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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ CAMPUS SENADOR HELVÍDIO NUNES DE BARROS CURSO DE BACHARELADO EM ENFERMAGEM WAGNER ARAÚJO DE SOUSA FATORES QUE INFLUENCIAM NA ESCOLHA DO TIPO DE PARTO: REVISANDO A PRODUÇÃO CIENTÍFICA PICOS - PIAUÍ 2015 WAGNER ARAÚJO DE SOUSA FATORES QUE INFLUENCIAM NA ESCOLHA DO TIPO DE PARTO: REVISANDO A PRODUÇÃO CIENTÍFICA Trabalho de Conclusão de Curso submetido ao curso de Bacharelado em Enfermagem da Universidade Federal do Piauí como parte dos requisitos para a obtenção do título de Bacharel em Enfermagem. Orientadora: Prof.ª Me. Valéria Lima de Barros PICOS – PIAUÍ 2015 AGRADECIMENTOS A Deus, em primeiro lugar, que até aqui tem me abençoado, me guiado e me dado forças para trilhar esta trajetória. Ele me ajudou a perseverar nos momentos de desânimo, de cansaço, de tristeza, de angústia e de ansiedade; iluminou os meus caminhos, mostrou alternativas e possibilidades que me deram maior satisfação, tranquilidade e confiança para finalizar este estudo. Obrigado, Senhor, pelos livramentos e por permitir que eu siga nessa caminhada. Obrigado por abrir o caminho nos momentos difíceis em que eu não sabia mais como prosseguir, pela saúde, disposição e motivação para continuar lutando e correndo atrás dos sonhos. Aos meus pais, Maria e Josafá, por todo amor, carinho, compreensão e apoio e por nunca deixaram faltar nada. Apesar das grandes dificuldades, sempre colocaram as suas vontades em segundo plano para que eu pudesse dar prosseguimento aos meus estudos. Obrigado pela maneira como me educaram e por me incentivarem a seguir em frente. Aos meus irmãos, pelas alegrias compartilhadas e pelo carinho, e por estarem ao lado dos meus pais em todos os momentos. Aos demais familiares (avôs, sobrinhos, tias, primos, primas), que mesmo distantes acreditaram no meu potencial e torceram pelo meu sucesso profissional. Aos meus amigos, pelas horas de laser e diversão que me proporcionaram durante estes momentos em que você se esquece do estresse do dia-a-dia. Obrigado por todos os momentos vividos com vocês, pelas boas risadas, pelo apoio e por torcerem por mim. A minha orientadora Valéria, pela paciência, tranquilidade, estimulo e tempo dedicado e por me direcionar na escolha do tema. Por seus conhecimentos que contribuíram para o enriquecimento deste estudo. Obrigada por confiar em mim, por respeitar o meu tempo, as minhas possibilidades e por suas orientações. Aos professores que contribuíram para minha formação, pelos conhecimentos passados, pelas lições transmitidas, obrigado. Enfim, obrigado a todos os que contribuíram para minha formação durante essa jornada. “Um presente dado por Deus, Entre as dores do parto, Chamamos de vida”. (Stefano Cavalcante, adaptado) RESUMO A gestação, essencial para a existência humana, é uma experiência única e natural na vida da mulher, que repercute na vida de toda a família. Além disso, é um ato cultural, pois reflete os valores sociais prevalentes historicamente em cada sociedade. O presente estudo teve por objetivo analisar a produção científica brasileira sobre os fatores que influenciam na escolha pela via de parto. Trata-se de uma revisão integrativa da literatura cientifica, realizada por meio das bases de dados Literatura Latino Americano e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Base de Dados de Enfermagem (BDENF) e Scientific Electronic Library Online (SciELO), utilizando-se os descritores trabalho de parto, cesárea e parto normal, associados ao conectivo boleano and. Para tanto, estabeleceu-se como critérios de inclusão: artigos publicados em português, no período de 2009 a 2013, disponíveis na íntegra, acerca dos fatores que influenciam na escolha pela via de parto. Foram identificados e analisados 19 artigos científicos, o que permitiu constatar que no início da gestação, em geral, as mulheres preferem o parto normal, entretanto, na maioria das vezes não são apoiadas na sua escolha, sendo a preferência modificada no final da gravidez por fatores, tais como intercorrência obstétricas, conveniência medica, baixa informação recebida pela mulher durante a gravidez, falta de interesse do profissional pelo parto normal, influência de amigas ou de familiares, entre outros. Entre os fatores associados à escolha pela via de parto, a recuperação mais rápida, o protagonismo da mulher e as possíveis sequelas do parto cirúrgico se destacaram como fatores determinantes no parto vaginal, enquanto que a dor, a sexualidade e a laqueadura tubaria foram os fatores que mais se destacaram como influenciadores do parto abdominal. Apesar dos programas de incentivo à humanização da assistência ao parto e nascimento no Brasil, observa-se um número crescente de cesarianas, o que indica que todos, profissionais de saúde e gestores de políticas públicas, necessitam repensar suas estratégias de ação, com vistas a se alcançar melhores resultados na prática obstétrica. Descritores: Trabalho de parto. Cesárea. Parto normal. ABSTRACT Pregnancy, essential for human existence, is a unique and natural experience in women's lives, which affects the life of the whole family. In addition, it is a cultural act, because it reflects the prevailing social values historically in each society. This study aimed to analyze the Brazilian scientific literature on the factors that influence the choice of mode of delivery. This is an integrative review of scientific literature, conducted through the databases Literature Latin American and Caribbean Health Sciences (LILACS), Nursing Database (BDENF) and Scientific Electronic Library Online (SciELO) using -If the labor descriptors, cesarean section and vaginal delivery, associated with connective and Boolean. Therefore, it was established as inclusion criteria for articles published in Portuguese, from 2009 to 2013, available in full, of the factors that influence the choice of mode of delivery. Were identified and analyzed 19 scientific articles, which evidenced that in early pregnancy, in general, women prefer vaginal delivery, however, most of the time are not supported in their choice, the preference being modified in late pregnancy by factors such as obstetric complications, doctors convenience, low information received by women during pregnancy, lack of interest by professional normal birth, influence of friends or family, among others. Among the factors associated with the choice of mode of delivery, faster recovery, the role of women and the possible consequences of surgical delivery stood out as determining factors in vaginal delivery, while pain, sexuality and tubal ligation were the factors that stood out as influencers of abdominal delivery. Despite the incentive programs for the humanization of childbirth and birth in Brazil, there is an increasing number of cesarean sections, indicating that all health professionals and policymakers, need to rethink their strategies, with views to achieve better results in obstetric practice. Keywords: Labor and Delivery. Cesarean section. Normal delivery.LISTA DE QUADROS QUADRO 1- Distribuição dos artigos encontrados nas bases de dados eletrônicas pesquisadas. Picos-PI, out., 2014........................................................................................... 22 QUADRO 2- Aspectos estruturais das produções científicas encontradas. Picos-PI, out., 2014....................................................................................................................................... 23 QUADRO 3- Características metodológicas dos estudos selecionados. Picos-PI, out., 2014....................................................................................................................................... 25 QUADRO 4- Evidências encontradas acerca dos fatores que influenciam na escolha da via de parto (vaginal ou abdominal). Picos-PI, out, 2014..................................................... 27 LISTA DE FIGURAS FIGURA 1- Componentes da revisão integrativa da literatura........................................... 17 FIGURA 2 - Fluxograma mostrando seleção dos estudos através das bases de dados. Picos-PI, out., 2014................................................................................................................ 19 LISTA DE GRÁFICOS GRAFICO 1- Porcentagem das profissões dos principais autores nos artigos incluídos. Picos-PI, out., de 2014............................................................. 25 LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS BDENF Base de Dados em Enfermagem BIREME Biblioteca Regional de Medicina DATASUS Departamento de Informática do SUS DECs Descritores em Ciências da Saúde ESF Estratégia de Saúde da Família FIOCRUZ Fundação Osvaldo Cruz LILACS Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde PHPN Programa de Humanização no Pré-natal e Nascimento PNAISM Politica Nacional de Atenção Integral a Saúde da Mulher OMS Organização Mundial de Saúde SCIELO Scientific Electronic Library Online SUS Sistema Único de Saúde SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO.......................................................................................... 12 2 OBJETIVOS............................................................................................... 15 2.1 Geral............................................................................................................. 15 2.2 Específicos................................................................................................... 