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MATERIAL DIDÁTICO HUMANIZAÇÃO AO PARTO POLITICAS DE HUMANIZAÇÃO E BOAS PRATICAS Observações e monitoração no primeiro período do parto • Registrar as seguintes observações no primeiro período do trabalho de parto: • - frequência das contrações uterinas de 1 em 1 hora; • - pulso de 1 em 1 hora; • - temperatura e PA de 4 em 4 horas; • - frequência da diurese; • - exame vaginal de 4 em 4 horas ou se houver alguma preocupação com o progresso do parto ou em resposta aos desejos da mulher (após palpação abdominal e avaliação de perdas vaginais). • Um partograma com linha de ação de 4 horas deve ser utilizado para o registro do progresso do parto, modelo da OMS ou equivalente Medidas de Assepsia para o parto vaginal • A água potável pode ser usada para a limpeza vulvar e perineal se houver necessidade, antes do exame vaginal. • Medidas de higiene, incluindo higiene padrão das mãos e uso de luvas únicas não necessariamente estéreis, são apropriadas para reduzir a contaminação cruzada entre as mulheres, crianças e profissionais Avaliação do Bem estar Fetal • A avaliação do bem-estar fetal em parturientes de baixo risco deve ser realizada com ausculta intermitente, em todos os locais de parto: • Utilizar estetoscópio de Pinard ou sonar Doppler: - realizar a ausculta antes, durante e imediatamente após uma contração, por pelo menos 1 minuto e a cada 30 minutos, registrando como uma taxa única; - registrar acelerações e desacelerações se ouvidas; - Palpar o pulso materno se alguma anormalidade for suspeitada para diferenciar os batimentos fetais e da mãe Falha de progresso no primeiro período do trabalho de parto • Se houver suspeita de falha de progresso no primeiro estágio do trabalho de parto levar em consideração: - o ambiente onde a mulher está sendo assistida; - a atitude da mulher, se postura mais ativa ou não; - estado emocional da mulher; - o tipo de apoio e suporte físico e emocional que a mulher estiver recebendo; - paridade; - dilatação e mudanças cervicais; - contrações uterinas; - altura e posição da apresentação; - necessidade de referência ou solicitação de assistência profissional apropriada. Definição e duração do segundo período do trabalho de parto o segundo período do parto deverá ser definido como: • •fase inicial ou passiva: dilatação total do colo sem sensação de puxo involuntário ou parturiente com analgesia e a cabeça do feto ainda relativamente alta na pelve; • •fase ativa: dilatação total do colo, cabeça do bebê visível, contrações de expulsão ou esforço materno ativo após aconfirmação da dilatação completa do colo do útero, na ausência das contrações de expulsão. Se houver suspeita de falha de progresso na fase ativa do trabalho de parto • considerar também para o diagnóstico todos os aspectos da evolução do trabalho de parto , incluindo: - dilatação cervical menor que 2 cm em 4 horas para as primíparas; - dilatação cervical menor que 2 cm em 4 horas ou um progresso lento do trabalho de parto para as multíparas; - descida e rotação do pólo cefálico; - mudanças na intensidade, duração e frequência das contrações uterinas. Cuidados com o Períneo • Tanto a técnica de ‘mãos sobre’ (proteger o períneo e flexionar a cabeça fetal) quanto a técnica de ‘mãos prontas’(com as mãos sem tocar o períneo e a cabeça fetal, mas preparadas para tal) podem ser utilizadas para facilitar o parto espontâneo. Assistência no terceiro período do parto • O terceiro período do parto é o momento desde o nascimento da criança até a expulsão da placenta e membranas. • • A conduta ativa no terceiro período envolve um conjunto de intervenções com os seguintes componentes: • - uso rotineiro de substâncias uterotônicas; • - clampeamento e secção precoce do cordão umbilical; e • - tração controlada do cordão após sinais de separação placentária. • • A conduta fisiológica no terceiro período do parto envolve um conjunto de cuidados que inclui os seguintes componentes: • - sem uso rotineiro de uterotônicos; • - clapeamento do cordão após parar a pulsação; • - expulsão da placenta por esforço materno. O trauma perineal ou genital deve ser definido como aquele provocado por episiotomia ou lacerações, da seguinte maneira: • Primeiro grau – lesão apenas da pele e mucosas • Segundo grau – lesão dos músculos perineais sem atingir o esfínciter anal • Terceiro grau – lesão do períneo envolvendo o complexo do esfíncter anal: • - 3a – laceração de menos de 50% da espessura do esfíncter anal • - 3b – laceração de mais de 50% da espessura do esfíncter anal • - 3c – laceração do esfíncter anal interno. • • Quarto grau – lesão do períneo envolvendo o complexo do esfíncter anal (esfíncter anal interno e externo) e o epitélio anal. Assistência ao recém-nascido • O atendimento ao recém-nascido consiste na assistência por profissional capacitado, médico (preferencialmente pediatra ou neonatologista) ou profissional de enfermagem (preferencialmente enfermeiro obstétrico/obstetriz ou neonatal), desde o período imediatamente anterior ao parto, até que o RN seja encaminhado ao Alojamento Conjunto com sua mãe, ou à Unidade Neonatal, ou ainda, no caso de nascimento em quarto de pré-parto parto e puerpério (PPP) seja mantido junto à sua mãe, sob supervisão da própria equipe profissional responsável pelo PPP Próximos Passos Parto na Agua • Parece novidade, mas não é. O parto na água remonta à Antiga Grécia, mas nos dias atuais não é a primeira escolha da maioria dos obstetras e dos pais por não ser um parto de rotina. • O ambiente ideal deve ter privacidade, pouca luz, ser silencioso para que a mãe e seus acompanhantes fiquem focados na participação ativa e intensa deste momento tão especial. • Este é um tipo de parto onde a água é a co- protagonista. Como meio de relaxamento para a mãe e é um dos mais naturais que existe, principalmente para o bebê. • A água deverá ser potável e estar numa temperatura que varia de 35 a 37º favorecendo a irrigação sanguínea, reduzindo a pressão arterial e relaxando a musculatura o que ajuda a atenuar as dores associadas ao trabalho de parto. Posições para o parto na Água • Essa é a graça de um parto na água, a liberdade para se movimentar e encontrar a posição que achar mais confortável. • As principais posições são: • 4 apoios: Se ajoelhar e ficar apoiada na borda da banheira; • Cócoras, com a água fica mais fácil e menos cansativo se agachar ; • Semi-sentada e olhando para frente. 4 apoios: Se ajoelhar e ficar apoiada na borda da banheira; Cócoras, com a água fica mais fácil e menos cansativo se agachar ; Semi-sentada • É importante ter a noção de que, mesmo o parto na água deve ser assistido por uma equipe médica especializada que pode recorrer a outras técnicas caso o parto se complique. Há muitas vantagens deste parto • A água promove o relaxamento materno, bem como dos ligamentos e músculos do períneo, o que leva a que a futura mamãe sinta: – Menos dor, por uma menor pressão no útero e no abdómen durante o processo das contrações, tornando-as menos intensas; – Aceleração do trabalho de parto; – Transição mais suave da placenta para o exterior; – Menor edema (inchaço) corporal; – Sensação de maior privacidade; • Maior libertação de ocitocina e endorfinas, diminuindo o estresse em comparação com o parto normal. • Menor necessidade de episiotomia ou ocorrência de laceração do períneo; • Diminuição da necessidade de recorrer a uma cesariana ou fórceps; • O bebê, por breves segundos, sente-se num ambiente mais próximo daquele em que estava no interior da placenta; • Normalmente, os partos na água são mais rápidos. Mas existem também algumas desvantagens • Risco de infecção – quando do nascimento do bebê, é possível que aconteça uma perda da continuidade da mucosa do colo do útero ou mesmo de laceração perianal, o que aumenta o risco de infeção. • Desapontamentopor não sentir alívio ou diminuição das dores durante as contrações – cada caso é um caso e a tolerância à dor é diferente de mulher para mulher. Assim, caso as dores sejam difíceis de suportar, pode existir a necessidade de sair da piscina, os imprevistos acontecem e deve estar preparada mentalmente para isso. • Situação de emergência durante o parto – Pode ser mais complicado lidar com complicações pelo simples fato da mãe estar dentro de água e não numa cama do hospital. • Risco mínimo de afogamento ou aspiração de água pelo bebê – apenas pode ocorrer quando o bebê é exposto ao ar antes do seu corpo todo sair do corpo da mãe ou quando ocorre uma falha no mecanismo respiratório, mas na maioria dos casos não há qualquer risco de afogamento, uma vez que nos primeiros momentos fora do útero, a criança continua respirando através do cordão