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CURSO DE DESMONTE DE ROCHAS POR EXPLOSIVOS - FORMAÇÃO DE BLASTER Instrutor: Marcelo Lopes Mendes - Engenheiro de Minas CREA-MG 73.235/D CONSULTORIA E SERVIÇOS DE MINERAÇÃO E MEIO AMBIENTE www.riograndeminas.com.br 1 1. INTRODUÇÃO 1.1. O Blaster O BLASTER, também chamado de “Cabo de Fogo” ou “Encarregado de Fogo” é o profissional habilitado para a atividade e operação com explosivos, sejam elas de mineração, de pesquisa, de construção civil, etc. Qualquer atividade de desmonte de rocha exige, obrigatoriamente, um plano de fogo, que deve ser elaborado por profissional técnico habilitado. Para a execução do plano de fogo também é obrigatório o acompanhamento técnico, que por sua vez fica a cargo do BLASTER, que é responsável pelo armazenamento dos explosivos, preparação das cargas, carregamento das minas, ordem de fogo, detonação e retirada dos explosivos não detonados e providências quanto ao destino adequado das sobras de explosivos. 1.2. O Desmonte de Rochas por Explosivos O desmonte de rochas por explosivo é uma operação complexa que constitui em uma das principais responsáveis pelos custos de lavra de uma mina, e pelos custos globais de mineração. A detonação busca um material com características de granulometria e volume que melhor favorecerão as operações subseqüentes, incluindo a britagem. Além dessas características principais a detonação deverá produzir o mínimo de riscos e incômodos possíveis. Nas detonações próximas a áreas urbanizadas deverão ser tomadas precauções quanto a ruídos e nível de vibração do solo, além de ultra-lançamento e condições do maciço remanescente. Os explosivos também são utilizados em outras atividades, dentre elas o desmonte de edificações como prédios, casas e estruturas civis, como viadutos e pontes. O desmonte a explosivo para esses casos se torna muitas vezes a opção melhor, sendo mais econômica e mais rápida. Para aberturas de galerias, túneis e poços são utilizados os chamados fogos de pilão, quando não existem faces livres suficientes. Nesta técnica, as faces livres são criadas através de furos estrategicamente posicionados e não carregados. Foram desenvolvidas também técnicas de desmonte para deixar taludes bem acabados e seguros, onde o maciço remanescente é preservado. Tais técnicas são muito utilizadas nas obras civis, entretanto a mineração vem fazendo uso delas. Essas técnicas são chamadas de detonações controladas ou “Controlled Blasting”. Existem atualmente outros tipos especiais de detonação, que são apenas citados na presente apostila, que se aplicam para: gelo; árvores grandes; blocos de rochas ornamentais; blocos grandes; diques; trincheiras etc. CURSO DE DESMONTE DE ROCHAS POR EXPLOSIVOS - FORMAÇÃO DE BLASTER Instrutor: Marcelo Lopes Mendes - Engenheiro de Minas CREA-MG 73.235/D CONSULTORIA E SERVIÇOS DE MINERAÇÃO E MEIO AMBIENTE www.riograndeminas.com.br 2 2. HISTÓRICO Desde a pré-história o homem vem trabalhando as rochas, seja para a confecção de armas de caça, utensílios, adornos, e em alguns casos, para a construção de abrigos. Essas rochas eram extraídas de forma rudimentar, valendo-se dos planos de estratificação, bem como do grau de fraturamento. Com o passar dos tempos, foi-se evoluindo, passando-se a utilizar cunhas e alavancas, além de choque térmico, que foi utilizado enormemente em todo o mundo, inclusive no Brasil. Desmontavam-se assim, rochas para suporte e ornamentação das casas, igrejas e monumentos da época. A pólvora foi, sem dúvida, o primeiro passo para o desenvolvimento de quase uma centena de produtos, hoje em dia, conhecidos como explosivos. Inicialmente utilizada pelos chineses como pirotécnico passou com algumas modificações a propelente de projéteis e armamentos em geral. No fim da Idade Média (por volta de 1354 d.C.), na Europa, o monge Shwartz obteve mistura explosiva, semelhante a dos chineses, que foi em seguida adotada e aplicada em suas diversas formas e variações, para fins bélicos. Os morteiros, bombardas, columbrinas e toda sorte de canhões bizarros, mas mortíferos, passaram com seu troar e efeitos a movimentar rapidamente as fronteiras políticas dos impérios, principados e feudos, decretando assim a ruína do castelo-fortaleza. A primeira notícia de seu emprego como explosivo para fins civis data do ano de 1627, com tais vantagens que essa nova modalidade de emprego rapidamente se generalizou. O mineiro tirolês Kaspar Wendl foi quem realizou as primeiras experiências em uma mina da Hungria. No mesmo ano, a pólvora negra foi empregada na extração de carvão. Em 1778, Berthollet obteve o fulminato de prata por evaporação de uma solução amoniacal de nitrato de prata. No mesmo ano, Hausmann descobriu o ácido pícrico, não tendo feito, naquela época, a mínima idéia de sua utilização futura como carga de arrebentamento de granadas. A essas descobertas veio juntar-se, pouco tempo depois, a do fulminato de mercúrio, devida ao inglês Howard que, misturando mercúrio, ácido nítrico e álcool, obteve um pó cristalino e pesado que verificou explodir por choque ou pela chama, com incrível poder de decomposição. Pouco tempo depois, de modo análogo, obteve Brugnatelli o fulminato de prata que superou, em sensibilidade e perigo, o de mercúrio. Esses compostos foram detalhadamente estudados e, já em 1815, o fulminato de mercúrio era empregado em cápsulas, o que indubitavelmente, constituiu-se em progresso considerável para o uso de explosivos. Em 1811, apareceu uma nova substância explosiva, cuja descoberta custou ao seu autor, Dulong, um olho e três dedos. Tratava-se de um líquido amarelado e pesado, que, posteriormente, foi reconhecido como cloreto de nitrogênio. CURSO DE DESMONTE DE ROCHAS POR EXPLOSIVOS - FORMAÇÃO DE BLASTER Instrutor: Marcelo Lopes Mendes - Engenheiro de Minas CREA-MG 73.235/D CONSULTORIA E SERVIÇOS DE MINERAÇÃO E MEIO AMBIENTE www.riograndeminas.com.br 3 Entrementes, já em 1832, o químico francês Braconnot se ocupava com a ação do ácido nítrico sobre amido, açúcar, fibras de madeira e materiais semelhantes, obtendo produtos de fácil combustão, aos quais denominou