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1 SUMÁRIO 1. PALAVRA DO PROFESSOR-AUTOR........................................................... 02 2. TRABALHO A CÉU ABERTO....................................................................... 03 2.1 Prevenção em prática com uso de EPIs................................................... 06 2.2 Insalubridade no Trabalho ao Ar Livre...................................................... 07 2.3 IBUTG – Índice Bulbo úmido Termômetro de Globo................................ 08 2.4 Outras determinações da NR 21.............................................................. 10 2.5 NR 21 – Trabalho a Céu Aberto................................................................ 11 3. NR 22 - SEGURANÇA ESAÚDE OCUPACIONAL EM MINERAÇÃO.......... 18 3.1 Importância Econômica da Mineração no Brasil...................................... 20 3.2 Fases da Vida de uma Exploração Mineira.............................................. 21 3.3 Métodos de Lavra..................................................................................... 25 3.4 Operações de Lavra.................................................................................. 26 3.5 Processamento Mineral............................................................................ 32 3.6 Problemas Ambientais.............................................................................. 33 3.7 Programa de Gerenciamento de Risco – PGR......................................... 36 3.8 Programa de Proteção Respiratória – PPR.............................................. 44 4. FISCALIZAÇÕES E PENALIDADES............................................................. 57 4.1 Cálculo de Multas...................................................................................... 65 4.2 NR 28 – Fiscalizações e Penalidades....................................................... 69 5. INSPEÇÃO DE SEGURANÇA DO TRABALHO............................................ 77 5.1 Quem faz a Inspeção de Segurança?....................................................... 78 5.2 Tipos de Inspeção de Segurança quanto a Abrangência......................... 79 5.3 Tipos de Inspeção de Segurança quanto a Frequência........................... 80 5.4 Fases da Inspeção de Segurança do Trabalho........................................ 81 5.5 Ferramentas de Inspeção de Segurança do Trabalho.............................. 82 6. AUDITORIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO........................................... 86 6.1 Objetivo da Auditoria................................................................................. 87 6.2 Tipos de Auditoria..................................................................................... 89 6.3 Planejamento e Implantação de Auditoria................................................ 91 6.4 Benefícios da Auditoria............................................................................. 93 Atividades de Aprendizagem.......................................................................... 98 7. CLASSIFICAÇÃO DOS RISCOS OCUPACIONAIS...................................... 99 7.1 Tabela de Classificação dos Riscos......................................................... 101 8. DIALOGO DIARIO DE SEGURANÇA – DDS................................................ 103 8.1 Benefícios do Dialogo Diário de Segurança – DDS.................................. 104 8.2 Dicas para um Dialogo Diário de Segurança – DDS................................ 105 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS.............................................................. 110 CURRÍCULO DO PROFESSOR-AUTOR....................................................... 111 2 PALAVRA DO PROFESSOR- AUTOR No mundo moderno e competitivo, as relações entre empresas e colaboradores deixaram de serem consideradas simples relações de trabalho e passaram a ter um enfoque mais amplo. Isto não só envolve compromissos financeiros, mas qualidade de vida e de trabalho, passando, também, pela promoção que abrange ações sistemáticas na preservação do homem, do ambiente, da comunidade e da empresa. O Brasil, nos últimos anos, vem crescendo e ampliando o cenário de mineração, quanto aos acidentes do trabalho e suas consequências, ainda existe muito a ser melhorado e fiscalizado. Essas ações envolveram aspectos não só de legislação e fiscalização, mas também da implantação de valores prevencionistas, com a colaboração de profissionais capacitados e habilitados da área de Saúde, Segurança do Trabalho e Meio Ambiente. O desafio é superar preceitos e paradigmas antigos, estimulando as empresas e trabalhadores a perceberem a importância de ações preventivas, não só por obrigatoriedade legal, mas como um compromisso com a qualidade de vida, produtividade, lucro e sobrevivência. O objetivo geral da disciplina de Segurança do Trabalho III é oportunizar conhecimentos necessários ao aluno nas diversas áreas da Segurança do Trabalho, permitindo-lhe atuar, com eficiência e eficácia, no desenvolvimento de suas potencialidades no decorrer de suas atividades profissionais. Explorem as páginas a seguir e façam parte desse seleto grupo que executa suas ações de maneira responsável, sem colocar em risco sua integridade física e a dos demais colegas, zelando pelo sucesso de seu grupo de trabalho e da empresa onde exerce suas atividades. Lembre-se que para um bom aproveitamento será necessário estudar regularmente, disciplina, comprometimento, organização e responsabilidade. Assim será possível obtermos o sucesso necessário na aprendizagem. Começamos agora uma nova etapa, o segundo passo para o sucesso que os levarão a um futuro profissional de excelência! Bons estudos! 3 2.0 TRABALHO A CEU ABERTO. Tipifica as medidas prevencionistas relacionadas com a prevenção de acidentes nas atividades desenvolvidas a céu aberto, tais como, em minas ao ar livre e em pedreiras. A fundamentação legal, ordinária e específica, que dá embasamento jurídico à existência desta NR, é o artigo 200 inciso IV da Consolidação das Leis Trabalhistas - CLT. A norma regulamentadora 21, que trata do trabalho a céu aberto, aborda a obrigatoriedade de haver abrigos, ainda que rústicos capazes de proteger os trabalhadores contra as intempéries da natureza. Outro item da NR 21 estabelece a exigência de medidas especiais contra insolação excessiva, por causa do sol. Há calor, frio, umidade e ventos inconvenientes que os tornam expostos às doenças e aos acidentes. Contra as radiações UV, as empresas precisam dispor de protetor solar. O problema é que a proteção esbarra na inconveniência de precisar aplicar sobre a pele várias vezes durante o dia, na rua, quando termina seu efeito de proteção solar. “Mas, sabemos que também não é adequado passar o produto na pele com a mão suada e sem lavar”, afirma. Os efeitos do trabalho ao ar livre podem ir além de queimaduras, rugas e manchas na pele. Se não utilizarem protetor solar, os profissionais de trabalho ao ar livre podem desenvolver câncer de pele – causa primária de exposição ao sol – catarata e até tumores, segundo os dermatologistas. O calor, segundo o físico José Carlos Fernandes dos Santos pode ser definido como o fluxo de energia que acontece quando dois ou mais corpos possuem diferentes temperaturas, e espontaneamente, os corpos mais quentes 4 transferem a energia para os mais frios, até que se atinja o equilíbrio térmico. Em muitas atividades, os trabalhadores ficam expostos a altas temperaturas. O calor pode ser gerado por fontes artificiais (caldeiras, fornos) ou fontes naturais, como é o caso dos trabalhos a céu aberto. As conseqüências ao homem exposto ao calor são diversas e vão desde a fadiga, tonturas, desmaios, insolação, com possibilidades de um AVC – Acidente Vascular Cerebral, conforme exposto pela Fundacentro – Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicinado Trabalho. No organismo humano constantemente ocorre a troca térmica – ganhando ou perdendo calor – até que o mesmo se equilibre. Esta troca térmica acontece para que nosso corpo encontre um conforto térmico. Com a chuva, a situação é ainda mais complexa, pois a capa de chuva de cor amarela, que é o equipamento de proteção individual, com certificado de aprovação pelo Ministério do Trabalho e Emprego, não é bem aceita pelos coletores que preferem utilizar um saco de lixo, “transformado” em capa, que não dificulta seus movimentos. “Eles têm a lógica de economia de tempo, principalmente para dar conta do setor ao qual foram designados para recolher os sacos de lixo”, explica. A gestão desse trabalho na rua é feita pelo próprio trabalhador, o que dificulta resolver a questão da capa de chuva. “Cada tarefa desenvolvida na rua tem um componente afetivo, psíquico e subjetivo”. Quando esses trabalhadores burlam as prescrições de segurança, por exemplo, estão buscando um jeito de minimizar o desgaste do trabalho. Além da exposição às condições climáticas, os trabalhadores sofrem com a ausência de um local para satisfazer suas necessidades fisiológicas. Até hoje não há uma resolução para essa questão tão óbvia que é haver sanitários onde o trabalhador possa fazer as necessidades fisiológicas. Considerando as temperaturas do planeta que estão ficando cada vez mais elevadas, segundo relatórios de meteorologistas, esses trabalhadores sofrerão bastante. Em geral, nos escritórios, os trabalhadores encontram no ar condicionado, o refresco para o calor. Sabe-se que o trabalho no calor excessivo provoca mais cansaço e desgasta mais. O efeito natural da alta temperatura é a desidratação, que 5 leva ao aumento da fadiga, e a consequência é o risco de acidente do trabalho pela perda de concentração, ainda que os coletores e os carteiros movimentem-se bastante. O aumento do calor, somado à elevação da umidade do ar, torna mais difícil amenizar a temperatura corporal, o que pode levar a uma queda de produtividade nos meses mais quentes do ano em todo mundo. Trabalhar ao sol não é fácil mesmo. Além dos coletores de lixo e carteiros, os agentes de trânsito, operários da construção civil, funcionários de companhias de telefonia e eletricidade, trabalhadores da mineração, funcionários da rede portuária, etc, sofrem, pois o desgaste com altas temperaturas, no caso do calor chega a reduzir o ânimo. 