umbilical. Quando o parto na água não é recomendado? • Quando a mãe deseja sair da água; • Parto Prematuro; • Expulsivo muito prolongado (descida e saída do bebê); • Indícios de condição fetal não tranquilizadora – como liberação de mecônio dentro da água, frequência fetal não tranquilizadora; • Parto pélvico, pois precisa de uma atenção maior e caso precise de manobras para a saída do bebê; • Indícios de bebês grandes (macrossômicos), pela possibilidade maior de haver dificuldade na saída do bebê (distócia). Barros TCX de, Castro TM de, Rodrigues DP et al. Assistência a mulher para a humanização... Português/Inglês Rev enferm UFPE on line., Recife, 12(2):554-8, fev., 2018 554 ISSN: 1981-8963 ISSN: 1981-8963 https://doi.org/10.5205/1981-8963-v12i2a25368p554-558-2018 ASSISTÊNCIA À MULHER PARA A HUMANIZAÇÃO DO PARTO E NASCIMENTO ASSISTANCE TO WOMEN FOR THE HUMANIZATION OF CHIDLBIRTH AND BIRTH ASISTENCIA A LA MUJER PARA LA HUMANIZACIÓN DEL PARTO Y NACIMIENTO Thais Cordeiro Xavier de Barros1, Thayane Marron de Castro2, Diego Pereira Rodrigues3, Phannya Gueitcheny Santos Moreira4, Emanuele da Silva Soares5, Alana Priscilla da Silva Viana6 RESUMO Objetivo: analisar a assistência à mulher para a humanização do parto e nascimento. Método: estudo qualitativo, tipo análise reflexiva, originado na iniciação científica do curso de graduação em enfermagem, mediante as seguintes etapas: busca nas bases de dados; leitura do material selecionado; movimento da práxis analítica da temática; e formulação do material escrito. Resultados: a humanização constitui uma parte integrante para a qualidade da assistência dos indicadores obstétricos, que busca a autonomia da mulher, o seu direito a um parto respeitoso e abolição das intervenções desnecessárias no processo de nascimento. Conclusão: apesar de inúmeros esforços para a implantação da Humanização, ainda constitui uma grande causa a ser mobilizada no país, pois há inúmeras práticas promovidas na atenção ao parto e nascimento, principalmente a episiotomia e a manobra de Kristeller. Desse modo, o estudo contribui para como está sendo realizada a assistência com as mulheres, focalizando os princípios da humanização. Assim, faz-se necessários estudos com o propósito de compreender o processo de implantação da humanização. Descritores: Parto Normal; Trabalho de Parto; Parto Humanizado; Humanização da Assistência; Obstetrícia; Enfermagem Obstétrica. ABSTRACT Objective: to analyze the assistance to women for the humanization of childbirth and birth. Method: this is a qualitative study, type reflexive analysis, originated in the scientific initiation of the undergraduate nursing course, through the following steps: searching the databases, reading the selected material, moving the analytical praxis of the subject, and formulating written material. Results: humanization is an integral part of the quality of care of obstetric indicators, which seeks the autonomy of women, their right to a respectful birth, and the abolition of unnecessary interventions in the birth process. Conclusion: despite numerous efforts for the implementation of Humanization, it is still a great cause to be mobilized in the country, since there are many practices promoted in the delivery and birth care, especially the episiotomy and the Kristeller maneuver. In this way, the study contributes to how the assistance to women is being carried out, focusing on the principles of humanization. Thus, studies are needed to understand the process of humanization implementation. Descriptors: Natural Childbirth; Labor, Obstetric; Humanizing Delivery; Humanization of Assistance; Obstetrics; Obstetric Nursing. RESUMEN Objetivo: analizar la asistencia a la mujer para la humanización del parto y nacimiento. Método: estudio cualitativo, tipo análisis reflexivo, originada en la iniciación científica del curso de graduación en enfermería, mediante las siguientes etapas: búsqueda en las bases de datos, lectura del material seleccionado, movimiento de la práctica analítica de la temática, y formulación del material escrito. Resultados: la humanización constituye una parte integrante para la calidad de la asistencia de los indicadores obstétricos, que busca la autonomía de la mujer, o su derecho a un parto respetuoso, y abolición de las intervenciones desnecesarias en el proceso de nacimiento. Conclusión: apesar de innúmeros esfuerzos para la implantación de la Humanización, todavía constituye una grande causa a ser mobilizada en el país, pues, hay innúmeras prácticas promovidas en la atención al parto y nacimiento, principalmente la episiotomia y la maniobra de Kristeller. De este modo, el estudio contribuye para como está siendo realizada la asistencia junto a la mujer, focalizando los principios de la humanización. Así, son necesarios estudios con el propósito de comprender el proceso de implantación de la humanización. Descriptores: Parto Normal; Trabajo de Parto; Parto Humanizado; Humanización de la Atención; Obstetricia; Enfermería Obstétrica. 1,2,4,5,6 Discentes, Curso de Graduação em Enfermagem do Centro Universitário Anhanguera de Niterói. Niterói (RJ), Brasil. E-mail: thaiscordeiroxavier@hotmail.com ORCID iD: http://orcid.org/0000-0002-5929-1813; thayanemarron@hotmail.com ORCID iD: http://orcid.org/0000-0002-5251-6426; phannyagsmoreira@gmail.com ORCID iD: http://orcid.org/0000-0001-6178-6009; emanueledasilvasoares@hotmail.com ORCID iD: http://orcid.org/0000-0001-8398-7346; alanapriscilla28@yahoo.com.br ORCID iD: https://orcid.org/0000-0003-4591-786X; 3 Enfermeiro, Mestre em Enfermagem, Professor Adjunto do Centro Universitário Anhanguera de Niterói, Rio de Janeiro (RJ), Brasil. E-mail: diego.pereira.rodrigues@gmail.com ORCID iD: http://orcid.org/0000-0001-8383-7663 ARTIGO ANÁLISE REFLEXIVA https://doi.org/10.5205/1981-8963-v12i2a25368p554-558-2018 mailto:thaiscordeiroxavier@hotmail.com http://orcid.org/0000-0002-5929-1813 http://orcid.org/0000-0002-5251-6426 mailto:phannyagsmoreira@gmail.com http://orcid.org/0000-0001-6178-6009 mailto:emanueledasilvasoares@hotmail.com http://orcid.org/0000-0001-8398-7346 https://orcid.org/0000-0003-4591-786X mailto:diego.pereira.rodrigues@gmail.com http://orcid.org/0000-0001-8383-7663 Barros TCX de, Castro TM de, Rodrigues DP et al. Assistência a mulher para a humanização... Português/Inglês Rev enferm UFPE on line., Recife, 12(2):554-8, fev., 2018 555 ISSN: 1981-8963 ISSN: 1981-8963 https://doi.org/10.5205/1981-8963-v12i2a25368p554-558-2018 O presente artigo tem como objeto de estudo a assistência humanizada à mulher no processo do parto e nascimento. A humanização no campo da saúde é descrita indiscutivelmente como um modelo baseado em uma abordagem centrada na mulher1 e como uma aposta ético-estético- política. É uma aposta ética porque envolve a atitude de usuários, gestores e profissionais de saúde comprometidos e corresponsáveis. É estética porque se refere ao processo de produção da saúdee de subjetividades autônomas e protagonistas, e política porque está associada à organização social e institucional das práticas de atenção e gestão na rede do SUS.2 Desse modo, definição de atenção humanizada durante o processo de gestação incorpora conhecimentos, práticas e atitudes, tendo em vista a garantia do parto e nascimento saudáveis, tendo como objetivo a prevenção da morbimortalidade materna e perinatal.3 Esse foco proposto tem na perspectiva do Programa de Humanização no Pré-natal e Nascimento (PHPN), criado pelo Ministério da Saúde (MS) por meio da Portaria/GM n° 569 de 1 de junho de 2000, com o objetivo específico de atenção à gestante, parturientes, puérperas e ao recém- nascido, centralizando os esforços para diminuir as altas taxas de morbimortalidade materna e perinatal registradas no país; além de defender a prática que assegura o aperfeiçoamento, da garantia do acesso, capacidade de assistência do pré-parto, parto e puerpério.4 Nesse sentido, o Programa de Humanização no Pré-natal e Nascimento se fundamenta nos preceitos da humanização da assistência obstétrica e sendo uma condição o adequado acompanhamento do parto. A humanização compreende pelo menos dois aspectos fundamentais. O primeiro diz respeito à convicção de que é dever das unidades de saúde receber com dignidade a mulher, seus familiares e o recém-nascido. Isto requer atitude ética e solidária por parte dos profissionais de saúde e a organização da instituição de modo a criar um ambiente acolhedor e a instituir rotinas hospitalares que rompam com o tradicional isolamento imposto à mulher. O outro se refere à adoção de medidas e procedimentos sabidamente benéficos para o acompanhamento do parto e nascimento, evitando práticas intervencionistas