xiloidinas. A nitratação foi, portanto, se generalizando e, ficando melhor conhecida, permitiu a Mitscherlich descobrir, em 1934, o nitrobenzeno e, em 1835, a nitronaftalina. A nitrocelulose foi obtida em 1838, por Pelouze, pela nitratação do papel. As propriedades desse explosivo foram descobertas em 1846, por Schonbein e Bottger, independentemente, passando-se a utilizá-lo como propelente e como explosivo. Em 1847, na cidade de Turim, ocorreu a descoberta da nitroglicerina pelo italiano Ascanio Sobrero. Foi uma verdadeira revolução, pois este preparado oferecia um poder de explosão muitas vezes maior que o da pólvora. No entanto esta descoberta tinha um inconveniente: a nitroglicerina era muito perigosa quando submetida a movimentos bruscos ou atrito, fato que limitava as condições de segurança em seu manuseio. A pólvora sem fumaça ou pólvora coloidal, à base de nitrocelulose e pólvora negra, foi obtida em 1864, por Schultze. Alguns anos mais tarde, em 1867, o sueco Alfred Nobel superou este inconveniente adicionando Kieselghur (diatomácea) a nitroglicerina, produzindo desta forma, a dinamite: explosivo potente que oferecia ao mesmo tempo boas condições de segurança. Durante muito tempo na paz e nas guerras, a dinamite de Nobel foi o grande e poderoso explosivo. O princípio do reforçador (“booster”) foi descoberto em 1868, por Brown, fazendo detonar algodão-pólvora (nitrocelulose) úmido com algodão-pólvoraseco (usado como reforçador). A produção do chamado “blasting” (mistura de nitrocelulose e nitroglicerina) foi conseguida, em 1875, por Nobel. Essa mistura é a base da fabricação das dinamites nitroglicerinadas. Em 1912, o trinitrotolueno (TNT) foi oficialmente utilizado como explosivo militar, como carga de ruptura de granadas. Durante a guerra de 1914-1918, foram fabricados industrialmente mais dois explosivos: o tetril e o hexil. Ambos foram empregados, particularmente o primeiro, mais poderoso dos dois, em iniciadores e, em mistura com trinitrotolueno, como carga de arrebentamento de granadas, bombas, torpedos e outros engenhos. Como exemplo de explosivos surgidos após a primeira guerra, podemos citar a pentrita e o hexogênio, explosivos que apresentam a característica muito importante de serem fabricados a partir de matérias-primas sintéticas, para cuja obtenção são necessários apenas o ar, água e carvão. São explosivos extremamente violentos. CURSO DE DESMONTE DE ROCHAS POR EXPLOSIVOS - FORMAÇÃO DE BLASTER Instrutor: Marcelo Lopes Mendes - Engenheiro de Minas CREA-MG 73.235/D CONSULTORIA E SERVIÇOS DE MINERAÇÃO E MEIO AMBIENTE www.riograndeminas.com.br 4 A casualidade por outro lado, em 1923, na cidade alemã de Oppau, deu existência industrial a outro membro da família dos explosivos, quando ao tentar-se dinamitar um lote de nitrato de amônio que havia empedrado pela ação da umidade, provocou-se enorme explosão, destruindo parte da cidade. De outro acidente nasceu o AN/FO (ammonium nitrate and fuel oil) mistura de nitrato de amônio e óleo diesel, quando o choque entre dois navios, carregando esses respectivos produtos, resultou em um incêndio seguido de violenta explosão que arrasou o Porto de Texas City (EUA) em 1947. A partir desses acidentes e das experiências que os sucederam consolidou-se o uso de nitrato de amônio como material explosivo e, com tal intensidade que, atualmente tem sido o componente básico de todo explosivo industrial. Em 1955, foi desenvolvido comercialmente o AN/FO, pela Maumee Coal e Spencer Quemicals, tendo grande aceitação na indústria mineira norte-americana e posteriormente mundial, basicamente pelo baixo custo, facilidade de manuseio e segurança. Mais tarde surgiram vários explosivos à base de nitrato de amônio, como a lama explosiva (aquagel ou slurry), aglutinado com uma goma de amido e sensibilizado por alumínio e TNT. Esse explosivo reúne inúmeras vantagens de fabricação e manuseio, relativa insensibilidade à umidade e boa relação custo / volume desmontado. Na mina de Nob Lake, Canadá em 1956, foram feitas as primeiras experiências positivas com aquagel, desenvolvida pela Dupont, CIL e outras empresas norte-americanas. Em 1964 a Atlas Powder Company (ICI) lança um produto baseado no aquagel, chamado de emulsão explosiva, que vem sendo largamente empregado, inclusive misturado com AN/FO, gerando o “Heavy AN/FO”, ou blendado. As emulsões explosivas, foram desenvolvidas há aproximadamente 20 anos e consistem essencialmente de uma solução oxidante, óleo, e um emulsificador, introduzido como gás ou ar. Em outras palavras, a emulsão é uma íntima mistura de dois líquidos que não se dissolvem mutuamente. Algumas emulsões são produtos comuns e utilizados no dia-a-dia, como molhos de salada, filmes fotográficos, inseticidas e alguns cosméticos. As emulsões explosivas devido a enorme quantidade de energia útil desenvolvida, apresentam grande capacidade de trabalho na ruptura de rocha e materiais duros em geral. CURSO DE DESMONTE DE ROCHAS POR EXPLOSIVOS - FORMAÇÃO DE BLASTER Instrutor: Marcelo Lopes Mendes - Engenheiro de Minas CREA-MG 73.235/D CONSULTORIA E SERVIÇOS DE MINERAÇÃO E MEIO AMBIENTE www.riograndeminas.com.br 5 3. ASPECTOS TEÓRICOS DAS DETONAÇÕES Explosivos são substâncias ou misturas de substâncias capazes de se transformar quimicamente em gases, com extraordinária rapidez e desenvolvimento de calor, produzindo elevadas pressões e considerável trabalho. A decomposição química é uma reação exotérmica, que é desenvolvida a alta velocidade, acompanhada pela liberação de grande quantidade de energia e gases a alta temperatura e elevadíssima pressão. Se a velocidade da reação é supersônica, o processo é denominado detonação e o agente é um alto explosivo. Se a velocidade da reação é subsônica é chamado deflagração e o agente é chamado de baixo explosivo. Todos os explosivos comerciais são basicamente uma mistura de carbono, hidrogênio, oxigênio e nitrogênio. A máxima energia liberada em uma detonação ocorre quando a mistura explosiva é formulada por oxigênio balanceado. Uma mistura balanceada de oxigênio é aquela em que não existe excesso ou deficiência deste elemento, os produtos gasosos são essencialmente H2O (vapor), CO2 e N2. Quando há a formação de gases nocivos como NO, CO, NH4, CH4 e carbono, a detonação é considerada não ideal e consequentemente a pressão e a energia desenvolvidas são menores do que as ideais. A tentativa das formulações de explosivos comerciais é a de atingir uma mistura balanceada de oxigênio. O trabalho feito pelo explosivo na fragmentação e deslocamento de rochas depende da energia da onda de choque, assim como da energia de expansão dos gases de detonação. 