se.
Atendendo a esses ideais foram construídos os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), apro-
vados em 1997, que visavam uma escola que, além da aprendizagem de conhecimentos cientí-
ficos, desenvolvessem atitudes, valores e procedimentos nos estudantes.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais foram um grande passo para a educação brasi-
leira. Os arquivos dos PCNs são ricos em informações pedagógicas úteis para todos os 
educadores. Como futuro professor, visite o site do Instituto Nacional de Estudos e Pes-
quisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) e faça download das matrizes, disponíveis em: 
http://portal.inep.gov.br/web/saeb/matrizes-de-referencia-professor (BRASIL, 2007).
VOCÊ QUER LER?
Para entender melhor o que você estudou até o momento, veja o exemplo a seguir.
Caso prático:
Reinaldo é um professor recém-formado e não sabe bem qual é sua identidade profissional. 
É filho de professores que atuaram nas décadas de 1960 e 1970. Seus pais sempre disseram 
que o que vale na escola é uma boa aula expositiva, em que os alunos estejam quietos. Agora, 
Reinaldo trabalha em uma escola em que a diretora diz que, mais queprofessores, eles são 
educadores. Com isso, devem elaborar planos de aulas que ajudem os alunos a desenvolverem 
pensamento crítico, a posicionarem-se, a refletirem sobre valores, ética, cidadania e sobre os 
conteúdos que devem ser trabalhados.
Marcado pelos paradigmas familiares, Reinaldo não aceita seu novo papel de educador, pois 
aprendeu que educar cabe somente à família. Quem está certo afinal? Como deve ser o perfil 
do professor? Como não deixar suas visões pessoais interferirem na educação que proporcio-
nará? Como ensinar? Como contextualizar? Essas e muitas outras perguntas assombram muitos 
profissionais da educação.
A mudança de paradigmas sempre é desgastante, e apesar dessas transformações estarem em 
processo há muito tempo, ainda falta um trabalho mais conscientizador do profissional da edu-
cação. Como você viu neste estudo, tudo muda – e a escola deve acompanhar. Com as mudan-
ças das estruturas familiares, dos valores e da comunicação, a escola deve assumir a responsa-
bilidade de adequar situações pedagógicas à nova realidade social vivida pelos alunos. 
Mas será que essas questões estão sendo discutidas nas instituições que formam educadores? 
Nas universidades, muito se reflete sobre as teorias da educação, mas pouco se trabalha sobre a 
prática em sala de aula. O professor precisa estar em constante formação, atualizando seus es-
tudos, participando de congressos e cursos, mas principalmente usando essas ferramentas como 
alicerces para refletir sua própria prática pedagógica. Somente assistir a uma palestra, ou fazer 
um curso não resolverá os problemas da educação. É preciso experimentar caminhos. 
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Didática
A troca de experiências entre professores é formativa. É importante que se viabilize cada vez 
mais trocas entre parceiros. Não uma troca simplesmente espontânea, mas programada pelo 
coordenador escolar.
As escolas e suas equipes técnico-pedagógicas precisam investir em pautas formativas e momen-
tos supervisionados de trocas que resultem nos encaminhamentos para a prática em sala de aula. 
Se não houver uma influência na prática, de nada adiantará a reflexão teórica.
A seguir vamos discorrer sobre a importância da prática pedagógica na formação dos professores.
1.2 A prática pedagógica na 
formação dos professores
Quando os professores percorrem anos estudando em uma universidade, poderão achar que ao 
se formar estarão aptos a enfrentarem uma sala de aula. Será?
Normalmente, o recém-formado aprende a ser professor na prática da sala de aula, por meio 
de erros e acertos, ou seja, através de experimentações, o professor descobre os caminhos. Mas 
será que todos descobrem? E o tempo que se perde na experimentação? Quantos alunos são 
prejudicados? 
Além dessas questões, é importante refletir sobre até que ponto as universidades podem afirmar 
que seus formandos estão em condição de ensinar, de manter a organização de seus alunos em 
sala de aula e de enfrentar as situações imprevisíveis que surgem no cotidiano escolar.
No item a seguir, você conhecerá a prática pedagógica em seu aspecto formativo-didático.