desnecessárias, que embora tradicionalmente realizadas não beneficiem a mulher, nem o recém-nascido, e que com frequência acarretam maiores riscos para ambos.5 Nessa perspectiva, a humanização do parto é uma condição de respeito à mulher como pessoa única, em questão de cidadania. É o respeito, também, à família em formação e ao bebê, que tem direito a um nascimento sadio e harmonioso.6 Desta forma, a humanização do nascimento deve ser uma prática em que o profissional da saúde deve respeitar a fisiologia do parto, identificando os aspectos sociais e culturais do parto, promovendo apoio físico e emocional à mulher e sua família,3 e não um parto com inúmeras adoções de intervenções desnecessárias no parto e nascimento,7 visto que o parto tem se tornado a cada dia mais medicalizado e centralizado em processo patológicos, ao invés da fisiologia do nascimento.8 Estudos mostram que a inserção do enfermeiro obstétrico no parto acarreta a melhoria da assistência.9 Para atuação do enfermeiro obstetra no modelo humanizado de parto foi criada a Resolução Cofen nº 0516, 24 de junho de 2016, que normatiza a atuação do enfermeiro obstetra. Assim, no modelo do parto humanizado, os enfermeiros obstetras quando inseridos na assistência, supostamente, ocorre a melhora no auxílio ao parto humanizado.9 Espera-se que este estudo possibilite aos profissionais da área de saúde, especialmente de obstetrícia, reflexão relacionada à humanização do parto e nascimento, proporcionando à gestante um parto humanizado, sem interferências desnecessárias. ● Analisar a assistência à mulher para a humanização do parto e nascimento. Estudo qualitativo, do tipo análise reflexiva, a partir de revisão bibliográfica narrativa elaborada por meio de artigos científicos, manuais do Ministério da Saúde, livros, apoiados na assistência oferecida às mulheres no parto e nascimento focalizado na humanização da assistência, desenvolvido como um projeto de iniciação científica na área de saúde da mulher, do curso de enfermagem do Centro Universitário Anhanguera (UNIAN), com o propósito de responder à seguinte questão norteadora: como se configura a assistência prestada às mulheres no processo do parto e nascimento, com o foco da humanização da assistência? INTRODUÇÃO OBJETIVO MÉTODO https://doi.org/10.5205/1981-8963-v12i2a25368p554-558-2018 Barros TCX de, Castro TM de, Rodrigues DP et al. Assistência a mulher para a humanização... Português/Inglês Rev enferm UFPE on line., Recife, 12(2):554-8, fev., 2018 556 ISSN: 1981-8963 ISSN: 1981-8963 https://doi.org/10.5205/1981-8963-v12i2a25368p554-558-2018 A coleta de informações foi realizada no período de agosto a dezembro de 2016. Foram utilizados os seguintes descritores controlados: "Trabalho de Parto"; "Parto Humanizado"; "Humanização da Assistência"; "Enfermagem Obstétrica". Os artigos foram selecionados por meio das bases de dados: Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Bases de dados em Enfermagem (BDENF) e a biblioteca virtual Scientific Electronic Library Online (SciELo) disponíveis eletronicamente, publicados em língua portuguesa, inglesa e espanhola, no período de 2006 a 2016. Para a elaboração do estudo, verificou-se os artigos com informações relacionadas à assistência ao processo de abortamento, seguido da leitura e análise do material, o que permitiu a identificação do que seria utilizado, e posteriormente a montagem do estudo em questão, de acordo com todas as reflexões realizadas. Na assistência humanizada no parto e nascimento, as mulheres adquirem um importante sentimento de força e otimismo durante o processo parturitivo e no cuidado ao bebê. Humanizar o parto sugere conduzir a mulher como protagonista, interagindo estreitamente com as decisões que serão tomadas sobre o seu cuidado.10 Essa humanização tem a finalidade de proporcionar à mulher autonomia e autoconfiança no trabalho de parto e parto, com o objetivo de respeitar os seus direitos. Para que a assistência à mulher seja humanizada é preciso que a equipe acolha essa gestante respeitando o processo fisiológico e biológico de parturição e não utilizar intervenções desnecessárias, principalmente sem o seu consentimento.11 Além disso, a humanização da assistência possui como propósito proteger o caráter natural fisiológico no processo de nascer, propiciando à mulher experiência otimista sem traumas e sem manobras invasivas.12 Mas, esta não constitui a realidade do país que cerca de 25% de mulheres sofrem algum tipo de violência durante o parto, sendo por condutas desrespeitosas e grosseiras, o que constitui as reclamações mais presentes entre as mulheres. A relação entre profissionais de saúde e pacientes de classes socioeconômicas desfavorecidas é apontada pela desconfiança, desrespeito, conflito e maus-tratos, tornando-se como uma razão o uso das intervenções desnecessárias.13 Pois, a conversão de uma diferença e uma assimetria em uma relação hierárquica de desigualdade com fins de dominação, de exploração e opressão, além de uma relação desigual entre o superior e o inferior, contribui para passividade14 e o modo opressivo para a escolha de como vai ocorrer o mecanismo do parto, estritamente relacionado pela escolha do profissional da saúde, e não da mulher. A esse respeito, uma relação desigual de poder permite a introdução de inúmeras práticas ao trabalho de parto e parto, conseguintemente imperando um modelo tecnocrático do parto e inibindo a humanização da assistência. Um dos pontos mais discutidos é a respeito da episiotomia,15 que constitui um dos procedimentos mais utilizados rotineiramente em todo o mundo, com a argumentação de diminuição da possibilidade de dilacerações perineais do terceiro grau, resguardo da musculatura perineal e atividade sexual, com isso restrição fecal e urinária.4 Os altos índices de episiotomia contrariam as diretrizespreconizadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) que considera a episiotomia como prática frequentemente utilizada de modo inadequado e que deve ter seu uso limitado, em um limite de 15% dos casos.16 O fundamento em uma ideologia humanizada deve sempre ressaltar suas práticas baseadas em confirmações científicas e custo-efetivas. A episiotomia deverá ser abolida das práticas rotineiras da obstetrícia moderna, quando o atendimento à gestante é realizado de forma humanizada a assistência passa a ser menos intervencionista.4,16 O seu uso pode ser ponderado, mas não obrigatório, em eventos onde os proveitos possam ser maiores que os riscos, tais como distócia de ombro, parto pélvico, fórceps ou extrações a vácuo, variedades de posições posteriores ou em situações em que seja óbvio que a falha da sua realização possa resultar em trauma perineal maior.4 Para a manobra de Kristeller, estudos não conseguiram demonstrar os benefícios destas práticas, tendo uma forte recomendação de evitá-la como uso rotineiro.17 A manobra de Kristeller é uma manobra obstétrica executada durante o parto que consiste na aplicação de pressão na parte superior do útero com o objetivo de facilitar a expulsão do bebê, no período expulsivo do parto. A manobra de Kristeller é descrita como danosa à Saúde da Mulher e não apresenta benefícios à segurança do paciente escrita na RDC nº 36 de 25 de julho de 2013.18 Do mesmo modo, o Conselho Federal de Enfermagem institui em seu parecer nº RESULTADOS E DISCUSSÃO https://doi.org/10.5205/1981-8963-v12i2a25368p554-558-2018 https://www.sinonimos.com.br/desfavorecido/ Barros TCX de, Castro TM de, Rodrigues DP et al. Assistência a mulher para a humanização... Português/Inglês Rev enferm UFPE on line., Recife, 12(2):554-8, fev., 2018 557 ISSN: 1981-8963 ISSN: 1981-8963 https://doi.org/10.5205/1981-8963-v12i2a25368p554-558-2018 338/2016 a proibição dos profissionais de enfermagem na realização da manobra de Kristeller. Para que ocorra uma transformação de práticas obstétricas e sejam fornecidas ações para a humanização da assistência, quanto à autonomia da mulher e de seu direito, o Ministério da Saúde lançou as Diretrizes Nacionais de Assistência ao Parto Normal com o intuito de contribuir para a ruptura da utilização de tecnologias invasivas do parto e muitas vezes desnecessárias, contribuindo, assim, para maiores riscos parinatais.19 A humanização do parto e nascimento deve tornar um modelo de atenção obstétrico,20 nas unidades onde há atendimento ao processo de nascimento, para que seja respeitado o direito de escolhas das mulheres, um parto respeitoso e conforme as suas expectativas, além do direito à autonomia do próprio corpo, quanto a sua manipulação indevida, surgindo, dessa forma, a humanização como possibilidade de rompimentos de práticas danosas ao parto. Apesar de inúmeros esforços que vêm sendo realizados no âmbito na saúde obstétrica, com o esforço para a implantação da Humanização do Parto e Nascimento, ainda constitui uma grande causa a ser mobilizada no país, uma vez que há inúmeras práticas promovidas na atenção ao parto e nascimento, principalmente a episiotomia e a manobra de Kristeller, culminando com atos de violência, em muitos casos. Desse modo, deve-se repensar as práticas cotidianas no processo de cuidado da mulher na obstetrícia. Nesse sentido, apesar dos esforços da Organização Mundial da Saúde, a assistência à mulher não tem sido centrada na humanização e no seu respeito. Acredita-se ser necessário mais estudos que tenham o objetivo de compreender o processo de implantação da humanização do parto e nascimento como forma de avaliação do processo de inserção da humanização nas maternidades do país. Assim, o estudo contribui para uma reflexão de como está sendo oferecida a assistência à mulher, tendo o seu foco na humanização e favorecendo que esse processo deve permear o respeito da mulher, perante o seu direito, e a abolição de práticas intervencionistas, como a inserção de boas práticas no parto e nascimento. 