3.1. Conceitos Básicos 3.1.1. Combustão É uma reação de oxidação onde o oxigênio (agente oxidante) tem origem externa em relação ao combustível (agente redutor). É uma reação lenta que compreende fenômenos que vão desde a respiração, a ferrugem, até à queima de qualquer combustível comum. 3.1.2. Deflagração A deflagração é uma reação de combustão de baixa velocidade (600 a 1500 m/s) que não gera onda de choque, apenas uma expansão gasosa. Ela ocorre nos explosivos conhecidos como “Baixos Explosivos”. Nesta reação há a participação não só do oxigênio do ar, mas também daquele intrínseco a substância. Esta situação ocorre quando da decomposição da pólvora, ou ainda de explosivos mais potentes quando submetidos a condições desfavoráveis de iniciação ou confinamento. CURSO DE DESMONTE DE ROCHAS POR EXPLOSIVOS - FORMAÇÃO DE BLASTER Instrutor: Marcelo Lopes Mendes - Engenheiro de Minas CREA-MG 73.235/D CONSULTORIA E SERVIÇOS DE MINERAÇÃO E MEIO AMBIENTE www.riograndeminas.com.br 6 3.1.3. Detonação É uma reação de decomposição com a participação exclusiva do oxigênio intrínseco a substância explosiva. Os altos explosivos além de produzir rápida expansão gasosa, produzem também uma onda de choque. Durante a reação de detonação a onda de choque viaja através do explosivo antes da expansão de gás ocorrer. A reação química de um explosivo usa oxigênio como elemento oxidante e carbono como combustível ou elemento redutor, gerando uma onda de choque de alta velocidade (2.000 a 8.000 m/s), com liberação de calor (reação exotérmica em torno de 4.0000C) além de gás. 3.1.4. Explosivos Industriais São Substâncias ou misturas de substâncias que, quando excitadas por algum agente externo, são capazes de decompor-se quimicamente gerando considerável volume de gases a altas temperaturas. A conceituação moderna de explosivos industriais sugere ainda que na sua fabricação sejam utilizados componentes que isoladamente não são substâncias explosivas. Os principais elementos químicos de um explosivo industrial são: Carbono (C), Hidrogênio (H), Oxigênio (O) e Nitrogênio (N). Outros elementos secundários aparecem na composição com um papel específico, seja para diminuir a temperatura de congelamento, para aumentar a temperatura de explosão,ou a quantidade de energia liberada, etc., são exemplos o Sódio (Na), Potássio (K), Cloro (Cl), Bário (Ba), Cálcio (Ca), Alumínio (Al). 3.1.5. Energia de ativação Para detonar, todo explosivo precisa vencer uma pequena barreira chamada estabilidade. Então, a energia de ativação pode ser definida como a energia mínima necessária a partir da qual o explosivo alcança a sua velocidade estável de detonação. A estabilidade de um explosivo é a segurança contra uma detonação acidental. A condição necessária para que uma substância ou mistura seja considerada um explosivo industrial é : � A substância ou mistura tenha uma certa estabilidade que possa ser “quebrada” por uma quantidade de energia (energia de ativação) através de onda de choque, calor, atrito, entre outras; � A substância ou mistura quando iniciada, mantenha a reação de detonação, utilizando o restante da massa. CURSO DE DESMONTE DE ROCHAS POR EXPLOSIVOS - FORMAÇÃO DE BLASTER Instrutor: Marcelo Lopes Mendes - Engenheiro de Minas CREA-MG 73.235/D CONSULTORIA E SERVIÇOS DE MINERAÇÃO E MEIO AMBIENTE www.riograndeminas.com.br 7 3.2. Propriedades dos Maciços Rochosos e o Desmonte por Explosivos 3.2.1. Densidade Nas rochas com alta densidade, se o resultado do desmonte a explosivo não é satisfatório, deverão ser tomadas as seguintes medidas: � Aumentar o diâmetro de perfuração; � Melhorar a eficiência do tampão; � Utilizar explosivos com maior energia e densidade; � Modificar a seqüência de detonação. 3.2.2. Porosidade Se a maioria das rochas que constituem o maciço forem porosas, três efeitos são provocados: � Atenuação da energia das ondas de choque; � Redução da resistência dinâmica a compressão e, consequentemente, � Incremento da fragmentação e da porcentagem de finos. Em rochas porosas os explosivos devem gerar grande quantidade de gases, para uma melhor fragmentação, pois a atenuação da energia das ondas de choque é bem acentuada. 3.2.3. Fricção Interna As rochas não constituem um meio perfeitamente elástico sendo assim, parte da energia da onda de tensão que se propaga é convertida em calor por diversos mecanismos. Estes mecanismos são conhecidos por “fricção interna” ou “capacidade específica de amortização”, que medem a capacidade da rocha para atenuar a onda de tensão gerada pela detonação do explosivo. A capacidade específica de "amortização" varia consideravelmente com o tipo da rocha: desde valores de 0,02 a 0,06 para os granitos até 0,03 a 0,07 para os arenitos. Esta capacidade específica aumenta com a porosidade e a permeabilidade, assim como com o número de juntas. A intensidade do fraturamento devido a onda de choque aumenta conforme diminui a capacidade específica de amortização. Sendo assim, os explosivos de alta VoD (velocidade de detonação), como as emulsões, são mais efetivos em formações duras e cristalinas do que em materiais brandos e decompostos, nestes últimos o AN/FO é mais adequado, apesar de possuir menor energia da onda de choque. CURSO DE DESMONTE DE ROCHAS POR EXPLOSIVOS - FORMAÇÃO DE BLASTER Instrutor: Marcelo Lopes Mendes - Engenheiro de Minas CREA-MG 73.235/D CONSULTORIA E SERVIÇOS DE MINERAÇÃO E MEIO AMBIENTE www.riograndeminas.com.br 8 3.2.4. Litologia Em áreas onde existem mudanças bruscas na litologia, por exemplo estéril e minério, com características litológicas bem distintas, e consequentemente com uma variação das propriedade de resistência das rochas, faz-se necessário uma reconsideração do plano de fogo, podendo-se seguir dois caminhos: � Esquemas iguais da malha de detonação para os dois tipos de rocha e variação das cargas unitárias; � Esquemas distintos porem com igual carga por furo. A litologia influencia bastante no desmonte por explosivos pois os mecanismos de fraturamento das rochas são distintos, variando para os vários tipos litológicos com relação ao seu explosivos mais adequados. 