15 3 METODOLOGIA...................................................................................... 16 3.1 Tipo de estudo.............................................................................................. 16 3.2 Etapas da revisão integrativa da literatura.................................................... 16 3.2.1 Identificação do tema e seleção da questão de pesquisa............................... 17 3.2.2 Critérios para inclusão e exclusão dos estudos............................................. 18 3.2.3 Definição das informações a serem extraídas dos estudos selecionados...... 19 3.2.4 Avaliação dos estudos incluídos................................................................... 20 3.2.5 Discussão e interpretação dos resultados...................................................... 20 3.2.6 Resumo das evidências disponíveis.............................................................. 20 3.2.7 Aspectos éticos.............................................................................................. 21 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................ 22 4.1 Caracterização dos artigos científicos selecionados..................................... 22 4.2 Características metodológicas evidenciados nos artigos estudados.............. 25 4.3 Determinantes para a escolha da via de parto............................................... 27 4.3.1 Preferência pelo parto normal....................................................................... 30 4.3.1.1 A recuperação................................................................................................ 31 4.3.1.2 Protagonismo da mulher............................................................................... 32 4.3.1.3 Possíveis sequelas do parto cesáreo.............................................................. 33 4.3.2 Preferência pelo parto abdominal................................................................. 33 4.3.2.1 A dor.............................................................................................................. 35 4.3.2.2 A sexualidade................................................................................................ 36 4.3.2.3 A laqueadura tubária..................................................................................... 37 4.3.2.4 O medo.......................................................................................................... 37 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................... 39 REFERÊNCIAS.......................................................................................... 40 APÊNDICE.................................................................................................. 45 APÊNDICE - A instrumento para coleta de dados da revisão..................... 46 12 1 INTRODUÇÃO A gestação, essencial para a existência humana, é uma experiência única e natural na vida da mulher, que repercute na vida de toda a família, pois é um novo ser que está prestes a nascer e fazer parte do seio familiar. Em geral, os futuros pais possuem muitas duvidas durante o período gestacional, dentre as quais se destaca a escolha da via de parto. Por isso, é muito importante que os profissionais de saúde tirem todas as suas duvidas quanto a melhor escolha, tanto para a mãe quanto para o recém-nascido. Cabe ressaltar, que não havendo contra indicação, a escolha final deverá ser sempre da mulher. Durante a gravidez e o parto, as mulheres vivenciam várias alterações físicas e emocionais e expressam, neste processo, valores e crenças, assim como se defrontam com a estrutura social e cultural dos profissionais dos serviços de saúde (PIRES et al., 2010). Nesse contexto, a escolha do tipo de parto, vaginal (normal) ou cirúrgico (cesárea ou cesariana), é assunto complexo e polêmico (MANDARINO et al., 2009). Segundo Miranda et al., (2008), orientações de amigos, familiares, leigos ou profissionais podem contribuir de modo favorável ou não, dependendo da qualidade da informação ou influência exercida. Por outro lado, Gama et al., (2009), lembram que o parto é um ato cultural, pois reflete os valores sociais prevalentes historicamente em cada sociedade. O parto normal (vaginal) reúne, em relação à cesárea, uma série de vantagens tanto para a mãe quanto para o bebê, aí incluindo: recuperação mais rápida, ausência de dor no período pós-parto, alta precoce, menor risco de infecção e de hemorragia (LEGUIZAMON JUNIOR; STEFFANI; BONAMIGO, 2013). Idealmente um parto é considerado normal quando ocorre de forma natural conforme a fisiologia, sem intervenções desnecessárias nem sequelas no decorrer de seu curso, iniciado espontaneamente entre a 37ª à 42ª semana de gestação, ou seja, é a expulsão do produto da concepção de forma natural e fisiológica (BRASIL, C. 2011). A cesariana pode ser definida como o ato cirúrgico que visa à retirada do feto da cavidade uterina pela incisão através das paredes do abdômen e do útero (REZENDE; MONTENEGRO, 2012). Para Oliveira;Pereira Cruz (2010), a cesárea é um procedimento cirúrgico que quando bem indicado, tem papel fundamental na obstetrícia moderna como redutor da morbidade e mortalidade perinatal e materna. Nesse sentido, Beatriz Velho et al., (2012) informam que, graças aos avanços científicos e tecnológicos da assistência ao parto, 13 muitos benefícios foram e vêm sendo observados nos partos caracterizados como de alto risco, que resultaram na diminuição dos índices de morbimortalidade materna e neonatal. Existem argumentos contra e a favor do procedimento cirúrgico cesáreo, assim como em relação ao parto vaginal. O primeiro certamente representa um notável progresso na assistência obstétrica, mas não se pode afirmar que possa substituir o parto vaginal (SASS; MEI HWANG, 2009). Essa assistência desenvolvida com base na tecnologia, muitas vezes de forma mecanizada, fragmentada e intervencionista, quando aplicadas no parto de baixo risco, podem despertar nas mulheres sentimentos de medo, insegurança e ansiedade, que repercutem em dificuldades na evolução de seu trabalho de parto. Ademais, como asseguram Nagahama; Santiago (2011), muitas mortes maternas seriam evitadas com a redução das taxas de cesárea. Nessa discussão, autores afirmam que a cesárea deve ser evitada na ausência de indicação médica (AMORIM; SOUSA; PORTO, 2010; NAGAHAMA; SANTIAGO, 2011; LEGUIZAMON JUNIOR; STEFFANI; BONAMIGO, 2013). Contrariando essa corrente de pensamento, outros relatam que melhorias nas técnicas cirúrgicas, medidas de prevenção de infecção e transfusões sanguíneas permitiriam indicar o procedimento também para a satisfação dos anseios da mãe e/ou da família (PATAH; MALIK, 2011). Por outro lado, Leguizamon; Junior; Steffani; Bonamigo (2013) afirmam que as preferências pessoais de obstetras e pacientes despontam em relação aos demais fundamentos técnico-científicos como possíveis fatores que contribuem para o aumento do índice de partos cesarianos. Portanto, é preciso ficar atento, pois cada cesariana desnecessária significa um risco maior de complicações, tais como: infecção, hemorragia e complicações anestésicas; intercorrências que contribuem com o aumento das taxas de mortalidade materna (NAGAHAMA; SANTIAGO, 2011). Em 1985, a Organização Mundial da Saúde (OMS) definiu que não há justificativa para qualquer região do mundo possuir taxas de parto cesárea maiores do que 10-15%. Entretanto, em alguns países da América do Sul, a frequência de cesarianas já chega a 80%, apresentando associação direta com a renda per capita do país (AMORIM; SOUSA; PORTO, 2010). No Brasil, as taxas de cesárea são bastante altas, caminhando em direção oposta a porcentagem definida pela OMS e varia de região para região. Segundo o departamento de informática do SUS (DATASUS, 2012), o país registrou 98,08% de partos hospitalares. Destes, foram registrados 53,88% de partos cesáreos. Naquele ano, o Nordeste apresentou uma taxa de 46,28%, enquanto que no Piauí registrou uma taxa em torno de 48,27%, ficando ainda acima da região Nordeste. 14 Em uma pesquisa recente, o Ministério da Saúde em parceria com a Fundação Osvaldo Cruz (FIOCRUZ, 2014), revela que a cesariana é realizada em 52% dos nascimentos, sendo que, no setor privado, este índice chega a 88%. Este mesmo estudo aponta que quase 70% das brasileiras desejam um parto normal no início da gravidez. Entretanto, poucas são apoiadas em sua preferência pelo parto normal (BRASIL, 2014) Ao longo dos anos percebe-se uma série de iniciativas governamentais que objetivam a diminuição das altas taxas de cesárea. Como exemplos, temos: As Portarias nº. 2.816 de 29 de maio de 1998 e nº. 466 de 14 de junho de 2000 que instituem um porcentual máximo de cesáreas no SUS, por hospital e para cada estado federativo, a criação de casas de parto normal, entre outros. Mais recentemente, o Ministério da Saúde lançou a Rede Cegonha, estratégia que tem como principais objetivos assegurar às mulheres o direito ao planejamento reprodutivo e atenção humanizada durante a gravidez, o parto e o puerpério e às crianças o direito ao nascimento seguro e ao crescimento e desenvolvimento saudáveis (BRASIL, 2011). Nesse sentido, estudos que busquem identificar os fatores que interferem na escolha pela via de parto mostram-se de suma importância pois, diante do exposto, fica evidente o crescente aumento das taxas de parto cesáreo nas ultimas décadas, sendo necessária a adoção de medidas que de fato revertam a situação atual. Em campo de prática e estágio, conversando com gestantes, parturientes e puérperas, percebeu-se que há uma carência de informações essenciais sobre o trabalho de parto e parto. Essas mulheres, em geral, não recebem informação alguma sobre a parturição, tornando a escolha da via de parto uma conveniência medica, o que pode estar contribuindo para a situação atual. Isso tudo despertou o interesse do acadêmico de enfermagem pelo assunto. Assim sendo e considerando que a satisfação da paciente é a meta principal da equipe da saúde, em especial da equipe de enfermagem, faz-se imprescindível uma atenção especial as mulheres na gestação bem como no parto, pois o período gravídico puerperal demanda um cuidado muito especial. Nesse contexto, o papel da enfermagem é bastante significativo, principalmente dos enfermeiros obstetras, para orientar e direcionar as mulheres acerca do planejamento familiar, assistência pré-natal, parto e puerpério, ai incluindo informações sobre as vias de parto. Estes profissionais estão habilitados para atender ao pré-natal de baixo risco, aos partos normais sem distócia e ao puerpério em hospitais, centros de parto normal, unidades de saúde ou em domicílio. Necessitam, portanto, de embasamento científico para nortear sua assistência de modo qualificado. 