1. Behruzi R, Hatem M, Goulet L, Fraser W, Misago C. Understanding childbirth practices as an organizational cultural phenomenon:a conceptual framework. BMC Pregnancy Childbirth [Internet]. 2013 [cited 2017 Oct 01];13(205):1-10. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/ PMC3835545/pdf/1471-2393-13-205.pdf 2. Heckert ALC, Passos E, Barros MEB. Um seminário dispositivo:a humanização do Sistema Único de Saúde (SUS) em debate. Interface comun saúde educ [Internet]. 2009 [cited 2017 Jan 28];13(supl1):493-502. Available from: http://www.scielo.br/pdf/icse/v13s1/a02 v13s1.pdf 3. Souza TG, Gaíva MAM, Modes PSSA. 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Foco 2018; 9 (2): 35-39 ARTIGO 7 EFICIÊNCIA DE MÉTODOS NÃO FARMACOLÓGICOS PARA ALÍVIO DA DOR NO TRABALHO DE PARTO NORMAL Ernandes Gonçalves Dias1, Anailde Rosa Miranda Ferreira2, Ana Maria Cardoso Martins2, Mirlene Maria de Jesus2, Janine Cinara Silveira Alves3 1Faculdade Verde Norte,FAVENORTE,MG. Email: ernandesgdias@yahoo.com.br 2Fundação Hospitalar de Janaúba, FUNDAJAN,MG. 3FAVENORTE,MG. Objetivo: verificar a percepção das puérperas no pós-parto imediato sobre a eficiência do uso de métodos não farmacológicos para alívio da dor no trabalho de parto normal. Metodologia: Pesquisa descritiva, qualitativa, realizada com 40 puérperas na maternidade do Hospital e Maternidade Sagrado Coração de Jesus em Janaúba-MG. Os dados foram coletados entre março e abril de 2016 por meio de entrevista e analisados de acordo Análise do Conteúdo de Bardin. Resultados: o banho de aspersão foi o método mais utilizado, proporcionou alívio e conforto durante o trabalho de parto. Os métodos foram eficazes quanto a sua finalidade e associaram a eles sentimentos de satisfação, relaxamento e tranquilidade. O acompanhante e o profissional de saúde apareceram como estratégia de suporte para efetivação dos métodos usados. Conclusão: evidenciou-se que os métodos não farmacológicos produzem alívio dor durante o trabalho de parto normal e a importância da utilização desses métodos nos períodos pré e trans-parto para prestar assistência humanizada. Descritores: Trabalho de Parto, Parto Normal, Dor do Parto. EFFICACY OF NON-PHARMACOLOGICAL METHODS FOR PAIN RELIEF IN LABOR NORMAL OF PARTURITION Objective: To verify the perception of puerperae in the immediate postpartum period on the efficiency of the use of non- pharmacological methods for pain relief in normal labor. Methodology: This is a descriptive, qualitative study, carried out with 40 puerperae in the maternity hospital and Maternity Sacred Heart of Jesus in Janaúba-MG. The data were collectedbetween March and April of 2016 through interview and analyzed according to the Bardin Content Analysis. Results: The sprinkler bath was the most used method, provided relief and comfort during labor. The methods were effective in their purpose and associated with them feelings of satisfaction, relaxation and tranquility. The companion and the health professional appeared as a support strategy to implement the methods used. Conclusion: It was shown that non-pharmacological methods produce relief during normal labor and the importance of using these methods in the pre- and trans-partum periods to provide humanized assistance. Descriptors: Labor, Obstetric. Natural Childbirth, Labor Pain EFICIENCIA DE MÉTODOS NO FARMACOLÓGICOS PARA EL ALIVIO DEL DOLOR EN EL TRABAJO DE PARTO NORMAL Objetivo: verificar la percepción de las puérperas en el posparto inmediato sobre la eficiencia del uso de métodos no farmacológicos para alivio del dolor en el trabajo de parto normal. Metodología: Se trata de un estudio descriptivo, cualitativo, realizado con 40 puérperas en la maternidad del Hospital y Maternidad Sagrado Corazón de Jesús en Janaúba-MG. Los datos fueron recolectados entre marzo y abril de 2016 por medio de entrevista y analizados de acuerdo Análisis del Contenido de Bardin. Resultados: El baño de aspersión fue el método más utilizado, proporcionó alivio y confort durante el trabajo de parto. Los métodos fueron eficaces en cuanto a su propósito y asociaron a ellos sentimientos de satisfacción, relajación y tranquilidad. El acompañante y el profesional de salud aparecieron como estrategia de soporte para la efectividad de los métodos usados. Conclusión: se evidenció que los métodos no farmacológicos producen alivio dolor durante el trabajo de parto normal y la importancia de la utilización de estos métodos en los períodos pre y trans-parto para prestar asistencia humanizada. Descriptores: Trabajo de Parto, Parto Normal, Dolor de Parto. 36 Enferm. Foco 2018; 9 (2): 35-39 ARTIGO 7 EFICIÊNCIA DE MÉTODOS NÃO FARMACOLÓGICOS PARA ALÍVIO DA DOR NO TRABALHO DE PARTO NORMALErnandes Gonçalves Dias, Anailde Rosa Miranda Ferreira, Ana Maria Cardoso Martins, Mirlene Maria de Jesus, Janine Cinara Silveira Alves INTRODUÇÃO Apesar das diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS), que enfatizam boas práticas de atenção ao parto e ao nascimento baseadas em evidências científicas que afirmam que o parto é um evento natural que não necessita de controle, mas sim de cuidados, o modelo de atenção ao parto normal, mais comum no Brasil é tecnocrático, centrado no médico1. Com a hospitalização do parto, década de 40, métodos intervencionistas rotineiros foram incentivados: como a medicalização, as cesáreas de rotina e a realização de episiotomias. A partir daí a mulher foi perdendo espaço, deixando de ser a protagonista do próprio parto, ficando a mercê de normas das instituições e dos profissionais que lhe prestam assistência2. Conforme o uso de tecnologias foram aplicadas ao parto, o Ministério da Saúde fez recomendações relativas à assistência ao parto normal, no sentido de que as instituições e profissionais que prestam assistência ao parto, visem o respeito, a dignidade à parturiente, ao recém-nascido e aos familiares, através de mudanças nos paradigmas, nos protocolos e nas atitudes para proporcionar um trabalho de parto normal ativo e saudável3. Por essa razão o Ministério da Saúde vem estimulando a implantação de políticas que promovam o parto normal humanizado, como a Estratégia Rede Cegonha e Política Nacional de Humanização do Parto e do Nascimento (PNHPN) para que o parto normal seja uma escolha segura para a mulher2. Assim, o uso dos métodos não farmacológicos é importante por aliviar a dor, além de acarretar menos intervenções e retornar a essência da fisiologia que o parto representa para a mãe e o concepto4. Estes métodos além de estarem profundamente comprometidos com as políticas de humanização do decurso do nascimento, proporcionam às mulheres a diminuição do medo, autoconfiança e satisfação5. Para isso é indispensável que os profissionais de saúde respeitem os anseios, desejos e direitos da mulher, identificando-a junto ao concepto como seres únicos no processo de nascimento para assegurar um parto mais fisiológico6. Frente a essas considerações e ao uso dos métodos não farmacológicos utilizados na maternidade do Hospital e Maternidade Sagrado Coração de Jesus de Janaúba-MG, objetivou-se verificar a percepção das puérperas no pós- parto imediato sobre a eficiência do uso de métodos não farmacológicos para alívio da dor no trabalho de parto normal. METODOLOGIA Trata-se de um estudo descritivo, qualitativo realizado com 40 puérperas da maternidade do Hospital e Maternidade Sagrado Coração de Jesus de Janaúba-MG, norte de Minas. Foram consideradas elegíveis as puérperas em pós- parto normal imediato, internadas na maternidade