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CONTRATOS E RESPONSABILIDADE CONTRATUAL - unidade 4

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CONTRATOS E RESPONSABILIDADE 
CONTRATUAL
UNIDADE 4 - QUE OUTRAS FUNÇÕES 
ECONÔMICAS EXERCE O CONTRATO?
Roberto Braga de Andrade
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Introdução
Neste capítulo, trataremos de contratos que também cumprem importantes funções econômicas na vida das
pessoas, das empresas e da sociedade como um todo. Por exemplo, quando nos propomos a alcançar
determinado objetivo, mas percebemos que sozinhos, sem o auxílio de outras pessoas, não lograríamos nosso
intento, quais soluções o Direito nos oferece? A celebração de uma das espécies que compõem o grupo
denominado “contratos associativos” ou “contratos de colaboração” pode ser uma resposta, constituindo uma
solução eficiente.
E quando nós pretendemos vender um bem de valor considerável, como um imóvel ou um veículo automotor,
por exemplo, como podemos assegurar que o comprador irá, efetivamente, pagar o preço avençado? A
celebração de uma das espécies que compõem o grupo dos “contratos de garantia”, poderá proporcionar-nos
essa segurança. 
E, por falar em dinheiro, quando necessitamos dele para adquirir bens e serviços de que necessitamos, mas não
temos liquidez ou disponibilidade imediata para efetuar o pagamento do preço, que soluções o Direito nos
brinda? Você poderá encontrar a resposta estudando alguns dos chamados “contratos bancários”.
Além disso, examinaremos também outras figuras contratuais não menos importantes, como o seguro, o 
a locação de espaços comerciais em e a comercialização de Afora o depósitohedging, shopping centers software. 
bancário e a conta corrente bancária, sempre muito úteis às pessoas físicas, os contratos abordados neste
capítulo são praticados preponderantemente por e entre empresas, o que significa que eles cumprem importante
função de instrumentos pelos quais as organizações empresariais dão formatação jurídica às suas diversas
operações de aquisição e/ou prestação de bens e serviços. Isso tem levado alguns juristas, inclusive, a
conceberem como integrantes do gênero “contratos empresariais”, em oposição aos “contratos civis”, dotado de
certa autonomia e princípios jurídicos próprios. Vamos lá?
4.1 Contratos associativos
Dentre os contratos associativos, vêm ganhando importância crescente os chamados “contratos de colaboração
não societários”, que são decorrência das profundas mudanças no modo de fazer negócios ocorridas a partir do
final do século passado.
Contemporaneamente, o desenvolvimento da atividade de cada empresa liga-se de forma crescente à sua relação
de colaboração com outras empresas, que passam a ser consideradas não como “concorrentes”, mas, sim,
parceiras e aptas a dinamizar os resultados econômico-financeiros de suas respectivas operações. Integram esse
subgrupo dos contratos de colaboração não societários o a e os consórcios defranchising, joint venture 
empresas. Quer aprender mais sobre eles? Então prossiga com a leitura!
4.1.1 Sociedade
A sociedade é o contrato celebrado por duas ou mais pessoas, comumente denominadas “sócios”, pelo qual estes
se obrigam a contribuir com bens ou serviços para o exercício em comum de certa atividade econômica e a
partilhar, entre si, seus resultados econômico-financeiras (BRASIL, 2002, art. 981).
Oferecendo um elemento conceitual complementar, Roberto Senise Lisboa (2013, p. 399) salienta que, pelo
contrato de sociedade, “as partes resolvem constituir uma pessoa jurídica para determinado fim econômico.
Tanto pessoas físicas como pessoas jurídicas podem constituir uma pessoa jurídica, bastando que sejam
observados os pressupostos legais aplicáveis à espécie”. No Direito brasileiro, há duas espécies de sociedade: a
empresária e a simples.
• Sociedade empresária•
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• Sociedade empresária
Tem por escopo a exploração de uma empresa, conceituada como organização de pessoas, bens e atos
para a produção e circulação de mercadorias ou serviços destinados ao mercado, com uso maciço de
capital, insumos, mão de obra, tecnologia, dentre outros recursos, com o fim de lucro e sob a iniciativa e
o comando de um sujeito de direito “empresário”.
• Sociedade simples
Tem por escopo a exploração de atividades econômicas sem “empresarialidade”, isto é, o exercício de
profissões intelectuais de natureza científica, literária ou artística, como advogados, médicos,
engenheiros, arquitetos, artistas plásticos, literatos, músicos etc., ainda com o concurso de auxiliares ou
colaboradores. Porém, fique atento: se tais atividades se voltarem diretamente para o mercado,
colocando, indistinta e massificadamente, os serviços prestados à disposição do público e formando uma
estrutura própria para tanto, o exercício de tais profissões se caracteriza como empresa.
Figura 1 - Os sócios se obrigam a aportar recursos, trabalho e conhecimento em prol de um fim comum.
Fonte: Phovoir, Shutterstock, 2019.
Em relação às o Código Civil tipificou cinco “roupagens jurídicas”: a sociedade emsociedades empresárias, 
comum; a sociedade em nome coletivo; a sociedade em comandita simples; a sociedade em comandita por ações;
a sociedade limitada; e a sociedade anônima.
•
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Todavia, somente a e a têm importância econômica, pois, segundosociedade limitada sociedade anônima
Fábio Ulhoa Coelho (2013, p. 41),
[...] as demais, em razão de sua disciplina inadequada às características da economia da atualidade,
são constituídas apenas para atividades marginais, de menor envergadura. Entre 1985 e 2005, as
Juntas Comerciais registraram 64.332 sociedades limitadas, 7.977 anônimas e 842 sociedades
empresárias de outros tipos.