3.2.5. Descontinuidades Todas as rochas apresentam algum tipo de descontinuidade, que consistem de microfissuras e macrofissuras, que influem de forma excessiva nas propriedades físicas e mecânicas das rochas e, consequentemente, nos resultados dos desmontes. As superfícies de descontinuidade podem ser de diferentes tipos: planos de estratificação; planos de laminação e foliação; planos de xistosidade; fraturas e juntas, que podem apresentar-se preenchidas, fechadas ou abertas. As descontinuidades podem ser fechadas, abertas ou preenchidos. Devido a estas variações no tipo das descontinuidades, existem diferentes graus de transmissão da energia do explosivo. As descontinuidades são superfícies sobre as quais as ondas de choque são refletidas, dispersando a energia desenvolvida. As fraturas e juntas podem afetar o plano de fogo uma vez que provocam o escape dos gases prematuramente, provocando fragmentação irregular e blocos grandes. 3.2.6. Presença de Água As rochas porosas e os maciços intensamente fraturados quando se encontram saturados de água apresentam os seguintes inconvenientes: obrigam a seleção de explosivos não afetados pela água, produzem a perda de furos devido ao excesso de água e dificultam a perfuração inclinada. Por outro lado, os maciços saturados de água possuem as seguintes vantagens: aumento da velocidade de propagação das ondas; redução da resistência das rochas à compressão e tração por ser menor a fricção entre as partículas; intensificação da ruptura pela energia da onda de choque. CURSO DE DESMONTE DE ROCHAS POR EXPLOSIVOS - FORMAÇÃO DE BLASTER Instrutor: Marcelo Lopes Mendes - Engenheiro de Minas CREA-MG 73.235/D CONSULTORIA E SERVIÇOS DE MINERAÇÃO E MEIO AMBIENTE www.riograndeminas.com.br 9 3.2.7. Resistência à Tração e à Compressão As rochas apresentam uma elevada resistência à compressão e baixa resistência à tração, por isso é esperado que as rochas se fraturem nos desmontes, principalmente pela ação de tensões de tração. As resistências estáticas à compressão e à tração são utilizadas como um parâmetro indicativo da aptidão da rocha à detonação. A relação entre a resistência à compressão e à tração pode ser definida como um índice de capacidade da rocha ao desmonte a explosivo. Quanto maior for o valor dessa relação mais fácil de fragmentar é o material. No processo de detonação deve-se considerar as resistências dinâmicas que podem alcançar valores de 5 a 13 vezes superiores às resistências estáticas. Quando a intensidade da onda de choque supera a resistência dinâmica à compressão, é produzida uma fraturamento da rocha circundante às paredes do furo por colapso da estrutura intercristalina. Porém, esse fraturamento contribui muito pouco para a fragmentação e provoca uma forte diminuição da energia da onda de choque. Deve-se então, selecionar explosivos que desenvolvam nas paredes dos furos tensões inferiores ou iguais a resistência à compressão dinâmica. Um explosivo que possui um excelente rendimento em rochas duras e homogêneas geralmente não é tão efetivo em rochas macias e com sistemas de fraturas e vazios. CURSO DE DESMONTE DE ROCHAS POR EXPLOSIVOS - FORMAÇÃO DE BLASTER Instrutor: Marcelo Lopes Mendes - Engenheiro de Minas CREA-MG 73.235/D CONSULTORIA E SERVIÇOS DE MINERAÇÃO E MEIO AMBIENTE www.riograndeminas.com.br 10 4. CLASSIFICAÇÃO DOS EXPLOSIVOS Os Explosivos podem ser classificados quanto: 4.1. Aplicação � Primário: São aqueles que pelo fato de oferecerem umamaior facilidade a decomposição, quando excitados por agentes externos. Tem o seu maior emprego como iniciadores de cargas maiores de explosivos secundários. Como por exemplo, podem ser citados as espoletas, cordel detonante, nitropenta, azida de chumbo, fulminato de mercúrio, etc.. � Secundário: São os explosivos propriamente ditos. Denominados também como explosivos de ruptura. Estes explosivos são tão potentes quantos os primários, porém por serem mais estáveis necessitam de uma maior quantidade de energia para iniciar o processo de detonação, energia esta geralmente fornecida pela ação direta da detonação de um explosivo primário. Como exemplo, podem ser citados as lamas, emulsões, AN/FOS, etc.. 4.2. Desempenho � Explosivos Iniciadores: São extremamente potentes e, por isso, adequados à detonação da massa de explosivo. Produzem um efeito de sopro intenso ou uma onda de choque capaz de iniciar a detonação da massa de explosivos. Não são, entretanto, suficientes para, por si só, executar o trabalho de demolição da rocha. � Explosivos Deflagrantes ou Baixos Explosivos : São aqueles que se decompõem através de uma reação de deflagração. A reação de detonação consiste numa queima rápida sem a produção de onda de choque de grande intensidade. Dentre os baixos explosivos, o único que tem alguma importância é a pólvora negra, usada para corte de rocha destinada à produção de paralalépipedos, placas de revestimento, blocos de mármore etc. � Explosivos Detonantes ou Altos Explosivos : Decompõem-se pela reação de detonação e apresentam grande capacidade de trabalho pelo que são também conhecidos como explosivos de ruptura. Detonam a velocidade entre 2.500 a 7.500 m/s, acompanhados de quantidades enormes de gases a pressões muito altas (da ordem de 100.000 atm.). A detonação da origem à formação de uma onda de choque que percorre o maciço rochoso, causando fissuras na rocha. A onda de choque, aliada à alta pressão dos gases formados na explosão, quebra a rocha empurrando-a em direção à face livre. São empregados como explosivos secundários. CURSO DE DESMONTE DE ROCHAS POR EXPLOSIVOS - FORMAÇÃO DE BLASTER