6 2.1 Prevenções em Prática e uso de EPIs Em São Paulo, os garis passaram a utilizar mangas compridas e chapéus de legionário, que cobre a nuca e as laterais da face. A ECT (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos) já tornou o protetor solar de utilização obrigatória para os carteiros e os fornece gratuitamente, assim como óculos de sol e grau, com marca escolhida pelo trabalhador, além de guarda-chuva e capa de chuva aprovados pelo INMETRO. Mas a falta de conscientização continua sendo problemática no trabalho ao ar livre, pois os efeitos do mal causado não são imediatos, como ocorre com os acidentes de trabalho. Se o profissional de trabalho ao ar livre for ter câncer de pele, isso provavelmente ocorrerá quando ele já estiver aposentado. Isso torna o risco abstrato demais para que as pessoas dêem a devida importância. Ocorre que os especialistas advertem que somente o uso do protetor solar com no mínimo 30 FPS não é suficiente. Seria preciso agregar à proteção algumas medidas, tais como: Uso de blusa de manga comprida, em tecido leve para evitar o calor excessivo, boné e óculos de sol ou de proteção, de preferência, com lentes que protejam contra raios UV. Agendar as atividades de exposição ao sol até as 10h00min, retomando após as 15h00min. Preferir a bermuda, que cobre as pernas até os joelhos, aos shorts. Reaplicar o filtro solar a cada duas horas, pelo menos. Segundo o Inca (Instituto Nacional do Câncer), surgem no Brasil por volta de 130 mil novos casos de câncer de pele a cada ano. Mas enquanto o próprio Inca e a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) lutam por mais orientação para que esses itens sejam EPIs obrigatórios para profissionais de trabalho ao ar livre, há médicos que acham esse conceito relativo, pois teria de considerar antecedentes de câncer de pele, horário do trabalho, condições climáticas e se a pessoa tem maior tendência a desenvolver as doenças ocupacionais ocasionadas pelo trabalho ao ar livre. 7 2.2 Insalubridade no Trabalho ao Ar Livre. As atividades a céu aberto estão sujeitas as variações climáticas e intempéries, variação da radiação solar e outros fatores externos que influenciam na precisão da avaliação. Sendo assim, a caracterização da insalubridade por calor nessas atividades fica prejudicada. Com essa variação climática influenciando no ambiente, não é possível quantificar o número de horas e períodos do ano em que o trabalhador fica exposto ao calor acima dos limites de tolerância. A insalubridade por calor só pode ser caracterizada por fontes artificiais de calor. Portanto, para questões de Higiene Ocupacional, é dever da empresa adotar medidas de controle no ambiente de trabalho de forma que a Taxa Metabólica “M” fique compatível com o IBUTG (Índice Bulbo Úmido Termômetro de Globo) e portanto dentro dos limites de exposição. A neutralização através de EPIs não ocorre, pois não é possível determinar se estes reduzem a intensidade do calor a níveis abaixo dos limites de tolerância, conforme prevê o artigo 191, item II, da CLT. Os EPIs (blusões e mangas), muitas vezes, podem até prejudicar as trocas térmicas entre o organismo e o ambiente. Entretanto, os EPIs devem ser sempre utilizados, uma vez que protegem os empregados dos riscos de acidentes e doenças ocupacionais. Reduzindo-se o tempo de permanência junto às atividades pesadas (reduzindo o tempo de exposição) e planejando as atividades, constante hidratação e reposição de sais minerais, consegue-se neutralizar o risco físico Calor proveniente das atividades a céu aberto, protegendo os trabalhadores de desmaios, tonturas, quedas, problemas nos órgãos vitais (rim e fígado), sistema circulatório e cerebral. A exposição ao calor ambiental afeta na saúde psíquica e física do trabalhador. Como mostra a Secretaria da Educação do Estado do Paraná, o indivíduo exposto ao calor em excesso pode desenvolver “irritabilidade, fraqueza, depressão, ansiedade e incapacidade para se concentrar. Nos casos mais graves podem ocorrer alterações físicas.” 8 2.3 IBUTG -Índice de Bulbo Úmido e Termômetro Globo De acordo com a Fundacentro, a temperatura elevada prejudica a regulação da temperatura do corpo e pode causar males que vão desde fadiga a danos no cérebro. Quando o IBUTG (Índice de Bulbo Úmido e Termômetro Globo - índice de calor) ultrapassa o limite de 27,0 ºC, é preciso ficar atento. Com um índice de 32ºC a 54ºC, os danos são câimbras, insolação e possibilidade de AVC – Acidente Vascular Cerebral. Acima de 54ºC é risco extremo. Este índice é baseado na ponderação fracionada das temperaturas de globo, bulbo úmido e bulbo seco pela seguinte equação matemática: IBUTG = 0,7 x Tbn + 0,2 x Tg + 0,1 x Tbs (para ambientes com carga solar) ou 0,7 xTbn + 0,3 x Tg (para ambientes sem carga solar), onde Tbn é Temperatura de Bulbo Úmido Natural; Tg Temperatura de Globo e Tbs é Temperatura de Bulbo seco. O Índice de Bulbo Úmido - Termômetro de Globo – IBUTG utilizado para a avaliação da sobrecarga térmica é um método simples, baseado na combinação das leituras provenientes dos termômetros de globo, bulbo úmido e seco, correlacionando posteriormente a carga térmica ambiental com a carga metabólica do tipo de atividade exercida pelo trabalhador. Utiliza-se para essa medição o Medidor de Stress Térmico. 9 A Constituição Federal assume um compromisso de reduzir os riscos inerentesao trabalho com normas de saúde, segurança e higiene (art. 7º, inciso XXII), as NRs. A NR-6 e a CLT prevêem que o empregador tem obrigação legal de fornecer EPIs que protejam os trabalhadores dos riscos aos quais seu trabalho os expõem. A NR-21 é específica a respeito de trabalho ao ar livre, ou trabalho a céu aberto e abre possibilidades para o adicional de insalubridade, estabelecendo a prevenção com medidas especiais contra a insolação excessiva, o calor, o frio, a umidade e os ventos inconvenientes. O anexo 7 da NR-15 considera agentes não-ionizantes como os ultravioletas insalubres, podendo ocasionar catarata, câncer e outras doenças de pele e oculares. Também se considera que o trabalho ao ar livre torna o organismo menos resistente a infecções. Mas o Tribunal Superior do Trabalho (TST) não vê o trabalho ao ar livre ou a céu aberto necessariamente como insalubre. Segundo eles, está previsto na NR- 15 que o trabalho ao ar livre não garante o adicional de insalubridade, pois a prova técnica variaria de acordo com o dia, a hora e as condições climáticas vividas pelo profissional. Dessa forma, segundo o TST, embora os raios solares possam contribuir com doenças pelo aumento do calor, o trabalho a eles exposto não gera adicional de periculosidade (Precedente nº 173 da SDI/TST). Portanto, o adicional de insalubridade não pode ser concedido ao profissional de trabalho ao ar livre por conta de raios solares. Por outro lado, não os raios solares, mas a submissão excessiva ao calor em ambientes externos e com carga solar pode ser considerado um agente nocivo ao profissional de trabalho ao ar livre, segundo o anexo 3 da NR-15. Ele prevê que o calor pode prejudicar a saúde do trabalhador ao ar livre, podendo até mesmo levar à morte e causando: Dores de cabeça Mal estar Fraqueza Inconsciência 10 Câimbras Catarata Desidratações Erupções cutâneas Tonturas e Vertigens Convulsões e Delírios Logo, podemos dizer que há condições do trabalho ao ar livre que podem conferir o adicional de insalubridade. Mais um motivo para que o fornecimento de EPIs para profissionais envolvidos em atividades de trabalho ao ar livre seja uma preocupação da empresa. 2.4 Outras Determinações da NR-21 Trabalhadores que residam no trabalho devem dispor de condições sanitárias adequadas em alojamentos construídos em locais arejados, livres de vegetação e a pelo menos 50 metros de depósitos de feno, esterco, currais, estábulos, pocilgas ou viveiros de qualquer natureza. A capacidade da moradia deve ser dimensionada de acordo com o número de moradores e deve possuir ventilação e luz direta suficientes. As paredes devem ser caiadas e os pisos devem ser impermeáveis. É obrigatória a profilaxia de endemias nos trabalhos em regiões pantanosas ou alagadiças. As condições sanitárias do trabalho ao ar livre devem ser compatíveis com o gênero da atividade. O poço de água a ser utilizado pelo profissional de trabalho ao ar livre deve ser protegido contra a contaminação. O local de trabalho ao ar livre deve possuir banheiros arejados e bem ventilados, que devem ser mantidos limpos, em boas condições sanitárias e protegidos contra a proliferação de insetos, ratos, animais e pragas. 11 2.5 NR 21 – Trabalho a Céu Aberto 21.1. Nos trabalhos realizados a céu aberto, é obrigatória a existência de abrigos, ainda que rústicos, capazes de proteger os trabalhadores contra intempéries. 21.2. Serão exigidas medidas especiais que protejam os trabalhadores contra a insolação excessiva, o calor, o frio, a umidade e os ventos inconvenientes. 21.3. Aos trabalhadores que residirem no local do trabalho, deverão ser oferecidos alojamentos que apresentem adequadas condições sanitárias. 