com idade igual ou superior a 18 anos e que aceitaram o uso dos métodos não farmacológicos durante o trabalho de parto normal. Para identificação das puérperas submetidas aos métodos não farmacológicas durante o trabalho de parto normal, entre as internadas na maternidade, diariamente, era realizada busca ativa nos prontuários das puérperas e então as submetidas a esses métodos eram convidadas a participar da pesquisa. Os dados foram coletados pelos próprios pesquisadores entre março e abril de 2016, na maternidade do Hospital em estudo, no estágio puerperal imediato, no período diurno, por meio de uma entrevista semiestruturada aplicada individualmente, gravada em áudio mediante a autorização da entrevistada. O roteiro foi elaborado pelos pesquisadores com o objetivo de disparar a conversa com as puérperas. As questões abordaram que vivências reconheciam como métodos não farmacológicos, para alívio da dor, foram usados durante o trabalho de parto e a percepção da mulher sobre o método. As entrevistas foram transcritas na íntegra com o objetivo de honrar o pensamento e as opiniões de cada entrevistada. Para análise dos dados foram realizadas leituras sucessivas dos depoimentos buscando identificar os temas emergentes, estes foram analisados de acordo Análise do Conteúdo na perspectiva de Bardin7. Todos os caminhos metodológicos deste estudo obedeceram às normas da Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde, o projeto do estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Presidente Antônio Carlos pelo Parecer 1.561.207. As participantes assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido consentindo sua participação no estudo e suas identidades foram resguardadas, sendo seus nomes substituídos por nome de flores. RESULTADOS A idade das puérperas variou entre 18 e 41 anos, sendo prevalente puérperas na faixa etária entre 18 e 22 anos. Verificou-se uma predominância de puérperas que se autodeclararam pardas, com ensino médio completo e casadas. Como ocupação são exclusivamente domésticas no lar e vivem com renda familiar de um salário mínimo. Método não farmacológico utilizado para alívio da dor no trabalho de parto Sobre os métodos utilizados pelas puérperas durante o trabalho de parto, identificou-se o uso de mais de um tipo 37Enferm. Foco 2018; 9 (2): 35-39 ARTIGO 7EFICIÊNCIA DE MÉTODOS NÃO FARMACOLÓGICOS PARA ALÍVIO DA DOR NO TRABALHO DE PARTO NORMALErnandes Gonçalves Dias, Anailde Rosa Miranda Ferreira, Ana Maria Cardoso Martins, Mirlene Maria de Jesus, Janine Cinara Silveira Alves de método. Os métodos relatados foram banho de aspersão, deambulação, mudanças de posições (cócoras, sentada, agachamento), técnicas de controle da respiração, massagens e bola suíça, conforme se observa nos relatos das puérperas: “Eu fiquei sentada, de cócoras, banhei e tive o acompanhante, foi bom” (Amarilis). “[...] falou pra eu ficar de cócoras e controlar a respiração, tomei banho de chuveiro também” (Cerejeira).“[...] usei aquela bola, fiz agachamentoe andei [...]” (Centáurea). “Me ensinou respirar direito, caminhei, fizeram massagens [...] (Cravo). “[...] teve também o uso de massagens pra tá aliviando a tensão [...] a bola porque alivia a dor” (Estrelícia). Observou-se que o método mais utilizado pelas puérperas foi o banho de aspersão e provocou relaxamento, calmaria, diminuição da dor e alívio conforme se observa nos trechos das entrevistas: “O banho foi bom [...] alivia, [...] acalma [...]” (Flox).“[...] quando a água caia nas costas a dor diminuía” (Gardênia).“[...] o banho relaxa mesmo, alivia a dor” (Girassol). Visão das puérperas sobre a eficiência dos métodos não farmacológicos Os métodos não farmacológicos utilizados durante o trabalho de parto obtiveram efeitos satisfatórios, minimizaram a sensação dolorosa, deixou-as mais tranquilas e relaxadas, como mostra os relatos abaixo: “[...] aliviou, os dois que utilizei aliviou minha dor” (Cravo).“Ajudou bastante, quase não tive dor [...] eu ficava mais tranquila, ia descendo mais rápido (o bebê)” (Gravata). “Ajudaram sim... foi bem mais aliviante, [...], eu me senti bem mais calma, bem mais relaxada, com isso meu parto evoluiu bem mais rápido [...]” (Estrelícia). Quanto ao método que as mulheres mais se identificaram, apareceu em seus relatos o banho de aspersão e relacionam ao fato desse método ter proporcionado alívio da dor, relaxamento, calmaria e redução da tensão, como mostra os relatos subsequentes: “O banho, relaxa mais, melhora a tensão e acalma, [...]” (Lírio).“[...] O banho, porque realmente alivia [...]” (Estrelícia). A colaboração do profissional de Enfermagem e do acompanhante Apareceu nos relatos das puérperas a colaboração do profissional de enfermagem e de um acompanhante como estratégia de suporte que efetivaram o uso dos métodos não farmacológicos no trabalho de parto como se observa nos fragmentos: “Eu tive o apoio da enfermeira e meu acompanhante [...]” (Centáurea).“[...] minha mãe que me acompanhou foi muito importante também” (Lírio).“[...] e também a companhia de uma pessoa é boa pra nós [...]” (Estrelícia). A presença do acompanhante e as orientações e apoio recebido dos profissionais proporcionou conforto, apoio, força, tranquilidade, confiança e ajuda às mulheres durante o trabalho de parto conforme se observa nos trechos abaixo: “[...] o apoio da enfermeira foi bom” (Cravo). “[...] meu acompanhante me deu força e apoio, me ajudou e muito” (Delfin).“[...] colaborou muito, a gente fica mais tranquila [...] dá mais confiança pra gente né” (Cravo). “[...] não me deixava sozinha, me tranquilizava” (Girassol).“Foi ótimo, me orientava, me acalmava, conversava comigo, me ajudou bastante” (Iris). DISCUSSÃO A idade em que a mulher engravida sempre foi vista como um fator de risco para distorcias e malformações de feto, especialmente se tardiamente8, porém, atualmente a idade da mulher não implica em fator de risco, pois, tendo uma assistência adequada no período de pré-natal, durante e após o parto, os resultados condicionam prognósticos materno e perinatal iguais aos das mulheres mais jovens9. A predominância de puérperas pardas neste estudo corrobora com os resultados de um estudo realizado em uma maternidade filantrópica, do norte do Estado do Espírito Santo, com uma amostra de 323 puérperas em que 49,5% declararam serem pardas10. Quanto à escolaridade, sabe-se que esta influencia diretamente nas condições sociais, logo, quanto mais instruída a mulher for, tem condições socioeconômicas mais favoráveis11. Neste estudo observou-se que a maioria das puérperas tem nível de escolaridade compatível com capacidade de compreensão e adesão aos métodos não farmacológicos para alívio da dor durante o trabalho de parto. A situação conjugal das puérperas pode ser vista como positiva, o fato de a puérpera ser casada pode influenciar no sentimento de segurança, devido a possibilidade da presença do companheiro durante o puerpério, proporcionando lhe conforto12. A presença do companheiro é um fator bastante positivo e aumenta as chances das mulheres terem o apoio e o suporte necessário durante a gestação e o parto13. Em relação à ocupação das puérperas, a situação de serem trabalhadoras exclusivas do próprio lar pode torná-las dependentes financeiramente do companheiro ou da família. Não exercer nenhuma ocupação remunerada e dedicar-se exclusivamente a cuidar do lar, pode refletir negativamente na renda familiar14. Observou-se, ainda, baixa renda familiar entre as entrevistadas, estes resultados corroboram com um estudo realizado em um hospital público de nível secundário de Fortaleza-CE, com 14 mulheres em puerpério imediato, 38 Enferm. Foco 2018; 9 (2): 35-39 ARTIGO 7 EFICIÊNCIA DE MÉTODOS NÃO FARMACOLÓGICOS PARA ALÍVIO DA DOR NO TRABALHO DE PARTO NORMALErnandes Gonçalves Dias, Anailde Rosa Miranda Ferreira, Ana Maria Cardoso Martins, Mirlene Maria de Jesus, Janine Cinara Silveira Alves onde grande parte informou renda familiar igual a um salário mínimo15. Ressalta-se que as condições socioeconômicas é um fator de risco obstétrico11. Método não farmacológico utilizado no trabalho de parto e estratégias de suporte Um estudo realizado no Instituto de Saúde Elpídio de Almeida, Campina Grande-PB, com 18 puérperas, em relação aos métodos não farmacológicos utilizados durante o trabalho de parto, constataram que utilizavam o suporte contínuo, exercícios respiratórios, banho de chuveiro, massagem e exercício de relaxamento. Dentre as puérperas que utilizaram estas estratégias, 73%, fizeram uso de dois ou mais métodos não farmacológicos16, assim como neste estudo, onde as puérperas puderam experimentar mais de uma modalidade de método para aliviar a dor no trabalho de