Buscar

tcc wagner

Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ 
CAMPUS SENADOR HELVÍDIO NUNES DE BARROS 
CURSO DE BACHARELADO EM ENFERMAGEM 
 
 
 
 
 
 
 
WAGNER ARAÚJO DE SOUSA 
 
 
 
 
 
 
FATORES QUE INFLUENCIAM NA ESCOLHA DO TIPO DE PARTO: 
REVISANDO A PRODUÇÃO CIENTÍFICA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PICOS - PIAUÍ 
2015 
 
 
WAGNER ARAÚJO DE SOUSA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 FATORES QUE INFLUENCIAM NA ESCOLHA DO TIPO DE PARTO: 
REVISANDO A PRODUÇÃO CIENTÍFICA 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso submetido ao 
curso de Bacharelado em Enfermagem da 
Universidade Federal do Piauí como parte dos 
requisitos para a obtenção do título de 
Bacharel em Enfermagem. 
 
 Orientadora: Prof.ª Me. Valéria Lima de 
 Barros 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PICOS – PIAUÍ 
2015 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
A Deus, em primeiro lugar, que até aqui tem me abençoado, me guiado e me dado forças para 
trilhar esta trajetória. Ele me ajudou a perseverar nos momentos de desânimo, de cansaço, de 
tristeza, de angústia e de ansiedade; iluminou os meus caminhos, mostrou alternativas e 
possibilidades que me deram maior satisfação, tranquilidade e confiança para finalizar este 
estudo. Obrigado, Senhor, pelos livramentos e por permitir que eu siga nessa caminhada. 
Obrigado por abrir o caminho nos momentos difíceis em que eu não sabia mais como 
prosseguir, pela saúde, disposição e motivação para continuar lutando e correndo atrás dos 
sonhos. 
Aos meus pais, Maria e Josafá, por todo amor, carinho, compreensão e apoio e por nunca 
deixaram faltar nada. Apesar das grandes dificuldades, sempre colocaram as suas vontades em 
segundo plano para que eu pudesse dar prosseguimento aos meus estudos. Obrigado pela 
maneira como me educaram e por me incentivarem a seguir em frente. 
Aos meus irmãos, pelas alegrias compartilhadas e pelo carinho, e por estarem ao lado dos 
meus pais em todos os momentos. 
Aos demais familiares (avôs, sobrinhos, tias, primos, primas), que mesmo distantes 
acreditaram no meu potencial e torceram pelo meu sucesso profissional. 
Aos meus amigos, pelas horas de laser e diversão que me proporcionaram durante estes 
momentos em que você se esquece do estresse do dia-a-dia. Obrigado por todos os momentos 
vividos com vocês, pelas boas risadas, pelo apoio e por torcerem por mim. 
A minha orientadora Valéria, pela paciência, tranquilidade, estimulo e tempo dedicado e por 
me direcionar na escolha do tema. Por seus conhecimentos que contribuíram para o 
enriquecimento deste estudo. Obrigada por confiar em mim, por respeitar o meu tempo, as 
minhas possibilidades e por suas orientações. 
Aos professores que contribuíram para minha formação, pelos conhecimentos passados, pelas 
lições transmitidas, obrigado. 
Enfim, obrigado a todos os que contribuíram para minha formação durante essa jornada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Um presente dado por Deus, 
Entre as dores do parto, 
Chamamos de vida”. 
(Stefano Cavalcante, adaptado) 
 
RESUMO 
 
A gestação, essencial para a existência humana, é uma experiência única e natural na vida da 
mulher, que repercute na vida de toda a família. Além disso, é um ato cultural, pois reflete os 
valores sociais prevalentes historicamente em cada sociedade. O presente estudo teve por 
objetivo analisar a produção científica brasileira sobre os fatores que influenciam na escolha 
pela via de parto. Trata-se de uma revisão integrativa da literatura cientifica, realizada por 
meio das bases de dados Literatura Latino Americano e do Caribe em Ciências da Saúde 
(LILACS), Base de Dados de Enfermagem (BDENF) e Scientific Electronic Library Online 
(SciELO), utilizando-se os descritores trabalho de parto, cesárea e parto normal, associados ao 
conectivo boleano and. Para tanto, estabeleceu-se como critérios de inclusão: artigos 
publicados em português, no período de 2009 a 2013, disponíveis na íntegra, acerca dos 
fatores que influenciam na escolha pela via de parto. Foram identificados e analisados 19 
artigos científicos, o que permitiu constatar que no início da gestação, em geral, as mulheres 
preferem o parto normal, entretanto, na maioria das vezes não são apoiadas na sua escolha, 
sendo a preferência modificada no final da gravidez por fatores, tais como intercorrência 
obstétricas, conveniência medica, baixa informação recebida pela mulher durante a gravidez, falta 
de interesse do profissional pelo parto normal, influência de amigas ou de familiares, entre outros. 
Entre os fatores associados à escolha pela via de parto, a recuperação mais rápida, o 
protagonismo da mulher e as possíveis sequelas do parto cirúrgico se destacaram como fatores 
determinantes no parto vaginal, enquanto que a dor, a sexualidade e a laqueadura tubaria 
foram os fatores que mais se destacaram como influenciadores do parto abdominal. Apesar 
dos programas de incentivo à humanização da assistência ao parto e nascimento no Brasil, 
observa-se um número crescente de cesarianas, o que indica que todos, profissionais de saúde 
e gestores de políticas públicas, necessitam repensar suas estratégias de ação, com vistas a se 
alcançar melhores resultados na prática obstétrica. 
 
Descritores: Trabalho de parto. Cesárea. Parto normal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
Pregnancy, essential for human existence, is a unique and natural experience in women's lives, 
which affects the life of the whole family. In addition, it is a cultural act, because it reflects 
the prevailing social values historically in each society. This study aimed to analyze the 
Brazilian scientific literature on the factors that influence the choice of mode of delivery. This 
is an integrative review of scientific literature, conducted through the databases Literature 
Latin American and Caribbean Health Sciences (LILACS), Nursing Database (BDENF) and 
Scientific Electronic Library Online (SciELO) using -If the labor descriptors, cesarean section 
and vaginal delivery, associated with connective and Boolean. Therefore, it was established as 
inclusion criteria for articles published in Portuguese, from 2009 to 2013, available in full, of 
the factors that influence the choice of mode of delivery. Were identified and analyzed 19 
scientific articles, which evidenced that in early pregnancy, in general, women prefer vaginal 
delivery, however, most of the time are not supported in their choice, the preference being 
modified in late pregnancy by factors such as obstetric complications, doctors convenience, 
low information received by women during pregnancy, lack of interest by professional normal 
birth, influence of friends or family, among others. Among the factors associated with the 
choice of mode of delivery, faster recovery, the role of women and the possible consequences 
of surgical delivery stood out as determining factors in vaginal delivery, while pain, sexuality 
and tubal ligation were the factors that stood out as influencers of abdominal delivery. Despite 
the incentive programs for the humanization of childbirth and birth in Brazil, there is an 
increasing number of cesarean sections, indicating that all health professionals and 
policymakers, need to rethink their strategies, with views to achieve better results in obstetric 
practice. 
 
Keywords: Labor and Delivery. Cesarean section. Normal delivery.LISTA DE QUADROS 
 
QUADRO 1- Distribuição dos artigos encontrados nas bases de dados eletrônicas 
pesquisadas. Picos-PI, out., 2014........................................................................................... 
 
 
22 
QUADRO 2- Aspectos estruturais das produções científicas encontradas. Picos-PI, out., 
2014....................................................................................................................................... 
 
 
23 
QUADRO 3- Características metodológicas dos estudos selecionados. Picos-PI, out., 
2014....................................................................................................................................... 
 
 
25 
QUADRO 4- Evidências encontradas acerca dos fatores que influenciam na escolha da 
via de parto (vaginal ou abdominal). Picos-PI, out, 2014..................................................... 
 
27 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
FIGURA 1- Componentes da revisão integrativa da literatura........................................... 
 
17 
FIGURA 2 - Fluxograma mostrando seleção dos estudos através das bases de dados. 
Picos-PI, out., 2014................................................................................................................ 
 
 
19 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE GRÁFICOS 
 
GRAFICO 1- Porcentagem das profissões dos principais autores nos artigos 
incluídos. Picos-PI, out., de 2014............................................................. 
 
 
25 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS 
 
BDENF Base de Dados em Enfermagem 
BIREME Biblioteca Regional de Medicina 
DATASUS Departamento de Informática do SUS 
DECs Descritores em Ciências da Saúde 
ESF Estratégia de Saúde da Família 
FIOCRUZ Fundação Osvaldo Cruz 
LILACS Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde 
PHPN Programa de Humanização no Pré-natal e Nascimento 
PNAISM Politica Nacional de Atenção Integral a Saúde da Mulher 
OMS Organização Mundial de Saúde 
SCIELO Scientific Electronic Library Online 
SUS Sistema Único de Saúde 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO.......................................................................................... 12 
2 OBJETIVOS............................................................................................... 15 
2.1 Geral............................................................................................................. 15 
2.2 Específicos................................................................................................... 15 
3 METODOLOGIA...................................................................................... 16 
3.1 Tipo de estudo.............................................................................................. 16 
3.2 Etapas da revisão integrativa da literatura.................................................... 16 
3.2.1 Identificação do tema e seleção da questão de pesquisa............................... 17 
3.2.2 Critérios para inclusão e exclusão dos estudos............................................. 18 
3.2.3 Definição das informações a serem extraídas dos estudos selecionados...... 19 
3.2.4 Avaliação dos estudos incluídos................................................................... 20 
3.2.5 Discussão e interpretação dos resultados...................................................... 20 
3.2.6 Resumo das evidências disponíveis.............................................................. 20 
3.2.7 Aspectos éticos.............................................................................................. 21 
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................ 22 
4.1 Caracterização dos artigos científicos selecionados..................................... 22 
4.2 Características metodológicas evidenciados nos artigos estudados.............. 25 
4.3 Determinantes para a escolha da via de parto............................................... 27 
4.3.1 Preferência pelo parto normal....................................................................... 30 
4.3.1.1 A recuperação................................................................................................ 31 
4.3.1.2 Protagonismo da mulher............................................................................... 32 
4.3.1.3 Possíveis sequelas do parto cesáreo.............................................................. 33 
4.3.2 Preferência pelo parto abdominal................................................................. 33 
4.3.2.1 A dor.............................................................................................................. 35 
4.3.2.2 A sexualidade................................................................................................ 36 
4.3.2.3 A laqueadura tubária..................................................................................... 37 
4.3.2.4 O medo.......................................................................................................... 37 
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................... 39 
 REFERÊNCIAS.......................................................................................... 40 
 APÊNDICE.................................................................................................. 45 
 APÊNDICE - A instrumento para coleta de dados da revisão..................... 46 
 