1.2.1 Quem é sua referência?
Você se lembra dos professores que fizeram diferença durante o seu período escolar? Alguns 
professores nos marcam positivamente, e outros são lembrados pelo impacto negativo que nos 
causaram. Se perguntarmos para você quem foi seu melhor professor, em quem pensará?
Quando alguém pensa em um bom professor, logo lembra daquele que lhe trouxe boas experi-
ências na escola, transmitiu respeito e muito aprendizado. Você foi marcado pelo modo como ele 
agia, pelas atitudes frente às situações inusitadas e por como organizava as aulas. 
Se pedirmos para que se lembre dos demais, certamente você pensará naqueles professores 
autoritários e tradicionais, que se sentiam superiores aos alunos e, muitas vezes, não os respeita-
vam. Ou, ainda, dos mais permissivos, que deixavam tudo muito solto, sem o mínimo de ordem. 
Geralmente os professores que marcam negativamente um aluno são aqueles que causam medo
e insegurança ao estudante. 
É preciso refletir se você aprendeu com o professor que considerava o melhor. Pense em qual 
professor você quer ser. Questione-se se que o que foi bom para você será bom para os alunos 
dessa geração, e se os alunos são iguais. 
Com o avanço da tecnologia e o acesso a informação, os problemas em sala de aula aumenta-
ram muito, principalmente quando se tratam de adolescentes. Para eles, conversarem nas redes 
sociais é parte de seu cotidiano, e a maioria dos pais reclama que seus filhos não saem da frente 
do computador e que até jantam com o celular na mão. 
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Antes de 1970, a maioria das pessoas nem telefone fixo tinha em casa. Somente alguns poucos 
possuíam televisão – e com imagens em preto e branco. A comunicação com amigos se dava, 
geralmente, na escola, em festas, ou nos trabalhos em grupo. 
Atualmente, o aluno chega à escola com um celular conectado à internet. Obviamente, há mui-
tos alunos carentes e que não têm celular, mas são praticamente exceções. E o professor precisa 
saber lidar com essas situações, sem ser considerado chato, retrógrado e insensível. Essas ques-
tões permeiam a formação do educador que deve estar em constante preparação.
Infelizmente, ainda não são escassas as aulas que ensinam como resolver problemas como esses. 
E o futuro professor geralmente não sabe como agir, se aplicando as práticas antigas e conheci-
das, ou se há um método novo e mais eficiente.
Veja o que afirma Antonio Nóvoa no trecho de entrevista concedida à revista Nova Escola: 
O equilíbrio entre inovação e tradição é difícil. A mudança na maneira de ensinar tem de ser 
feita com consistência e baseada em práticas de várias gerações. Digo que nesta área nada se 
inventa, tudo se recria. O resgate das experiências pessoais e coletivas é a única forma de evitar 
a tentação das modas pedagógicas. Ao mesmo tempo, é preciso combater a mera reprodução 
de práticas de ensino, sem espírito crítico ou esforço de mudança. É preciso estar aberto às 
novidades e procurar diferentes métodos de trabalho, mas sempre partindo de uma análise 
individual e coletiva das práticas (GENTILE, 2001, s. p.). 
Nóvoa, nos leva a refletir sobre a importância de considerar o antigo e o novo. Por isso é importan-
te pautar-se em fundamentações teóricas, experiências, mas nem por isso deixar de acompanhar os 
estudantes que continuam em constante mudança. Diante de um aluno que dispõe de todo tipo de 
informação, o professor deve explorar essa condição para desenvolver no estudante a capacidade 
de ser crítico, reflexivo, de argumentar e de não aceitar qualquer informação como certa.
As universidades devem também preocupar-se com a formação dos futuros professores, e dessa 
forma os mestres acadêmicos precisam estar em constante atualização.
Apesar das instituições superiores de pedagogia afirmarem que seu objetivo é capacitar o futuro 
professor de forma teórica e prática, o que se vê na realidade é a ênfase ao conhecimento teórico 
em detrimento da prática. Muito se discute sobre as teorias e filosofias do ensino e pouco se faz 
com exercícios práticos, oficinas preparatórias para a diversidade que este profissional encontra-
rá e a necessidade de uma formação multidisciplinar.