21.4. Para os trabalhos realizados em regiões pantanosas ou alagadiças, serão imperativas as medidas de profilaxia de endemias, de acordo com as normas de saúde pública. 21.5. Os locais de trabalho deverão ser mantidos em condições sanitárias compatíveis com o gênero de atividade. 21.6. Quando o empregador fornecer ao empregado moradia para si e sua família, esta deverá possuir condições sanitárias adequadas. 21.6.1. É vedada, em qualquer hipótese, a moradia coletiva da família. 21.7. A moradia deverá ter: a) capacidade dimensionada de acordo com o número de moradores; b) ventilação e luz direta suficiente; c) as paredes caiadas e os pisos construídos de material impermeável. 21.8. As casas de moradia serão construídas em locais arejados, livres de vegetação e afastadas no mínimo 50,00m (cinqüenta metros) dos depósitos de feno ou estercos, currais, estábulos, pocilgas e quaisquer viveiros de criação. 21.9. As portas, janelas e frestas deverão ter dispositivos capazes de mantê- las fechadas, quando necessário. 12 21.10. O poço de água será protegido contra a contaminação. 21.11. A cobertura será sempre feita de material impermeável, imputrecível, não combustível. 21.12. Toda moradia disporá de, pelo menos, um dormitório, uma cozinha e um compartimento sanitário. 21.13. As fossas negras deverão estar, no mínimo, 15,00m (quinze metros) do poço; 10,00m (dez metros) da casa, em lugar livre de enchentes e à jusante do poço. 21.14. Os locais destinados às privadas serão arejados, com ventilação abundante, mantidos limpos, em boas condições sanitárias e devidamente protegidos contra a proliferação de insetos, ratos, animais e pragas. 13 Resumo: Com as aulas aprendemos sobre o trabalho a céu aberto, observando medidas preventivas práticas e uso de EPI - Equipamento de Proteção Individual necessárias para a segurança do trabalho, bem como as consequências desse tipo de exposição. Conhecemos aspectos importantes do trabalho a céu aberto, suas particularidades, legislação, determinações e possíveis adicionais, referente a exposição através de avaliação quantitativa e cálculo de IBUTG. STRESS TÉRMICO É caracterizado pela união da produção interna do corpo a partir da atividade física desempenhada aos aspectos ambientais do local de trabalho que permitem a troca de calor entre o corpo e a atmosfera. Quando o sistema humano que regula a nossa temperatura interna, que deve ser por volta de 37 °C sofre uma sobrecarga e passa a não ter condições de manter essa temperatura, ocorre então o stress térmico. Pioneira na fabricação de tecidos profissionais no Brasil e líder da América Latina, a Santista Work Solution desenvolveu a tecnologia em tecido contra os raios UV, com sua linha Coldblack, que reduz a absorção dos raios solares em cores escuras e promove melhor gerenciamento térmico. O produto reduz a temperatura em até 5 ºC e minimiza o desconforto causado pelo calor. O tecido é ideal para uniformes utilizados por trabalhadores que ficam expostos ao sol durante longos períodos do dia. Sem dúvida, a proteção contra os raios UV é muito importante. 14 ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM 1. O que é calor? 2. Quais os efeitos do trabalho ao ar livre no corpo? 3. Cite algumas atividades que envolvem trabalho a céu aberto. 4. Acerca da Norma Regulamentadora 21 − Trabalhos a céu aberto, considere: I. O uso de abrigos capazes de proteger os trabalhadores contra intempéries é facultativo quando tais abrigos forem rústicos. II. Para os trabalhos realizados em regiões pantanosas ou alagadiças, serão imperativas as medidas de profilaxia de endemias, de acordo com as normas de saúde pública. III. Serão exigidas medidas especiais que protejam os trabalhadores contra a insolação excessiva: o calor, o frio, a umidade e os ventos inconvenientes. IV. O poço de água potável, escavado para o consumo familiar, deverá possuir cobertura de material inerte, rígido e não combustível. Está correto o que consta em a) I, apenas. b) II e III, apenas. c) IIIe IV, apenas. d) I e II, apenas. e) I, II, III e IV. 5. Sobre os trabalhos a céu aberto considere: I. É obrigatória a existência de abrigos, ainda que rústicos, capazes de proteger os trabalhadores contra intempéries. II. São facultativas as medidas especiais que protejam os trabalhadores contra a insolação excessiva, o calor, o frio, a umidade e os ventos inconvenientes, desde que acompanhadas pela CIPA. 15 III. Para os trabalhos realizados em regiões pantanosas ou alagadiças, deverão ser adotadas medidas idênticas aos trabalhos realizados em áreas secas. IV. Os locais de trabalho deverão ser mantidos em condições sanitárias compatíveis com o gênero de atividade. Está correto o que se afirma APENAS em: a) I e III. b) I e IV. c) II e III. d) III e) IV. 6. Os trabalhos realizados a céu aberto devem atender às recomendações da Norma Regulamentadora nº 21. No que se refere a essa norma, assinale a alternativa correta. a) Nos trabalhos realizados a céu aberto, não é obrigatória a existência de abrigos, ainda que rústicos, capazes de proteger os trabalhadores contra intempéries. b) Medidas especiais que protejam os trabalhadores contra a insolação excessiva, o calor, o frio, a umidade e os ventos inconvenientes serão exigidas. c) Aos trabalhadores que residirem longe do local do trabalho deverão ser oferecidos alojamentos coletivos, assim como para a sua família deles. d) Toda moradia disporá de, pelo menos, dois dormitórios e uma cozinha. e) As fossas negras deverão estar, no máximo, a cinco metros da casa. 7. A NR-21 trata das condições de “Trabalho a Céu Aberto”; e seu item 21.2. estabelece que: “serão exigidas medidas especiais que protejam os trabalhadores contra a insolação excessiva, o calor, o frio, a umidade e os ventos inconvenientes”. Qual é o inciso (item) do art. 200, da Seção XV - Das outras medidas especiais de proteção, da CLT que assegura a existência jurídica desta NR? IV - Proteção contra incêndio em geral e as medidas preventivas adequadas, com exigências ao especial revestimento de portas e paredes, construção de paredes contra fogo, diques e outros anteparos, assim como garantia geral de fácil circulação, corredores de acesso e saído amplas e protegido, com suficiente sinalização. 16 V - Proteção contra insolação, calor, frio, umidade e ventos, sobretudo no trabalho a céu aberto com provisão, quanto a este, de água potável, alojamento e profilaxia de endemias. VI - Proteção do trabalhador exposto a substâncias químicas nocivas, radiações ionizantes e não ionizantes, ruídos, vibrações e trepidações ou pressões anormais ao ambiente de trabalho, com especificação das medidas cabíveis para eliminação ou atenuação desses efeitos, limites máximos quanto ao tempo de exposição, à intensidade da ação ou de seus efeitos sobre o organismo do trabalhador, exames médicos obrigatórios, limites de idade, controle permanente dos locais de trabalho e das demais exigências que se façam necessária. VII - Higiene nos locais de trabalho, com discriminação das exigências, instalações sanitárias, com separação de sexos, chuveiros, lavatórios, vestiários e armários individuais, refeitórios ou condições de conforto por ocasião das refeições, fornecimento de água potável, condições de limpeza dos locais de trabalho e modo de sua execução, tratamento de resíduos industriais. VIII - Emprego das cores nos locais de trabalho, inclusive nas sinalizações de perigo. 8. Aos trabalhadores que residirem no local do trabalho, deverão ser oferecidos alojamentos que apresentem adequadas condições sanitárias. As fossas negras devem estar, no mínimo, a: a) Quinze metros do poço e quinze metros da casa b) Quinze metros do poço e vinte metros da casa c) Quinze metros do poço e dez metros da casa. d) Vinte metros do poço e dez metros da casa e) Vinte metros do poço e quinze metros da casa 9. A legislação do Ministério do Trabalho e Emprego sobre trabalho a céu aberto descrita na NR 21 é extremamente limitada no que diz respeito às regulamentações necessárias ao exercício das atividades profissionais nestas condições. Após uma série de alterações, é correto afirmar que a NR 21 define que a moradia deste trabalhador de ter: 17 a) No mínimo, um espaço de dormitório de 3m x 3m; piso e cobertura de alvenaria e iluminação satisfatória. b) Capacidade dimensionada de acordo com o número de moradores; paredes caiadas e piso de material impermeável e ventilação e luz direta suficiente. c) Espaço total de moradia de, no mínimo 3m x 3m, piso e cobertura de alvenaria e ventilação satisfatória. d) Paredes e pisos de material impermeável e dimensão mínima da moradia 4m x 4m. e) Pé direito mínimo de 2,5m; camas individuais no alojamento e um sanitário a cada cinco ocupantes. 10. Em relação aos trabalhos realizados a céu aberto, estes devem atender as recomendações da Norma Regulamentadora 21, descritas a seguir, EXCETO: a) Nos trabalhos realizados a céu aberto, não é obrigatória a existência de abrigos, ainda que rústicos, capazes de proteger os trabalhadores contra intempéries. b) Serão exigidas medidas especiais que protejam os trabalhadores contra a insolação excessiva, o calor, o frio, a umidade e os ventos inconvenientes. c) Aos trabalhadores que residirem no local do trabalho, deverão ser oferecidos alojamentos que apresentem adequadas condições sanitárias. d) Os locais de trabalho deverão ser mantidos em condições sanitárias compatíveis com o gênero de atividade. e) Para os trabalhos realizados em regiões pantanosas ou alagadiças, serão imperativas as medidas de profilaxia de endemias, de acordo com as normas de saúde pública. 