12 
 
1 INTRODUÇÃO 
A gestação, essencial para a existência humana, é uma experiência única e natural na 
vida da mulher, que repercute na vida de toda a família, pois é um novo ser que está prestes a 
nascer e fazer parte do seio familiar. 
Em geral, os futuros pais possuem muitas duvidas durante o período gestacional, 
dentre as quais se destaca a escolha da via de parto. Por isso, é muito importante que os 
profissionais de saúde tirem todas as suas duvidas quanto a melhor escolha, tanto para a mãe 
quanto para o recém-nascido. Cabe ressaltar, que não havendo contra indicação, a escolha 
final deverá ser sempre da mulher. 
Durante a gravidez e o parto, as mulheres vivenciam várias alterações físicas e 
emocionais e expressam, neste processo, valores e crenças, assim como se defrontam com a 
estrutura social e cultural dos profissionais dos serviços de saúde (PIRES et al., 2010). Nesse 
contexto, a escolha do tipo de parto, vaginal (normal) ou cirúrgico (cesárea ou cesariana), é 
assunto complexo e polêmico (MANDARINO et al., 2009). 
Segundo Miranda et al., (2008), orientações de amigos, familiares, leigos ou 
profissionais podem contribuir de modo favorável ou não, dependendo da qualidade da 
informação ou influência exercida. Por outro lado, Gama et al., (2009), lembram que o parto é 
um ato cultural, pois reflete os valores sociais prevalentes historicamente em cada sociedade. 
O parto normal (vaginal) reúne, em relação à cesárea, uma série de vantagens tanto 
para a mãe quanto para o bebê, aí incluindo: recuperação mais rápida, ausência de dor no 
período pós-parto, alta precoce, menor risco de infecção e de hemorragia (LEGUIZAMON 
JUNIOR; STEFFANI; BONAMIGO, 2013). Idealmente um parto é considerado normal 
quando ocorre de forma natural conforme a fisiologia, sem intervenções desnecessárias nem 
sequelas no decorrer de seu curso, iniciado espontaneamente entre a 37ª à 42ª semana de 
gestação, ou seja, é a expulsão do produto da concepção de forma natural e fisiológica 
(BRASIL, C. 2011). 
A cesariana pode ser definida como o ato cirúrgico que visa à retirada do feto da 
cavidade uterina pela incisão através das paredes do abdômen e do útero (REZENDE; 
MONTENEGRO, 2012). Para Oliveira;Pereira Cruz (2010), a cesárea é um procedimento 
cirúrgico que quando bem indicado, tem papel fundamental na obstetrícia moderna como 
redutor da morbidade e mortalidade perinatal e materna. Nesse sentido, Beatriz Velho et al., 
(2012) informam que, graças aos avanços científicos e tecnológicos da assistência ao parto, 
13 
 
muitos benefícios foram e vêm sendo observados nos partos caracterizados como de alto 
risco, que resultaram na diminuição dos índices de morbimortalidade materna e neonatal. 
Existem argumentos contra e a favor do procedimento cirúrgico cesáreo, assim como 
em relação ao parto vaginal. O primeiro certamente representa um notável progresso na 
assistência obstétrica, mas não se pode afirmar que possa substituir o parto vaginal (SASS; 
MEI HWANG, 2009). Essa assistência desenvolvida com base na tecnologia, muitas vezes de 
forma mecanizada, fragmentada e intervencionista, quando aplicadas no parto de baixo risco, 
podem despertar nas mulheres sentimentos de medo, insegurança e ansiedade, que repercutem 
em dificuldades na evolução de seu trabalho de parto. Ademais, como asseguram Nagahama; 
Santiago (2011), muitas mortes maternas seriam evitadas com a redução das taxas de cesárea. 
Nessa discussão, autores afirmam que a cesárea deve ser evitada na ausência de 
indicação médica (AMORIM; SOUSA; PORTO, 2010; NAGAHAMA; SANTIAGO, 2011; 
LEGUIZAMON JUNIOR; STEFFANI; BONAMIGO, 2013). Contrariando essa corrente de 
pensamento, outros relatam que melhorias nas técnicas cirúrgicas, medidas de prevenção de 
infecção e transfusões sanguíneas permitiriam indicar o procedimento também para a 
satisfação dos anseios da mãe e/ou da família (PATAH; MALIK, 2011). 
Por outro lado, Leguizamon; Junior; Steffani; Bonamigo (2013) afirmam que as 
preferências pessoais de obstetras e pacientes despontam em relação aos demais fundamentos 
técnico-científicos como possíveis fatores que contribuem para o aumento do índice de partos 
cesarianos. Portanto, é preciso ficar atento, pois cada cesariana desnecessária significa um 
risco maior de complicações, tais como: infecção, hemorragia e complicações anestésicas; 
intercorrências que contribuem com o aumento das taxas de mortalidade materna 
(NAGAHAMA; SANTIAGO, 2011). 
Em 1985, a Organização Mundial da Saúde (OMS) definiu que não há justificativa 
para qualquer região do mundo possuir taxas de parto cesárea maiores do que 10-15%. 
Entretanto, em alguns países da América do Sul, a frequência de cesarianas já chega a 80%, 
apresentando associação direta com a renda per capita do país (AMORIM; SOUSA; PORTO, 
2010). No Brasil, as taxas de cesárea são bastante altas, caminhando em direção oposta a 
porcentagem definida pela OMS e varia de região para região. Segundo o departamento de 
informática do SUS (DATASUS, 2012), o país registrou 98,08% de partos hospitalares. 
Destes, foram registrados 53,88% de partos cesáreos. Naquele ano, o Nordeste apresentou 
uma taxa de 46,28%, enquanto que no Piauí registrou uma taxa em torno de 48,27%, ficando 
ainda acima da região Nordeste. 
14 
 
Em uma pesquisa recente, o Ministério da Saúde em parceria com a Fundação Osvaldo 
Cruz (FIOCRUZ, 2014), revela que a cesariana é realizada em 52% dos nascimentos, sendo 
que, no setor privado, este índice chega a 88%. Este mesmo estudo aponta que quase 70% das 
brasileiras desejam um parto normal no início da gravidez. Entretanto, poucas são apoiadas 
em sua preferência pelo parto normal (BRASIL, 2014) 
Ao longo dos anos percebe-se uma série de iniciativas governamentais que objetivam 
a diminuição das altas taxas de cesárea. Como exemplos, temos: As Portarias nº. 2.816 de 29 
de maio de 1998 e nº. 466 de 14 de junho de 2000 que instituem um porcentual máximo de 
cesáreas no SUS, por hospital e para cada estado federativo, a criação de casas de parto 
normal, entre outros. Mais recentemente, o Ministério da Saúde lançou a Rede Cegonha, 
estratégia que tem como principais objetivos assegurar às mulheres o direito ao planejamento 
reprodutivo e atenção humanizada durante a gravidez, o parto e o puerpério e às crianças o 
direito ao nascimento seguro e ao crescimento e desenvolvimento saudáveis (BRASIL, 2011). 
Nesse sentido, estudos que busquem identificar os fatores que interferem na escolha 
pela via de parto mostram-se de suma importância pois, diante do exposto, fica evidente o 
crescente aumento das taxas de parto cesáreo nas ultimas décadas, sendo necessária a adoção 
de medidas que de fato revertam a situação atual. 
Em campo de prática e estágio, conversando com gestantes, parturientes e puérperas, 
percebeu-se que há uma carência de informações essenciais sobre o trabalho de parto e parto. 
Essas mulheres, em geral, não recebem informação alguma sobre a parturição, tornando a 
escolha da via de parto uma conveniência medica, o que pode estar contribuindo para a 
situação atual. Isso tudo despertou o interesse do acadêmico de enfermagem pelo assunto. 
Assim sendo e considerando que a satisfação da paciente é a meta principal da equipe 
da saúde, em especial da equipe de enfermagem, faz-se imprescindível uma atenção especial 
as mulheres na gestação bem como no parto, pois o período gravídico puerperal demanda um 
cuidado muito especial. Nesse contexto, o papel da enfermagem é bastante significativo, 
principalmente dos enfermeiros obstetras, para orientar e direcionar as mulheres acerca do 
planejamento familiar, assistência pré-natal, parto e puerpério, ai incluindo informações sobre 
as vias de parto. Estes profissionais estão habilitados para atender ao pré-natal de baixo risco, 
aos partos normais sem distócia e ao puerpério em hospitais, centros de parto normal, 
unidades de saúde ou em domicílio. Necessitam, portanto, de embasamento científico para 
nortear sua assistência de modo qualificado. 
15 
 
2 OBJETIVOS 
2.1 Geral 
 
 Analisar a produção científica brasileira inserida no período de 2009 a 2013 sobre os 
fatores que influenciam na escolha pela via de parto. 
 