Instrutor: Marcelo Lopes Mendes - Engenheiro de Minas CREA-MG 73.235/D CONSULTORIA E SERVIÇOS DE MINERAÇÃO E MEIO AMBIENTE www.riograndeminas.com.br 11 4.3. Composição � Explosivos Simples: São aqueles formados por um único componente químico. Entre eles nitroglicerina, nitroglicol, nitrocelulose, trotil e ciclonite. � Explosivos Mistos: Formados por substâncias que consomem e produzem oxigênio, mas que não são explosivas quando isoladas. Pertencem a esta categoria os nitratos inorgânicos, cloratos e percloratos. O mais importante é o nitrato de amônio que misturado com óleo diesel, é um explosivo de larga utilização. � Explosivos Compostos: São resultantes da mistura de explosivos simples com substâncias que são capazes de consumir e produzir oxigênio. A maior parte dos explosivos comerciais pertence a esta categoria, porque apresentam a vantagem de, variando-se a as proporções ou tipo dos componentes, serem obtidas determinadas qualidades desejáveis. Consegue-se dessa maneira, melhorar as propriedades do explosivo simples adicionando-o uma substância produtora de oxigênio. 4.4. Consistência � Explosivos Plásticos : Adaptam-se à forma do furo, preenchendo maior volume. � Explosivos Sólidos : Sob a forma de cartuchos contendo o explosivo em pó. � Explosivo Líquidos : Apresentam grande facilidade de carregamento. 4.5. Velocidade de Detonação - VoD (Velocity of Detonation) Os explosivos industriais podem ser classificados como de baixa velocidade ou de alta velocidade. Podemos considerar como explosivo de baixa velocidade todo aquele que detonar com até 3.000 m/s e de alta velocidade todo aquele que superar este valor. 4.6. Expansão Gasosa Os explosivos industriais em função de suas características químicas desenvolvem maior ou menor quantidade de gases na detonação. Podemos considerar como de baixa expansão gasosa todo aquele que desenvolver até 800 litros de gases por quilo de explosivo na detonação e alta expansão gasosa aquele que superar esse valor. 4.7. Toxidez Quanto aos gases tóxicos desenvolvidos na reação química os explosivos industriais são classificados em três categorias: CURSO DE DESMONTE DE ROCHAS POR EXPLOSIVOS - FORMAÇÃO DE BLASTER Instrutor: Marcelo Lopes Mendes - Engenheiro de Minas CREA-MG 73.235/D CONSULTORIA E SERVIÇOS DE MINERAÇÃO E MEIO AMBIENTE www.riograndeminas.com.br 12 Categoria Concentração (l/kg) Classe Observações A até 22,6 1 Baixa quantidade de gases tóxicos B > 22,6 até 46,7 2 Média quantidade de gases tóxicos C > 46,7 até 94,8 3 Elevada quantidade de gases tóxicos Tabela 1 - Classificação dos explosivos quanto aos gases tóxicos gerados na detonação 4.8. Sensibilidade 4.8.1. Sensibilidade a Iniciação Os explosivos detonantes em função de sua estabilidade química podem ser mais ou menos sensíveis a iniciação do explosivo primário. Na prática dizemos ser ele sensível a um determinado tipo de iniciador ou seja: espoleta n.º 8, cordel detonante, boosters etc.. 4.8.2. Sensibilidade a Propagação Também conhecida como “Air Gap”, essa classificação indica a maior distância longitudinal entre dois cartuchos em que ainda ocorre a propagação da detonação do primeiro para o segundo. 4.8.3. Sensibilidade ao Choque Alguns explosivos podem detonar por efeito de estímulos, tais como choque e fricção. Por segurança, é importante conhecer seu grau de sensibilidade frente a essas ações, especialmente durante sua manipulação e transporte. No ensaio de resistência ao choque emprega-se o “carneiro mecânico”, onde uma massa de 0,1 g de explosivo é submetida ao choque de um martelo com massa usual de 2,0 Kg, que cai de uma altura variável. 4.8.4. Sensibilidade ao Calor Os explosivos, ao serem esquentados de forma gradual, chegam a uma temperatura em que se decompõem-se repentinamente com desprendimento de gases A essa temperatura dá-se o nome de “ponto de ignição”. A pólvora varia entre 300 a 350ºC, enquanto que os explosivos industriais entre 180 e 230ºC. Essa temperatura é diferente da temperatura de sensibilização ao fogo, que indica sua facilidade de inflamação. Assim, a pólvora, apesar do bom grau de sensibilidade ao calor, é CURSO DE DESMONTE DE ROCHAS POR EXPLOSIVOS - FORMAÇÃO DE BLASTER Instrutor: Marcelo Lopes Mendes - Engenheiro de Minas CREA-MG 73.235/D CONSULTORIA E SERVIÇOS DE MINERAÇÃO E MEIO AMBIENTE www.riograndeminas.com.br 13 muito inflamável, bastando apenas uma chispa para iniciar toda reação, semelhante a nitrocelulose. 4.9. Resistência à Água É outra propriedade importante, pois, em muitos casos, haverá concentração de água nas perfurações. Os furos, ao interceptarem as fraturas da rocha, funcionam como captores da água acumulada nessas fraturas. Se o explosivo utilizado tiver baixa resistência à água, ficará neutralizado e não detonará. É, por isso, necessário saber se há ou não água nas perfurações ao se adotar um determinado tipo de explosivo. Quanto a resistência a água os explosivos industriais podem ser classificados da seguinte forma: Classe Resistência à água ( horas ) 1 Indefinida 2 32 a 71 3 16 a 31 4 8 a 15 5 4 a 7 6 1 a 3 7 não resiste à água Tabela 2 - Classificação dos explosivos quanto à resistência à águaCURSO DE DESMONTE DE ROCHAS POR EXPLOSIVOS - FORMAÇÃO DE BLASTER Instrutor: Marcelo Lopes Mendes - Engenheiro de Minas CREA-MG 73.235/D CONSULTORIA E SERVIÇOS DE MINERAÇÃO E MEIO AMBIENTE www.riograndeminas.com.br 14 5. PROPRIEDADES DOS EXPLOSIVOS Os diferentes tipos de explosivos apresentam características definidas que os recomendam para algumas aplicações e desaconselham para outras. Por isso, é necessário avaliar quais as propriedades desejadas para um determinado tipo de trabalho, procedendo-se a uma escolha criteriosa. As principais propriedades dos explosivos do ponto de vista da escavação são: 5.1. Pressão de Detonação A pressão de detonação é uma função dependente de duas variáveis: densidade e velocidade de detonação, e por conseqüência do diâmetro da carga explosiva. A pressão de detonação é um indicador bastante significativo, da capacidade de um explosivo, fragmentar a rocha. Esta pressão se refere à pressão de detonação da superfície de “Chapmam-Jouguet”, zona de reação primária da frente de detonação. Essa pressão gerada repentinamente fragmentará a rocha em lugar de movimentá-la. Em outros termos seria a habilidade do explosivo em fragmentar a rocha, chamada também de brisância ou brizance. A pressão de detonação pode ser calculada teoricamente por meio da seguinte fórmula: Pd = 228 x 10-6 . δ δ δ δ . (VoD)² . (1 + 0,8 δ) δ) δ) δ) -1 Onde : Pd = Pressão de detonação (MPa); δ = Densidade do Explosivo (g/cm³); VoD = Velocidade de Detonação do Explosivo (m/s); 5.2. Pressão de Explosão É a princípio uma comparação de explosivos de uma mesma categoria, especialmente no que diz respeito à superfície específica e as características físicas (sólido, pasta, emulsão etc.). Esta pressão obtêm valores próximos de 50% do valor da pressão de detonação (Pd), não devendo ser confundida com a mesma. A pressão de explosão age sob a rocha cominuida, movimentando-a. A pressão de Explosão (Pe) pode ser calculada teoricamente por meio da seguinte fórmula: Pe = Pd / 2; Usualmente medida em MPa ou KBar. 5.3. Pressão no furo (Borehole Pressure) É a máxima pressão exercida contra a parede do furo após completada a reação explosiva medida atrás do plano Chapman-Joguet. Como estas medidas não podem ser feitas de CURSO DE DESMONTE DE ROCHAS POR EXPLOSIVOS - FORMAÇÃO DE BLASTER Instrutor: Marcelo Lopes Mendes - Engenheiro de Minas CREA-MG 73.235/D CONSULTORIA E SERVIÇOS DE MINERAÇÃO E MEIO AMBIENTE www.riograndeminas.com.br 15 forma direta, são feitas em testes subaquáticos, tais testes são feitos para a determinação da força e da energia. 5.4. Razão Linear de Energia Representa a energia absoluta por metro linear de furo. É calculada através da seguinte fórmula : RLE = 0,5067 x D2 x δδδδ x AWS (kcal / m) sendo : D = diâmetro da carga explosiva em polegadas; δ = densidade do explosivo (derramado, não adensado) em g / cm3 O fator 0,5067 resulta da conversão de unidades para o sistema métrico K = 0,5067 = ( π / 4 ) x ( 2,54 )2 x ( 0,1 ) 5.5. Potência Disponível É a razão de energia liberada quando ocorre a detonação de um metro linear de carga explosiva, a uma determinada velocidade. Como essa detonação gasta um tempo t para percorrer 1 metro resulta : W = RLE / t Sendo µ a velocidade estabilizada do explosivo, temos : t = µ-1 , e portanto : W = RLE x µ ou W = 0,5067 x D2 x AWS x µ 5.6. Balanço de Oxigênio É a relação entre a quantidade de oxigênio e a quantidade de combustível disponível para a reação de detonação de um explosivo. É expresso em termos percentuais. O balanço é denominado positivo quando há excesso de oxigênio, neste caso geram-se gases tóxicos do tipo nitrosos. Quando há falta de oxigênio este balanço é denominado negativo. O principal gás tóxico gerado nesta situação é o monóxido de carbono (CO). 5.7. Velocidade de Detonação - VoD (Velocity of Detonation) A velocidade de detonação é a velocidade com que a frente de onda se movimenta através de uma coluna de explosivo. Para altos explosivos como a dinamite quanto maior a velocidade de detonação maior é a força. Em agentes explosivos secos e explosivos a base de água, as condições de carregamento afetam enormemente a velocidade de detonação. Estas condições incluem diâmetro do furo, compactação, confinamento, umidade, CURSO DE DESMONTE DE ROCHAS POR EXPLOSIVOS - FORMAÇÃO DE BLASTER Instrutor: Marcelo Lopes Mendes - Engenheiro de Minas CREA-MG 73.235/D CONSULTORIA E SERVIÇOS DE MINERAÇÃO E MEIO AMBIENTE www.riograndeminas.com.br 16 contaminação com material inerte, etc. A velocidade de detonação é importante quando a detonação se faz em rocha dura e competente onde o efeito da brisância é desejado para uma boa fragmentação. Para a maioria dos explosivos existe um diâmetro mínimo abaixo do qual a velocidade de detonação diminui. Acima do diâmetro mínimo o explosivo alcança o ponto de estabilidade, onde a velocidade de detonação é máxima. Para diâmetros menores do que o diâmetro mínimo a reação completa não ocorre, e a energia, pressão e velocidade ideal não acontecem. Figura 1 - Reação explosiva em um cartucho 5.8. Energia A finalidade da aplicação de um explosivo em um desmonte é gerar trabalho útil. A energia liberada pelos explosivos em um furo é utilizada da seguinte forma: � Pulverização da rocha nas paredes do furo; � Formação das fissuras; � Rompimento da rocha; � Calor e Luz; � Vibração do Terreno; � Sopro de Ar. Esta energia é liberada para a rocha de duas formas diferentes: pressão de detonação e pressão do furo. A pressão de detonação ou de choque, exerce uma força de fragmentação na rocha. A pressão do furo é devida à expansão gasosa e é de ação mais lenta. É CURSO DE DESMONTE DE ROCHAS POR EXPLOSIVOS - FORMAÇÃO DE BLASTER Instrutor: Marcelo Lopes Mendes - Engenheiro de Minas CREA-MG 73.235/D CONSULTORIA E SERVIÇOS DE MINERAÇÃO E MEIO AMBIENTE www.riograndeminas.com.br 17 responsável por alguma fragmentação, mas é a causa principal do movimento da massa de fragmentos. A energia ou força de um explosivo é calculada utilizando-se as técnicas baseadas nas leis da termodinâmica, seguindo estritamente os princípios da química e da matemática. Os valores obtidos representam o trabalho teórico disponível, assumindo 100% da eficiência, e é expressa em termos de peso ou volume de explosivo. Pode também ser expressa como um número absoluto ou relativo, como apresentado nos itens 4.7.1 e 4.7.2, a seguir: 5.8.1. Energia Absoluta É a quantidade de energia liberada por uma certa quantidade de massa de explosivo. Considerando um explosivo padrão (AN/FO) teremos a seguinte equação química de detonação : NH4 NO3 + CH2 = N2 + CO2 + H2O + 912 kcal / kg. A energia absoluta liberada é de 912 kcal / kg ( teórica ). A energia assim expressa é dita WG (“Water Gas”) porque em sua conceituação considera- se água formada na sua reação química estando no estado de vapor. A energia absoluta WG é um pouco menor que a energia absoluta considerando a água no estado líquido, já que para chegar ao estado de vapor ela consome um certa energia. A energia absoluta pode ser expressa de duas formas : � AWS ( Absolute Weight Strenght ) - por unidade de massa : kcal / kg � ABS ( Absolute Bulk Strenght ) - por unidade de volume : kcal / l e correlacionadas pela equação: AWS = δ x ABS; onde: δ = Densidadedo explosivo 5.8.2. Energia Relativa Relaciona-se a energia absoluta de um determinado explosivo com a energia absoluta liberada pelo explosivo padrão (AN/FO), cujas as características são: AWS = 912 kcal/kg; ABS = 739 kcal/l; CURSO DE DESMONTE DE ROCHAS POR EXPLOSIVOS - FORMAÇÃO DE BLASTER Instrutor: Marcelo Lopes Mendes - Engenheiro de Minas CREA-MG 73.235/D CONSULTORIA E SERVIÇOS DE MINERAÇÃO E MEIO AMBIENTE www.riograndeminas.com.br 18 δ = 0,81g/cm³; Energia Relativa (RWS ou Relative Weight Strenght %) = AWS/9,12 Energia Relativa (RBS ou Relative Bulk Strenght %) = ABS/7,39 5.9. Segurança no Manuseio O explosivo, desde sua produção até a detonação final nas perfurações é armazenado, transportado sofrendo uma série de trasbordos e choques. Por isso é imprescindível que apresente segurança no manuseio, isto é, que não detone com facilidade. 5.10. Exsudação Corresponde à segregação dos ingredientes sólidos e líquidos do explosivo e que pode ocorrer devido as seguintes causas: � Longas estocagens; � Más condições de aeração durante a estocagem; � Elevada temperatura e grandes variações na pressão atmosférica. Como conseqüência, ocorre a deterioração do explosivo que nestas condições, torna-se perigoso devido ao aumento de sensibilidade e deve ser destruído, sob orientação de pessoal especializado. O reconhecimento da substância exsudada é feito através de três métodos práticos, são eles: � Teste da gota: deposita-se sobre uma folha de papel parafinado uma gota de líquido exsudado e observa-se seu comportamento, se o líquido for nitroglicerina, formar-se-á uma mancha escura sobre o papel parafinado e, em se tratando de nitratos ou água, formam-se gotículas sobre o papel. � Teste do copo d’água: em um copo transparente com água límpida deposita-se uma pequena parte do líquido exsudado e observa-se o comportamento do mesmo. Da observação pode-se chegar as seguintes conclusões: · Se o material exsudado for nitroglicerina, ficará depositado no fundo do copo; · Se o material exsudado for nitrato, a água do copo ficará turva; · Se o material exsudado for óleos ou parafinas, sobrenadará na água do copo. CURSO DE DESMONTE DE ROCHAS POR EXPLOSIVOS - FORMAÇÃO DE BLASTER Instrutor: Marcelo Lopes Mendes - Engenheiro de Minas CREA-MG 73.235/D CONSULTORIA E SERVIÇOS DE MINERAÇÃO E MEIO AMBIENTE www.riograndeminas.com.br 19 � Teste da detonação: consiste em recolher uma pequena gota de líquido exsudado com auxílio da ponta de um alfinete, depositando em um pedaço de papel parafinado colocado sobre uma placa metálica. Bate-se com um martelo sobre a gota em referência que, se for nitroglicerina, provocará uma pequena detonação. 5.11. Densidade Um explosivo de alta densidade permite maior concentração, isto é, possibilita introduzir maior número de quilos por metro de perfuração. Quando se deseja uma alta fragmentação da rocha é conveniente utilizar explosivo de alta densidade. Caso contrário, em que a fragmentação exagerada não é necessária, adota-se explosivo de menor densidade. Para os explosivos industriais existem três tipos de densidades com diferentes significados: 5.11.1. Densidade Crítica São os limites superior e inferior de densidade. Um explosivo que esteja com densidade fora dessa faixa perde suas características no momento da detonação. 5.11.2. Densidade de Massa É aproximadamente igual à do cartucho, serve para determinar se um explosivo está dentro do padrão (controle de qualidade). É a densidade apresentada nos catálogos. É importante salientar que um explosivo que apresenta densidade de massa superior a 1 g/cm³, irá afundar na água (desde que na água não existam grandes quantidades de sólidos em suspensão ou sais dissolvidos). 5.11.3. Densidade de Carregamento ou Efetiva É a relação entre a massa de explosivo dentro do furo e o volume do furo ocupado por essa massa. É definida pela fórmula a seguir: Dc = (Q .1,97).(ϕϕϕϕ ². L)-1 ; Onde: Dc: densidade de carregamento (g/cm³); ϕϕϕϕ = Diâmetro do furo (pol.); Q: massa de explosivo por furo (kg); L: comprimento da carga (m). CURSO DE DESMONTE DE ROCHAS POR EXPLOSIVOS - FORMAÇÃO DE BLASTER Instrutor: Marcelo Lopes Mendes - Engenheiro de Minas CREA-MG 73.235/D CONSULTORIA E SERVIÇOS DE MINERAÇÃO E MEIO AMBIENTE www.riograndeminas.com.br 20 Esta fórmula é muito empregada nas operações de carregamento, para o cálculo da massa de explosivo por furo, razão linear de carga, razão de carga etc., ou seja, é a densidade que se utiliza para o dimensionamento do plano de fogo. Nos dias de hoje, o número de explosivos sensibilizados por bolhas de ar é cada vez maior. A densidade depende do volume de ar misturado com os ingredientes sólidos e líquidos dos explosivos. Sabe-se que o ar é altamente compressível, portanto é fácil concluir que a medida que se aproxima do fundo do furo, o explosivo sofra o efeito de uma pressão crescente proveniente da porção de explosivo acima, o que faz com que o volume de ar no explosivo se reduza e provoque um acréscimo gradativo de densidade. 5.12. Diâmetro Crítico As cargas explosivas com forma cilíndrica têm um diâmetro abaixo do qual a onda de choque gerada na detonação não se propaga ou propaga-se a velocidade muito abaixo das de regime. A esse diâmetro, dá-se o nome de diâmetro crítico. Os principais fatores que influenciam no diâmetro crítico são: � Tamanho das partículas; � Reatividade de seus ingredientes; � Confinamento; � Densidade. CURSO DE DESMONTE DE ROCHAS POR EXPLOSIVOS - FORMAÇÃO DE BLASTER Instrutor: Marcelo Lopes Mendes - Engenheiro de Minas CREA-MG 73.235/D CONSULTORIA E SERVIÇOS DE MINERAÇÃO E MEIO AMBIENTE www.riograndeminas.com.br 21 6. TIPOS DE EXPLOSIVOS A composição básica de quase todos os explosivos químicos industriais pode ser resumida nos elementos que formam a sigla CHON (carbono, hidrogênio, oxigênio e nitrogênio), também, o Cl contribui com os radicais cloratos (ClO3) e percloratos (ClO4) que são altamente explosivos. Outros radicais muito utilizados nos explosivos atuais são os nitratos (NO3) e as nitroaminas (NO2NH4). Os componentes dos explosivos são designados como: oxidantes, combustíveis, absorventes, espessantes e estabilizantes. Os oxidantes contribuem com o oxigênio para o balanço de oxigênio, e incluem os sais de nitrato como o nitrato de amônio, nitrato de sódio e nitrato de cálcio. Os combustíveis incluem os óleos combustíveis, carbono, alumínio, TNT, carvão, ou qualquer material carbonáceo que produza calor. 