4.1.2 Franchising
O (franquia do negócio formatado) é contrato originário da práxis comercial norte-“business format franchising” 
americana, tipificado e regulamentado no Brasil pela Lei n. 8.955, de 15 de dezembro de 1994. Essa legislação,
além de traduzir para “franquia empresarial”, definiu o contrato como“franchising” 
[...] sistema pelo qual um franqueador cede ao franqueado o direito de uso de marca ou patente,
associado ao direito de distribuição exclusiva ou semiexclusiva de produtos ou serviços e,
eventualmente, também ao direito de uso de tecnologia de implantação e administração de negócio
ou sistema operacional desenvolvidos ou detidos pelo franqueador, mediante remuneração direta ou
indireta, sem que, no entanto, fique caracterizado vínculo empregatício (BRASIL, 1994, art. 2º).
O consiste em um sistema de gestão empresarial estruturado a partir de um modelo , oufranchising formatado 
VOCÊ O CONHECE?
Orlando Gomes dos Santos (1909-1988), mais conhecido como Orlando Gomes, graduou-se em 
Direito em 1930 pela Faculdade Livre de Direito da Bahia, atual Faculdade de Direito da
Universidade Federal da Bahia, quando tinha apenas 21 anos. De seu legado, destacamos a
obra publicada primeira vez em 1959, e considerada muito avançada para a“Contratos”, 
época, vindo a influenciar intensamente o contratualismo brasileiro. Disponível em: <
>.http://genjuridico.com.br/orlandogomes/
VOCÊ QUER LER?
O “ ” é o website oficial da Associação Brasileira de . Nele, vocêPortal do Franchising Franchising
encontrará informações relevantes sobre o contrato de franquia empresarial, tais como artigos
jurídicos, vídeos, notícias importantes e recentes do setor, assim como o Guia de Franquias
Associadas à ABF. Acesse: < >.https://www.portaldofranchising.com.br/
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O consiste em um sistema de gestão empresarial estruturado a partir de um modelo , oufranchising formatado 
seja, um modelo já desenhado, testado e estabelecido. Nela, o franqueador — detentor da marca consolidada, 
identidade corporativa etc. — transfere a seus franqueados toda a competência desenvolvida emknow-how, 
tudo o que diz respeito à implantação e operação do negócio, geralmente objetivando o varejo (REDECKER,
2002).
Assim, perceba que a franquia empresarial é multiplicação de um mesmo negócio de sucesso por meio da licença
dos direitos de uso deoutros bens imateriais de titularidade do franqueador, especialmente a transmissão de 
de planejamento, implantação e administração do estabelecimento ao franqueado, que passará aknow-how 
integrar a rede de franquia (SILVA; TUSA, 2011).
A Lei n. 8.955/94 inspirou-se no texto legal denominado pelo Direito norte-americano “Disclousure Statute”
(Estatuto da Transparência), cujo objetivo é assegurar maior transparência negocial por parte dos
franqueadores em face daqueles interessados em integrar sua rede, e para que possam decidir de forma
consciente a investir ou não seus recursos financeiros nos sistemas por eles desenvolvidos (SILVA; TUSA, 2011).
Assim, no Brasil, é exigência legal para o processo de franqueamento, a teor do artigo 3º da Lei n. 8.955 (BRASIL,
1994), a elaboração e divulgação do documento denominado “Circular de Oferta de Franquia” para os candidatos
interessados a integrar a rede de franquia. O objetivo é proporcionar o acesso a uma diversidade razoável de
informações sobre o negócio franqueado.
A entrega da Circular de Oferta de Franquia não se caracteriza como proposta e tampouco como aceitação do
candidato à rede, não gerando expectativas para nenhuma das partes na celebração do contrato. Isso porque a
entrega da Circular de Oferta de Franquia se configura como etapa meramente inicial das negociações, ou seja, a
entrega prévia de documento informativo sobre a rede, em cumprimento a uma obrigação legal (SILVA; TUSA,
2011).
4.1.3 e consórcio de empresasJoint venture
Joint venture
Em sentido geral, a pode ser entendia como associação para um determinado empreendimentojoint venture 
mercantil ou industrial, por cujos investimentos se obrigam e ou de cujos resultados fruem os seus participantes,
dentro do plano assentado em contrato (REALE, 2010).
Figura 2 - A joint venture é associação de empresas que para a consecução de um empreendimento comum.
Fonte: thirayut, Shutterstock, 2019.
Trata-se de ajuste interempresarial concluído com base e por meio de um contrato de sociedade constituída
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Trata-se de ajuste interempresarial concluído com base e por meio de um contrato de sociedade constituída
especialmente com o fim de atender à composição de esforços comuns, tendo em vista a realização, em caráter
permanente, de determinados objetivos econômicos (REALE, 2010). Note que, de um ponto de vista genérico, o
conceito de abrange toda e qualquer espécie de composição entre empresários ou sociedadesjoint venture 
empresariais, objetivando a realização conjunta de uma empresa.
As composições contratuais ou societárias que dão lugar às podem assumir as mais diversasjoint ventures 
configurações, sendo quase impossível enumerar todos os seus possíveis tipos ou modelos (REALE, 2010).