15 2 OBJETIVOS 2.1 Geral Analisar a produção científica brasileira inserida no período de 2009 a 2013 sobre os fatores que influenciam na escolha pela via de parto. 2.2 Específicos Caracterizar a produção científica revisada quanto às propriedades estruturais (título do artigo, periódico e ano de publicação, autores, profissão dos autores) e metodológicas (objetivo, tipo de estudo, método/técnica para coleta de dados, tamanho da amostra, local de realização,); Identificar os fatores determinantes para a escolha do parto vaginal; Verificar os motivos que influenciam na opção pelo parto cesáreo; 16 3 METODOLOGIA 3.1 Tipo de estudo Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, tipo de estudo que tem por finalidade reunir e sintetizar resultados de pesquisas já publicadas sobre um tema ou problema, contribuindo para o aprofundamento do conhecimento do assunto investigado (MENDES; SILVEIRA; GALVÃO, 2008). Desse modo, o estudo tem como propósito oferecer subsídios que permitam reflexões para a elaboração ou utilização de revisões integrativas no cenário da enfermagem. Para Sousa; Silva; Carvalho (2010), a revisão integrativa tem maior enfoque metodológico, quando comparada às outras revisões. Segundo Mendes; Silveira; Galvão (2008), as principais vantagens e benefícios desse tipo de revisão são: reconhecimento dos profissionais que mais investigam determinado assunto, separação entre as descobertas científicas e as opiniões e ideias, descrição do conhecimento especializado no seu estado atual e promoção de impacto sobre a prática clínica. A revisão integrativa deve seguir os mesmos padrões de rigor metodológico de uma pesquisa original, considerando os aspectos de clareza, para que o leitor possa identificar as reais características dos estudos selecionados e oferecer subsídios para o avanço da enfermagem (MENDES; SILVEIRA; GALVÃO, 2008). 3.2 Etapas da revisão integrativa da literatura Para a execução do estudo, foram percorridas as etapaspropostas por Mendes; Silveira; Galvão (2008). A primeira delas consisti na identificação do tema e seleção da questão de pesquisa. A segunda visa delimitar os critérios para inclusão e exclusão dos estudos. Na terceira etapa são definidas as informações a serem extraídas dos estudos selecionados. Na quarta, realiza-se a avaliação dos estudos incluídos e na quinta, a discussão e interpretação dos resultados. Na sexta e última etapa da revisão integrativa, elabora-se o resumo das evidências disponíveis. Esses passos encontram-se pormenorizados na figura que se segue. 17 FIGURA 1 - Componentes da revisão integrativa da literatura. Picos-PI, out., 2014. Fonte: MENDES; SILVEIRA; GALVÃO, (2008) Fonte: MENDES; SILVEIRA; GALVÃO, (2008) 3.2.1 Identificação do tema e seleção da questão de pesquisa Elaborar uma revisão integrativa dispende tempo e dedicação considerável do revisor. A escolha de um tema que desperte o interesse desse torna o processo mais encorajador. A Revisão integrativa da literatura 2º passo 5º passo 1º passo 6º passo Estabelecim ento da hipótese Escolha do tema Objetivos Identificar palavras- chave Tema relacionado com a prática clínica Amostragem ou busca na literatura Estabelecimento de critérios de inclusão e exclusão Uso de base de dados Seleção dos estudos 3º passo 4º passo Categorização dos estudos Extração das informações Organizar e sumarizar as informações Formação do banco de dados Interpretação dos resultados Discussão dos resultados Propostas de recomendações Sugestões para futuras pesquisas Apresentação da revisão Resumo das evidências disponíveis Criação de um documento que descreva detalhadamente a revisão Avaliação dos estudos incluídos na revisão Aplicação de análises estatísticas Inclusão/exclusão de estudos Análise crítica dos estudos selecionados 18 primeira etapa serve como norte para a construção de todo o trabalho. Assim, a etapa inicial do processo de elaboração da revisão integrativa ocorre com a definição de um problema e a formulação de uma pergunta de pesquisa (MENDES; SILVEIRA; GALVÃO, 2008), que deve ser clara e precisa. Considerando a necessidade de delimitação da temática a ser pesquisada, este estudo buscou responder a seguinte questão norteadora: quais fatores que influenciam na escolha pela via de parto (vaginal e cesáreo)? 3.2.2 Critérios para inclusão e exclusão dos estudos Esta etapa está intimamente atrelada à anterior, uma vez que a abrangência do assunto a ser estudado determina o procedimento da pesquisa dos artigos. Os critérios de inclusão e exclusão devem ser identificados no estudo, sendo claros e objetivos, mas podem sofrer reorganização durante o processo de busca dos artigos e durante a elaboração da revisão integrativa (URSI, 2005). Para o levantamento dos artigos na literatura realizou-se, em outubro de 2014, uma busca na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) utilizando-se as Bases de Dados em Enfermagem (BDENF) e Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde (LILACS). Em seguida, para acessar os dados na integra, realizou-se uma busca no Scientific Electronic Library Online (SciELO). A busca dos artigos se deu com a utilização dos seguintes descritores indicados pela Biblioteca de Terminologia em Saúde (DECs/BIREME): Trabalho de Parto, Cesárea e Parto Normal, associados ao conectivo boleano and. Os critérios de inclusão estabelecidos foram: estudos disponíveis eletronicamente, na integra, em formato de artigo, publicados no idioma português, no período de 2009 a 2013, sobre a temática abordada. Como critérios de exclusão, optou-se por não inserir trabalhos de conclusão de curso, dissertações e teses, apesar de serem disponibilizado nas bases de dados informados. Foram excluídos também os artigos cujo delineamento indicava estudo bibliográfico, revisão integrativa, revisão sistemática e estudo teórico reflexivo. A Figura 2 sintetiza o caminho percorrido para a seleção dos estudos a serem analisados pelo pesquisador. 19 Fonte: Autoria própria Figura – 2 - Seleção dos artigos utilizados a partir dos bancos de dados, Picos-PI, out., 2014. 3.2.3 Definição das informações a serem extraídas dos estudos selecionados Esta etapa da revisão propõe a elaboração de instrumentos que organizem adequadamente a extração das informações dos estudos selecionados. Segundo Mendes; Silveira; Galvão (2008) é aqui onde se determina a confiança dos resultados e fortalece as conclusões sobre o estado atual do tema investigado. Para a identificação dos estudos, realizou-se a leitura criteriosa dos títulos, resumos e palavras chave de todas as publicações completas localizadas pela estratégia de busca, para posteriormente verificar sua adequação aos critérios de inclusão do estudo. Para isso, foi utilizado um instrumento (APENDICE A) elaborado pelo autor do estudo, com o objetivo de responder as questões norteadoras. Este instrumento abrange as seguintes informações: ano e tipo de publicação, autores, periódico, titulo, profissão dos autores, objetivo, local de realização, sujeito e tamanho da amostra, coleta de dados do estudo, fatores que influenciam na escolha do parto normal, 20 fatores que influenciam na escolha do parto cesáreo, além de identificar os principais resultados e as conclusões. Ressalta-se que cada estudo recebeu um código com sequência alfanumérico, visando identificar os artigos e facilitar a compreensão. 3.2.4 Avaliação dos estudos incluídos Neste ponto, realizou-se uma análise crítica dos estudos selecionados, procurando explicações para os resultados já evidenciados em outros estudos. Objetivando a melhor organização, visualização e análise desses dados, foram elaborados quadros onde encontram- se expostos os resultados. De acordo com Mendes; Silveira; Galvão (2008) a conclusão desta etapa pode gerar mudanças nas recomendações para a prática. 3.2.5 Discussão e interpretação dos resultados A discussão e interpretação dos resultados foram realizadas por meio de avaliação critica dos estudos selecionados, o que permitiu uma comparação com o conhecimento teórico. Assim, podem-se elaborar recomendações para a prática, a partir das conclusões advindas da revisão, bem como apresentar sugestão de novas pesquisas, com a identificação de lacunas nos estudos incluídos. 