parto. O alívio da dor para algumas mulheres pode ser obtido com um suporte físico e emocional adequado, que deve transmitir à parturiente segurança e prestar orientações sobre a evolução do trabalho de parto12. O uso dos métodos não farmacológicos contribui no alívio da dor, minimiza o nível de estresse e de ansiedade, promovendo satisfação21. Os métodos não farmacológicos trazem benefícios que podem auxiliar na utilização de estratégias de cuidados que possam atender as necessidades específicas das parturientes e promoverem conforto e segurança, diminuindo o estado de ansiedade22. O banho de chuveiro como método de preferência das puérperas deste estudo deve ser incentivado por oferecer privilégios com o bem estar fisiológico, desenvolvendo sensação de relaxamento e de conforto no trabalho de parto17. Em um estudo realizado na maternidade-escola do município de Sorocaba-SP, com 120 puérperas, 64 citaram o banho de chuveiro como o preferido e resolutivo23. O banho traz benefícios no alívio da dor, reduz a pressão arterial, promove o aumento da dilatação do colo uterino e além de tudo é uma medida barata e fácil de ser empregada24. Situações que garante à mulher relaxamento, informações e contato com uma pessoa de sua confiança, facilitam que a gestante se sinta mais confortável para vivenciar o nascimento do filho. Especialmente se o acompanhante for pessoa próxima, ao qual já possui certo vínculo, que possa gerar sensação de apoio18. O acompanhante é um personagem indispensável durante o TP e parto normal, pois fornece à mulher apoio emocional, tranquilidade, segurança, conforto, e assim minimiza suas preocupações e medos e torna o nascimento humanizado25. A presença do acompanhante propicia à mulher no decurso do parto sensação de conforto e promove a redução de sentimentos de insegurança, medos e também as angústias19. Esta presença facilita a comunicação entre a parturiente e o profissional que lhe presta cuidados, trazendo lhe satisfação e segurança20. Quanto aos profissionais de enfermagem, um estudo realizado com residentes do Programa de Residência Multiprofissional da Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal, constatou-se que demonstraram possuir embasamentoteórico e humanização para apropriar de evidências científicas e usá-las para o emprego de métodos não farmacológicos para alívio da dor e em outras ações de enfermagem na atenção ao parto26. CONCLUSÃO As puérperas reconhecem os métodos não farmacológicos como eficazes quanto a sua finalidade e associam a eles sentimentos de satisfação, relaxamento e tranquilidade. Dessa forma, fica evidenciada a importância da utilização dos métodos não farmacológicos nos períodos pré e trans-parto. Os resultados reforçam a importância de investimentos nas instituições hospitalares e casas de parto, para inserção de programas e protocolos de incentivo ao uso dos métodos não farmacológicos no trabalho de parto, para que possam prestar uma assistência humanizada e transformar esse fenômeno que é o parto em um evento não traumático na vida da mulher. Sugere-se que estudos sejam realizados para verificar a disseminação de informações sobre estes métodos, ainda no pré-natal e o conhecimento dos profissionais de saúde sobre eles, haja vista que o conhecimento destes métodos, pelas gestantes, pode impactar diretamente na redução das taxas de cesarianas. Espera-se que esse estudo conscientize profissionais e as mulheres sobre a utilização dos métodos não farmacológicos e que as instituições busquem a implementação desses para desmitificar questões relacionadas ao parto normal. 39Enferm. Foco 2018; 9 (2): 35-39 ARTIGO 7EFICIÊNCIA DE MÉTODOS NÃO FARMACOLÓGICOS PARA ALÍVIO DA DOR NO TRABALHO DE PARTO NORMALErnandes Gonçalves Dias, Anailde Rosa Miranda Ferreira, Ana Maria Cardoso Martins, Mirlene Maria de Jesus, Janine Cinara Silveira Alves 1. Rabelo LR, Oliveira DL. Percepções de enfermeiras obstétri- cas sobre sua competência na atenção ao parto normal hos- pitalar. Rev. Esc. Enferm. USP, 2010; 44(1): 213-20. [acesso: 28 ago. 2016]. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/S0080- 62342010000100030. 2. Santos RAA, Melo MCP, Cruz DD. Trajetória de humani- zação do parto no Brasil a partir de uma revisão integrativa de literatura. Caderno de Cultura e Ciência, Ano IX, 2015; 13(2) mar. [acesso: 28 ago. 2016]. Disponível em: http://dx.doi. org/10.14295/cad.cult.cienc.v13i2.838. 3. Ferreira KM, Machado LV, Mesquita MA. Humanização do Parto Normal: uma revisão de literatura. Rev. Saúde em Foco, Teresina, 2014; 1(2): 134-148, ago/dez. 4. Osório SMB, Silva Júnior LG, Nicolau AIO. Avaliação da efetividade de métodos não farmacológicos no alívio da dor do parto. Rev Rene. 2014; 15(1): 174-84. [acesso: 30 out. 2016]. Disponível em: http://dx.doi.org/10.15253/rev%20rene. v15i1.3112. 5. Silva EF, Strapasson MR, Fischer AC. Métodos não Farma- cológicos de Alívio da Dor Durante Trabalho de Parto e Par- to. Rev. Enferm. Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). 2011; 1(2): 261-271. [acesso: 23 out. 206]. Disponível em: http:// dx.doi.org/10.5902/217976922526. 6. Santos IS, Okazaki ELFJ. Assistência de Enfermagem ao Parto Humanizado. Rev.Enferm.Unisa. 2012; 13(1): 64-8. 7. Bardin L. Análise de Conteúdo. Lisboa, Portugal; Edições 70, LDA, 2009. 8. Montenegro CAB, Rezende Filho J. Obstetrícia fundamen- tal. 11. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008. 9. Parada CMGL, Tonete VLP. Experiência da gravidez após os 35 anos de mulheres com baixa renda. Esc. Anna Nery. 2009; 13(2): 385-92. 10. Leite FMC, Barbosa TKO, Mota JS, Nascimento LCN, Amo- rim MHC, Primo Caniçali C. Perfil Socioeconômico e Obstétri- co de Puérperas Assistidas em uma Maternidade Filantrópica. Cogitare Enferm. 2013; 18(2): 344-50. [Acesso: 12 maio 2016]. Disponível em: http://dx.doi.org/10.5380/ce.v18i2.32584. 11. Araújo KRS, Calácio IA, Ribeiro JF, Fontenele PM, Morais TV. Perfil sociodemográfico de puérperas em uma maternida- de pública de referência do nordeste brasileiro. Revista Ele- trônica Gestão &Saúde. 2015; 6(3): 2739-50. [acesso: 19 maio 2016]. Disponível em: http://dx.doi.org/10.18673/gs.v6i3.22411. 12. Brasil. Ministério da Saúde. Humanização do parto e do nascimento / Ministério da Saúde. Universidade Estadual do Ceará. – Brasília : Ministério da Saúde, 2014. 465p. – (Cader- nos HumanizaSUS ; v. 4). 13. Dodou HD, Rodrigues DP, Guerreiro EM, Guedes MVC, Lago PN, Mesquita NS. A contribuição do acompanhante para a humanização do parto e nascimento: percepções de puérperas. Esc. Anna Nery. 2014; 18(2): 262-269. [acesso: 14 out. 2016]. Disponível em: http://dx.doi.org/10.5935/1414- 8145.20140038. 14. Peixoto CR, Lima TM, Costa CC, Freitas LV, Oliveira AS, Damasceno AKC. Perfil das gestantes atendidas no serviço de pré-natal das unidades básicas de saúde de Fortaleza-CE. Revista Mineira de Enfermagem. UFMG. 2009; 16(2). [acesso: 13 maio 2016]. Disponível em: http://www.dx.doi.org/S1415- 27622012000200004. 15. Oliveira AS, Rodrigues DP, Guedes MVC. Percepção de Puérperas Acerca do Cuidado de Enfermagem Durante o Trabalho de Parto e Parto. RevEnferm. UERJ. Rio de Janeiro, 2011; 19(2): 249-54, abr./jun. 16. Medeiros J, Hamad GBNZ, Costa RRO, Chaves AEP, Me- deiros SM. Métodos não farmacológicos no alívio da dor de parto: percepção de puérperas. Rev. Espaço Para a Saúde. Londrina. 2015; 16(2): 37-44. [acesso: 26 abr. 2016]. Disponível em: http://dx.doi.org/10.22421/1517-7130.2015v16n2p37. 17. Gayeski ME, Bruggermann OM. Métodos não farmacológi- cos para alívio da dor no trabalho de parto: uma revisão siste- mática. Texto Contexto Enferm. 2010; 19(4): 774-82. Florianó- polis, 2010. [acesso: 11 out. 2016]. Disponível em: http://dx.doi. org/10.1590/S0104-07072010000400022. 18. Schlottmann AC, Siqueira LR. Percepção de puérperas so- bre os métodos para alivio da dor durante o trabalho de par- to. 2011 53f. Trabalho de conclusão de Curso [Graduação em Enfermagem]. Universidade Federal de Santa Catarina. UFSC. Florianópolis-SC. 19. Mazoni SR, Faria DGS, Manfredo VA. Hidroterapia durante o trabalho de parto: relato de uma prática segura. Arq Ciênc Saúde. 2009; 16(1): 40-3. 20. Almeida JM, Acosta LG, Pinhal MG. Conhecimento das puérperas com relação aos métodos não farmacológicos de alívio da dor do parto. Rev Min Enferm. (REME). 2015; 19(3): 711- 717, jul./set. [acesso: 18 jul. 2016]. Disponível em: http://www. dx.doi.org/10.5935/1415-2762.20150054. 21. Damasceno DC. A importância do parto humanizado: aten- ção da equipe de Enfermagem. FACIDER Revista Científica, Colíder, 2015; 7: 13-1. 22. Oliveira ASS, Rodrigues DP, Guedes MCV, Felipe GF, Galiza FT, Monteiro LC. O Acompanhante no Momento do Trabalho de Parto e Parto: percepção de puérperas. CogitareEnferm. 