Consórcio de empresas
Consórcio de empresas “é a associação temporária de empresas com o fito de executar certo empreendimento,
sem criar um ente com personalidade jurídica, com contrato de constituição arquivado no registro de comércio”
(ESTEVES, 2011, p. 375). A formação de um consórcio pressupõe a criação de uma estrutura de cooperação mais
ou menos robusta e intensa, conforme o caso, que lhe confere a possibilidade de conduzir o negócio de forma
unificada (ESTEVES, 2011).
No consórcio de empresa, a individualidade das sociedades integrantes fica preservada, condição que decorre de
o consórcio não ser dotado de personalidade jurídica. A ausência de criação de um patrimônio individualizado
no novo ente que se cria, segregado dos bens das empresas que o integram, e que responda pelos débitos
contraídos no exercício da atividade comum (ESTEVES, 2011), é uma das principais notas características do
consórcio de empresas.
De modo geral, as razões que levam empresas a se reunirem em consórcio para levarem adiante determinado
empreendimento residem na conjugação de experiências, na reunião de recursos — equipamentos, estrutura 
física, ferramental, pessoal especializado, capacidades financeiras, e outros —, na otimização econômica do
projeto, ou ainda no compartilhamento dos riscos envolvidos, o que torna a associação o meio mais eficiente, ou
mesmo indispensável, para viabilizá-lo. Muitas vezes, o desempenho da atividade pretendida requer uma
diversidade de especialidades técnicas e de recursos que uma empresa não reuniria isoladamente, tornando a
associação indispensável para a participação de cada uma das consorciadas (ESTEVES, 2011).
A soma de capacidades financeiras é também um fator que permite a participação em certos empreendimentos
que requerem altos investimentos iniciais, aportes expressivos para suportar períodos em que o negócio
enfrenta fluxo de caixa negativo ou garantias financeiras, que dependem de crédito (ESTEVES, 2011).
4.2 Contratos de garantia
Os contratos de garantia constituem técnicas jurídicas distintas de asseguração do adimplemento das obrigações
contratuais da contraparte, principalmente as obrigações que têm por objeto o pagamento de quantia em
dinheiro. A fiança é uma garantia de natureza pessoal, denominada “fidejussória”, porque calcada na nafides, 
confiança do credor em relação à pessoa do garantidor, que é terceira pessoa distinta dos contratantes
originários, que assegura com seu patrimônio o pagamento o adimplemento das obrigações pecuniárias de uma
das partes.
Já a alienação fiduciária, o penhor e a hipoteca são “garantias reais”, assim denominadas porque uma res
(palavra em Latim que significa “coisa”) é posta à disposição do credor, de uma forma ou de outra. Assim, em
caso de o devedor não efetuar o pagamento, o credor de certa forma “se paga” por meio da alienação da coisa
dada em garantia.
Descubra mais sobre cada um desses contratos ao longo das próximas páginas!
4.2.1 Fiança
A fiança é o contrato pelo qual uma pessoa (denominada “fiador”) garante satisfazer ao credor (denominado
“afiançado”) uma obrigação assumida pelo devedor, caso este não a cumpra. A fiança pode ser estipulada sem o
consentimento do devedor, inclusive contra a sua vontade (BRASIL, 2002).
O fiador garante com seu próprio patrimônio o pagamento da dívida do devedor em face do afiançado, tendo a
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O fiador garante com seu próprio patrimônio o pagamento da dívida do devedor em face do afiançado, tendo a
finalidade de garantia do adimplemento. Trata-se de garantia pessoal, comumente denominada “fidejussória”,
pois fundado na confiança ( ) do afiançado na idoneidade do fiador.fides
Por outro lado, o fiador confia que o devedor cumpra suas obrigações, porque, na maioria dos casos, obriga-se na
esperança de que assim aja, sem causar-lhe danos. No Brasil, a fiança é modalidade de garantia das mais
utilizadas, desempenhando até os dias de hoje função relevante na vida econômica. Alguns contratos, como a
locação de imóveis urbanos, só se concluem com fiador, apesar de a lei admitir outras modalidades de garantia
(LÔBO, 2011).
O credor não é obrigado a aceitar o potencial fiador indicado pelo devedor, se julgar não ser pessoa idônea e com
patrimônio suficiente para garantir a dívida. Por outro lado, se o fiador vier a falir (se for sociedade empresária)
ou tornar-se insolvente (se pessoa física), o credor tem direito que ele seja substituído por outro fiador.
Salvo renúncia expressa ao que se costuma denominar “benefício de ordem”, se o fiador vier a ser demandado
pelo credor para pagar a dívida afiançada, ele tem o direito de exigir que este primeiro se volte contra o devedor
originário. Somente depois de esgotado o patrimônio deste, cobre-lhe o pagamento da dívida.
CASO
João aceitou alugar a Paulo seu apartamento a R$ 2.000,00 por mês, durante 30 meses, desde
que uma pessoa patrimonialmente idônea afiançasse a locação, função que foi aceita e
contratada com José. Transcorrido o prazo de 30 meses, a locação renovou-se tacitamente por
tempo indeterminado, pois Paulo continuou utilizando o imóvel e pagando os aluguéis, e João
não opôs qualquer objeção à continuidade da locação.Considerando esse contexto contratual, pergunta-se: E o contrato de fiança entre João e
José? Ele se extinguiu automaticamente ao se esgotar o prazo inicial da locação (30 meses), ou
ele também se renovou tacitamente por tempo indeterminado?