3.2.6 Resumo das evidências disponíveis Esta etapa consiste na elaboração do documento que deve contemplar a descrição das etapas percorridas pelo revisor e os principais resultados evidenciados da análise dos artigos incluídos (MENDES; SILVEIRA; GALVÃO, 2008). Desta forma, realizou-se uma revisão detalhada de todos os artigos escolhidos, o que tornou possível a interpretação dos dados e, com isso, o levantamento das lacunas de conhecimento existentes, gerando um resumo do conhecimento existente. Para Mendes; Silveira; Galvão (2008,), essa etapa é um trabalho de extrema importância, já que produz impacto devido ao acúmulo do conhecimento existente sobre a temática pesquisada. 21 3.2.7 Aspectos éticos Por se tratar de pesquisa com material de livre acesso em bases de dados virtuais e não envolver seres humanos, não foi necessário a solicitação de parecer em comitê de ética em pesquisa ou autorização dos autores dos estudos. 22 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO Inicialmente, serão apresentados os resultados sobre a caracterização dos artigos selecionados para a composição da amostra e, na sequência, a síntese dos aspectos estruturais e metodológicos dos estudos. Posteriormente,será exposta a convergência dos achados, agrupadas em subcategorias, a saber: Preferência pelo parto normal, preferência pelo parto cesárea. 4.1 Caracterização dos artigos científicos selecionados O quadro a seguir demonstra, de forma simplificada, o total de publicações encontradas, pré-selecionadas, incluídas e excluídas, a partir da estratégia de busca nas bases de dados. QUADRO 1- Distribuição dos artigos encontrados nas bases de dados eletrônicas pesquisadas. Picos-PI, out., 2014. Base de dados Encontrados Pré-selecionados Excluídos Incluídos SciELO 157 43 32 11 LILACS 100 45 40 05 BDENF 19 11 08 03 Total 276 99 80 19 Fonte: Autoria própria A busca realizada nas bases de dados encontrou 276 artigos, sendo 99 selecionados inicialmente para análise. Considerando-se os critérios de inclusão e exclusão, 80 artigos foram excluídos, restando, ao final, 19 artigos. O fator que contribui para a exclusão do maior número de artigos foi o ano de publicação, visto que muitas não se enquadravam no recorte temporal estabelecido (2009 a 2013). Outros artigos não se enquadravam na temática estudada ou não estavam disponíveis na integra. Destaca-se que a base de dados que apresentou o maior número de publicações foi a SciELO, com 157 artigos, seguida pela LILACS, com 100 artigos e por ultimo a BDENF com 19 artigos. Dos artigos selecionados, onze foram encontrados na base de dados SciELO, cinco no LILACS e três foram extraídos da base BDENF. No Quadro 2, a seguir, buscou-se demonstrar os aspectos estruturais dos estudos selecionados. 23 QUADRO 2 – Aspectos estruturais das produções científicas encontradas. Picos-PI, out., 2014. A rt ig o Periódico Título Autores/ano Profissão dos autores A1 Revista Bioética Escolha da via de parto: expectativa de gestantes e obstetras LEGUIZAMON JUNIOR, T; STEFFANI, J. A; BONAMIGO, E. L. 2013. Médicos e fonoaudiólogo A2 Revista Brasileira de Anestesiológia. A Dor e o Protagonismo da Mulher na Parturição. PEREIRA R. R.; FRANCO S. C.; BALDIN N. 2011. Médicos A3 Caderno Saúde Pública Representações e experiências das mulheres sobre a assistência ao parto vaginal e cesárea em maternidades pública e privada. GAMA A. S, et al., 2009. Assistente social A4 Caderno Saúde Pública Aspectos relacionados à escolha do tipo de parto: um estudo comparativo entre uma maternidade pública e outra privada, em São Luís, Maranhão, Brasil. MANDARINO N. R et al. 2009. Médicos e enfermeira A5 Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil A influência da assistência profissional em saúde na escolha do tipo de parto: um olhar sócio antropológico na saúde suplementar brasileira. PIRES, D. et al., 2010. Enfermeiros A6 Revista da Rede de Enfermagem do Nordeste Estudo das indicações de parto cesáreo em primigestas no município de Barbalha-Ceará OLIVEIRA D. R.; PEREIRA CRUZ M. K. 2010. Enfermeiras A7 Interação em Psicologia Preferência de Gestantes pelo Parto Normal ou Cesariano. MELCHIORI L.E et al., 2009. Psicólogos A8 Revista Brasileira Saúde Materno Infantil. Preferência pela via de parto nas parturientes atendidas em hospital público na cidade de Porto Velho, Rondônia. FERRARI J. 2010 Medico A9 Arquivos Catarinenses de Medicina Fatores associados à preferência pela operação cesariana entre puérperas de instituição pública e privada. BONFANTE T. M. et al., 2009. Médicos e estudante de medicina A10 Revista Brasileira de Anestesiológia. Representações Sociais e Decisões das Gestantes sobre a Parturição: protagonismo das mulheres. PEREIRA R. R.; FRANCO S. C.; BALDIN N. 2011. Médicos A11 Revista Rene Percepção de mulheres sobre a vivência do trabalho de parto e parto. OLIVEIRA A. S. S. et al., 2010. Enfermeiros A12 Revista de Pesquisa Cuidado é Fundamental online A cultura interferindo no desejo sobre o tipo de parto. PIMENTA L. F. et al. 2013. Enfermeiras A13 Revista da AMRIGS Aspectos relacionados à preferência pela via de parto em um hospital universitário LORRA M. R. K. et al. 2011. Médicos e estudante de medicina (Continua) 24 (Continuação) A rt ig o Periódico Título Autores/ano Profissão dos autores A14 Revista da AMRIGS Parto normal X Parto cesáreo: análise epidemiológica em duas maternidades no sul do Brasil. REIS S. L. S et al. 2009 Médicos e estudante de medicina A15 Cogitare Enfermagem Concepção de gestantes sobre o parto cesariano. BITTENCOURT F.; VIEIRA J. B.; ALMEIDA A. C. C. H. 2013. Enfermeiros A16 Revista Brasileira Enfermagem Parto normal e cesárea: representações sociais de mulheres que os vivenciaram. BEATRIZ VELHO M.; SANTOS E. K. A.; COLLAÇO V. S. 2013. Enfermeiras A17 Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. Preferência pela via de parto: uma comparação entre gestantes nulíparas e primíparas. BENUTE G. R et al 2013. Medico e psicólogos A18 HU Revista. Fatores culturais determinantes da escolha da via de parto por gestantes. FIGUEIREDO N. S. V. et al. 2010; Médicos A19 Fractal, Revista Psicologia. Expectativas, percepções e experiências sobreo parto normal: relato de um grupo de mulheres. PINHEIRO B. C; BITTAR C. M. L. 2013. Psicólogas Fonte: Autoria própria Diante do exposto observa-se que os periódicos que apresentaram maior número de publicações foram: a Revista Brasileira de Anestesiológia e o Caderno de Saúde Pública, cada qual com duas publicações. A Revista Brasileira de Anestesiológia foi criada em 1951 e destina-se a publicação de artigos científicos inéditos sobre Anestesiológia e/ou áreas afins, de pesquisadores nacionais ou estrangeiros. Tem como objetivo divulgar artigos aos profissionais de saúde, fomentando o progresso, aperfeiçoamento e a difusão da Anestesiológia. É editada em Português, Inglês e espanhol. O Caderno de Saúde Publica tem como objetivo publicar artigos originais com elevado mérito científico, que contribuem com o estudo da saúde pública em geral e disciplinas afins. Os demais periódicos apresentaram uma publicação, cada. O ano que teve maior número de publicações foi 2013 (seis), seguido por 2009 e 2010 (cinco publicações, cada) e 2011 (três). No concernente a profissão do autor principal, observou-se o predomínio de médicos, presentes em oito publicações e enfermeiros, em sete. Esse achado parece indicar que essas duas profissões pesquisam mais sobre o assunto. Foram encontrados ainda psicólogos (três) e assistente social (um). O gráfico a seguir mostra a porcentagem relativa às profissões dos autores nos artigos incluídos. 25 Gráfico 1- Profissões dos principais autores nos artigos incluídos. Picos-PI, out., 2014. 0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40% 45% Medico Enfermeiro Psicologo Assistente social Profissão dos principais autores dos artigos incluidos Fonte: Autoria própria 4.2 Características metodológicas evidenciados nos artigos estudados O quadro abaixo aborda as características metodológicas dos artigos selecionados. QUADRO 3- Características metodológicas dos estudos selecionados. Picos, out., 2014. A rt ig o Objetivos Tipo de estudo Coleta dos dados Amostra e Local A1 Conhecer a expectativa de gestantes e médicos obstetras em relação à escolha da via de parto Descritivo e transversal/ Quantitativo/ Questionário autoaplicável Amostra: 96 (85 gestantes e 11 médicos) Local: hospital A2 Compreender o fenômeno e a dimensão cultural da dor, bem como a influência do modelo biomédico e a mídia como construtores da representação social da dor na parturição. Descritivo/ Qualitativo Entrevistasemiestruturada. Amostra: 45 gestantes. Local: ambulatórios da rede pública e clinica privada. A3 Verificar as representações e experiências atuais das mulheres quanto às formas de parturição e sua assistência em serviços de saúde diferenciados Transversal/ Qualitativo Entrevista semiestruturada Amostra: 23 puérperas Local: três maternidades A4 Conhecer os desejos das parturientes relacionados a cada via de parto, bem como verificar e comparar a frequência de cesarianas. Transversal/ Qualitativo Questionário semiestruturado Amostra: 252 primíparas (163 em maternidade pública e 89 na privada) Local: hospitais A5 Influência da assistência profissional em saúde na escolha do tipo de parto de gestantes atendidas pelos serviços