2.2 Específicos 
 
 Caracterizar a produção científica revisada quanto às propriedades estruturais (título 
do artigo, periódico e ano de publicação, autores, profissão dos autores) e 
metodológicas (objetivo, tipo de estudo, método/técnica para coleta de dados, tamanho 
da amostra, local de realização,); 
 Identificar os fatores determinantes para a escolha do parto vaginal; 
 Verificar os motivos que influenciam na opção pelo parto cesáreo; 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
16 
 
3 METODOLOGIA 
3.1 Tipo de estudo 
 
Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, tipo de estudo que tem por finalidade 
reunir e sintetizar resultados de pesquisas já publicadas sobre um tema ou problema, 
contribuindo para o aprofundamento do conhecimento do assunto investigado (MENDES; 
SILVEIRA; GALVÃO, 2008). Desse modo, o estudo tem como propósito oferecer subsídios 
que permitam reflexões para a elaboração ou utilização de revisões integrativas no cenário da 
enfermagem. Para Sousa; Silva; Carvalho (2010), a revisão integrativa tem maior enfoque 
metodológico, quando comparada às outras revisões. 
Segundo Mendes; Silveira; Galvão (2008), as principais vantagens e benefícios desse 
tipo de revisão são: reconhecimento dos profissionais que mais investigam determinado 
assunto, separação entre as descobertas científicas e as opiniões e ideias, descrição do 
conhecimento especializado no seu estado atual e promoção de impacto sobre a prática 
clínica. 
A revisão integrativa deve seguir os mesmos padrões de rigor metodológico de uma 
pesquisa original, considerando os aspectos de clareza, para que o leitor possa identificar as 
reais características dos estudos selecionados e oferecer subsídios para o avanço da 
enfermagem (MENDES; SILVEIRA; GALVÃO, 2008). 
 
3.2 Etapas da revisão integrativa da literatura 
 
Para a execução do estudo, foram percorridas as etapaspropostas por Mendes; 
Silveira; Galvão (2008). A primeira delas consisti na identificação do tema e seleção da 
questão de pesquisa. A segunda visa delimitar os critérios para inclusão e exclusão dos 
estudos. Na terceira etapa são definidas as informações a serem extraídas dos estudos 
selecionados. Na quarta, realiza-se a avaliação dos estudos incluídos e na quinta, a discussão e 
interpretação dos resultados. Na sexta e última etapa da revisão integrativa, elabora-se o 
resumo das evidências disponíveis. Esses passos encontram-se pormenorizados na figura que 
se segue. 
 
 
17 
 
FIGURA 1 - Componentes da revisão integrativa da literatura. Picos-PI, out., 2014. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: MENDES; SILVEIRA; GALVÃO, (2008) 
 
 
 
 
Fonte: MENDES; SILVEIRA; GALVÃO, (2008) 
 
3.2.1 Identificação do tema e seleção da questão de pesquisa 
 
Elaborar uma revisão integrativa dispende tempo e dedicação considerável do revisor. 
A escolha de um tema que desperte o interesse desse torna o processo mais encorajador. A 
 
Revisão 
integrativa da 
literatura 
2º passo 
5º passo 
1º passo 
6º passo 
Estabelecim
ento da 
hipótese 
 Escolha do tema 
 Objetivos 
 Identificar palavras-
chave 
 Tema relacionado com 
a prática clínica 
 
Amostragem ou 
busca na literatura 
 Estabelecimento de 
critérios de inclusão e 
exclusão 
 Uso de base de dados 
 Seleção dos estudos 
 
 
 
3º passo 
4º passo 
Categorização 
dos estudos 
 Extração das 
informações 
 Organizar e 
sumarizar as 
informações 
 Formação do banco 
de dados 
Interpretação 
dos resultados 
 Discussão dos 
resultados 
 Propostas de 
recomendações 
 Sugestões para futuras 
pesquisas 
 
Apresentação da 
revisão 
 Resumo das evidências 
disponíveis 
 Criação de um documento 
que descreva 
detalhadamente a revisão 
Avaliação dos 
estudos incluídos na 
revisão 
 Aplicação de 
análises estatísticas 
 Inclusão/exclusão de 
estudos 
 Análise crítica dos 
estudos selecionados 
18 
 
primeira etapa serve como norte para a construção de todo o trabalho. Assim, a etapa inicial 
do processo de elaboração da revisão integrativa ocorre com a definição de um problema e a 
formulação de uma pergunta de pesquisa (MENDES; SILVEIRA; GALVÃO, 2008), que 
deve ser clara e precisa. 
Considerando a necessidade de delimitação da temática a ser pesquisada, este estudo 
buscou responder a seguinte questão norteadora: quais fatores que influenciam na escolha 
pela via de parto (vaginal e cesáreo)? 
 
3.2.2 Critérios para inclusão e exclusão dos estudos 
 
Esta etapa está intimamente atrelada à anterior, uma vez que a abrangência do assunto 
a ser estudado determina o procedimento da pesquisa dos artigos. Os critérios de inclusão e 
exclusão devem ser identificados no estudo, sendo claros e objetivos, mas podem sofrer 
reorganização durante o processo de busca dos artigos e durante a elaboração da revisão 
integrativa (URSI, 2005). 
Para o levantamento dos artigos na literatura realizou-se, em outubro de 2014, uma 
busca na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) utilizando-se as Bases de Dados em 
Enfermagem (BDENF) e Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências 
da Saúde (LILACS). Em seguida, para acessar os dados na integra, realizou-se uma busca no 
Scientific Electronic Library Online (SciELO). 
A busca dos artigos se deu com a utilização dos seguintes descritores indicados pela 
Biblioteca de Terminologia em Saúde (DECs/BIREME): Trabalho de Parto, Cesárea e Parto 
Normal, associados ao conectivo boleano and. Os critérios de inclusão estabelecidos foram: 
estudos disponíveis eletronicamente, na integra, em formato de artigo, publicados no idioma 
português, no período de 2009 a 2013, sobre a temática abordada. 
Como critérios de exclusão, optou-se por não inserir trabalhos de conclusão de curso, 
dissertações e teses, apesar de serem disponibilizado nas bases de dados informados. Foram 
excluídos também os artigos cujo delineamento indicava estudo bibliográfico, revisão 
integrativa, revisão sistemática e estudo teórico reflexivo. 
A Figura 2 sintetiza o caminho percorrido para a seleção dos estudos a serem 
analisados pelo pesquisador. 
 
19 
 
 
Fonte: Autoria própria 
Figura – 2 - Seleção dos artigos utilizados a partir dos bancos de dados, Picos-PI, out., 2014. 
 
3.2.3 Definição das informações a serem extraídas dos estudos selecionados 
 
Esta etapa da revisão propõe a elaboração de instrumentos que organizem 
adequadamente a extração das informações dos estudos selecionados. Segundo Mendes; 
Silveira; Galvão (2008) é aqui onde se determina a confiança dos resultados e fortalece as 
conclusões sobre o estado atual do tema investigado. Para a identificação dos estudos, 
realizou-se a leitura criteriosa dos títulos, resumos e palavras chave de todas as publicações 
completas localizadas pela estratégia de busca, para posteriormente verificar sua adequação 
aos critérios de inclusão do estudo. Para isso, foi utilizado um instrumento (APENDICE A) 
elaborado pelo autor do estudo, com o objetivo de responder as questões norteadoras. 
Este instrumento abrange as seguintes informações: ano e tipo de publicação, autores, 
periódico, titulo, profissão dos autores, objetivo, local de realização, sujeito e tamanho da 
amostra, coleta de dados do estudo, fatores que influenciam na escolha do parto normal, 
20 
 
fatores que influenciam na escolha do parto cesáreo, além de identificar os principais 
resultados e as conclusões. 
Ressalta-se que cada estudo recebeu um código com sequência alfanumérico, 
visando identificar os artigos e facilitar a compreensão. 
 
3.2.4 Avaliação dos estudos incluídos 
 
Neste ponto, realizou-se uma análise crítica dos estudos selecionados, procurando 
explicações para os resultados já evidenciados em outros estudos. Objetivando a melhor 
organização, visualização e análise desses dados, foram elaborados quadros onde encontram-
se expostos os resultados. De acordo com Mendes; Silveira; Galvão (2008) a conclusão desta 
etapa pode gerar mudanças nas recomendações para a prática. 
 
3.2.5 Discussão e interpretação dos resultados 
 
A discussão e interpretação dos resultados foram realizadas por meio de avaliação 
critica dos estudos selecionados, o que permitiu uma comparação com o conhecimento 
teórico. Assim, podem-se elaborar recomendações para a prática, a partir das conclusões 
advindas da revisão, bem como apresentar sugestão de novas pesquisas, com a identificação 
de lacunas nos estudos incluídos. 
 
3.2.6 Resumo das evidências disponíveis 
 
Esta etapa consiste na elaboração do documento que deve contemplar a descrição das 
etapas percorridas pelo revisor e os principais resultados evidenciados da análise dos artigos 
incluídos (MENDES; SILVEIRA; GALVÃO, 2008). Desta forma, realizou-se uma revisão 
detalhada de todos os artigos escolhidos, o que tornou possível a interpretação dos dados e, 
com isso, o levantamento das lacunas de conhecimento existentes, gerando um resumo do 
conhecimento existente. 
Para Mendes; Silveira; Galvão (2008,), essa etapa é um trabalho de extrema 
importância, já que produz impacto devido ao acúmulo do conhecimento existente sobre a 
temática pesquisada. 
 
21 
 
3.2.7 Aspectos éticos 
 
Por se tratar de pesquisa com material de livre acesso em bases de dados virtuais e não 
envolver seres humanos, não foi necessário a solicitação de parecer em comitê de ética em 
pesquisa ou autorização dos autores dos estudos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
22 
 
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 
Inicialmente, serão apresentados os resultados sobre a caracterização dos artigos 
selecionados para a composição da amostra e, na sequência, a síntese dos aspectos estruturais 
e metodológicos dos estudos. Posteriormente,será exposta a convergência dos achados, 
agrupadas em subcategorias, a saber: Preferência pelo parto normal, preferência pelo parto 
cesárea. 
 
4.1 Caracterização dos artigos científicos selecionados 
 
O quadro a seguir demonstra, de forma simplificada, o total de publicações 
encontradas, pré-selecionadas, incluídas e excluídas, a partir da estratégia de busca nas bases 
de dados. 
QUADRO 1- Distribuição dos artigos encontrados nas bases de dados eletrônicas pesquisadas. 
Picos-PI, out., 2014. 
 