Além da defasagem de conhecimentos práticos, outro problema é a falta de domínio referente 
ao conteúdo a ser ensinado. Devido à necessidade de consertar essa situação, muitas secretarias 
municipais e estaduais da educação estão premiando professores com abonos salariais quando, 
ao realizarem testes de conhecimento específico, atingem bons resultados. 
A cada dia, os dados nos mostram que a educação no país está aquém do esperado. Por isso, 
enfatizamos a importância de uma preparação prática melhor desses profissionais da educação, 
enquanto alunos dos cursos depedagogia e de licenciaturas específicas. Os estágios visam a 
observação da prática em sala de aula, mas é importante a prática supervisionada.
Em uma sociedade que necessita de sujeitos pensantes, reflexivos, criativos, cooperativos, res-
ponsáveis e reconhecedores do saber tácito, é importante que a formação acadêmica prepare 
os educadores com esses aspectos. Também é importante que os mestres universitários sejam 
exemplo do que sugerem.
Junto ao ensino da prática, é preciso estímulo para refletir sobre ela. Se um professor começa a 
inovar ou mesmo a repetir o ensino como ele aprendeu, vai precisar de ajuda para análise e re-
flexão e conscientizar-se se aquela forma experimentada é realmente adequada ao público-alvo. 
16 Laureate- International Universities
Didática
Sozinhos, tanto o aluno quanto o professor podem ter uma impressão distorcida da realidade. 
Nesse contexto, reforça-se a importância do feedback colaborativo, no qual deve ser realizada 
uma reflexão sobre a ação. 
Há necessidade de muita reflexão sobre a prática, o professor precisa ser provocado, desafiado 
a isso: “Ao superar a visão da racionalidade técnica, que preconiza uma concepção dicotômica 
entre a teoria e a prática, e lançarmos mão de uma proposta voltada para a análise e a reflexão 
da ação docente, poderemos contar com docentes comprometidos com a aprendizagem de seus 
alunos.” (ALARCÃO, 1996, s. p.).
Observar a Figura 5: 
Professor
re�ete
Professor
Professor
aplica
Professor
planeja
Figura 5 – A ação do professor a partir do planejamento e da reflexão.
Fonte: Elaborado pela autora, 2016.
A prática pedagógica deve ser analisada amplamente, abarcando desde a elaboração do cur-
rículo, do projeto político pedagógico, do planejamento de aula, dos métodos e da avaliação.
Ao interagir com parceiros, o educador ensina e aprende. Por isso, a formação de professores 
não pode encerrar na formação inicial. A vivência dentro da sala de aula e a troca são funda-
mentais para o aprimoramento de seu trabalho.
1.2.2 O que poderia ser ensinado sobre a prática?
Conforme Libâneo (1994), a didática busca práticas de ensino eficientes, que convertam ob-
jetivos sociopolíticos e pedagógicos em metas de ensino, tendo por fim o estabelecimento de 
vínculos entre ensino e aprendizagem. Em geral, os professores não têm a noção de como é 
imprescindível usar todos os segundos de aula para o desenvolvimento cognitivo do aluno.
Existe uma cultura escolar em que o aluno pensa na escola como um espaço de socialização, que 
realmente é, mas o centro dessa socialização dever ocorrer mediante o aprendizado.
Essa cultura deve mudar a partir da visão do professor. Aulas planejadas, com começo, meio 
e fim, precisam fazer parte do trabalho desse profissional da educação. A postura do professor 
influencia na postura do aluno. Por consequência, se o professor acredita no aluno, o aluno 
acredita em si.
17
Muitas pesquisas foram realizadas sobre a influência das expectativas do professor em 
relação ao aprendizado do estudante. A mais conhecida foi realizada por Rosenthal e 
Jacobson em 1968. Se quiser conhecer mais sobre esse assunto, leia o artigo de Vânia 
Maria Moreira Rasche e Vera Maria Moreira Kude, Pigmalião na sala de aula: quinze 
anos sobre as expectativas do professor, disponível em: www.fcc.org.br/pesquisa/publi-
cacoes/cp/arquivos/784.pdf
VOCÊ QUER LER?