de saúde suplementar. Exploratório descritivo/ Qualitativo Entrevista semiestruturada Amostra: 33 usuárias dos serviços da saúde suplementar. Local: maternidade (Continua) 26 (Continuação) A rt ig o Objetivos Tipo de estudo Coleta dos dados Amostra e Local A6 Analisar indicações de cesariana em primigestas usuárias do Sistema Único de Saúde Descritivo/ Qualitativa Formulário Amostra: 123 prontuários. Local: hospital filantrópico A7 Investigar a preferência pelo tipo de parto entre as gestantes e os motivos da preferência Transversal/ Qualitativa e quantitativa Entrevista semiestruturado Amostra: 40 gestantes Local: Centro de Saúde A8 Conhecer a preferência pela via de parto entre as mulheres que tiveram filhos no Centro Obstétrico do Hospital de Base de Porto Velho Transversal/ Quantitativo Questionário Amostra: 4710 prontuários médicos Local: Hospital A9 Estudar os fatores relacionados à preferência pelo parto cesáreo entre puérperas de clínica pública e privada da cidade de Tubarão, SC. Transversal/ Quantitativo e qualitativo Questionário semiestruturada Amostra: 169 puérperas (106 de clínica pública e 63 de clínica privada) Local: hospital. A10 Compreender, a partir das representações sociais femininas, o protagonismo da mulher na decisão sobre a parturição. Descritivo/ Qualitativo Entrevista Amostra: 45 gestantes Local: hospitais A11 Conhecer a percepção de puérperas acerca da vivência do trabalho de parto e parto Exploratório descritivo/ Qualitativo Entrevista semiestruturada Amostra: 14 puérperas Local: hospital A12 Compreender de que forma a cultura influencia no processo de parturição da mulher Descritivo/ Qualitativo Entrevista semiestruturada Amostra: 8 mulheres Local: hospital universitário A13 Identificar a via de parto de preferência de mulheres que tiveram filho na maternidade do Hospital Universitário da Universidade Luterana do Brasil (HU/ ULBRA) verificando fatores que influenciam na escolha. Observacional, transversal e descritivo/ Qualitativo e quantitativo Questionário aplicado Amostra: 400 puérperas Local: hospital universitário A14 Traçar o perfil epidemiológico dos partos realizados em dois hospitais de Pelotas Retrospectivo/ Quantitativo Foram coletados os dados nos arquivos dos Hospitais. Amostra: 3001 prontuários Local: maternidade A15 Investigar os motivos que levam a mulher a optar pela cesariana, conhecer as crenças e os fatores culturais que se sobressaem durante a gestação e que podem influenciar na escolha da via de parto. Descritivo/ Qualitativo Entrevista semiestruturada Amostra: 20 gestantes Local: clínicas privadas de obstetrícia e Unidades Básicas de Saúde A16 Conhecer as representações sociais do parto normal e da cesárea de mulheres que os vivenciaram Descritivo/ Qualitativo Entrevistas episódicas Amostra: 20 mulheres Local: Estratégia de Saúde da Família A17 Descrever e comparar a preferência pela via de parto entre gestantes nulíparas e primíparas, e verificar se a vivência anterior do parto exerce influência na parturição. Transversal e prospectivo/ Quantitativo Entrevistas semidirigidas Amostra: 100 gestantes Local: hospital A18 Conhecer as crenças e outros fatores culturais que cercam o período de gestação e podem influenciar na escolha da via de parto Descritivo/ Qualitativo Entrevista semiestruturada Amostra: 30 gestantes Local: hospital A19 Conhecer as percepções, experiências e expectativas em relação ao parto normal Descritivo/ Qualitativo Entrevista livre Amostra: 25 gestantes Local: hospitais Fonte: Autoria própria. 27 Ao analisar os objetivos dos estudos percebeu-se que todos apresentam de forma clara as metas que almejavam atingir. Quanto aos instrumentos para coleta de dados, a maioria (12 artigos) elegeu a entrevista. Reforça-se a preocupação dos pesquisadores em implementar rigor à estudos nessa área. Doze estudos foram desenvolvidos com abordagem qualitativa, quatro com abordagem quantitativa e três com abordagem de caráter quantitativo/qualitativo. Por último, destaca-se que quanto ao local de realização da pesquisas, a análise revelou que doze foram realizados em hospitais, três em maternidades, uma na ESF, duas em clinica privada e uma em um centro de saúde. Considerando a amostra, doze pesquisas realizaram seu estudo com gestantes, quatro com puérperas e três com prontuários. Em um estudo foi realizado pesquisa tanto com gestante quanto com o medico. 4.3 Determinantes para a escolha do tipo de parto Estudos sobre o parto vaginal e o parto abdominal têm abordado os diversos fatores associados a essa organização da assistência e indicam, muitas vezes, os fatores determinantes na opção por uma ou outra via. É o que apresenta o Quadro 4. QUADRO 4- Evidências encontradas acerca dos fatores que influenciam na escolha da via de parto (vaginal ou abdominal). Picos-PI, out., 2014. A rt ig o Fatores que influenciam na escolha da via de parto: evidências encontradas A1 Parto Vaginal: pós-parto da cesariana é mais doloroso, problemas estéticos (cicatriz), maior risco da cesariana para a mãe e o bebê, maior tempo de internação em cesariana e o fato do parto natural ser um processo fisiológico e parte da experiência natural em ser mãe. Parto abdominal: praticidade, medo de sofrimento e dor, conforto e segurança para o bebê e evitar comprometimento da vida sexual. A2 Parto vaginal: recuperação mais rápida. Parto abdominal: Evita o sofrimento e a dor do parto normal. A3 Parto vaginal: protagonismo da mulher, qualidade da relação com o bebê e recuperação no pós-parto. Parto abdominal: medo das dores do parto, desconhecimento das vantagens do parto normal, possibilidade de programar o parto em vez de esperar pela imprevisibilidade do parto normal e sexualidade inalterada. A4 Parto vaginal: recuperação mais rápida. Parto abdominal: medo da dor no parto vaginal, sexualidade preservada e ausência de asfixia no nascimento. (Continua) 28 (Continuação) A rt ig o Fatores que influenciam na escolha do tipo de parto: evidências encontradas A5 Parto vaginal: ausência de dor no pós-parto quando comparada ao parto abdominal. Parto abdominal: medo da dor, conveniência da data marcada para organização do cotidiano familiar, influencia medica. A6 Parto vaginal: * Parto abdominal: escolaridade acima do ensino médio, pré-eclâmpsia/eclampsia, renda. A7 Parto vaginal: rápida recuperação, melhor para a mãe e/ou bebês. Parto abdominal: parto sem dor, influencia de amigas. A8 Parto vaginal: protagonista no processo de parturição. Parto abdominal: segurança para o bebê, conforto para si e proteção para a própria pelve. Tolerância à dor, sentimentos de alegria, ansiedade, angústia, medo, raça, experiência anterior, grau de aculturação, ocupação,padrão social, escolaridade. A9 Parto vaginal: * Parto abdominal: idade superior a 30 anos, maior escolaridade, estado marital em união estável ou casada, melhor nível socioeconômico, patologias associadas, dilatação cervical menor que 3 centímetros na admissão, realização diurna do parto e presença de cesárea anterior. A10 Parto vaginal: protagonismo da mulher, parto cesáreo é mais perigoso e relacionado a um maior índice de infecção. Parto abdominal: ausência da dor no momento do parto e medo de ficar fisicamente mutilada e interferir na sexualidade. A11 Parto vaginal: protagonismo da mulher, recuperação mais rápida quando comparada ao parto abdominal. Parto abdominal: medo de sentir dor, orientação de amigos, possibilidade de ocorrência de lesões. A12 Parto vaginal: recuperação mais rápida, não interferindo na rotina e autonomia delas, menor risco de infecção de que a cesárea. Parto abdominal: medo da dor A13 Parto vaginal: menos doloroso no pós-parto. Parto abdominal: dor durante o parto vaginal. Cesária anterior. A14 Parto vaginal: morbidade materna menor e menos grave, mais seguro para a mãe e para o bebê. Parto abdominal: idade entre 21 e 30 anos, fetos macrossômicos diante do maior risco de desproporção cefalopélvica. Redução na paridade, apresentação pélvica, fatores econômicos e demográficos, aumento na idade das gestantes, decréscimo na aplicação do fórcipe médio e temor de processos por má prática. Falta de treinamento, durante a residência médica em Ginecologia e Obstetrícia, medo e despreparo. A15 Parto vaginal: rápida recuperação, mais saudável para mãe e bebê, menor risco de hemorragia e de infecção. Parto abdominal: medo e dor (Parto normal é sinônimo de dor e sofrimento). A16 Parto vaginal: recuperação mais simples, rápida, fácil e tranquila. Independência para caminhar, realizar cuidados de higiene pessoal, atividades domesticas e cuidar do bebê. Parto abdominal: livrar-se da dor do parto e possibilidade de planejar o nascimento de seu filho. A17 Parto vaginal: protagonismo da mulher no nascimento do filho, crença de proporcionar uma melhor relação com o recém-nascido e rápida recuperação puerperal. Parto abdominal: desejo de parto rápido e sem dor. (Continua) 29 (Continuação) A rt ig o Fatores que influenciam na escolha do tipo de parto: evidências encontradas A18 Parto vaginal: parto normal é mais fisiológico para a mãe e o bebê, rápida recuperação, leite vem mais rápido. Parto abdominal: medo em relação à dor do parto normal, experiências anteriores, segurança e agilidade no processo. A19 Parto vaginal: melhor recuperação, maior autonomia no desempenho das tarefas cotidianas e nos cuidados com o recém-nascido; experiência satisfatória com partos anteriores; menor risco de infecção. Parto abdominal: medo de “não