18 3.0 NR 22 - Segurança e Saúde Ocupacional na Mineração A Norma Regulamentadora NR 22 - Segurança e Saúde Ocupacional na Mineração tem por objetivo disciplinar os preceitos a serem observados na organização e no ambiente de trabalho, de forma a tornar compatível o planejamento e o desenvolvimento da atividade mineira com a busca permanente da segurança e saúde dos trabalhadores. Os campos de Aplicação desta norma são: a) minerações subterrâneas; b) minerações a céu aberto; c) garimpos, no que couber; d) beneficiamentos minerais e e) pesquisa mineral Mineração é um termo que abrange os processos, atividades e indústrias cujo objetivo é a extração de substâncias minerais a partir de depósitos ou massas minerais. Podem incluir-se aqui a exploração de petróleo e gás natural e até de água, como atividade industrial, a mineração é indispensável para a manutenção do nível de vida e avanço das sociedades modernas em que vivemos. Desde os metais às cerâmicas e ao betão, dos combustíveis aos plásticos, equipamentos elétricos e eletrônicos, computadores, cosméticos, passando pelas estradas e outras vias de comunicação e muitos outros produtos e materiais que utilizamos ou de que desfrutamos todos os dias, todos eles têm origem na atividade da mineração. Pode-se sem qualquer tipo de dúvida dizer que sem a mineração a civilização atual, tal como a conhecemos, pura e simplesmente não existiria, fato do qual a maioria de nós nem sequer percebe. O Piauí é apontado pelos sites nacionais especializados em mineração como a nova fronteira do minério. Essa afirmação é confirmada com os números do 19 Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), órgão vinculado ao Ministério das Minas e Energia que mostram o Estado como o segundo do Nordeste e entre os dez maiores do país com incidência de minérios. Um dos pontos que chama a atenção é a diversidade da riqueza mineral piauiense, uma vez que não há apenas um minério específico em destaque, mas vários tipos como ferro, diamantes, fósforo, níquel, mármore, calcário, argila, opala e outros. Atualmente existem no Estado em torno de 3,5 mil títulos concedidos para pesquisas dos mais diversosminerais e muitas reservas já foram confirmadas e dimensionadas. A cidade de Pedro II, a 195 km de Teresina, é um dos dois locais no mundo onde é encontrada a opala, uma pedra semipreciosa muito utilizada na confecção de jóias. O garimpo, beneficiamento, lapidação e venda da Opala emprega diretamente cerca de 1.500 pessoas na cidade, que tem uma população de pouco mais de 37.500 habitantes. A opala de Pedro II (Piauí) é a única de qualidade nobre no Brasil e suas reservas, juntamente com as reservas australianas, formam as únicas jazidas de opala de importância no planeta. As reservas de Pedro II são: 12.469,354 kg de reservas medidas; 50.269,416 kg de reservas indicadas e 38.529,230 kg de reservas inferidas. O Piauí entrou na rota da extração de diamantes e pode se tornar referência mundial e se aproximar de números da Rússia e Botswana que hoje são os países líderes no setor na extração da pedra preciosa. Conforme pesquisa realizada pelo Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), em 2011 que aponta o município de Gilbués-PI, localizado a 742 quilômetros de Teresina-PI, possui uma grande reserva de diamantes. Estimado em dois milhões de quilates - o equivalente a 400 toneladas de pedra preciosa - o diamante do Piauí é puro e possui certificação de Kimberley, órgão criado pela Organização das Nações Unidas (ONU), para atestar diamantes quanto à sua origem e legalidade. 20 A Petróleo Brasileiro S/A – Petrobrás planeja investir 236,7 bilhões de dólares no seu Plano de Negocio e Gestão período entre 2013 e 2017. São 47,2 bilhões de dólares por ano e 900 projetos estão previstos para execução pela estatal em parcerias focadas na eficiência e na gestão. Os estudos realizados em 34 municípios do Estado, encravadas no semi-árido e nos Cerrados, localizados na bacia sedimentar do Rio Parnaíba, constataram a existência de gás e petróleo em quantidade comercial e de fácil prospecção e extração, como já acontecera no lado maranhense da Bacia do Parnaíba onde a OGX já explora o gás. 3.1 Importância Econômica da Mineração no Brasil A imagem um tanto negativa desta atividade junto da sociedade em geral, sobretudo nas últimas décadas, deve-se, sobretudo aos profundos impactos que ela pode ter no ambiente (sobretudo os negativos) e que têm sido a causa de numerosos acidentes ao longo dos tempos. Por último, não nos podemos esquecer que a capacidade desta atividade em fornecer à sociedade os materiais que esta necessita não é infinita, pois muitos dos recursos minerais explorados são, pelo contrário, bastante finitos. A economia brasileira sempre teve uma relação estreita com a extração mineral. Desde os tempos de colônia, o Brasil transformou a mineração - também responsável por parte da ocupação territorial - em um dos setores básicos da economia nacional. Atualmente, é responsável por 3 a 5% do Produto Interno Bruto. Importante na obtenção de matérias-primas, é utilizada por indústrias metalúrgicas, siderúrgicas, fertilizantes, petroquímica e responsável pela interiorização da indústria inclusive em regiões de fronteiras. Em 2000, o setor mineral representou 8,5 % do PIB - US$ 50,5 bilhões de dólares. É um setor, portanto de profunda importância, pois, além do que já representa para a economia nacional, o subsolo brasileiro representa um importante depósito mineral. Entre as substâncias encontradas, destacam-se o nióbio, minério de ferro (segundo maior produtor mundial), tantalita, manganês, entre outros. Deixando de lado aspectos já mencionados, não se pode esquecer que a atividade mineradora é responsável pela 21 criação de inúmeros empregos diretos, representando no ano 2000, 500.000 empregos e um saldo na balança comercial de US$ 7,7 bilhões de dólares. 3.2 Fases da Vida de uma Exploração Mineira Algumas minas trabalham com a extração mecânica e através de perfurações e detonações de minério de ferro, sendo utilizados neste processo trator de esteira, escavadeira, trator de pneu, patrol, carregadeira, caminhão fora de estrada que transporta o minério para ser beneficiado nas instalações de britagem e de concentração de minérios.Geralmente nas minas existem horários e avisos de detonações em diversas áreas. Isso ocorre para que essas áreas sejam evacuadas antes da detonação para que não haja nenhum tipo de acidente com os trabalhadores. É imprescindível nas minas ter uma equipe especializada de manutenção elétrica e principalmente uma Brigada de Emergência para que, em caso de acidentes, os trabalhadores tenham onde recorrer para a solução do mesmo. Alguns funcionários trabalham em equipamentos, mas para isso é necessário que neste equipamento tenha sido feito o bloqueio elétrico corretamente. E se necessário esses funcionários devem passar por um treinamento de bloqueio específico de cada unidade. Um dos maiores riscos de acidentes em uma mina ocorre por problemas com a eletricidade e para prestar socorro todos devem estar ciente de que o circuito esteja desligado antes de tocar na vítima para não ocorrer novos acidentes. Portanto o cuidado no manuseio da parte elétrica é essencial e deverá sempre ser feito por profissionais. O SESMT tem por objetivo a promoção da saúde e a proteção da integridade física do servidor no seu local de trabalho, e a norma que rege esses serviços é a NR4.Nela são dispostas as seguintes obrigações: Propor melhorias das condições de trabalho; Trabalhar em conjunto com a CIPAMIN*; Inspecionar equipamentos, veículos e áreas de trabalho; Especificar EPI; 22 Prestar acessória técnica às diversas áreas de trabalho; Assessorar na elaboração da análise preliminar de tarefa; Acompanhar a execução de obras e reformas; Treinar empregados/ contratados; Elaborar procedimento de segurança; Acompanhar visitas; Realizar auditorias nas áreas de trabalho; Elaborar relatórios gerenciais e estatísticos. *CIPAMIN = Comissão Interna de Prevenção de Acidentes na Mineração- NR 22 As Principais Causas de Acidentes de Trabalho em uma Mina são: Falta/falha de procedimento; Falta de treinamento; Treinamento ineficaz; Falha/falta de equipamento; Negligência do empregado; Negligência de terceiros; Falta de atenção ao executar a tarefa; Brincadeiras; Agente nocivo; Falha na comunicação; Falta de sinalização; Condição do ambiente; Não utilização de EPI; Falha de projeto; Não seguir procedimentos de segurança; Stress/Fadiga; Os riscos das atividades do setor mineral dependem de algumas condições, entre as quais podemos destacar: Tipo de mineral ou lavrado: Ferro, ouro, bauxita, manganês, mármore, granito, asbestos, talco etc.; 23 Formação geológica do mineral e da rocha encaixante (hospedeira). Tal conhecimento é importante, pois, dependendo da formação geológica, o mineral lavrado poderá conter outros minerais “contaminantes”, como, por exemplo, a conhecida possibilidade de contaminação do talco com amianto; Presença de gases. A ocorrência de gases, principalmente metano, é mais comum em rochas sedimentares do tipo carvão mineral e potássio, sendo importante atentar para sua presença especialmente em minas subterrâneas. É importante destacar também que gases podem se acumular em áreas abandonadas de minas subterrâneas, que apresentam riscos quando da sua retomada; Presença de água. Importante em minas subterrâneas, mas também em minas a céu aberto pelo risco de inundações; Métodos de lavra. Implicam em diversos riscos, pois alteram o maciço rochoso, possibilitando desabamento, se não forem executados adequadamente. A vida de uma exploração mineira (mina ou pedreira) é composta por um conjunto de etapas que se podem resumir a: Pesquisa para localização do minério. Prospecção para determinação da extensão e valor do minério localizado. Estimativa dos recursos em termos de extensão eteor do depósito. Planejamento, para avaliação da parte do depósito economicamente extraível. Estudo de viabilidade para avaliação global do projeto e tomada de decisão entre iniciar ou abandonar a exploração do depósito. Desenvolvimento de acessos ao depósito que se vai explorar. Exploração, com vista à extração de minério em grande escala. Recuperação da zona afetada pela exploração de forma a que tenha um possível uso futuro. De notar que entre a fase de pesquisa e o início da exploração podem decorrer vários anos ou mesmo décadas, sendo os investimentos necessários nesta fase muito elevados. 