A formação do professor não se encerra nunca, deve ter um olhar especial para a prática antes 
e depois da conclusão do curso, conforme represent ada na Figura 6:
Fundamentação
teórica
N
O
 C
O
TI
D
IA
N
O
 E
SC
O
LA
R
N
A
 U
N
IV
ER
SI
D
A
D
E Re�exão sobre a
teoria
O�cinas práticas
Orientação
Feedback
Orientações sobre
as explectativas da
escola
Acompanhamento
de registros de
planejamentos e
avaliações
Observação de
aula
Feedback re�exivo e
orientador
Reuniões formativas
Reuniões para trocas
de experiências
Figura 6: A formação do professor.
Fonte: Elaborada pela autora sobre imagem de Shutterstock, 2016.
Observando a Figura 6, podemos ainda considerar a contribuição de Paulo Freire (2005, p. 25) 
que considera a teoria sem a prática vira “verbalismo”, assim como a prática sem teoria, vira 
ativismo. No entanto, quando se une a prática com a teoria tem-se a práxis, a ação criadora e 
modificadora da realidade. O que a imagem nos traz é realmente a busca do diálogo entre teoria 
e prática, durante e depois da formação desse professor.
Mediante esses apontamentos, reflita sobre a relação entre didática e método de ensino. Acompanhe!
18 Laureate- International Universities
Didática
1.3 Didática: uma disciplina ou 
um método de ensino?
Você deve ter ouvido alguém falar: “aquele professor não tem didática”. Mas será que essa ex-
pressão está sendo usada de forma correta? O que os alunos querem dizer é que o professor com 
didática “tem um modo acertado de dar aula” (LIBÂNEO, 1990, p. 4).
Afinal, didática é igual a metodologia? Qual a diferença entre essas expressões? O que o pro-
fessor deve conhecer de didática para dar uma aula proveitosa?
O termo didática, segundo o dicionário online Babylon Grego-Português, tem a sua origem no 
verbo grego (διδακτικός = adj. didática, instrutivo, educativo, preceptiva, preceptorial). No-
-dicionário-Houaiss, didática é definida como a arte de ensinar; o procedimento pelo qual o
mundo da experiência e da cultura é transmitido pelo educador ao educando.
Por sua vez, a palavra metodologia é definida como reunião de métodos; processo organizado 
de pesquisa, de investigação. Parte da ciência que se dedica aos procedimentos organizados, 
aos métodos, utilizados pela própria ciência (HOUAISS, 2015). Para que seja melhor entendido, 
podemos compartilhar o significado atribuído: metodologia é uma palavra derivada de método, 
do Latim methodus, cujo significado é “caminho ou a via para a realização de algo”.
Ou seja, metodologia é o estudo de diferentes métodos usados para se atingir o ensino e apren-
dizagem.
[...] concluímos que podemos ser metodologistas sem sermos didáticos, mas não podemos 
ser didáticos sem sermos metodologistas, pois não podemos julgar sem conhecer. Por isso, o 
estudo da Metodologia é importante por uma razão muito simples: para escolher o método 
mais adequado de ensino precisamos conhecer os métodos existentes (PILETTI, 1995, p. 43).
A partir dos conceitos do autor supracitado, pode-se constatar também que metodologia é o “mé-
todo como o ensino será aplicado”, enquanto a didática é “para o quê este ensino será utilizado”.
A didática é uma área da pedagogia que engloba elementos fundamentais: alunos, professores, 
conteúdos, métodos e a contextualização da aprendizagem. O professor, através da didática, é o 
mediador do ensino e da aprendizagem. Já a metodologia é um elemento da didática pela qual 
o professor organiza as atividades de ensino.
Para ficar mais claro, a metodologia visa os caminhos para se atingir os objetivos, sem juízo de 
valor. A didática engloba o juízo de valor, a crítica, investiga fundamentos, modos de realização 
do ensino com objetivos sociopolíticos. É comum a didática misturar-se com a filosofia da edu-
cação, as metodologias e a pedagogia.