Resposta: o art. 39 da Lei n. 8.245 (BRASIL, 1991), que dispõe sobre as locações dos imóveis
urbanos, preceitua que “Salvo disposição contratual em contrário, qualquer das garantias da
locação se estende até a efetiva devolução do imóvel, ainda que prorrogada a locação por prazo
indeterminado, por força desta lei”. Como no contrato de fiança João e José não estipularam
nada em contrário, então a fiança também se renovou tacitamente por tempo indeterminado.”
(BRASIL, 2002).
VOCÊ SABIA?
A Lei n. 8.245, de 18 de outubro de 1991, que dispõe sobre as locações dos imóveis urbanos,
definiu o procedimento das ações judiciais relativas ao contrato de locação de imóvel urbano,
tais como (i) a ação de despejo por falta de pagamento de aluguéis, (ii) a ação de consignação
de aluguéis e acessórios da locação (quando o locador, por alguma razão, se nega a receber os
pagamentos de aluguel e acessórios da locação), (iii) a ação revisional de aluguel (para alinhar
o valor do locativo aos preços praticados pelo mercado e (iv) a ação renovatória da locação
para fins comerciais (quando o locador se nega a renovar a locação nas hipóteses definidas na
lei).
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Se o contrato de fiança tiver sido celebrado por tempo indeterminado, o fiador poderá denunciá-lo
unilateralmente sempre que lhe convier, permanecendo, todavia, vinculado ao contrato durante os sessenta dias
subsequentes à notificação do credor.
4.2.2 Alienação fiduciária em garantia
Segundo Gomes (1987), a alienação fiduciária em garantia é o negócio jurídico pelo qual o devedor, para garantir
o pagamento da dívida, transmite ao credor a propriedade de um bem, retendo-lhe a posse direta, sob a condição
resolutiva de saldá-la. A Lei n. 9.514, de 20 de novembro de 1997, que disciplinou a alienação fiduciária de bem
, concebeu a a alienação fiduciária como o negócio jurídico pelo qual o devedor, ou fiduciante (que podeimóvel
ser terceiro prestador da garantia fiduciária), contrata a transferência da propriedade resolúvel de bem imóvel
ao adquirente-credor fiduciário, exclusivamente com o escopo de garantia.
Trata-se de contrato de transmissão condicional, que serve de título à constituição da propriedade fiduciária em
garantia, e esta considera-se constituída mediante registro desse título no Cartório de Registro de Imóveis. Por
efeito do registro desse contrato, o fiduciário torna-se titular de propriedade sob condição resolutiva e o
fiduciante é investido em direito real de aquisição sob condição suspensiva, conservando consigo a posse do bem
(BRASIL, 1997, art. 22).
Seguindo seu curso normal, o contrato de alienação fiduciária, como o de qualquer garantia, tem sua existência
vinculada a uma obrigação e se extingue por efeito do adimplemento. Nesse sentido, o artigo 25 da Lei n. 9.514
/97 dispõe que “com o pagamento da dívida e seus encargos, resolve-se, nos termos deste artigo, a propriedade
fiduciária do imóvel”, que é cancelada por efeito da averbação do “termo de quitação” no Registro de Imóveis.
4.2.3 Penhor e hipoteca
Penhor
Pelo contrato de penhor, o devedor garante o pagamento de sua dívida entregando ao credor, dito “pignoratício”,
um bem móvel de valor equivalente, para que este o guarde até que a dívida seja integralmente solvida pelo de
vedor ou, caso este não o faça, o credor pignoratício se pague com o produto da venda do bem penhorado.
É o que prescreve o artigo 1.431 do Código Civil, ao dizer que “constitui-se o penhor pela transferência efetiva da
posse que, em garantia do débito ao credor ou a quem o represente, faz o devedor, ou alguém por ele, de uma
coisa móvel, suscetível de alienação” (BRASIL, 2002).
Pelo penhor, o credor da dívida é constituído depositário da coisa penhorada, com as obrigações estabelecidas
no artigo 1.435 do Código Civil (BRASIL, 2002). O penhor é contrato real, para cujo aperfeiçoamento não basta o
consenso das partes sobre a coisa a ser dada em penhor, sendo necessária também a entrega desta pelo devedor
ao credor. Ademais, é contrato solene, pois a lei exige que seja constituído por instrumento público ou particular.
Há diversas modalidades de penhor, como o agrícola, o pecuário, o industrial, o mercantil, o penhor de direitos e
títulos de crédito, o penhor de veículos, dentre outros.
Hipoteca
A hipoteca convencional é o negócio jurídico pelo qual o devedor garante o pagamento de sua dívida ao credor,
constituindo em favor deste um direito real sobre um bem imóvel. No dizer de Gonçalves (2012, p. 592),
hipoteca “é o direito real de garantia que tem por objeto bens imóveis, navio ou avião pertencentes ao devedor
ou a terceiro e que, embora não entregues ao credor, asseguram-lhe, preferencialmente, o recebimento de seu
crédito”.
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Figura 3 - Na hipoteca, o devedor afeta um bem imóvel para servir de garantia de pagamento do seu débito.
Fonte: fabio fersa, Shutterstock, 2019.
Diferentemente do penhor, o devedor continua na posse do imóvel hipotecado, conservando-o em seu poder e
exercendo sobre ele as faculdades inerentes ao domínio, inclusive a percepção de eventuais frutos. Todavia, o
seu direito deixa de ser pleno, pois o imóvel permanece vinculado à solução da dívida, pesando sobre ela o ônus
representado pelo direito real de garantia do credor.