dar conta” de ter um parto normal, menos incômodo e doloroso. Fonte: Autoria própria * O artigo não destacou os motivos que influenciam o parto normal Diversos fatores influenciam a mulher na hora da decisão final sobre a via de parto. Nesse sentido, o que a literatura aponta como principais determinantes são os aspectos socioeconômicos, tais como nível econômico, educação, informação e acesso aos serviços de saúde. Junta-se a isso, fatores culturais, crenças e valores familiares (PIRES et al., 2010; Miranda et al., 2008). De acordo com o que foi observado, pode-se destacar que fatores que influenciam na escolha do parto mais relatado nos artigos selecionados para a presente revisão foram: a dor, presente em 16 artigos, sendo este o fator mais citado. Em seguida, aparecem a rápida recuperação (13 artigos), o medo (sete pesquisas), laqueadura tubária (cinco artigos), o protagonismo da mulher (cinco artigos), a sexualidade (quatro artigos), e as possíveis sequelas do parto cesáreo (quatro artigos). Esses fatores, por serem mais citados como fatores determinantes da escolha de parto, serão discutidos detalhadamente, especificando-se quais os que favorecem o parto vaginal e quais determinam a opção pelo parto abdominal. Outros argumentos, contudo, são também relatados, ainda que em menor frequência. Entre esses estão o cotidiano familiar, a conveniência da hora marcada, a segurança para o bebê, a idade materna, influencia médica, menor risco de infecção, morbidade mais frequente e experiência anterior. Antes, porém, é importante ressaltar que a escolha pelo parto abdominal ou vaginal implica uma série de fatores que não constituem simples questão de preferência, mas envolvem também fatores relativos à necessidade e indicação, riscos e benefícios, tempo de realização, custos, complicações e repercussões futuras (BRASIL, C, 2011). A maioria dos artigos estudados declara que toda mulher deve saber que o parto normal é o vaginal, mais seguro para ela e para o bebê e que cesariana deverá ser uma indicação do obstetra, com a 30 participação da gestante e limitada aos casos que apresentem complicações (A1, A2, A3, A4, A7,A8, A10, A12, A13, A15, , A17, A18, A19). 4.3.1 Preferência pelo parto vaginal Consciente dos benefícios do parto vaginal e preocupado com a realização excessiva de partos abdominais, o Ministério da Saúde (MS) vem lançando mão de estratégias e investindo na criação de políticas e programas voltados ao incentivo ao parto normal. São exemplos disso a publicação do Guia Prático de Assistência ao Parto Normal em 1996, além das Portarias nº. 2.816 de 29 de maio de 1998 e nº. 466 de 14 de junho de 2000, que instituem um porcentual máximo de cesáreas no SUS, por hospital e para cada estado federativo, a criação de casas de parto normal, entre outros (BRASIL 2000). Ademais, em 1999, instituiu os centros de parto normal por meio da portaria GM 985, em 2000 criou o Programa de Humanização no Pré-natal e Nascimento (PHPN) e em 2004 a Política Nacional de Atenção Integral a Saúde da Mulher – PNAISM (BRASIL, 2007). Mais recentemente, para fortalecer essa estratégia, o MS lançou a Portaria nº 1.459, que regulamenta a “Rede Cegonha”, estratégia inovadora que visa introduzir na saúde uma rede de cuidados para assegurar às mulheres o direito ao planejamento reprodutivo e a atenção humanizada à gravidez, ao parto e puerpério e às crianças o direito ao nascimento seguro e ao crescimento e desenvolvimento saudável (BRASIL, G, 2011). Segundo o Ministério da Saúde (2009), o parto normal traz benefício psíquico para o todo percurso na vida da criança e gera um forte vínculo entre a mãe e bebe. É sabido também que o parto normal tem muitas vantagens em relação à cesariana: é fisiológico - o corpo da mulher foi preparado para isso; a recuperação é muito mais rápida; há menor chance de hematomas ou infecções; menor risco de complicações para a mãe e para o feto; menor chance de dor pélvica crônica (LEGUIZAMON JUNIOR; STEFFANI; BONAMIGO, 2013). Quanto à dor, com as técnicas de analgesia de parto utilizadas hoje em dia, essas podem ser minimizadas ou evitadas. Por isso é necessário um enfoque da atenção ao parto e nascimento centrado na parturiente (ROCHA ; NOVAES, 2010). Nos artigos incluídos neste trabalho assim como no estudo de Nagahama; Santiago, (2011) as gestantes que preferiram o parto por via vaginal apresentaram como argumentos mais importantes o fato de a recuperação pós-parto ser melhor e menos dolorosa do que na cesariana e o medo de um parto cirúrgico e suas possíveis sequelas (hemorragia pós-parto, infecção dos pontos, entre outros). Esses achados corroboram com o que foi identificado pelo 31 estudo de Marques; Medeiros; Souza (2012). Além disso, outros destacam que o parto normal possui o resguardo da natureza, sendo a maneira natural de a mulher ter seu filho, sendo sua recuperação é mais rápida (A1, A2, A4, A7, A11, A12, A15, A16, A17, A18, A19). Acrescido a isso, logo após o nascimento a mãepode se levantar e pegar seu filho (OLIVEIRA; VALPATO 2009). Muitos autores (A1, A4, A7, A8, A9, A12, A13, A15, A16 A17) destacam que no inicio da gestação as mulheres preferem o parto normal, entretanto, muitas vezes não são apoiadas na sua escolha, fato que corrobora com o estudo de Haddad; Cecatti, (2011). O estudo A7, ao pesquisar qual a preferência de gestantes sobre o tipo de parto, demonstra que 75% das entrevistadas relatam preferir o parto normal, percentual semelhante aos encontrados em A1 e A4 (74,1% e 71,6%, respectivamente) quando relatam a preferência manifestada pelas mulheres a favor do parto natural. Em A8, ao investigarem a preferência das mulheres pela via de parto, os autores encontraram que 68% delas responderam que o parto normal era a via desejada. Situação semelhante foi verificada em A12, A13, A17 e A18, apenas com alguma variação percentual para mais ou para menos. No relato de alguns autores (A9, A4), o antecedente obstétrico da mulher pode influenciar em sua preferência pelo tipo de parto. Mulheres com cesárea prévia apresentam maior desejo por repetir esse tipo de parto (AMORIM; SOUZA, 2010), assim como as mulheres que passaram pela experiência do parto normal demonstram cobiçar o mesmo tipo de parto. Para a alguns autores (A1, A7, A15, A16 e A19), as justificativas mais representativas para a escolha do parto normal ou escolha pelo parto cesariano foram: rápida recuperação e menor sofrimento. Os estudos que compõem a presente amostra indicam a preferência das mulheres pelo parto normal, fato que ratifica o que diz o Ministério da Saúde (2014), quando relata que quase 70% das brasileiras desejam um parto normal no início da gravidez. Essa preferência coincide com a preferência pelo parto normal de mulheres de outros países, como demostram Ferrari (2010) e Linhares (2013). 4.3.1.1 A recuperação Leão et al., (2012) afirmam que a recuperação pós-parto aparece como um dos fatores primordiais na definição do tipo de parto. Este fator esteve presente em treze trabalhos analisados. A2 e A3, ao analisarem as percepções negativas do parto cesáreo, mencionam as dificuldades na recuperação no pós-parto, sendo que o contrário pode ser observado no parto 32 normal onde há uma recuperação mais rápida, que proporciona um estreitamento entre mãe e filho, nestes primeiros momentos após o parto. Além disso, percebe-se pela leitura dos artigos que as mulheres após o parto vaginal, a dependência de outras pessoas fica minimizada quando comparado com o parto cirúrgico, possibilitando maior autonomia no desempenho das tarefas cotidianas e deixa a parturiente mais tranquila. Em A7, A11, A12 e A17, os autores apontaram a recuperação mais rápida no pós-parto como o principal motivo para mulheres optarem pelo parto vaginal, fator concomitante com o estudo de Miranda et al (2008) e de Oliveira; Valpato (2009). O mesmo motivo foi encontrado por A4 como determinante na escolha pelo parto normal. Verifica-se a importância de serem desenvolvidos programas e ações eficazes, voltadas à difusão de informações e orientações às mulheres acerca do parto normal e dos benefícios trazidos por esse tipo de parto, com o objetivo de proporcionar à gestante melhores condições de parto. Pois além da recuperação mais rápida, ocorrida no parto vaginal, a uma serie de outros benefícios tanto para a mãe quanto para o bebe. 4.3.1.2 Protagonismo da mulher Segundo os autores do artigo A16, o parto normal é considerado um evento natural na vida da mulher. Além disso, ressaltam o protagonismo da mulher, pois é ela que vai dar a luz. Nesse sentido esse protagonismo seria a capacidade de parir sem nenhuma ou mínima interferência da equipe de saúde. É o parto que acontece sem intervenções, como ocitocina , analgesia, fórceps (PROGIANTI; COSTA, 2012). Entretanto, cabe ressaltar que algumas intervenções podem ser necessárias. Além disso, nos estudos incluídos pode-se perceber que na maioria das vezes o ato de parir esta sendo muitas vezes hospitalocêntrico e intervencionista demais em detrimento do processo natural e fisiológico que é o parto, o que acaba por anular o protagonismo da mulher no parto. A10 e A11 também destacam o protagonismo da mulher na cena do nascimento. Para A3 a cesariana, é vista como anulação do protagonismo feminino no momento do parto. Sendo assim é preciso capacitar os profissionais de saúde para que a escuta clinica sobre o processo de parturição seja facilitada, bem como sejam avaliados os desejos das mulheres, também