A didática é uma disciplina do curso de Pedagogia que, com base em conhecimentos, pesquisas 
e experiências, orientam a mediação do ensino para se atingir os objetivos escolares consideran-
do a influência social, política, cultural e psicossocial, tendo como culminância o desenvolvimen-
to cognitivo dos alunos com vistas à preparação para a sociedade.
Na pedagogia tradicional, a didática é uma disciplina normativa, ou seja, um conjunto de princí-
pios e regras que regulam o ensino. O ensino centrado no professor e por meio de aula exposi-
tiva com prática repetitiva de exercícios.Essa prática tem resistido aos tempos e mantém-se forte 
em grande parte das escolas.
No Brasil, a pedagogia renovada baseia-se na Escola Nova ou Didática Ativa onde o ensino é 
centrado no aluno, e o professor propicia situações de aprendizagem e deve mobilizar conheci-
mentos prévios e o intelecto para resolver problemas. O professor é um mediador que propõe, 
19
incentiva, orienta e organiza atividades cooperativas. É um ensino onde o aluno é o protagonista 
do aprendizado.
Essa didática ativa é pouco reconhecida entre os professores e dificilmente se encontra em prática. 
Incrivelmente, quando alguns professores ousam lançar desafios aos seus alunos, são criticados 
por essa prática. Isso se deve à falta dessa rotina nas demais aulas, já que recebem tudo pronto.
Podemos afirmar que a Didática assume um papel significativo na formação do educador, visto 
que ele não deve preocupar-se somente em “como ensinar”, mas ponderar o “para que ensinar”, 
considerando que o ensino e aprendizagem devem estar inseridos em um momento histórico e 
que a educação é um exercício educativo para o futuro cidadão.
1.4 Dificuldades na significação da 
didática ao contexto escolar
Podemos dizer que a didática vem sendo ressignificada, a cada demanda colocada aos educa-
dores na contemporaneidade.
O papel do professor foi (re)construído. Antes era o detentor do saber, e seu papel era passar o 
conhecimento aos alunos. Em sala de aula, o professor ficava sobre um tablado, mais alto que 
o espaço dos alunos, o que enfatizava sua diferença e poder.
Hoje o professor deve mediar o conhecimento usando o conhecimento tácito dos alunos, e 
conduzindo a aula de modo que o estudante reflita sobre os conteúdos, e de preferência que 
sejam ensinados levando em consideração a realidade do aluno para que haja ligação entre o 
conhecimento e sua aplicação. 
Não há ensino de qualidade, nem reforma educativa, nem inovação pedagógica, sem uma ade-
quada formação de professores (NÓVOA, 1991, p. 9). A partir disso, é preciso refletir sobre a 
formação de professores mais atuantes no processo de ensino e aprendizagem, e pensar sobre 
seus procedimentos para conseguir contextualizar sua aula da melhor forma possível.
Você já sabe a importância de os professores estarem em constantes estudos para acompanhar 
novas teorias e inovações sempre visando o melhor em sala de aula. Mas é possível o professor 
capacitar-se observando sua própria prática?
Na escola, é preciso que todos os envolvidos desenvolvam seu trabalho em consonância com todas 
as equipes. A equipe técnico-pedagógica e o professor podem ser pesquisadores da própria prá-
tica. Por exemplo: fazer planejamentos diferenciados, mas depois analisar se foi produtivo; filmar 
suas aulas e perceber-se enquanto professor e educador; ser observado e depois receber feedback.
Essas propostas, e outras, fazem do professor um pesquisador de sua própria prática. A didática 
passa a ser fruto de seu trabalho, sem menosprezar as pesquisas anteriormente realizadas.
A didática investiga as condições e formas que vigoram no ensino e, ao mesmo tempo, os fatores 
reais (sociais, políticos, culturais, psicossociais) condicionantes das relações entre docência e 
aprendizagem (LIBÂNEO, 1990, p. 52).
Considerando a afirmação de Libâneo, antes de iniciar seu trabalho o professor precisa de refe-
rências sobre seu aluno e práticas estudadas. Quando e onde tudo isso pode ser feito?
Os planejamentos anuais das escolas devem proporcionar informações e valores aos seus pro-
fessores, veja na sequência.