24 Além disso, devemos observar os seguintes documentos complementares: ABNT NBR 5413 - Iluminância de interiores. ABNT NBR 6327 - Cabo de aço para uso geral - Requisitos mínimos. ABNT NBR 6493 - Emprego das cores para identificação de tubulações. ABNT NBR 11725 - Conexões e roscas para válvulas de cilindros para gases comprimidos. ABNT NBR 11900 - Extremidades de laços de cabos de aço. ABNT NBR 12246 - Espaço confinado - Prevenção de acidentes, procedimentos e medidas de proteção. ABNT NBR 12790 - Cilindro de aço especificado, sem costura, para armazenagem e transporte de gases a alta pressão. ABNT NBR 12791 - Cilindro de aço, sem costura, para armazenamento e transporte de gases a alta pressão. ABNT NBR 13541 - Movimentação de carga - Laço de cabo de aço - Especificação. ABNT NBR 13542 - Movimentação de carga - Anel de carga. ABNT NBR 13543 - Movimentação de carga - Laços de cabo de aço - utilização e inspeção. · ABNT NBR 13544 - Movimentação de carga - Sapatilho para cabo de aço. ABNT NBR 13545 - Movimentação de carga - Manilhas. ABNT NBR 14725 - Ficha de Informações de Segurança de Produtos Químicos (FISPQ). Capítulo V do Título II da CLT - Refere-se à Segurança e Medicina do Trabalho. 25 3.3 Métodos de Lavra Relativamente ao modo de escavação as minas podem dividir-se em dois tipos principais: minas subterrâneas e minas a céu aberto. As minas a céu aberto apresentam menores riscos do que as minas de subsolo, não só no que se refere aos riscos de desabamento, mas quanto à exposição a poeiras minerais.O transporte em minas a céu aberto deve obedecer aos seguintes requisitos mínimos: Os limites externos das bancadas utilizadas como estradas devem estar demarcados e sinalizados, de forma visível, durante o dia e a noite; A largura mínima das vias de trânsito deve ser duas vezes maior que a largura do maior veículo utilizado, no caso de pista simples, e três vezes, para pistas; Nas laterais das bancadas ou estradas onde houver riscos de quedas de veículos, devem ser construídas leiras com altura mínima correspondente à metade do diâmetro do maior pneu de veículo que por elas trafegue. A escolha do método de lavra depende em grande parte da localização e forma do depósito mineral, devendo ser escolhido o método mais seguro e ao mesmo tempo mais econômico. O desmonte do minério pode ser efetuado por meios mecânicos (por exemplo, com escavadoras hidráulicas) ou com recurso a explosivos (na grande parte dos casos). Uma perfuratriz sendo utilizada na perfuração da rocha. 26 3.4 Operações de Lavra As operações executadas com vista à extração de um minério e até ao seu processamento são sequenciais e podem ser resumidas da seguinte forma (no caso de desmonte com explosivos): Perfuração – o minério é furado utilizando máquinas hidráulicas de perfuração; a perfuração é executada com diâmetro, comprimento e distâncias entre furos previamente calculadas; Desmonte – os furos previamente executados são preenchidos (ou carregados) com explosivo, procedendo-se então à detonação deste e consequente fragmentação do minério. Remoção – o minério assim fragmentado é carregado em caminhões, vagonetas ou outro meio de transporte, até a instalação de processamento, geralmente situada próximo da mina. Trabalhadores em uma mina subterrânea se preparando para realizar a remoção do minério através de vagões Segundo a Portaria no 237/01 do Departamento Nacional de Pesquisa Mineral (DNPM), para efeito de atendimento da NR 22, entende-se por empreendedor todo detentor de registro de licença; detentor de permissão de lavra garimpeira; detentor de alvará de pesquisa; detentor de concessão de lavra; detentor de manifesto de mina; detentor de registro de extração; aquele que distribui bens minerais; aquele que comercializa bens minerais e aquele que beneficia bens minerais. https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Fotothek_df_n-11_0000072.jpg 27 Entende-se por lavra: o conjunto de operações coordenadas que objetivam o aproveitamento industrial das jazidas, desde a extração das substâncias minerais até o beneficiamento destas. Sendo observadas as condições econômicas, sociais, geológicas, geográficas e ambientais para o planejamento do método de lavra. As responsabilidades básicas do empregador, também denominado nesta NR de permissionário de lavra garimpeira, são as mesmas previstas no Art. 158 da CLT como qualquer outro empregador. Para o setor da mineração, a NR 22 estabelece as seguintes responsabilidades: Estabelecer, em contrato, nome do responsável pelo cumprimento da presente Norma Regulamentadora; Interromper todo e qualquer tipo de atividade que exponha os trabalhadores a condições de risco grave e iminente para sua saúde e segurança; Garantir a interrupção das tarefas, quando proposta pelos trabalhadores, em função da existência de risco grave e iminente, desde que confirmado o fato pelo superior hierárquico, que diligenciará as medidas cabíveis; Fornecer às empresas contratadas as informações sobre os riscos potenciais nas áreas em que desenvolverão suas atividades; Coordenar a implementação das medidas relativas à segurança e saúde dos trabalhadores das empresas contratadas e prover os meios e condições para que estas atuem em conformidade com esta norma; Elaborar e implementar o PCMSO (NR 7); Elaborar e implementar o Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR), contemplando os aspectos da NR 22. A empresa ou Permissionário de Lavra Garimpeira deve proporcionar aos trabalhadores treinamento, qualificação, informações, instruções e reciclagem necessárias para preservação da sua segurança e saúde, levando-se em consideração o grau de risco e natureza das operações. 28 O treinamento admissional para os trabalhadores, que desenvolverão atividades no setor de mineração ou daqueles transferidos da superfície para o subsolo ou vice-versa, abordará, no mínimo, os seguintes tópicos: Treinamento introdutório geral com reconhecimento do ambiente de trabalho; Treinamento específico na função e orientação em serviço. Ambiente do trabalho. O treinamento introdutório geral deve ter duração mínima de seis horas diárias, durante cinco dias, para as atividades de subsolo, e de oito horas diárias, durante três dias, para atividades em superfície, durante o horário de trabalho, e terá o seguinte currículo mínimo: a) ciclo de operações da mina; b) principais equipamentos e suas funções; c) infraestrutura da mina; d) distribuição de energia; e) suprimento de materiais; f) transporte na mina; g) regras de circulação de equipamentos e pessoas; h) procedimentos de emergência; i) primeiros socorros; j) divulgação dos riscos existentes nos ambientes de trabalho constantes no Programa de Gerenciamento de Riscos e dos acidentes e doenças profissionais e l) reconhecimento do ambiente do trabalho. A empresa ou Permissionário de Lavra Garimpeira deve proporcionar treinamento específico, com reciclagem periódica, aos trabalhadores que executem as seguintes operações e atividades: 29 a) abatimento de chocos e blocosinstáveis; b) tratamento de maciços; c) manuseio de explosivos e acessórios; d) perfuração manual; e) carregamento e transporte de material; f) transporte por arraste; g) operações com guinchos e içamentos; h) inspeções gerais da frente de trabalho; i) manipulação e manuseio de produtos tóxicos ou perigosos e j) outras atividades ou operações de risco especificadas no PGR. Durante o planejamento, a viabilidade econômica é o fator mais importante para a seleção do método de lavra. Porém, aspectos de higiene, segurança, estabilidade da mina, a recuperação do minério e a produtividade máxima também são considerados. A escolha do método de lavra é o fator que possibilita o desenvolvimento da operação de extração do material. A escolha errada poderá trazer consequências negativas para a viabilidade da mina. Os métodos de lavra são limitados pelas condições de disponibilidade e o desenvolvimento de equipamentos, assim como, os aspectos tecnológicos, sociais, econômicos e políticos. Os métodos de lavra devem ser bastante flexíveis já que podem ocorrer mudanças devidas a alguns fatores inesperados que podem causar custos adicionais. Por isso, a maioria das minas utiliza mais de um método de extração. Depois de selecionado o método de lavra, deve se produzir condições adequadas para os funcionários, reduzir os impactos causados ao meio ambiente e ao mesmo tempo conseguir estabilidade na mina, durante sua vida útil. As características físicas do depósito, como a profundidade e sua extensão, limitam as possibilidades de aplicação de alguns métodos de lavra. 