O direito real de garantia não se surge com a celebração do contrato de hipoteca, mas com o registro deste no
Cartório de Registro de Imóveis, por força o artigo 1.227 do Código Civil, segundo o qual “os direitos reais sobre
imóveis constituídos, ou transmitidos por atos entre vivos, só se adquirem com o registro no Cartório de
Registro de Imóveis dos referidos títulos (arts. 1.245 a 1.247)” (BRASIL, 2002).
4.3 Contratos bancários
Os bancos são empresas que exploram a atividade de intermediação do crédito, recebendo dinheiro em depósito
e emprestando-o a terceiros, em seu próprio nome. Todavia, os bancos não são meros intermediários entre os
que possuem capital e os que dele necessitam, pois nas operações e nos contratos que realizam, agem sempre em
seu próprio nome. Ao receberem depósitos em dinheiro, constituem-se devedores dos depositantes, assumindo a
propriedade desses depósitos, empregando-os em seguida em empréstimos aos que necessitam de capital, o
fazem não em nome dos depositantes, mas em seu próprio nome, tornando-se, pois, credores dos prestamistas.
Vejamos, a seguir, os principais contratos bancários!
4.3.1 Depósito e conta corrente bancária
Depósito bancário é a operação pela qual uma pessoa entrega ao banco certa soma em dinheiro, que fica com a
obrigação de devolvê-la nas condições acordadas.
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Figura 4 - A práxis bancária criou inúmeras espécies de contratos, que têm sempre por objeto o dinheiro.
Fonte: sanjagrujic, Shutterstock, 2019.
Saiba que há diversas modalidades de depósito bancário. Quando a retirada do dinheiro pelo depositante é livre,
podendo solicitar a devolução da importância depositada por inteiro ou parcelarmente, diz-se que o depósito é
“em conta corrente”. À importância inicialmente depositada poderão acrescer outros depósitos, que aumentarão
o saldo credor do depositante perante o banco, e cada vez que o depositante retira uma importância do banco
faz-se a dedução de seu saldo. Para controle dos depósitos e retiradas, o banco fornece ao depositante o extrato
bancário.
4.3.2 Empréstimo e abertura de crédito
O empréstimo bancário é a operação pela qual o banco entrega a uma pessoa certa quantia em dinheiro, para
que a devolva no prazo e condições estipuladas no contrato. O empréstimo baseia-se no crédito, isto é, na
confiança que tem o banco na capacidade de pagamento do cliente e, nessas condições, o contrato se perfaz com
o simples consenso das partes.- -11
Figura 5 - Os contratos de mútuo com instituições financeiras são sempre onerosos, eis que sempre são cobrados 
juros do mutuário, que nada mais são que o “preço” do dinheiro.
Fonte: Barbara Baranowska, Shutterstock, 2019.
Todavia, é comum que os empréstimos sejam concedidos mediante a emissão de um título de crédito,
comumente a nota promissória, servindo esse título ao mesmo tempo de garantia e prova da operação. Em geral,
todas as operações ativas dos bancos são modalidades de empréstimo, diferenciando-se, apenas, quanto à
espécie de garantia oferecida pelo mutuário para que lhe seja concedido o capital de que necessita.
Chama-se “abertura de crédito” o contrato pelo qual o banco se obriga a pôr à disposição de um cliente uma
soma em dinheiro por prazo determinado ou indeterminado, obrigando-se este a devolver a importância,
acrescida dos juros pactuados, ao final do contrato. Porém, o cliente não fica obrigado a utilizar todo o crédito
posto à sua disposição, de modo que não utilizando toda a soma creditada, os juros serão calculados e pagos
apenas pelas importâncias utilizadas pelos clientes (RIZZARDO, 2013).
4.3.3 Desconto bancário, vendor e compror
Desconto bancário
Na lição de J. X. Carvalho de Mendonça, pela operação de “o banco antecipa ao credor adesconto bancário
importância de um título de crédito de soma líquida e vencimento breve, recebendo-o em transferência e
deduzindo do valor nominal os juros pelo espaço de tempo intercorrente desde a data da sua antecipação até a
do vencimento” (MENDONÇA, 1947, n. 1.456, p. 532).
De grande atualidade, o contrato de desconto é utilizado com frequência em todos os ramos empresariais e da
indústria, especialmente nas vendas a crédito. Representa uma forma de realização de capital líquido,
indispensável para o desenvolvimento das atividades a que se empenham os titulares de estabelecimentos
mercantis e industriais.
Vendor e compror
O termo tem origem na língua inglesa e significa . A aplicação desse vocábulo para designar a“vendor” vendedor
operação explica-se pelo fato de que ela está intimamente ligada ao fomento da venda de mercadorias.vendor 
Assim, entenda que o é o negócio jurídico por meio do qual o banco se compromete perante umvendor 
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Assim, entenda que o é o negócio jurídico por meio do qual o banco se compromete perante umvendor 
fornecedor de mercadorias ou serviços a abrir um crédito em favor de terceiros adquirentes desses bens, a fim
de financiar tais aquisições, com garantia fidejussória do fornecedor.