2011; 16(2): 247-53. 23. Perdomini FRI, Bomilha ALL. A participação do pai como acompanhante da mulher no parto. Texto Contexto En- ferm. Florianópolis, 2011; 20(3): 445-52, jul./set. [acesso: 28 ago. 2016]. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/S0104- 07072011000300004. 24. Amorim ATC, Araújo VKS, Severiano RCC, Davim RMB. Es- tratégias utilizadas no processo de humanização ao trabalho de parto: uma revisão. Saúde Coletiva. 2012; 9(56): 61-66 61. 25. Monte NL, Gomes JS, Amorim LMA. A percepção das puér- peras quanto ao parto humanizado em uma maternidade pú- blica de Teresina-PI. Revista Interdisciplinar NOVAFAPI. 2011; 4(3): 20-24. 26. Feijão LBV, Boeckmann LMM, Melo MC. Conhecimento de Enfermeiras Residentes Acerca das Boas Práticas na Atenção ao Parto. Enferm. Foco 2017; 8(3): 35-39. [acesso: 17 abr. 2018]. Disponível em: https://doi.org/10.21675/2357-707X.2017. v8.n3.1318. REFERÊNCIAS RECEBIDO EM 11/09/2017. ACEITO EM 17/04/2018. 1 Escola Anna Nery 21(4) 2017 Humanização do parto: significados e percepções de enfermeiras Humanization of childbirth: meanings and perceptions of nurses Humanización del parto: significados y percepciones de enfermeras Andrêssa Batista Possati1 Lisie Alende Prates1 Luiza Cremonese1 Juliane Scarton2 Camila Neumaier Alves3 Lúcia Beatriz Ressel1 1. Universidade Federal de Santa Maria. Santa Maria, RS, Brasil. 2. Universidade Federal Rio Grande. Rio Grande,RS, Brasil. 3. Universidade Federal de Pelotas. Pelotas, RS, Brasil. Autor correspondente: Lisie Alende Prates. E-mail: lisiealende@hotmail.com Recebido em 18/01/2017. Aprovado em 15/06/2017. DOI: 10.1590/2177-9465-EAN-2016-0366 PESQUISA | RESEARCH Esc Anna Nery 2017;21(4):e20160366 Resumo Objetivo: Conhecer os significados atribuídos ao parto humanizado por enfermeiras de um centro obstétrico. Método: Pesquisa qualitativa descritiva, realizada com enfermeiras de um hospital de ensino, localizado no sul do Brasil. Utilizou-se a proposta operativa. Resultados: A humanização do parto foi compreendida como um conjunto de práticas e atitudes pautadas no diálogo, empatia e acolhimento; o fornecimento de orientações; a valorização da singularidade da parturiente; a realização de procedimentos comprovadamente benéficos à saúde materno-infantil e a constante atualização profissional. Conclusão: A humanização do parto ainda representa um desafio na prática profissional. O protagonismo da mulher, o respeito aos seus direitos e o comprometimento dos profissionais de saúde constituem os alicerces para a humanização do parto. Palavras-chave: Saúde da Mulher; Parto; Parto Humanizado; Humanização da Assistência; Enfermagem. AbstRAct Objective: To know the meanings attributed to humanized childbirth by nurses of an obstetric center. Method: A qualitative descriptive study was carried out with nurses from a teaching hospital, located in southern Brazil. An operational proposal was used. The participants were six nurses who worked in the service. Results: The humanization of childbirth was understood as a set of practices and attitudes based on dialogue, empathy and embracement; the provision of guidelines; the appreciation of parturients' singularities; the performance of procedures proven to be beneficial to maternal and child health and continuous professional updating. Conclusion: The humanization of birth is still a challenge in professional practice. The role of women, the respect for their rights and the commitment of health professionals are the foundation of the humanization of childbirth. Keywords: Women's Health; Parturition; Humanizing Delivery; Humanization of Assistance; Nursing. Resumen Objetivo: Conocer los significados atribuidos por enfermeras de un centro obstétrico al parto humanizado. Método: Investigación cualitativa, descriptiva, realizada con enfermeras de hospital de enseñanza del Sur de Brasil. Se utilizó la propuesta operativa. Resultados: La humanización del parto fue comprendida como un conjunto de prácticas y actitudes pautadas en el diálogo, empatía y acogimiento; en brindar orientaciones; en valorar la singularidad de la parturienta; en realizar procedimientos de comprobado beneficio para la salud materno-infantil; y en la constante actualización profesional. Conclusión: La humanización del parto representa aún un desafío en la práctica profesional. El protagonismo de la mujer, el respeto por sus derechos y el compromiso de los profesionales de salud constituyen los fundamentos de la humanización del parto. Palabras clave: Salud de la Mujer; Parto; Parto Humanizado; Humanización de la atención; Enfermería. EEAN.edu.br 2 Escola Anna Nery 21(4) 2017 Humanização do parto na ótica de enfermeiras Possati AB, Prates LA, Cremonese L, Scarton J, Alves CN, Ressel LB INTRODUÇÃO Ao longo do tempo, o partejar sofreu inúmeras mudanças. No final do século XIX, as mulheres pariam seus filhos com o auxílio de parteiras, em seu próprio domicílio.1 A presença dos médicos era solicitada somente quando havia alguma intercor- rência na hora do parto. Gradualmente, foram sendo introduzidas novas práticas no processo de parturição, tornando o parto medicalizado. Após a segunda guerra mundial, no século XX, com os avanços técnico-científicos e o desenvolvimento das ciências médicas, a gestação e o nascimento tornaram-se eventos hospitalares, nos quais eram utilizados meios tecnológicos e cirúrgicos.1 Nessa época, a Igreja e o Estado começaram a preocupar-se também com as questões relacionadas à saúde e cuidados da população.2 A partir dessas modificações, o aumento de intervenções no ciclo gravídico-puerperal e a excessiva medicalização con- tribuíram para um novo cenário de parturição, no qual a mulher passou a ser submetida a procedimentos desnecessários e sua autonomia deixou de ser respeitada. Os profissionais de saúde, consequentemente, passaram a ganhar destaque ao realizar esses procedimentos e tornaram-se os principais protagonistas deste evento.3 Ainda, nesse contexto, a mulher passou a ser internada precocemente no hospital. Neste, recebe poucas informações sobre os procedimentos aos quais será submetida, permanece sozinha ao longo do trabalho de parto (TP) e tem sua privaci- dade invadida.4 Atualmente, sabe-se que essas intervenções e condutas têm o potencial de desqualificar o cuidado fornecido à mulher durante o parto, desconsiderando os seus direitos e de sua família nesse processo. Diante disso, mudanças têm sido pro- postas pela Organização Mundial de Saúde (OMS), bem como pelo Ministério da Saúde e alguns órgãos não governamentais. Essas mudanças enfatizam o cuidado prestado às mulheres, incluindo o resgate do parto natural. Isso também têm estimulado a atuação de enfermeiras obstetras e equipes qualificadas na assistência à gestação e ao parto, além de ações de incentivo para que o parto seja tratado como um processo fisiológico, conduzido a partir da perspectiva da humanização.5 A atenção humanizada ao parto refere-se à necessidade de um novo olhar, compreendendo-o como uma experiência verdadeiramente humana. Acolher, ouvir, orientar e criar vínculo são aspectos fundamentais no cuidado às mulheres, nesse contexto.6 O conceito de humanização, neste estudo, envolve atitudes, práticas, condutas e conhecimentos pautados no desenvolvi- mento saudável dos processos de parto e nascimento, respei- tando a individualidade e valorizando as mulheres.7 Adotou-se o conceito de humanização conforme propõe o Programa de Humanização do Pré-natal e Nascimento (PHPN), o qual foi constituído em 2000, com o intuito de qualificar a atenção pré-natal no que tange ao seu acesso e cobertura, mas também aprimorar a atenção aos processos parturitivo e puerperal.8 De acordo com o PHPN, a humanização abrange o acolhi- mento digno à tríade mulher-bebê-família a partir de condutas éticas e solidárias. Para isso, é necessária a organização da instituição com um ambiente acolhedor em que prevaleçam práticas que rompem com o tradicional isolamento imposto à mulher. Também abrange a incorporação de práticas e proce- dimentos que possam contribuir para o acompanhamento e a evolução do parto e do nascimento, abandonando condutas despersonificadas e intervencionistas, que acarretam em riscos à saúde materno-infantil.8 O PHPN trouxe inúmeras recomendações de práticas clínicas e abordagens terapêuticas com base em evidências científicas, como a inserção de um acompanhante de livre escolha da mulher, a qualificação das relações interpessoais entre profissionais e parturientes, a produção de espaços de construção de saberes e informações, a participação, autonomia e maior controle decisório da mulher sobre o seu corpo, entre