30 Além desses fatores, há outras considerações que devem ser analisadas: sobre as águas superficiais e subterrâneas, quanto às formas de drenagem e bombeamento; a permeabilidade do rochoso maciço, deformabilidade, resistência, etc. Todas devem ser aliadas as características da geologia estrutural - falhas, dobras, diques – avaliadas no início do projeto. A estabilidade política de um país, questões sociais e geográficas influenciam diretamente na escolha do método de lavra, pois, como por exemplo, a mineração em regiões remotas não desperta o interesse de operários qualificados e de sua permanência no local, isso influencia também os custos e a produtividade, o que afeta a escala de produção, pois esta depende do desenvolvimento tecnológico, que para uma operação grande exige uma infra-estrutura adicional. O critério de avaliação econômica é muito importante e deve ser levado em conta, assim como a situação financeira da empresa, pois se trata reconhecidamente de uma atividade que está sujeita a riscos elevados. Tipos de método de lavra: A metodologia adotada em determinado jazimento é aquela que apresenta menor custo. Existem mais de trezentas variações de métodos tradicionais, embora possa destacar o método de lavra a céu aberto e subterrânea como principais. Os tipos de método de lavra mais comuns, praticados no Brasil, podem ser: A céu aberto: método de bancos em cava ou encostas dependente das condições topográficas do terreno, a profundidade máxima da cava dependerá do teor e da relação entre estéril e minério, e as dimensões das plataformas de trabalho dependerão da produção e conveniência dos equipamentos. Subterrânea: lavra desenvolvida no subsolo em função de dois condicionantes, um é a geometria do corpo (inclinação e espessura) e o outro são as características de resistência e estabilidade dos maciços que constituem o minério e suas encaixantes. Realce auto-portantes: método que costuma exigir elevada continuidade e homogeneidade da qualidade do minério possuindo alta produtividade face á simplicidade das operações empregadas; 31 Câmaras e pilares: método que se presta bem à mecanização, desde que a espessura da camada permita a operação de equipamentos em seu interior; Subníveis: o método permite grande variação em sua aplicação, as perfurações podem ser descendentes, ascendentes ou radial, no Brasil é bastante empregado em vários locais; VCR – Vertical Crater Retreat (Recuo por Crateras Verticais): método de grande importância na mineração por ter permitido, pela primeira vez, a recuperação de pilares. A perfuração nesse método é sempre feita no sentido descendente. Suporte das encaixantes: os mais comuns são o recalque (shirinkage) e o corte e enchimento (corte e aterro). Método de menor produtividade, (devido aos desmonte menores, de um maior número de operações conjugadas e da dificuldade de manuseio do minério em recalque ou enchimento), quando comparado com aberturas auto-portantes em condições similares. Recalque: método que não se adéqua bem á mecanização, pois existe uma relação entre as dimensões dos equipamentos de perfuração e a espessura e inclinação da camada para que essa permita a operação dos equipamentos no seu interior. Corte e enchimento: método que permite lidar com variações quanto á continuidade e homogeneidade da qualidade do minério, provendo diluição e recuperação aceitáveis. Abatimento: os mais comuns são o abatimento em subníveis (praticado no Brasil), por blocos e longwall. Subníveis: método de perfuração ascendente no qual o teto vai sendo abatido de acordo com o encerramento das atividades de extração das galerias; Garimpagem Manual: lavagem do cascalho com equipamentos e ferramentas rudimentares e manuais. Garimpagem manual com auxilio da ação de águas pluviais: as águas abrem depressões na superfície do solo revelando a topografia e os níveis de cascalho. 32 Garimpagem manual com auxilio da ação de águas fluviais: pequenos córregos são desviados e direcionados para áreas definidas aleatoriamente que já tenham sido trabalhadas e possibilitem a concentração do material levado até lá pelas águas, que depois é peneirado. Garimpagem manual por catas: são abertos poços retangulares para chegar a níveis mineralizados, utilizando pás, picaretas, enxadeco, enxada e suruca (peneiras) para depois fazer a catação manual. Garimpagem mecânica por desmonte hidráulico: O material é extraído por um forte jato de água de alta pressão na direção da base do declive provocando um desmoronamento. Garimpagem mecânica por desmonte hidráulico em leitos submersos com auxilio de mascarita, escafandro e chupadora: Um sistema de bombeamento impulsiona a sucção da polpa formada muitas vezes com lâminas de água de 30 metros o ponto de sucção no fundo da água é atingido por tubulações nas quais a polpa é transportada. Os equipamentos utilizados são a mascarita, que é uma mascara de mergulho com oxigênio bombeado ao mergulhador, que leva junto uma pá e um saco para coletar cascalho; o escafandro, que é uma roupa especial impermeável que possui um aparelho respiratório para maior autonomia do mergulhador; e a chupadoura, que é um sistema flutuante do motor, bomba de sucção, compressor e outros equipamentos. Dragagem: Utilização de dragas no leito dos rios, onde a lavra está contra a corrente necessita do represamento do rio. A vantagem da dragagem é combinar várias operações em um único método; a draga desmonta, carrega e transporta o material. 3.5 Processamento Mineral O processamento mineral ou tratamento de minérios consiste de uma série de processos que têm em vista a separação física dos minerais úteis da ganga (a parte do minério que não tem interesse econômico e que é rejeitada) e a obtenção final de um concentrado, com um teor elevado de minerais úteis. Os métodos utilizados 33 podem ser físicos ou químicos e podem ser divididos de forma aproximadamente sequencial em: Fragmentação primária Granulação Moagem Classificação (pode estar incluída entre os vários tipos de fragmentação e concentração) Concentração O produto obtido na fase final de concentração é o produto final da atividade de uma mina, sendo vendido por um preço estabelecido de acordo, sobretudo, masnão só, com o teor de metal que contem. 3.6 Problemas Ambientais Precipitado de hidróxido de ferro num regato recebendo águas ácidas de uma mina de carvão (Missouri, Estados Unidos). Atualmente as companhias mineiras são obrigadas a cumprir normas ambientais, de encerramento e funcionamento bastante restritas, de forma a assegurar que a área afetada pela exploração mineira regressa à sua condição https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Iron_hydroxide_precipitate_in_stream.jpg 34 inicial, ou próxima da inicial e em alguns casos até melhor que a inicial. Alguns métodos de exploração antiquados tiveram (e continuam a ter), em países com fraca regulamentação, efeitos devastadores no ambiente e na saúde pública. Pode ocorrer contaminação química grave do solo nas áreas afetadas, a qual pode ser ampliada e disseminada, por exemplo, pela água, criando situações de contaminação acriana maciça. Outros problemas ambientais possíveis são a erosão, subsidência, abandono de resíduos perigosos, perda de biodiversidade e contaminação de aquíferos e cursos de água. No entanto, as explorações mineiras modernas têm práticas que diminuíram significativamente a ocorrência destes problemas, sendo alvo de constantes apurações ambientais. O caso Samarco marcou o ano de 2015 como um desastre de grandes proporções ambientais (há quem afirme que se trata do maior desastre ambiental da história brasileira). O rompimento da barragem de Fundão, a qual retinha rejeitos de mineração, demonstra a importância de um sistema de gestão eficaz. A extração mineral, atividade desenvolvida pela Samarco, é enquadrada legalmente como atividade potencialmente poluidora, sendo passível de licenciamento ambiental. O controle de licenças é um importante instrumento que permite o atendimento de condicionantes do órgão ambiental. Licenças próprias devem ser controladas para evitar que sejam cometidos desvios, mas licenças de fornecedores e prestadores de serviços também devem ser controladas. Ora, se uma empresa realiza ações ambientalmente adequadas, não faz sentido que a mesma adquira produtos ou contrate serviços que não o façam. Normalmente o prazo que o órgão ambiental fornece para a solicitação de renovação da licença é de 4 meses antes do vencimento da mesma. Porém, é sabido que existe certa dificuldade quando tratamos de burocracia envolvendo órgãos públicos, e isto também deve ser considerado no controle das licenças.Manter as licenças dentro do prazo de vencimento evita sanções frente às entidades de controle. 