Base de dados Encontrados Pré-selecionados Excluídos Incluídos 
SciELO 157 43 32 11 
LILACS 100 45 40 05 
BDENF 19 11 08 03 
Total 276 99 80 19 
Fonte: Autoria própria 
 
A busca realizada nas bases de dados encontrou 276 artigos, sendo 99 selecionados 
inicialmente para análise. Considerando-se os critérios de inclusão e exclusão, 80 artigos 
foram excluídos, restando, ao final, 19 artigos. O fator que contribui para a exclusão do maior 
número de artigos foi o ano de publicação, visto que muitas não se enquadravam no recorte 
temporal estabelecido (2009 a 2013). Outros artigos não se enquadravam na temática estudada 
ou não estavam disponíveis na integra. 
Destaca-se que a base de dados que apresentou o maior número de publicações foi a 
SciELO, com 157 artigos, seguida pela LILACS, com 100 artigos e por ultimo a BDENF com 
19 artigos. Dos artigos selecionados, onze foram encontrados na base de dados SciELO, cinco 
no LILACS e três foram extraídos da base BDENF. 
No Quadro 2, a seguir, buscou-se demonstrar os aspectos estruturais dos estudos 
selecionados. 
23 
 
QUADRO 2 – Aspectos estruturais das produções científicas encontradas. Picos-PI, out., 
2014. 
A
rt
ig
o
 
Periódico 
 
Título 
 
Autores/ano 
 
Profissão dos 
autores 
A1 Revista Bioética Escolha da via de parto: 
expectativa de gestantes e 
obstetras 
LEGUIZAMON JUNIOR, 
T; STEFFANI, J. A; 
BONAMIGO, E. L. 2013. 
Médicos e 
fonoaudiólogo 
A2 Revista Brasileira 
de Anestesiológia. 
A Dor e o Protagonismo da 
Mulher na Parturição. 
PEREIRA R. R.; FRANCO 
S. C.; BALDIN N. 2011. 
Médicos 
A3 Caderno Saúde 
Pública 
Representações e experiências 
das mulheres sobre a assistência 
ao parto vaginal e cesárea em 
maternidades pública e privada. 
GAMA A. S, et al., 2009. Assistente 
social 
 
A4 Caderno Saúde 
Pública 
Aspectos relacionados à escolha 
do tipo de parto: um estudo 
comparativo entre uma 
maternidade pública e outra 
privada, em São Luís, Maranhão, 
Brasil. 
MANDARINO N. R et al. 
2009. 
Médicos e 
enfermeira 
 
A5 Revista Brasileira 
de Saúde Materno 
Infantil 
A influência da assistência 
profissional em saúde na escolha 
do tipo de parto: um olhar sócio 
antropológico na saúde 
suplementar brasileira. 
PIRES, D. et al., 2010. Enfermeiros 
A6 Revista da Rede de 
Enfermagem do 
Nordeste 
Estudo das indicações de parto 
cesáreo em primigestas no 
município de Barbalha-Ceará 
OLIVEIRA D. R.; 
PEREIRA CRUZ M. K. 
2010. 
Enfermeiras 
A7 Interação em 
Psicologia 
Preferência de Gestantes pelo 
Parto Normal ou Cesariano. 
MELCHIORI L.E et al., 
2009. 
Psicólogos 
A8 Revista Brasileira 
Saúde Materno 
Infantil. 
Preferência pela via de parto nas 
parturientes atendidas em hospital 
público na cidade de Porto Velho, 
Rondônia. 
FERRARI J. 2010 Medico 
A9 Arquivos 
Catarinenses de 
Medicina 
Fatores associados à preferência 
pela operação cesariana entre 
puérperas de instituição pública e 
privada. 
BONFANTE T. M. et al., 
2009. 
Médicos e 
estudante de 
medicina 
A10 
 
Revista Brasileira 
de Anestesiológia. 
Representações Sociais e 
Decisões das Gestantes sobre a 
Parturição: protagonismo das 
mulheres. 
PEREIRA R. R.; FRANCO 
S. C.; BALDIN N. 2011. 
Médicos 
A11 Revista Rene Percepção de mulheres sobre a 
vivência do trabalho de parto e 
parto. 
OLIVEIRA A. S. S. et al., 
2010. 
Enfermeiros 
A12 Revista de Pesquisa 
Cuidado é 
Fundamental online 
A cultura interferindo no desejo 
sobre o tipo de parto. 
PIMENTA L. F. et al. 2013. Enfermeiras 
A13 Revista da 
AMRIGS 
Aspectos relacionados à 
preferência pela via de parto em 
um hospital universitário 
LORRA M. R. K. et al. 
2011. 
Médicos e 
estudante de 
medicina 
(Continua) 
 
 
 
24 
 
(Continuação) 
A
rt
ig
o
 
Periódico 
 
Título 
 
Autores/ano 
 
Profissão dos 
autores 
A14 Revista da 
AMRIGS 
Parto normal X Parto cesáreo: 
análise epidemiológica em duas 
maternidades no sul do Brasil. 
REIS S. L. S et al. 2009 Médicos e 
estudante de 
medicina 
A15 Cogitare 
Enfermagem 
Concepção de gestantes sobre o 
parto cesariano. 
BITTENCOURT F.; 
VIEIRA J. B.; ALMEIDA 
A. C. C. H. 2013. 
Enfermeiros 
A16 Revista Brasileira 
Enfermagem 
Parto normal e cesárea: 
representações sociais de 
mulheres que os vivenciaram. 
BEATRIZ VELHO M.; 
SANTOS E. K. A.; 
COLLAÇO V. S. 2013. 
Enfermeiras 
A17 Revista Brasileira 
de Ginecologia e 
Obstetrícia. 
Preferência pela via de parto: uma 
comparação entre gestantes 
nulíparas e primíparas. 
BENUTE G. R et al 2013. Medico e 
psicólogos 
A18 HU Revista. 
 
Fatores culturais determinantes da 
escolha da via de parto por 
gestantes. 
FIGUEIREDO N. S. V. et al. 
2010; 
Médicos 
A19 Fractal, Revista 
Psicologia. 
Expectativas, percepções e 
experiências sobreo parto normal: 
relato de um grupo de mulheres. 
PINHEIRO B. C; BITTAR 
C. M. L. 2013. 
Psicólogas 
Fonte: Autoria própria 
 
Diante do exposto observa-se que os periódicos que apresentaram maior número de 
publicações foram: a Revista Brasileira de Anestesiológia e o Caderno de Saúde Pública, cada 
qual com duas publicações. A Revista Brasileira de Anestesiológia foi criada em 1951 e 
destina-se a publicação de artigos científicos inéditos sobre Anestesiológia e/ou áreas afins, de 
pesquisadores nacionais ou estrangeiros. Tem como objetivo divulgar artigos aos 
profissionais de saúde, fomentando o progresso, aperfeiçoamento e a difusão da 
Anestesiológia. É editada em Português, Inglês e espanhol. O Caderno de Saúde Publica tem 
como objetivo publicar artigos originais com elevado mérito científico, que contribuem com o 
estudo da saúde pública em geral e disciplinas afins. 
Os demais periódicos apresentaram uma publicação, cada. O ano que teve maior 
número de publicações foi 2013 (seis), seguido por 2009 e 2010 (cinco publicações, cada) e 
2011 (três). 
No concernente a profissão do autor principal, observou-se o predomínio de médicos, 
presentes em oito publicações e enfermeiros, em sete. Esse achado parece indicar que essas 
duas profissões pesquisam mais sobre o assunto. Foram encontrados ainda psicólogos (três) e 
assistente social (um). O gráfico a seguir mostra a porcentagem relativa às profissões dos 
autores nos artigos incluídos. 
 
25 
 
Gráfico 1- Profissões dos principais autores nos artigos incluídos. Picos-PI, out., 2014. 
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
45%
Medico Enfermeiro Psicologo Assistente social
Profissão dos principais autores dos artigos incluidos
 
Fonte: Autoria própria 
 
4.2 Características metodológicas evidenciados nos artigos estudados 
 
O quadro abaixo aborda as características metodológicas dos artigos selecionados. 
QUADRO 3- Características metodológicas dos estudos selecionados. Picos, out., 2014. 
A
rt
ig
o
 
Objetivos 
 
Tipo de 
estudo 
 
 
Coleta dos 
dados 
 
Amostra e Local 
A1 Conhecer a expectativa de gestantes e 
médicos obstetras em relação à escolha da 
via de parto 
Descritivo e 
transversal/ 
Quantitativo/ 
Questionário 
autoaplicável 
Amostra: 96 (85 
gestantes e 11 
médicos) 
Local: hospital 
A2 Compreender o fenômeno e a dimensão 
cultural da dor, bem como a influência do 
modelo biomédico e a mídia como 
construtores da representação social da dor 
na parturição. 
Descritivo/ 
Qualitativo 
Entrevistasemiestruturada. 
Amostra: 45 
gestantes. 
Local: ambulatórios 
da rede pública e 
clinica privada. 
A3 Verificar as representações e experiências 
atuais das mulheres quanto às formas de 
parturição e sua assistência em serviços de 
saúde diferenciados 
Transversal/ 
Qualitativo 
Entrevista 
semiestruturada 
Amostra: 23 
puérperas 
Local: três 
maternidades 
A4 Conhecer os desejos das parturientes 
relacionados a cada via de parto, bem como 
verificar e comparar a frequência de 
cesarianas. 
Transversal/ 
Qualitativo 
Questionário 
semiestruturado 
Amostra: 252 
primíparas (163 em 
maternidade pública 
e 89 na privada) 
Local: hospitais 
A5 Influência da assistência profissional em 
saúde na escolha do tipo de parto de 
gestantes atendidas pelos serviços de saúde 
suplementar. 
Exploratório 
descritivo/ 
Qualitativo 
Entrevista 
semiestruturada 
Amostra: 33 usuárias 
dos serviços da saúde 
suplementar. 
Local: maternidade 
(Continua) 
 