seria pertinente desenvolver programas e ações, voltado a orientar às mulheres, quanto aos riscos e benefícios envolvidos em cada tipo de parto, como também do processo da gestação, para que de fato a mulher possa ser uma participante ativa nesse processo que é único e especial na sua vida. 33 4.3.1.3 Possíveis sequelas do parto cesáreo Para os autores de A17, o parto normal não interfere na rotina e autonomia das mulheres e apresenta menos risco de infecção. Segundo Alban et al., (2009), ocorre o contrário em pacientes submetidas cesariana, que apresenta um risco de infecção puerperal três vezes maior que às submetidas a parto vaginal. As mulheres entrevistadas pelo artigo A16, assim como os autores de A12 e Sass; Mei Hwang, (2009) descrevem a cesárea como um procedimento cirúrgico que deve ser evitado, pois tem maior gravidade, uma vez que envolve riscos tais como infecção ou hemorragia. Freitas; Savi (2009) endossam que o risco de complicações no pós-parto é bem maior entre as mulheres com cesariana. Para A13, as cesarianas sem uma indicação precisa podem trazer para a mãe riscos de lacerações acidentais, hemorragias, infecções puerperais. Podem, além disso, influenciar negativamente futuras gestações. Fato semelhante foi encontrado por Haddad; Cecatti (2011), segundo os quais as gestantes que tiverem cesárea no primeiro parto, quase certamente terão também cesárea em todas suas futuras gestações e que pode levar a varias complicações. Diante de tudo isso, é preciso munir às gestantes de orientação e informação acerca das vias de parto, suas consequências, vantagens e desvantagens, possibilitando às mesmas uma escolha mais consciente, livre de pressão, que implique em benefícios para a saúde materno-fetal. 4.3.2 Preferência pelo parto abdominal Segundo Diniz (2009), a assistência ao parto normal no Brasil é excessivamente intervencionista e desnecessariamente traumática, tornando a cesárea uma opção atraente como via do parto e a analgesia peridural uma demanda justificada. Além disso, com a institucionalização do parto houve um crescimento cada vez maior no número de partos operatórios em detrimento do parto normal (MIRANDA et al., 2008). Cabe destacar que a maioria dos estudos incluídos nesta revisão relata que a preferencia da mulher no inicio da gestação é pelo parto normal tanto no setor publico quanto privado. Essa preferência, contudo, é modificada ao longo do nove meses da gestação por vários motivos, dentre os quais intercorrências obstétricas (pressão alta, falta de dilatação, bebê grande ou pequeno demais, diabética), conveniência medica, baixa informação recebida pela mulher durante a gravidez, falta de interesse do profissional pelo parto normal o que acaba por influenciar as mulheres, influencia de amigas ou de familiares, “medo de não ter força na hora do 34 parto”, insegurança e o medo do parto normal aconselhamento pré-natal inadequado entre outros. Segundo Freitas; Savi (2009) e os autores do artigo A7, mulheres mais educadas, de alto nível socioeconômico, têm mostrado preferência por cesárea eletiva e a principal razão é evitar a dor, escolhendo a data do parto. Do mesmo modo, em A6, a preferência pela cesárea esta fortemente associada à escolaridade da mulher, aumentando diretamente com os anos de estudo. Essapreferencia é mais frequente em hospitais privados e em regiões de maior renda, cujas gestantes têm melhores condições sociais e de saúde, fato que pode ser observado no estudo de Chiavegatto Filho (2013) quando relata que no estado de São Paulo, em 2010, 43,2% eram vaginais enquanto que 56,8% eram cesáreos. Ciente da situação, o Governo Federal lançou, em 2006, uma campanha pelo parto humanizado, envolvendo toda a população, incentivando mães e médicos a optarem pelo parto normal (BRASIL, 2006). Os autores do artigo A6 afirmam que, em países ocidentais, desde a década de 70 do século passado, os registros de aumento das taxas de cesarianas preocupam pesquisadores de diferentes áreas da saúde, psicológica e social e citam inúmeras pesquisas realizadas no país que comprovam o fato de que estas taxas aumentam de acordo com o nível socioeconômico mais alto da mulher (OLIVEIRA; PEREIRA CRUZ, 2010). A9, ao analisar os fatores associados à preferência da mulher pela cesárea nos setores públicos e privados demonstraram que, no setor privado, 93% das mulheres optaram pelo parto cesáreo e, no setor público, a taxa de mulheres que preferem esse tipo de parto foi menor, mas ainda assim alta (71,4%). Para Höfelmann (2012), a média de cesarianas no Brasil fica em torno de 48,4% e apresenta uma tendência de crescimento. Essa preferência pela cesárea entre as mulheres da rede privada também foi observado por A3, A4 e A10. Esses dados ilustram que, apesar dos esforços governamentais, as elevadas taxas de cesárea persistem e não sofrem impactos consideráveis. Para A14 os principais determinantes associados com a cesariana foram: fetos macrossômicos e apresentação não cefálica. A3, A4 e A9, ao analisarem a trajetória das mulheres na escolha do tipo de parto no setor privado, encontraram que no início da gestação a maioria das mulheres prefere o parto normal, contudo, no momento final acabam decidindo pelo parto cesáreo (65%, 67,4% e 93%, respectivamente). Fato semelhante foi encontrado em uma pesquisa do Ministério da Saúde (2014). Segundo A7, mulheres querem parir seus filhos por parto normal, mas por influência do médico acabam mudando de opinião e deixam prevalecer a opinião e a conveniência do obstetra. 35 Cabe destacar também o estudo de Bruzadeli; Tavares (2010), no qual a expectativa das adolescentes e das adultas era de realizar o parto normal. No entanto, a maioria das adolescentes e das adultas submeteu-se à cesárea. Os achados revelaram que a expectativa quanto ao tipo de parto sofre influência durante a gestação, tanto de familiares como dos profissionais de saúde que atendem no pré-natal. Ferrari (2010), analisando as causas da explosão das taxas de cesariana no Brasil, aponta entre os principais fatores o conforto para o médico (A1 relata que entre os obstetras houve preferência pelo parto cesariano - 63,6%), e para as mulheres de realizar uma cirurgia agendada, em contraponto à imprevisibilidade do parto normal, a incerteza dos profissionais sobre sua capacidade de conduzir complicações no trabalho de parto e a falta de preparação da mulher para o parto. Entre os fatores que influenciam a alta incidência deste tipo de parto nos últimos anos nas diversas regiões do Brasil, Sanches; Mamede; Vivancos; (2012) mencionam os fatores socioculturais, institucionais e legais. Como fatores socioculturais que levam as mulheres e os profissionais de saúde a optar pelo parto operatório, destacam o medo da dor no parto normal, fator presente em alguns dos artigos analisados e de possíveis lesões na anatomia e fisiologia da vagina (A3; A4; A10; A18) e a crença de que o parto vaginal é mais arriscado do que o parto cesáreo (A8). Já os fatores institucionais e legais, encontram-se principalmente ligados à forma de pagamento, a esterilização cirúrgica, realizada frequentemente durante o parto cesáreo eletivo e a organização da atenção obstétrica, pautada pela conveniência de uma intervenção programada e muitas vezes, pela insegurança do médico do desenrolar de um parto normal (BRASIL, 2014). Vale ressaltar que o processo de institucionalização e a realização da cesárea por razões médicas tem um grande potencial de reduzir a morbimortalidade da mãe e do recém nascido (NAGAHAMA; SANTIAGO, 2011; OLIVEIRA; PEREIRA CRUZ, 2010). No entanto, o exagero de sua prática tem efeito oposto, inclusive por consumir recursos preciosos do sistema de saúde. 4.3.2.1 A dor Para Silva (2011), a dor do parto, apesar de ser um processo natural e fisiológico, representa uma experiência desagradável, desencadeando uma serie de respostas fisiológicas. A dor e a duração do trabalho de parto sofrem a influência de características pessoais. Trata- 36 se de uma manifestação subjetiva que envolve mecanismos físicos, psíquicos e culturais (BRASIL, D, 2011). Embora seja a preocupação com a dor do parto vaginal o motivo que leva um grande número de gestantes a optarem pela cesariana, verifica-se que a preferência também envolve a hipótese de que o procedimento utilizado é uma forma mais moderna de parir, por lançar mão de mais tecnologias e recursos. Nesse estudo, o fato mais relacionado ao desfecho da cesárea eletiva foi a preocupação com a dor e a superestimação do risco em torno do parto normal, assim como encontrado no estudo de Miranda et al., (2008). Quanto aos aspectos que influenciam as mulheres na escolha do parto cirúrgico, a dor do trabalho de parto e parto foi o fator destacado em quase todos os estudos incluídos nesta revisão, visto ter sido apontado por 16 deles. A9 observou que 93% das mulheres da rede privada optaram pelo parto cesáreo apontando a dor como justificativa. Para Miranda et al. (2008), na rede pública esse índice é um pouco menor, mas ainda assim foi a razão de 71,4% das mulheres optarem pela cesárea, fato que corrobora com o estudo de A4 ao identificarem que a dor foi o motivo pela escolha do parto cesárea de 82,4% das mulheres da rede pública e de 90% das mulheres da rede privada que fizeram a opção pelo mesmo tipo de parto. A3 destaca a importante influência das dores do trabalho de parto na escolha final da mulher. Para A2, o medo de sentiram as mesmas dores dos partos anteriores esteve fortemente representado no imaginário das gestantes entrevistadas e foram preditores de sua escolha. 