outros.9 A humanização da assistência tem papel importante para garantir que um momento único, como o parto, seja vi- venciado de forma positiva e enriquecedora. Nessa direção, este estudo orientou-se pela questão de pesquisa: "Quais os significados atribuídos por enfermeiras de um centro obstétrico ao parto humanizado?", sendo que o objetivo foi conhecer os significados atribuídos ao parto humanizado por enfermeiras de um centro obstétrico. MÉTODO Esta pesquisa caracterizou-se como um estudo com abor- dagem qualitativa, de campo e descritivo. O campo para a rea- lização da pesquisa foi o Centro Obstétrico (CO) de um hospital de ensino do sul do Brasil. Destaca-se que, no município, este é o hospitalde referência em atendimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para 42 municípios da região. As participantes do estudo foram seis enfermeiras que atuavam no CO do hospital. Na época, ao todo, atuavam oito enfermeiras. As enfermeiras participantes atuavam em turnos de trabalho distintos. Como critérios de inclusão, elencaram-se as enfermeiras que possuíam curso de graduação em enfermagem e que atuavam no CO do hospital. Já como critérios de exclusão, as enfermeiras que estavam afastadas ou de férias no período da realização da coleta de dados. A coleta dos dados se deu no mês de setembro de 2014, a partir do desenvolvimento da técnica de entrevista semies- truturada. Nas perguntas, foram questionados o significado do termo "humanização" e os aspectos gerais que as enfermeiras consideravam importantes sobre a temática. As entrevistas ti- veram cerca de 20 a 25 minutos de duração, sendo finalizadas/ interrompidas quando se deu a saturação dos dados, isto é, quando o objetivo foi respondido e verificou-se a redundância nos dados.10 A entrevista semiestruturada permitiu às entrevistadas a possibilidade de discorrerem acerca do objeto de estudo, sem se prenderem aos questionamentos formulados ou às respos- tas e condições prefixadas pela pesquisadora. Configurou-se 3 Escola Anna Nery 21(4) 2017 Humanização do parto na ótica de enfermeiras Possati AB, Prates LA, Cremonese L, Scarton J, Alves CN, Ressel LB um instrumento privilegiado para a coleta de dados, uma vez que permitiu fornecer uma representatividade do grupo de en- fermeiras, revelando, assim, seus sistemas de valores, normas e símbolos.10 As entrevistas foram gravadas em áudio, com prévia autori- zação e, após, foram transcritas visando à análise e interpreta- ção. Destaca-se que foi sugerida às participantes a realização da entrevista em outro local e data. Contudo, de acordo com suas disponibilidades e respeitando o local definido por elas, as coletas ocorreram no local de trabalho das participantes, pois acreditavam que não comprometeriam a assistência às usuárias. Adotou-se a proposta operativa como método de análise dos dados. Ela é dividida em dois níveis operacionais: explo- ratório e interpretativo.10 O primeiro nível operacional incluiu o conhecimento do contexto sócio histórico do grupo estudado. Já o segundo nível operacional, definido como interpretativo, consistiu no encontro com os fatos empíricos, com o intuito de encontrar a lógica interna, as projeções e as interpretações dos depoimentos das participantes. Essa fase foi dividida em duas etapas, que foram a orde- nação e classificação dos dados. A ordenação compreendeu o momento no qual foram transcritas e organizadas as falas das participantes, criando, assim, um mapa horizontal das desco- bertas no trabalho em campo; e a classificação de dados que consistiu no processo de construção do conhecimento de ma- neira mais complexa, percorrendo as seguintes etapas: a leitura horizontal e exaustiva dos textos, em que ocorreu a construção das categorias empíricas; a leitura transversal, na qual houve a separação do material por temas, categorias ou unidades de sentido, e a aproximação de elementos semelhantes; a análise final que abrangeu a análise do material empírico ancorada no referencial teórico; e o relatório final que consistiu na síntese e apresentação dos resultados desta pesquisa. Toda a pesquisa amparou-se na condução ética, sendo respeitados os dispositivos legais da Resolução nº 466/2012.11 O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa. Foi apresentado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido às participantes. Este documento foi elaborado em duas vias, das quais uma ficou em posse das participantes e a outra dos pesquisadores. Para preservar o anonimato, foi utilizado o sistema alfanumérico na apresentação das falas das enfermeiras, por meio da letra E, acompanhada de numeração (E1, E2, E3...), conforme a ordem das entrevistas. RESULTADOS E DISCUSSÃO As enfermeiras encontravam-se na faixa etária compre- endida entre os 24 e 52 anos. As participantes concluíram a graduação em enfermagem entre os anos de 1994 e 2013. Uma afirmou ter concluído o curso de especialização em enferma- gem obstétrica e pediátrica, duas possuíam especialização em enfermagem obstétrica, uma fez a residência multiprofissional em saúde materno-infantil e duas estavam desenvolvendo a residência multiprofissional na mesma área. Em relação ao estado civil, identificaram-se duas casadas, duas solteiras e duas em união consensual. O tempo de atua- ção na área de saúde da mulher variou de um mês até 18 anos. Assim, a partir da análise do material coletado, emergiu o núcleo de sentido "A humanização do parto: desvelando significados e práticas assistenciais entre enfermeiras". A humanização do parto: desvelando significados entre enfermeiras Infere-se que, quando o primeiro contato da parturiente com o serviço de saúde é baseado em ações pautadas no acolhi- mento e atenção às demandas de saúde, contribui-se para um cuidado humanizado e qualificado. Esclarecer sobre a rotina e os procedimentos que serão realizados também auxilia para que o processo de parturição seja vivenciado de maneira tranquila e confiante pela mulher. Assim, ao conceituar a humanização do parto, pode-se entendê-la como um movimento pautado na individualidade e singularidade feminina, valorizando o protagonismo da mulher e permitindo uma maior congruência do cuidado com o sistema cultural de crenças e valores.7,8 Tal situação pode ser observada nas falas, a seguir: A humanização do parto é um conjunto de condutas, atitudes, posturas, desde o acolhimento da paciente, na conversa, quando ela chega no hospital, a forma como tu aborda ela (E2). É realizar um acolhimento integral, desde a porta de entrada do hospital, por parte da equipe médica e de enfermagem, para a paciente e familiares que estão acompanhando. A orientação da conduta, do que se vai fazer com ela, a internação, todo o trabalho de parto, tudo com orientação prévia, com explicação (E3). Percebe-se que o acolhimento realizado e as orientações for- necidas foram considerados pelas enfermeiras como meios para a humanização do parto. Nota-se, ainda, que essas ações são importantes no cuidado prestado, não só para a mulher que chega ao serviço de saúde, como também para a família que a acompanha. O acolhimento compreende um momento oportuno para que a equipe de saúde possa demonstrar atenção, interesse e dispo- nibilidade, buscando conhecer e compreender as expectativas da parturiente e sua família, esclarecendo as dúvidas relacionadas à gestação e ao parto. O acolhimento tende a facilitar a relação da parturiente com os profissionais, evitando, assim, situações de estresse e angústia para a mulher e sua família.12 Além do acolhimento relatado pelas enfermeiras, pode-se observar, nas entrevistas, o incentivo à deambulação, ao po- sicionamento livre, à expressão de sentimentos e anseios e à participação ativa da mulher no processo de nascimento. As técnicas não farmacológicas para o alívio da dor, como a deambulação e o posicionamento livre, na visão das entre- vistadas, são práticas que devem ser realizadas no sentido de melhorar a assistência prestada e torná-la humanizada. 4 Escola Anna Nery 21(4) 2017 Humanização do parto na ótica de enfermeiras Possati AB, Prates LA, Cremonese L, Scarton J, Alves CN, Ressel LB Humanização do parto é tu saber quais são os anseios da gestante, permitir que ela se expresse, que ela pos- sa gritar, se ela acha que aquilo vai aliviar. Ela também pode, sim, ter um posicionamento livre, não ficar presa no leito (E1). É saber como que ela quer que seja esse parto, se ela quer um parto sentada, se ela quer de outra forma, ela que tem que escolher, não cabe a nós, como profissio- nais, julgarmos isso (E5). Compreende-se, a partir das falas das participantes, que a utilização de técnicas de conforto da
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