Entre o fornecedor e os terceiros adquirentes de suas mercadorias ou serviços, existe um vínculo mercantil,
normalmente expresso por uma relação de distribuição ou fornecimento. Independentemente da espécie de
vínculo jurídico existente entre eles, o que há de comum em todas as relações é certa habitualidade nas
aquisições de mercadorias ou serviços, possibilitando ao fornecedor e seus clientes a proximidade e o
conhecimento mútuo necessários para estabelecer a confiança tanto para a manutenção da relação quanto para
que o próprio se torne viável.vendor 
O pode ser entendido como uma variável do Nessa modalidade de compra e venda, o vendedorcompror vendor.
assume o risco pelo inadimplemento do cliente-comprador, pois este presta garantias ao banco pelo valor
emprestado ao adquirir os produtos da empresa fornecedora, sendo que o banco paga à vista a esta, a dívida
daquele, de forma que a relação creditícia com o cliente-comprador se transfere do fornecedor para o banco.
O é frequentemente praticado como um meio de financiamento da compra de grandes quantidades decompror 
matéria-prima e insumos empregados na produção de bens ou serviços, pois possibilita o pagamento à vista dos
fornecedores. Isso resulta na redução dos custos de produção, facilitando a gestão do fluxo de caixa da empresa.
Do ponto de vista do comprador, a vantagem reside na obtenção de melhores preços e/ou descontos junto aos
fornecedores, assim como o alongamento dos prazos para pagamento das compras. Para o fornecedor, a
principal vantagem substancia-se no recebimento à vista das vendas.
4.4 Outras espécies contratuais
Recolhem-se neste último grupo alguns contratos que são um tanto heterogêneos entre si, pois não se encaixam
perfeitamente nos grupos antecedentes. São eles o seguro, o a locação de lojas em e oshedging, shopping centers 
contratos de comercialização de softwares.
Os dois primeiros, são técnicas distintas de diluir os ricos da atividade empresarial. O emborashopping center, 
tenha por matriz a locação de imóvel urbano, distingue-se sobremaneira do modelo tradicional desta. Por fim, a
comercialização de é um misto entre compra e venda e prestação de serviços, condição explicável pelasoftwares 
natureza do bem “sui generis software”.
Vamos lá? Acompanhe este último bloco de conteúdo.
4.4.1 Seguro e hedging
Seguro
De acordo com o artigo 757 do Código Civil, pelo “contrato de seguro, o segurador se obriga, mediante o
pagamento do , a do segurado, relativo à ou à , contra prêmio garantir interesse legítimo pessoa coisa riscos
” (BRASIL, 2002 – ).predeterminados Grifo do autor
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Figura 6 - O contrato de seguro visa preservar o segurado dos riscos de eventuais acontecimentos danosos a seus 
bens ou à sua própria pessoa e de sua família.
Fonte: Cheryl E. Davis, Shutterstock, 2019.
Prêmio
O é o preço do seguro e corresponde à prestação do segurado, cujo valor éprêmio
definido em função de cálculos atuariais, que levam em consideração a sinistralidade de
determinada carteira de bens ou pessoas seguradas. Aqui, lembre-se de que a “Atuária” é a
parte da Estatística ligada a problemas relacionados com a teoria e o cálculo de riscos. O
prêmio serve para compor um fundo de recursos que permita à seguradora fazer frente às
eventuais indenizações que deverá prestar, bem como obter a justa remuneração pelas
garantias que oferece aos segurados.
Interesse
Em Direito, designa utilidade, vantagem ou proveito assegurado juridicamente,interesse 
referindo-se tanto a bens materiais como a bens espirituais, podendo apresentar um
conteúdo econômico, como em todos os seguros de dano, ou um conteúdo afetivo, como no
seguro sobre a vida de terceira pessoa. Já o é a chance de algo ruim acontecer.risco 
Garantia
Quanto à ela consiste na obrigação de cobrir o risco, a qual se efetiva no ato dagarantia,
contratação do seguro, independentemente da posterior verificação do risco e do eventual
pagamento da indenização.
Indenização
No que tange à ela é a causa pressuposta da garantia, sendo devida seindenização, 
preenchidas as condições da apólice, havendo situações em que a cobertura permanece,
mas o segurado perde o direito à indenização. Um exemplo é o caso de mora quanto ao
pagamento do prêmio (BRASIL, 2002, art. 763), ou omissão sobre a ocorrência do sinistro
e suas consequências (BRASIL, 2002, art. 771).
Há fundamentalmente duas grandes modalidades de seguro: o “seguro de dano” (ou seguro de coisa), e o “seguro
de pessoas”. Em relação ao , esclarecem Gagliano e Pamplona Filho (2018, p. 690) queseguro de dano
[...] para evitar o enriquecimento sem causa, e o intuito especulativo espúrio – que afrontaria a
natureza meramente compensatória da obrigação assumida pelo segurador, dispõe o art. 778 que ‘a
garantia prometida não pode ultrapassar o valor do interesse segurado no momento da conclusão do
contrato, sob pena do disposto no art. 766, e sem prejuízo da ação penal que no caso couber’”.
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contrato, sob pena do disposto no art. 766, e sem prejuízo da ação penal que no caso couber’”.
Uma vez efetuado o pagamento da indenização ao segurado, o segurador sub-roga-se nos direitos e ações que
competiam ao segurado contra o causador dos danos.
Quanto ao ensina Lisboa (2013, p. 421) que “podem-se realizar quantos contratos forem deseguro de pessoas, 
interesse do segurando, perante qualquer segurador”.No seguro de vida, assim como no seguro de acidentes
pessoais seguido de morte, o capital recebido pelo beneficiário não pode ser compensado com suas dívidas, e
nem é considerado herança para quaisquer fins legais.