26 
 
 (Continuação) 
A
rt
ig
o
 
Objetivos 
 
Tipo de 
estudo 
 
 
Coleta dos 
dados 
 
Amostra e Local 
A6 Analisar indicações de cesariana em 
primigestas usuárias do Sistema Único de 
Saúde 
Descritivo/ 
Qualitativa 
Formulário Amostra: 123 
prontuários. 
Local: hospital 
filantrópico 
A7 Investigar a preferência pelo tipo de parto 
entre as gestantes e os motivos da 
preferência 
Transversal/ 
Qualitativa e 
quantitativa 
Entrevista 
semiestruturado 
Amostra: 40 
gestantes 
Local: Centro de 
Saúde 
A8 Conhecer a preferência pela via de parto 
entre as mulheres que tiveram filhos no 
Centro Obstétrico do Hospital de Base de 
Porto Velho 
Transversal/ 
Quantitativo 
Questionário Amostra: 4710 
prontuários médicos 
Local: Hospital 
A9 Estudar os fatores relacionados à 
preferência pelo parto cesáreo entre 
puérperas de clínica pública e privada da 
cidade de Tubarão, SC. 
Transversal/ 
Quantitativo e 
qualitativo 
Questionário 
semiestruturada 
Amostra: 169 
puérperas (106 de 
clínica pública e 63 
de clínica privada) 
Local: hospital. 
A10 Compreender, a partir das representações 
sociais femininas, o protagonismo da 
mulher na decisão sobre a parturição. 
Descritivo/ 
Qualitativo 
Entrevista Amostra: 45 
gestantes 
Local: hospitais 
A11 Conhecer a percepção de puérperas acerca da 
vivência do trabalho de parto e parto 
Exploratório 
descritivo/ 
Qualitativo 
Entrevista 
semiestruturada 
Amostra: 14 
puérperas 
Local: hospital 
A12 Compreender de que forma a cultura 
influencia no processo de parturição da 
mulher 
Descritivo/ 
Qualitativo 
Entrevista 
semiestruturada 
Amostra: 8 mulheres 
Local: hospital 
universitário 
A13 Identificar a via de parto de preferência de 
mulheres que tiveram filho na maternidade 
do Hospital Universitário da Universidade 
Luterana do Brasil (HU/ ULBRA) 
verificando fatores que influenciam na 
escolha. 
Observacional, 
transversal e 
descritivo/ 
Qualitativo e 
quantitativo 
Questionário 
aplicado 
Amostra: 400 
puérperas 
Local: hospital 
universitário 
 
A14 Traçar o perfil epidemiológico dos partos 
realizados em dois hospitais de Pelotas 
Retrospectivo/ 
Quantitativo 
Foram coletados 
os dados nos 
arquivos dos 
Hospitais. 
Amostra: 3001 
prontuários 
Local: maternidade 
 
A15 Investigar os motivos que levam a mulher a 
optar pela cesariana, conhecer as crenças e os 
fatores culturais que se sobressaem durante a 
gestação e que podem influenciar na escolha 
da via de parto. 
Descritivo/ 
Qualitativo 
Entrevista 
semiestruturada 
Amostra: 20 gestantes 
Local: clínicas 
privadas de obstetrícia 
e Unidades Básicas de 
Saúde 
A16 Conhecer as representações sociais do parto 
normal e da cesárea de mulheres que os 
vivenciaram 
Descritivo/ 
Qualitativo 
Entrevistas 
episódicas 
Amostra: 20 mulheres 
Local: Estratégia de 
Saúde da Família 
A17 Descrever e comparar a preferência pela via 
de parto entre gestantes nulíparas e 
primíparas, e verificar se a vivência anterior 
do parto exerce influência na parturição. 
Transversal e 
prospectivo/ 
Quantitativo 
Entrevistas 
semidirigidas 
Amostra: 100 
gestantes 
Local: hospital 
 
A18 Conhecer as crenças e outros fatores culturais 
que cercam o período de gestação e podem 
influenciar na escolha da via de parto 
Descritivo/ 
Qualitativo 
Entrevista 
semiestruturada 
Amostra: 30 gestantes 
Local: hospital 
 
A19 Conhecer as percepções, experiências e 
expectativas em relação ao parto normal 
Descritivo/ 
Qualitativo 
Entrevista livre Amostra: 25 gestantes 
Local: hospitais 
Fonte: Autoria própria. 
27 
 
Ao analisar os objetivos dos estudos percebeu-se que todos apresentam de forma 
clara as metas que almejavam atingir. Quanto aos instrumentos para coleta de dados, a 
maioria (12 artigos) elegeu a entrevista. Reforça-se a preocupação dos pesquisadores em 
implementar rigor à estudos nessa área. 
Doze estudos foram desenvolvidos com abordagem qualitativa, quatro com abordagem 
quantitativa e três com abordagem de caráter quantitativo/qualitativo. Por último, destaca-se 
que quanto ao local de realização da pesquisas, a análise revelou que doze foram realizados 
em hospitais, três em maternidades, uma na ESF, duas em clinica privada e uma em um centro 
de saúde. Considerando a amostra, doze pesquisas realizaram seu estudo com gestantes, 
quatro com puérperas e três com prontuários. Em um estudo foi realizado pesquisa tanto com 
gestante quanto com o medico. 
 
4.3 Determinantes para a escolha do tipo de parto 
 
Estudos sobre o parto vaginal e o parto abdominal têm abordado os diversos fatores 
associados a essa organização da assistência e indicam, muitas vezes, os fatores determinantes 
na opção por uma ou outra via. É o que apresenta o Quadro 4. 
 
QUADRO 4- Evidências encontradas acerca dos fatores que influenciam na escolha da via de 
parto (vaginal ou abdominal). Picos-PI, out., 2014. 
A
rt
ig
o
 
Fatores que influenciam na escolha da via de parto: evidências encontradas 
A1 Parto Vaginal: pós-parto da cesariana é mais doloroso, problemas estéticos (cicatriz), maior risco da 
cesariana para a mãe e o bebê, maior tempo de internação em cesariana e o fato do parto natural ser um 
processo fisiológico e parte da experiência natural em ser mãe. 
 
Parto abdominal: praticidade, medo de sofrimento e dor, conforto e segurança para o bebê e evitar 
comprometimento da vida sexual. 
A2 Parto vaginal: recuperação mais rápida. 
 
Parto abdominal: Evita o sofrimento e a dor do parto normal. 
A3 Parto vaginal: protagonismo da mulher, qualidade da relação com o bebê e recuperação no pós-parto. 
 
Parto abdominal: medo das dores do parto, desconhecimento das vantagens do parto normal, 
possibilidade de programar o parto em vez de esperar pela imprevisibilidade do parto normal e 
sexualidade inalterada. 
A4 Parto vaginal: recuperação mais rápida. 
 
Parto abdominal: medo da dor no parto vaginal, sexualidade preservada e ausência de asfixia no 
nascimento. 
(Continua) 
 
28 
 
(Continuação) 
A
rt
ig
o
 
Fatores que influenciam na escolha do tipo de parto: evidências encontradas 
A5 Parto vaginal: ausência de dor no pós-parto quando comparada ao parto abdominal. 
 
Parto abdominal: medo da dor, conveniência da data marcada para organização do cotidiano familiar, 
influencia medica. 
A6 Parto vaginal: * 
 
Parto abdominal: escolaridade acima do ensino médio, pré-eclâmpsia/eclampsia, renda. 
A7 Parto vaginal: rápida recuperação, melhor para a mãe e/ou bebês. 
 
Parto abdominal: parto sem dor, influencia de amigas. 
A8 Parto vaginal: protagonista no processo de parturição. 
 
Parto abdominal: segurança para o bebê, conforto para si e proteção para a própria pelve. Tolerância à 
dor, sentimentos de alegria, ansiedade, angústia, medo, raça, experiência anterior, grau de aculturação, 
ocupação,padrão social, escolaridade. 
A9 Parto vaginal: * 
 
Parto abdominal: idade superior a 30 anos, maior escolaridade, estado marital em união estável ou 
casada, melhor nível socioeconômico, patologias associadas, dilatação cervical menor que 3 centímetros 
na admissão, realização diurna do parto e presença de cesárea anterior. 
A10 Parto vaginal: protagonismo da mulher, parto cesáreo é mais perigoso e relacionado a um maior índice 
de infecção. 
 
Parto abdominal: ausência da dor no momento do parto e medo de ficar fisicamente mutilada e interferir 
na sexualidade. 
A11 Parto vaginal: protagonismo da mulher, recuperação mais rápida quando comparada ao parto abdominal. 
 
Parto abdominal: medo de sentir dor, orientação de amigos, possibilidade de ocorrência de lesões. 
A12 Parto vaginal: recuperação mais rápida, não interferindo na rotina e autonomia delas, menor risco de 
infecção de que a cesárea. 
 
Parto abdominal: medo da dor 
A13 Parto vaginal: menos doloroso no pós-parto. 
 
Parto abdominal: dor durante o parto vaginal. Cesária anterior. 
A14 Parto vaginal: morbidade materna menor e menos grave, mais seguro para a mãe e para o bebê. 
 
Parto abdominal: idade entre 21 e 30 anos, fetos macrossômicos diante do maior risco de desproporção 
cefalopélvica. Redução na paridade, apresentação pélvica, fatores econômicos e demográficos, aumento 
na idade das gestantes, decréscimo na aplicação do fórcipe médio e temor de processos por má prática. 
Falta de treinamento, durante a residência médica em Ginecologia e Obstetrícia, medo e despreparo. 
A15 Parto vaginal: rápida recuperação, mais saudável para mãe e bebê, menor risco de hemorragia e de 
infecção. 
 
Parto abdominal: medo e dor (Parto normal é sinônimo de dor e sofrimento). 
A16 Parto vaginal: recuperação mais simples, rápida, fácil e tranquila. Independência para caminhar, realizar 
cuidados de higiene pessoal, atividades domesticas e cuidar do bebê. 
 
Parto abdominal: livrar-se da dor do parto e possibilidade de planejar o nascimento de seu filho. 
A17 Parto vaginal: protagonismo da mulher no nascimento do filho, crença de proporcionar uma melhor 
relação com o recém-nascido e rápida recuperação puerperal. 
 
Parto abdominal: desejo de parto rápido e sem dor. 
(Continua) 
29 
 
(Continuação) 
A
rt
ig
o
 
Fatores que influenciam na escolha do tipo de parto: evidências encontradas 
 
A18 
 
Parto vaginal: parto normal é mais fisiológico para a mãe e o bebê, rápida recuperação, leite vem mais 
rápido. 
 