35 A elaboração de um Plano de Atendimento a Emergências é um trabalho complexo e muito importante. Ele descreve formas de como agir em casos emergenciais, assim como os recursos que a empresa possui para o atendimento a estas situações. A realização de simulados de emergência é uma boa forma de avaliar o quanto o Plano está adequado à realidade da empresa. A análise do simulado é a oportunidade de verificar onde ocorreram erros e quais as oportunidades de melhoria no atendimento a uma emergência, uma vez ocorrida a emergência real, é essencial os funcionários saberem seu papel e que atitudes tomar para a melhor resolução do evento. O Ministério do Trabalho encontra irregularidades na Samarco, a fiscalização começou após rompimento da barragem de Fundão a mineradora recebeu 23 autos de infração, começou em 2015, depois da tragédia provocada pelo rompimento da barragem de Fundão. Os fiscais analisaram a barragem de Fundão e a própria mineradora Samarco durante cinco meses e dos 23 autos de infração, 18 estão relacionados a irregularidades referentes à saúde e à segurança no trabalho; e um diz respeito à terceirização ilícita, relativa à contratação de empresa para atividade-fim da mineradora (alteamento da barragem), o que fere o artigo 41 da CLT e a Súmula 330 do TST. Os demais autos referem-se à jornada de trabalho: foram constatadas horas-extras em excesso, falta de intervalo entre as jornadas e redução de intervalo de repouso e refeição. a grande maioria relacionada a irregularidades referentes à saúde e à segurança no trabalho. Uma das graves infrações foi a terceirização de um serviço que a mineradora não poderia ter terceirizado. A barragem de Fundão se rompeu no dia 5 de novembro de 2015. Distritos e cidades foram destruídos pela lama, em Minas Gerais. A água dos rios Doce, do Carmo e Gualaxo ficou contaminada. Os rejeitos chegaram até o mar, no Espírito Santo. Na tragédia, 19 pessoas morreram: cinco eram de Mariana, uma trabalhava na Samarco e 13 em empresas contratadas por ela. Entre as irregularidades trabalhistas, os fiscais apontam excesso de hora extra e falta de intervalo entre as jornadas dos funcionários. Além disso, na 36 documentação da Samarco não foram encontrados registros de que a empresa tenha adotado medidas para o caso de rompimento da barragem, como simulações e alertas para os moradores dos vilarejos que ficavam logo abaixo da mineradora e que foram atingidos. O relatório concluiu que a tragédia foi provocada por uma mistura de problemas estruturais com falhas operacionais graves. Assim, o sistema de gestão integrado em saúde, segurança e meio ambiente da empresa deve ser sólido o bastante para conseguir manter seus pilares erguidos e fortemente apoiados. Qualquer fraqueza em um deles pode levar a estrutura a desmoronar. E as consequências sempre são catastróficas. 3.7 Programa de Gerenciamento de Risco – PGR O PGR é como se fosse o PPRA da mineração. O PGR , conforme o item 22.3.7.1.3 da NR 22 substitui o PPRA na indústria da mineração. E contém etapas de elaboração que foram criadas exclusivamente para buscar neutralizar as situações e agentes causadores de risco na mineração. Segmento esse que tem riscos muito particulares. O Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR) tem como principal objetivo prevenir a ocorrência de acidentes ambientais que possam colocar em risco a integridade física dos trabalhadores, bem como a segurança da população e o meio ambiente. Assim, para a sua efetividade, o PGR deverá ser estruturado contemplando todas as ações necessárias para a prevenção de acidentes ambientais, bem como para a minimização de eventuais impactos caso ocorram situações anormais. A implantação do PGR, melhora a produtividade e as condições de trabalho do colaborador e também previne futuros processos judiciais cíveis trabalhistas e previdenciários, pois evita o surgimento de doenças ocupacionais e acidentes de trabalho. O PGR se aplica as empresas de Minerações subterrâneas, minerações a céu aberto, garimpos, no que couberem, beneficiamentos minerais e pesquisa mineral. 37 Cabe à empresa ou Permissionário de Lavra Garimpeira elaborar o Programa de Gerenciamento de Riscos – PGR, contemplando todos os aspectos da NR-22, independente do número de trabalhadores. O PGR substitui o PPRA – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais. O PGR tem que ser renovado anualmente. Além das medidas para a redução dos riscos, o Gerenciamento de Riscos de uma instalação deve contemplar também ações que visem mantê-la operando, ao longo do tempo, dentro de padrões de segurança considerados aceitáveis ou toleráveis. O Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR) previsto na NR 22 contempla, no mínimo, os itens relacionados abaixo: Riscos físicos, químicos e biológicos; Atmosferas explosivas; Deficiências de oxigênio; Ventilação; Proteção respiratória, de acordo com a Instrução Normativa MTb/SSST no 01, de 11/04/94; Investigação e análise de acidentes do trabalho; Ergonomia e organização do trabalho; Riscos decorrentes do trabalho em altura, em profundidade e em espaços confinados; Riscos decorrentes da utilização de energia elétrica, máquinas, equipamentos, veículos e trabalhos manuais; Equipamentos de proteção individual de uso obrigatório, observando-seno mínimo o constante na NR 6; Estabilidade do maciço; Plano de emergência; 38 Outros resultantes de modificações e introduções de novas tecnologias. O Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR) deve incluir as seguintes etapas: Antecipação e identificação de fatores de risco, levando-se em conta, inclusive, as informações do Mapa de Risco elaborado pela Comissão Interna de Prevenção de Acidentes na Mineração (Cipamin), quando houver; Avaliação dos fatores de risco e da exposição dos trabalhadores; Estabelecimento de prioridades, metas e cronograma; Estabelecimento de prioridades, metas e cronograma; Acompanhamento das medidas de controle implementadas; Monitoramento da exposição aos fatores de riscos; Registro e manutenção dos dados por, no mínimo, 20 anos; Avaliação periódica do programa. O PGR inclui todas as etapas do PPRA (NR 9), por isso a Instrução Normativa INSS/PRES nº 20 estabelece que o PGR pode substituir o Laudo Técnico de Condições Ambientais do Trabalho (LTCAT) para fins de comprovação da atividade especial. O PGR deve ser apresentado e discutido na Cipamin, para acompanhamento das medidas de controle sob pena de multa. Da mesma forma que o PPRA, o PGR deve complementar a realização do levantamento ambiental quantitativo dos agentes ambientais (físicos ou químicos). A identificação dos níveis de exposição servirá de base para a elaboração do PCMSO. Caso isto não ocorra, haverá a possibilidade de serem efetuados exames médicos periódicos que nada tenham a ver com os riscos a que o funcionário se encontra exposto. A NR 22 não determina a qualificação do profissional que irá elaborar o PGR. Entretanto, para atender ao nível de complexidade exigido. 39 A existência do Art. 195 da CLT nos leva a acreditar que somente laudos ambientais assinados por engenheiros de segurança e/ou médicos do trabalho terão validade legal em caso de litígios trabalhistas no campo da insalubridade e da periculosidade, embora não esteja definido explicitamente, entendemos que o PGR deva ser atualizado anualmente ou quando ocorrerem modificações no processo de trabalho. Tal qual o PPRA, o PCMSO e os levantamentos ambientais, o PGR deverá ser guardado por 20 (vinte) anos. O trabalho nas atividades potencializa a ocorrência de acidentes do tipo: Queda de “chocos” em minas subterrâneas: depende das condições de estabilidade do maciço rochoso, do sistema de contenção adotado e sua manutenção, pressão por produtividade e existência, ou não, de iluminação suficiente para identificação da sua existência; Desmoronamentos e quedas de blocos: podem ocorrer não só em minas de subsolo, mas em minas a céu aberto; Máquinas e equipamentos sem proteção, tais como correias transportadoras, polias, guinchos etc.; Eletricidade: fiação elétrica desprotegida, disjuntores e transformadores sem proteção, supervisão e manutenção insuficiente e falta de sinalização são alguns dos fatores de risco elétrico; Falta de proteção de aberturas dos locais de transferência e tombamento de minério, escadas com degraus inadequados, escorregadios e sem corrimãos, passarelas improvisadas sem guarda-corpo e corrimão; Iluminação deficiente: propicia quedas e dificulta a identificação de chocos em minas subterrâneas; Pisos irregulares; Trânsito de equipamentos pesados. Os riscos ambientais mais comuns na mineração são: 40 Físicos: 1. Radiações ionizantes: presentes em minerações de urânio, podendo ainda ocorrer na presença de radônio, principalmente em minas subterrâneas. Em usinas de beneficiamento, também podem ser utilizados medidores radioativos em espessadores e silos de minério; 2. Radiações não-ionizantes: ocorrem em atividades de solda e corte e são decorrentes da exposição à radiação solar, que é de grande importância em minas a céu aberto; 3. Frio: ocorre em minas a céu aberto em regiões montanhosas e frias e em níveis superiores de minas de subsolo, cujo sistema de ventilação exige o resfriamento do ar utilizado; 4. Calor: ocorre exposição em trabalhos a céu aberto e em níveis inferiores de minas subterrâneas, sendo neste caso dependente do grau geotérmico da região e do sistema de ventilação utilizado; 5. Umidade: ocorre em trabalhos a céu aberto, em operações de perfuração a úmido, usinas de beneficiamento e em casos de percolação de água em trabalhos subterrâneos; 6. Ruído: é um dos maiores fatores de risco presentes no setor mineral e decorre da utilização de grandes equipamentos, britagem ou moagem, atividades de perfuração (manual ou mecanizada), utilização de ar comprimido e atividades de manutenção em geral; 7. Vibrações: também presentes na operação de grandes equipamentos como tratores, carregadeiras, caminhões e no uso de ferramentas manuais como marteletes pneumáticos e lixadeiras. Químicos: 1. Poeiras minerais: a de maior importância é a sílica livre, cuja ocorrência vai depender das condições geológicas locais. Outras poeiras também são importantes, como poeiras de asbestos, manganês, minério de chumbo e de cromo; 2. Fumos metálicos: presentes nas atividades de beneficiamento (moagem, britagem e fundição) e nas atividades de solda e corte; 41 3. Névoas: geradas, por exemplo, nos processos de perfuração decorrentes do óleo de lubrificação do equipamento, sendo mais importantes na perfuração manual; 4. Gases: o de maior importância é o metano, em virtude do risco de explosão e incêndio, principalmente em minas de carvão e potássio. Outros produtos químicos podem estar presentes, tais como cianetos (nos processos de beneficiamento de minério de ouro), uso de graxas, óleos e solventes nas operações de manutenção em geral. Biológicos: 1. Exposição a fungos, bactérias e outros parasitas: decorrentes de precárias condições de higiene, tais como falta de limpeza dos locais de trabalho e de sanitários e vestiários, sendo clássica