4.3.2.2 A sexualidade A sexualidade apresentou-se como fator influenciador na escolha do tipo de parto em quatro estudos. A3, ao estudar sobre representações das mulheres que passaram pela experiência dos dois tipos de parto, verificou que a sexualidade no parto cesáreo pode ser prejudicada pela demora na recuperação. A4, ao contrario, cita que a mulher aponta a cirurgia cesárea como fator protetor da sexualidade, pois preserva a anatomia da genitália externa. Segundo A10, as mulheres relatam que o parto normal pode interferir na sua sexualidade e para A18, muitas vezes as mulheres se submetem ao procedimento cirúrgico por não conhecerem seu corpo, os processos reprodutivos e a sua sexualidade. Segundo Beatriz Velho; Oliveira; Santos (2014), as mulheres de seu estudo relatam que cesárea permite à mulher manter intactas a anatomia e fisiologia da vagina e do períneo, enquanto que o parto vaginal pode produzir perda da função do coito normal. 37 4.3.2.3 A laqueadura tubária A laqueadura tubaria consiste no método de esterilização feminina caracterizado pelo ligamento cirúrgico das tubas uterinas. Este procedimento é apontado pelas mulheres como uma das justificativas para optar pela cirurgia cesariana. Segundo o Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher (PAISM), essa prática usual da esterilização prevalece dentre os demais métodos, especialmente quando comparada à vasectomia. Pela lei do planejamento familiar (LEI N. 9.263 de janeiro de 1996) as mulheres que desejam realizar a cirurgiaprecisam ter capacidade civil plena ser maiores de vinte e cinco anos de idade ou, ter pelo menos, dois filhos vivos, desde que observado o prazo mínimo de sessenta dias entre a manifestação da vontade e o ato cirúrgico ou em risco à vida ou à saúde da mulher ou do futuro concepto, testemunhado em relatório escrito e assinado por dois médicos. É proibido fazer a cirurgia no parto ou em um aborto, porque são momentos inadequados para a decisão e há maior risco de infecções sistêmicas. Nesta revisão, o desejo de realizar cesárea associado à laqueadura foi relatado por cinco estudos. Para A4 e A6, as mulheres que optaram pela cesárea aproveitariam a ocasião para realizar a esterilização cirúrgica, o que demonstra um resultado em conformidade com o estudo realizado por Miranda et al (2008). Em A12, A15 e A16, foi constatado que os principais argumentos que influenciaram o desestímulo da realização do parto normal foram a necessidade de realização de laqueadura tubária. Os profissionais de saúde, especialmente o enfermeiro, ao acompanhar mulheres em idade reprodutiva precisam incentivar o emprego dos demais métodos de anticoncepção e assim aperfeiçoar seu olhar a grupos de risco de escolha pela laqueadura tubária, fortalecendo as estratégias educativas e buscando promover maior diversidade de experiências contraceptivas à sua clientela. Desse modo, e levando em consideração que o desejo por laqueadura aumenta as taxas cesarianas em nosso país, informações e orientações sobre o planejamento familiar poderá diminuir os altos índices de cesarianas. 4.3.2.4 O medo O medo e a tensão das parturientes no parto cesárea impedem o processo fisiológico do parto normal, o que pode culminar com práticas intervencionistas que, na maioria das vezes, poderiam ser evitadas. 38 Nos artigos analisados, assim como no estudo de Oliveira; Valpato (2009), percebe-se que o medo do parto e a falta de informações corretas, pode ser suficiente para que a mulher prefira, através de anestesia geral, evitar enfrentar dificuldades e sofrimentos, levando-a ao parto cesariano. Este medo é apontado por algumas mulheres como principal influenciador na escolha pelo tipo de parto (A3). Em A1, os autores ao questionarem as mulheres os motivos que a fariam trocar o parto normal pela cesárea, encontraram que 55% delas apontaram o medo de sofrimento durante o parto normal. Outros autores (A6, A8 e A19), ao estudarem os fatores determinantes e a expectativas de primigestas acerca da via de parto, observaram que sentimentos como “medo de não ter força na hora do parto” estão presentes nos discursos da maioria das mulheres. A insegurança e o medo são consequências que se multiplicam nas primigestas. Desse modo, algumas mulheres não conseguem sequer aventar a possibilidade de terem um parto normal, preferindo o parto marcado, preparado, tranquilo, "seguro". Sendo assim, o medo do parto vaginal, existente no ideário das mulheres, é uma das principais justificativas para a preferência pela cesárea. Nesta pesquisa, destacou-se o medo como um fator sociocultural altamente contribuinte do parto cesáreo, confirmando os achados na revisão da literatura estudada de que a cultura influencia nos fatores emocionais contribuindo para o medo e a angustia relacionados à gestação e a parturição (SANTOS; PEREIRA, 2012). E esse medo ocorre muitas vezes pela falta de informação e de diálogo entre os profissionais e as pacientes. Em A3 e A10 o medo do desconhecido é um fator sociocultural altamente contribuinte do parto cesáreo. Para A4, a cultura influencia nos fatores emocionais e contribui para o medo e a angustia relacionados à gestação e a parturição. Para A18 e A19, mesmo as gestantes que tiveram parto normal anterior referem medo e ansiedade frente à vivência de uma nova experiência com relação ao parto. Os autores de A1 também incluíram em sua pesquisa onze médicos, que apontaram a cesárea como via de parto desejada pelas mulheres, relatando que entre os fatores que as levaram a essa escolha estavam: o medo do parto vaginal, consequências de um parto demorado, possível efeito sobre a vida sexual, dor do parto, possibilidade de realização da laqueadura tubária. 39 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Este trabalho teve como foco analisar a produção científica brasileira, de 2009 a 2013, sobre os fatores que influenciam na escolha pela via de parto. A caracterização geral das publicações revisadas identificou que, em 2013, houve um maior número de publicações acerca da temática. A maioria dos artigos era de natureza qualitativa. Os periódicos que apresentaram maior número de publicações foram a Revista Brasileira de Anestesiológia e a Revista Caderno de Saúde Publica. No que se refere aos fatores que influenciam na escolha pela via de parto destacou-se, nos estudos analisados, que a preferência pela via vaginal se sustenta principalmente na recuperação mais rápida, enquanto que a opção pela cesárea é fruto, sobretudo, do medo da dor no trabalho de parto. Através dos resultados obtidos observou-se ainda que a maior parte das mulheres, no início de gestação, demonstra preferir a via de parto vaginal. Porém, muitas vezes essa preferência é modificada no final da gravidez, devido a fatores determinantes que ocorrem durante o período gestacional, dentre os quais destacam-se intercorrências obstétricas, conveniência medica, insegurança e o medo do parto normal, baixa informação recebida pela mulher durante a gravidez, falta de interesse do profissional pelo parto normal, influencia de amigas ou de familiares, aconselhamento pré-natal inadequado, entre outros. Apesar dos programas de incentivo à humanização da assistência ao parto e nascimento no Brasil, observa-se um número crescente de cesarianas, o que indica que todos, profissionais de saúde e gestores de políticas públicas, necessitam repensar suas estratégias de ação, com vistas a se alcançar melhores resultados na prática obstétrica. Os estudos analisados, independente da via de parto, parecem apontar lacunas no que se refere às orientações durante o pré-natal, característica essa indispensável para a qualidade da assistência prestada. O fornecimento de informações possibilita uma maior participação das mulheres na decisão pela via de parto e contribui para a humanização da atenção ao parto, promovendo condições humanas e seguras ao nascimento de seus filhos. Essa síntese do conhecimento produzido acerca dos fatores que influenciam na escolha pela via de parto corrobora a importância da utilização dos resultados das pesquisas para fundamentar a prática clínica. Do mesmo modo, indicam ser necessário o desenvolvimento de novas investigações, com vistas a compreender melhor os aspectos que abarcam a experiência do parto. 40 REFERÊNCIAS AMORIM M. M. R, SOUZA A. S. R, PORTO A. M. F. Indicações de cesariana baseadas em evidências. femina v. 38, n. 8, Ago. 2010. ALBAN E. S et al., Cesárea Eletiva: Complicações Maternas e Fetais Arquivos Catarinenses de Medicina v. 38, n.1, 2009 BEATRIZ VELHO M. et al. vivência do parto normal ou cesáreo: revisão integrativa sobre a percepção de mulheres. Texto contexto enferm. v.21, n. 2. P 458-466, abr. 2012. BEATRIZ VELHO M. SANTOS E. K. A. COLLAÇO V. S. Parto normal e cesárea: representações sociais de mulheres que os vivenciaram. Rev Bras Enferm. v. 67, n. 2, p. 282- 9, abr. 2014. BENUTE G. R et al., Preferência pela via de parto: uma comparação entre gestantes nulíparas e primíparas. Rev Bras Ginecol Obstet. v. 35, n. 6, p. 281-285, jul. 2013. BITTENCOURT F.; VIEIRA J. B.; ALMEIDA A. C. C. H. Concepção de gestantes sobre o parto cesariano. Cogitare Enferm. v. 18, n. 3, p. 515-520, Set. 2013. BONFANTE T. M. et al., Fatores associados à preferência pela operação cesariana entre puérperas de instituição pública e
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