Parto abdominal: medo em relação à dor do parto normal, experiências anteriores, segurança e agilidade 
no processo. 
A19 Parto vaginal: melhor recuperação, maior autonomia no desempenho das tarefas cotidianas e nos 
cuidados com o recém-nascido; experiência satisfatória com partos anteriores; menor risco de infecção. 
 
Parto abdominal: medo de “não dar conta” de ter um parto normal, menos incômodo e doloroso. 
Fonte: Autoria própria 
* O artigo não destacou os motivos que influenciam o parto normal 
 
Diversos fatores influenciam a mulher na hora da decisão final sobre a via de parto. 
Nesse sentido, o que a literatura aponta como principais determinantes são os aspectos 
socioeconômicos, tais como nível econômico, educação, informação e acesso aos serviços de 
saúde. Junta-se a isso, fatores culturais, crenças e valores familiares (PIRES et al., 2010; 
Miranda et al., 2008). 
De acordo com o que foi observado, pode-se destacar que fatores que influenciam na 
escolha do parto mais relatado nos artigos selecionados para a presente revisão foram: a dor, 
presente em 16 artigos, sendo este o fator mais citado. Em seguida, aparecem a rápida 
recuperação (13 artigos), o medo (sete pesquisas), laqueadura tubária (cinco artigos), o 
protagonismo da mulher (cinco artigos), a sexualidade (quatro artigos), e as possíveis sequelas 
do parto cesáreo (quatro artigos). 
Esses fatores, por serem mais citados como fatores determinantes da escolha de parto, 
serão discutidos detalhadamente, especificando-se quais os que favorecem o parto vaginal e 
quais determinam a opção pelo parto abdominal. Outros argumentos, contudo, são também 
relatados, ainda que em menor frequência. Entre esses estão o cotidiano familiar, a 
conveniência da hora marcada, a segurança para o bebê, a idade materna, influencia médica, 
menor risco de infecção, morbidade mais frequente e experiência anterior. 
Antes, porém, é importante ressaltar que a escolha pelo parto abdominal ou vaginal 
implica uma série de fatores que não constituem simples questão de preferência, mas 
envolvem também fatores relativos à necessidade e indicação, riscos e benefícios, tempo de 
realização, custos, complicações e repercussões futuras (BRASIL, C, 2011). A maioria dos 
artigos estudados declara que toda mulher deve saber que o parto normal é o vaginal, mais 
seguro para ela e para o bebê e que cesariana deverá ser uma indicação do obstetra, com a 
30 
 
participação da gestante e limitada aos casos que apresentem complicações (A1, A2, A3, A4, 
A7,A8, A10, A12, A13, A15, , A17, A18, A19). 
 
4.3.1 Preferência pelo parto vaginal 
 
Consciente dos benefícios do parto vaginal e preocupado com a realização excessiva 
de partos abdominais, o Ministério da Saúde (MS) vem lançando mão de estratégias e 
investindo na criação de políticas e programas voltados ao incentivo ao parto normal. São 
exemplos disso a publicação do Guia Prático de Assistência ao Parto Normal em 1996, além 
das Portarias nº. 2.816 de 29 de maio de 1998 e nº. 466 de 14 de junho de 2000, que instituem 
um porcentual máximo de cesáreas no SUS, por hospital e para cada estado federativo, a 
criação de casas de parto normal, entre outros (BRASIL 2000). 
Ademais, em 1999, instituiu os centros de parto normal por meio da portaria GM 985, 
em 2000 criou o Programa de Humanização no Pré-natal e Nascimento (PHPN) e em 2004 a 
Política Nacional de Atenção Integral a Saúde da Mulher – PNAISM (BRASIL, 2007). Mais 
recentemente, para fortalecer essa estratégia, o MS lançou a Portaria nº 1.459, que 
regulamenta a “Rede Cegonha”, estratégia inovadora que visa introduzir na saúde uma rede 
de cuidados para assegurar às mulheres o direito ao planejamento reprodutivo e a atenção 
humanizada à gravidez, ao parto e puerpério e às crianças o direito ao nascimento seguro e ao 
crescimento e desenvolvimento saudável (BRASIL, G, 2011). Segundo o Ministério da Saúde 
(2009), o parto normal traz benefício psíquico para o todo percurso na vida da criança e gera 
um forte vínculo entre a mãe e bebe. 
É sabido também que o parto normal tem muitas vantagens em relação à cesariana: é 
fisiológico - o corpo da mulher foi preparado para isso; a recuperação é muito mais rápida; há 
menor chance de hematomas ou infecções; menor risco de complicações para a mãe e para o 
feto; menor chance de dor pélvica crônica (LEGUIZAMON JUNIOR; STEFFANI; 
BONAMIGO, 2013). Quanto à dor, com as técnicas de analgesia de parto utilizadas hoje em 
dia, essas podem ser minimizadas ou evitadas. Por isso é necessário um enfoque da atenção ao 
parto e nascimento centrado na parturiente (ROCHA ; NOVAES, 2010). 
Nos artigos incluídos neste trabalho assim como no estudo de Nagahama; Santiago, 
(2011) as gestantes que preferiram o parto por via vaginal apresentaram como argumentos 
mais importantes o fato de a recuperação pós-parto ser melhor e menos dolorosa do que na 
cesariana e o medo de um parto cirúrgico e suas possíveis sequelas (hemorragia pós-parto, 
infecção dos pontos, entre outros). Esses achados corroboram com o que foi identificado pelo 
31 
 
estudo de Marques; Medeiros; Souza (2012). Além disso, outros destacam que o parto normal 
possui o resguardo da natureza, sendo a maneira natural de a mulher ter seu filho, sendo sua 
recuperação é mais rápida (A1, A2, A4, A7, A11, A12, A15, A16, A17, A18, A19). 
Acrescido a isso, logo após o nascimento a mãepode se levantar e pegar seu filho 
(OLIVEIRA; VALPATO 2009). 
Muitos autores (A1, A4, A7, A8, A9, A12, A13, A15, A16 A17) destacam que no 
inicio da gestação as mulheres preferem o parto normal, entretanto, muitas vezes não são 
apoiadas na sua escolha, fato que corrobora com o estudo de Haddad; Cecatti, (2011). O 
estudo A7, ao pesquisar qual a preferência de gestantes sobre o tipo de parto, demonstra que 
75% das entrevistadas relatam preferir o parto normal, percentual semelhante aos encontrados 
em A1 e A4 (74,1% e 71,6%, respectivamente) quando relatam a preferência manifestada 
pelas mulheres a favor do parto natural. Em A8, ao investigarem a preferência das mulheres 
pela via de parto, os autores encontraram que 68% delas responderam que o parto normal era 
a via desejada. Situação semelhante foi verificada em A12, A13, A17 e A18, apenas com 
alguma variação percentual para mais ou para menos. 
No relato de alguns autores (A9, A4), o antecedente obstétrico da mulher pode 
influenciar em sua preferência pelo tipo de parto. Mulheres com cesárea prévia apresentam 
maior desejo por repetir esse tipo de parto (AMORIM; SOUZA, 2010), assim como as 
mulheres que passaram pela experiência do parto normal demonstram cobiçar o mesmo tipo 
de parto. Para a alguns autores (A1, A7, A15, A16 e A19), as justificativas mais 
representativas para a escolha do parto normal ou escolha pelo parto cesariano foram: rápida 
recuperação e menor sofrimento. 
Os estudos que compõem a presente amostra indicam a preferência das mulheres pelo 
parto normal, fato que ratifica o que diz o Ministério da Saúde (2014), quando relata que 
quase 70% das brasileiras desejam um parto normal no início da gravidez. Essa preferência 
coincide com a preferência pelo parto normal de mulheres de outros países, como demostram 
Ferrari (2010) e Linhares (2013). 
 
4.3.1.1 A recuperação 
 
Leão et al., (2012) afirmam que a recuperação pós-parto aparece como um dos fatores 
primordiais na definição do tipo de parto. Este fator esteve presente em treze trabalhos 
analisados. A2 e A3, ao analisarem as percepções negativas do parto cesáreo, mencionam as 
dificuldades na recuperação no pós-parto, sendo que o contrário pode ser observado no parto 
32 
 
normal onde há uma recuperação mais rápida, que proporciona um estreitamento entre mãe e 
filho, nestes primeiros momentos após o parto. Além disso, percebe-se pela leitura dos artigos 
que as mulheres após o parto vaginal, a dependência de outras pessoas fica minimizada 
quando comparado com o parto cirúrgico, possibilitando maior autonomia no desempenho das 
tarefas cotidianas e deixa a parturiente mais tranquila. Em A7, A11, A12 e A17, os autores 
apontaram a recuperação mais rápida no pós-parto como o principal motivo para mulheres 
optarem pelo parto vaginal, fator concomitante com o estudo de Miranda et al (2008) e de 
Oliveira; Valpato (2009). O mesmo motivo foi encontrado por A4 como determinante na 
escolha pelo parto normal. Verifica-se a importância de serem desenvolvidos programas e 
ações eficazes, voltadas à difusão de informações e orientações às mulheres acerca do parto 
normal e dos benefícios trazidos por esse tipo de parto, com o objetivo de proporcionar à 
gestante melhores condições de parto. Pois além da recuperação mais rápida, ocorrida no 
parto vaginal, a uma serie de outros benefícios tanto para a mãe quanto para o bebe. 
 
4.3.1.2 Protagonismo da mulher 
 
Segundo os autores do artigo A16, o parto normal é considerado um evento natural na 
vida da mulher. Além disso, ressaltam o protagonismo da mulher, pois é ela que vai dar a luz. 
Nesse sentido esse protagonismo seria a capacidade de parir sem nenhuma ou mínima 
interferência da equipe de saúde. É o parto que acontece sem intervenções, como ocitocina , 
analgesia, fórceps (PROGIANTI; COSTA, 2012). Entretanto, cabe ressaltar que algumas 
intervenções podem ser necessárias. Além disso, nos estudos incluídos pode-se perceber que 
na maioria das vezes o ato de parir esta sendo muitas vezes hospitalocêntrico e 
intervencionista demais em detrimento do processo natural e fisiológico que é o parto, o que 
acaba por anular o protagonismo da mulher no parto. A10 e A11 também destacam o 
protagonismo da mulher na cena do nascimento. Para A3 a cesariana, é vista como anulação 
do protagonismo feminino no momento do parto. 
Sendo assim é preciso capacitar os profissionais de saúde para que a escuta clinica 
sobre o processo de parturição seja facilitada, bem como sejam avaliados os desejos das 
mulheres, também seria pertinente desenvolver programas e ações, voltado a orientar às 
mulheres, quanto aos riscos e benefícios envolvidos em cada tipo de parto, como também do 
processo da gestação, para que de fato a mulher possa ser uma participante ativa nesse 
processo que é único e especial na sua vida. 
 