a maior incidência de tuberculose em trabalhadores silicóticos (silicotuberculose). Os fatores potenciais de risco, decorrentes da organização e processos de trabalho, envolvem: Esforço físico excessivo: decorrentes de grandes percursos a pé (minas a céu aberto ou em subsolo), uso de escadas de grande extensão, quebra manual de rochas e abatimento manual de “chocos”; Levantamento e transporte de pesos. Uso e transporte de ferramentas pesadas (marteletes, brocas integrais, hastes de abatimento de “chocos”), manuseio de pás e movimentação manual de vagonetas; Posturas inadequadas: percurso de galerias muito baixas e abatimento manual de chocos em minas subterrâneas, trabalhos sobre minério desmontado, trabalhos sobre máquinas e assentos inadequados de equipamentos; Controle de produtividade, ritmos de trabalho excessivos, monotonia e repetitividade, trabalhos em turnos e prorrogação de jornada de trabalho. Nas atividades abaixo relacionadas serão designadas equipes com, no mínimo, dois trabalhadores: a) no subsolo, nas atividades de: 42 I. abatimento manual de choco e blocos instáveis; II. contenção de maciço desarticulado; III. perfuração manual; IV. retomada de atividades em fundo-de-saco com extensão acima de dez metros e V. carregamento de explosivos, detonação e retirada de fogos falhados. b) a céu aberto, nas atividades de carregamento de explosivos, detonação e retirada de fogos falhados. Quanto ao direito dos trabalhadores, o princípio básico mais importante diz respeito ao fato que o trabalhador não é obrigado a executar uma tarefa que o coloque em uma situação de risco grave e iminente - é o chamado Direito de Recusa. Da mesma forma, o trabalhador tem o direito de ter acesso a todas as informações sobre os riscos dos processos e atividades executadas em suas áreas de responsabilidades - é o chamado Direito de Saber. Este item está alinhado com a NR 1 - Disposições Gerais. Em complemento,segundo a NR 22, são direitos dos trabalhadores de mineração: Interromper suas tarefas sempre que constatar evidências que representem riscos graves e iminentes para sua segurança e saúde ou de terceiros, comunicando imediatamente o fato a seu superior hierárquico que diligenciará as medidas cabíveis; Ser informados sobre os riscos existentes no local de trabalho que possam afetar sua segurança e saúde. No dimensionamento, projeto, instalação, montagem e operação de transportadores contínuos, devem ser observados, sem prejuízo das demais exigências desta Norma, os controles especificados nas análises de riscos constantes do Programa de Gerenciamento de Riscos previsto no subitem 22.3.7 e as especificações das normas técnicas da ABNT aplicáveis, especialmente as NBR 6177, NBR 13.742 e NBR 13.862. 43 Os transportadores contínuos de correia já em uso e que foram construídos antes da vigência do estabelecido no subitem 22.8.1 devem possuir medidas de controle para mitigar os riscos identificados na fase de avaliação do Programa de Gerenciamento de Riscos. Este programa (PGR) foi uma forma simples de agrupar e organizar em um único documento uma série de ações e ferramentas obrigatórias para o gerenciamento de segurança, saúde e meio ambiente no setor de mineração. Muitas destas ações encontram-se detalhadas em outras normas e para tanto se faz necessário o conhecimento mais aprofundado dos seguintes itens: Programa de Proteção Respiratória (PPR) - (Instrução Normativa MTb/SSST no 01, de 11/04/94 - NR 6); Programa de Conservação Auditiva (PCA) - (Ordem de Serviço INSS/DSS no 608/98, NR 6 e NR 7); PCMSO (NR 7) e PPRA (NR 9 e NR 15); Estudos de Classificação de Áreas e Inspeção de Riscos com Eletricidade (NR 10); Inspeção de riscos decorrentes do trabalho em altura, em profundidade e em espaços confinados (deficiência de oxigênio) (NR 18); Inspeção de riscos decorrentes do trabalho com explosivos (NR 19); Inspeção de riscos decorrentes do trabalho com líquidos inflamáveis e combustíveis (NR 20); Alem dos conhecimentos acima devemos ficar atentos ainda a CIPAMIN- Comissão Interna de Prevenção de Acidentes na Mineração, que tem por objetivo estabelecer diretrizes de ordem administrativas, de planejamento e de organização, que objetivam a implementação de medidas de controles e sistemas preventivos de segurança nos processos de mineração. A CIPAMIN será composta de representante do empregador e dos empregados, o mandato dos membros eleitos terá duração de um ano, permitida uma reeleição, onde irão observar e relatar as condições de risco no ambiente de 44 trabalho, visando a prevenção de acidentes e doenças decorrentes do trabalho na mineração, identificando os setores de maior risco com base nos dados do PGR, no relatório anual do PCMSO, na estatística de acidentes do trabalho elaborada pelo SESMT e outros dados e informações relativas à segurança e saúde no trabalho disponíveis na empresa. 3.8 Programa de Proteção Respiratória - PPR O Programa de Proteção Respiratória foi criado pela Instrução Normativa nº 1, de 11 de abril de 1994, do Ministério do Trabalho e Emprego. O Programa de Proteção Respiratória (PPR) é um processo para seleção, uso e manutenção dos respiradores com a finalidade de assegurar proteção adequada para o usuário. Este item apresenta os requisitos mínimos de um PPR, bem como os pormenores de como preparar os procedimentos escritos que fazem parte do programa. Antes de se utilizar um respirador, é essencial que seja estabelecido um PPR, por escrito, com os procedimentos específicos para o local de trabalho. O programa deve ser implantado, avaliado e atualizado sempre que necessário, de modo a refletir as mudanças de condições do ambiente de trabalho que possam afetar o uso de respirador. O PPR deve ser compreendido por todos os níveis hierárquicos da empresa. Conteúdo mínimo O texto do PPR deve conter, no mínimo, os seguintes elementos: a) Política da empresa na área de proteção respiratória; b) Abrangência; c) Indicação do administrador do programa; d) Regras e responsabilidades dos principais atores envolvidos; e) Avaliação dos riscos respiratórios; f) Seleção do respirador; g) Avaliação das condições físicas, psicológicas e médicas dos usuários; h) Treinamento; 45 i) Ensaio de vedação; j) Uso do respirador e política da barba; k) Manutenção, inspeção, limpeza e higienização dos respiradores; l) Guarda e estocagem; m) Uso de respirador para fuga, emergências e resgates; n) Qualidade do ar/gás respirável; o) Revisão do programa; p) Arquivamento de registros. A maioria desses elementos deve ser detalhada na forma de procedimentos operacionais escritos. Os procedimentos operacionais descrevem as ações tomadas pela empresa para atender aos requisitos o uso rotineiro de respiradores Os procedimentos operacionais devem ser escritos e, incluir, no mínimo: a) Seleção dos respiradores para cada operação em que seu uso seja considerado necessário; b) Avaliação da condição médica dos usuários; c) Treinamento dos usuários; d) Ensaios de vedação adotados; e) Distribuição dos respiradores; f) Limpeza, higienização, inspeção, manutenção, descarte e guarda dos respiradores; g) Monitoramento do uso; h) Monitoramento do risco. Os procedimentos escritos para emergência ou salvamento devem: 46 a) Definir os prováveis respiradores a serem usados, considerando os materiais e as substâncias utilizados, os equipamentos, a área de trabalho, o processo e as pessoas envolvidas em cada operação; b) Com base nesta análise preliminar, verificar se os respiradores disponíveis podem proporcionar a proteção adequada quando os usuários tiverem de entrar na área potencialmente perigosa. Existem situações que podem impedir usuários de respiradores de entrar em uma atmosfera imediatamente perigosa à vida ou à saúde (IPVS), por exemplo, ambientes onde haja o risco potencial de atmosferas inflamáveis ou explosivas. c) Indicar os respiradores apropriados e distribuí-los em quantidade adequada para uso nas situações de emergência ou salvamento; d) Indicar como esses respiradores devem ser mantidos, inspecionados, higienizados e guardados, de modo que sejam acessíveis e estejam em condições de uso imediato, quando necessário. Os procedimentos devem ser revistos por pessoa que esteja familiarizada com o processo industrial em particular ou com a operação. As ocorrências passadas que exigiram o uso de respiradores para situações de emergência e salvamento e as consequências que resultaram do seu uso devem ser levadas em conta, além das possíveis consequências ocasionadas por falhas eventuais dos respiradores, falta de energia, ocorrência de reações químicas não controláveis, fogo, explosão, falhas humanas e riscos potenciais que podem resultar do uso desses respiradores. É importante que o PPR seja implementado, avaliado e atualizado, quando necessário, de modo a refletir mudanças nas condições de trabalho que possam afetar a seleção e o uso do respirador. Para isto, é necessário definir uma estratégia de ação, preparar materiais de divulgação, formar agentes multiplicadores, estabelecer um cronograma de ações e prioridades e prover recursos financeiros. O empregador deve atribuir a uma só pessoa a responsabilidade e a autoridade pelo programa. Ela deve ser qualificada por treinamento ou possuir experiência compatível com a complexidade do PPR para implementar e administrar 47 de modo apropriado o programa, bem como conhecer e estar atualizada no que se refere às publicações e aos regulamentos legais vigentes. É recomendável que seja da área de Higiene Ocupacional, da Medicina do Trabalho ou da Engenharia de Segurança da própria empresa. O administrador do PPR poderá indicar pessoas competentes para
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