Ainda no seguro de pessoas, e diferentemente do seguro de dano, o segurador não pode sub-rogar-se nos
direitos e ações do segurado, ou do beneficiário, contra o autor dos danos.
Hedging
 é negócio jurídico de natureza complexa e aleatória celebrado com o objetivo de reduzir os riscos deHedging
perda ou efetuar a cobertura desses riscos, decorrentes da variação do preço ajustado em outro negócio jurídico.
Trata-se, perceba, de um negócio jurídico que tem por finalidade proteger aquele que assume os riscos de uma
operação econômica.
No , a relação contratual é estabelecida com termo final ( ), tendo por base o preço originariamentehedging future
VOCÊ SABIA?
A maior disputa judicial em torno de um contrato ocorreu no início deste século, em virtude
dos ataques suicidas do grupo terrorista Al-Qaeda, que dizimou as duas torres gêmeas do
lendário “World Trade Center”, no centro de Nova Iorque, em 11 de setembro de 2001. As
seguradoras desses dois arranha-céus esperavam pagar uma indenização de
aproximadamente USD 3,6 bilhões. Todavia, Larry Silverstein, arrendatário do terreno onde
foram edificadas as torres, entendia ter direito a USD 7,2 bilhões. Para ele, teriam acontecido
dois sinistros segurados pelo contrato, cada um representado pela queda de uma torre, o que
justificaria a indenização duplicada. As seguradoras, por sua vez, sustentaram que o choque de
um avião em cada prédio não correspondeu a dois sinistros isolados, mas a apenas um, pois os
ataques teriam sido coordenados para atingir um único alvo formado pelas duas torres. Em
2004, o júri da Corte Federal de Manhattan decidiu em favor de Larry Silverstein, condenando
as seguradoras a pagar a indenização em dobro (SOUZA; ZANCHIM, 2011).
VOCÊ QUER VER?
Em 11 de setembro de 2001 o mundo inteiro assistiu atônito pela TV à série de ataques
suicidas aos Estados Unidos, coordenados pela rede terrorista Al-Qaeda, com destaque para o
choque de dois aviões comerciais sequestrados pelos terroristas contra as duas torres gêmeas
do célebre “World Trade Center”, situado no coração de Nova Iorque. Confira a reportagem
em: < >, e imagine a enormidade dehttps://www.youtube.com/watch?v=SQ_QbWA-m8w
problemas jurídicos que ele suscitou, sobretudo os impactos nas inúmeras relações
contratuais de execução continuada que se encontravam vigentes à época, em Nova Iorque.
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No , a relação contratual é estabelecida com termo final ( ), tendo por base o preço originariamentehedging future
fixado para a venda. Como, porém, a entrega da coisa é efetuada posteriormente, a obrigação poderá ser
liquidada pelo adquirente mediante o pagamento do valor primeiramente ajustado, acrescido do montante
correspondente à diferença líquida entre a cotação da data do contrato e a do dia do pagamento.
O é invariavelmente um contrato aleatório mercantil de operação na bolsa de mercadorias, por meio dohedging
qual se dá sua comercialização a termo, com a liquidação da diferença apurada.
4.4.2 Locação de loja em shopping center
Os são centros comerciais estruturados como espaços de múltiplas opções, que logram atrairshopping centers 
pessoas de todas as idades, dada a pluralidade de ofertas em suas lojas, quiosques, cinemas, praças de
alimentação, áreas recreativas, galerias climatizadas, estacionamentos operacionalizados, pessoal de apoio,
sendo que alguns estão guarnecidos com serviços de utilidade pública (como posto avançado da Polícia Federal
para emissão de passaportes). Esse complexo predial proporciona aos consumidores-visitantes um grau de
conforto e praticidade sem comparação com as lojas estabelecidas em vias públicas.
Figura 7 - A locação de loja em shopping centers possui diversas cláusulas diferenciadas da locação de imóvel 
urbano tradicional.
Fonte: Robbi, Shutterstock, 2019.
A composição de um obedece ao que se costuma denominar que é a ocupaçãoshopping center “tenant mix”, 
harmonizada dos seus espaços locáveis, seja com o devido equilíbrio dos ramos de comércio, seja com a
distribuição racional das suas atrações mais destacadas. Esse equilíbrio visa evitar tanto os excessos quanto a
escassez das ofertas de bens e serviços aos frequentadores do propiciando-lhes as melhores opçõesshopping, 
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escassez das ofertas de bens e serviços aos frequentadores do propiciando-lhes as melhores opçõesshopping, 
possíveis.
Premissa dos é a existência de um único proprietário, ou um grupo de proprietários em carátershopping centers 
de condomínio voluntário o que permite uniformizar e padronizar as regras de locação dos espaçospro indiviso, 
locáveis e as áreas comuns.
Hoje, predomina o entendimento de que o contrato entre os lojistas e o proprietário do —shopping center 
comumente intitulado “contrato de cessão de espaço em — é o mesmo contrato de locação deshopping center” 
imóvel urbano tipificado pela Lei n. 8.245, de 18 de outubro de 1991, mas que costuma abrigar cláusulas
. Citamos, como exemplos, o (i) critério diferenciação de fixação do valor do aluguel da loja, em que,especiais 
além de um valor fixo mínimo, a estipulação de certo percentual sobre o faturamento da loja, tendo o
proprietário do direito ao valor que resultar maior; (ii) o pagamento, pelo lojista, do que seshopping 
convencionou denominar “ que remunera a garantia de participar de um complexo integrado, cujores sperata”, 
somatório de elementos para a captação de clientela cria e desenvolve condições comerciais privilegiadas; (iii) a 
fixação contratual do 13º aluguel em dezembro, normalmente correspondente ao valor mínimo do aluguel; (iv) o 
direito do proprietário do por meio de seus propostos, de fiscalizar a “boca do caixa” do lojista, deshopping, 
modo a verificar as suas efetivas vendas, que são a base de cálculo do aluguel percentual.