33 
 
4.3.1.3 Possíveis sequelas do parto cesáreo 
 
Para os autores de A17, o parto normal não interfere na rotina e autonomia das 
mulheres e apresenta menos risco de infecção. Segundo Alban et al., (2009), ocorre o 
contrário em pacientes submetidas cesariana, que apresenta um risco de infecção puerperal 
três vezes maior que às submetidas a parto vaginal. As mulheres entrevistadas pelo artigo 
A16, assim como os autores de A12 e Sass; Mei Hwang, (2009) descrevem a cesárea como um 
procedimento cirúrgico que deve ser evitado, pois tem maior gravidade, uma vez que envolve 
riscos tais como infecção ou hemorragia. Freitas; Savi (2009) endossam que o risco de 
complicações no pós-parto é bem maior entre as mulheres com cesariana. 
Para A13, as cesarianas sem uma indicação precisa podem trazer para a mãe riscos de 
lacerações acidentais, hemorragias, infecções puerperais. Podem, além disso, influenciar 
negativamente futuras gestações. Fato semelhante foi encontrado por Haddad; Cecatti (2011), 
segundo os quais as gestantes que tiverem cesárea no primeiro parto, quase certamente terão 
também cesárea em todas suas futuras gestações e que pode levar a varias complicações. 
Diante de tudo isso, é preciso munir às gestantes de orientação e informação acerca 
das vias de parto, suas consequências, vantagens e desvantagens, possibilitando às mesmas 
uma escolha mais consciente, livre de pressão, que implique em benefícios para a saúde 
materno-fetal. 
 
4.3.2 Preferência pelo parto abdominal 
 
Segundo Diniz (2009), a assistência ao parto normal no Brasil é excessivamente 
intervencionista e desnecessariamente traumática, tornando a cesárea uma opção atraente 
como via do parto e a analgesia peridural uma demanda justificada. Além disso, com a 
institucionalização do parto houve um crescimento cada vez maior no número de partos 
operatórios em detrimento do parto normal (MIRANDA et al., 2008). 
Cabe destacar que a maioria dos estudos incluídos nesta revisão relata que a 
preferencia da mulher no inicio da gestação é pelo parto normal tanto no setor publico quanto 
privado. Essa preferência, contudo, é modificada ao longo do nove meses da gestação por 
vários motivos, dentre os quais intercorrências obstétricas (pressão alta, falta de dilatação, bebê 
grande ou pequeno demais, diabética), conveniência medica, baixa informação recebida pela 
mulher durante a gravidez, falta de interesse do profissional pelo parto normal o que acaba por 
influenciar as mulheres, influencia de amigas ou de familiares, “medo de não ter força na hora do 
34 
 
parto”, insegurança e o medo do parto normal aconselhamento pré-natal inadequado entre 
outros. 
Segundo Freitas; Savi (2009) e os autores do artigo A7, mulheres mais educadas, de 
alto nível socioeconômico, têm mostrado preferência por cesárea eletiva e a principal razão é 
evitar a dor, escolhendo a data do parto. Do mesmo modo, em A6, a preferência pela cesárea 
esta fortemente associada à escolaridade da mulher, aumentando diretamente com os anos de 
estudo. 
Essapreferencia é mais frequente em hospitais privados e em regiões de maior renda, 
cujas gestantes têm melhores condições sociais e de saúde, fato que pode ser observado no 
estudo de Chiavegatto Filho (2013) quando relata que no estado de São Paulo, em 2010, 
43,2% eram vaginais enquanto que 56,8% eram cesáreos. Ciente da situação, o Governo 
Federal lançou, em 2006, uma campanha pelo parto humanizado, envolvendo toda a 
população, incentivando mães e médicos a optarem pelo parto normal (BRASIL, 2006). 
Os autores do artigo A6 afirmam que, em países ocidentais, desde a década de 70 do 
século passado, os registros de aumento das taxas de cesarianas preocupam pesquisadores de 
diferentes áreas da saúde, psicológica e social e citam inúmeras pesquisas realizadas no país 
que comprovam o fato de que estas taxas aumentam de acordo com o nível socioeconômico 
mais alto da mulher (OLIVEIRA; PEREIRA CRUZ, 2010). 
A9, ao analisar os fatores associados à preferência da mulher pela cesárea nos setores 
públicos e privados demonstraram que, no setor privado, 93% das mulheres optaram pelo 
parto cesáreo e, no setor público, a taxa de mulheres que preferem esse tipo de parto foi 
menor, mas ainda assim alta (71,4%). Para Höfelmann (2012), a média de cesarianas no 
Brasil fica em torno de 48,4% e apresenta uma tendência de crescimento. Essa preferência 
pela cesárea entre as mulheres da rede privada também foi observado por A3, A4 e A10. 
Esses dados ilustram que, apesar dos esforços governamentais, as elevadas taxas de cesárea 
persistem e não sofrem impactos consideráveis. Para A14 os principais determinantes 
associados com a cesariana foram: fetos macrossômicos e apresentação não cefálica. 
A3, A4 e A9, ao analisarem a trajetória das mulheres na escolha do tipo de parto no 
setor privado, encontraram que no início da gestação a maioria das mulheres prefere o parto 
normal, contudo, no momento final acabam decidindo pelo parto cesáreo (65%, 67,4% e 93%, 
respectivamente). Fato semelhante foi encontrado em uma pesquisa do Ministério da Saúde 
(2014). Segundo A7, mulheres querem parir seus filhos por parto normal, mas por influência 
do médico acabam mudando de opinião e deixam prevalecer a opinião e a conveniência do 
obstetra. 
35 
 
Cabe destacar também o estudo de Bruzadeli; Tavares (2010), no qual a expectativa 
das adolescentes e das adultas era de realizar o parto normal. No entanto, a maioria das 
adolescentes e das adultas submeteu-se à cesárea. Os achados revelaram que a expectativa 
quanto ao tipo de parto sofre influência durante a gestação, tanto de familiares como dos 
profissionais de saúde que atendem no pré-natal. 
Ferrari (2010), analisando as causas da explosão das taxas de cesariana no Brasil, 
aponta entre os principais fatores o conforto para o médico (A1 relata que entre os obstetras 
houve preferência pelo parto cesariano - 63,6%), e para as mulheres de realizar uma cirurgia 
agendada, em contraponto à imprevisibilidade do parto normal, a incerteza dos profissionais 
sobre sua capacidade de conduzir complicações no trabalho de parto e a falta de preparação da 
mulher para o parto. 
Entre os fatores que influenciam a alta incidência deste tipo de parto nos últimos anos 
nas diversas regiões do Brasil, Sanches; Mamede; Vivancos; (2012) mencionam os fatores 
socioculturais, institucionais e legais. Como fatores socioculturais que levam as mulheres e os 
profissionais de saúde a optar pelo parto operatório, destacam o medo da dor no parto normal, 
fator presente em alguns dos artigos analisados e de possíveis lesões na anatomia e fisiologia 
da vagina (A3; A4; A10; A18) e a crença de que o parto vaginal é mais arriscado do que o 
parto cesáreo (A8). 
Já os fatores institucionais e legais, encontram-se principalmente ligados à forma de 
pagamento, a esterilização cirúrgica, realizada frequentemente durante o parto cesáreo eletivo 
e a organização da atenção obstétrica, pautada pela conveniência de uma intervenção 
programada e muitas vezes, pela insegurança do médico do desenrolar de um parto normal 
(BRASIL, 2014). 
Vale ressaltar que o processo de institucionalização e a realização da cesárea por 
razões médicas tem um grande potencial de reduzir a morbimortalidade da mãe e do recém 
nascido (NAGAHAMA; SANTIAGO, 2011; OLIVEIRA; PEREIRA CRUZ, 2010). No 
entanto, o exagero de sua prática tem efeito oposto, inclusive por consumir recursos preciosos 
do sistema de saúde. 
 
4.3.2.1 A dor 
 
Para Silva (2011), a dor do parto, apesar de ser um processo natural e fisiológico, 
representa uma experiência desagradável, desencadeando uma serie de respostas fisiológicas. 
A dor e a duração do trabalho de parto sofrem a influência de características pessoais. Trata-
36 
 
se de uma manifestação subjetiva que envolve mecanismos físicos, psíquicos e culturais 
(BRASIL, D, 2011). 
Embora seja a preocupação com a dor do parto vaginal o motivo que leva um grande 
número de gestantes a optarem pela cesariana, verifica-se que a preferência também envolve a 
hipótese de que o procedimento utilizado é uma forma mais moderna de parir, por lançar mão 
de mais tecnologias e recursos. Nesse estudo, o fato mais relacionado ao desfecho da cesárea 
eletiva foi a preocupação com a dor e a superestimação do risco em torno do parto normal, 
assim como encontrado no estudo de Miranda et al., (2008). 
Quanto aos aspectos que influenciam as mulheres na escolha do parto cirúrgico, a dor 
do trabalho de parto e parto foi o fator destacado em quase todos os estudos incluídos nesta 
revisão, visto ter sido apontado por 16 deles. A9 observou que 93% das mulheres da rede 
privada optaram pelo parto cesáreo apontando a dor como justificativa. Para Miranda et al. 
(2008), na rede pública esse índice é um pouco menor, mas ainda assim foi a razão de 71,4% 
das mulheres optarem pela cesárea, fato que corrobora com o estudo de A4 ao identificarem 
que a dor foi o motivo pela escolha do parto cesárea de 82,4% das mulheres da rede pública e 
de 90% das mulheres da rede privada que fizeram a opção pelo mesmo tipo de parto. A3 
destaca a importante influência das dores do trabalho de parto na escolha final da mulher. 
Para A2, o medo de sentiram as mesmas dores dos partos anteriores esteve fortemente 
representado no imaginário das gestantes entrevistadas e foram preditores de sua escolha. 
 