20 Laureate- International Universities
Didática
1.4.1 Didática e planejamento
A didática estuda o processo de aprendizagem, e dessa forma está ligada às teorias da educação 
e aos conhecimentos psicológicos da educação. A teoria é a base da prática. Preocupa-se com a 
organização do ensino – seus métodos, conteúdos e organização da aula. A didática fundamenta 
a prática educativa, ou seja, todas as ações dentro da escola.
Atualmente, quando se fala em didática, tem-se implícitas as ideias de clareza, lógica, organi-
zação e sistematização do processo de ensino e aprendizagem, deixando para trás o conceito 
de receituário, do que o professor deve ou não fazer. O professor vai trabalhar alicerçado na 
realidade que envolve seu público-alvo, distanciando-se do mero processo de reprodução.
A didática também orientará o planejamento de escola que embasará o plano de ensino e con-
sequentemente o plano de aula.
Ao pensar em caminhos e eficiência, relaciona-se ao planejamento escolar, que consiste em uma 
sistematização construída coletivamente por todos os atores escolares na qual será esclarecido 
o objetivo da escola e suas formas de atuação. Para que o objetivo atenda a comunidade que a
escola está inserida, é preciso adquirir informações sobre os alunos e analisar essas informações
para orientar um projeto de trabalho, que deverá ser sistematicamente revisitado e reavaliado.
Consenso mínimo entre a direção da escola e o corpo docente acerca dos objetivos a alcançar, 
dos métodos de ensino, da sistemática de avaliação, das formas de agrupamento de alunos, 
das normas compartilhadas sobre a falta de professores, do cumprimento do horário, das 
atitudes com relação a alunos e funcionários (LIBÂNEO; OLIVEIRA; TOSCHI, 2005, p 302).
Para o traçado inicial precisamos ter claro os objetivos da escola, e de cada disciplina. Necessita 
uma visão de tempo e distribuição de assuntos. É preciso definição de formas, métodos de tra-
balho para atingir os objetivos que podem e devem estar baseados em princípios que organizam 
o trabalho. Também é importante ter em vista como será avaliado.
A prática educativa não pode ocorrer de maneira espontânea, sem planejamento, metas e 
instrumentos, baseando-se no puro praticismo como foi mencionado anteriormente. [...] a 
didática não se limita ao fazer, só ação prática, mas também se vincula às demais instâncias e 
aspectos da educação formal (LIBÂNEO, 2002, p. 144).
Mas pensando em princípios necessitamos ter coesão de ideias, continuidade, flexibilidade, cla-
reza e objetividade. Todos esses fatores aliados ao conhecimento psicológico e filosófico.
A ação de planejar, portanto, não se reduz ao simples preenchimento de formulários para 
controle administrativo, é, antes, a atividade consciente da previsão das ações político-
pedagógicas, e tendo como referência permanente às situações didáticas concretas que envolve 
a escola, os professores, os alunos, os pais, a comunidade, que integram o processo de ensino 
(LIBÂNEO, 1994, p. 222).
A didática está em constante transformação, e os professores serão os principais pesquisadores 
dessa vivência, desde que incentivados, desafiados, mobilizados pela sua equipe técnico-peda-
gógica, que também precisa de formação permanente.
21
Síntese
Ao concluir este estudo, você descobriu que:
• a didática é fruto da pesquisa sobre como a educação acontece, e sob os aspectos de
cada história, espaço e tempo;
• esse estudo vem para orientar o trabalho dos professores em sala de aula considerando
as experiências vividas e observadas;
• com as ideias inovadoras de Comenius, a didática foi mais e mais valorizada e contamos
com a contribuição de muitos pesquisadores em todo o mundo;
• apesar de no mundo, a didática estar avançando, no Brasil, em decorrência de sua
história político-social sofreu alguns atrasados, mas voltou a progredir com a abertura
política no início da década de 1980;
• para uma escola mais qualitativa é preciso de professores estejam em constante formação;
• a didática está sendo ressignificada por consequência das constantes transformações
sociais, históricas, políticas e tecnológicas;
• o planejamento anual escolar e o planejamento de aula devem ser influenciados pela
realidade do estudante, determinando os aspectos didáticos apropriados para cadasituação.
Síntese
22 Laureate- International Universities
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