A par do contrato específico de locação da loja, o lojista-locatário submete-se também à escritura declaratória de
normas gerais disciplinadoras das condições de utilização de sua loja e das áreas comuns. Exemplos dessas
normas são: a não interrupção das atividades da loja, a não abordagem de passantes, a promoção de vendas ou
serviços fora dos limites do espaço locado, o horário de funcionamento, inclusive domingos e feriados.
4.4.3 Comercialização de softwares
O ou programa de computador relaciona-se com o direito autoral, embora esteja inserido no âmbitosoftware 
das proteções outorgadas pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). O é tutelado pela Leisoftware 
n. 9.609, de 19 de fevereiro de 1998, e, subsidiariamente, pela Lei n. 9.610, de 19 de janeiro de 1998, que
consolida a legislação sobre direitos autorais no Brasil.
Segundo o artigo 1º da Lei n. 9.609,
“Programa de computador é a expressão de um conjunto organizado de instruções em linguagem
natural ou codificada, contida em suporte físico de qualquer natureza, de emprego necessário em
máquinas automáticas de tratamento da informação, dispositivos, instrumentos ou equipamentos
VOCÊ QUER LER?
No artigo “A relação contratual de ”, publicado na Revista do Advogado dashopping center
Associação dos Advogados de São Paulo – AASP, em outubro de 2012, Costa (2012) analisa
alguns aspectos peculiares a essa modalidade de locação de imóvel urbano, tais como a
relevância do fim comum na caracterização da relação entre empreendedor e lojistas, as notas
da durabilidade, relacionalidade e adesividade dos contratos, e as projeções dessas
características na interpretação das normas legais e contratuais aplicáveis. Confira: <
https://aplicacao.aasp.org.br/aasp/servicos/revista_advogado/paginaveis/116/index.asp?
>._ga=2.126986379.764261857.1547495782-2115463695.1544030449#/110-111/
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máquinas automáticas de tratamento da informação,dispositivos, instrumentos ou equipamentos
periféricos, baseados em técnica digital ou análoga, para fazê-los funcionar de modo e para fins
determinados” (BRASIL, 1998).
Figura 8 - A criação e comercialização de softwares exitosos é atividade econômica que movimenta bilhões de 
dólares.
Fonte: lassedesignen, Shutterstock, 2019.
Para todos os fins de direito, o é considerado um bem móvel imaterial. Seu autor tem direito não só àsoftware
tutela moral da sua autoria, como aos resultados patrimoniais obtidos com sua comercialização, podendo ceder
o seu uso mediante contrato oneroso de licença, e impedir a terceiros a comercialização de programas
assemelhados. Essa tutela, como os demais direitos do autor, estende-se pelo prazo de 50 anos.
A Lei n. 9.609/98 regulamentou os contratos que têm por objeto negócios relativos a programas de computador,
estabelecendo no artigo 10 o conteúdo mínimo dos contratos de licença de comercialização.
Síntese
Chegamos ao final deste capítulo. Aqui, você pôde conhecer um pouco da dinâmica dos contratos associativos e
de cooperação empresarial, como a sociedade, o a e o consórcio de empresas. Vimosfranchising, joint venture 
também os contratos de garantia, como a fiança, a alienação fiduciária em garantia, o penhor e a hipoteca, alguns
contratos bancários, bem como outras avenças coadjuvantes do desenvolvimento das atividades das empresas,
como o seguro de coisas e pessoas, o a locação de lojas em e a comercialização de hedging, shopping center 
.softwares
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
• diferençar os contratos de sociedade, , e consórcio de empresas;franchising joint venture 
• escolher entre celebrar fiança, alienação fiduciária em garantia, penhor ou hipoteca para melhor 
garantir os créditos que possui em face de seus devedores;
• optar pelo contrato bancário que melhor atenda às suas necessidades de crédito para obtenção dos bens 
ou serviços que deseja adquirir;
• compreender em que consistem os contratos de seguro, , locação de lojas em , hedging shopping center
•
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ou serviços que deseja adquirir;
• compreender em que consistem os contratos de seguro, , locação de lojas em , hedging shopping center
bem como os contratos de comercialização de .softwares
Bibliografia
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https://www.youtube.com/watch?v=SQ_QbWA-m8w>. Acesso em: 06/02/2019.
	Introdução
	4.1 Contratos associativos
	4.1.1 Sociedade
	Sociedade empresária
	Sociedade simples
	4.1.2 Franchising
	4.1.3 Joint venture e consórcio de empresas
	4.2 Contratos de garantia
	4.2.1 Fiança
	4.2.2 Alienação fiduciária em garantia
	4.2.3 Penhor e hipoteca
	4.3 Contratos bancários
	4.3.1 Depósito e conta corrente bancária
	4.3.2 Empréstimo e abertura de crédito
	4.3.3 Desconto bancário, vendor e compror
	4.4 Outras espécies contratuais
	4.4.1 Seguro e hedging
	4.4.2 Locação de loja em shopping center
	4.4.3 Comercialização de softwares
	Síntese
	Bibliografia

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