4.3.2.2 A sexualidade 
 
A sexualidade apresentou-se como fator influenciador na escolha do tipo de parto em 
quatro estudos. A3, ao estudar sobre representações das mulheres que passaram pela 
experiência dos dois tipos de parto, verificou que a sexualidade no parto cesáreo pode ser 
prejudicada pela demora na recuperação. A4, ao contrario, cita que a mulher aponta a cirurgia 
cesárea como fator protetor da sexualidade, pois preserva a anatomia da genitália externa. 
Segundo A10, as mulheres relatam que o parto normal pode interferir na sua sexualidade e 
para A18, muitas vezes as mulheres se submetem ao procedimento cirúrgico por não 
conhecerem seu corpo, os processos reprodutivos e a sua sexualidade. 
Segundo Beatriz Velho; Oliveira; Santos (2014), as mulheres de seu estudo relatam 
que cesárea permite à mulher manter intactas a anatomia e fisiologia da vagina e do períneo, 
enquanto que o parto vaginal pode produzir perda da função do coito normal. 
 
37 
 
4.3.2.3 A laqueadura tubária 
 
A laqueadura tubaria consiste no método de esterilização feminina caracterizado pelo 
ligamento cirúrgico das tubas uterinas. Este procedimento é apontado pelas mulheres como 
uma das justificativas para optar pela cirurgia cesariana. Segundo o Programa de Assistência 
Integral à Saúde da Mulher (PAISM), essa prática usual da esterilização prevalece dentre os 
demais métodos, especialmente quando comparada à vasectomia. Pela lei do planejamento 
familiar (LEI N. 9.263 de janeiro de 1996) as mulheres que desejam realizar a cirurgiaprecisam ter capacidade civil plena ser maiores de vinte e cinco anos de idade ou, ter pelo 
menos, dois filhos vivos, desde que observado o prazo mínimo de sessenta dias entre a 
manifestação da vontade e o ato cirúrgico ou em risco à vida ou à saúde da mulher ou do 
futuro concepto, testemunhado em relatório escrito e assinado por dois médicos. É proibido 
fazer a cirurgia no parto ou em um aborto, porque são momentos inadequados para a decisão e 
há maior risco de infecções sistêmicas. 
 Nesta revisão, o desejo de realizar cesárea associado à laqueadura foi relatado por 
cinco estudos. Para A4 e A6, as mulheres que optaram pela cesárea aproveitariam a ocasião 
para realizar a esterilização cirúrgica, o que demonstra um resultado em conformidade com o 
estudo realizado por Miranda et al (2008). Em A12, A15 e A16, foi constatado que os 
principais argumentos que influenciaram o desestímulo da realização do parto normal foram a 
necessidade de realização de laqueadura tubária. 
Os profissionais de saúde, especialmente o enfermeiro, ao acompanhar mulheres em 
idade reprodutiva precisam incentivar o emprego dos demais métodos de anticoncepção e 
assim aperfeiçoar seu olhar a grupos de risco de escolha pela laqueadura tubária, fortalecendo 
as estratégias educativas e buscando promover maior diversidade de experiências 
contraceptivas à sua clientela. Desse modo, e levando em consideração que o desejo por 
laqueadura aumenta as taxas cesarianas em nosso país, informações e orientações sobre o 
planejamento familiar poderá diminuir os altos índices de cesarianas. 
 
4.3.2.4 O medo 
 
O medo e a tensão das parturientes no parto cesárea impedem o processo fisiológico 
do parto normal, o que pode culminar com práticas intervencionistas que, na maioria das 
vezes, poderiam ser evitadas. 
38 
 
Nos artigos analisados, assim como no estudo de Oliveira; Valpato (2009), percebe-se 
que o medo do parto e a falta de informações corretas, pode ser suficiente para que a mulher 
prefira, através de anestesia geral, evitar enfrentar dificuldades e sofrimentos, levando-a ao 
parto cesariano. Este medo é apontado por algumas mulheres como principal influenciador na 
escolha pelo tipo de parto (A3). Em A1, os autores ao questionarem as mulheres os motivos 
que a fariam trocar o parto normal pela cesárea, encontraram que 55% delas apontaram o 
medo de sofrimento durante o parto normal. 
Outros autores (A6, A8 e A19), ao estudarem os fatores determinantes e a expectativas 
de primigestas acerca da via de parto, observaram que sentimentos como “medo de não ter 
força na hora do parto” estão presentes nos discursos da maioria das mulheres. A insegurança 
e o medo são consequências que se multiplicam nas primigestas. Desse modo, algumas 
mulheres não conseguem sequer aventar a possibilidade de terem um parto normal, preferindo 
o parto marcado, preparado, tranquilo, "seguro". Sendo assim, o medo do parto vaginal, 
existente no ideário das mulheres, é uma das principais justificativas para a preferência pela 
cesárea. 
Nesta pesquisa, destacou-se o medo como um fator sociocultural altamente 
contribuinte do parto cesáreo, confirmando os achados na revisão da literatura estudada de 
que a cultura influencia nos fatores emocionais contribuindo para o medo e a angustia 
relacionados à gestação e a parturição (SANTOS; PEREIRA, 2012). E esse medo ocorre 
muitas vezes pela falta de informação e de diálogo entre os profissionais e as pacientes. 
Em A3 e A10 o medo do desconhecido é um fator sociocultural altamente contribuinte 
do parto cesáreo. Para A4, a cultura influencia nos fatores emocionais e contribui para o medo 
e a angustia relacionados à gestação e a parturição. 
Para A18 e A19, mesmo as gestantes que tiveram parto normal anterior referem medo 
e ansiedade frente à vivência de uma nova experiência com relação ao parto. Os autores de A1 
também incluíram em sua pesquisa onze médicos, que apontaram a cesárea como via de parto 
desejada pelas mulheres, relatando que entre os fatores que as levaram a essa escolha 
estavam: o medo do parto vaginal, consequências de um parto demorado, possível efeito sobre 
a vida sexual, dor do parto, possibilidade de realização da laqueadura tubária. 
 
 
39 
 
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Este trabalho teve como foco analisar a produção científica brasileira, de 2009 a 2013, 
sobre os fatores que influenciam na escolha pela via de parto. A caracterização geral das 
publicações revisadas identificou que, em 2013, houve um maior número de publicações 
acerca da temática. A maioria dos artigos era de natureza qualitativa. Os periódicos que 
apresentaram maior número de publicações foram a Revista Brasileira de Anestesiológia e a 
Revista Caderno de Saúde Publica. 
No que se refere aos fatores que influenciam na escolha pela via de parto destacou-se, 
nos estudos analisados, que a preferência pela via vaginal se sustenta principalmente na 
recuperação mais rápida, enquanto que a opção pela cesárea é fruto, sobretudo, do medo da 
dor no trabalho de parto. 
Através dos resultados obtidos observou-se ainda que a maior parte das mulheres, no 
início de gestação, demonstra preferir a via de parto vaginal. Porém, muitas vezes essa 
preferência é modificada no final da gravidez, devido a fatores determinantes que ocorrem 
durante o período gestacional, dentre os quais destacam-se intercorrências obstétricas, 
conveniência medica, insegurança e o medo do parto normal, baixa informação recebida pela 
mulher durante a gravidez, falta de interesse do profissional pelo parto normal, influencia de 
amigas ou de familiares, aconselhamento pré-natal inadequado, entre outros. 
Apesar dos programas de incentivo à humanização da assistência ao parto e 
nascimento no Brasil, observa-se um número crescente de cesarianas, o que indica que todos, 
profissionais de saúde e gestores de políticas públicas, necessitam repensar suas estratégias de 
ação, com vistas a se alcançar melhores resultados na prática obstétrica. 
Os estudos analisados, independente da via de parto, parecem apontar lacunas no que 
se refere às orientações durante o pré-natal, característica essa indispensável para a qualidade 
da assistência prestada. O fornecimento de informações possibilita uma maior participação 
das mulheres na decisão pela via de parto e contribui para a humanização da atenção ao parto, 
promovendo condições humanas e seguras ao nascimento de seus filhos. 
Essa síntese do conhecimento produzido acerca dos fatores que influenciam na escolha 
pela via de parto corrobora a importância da utilização dos resultados das pesquisas para 
fundamentar a prática clínica. Do mesmo modo, indicam ser necessário o desenvolvimento de 
novas investigações, com vistas a compreender melhor os aspectos que abarcam a experiência 
do parto. 
 
40 
 
REFERÊNCIAS 
AMORIM M. M. R, SOUZA A. S. R, PORTO A. M. F. Indicações de cesariana baseadas em 
evidências. femina v. 38, n. 8, Ago. 2010. 
 
 
ALBAN E. S et al., Cesárea Eletiva: Complicações Maternas e Fetais Arquivos Catarinenses 
de Medicina v. 38, n.1, 2009 
 
 
BEATRIZ VELHO M. et al. vivência do parto normal ou cesáreo: revisão integrativa sobre a 
percepção de mulheres. Texto contexto enferm. v.21, n. 2. P 458-466, abr. 2012. 
 
 
BEATRIZ VELHO M. SANTOS E. K. A. COLLAÇO V. S. Parto normal e cesárea: 
representações sociais de mulheres que os vivenciaram. Rev Bras Enferm. v. 67, n. 2, p. 282-
9, abr. 2014. 
 
 
BENUTE G. R et al., Preferência pela via de parto: uma comparação entre gestantes 
nulíparas e primíparas. Rev Bras Ginecol Obstet. v. 35, n. 6, p. 281-285, jul. 2013. 
 
 
BITTENCOURT F.; VIEIRA J. B.; ALMEIDA A. C. C. H. Concepção de gestantes sobre o 
parto cesariano. Cogitare Enferm. v. 18, n. 3, p. 515-520, Set. 2013. 
 
 
BONFANTE T. M. et al., Fatores associados à preferência pela operação cesariana entre 
puérperas de instituição pública e

Continue navegando