6.1. Pólvora Negra A pólvora negra explosiva é produzida em dois tipos. O tipo A contém nitrato de potássio, enxofre e carvão vegetal. É utilizada nas escavações a céu aberto quase que exclusivamente para cortar pedras, na produção de paralelepípedos, lajotas para revestimento de pisos e paredes etc. Praticamente não é usada para o desmonte intensivo de rocha. A pólvora negra do tipo B contém nitrato de sódio, enxofre e carvão vegetal. É mais lenta que a do tipo A e também de menor força; utilizada na detonação de argilas e folhelhos. 6.2. Explosivos Nitroglicerinados (Dinamites) Dinamite é o nome comercial introduzido por Alfred Nobel. Os três tipos básicos são: granulares, gelatinas e semi-gelatinas, os quais são considerados altos explosivos. As gelatinas e semi-gelatinas contêm nitrocelulose, a qual combina coma nitroglicerina para formar a estrutura de gel, já a dinamite amoniacal ou extra dinamite é uma mistura granular que contêm uma pequena quantidade de nitroglicerina misturada com nitrato de amônio e nitrato de sódio. Os altos explosivos derivam suas fontes de energia da nitroglicerina, a dinamite com 50% de nitroglicerina é o produto de uso mais comum. Estas dinamites são caracterizadas por alta velocidade e brisância, baixa temperatura de chama, boa resistência a água, elevada energia da onda de choque e uma pequena atuação dos gases. O futuro para as dinamites depende essencialmente da assimilação da segurança com o custo-benefício; enquanto que as dinamites têm um maior potencial de risco, sua confiabilidade de performance e rendimento de energia por unidade monetária são algumas vezes maiores que os das emulsões e dos explosivos tipo lama (aquagéis). CURSO DE DESMONTE DE ROCHAS POR EXPLOSIVOS - FORMAÇÃO DE BLASTER Instrutor: Marcelo Lopes Mendes - Engenheiro de Minas CREA-MG 73.235/D CONSULTORIA E SERVIÇOS DE MINERAÇÃO E MEIO AMBIENTE www.riograndeminas.com.br 22 6.3. Lamas Explosivas ou Aquagéis Os explosivos do tipo aquagel ou lama explosiva (slurry) são produzidos primariamente para as indústrias de construção, de pedreiras e de mineração subterrânea de metais. Estes produtos contêm concentrações relativamente altas de ingredientes sensíveis que asseguram uma detonação confiável em furos de mina de diâmetros pequenos. Comparados com as dinamites, eles são mais difíceis de detonar através do atrito, impacto e/ou fogo. As lamas são baseadas em soluções aquosas saturadas de nitrato de amônio - NA (freqüentemente com nitrato de sódio e/ou nitrato de cálcio) em que combustíveis, sensibilizadores (e algumas vezes mais prills de NA) são dispersados. A fase líquida é espessada com resinas e transformado em gel com agentes ligantes para manter os sólidos em suspensão proporcionando um grau satisfatório de coesão e máxima resistência à água. Quando completamente em estado de gel, as lamas (aquagéis) tem uma consistência emborrachada semelhante a um mingau. A maioria dos aquagéis são sensibilizados, pelo menos parcialmente, por bolhas de ar e/ou gás. Alguns lamas são também sensibilizadas, por explosivos de baixa sensibilidade (como o nitrato de monometilamina, ou abreviando, MMAN). Os combustíveis incluem também pó de alumínio. Pela variação do tipo e quantidade de combustível (e especialmente pó de alumínio), os aquagéis podem ser feitos sob encomenda para exibir uma grande gama de força em peso e volume. Uma certa quantidade de água é necessária para proporcionar a consistência e textura requeridas de uma lama (aquagel). Se uma quantidade muito pequena de água for usada, a fase líquida é insuficiente e a alta viscosidade resultante impede o encartuchamento da lama. Para maximar a força em peso, no entanto, é importante minimizar o conteúdo de água. Se uma quantidade de água muito maior do que o necessário para a sua consistência for usada, a força em peso é afetada. Além da sua contribuição para a consistência, o conteúdo de água diminui o risco de sensibilidade associada com o fogo, atrito ou impacto (e especialmente o impacto de projéteis). A temperatura e a densidade têm efeitos pronunciados sobre a sensibilidade das lamas. Todas as lamas explosivas tornam-se menos sensíveis e menos fluídas em baixas temperaturas. Acima de certas densidades, as lamas não podem ser detonadas mesmo em furos de diâmetros maiores com reforçadores (primers ou boosters) potentes. A densidade pode ser reduzida: � Por aeração; � Pela injeção de uma quantidade muito pequena de solução “gaseificada” quando do seu encartuchamento; CURSO DE DESMONTE DE ROCHAS POR EXPLOSIVOS - FORMAÇÃO DE BLASTER Instrutor: Marcelo Lopes Mendes - Engenheiro de Minas CREA-MG 73.235/D CONSULTORIA E SERVIÇOS DE MINERAÇÃO E MEIO AMBIENTE www.riograndeminas.com.br 23 � Pela adição de microesferas de vidro ou equivalentes na lama (aquagel). Em lamas que não contém microesferas, as bolhas de ar e/ou gás são comprimidas pelo peso próprio da coluna de lama e/ou água e, portanto, a densidade da carga aumenta na direção do fundo do furo. Nas lamas que contêm microesferas, as bolhas de ar ainda estão comprimidas pelo peso da coluna de lama/água acima delas, porém as microesferas mantém o seu tamanho original e, por isso, dão ao explosivo (lama) um nível de sensibilidade mínimo irreduzível sob pressões limitadas. Por causa da sua alta força em volume, alta resistência à água, boa sensibilidade e grande segurança no manuseio e uso, as lamas substituíram naturalmente das dinamites. Onde as condições do terreno são adversas e não permitem a pré-compressão lateral e “dead-pressing” das cargas em furos espaçados, boas lamas dão resultados de desmonte satisfatórios. As lamas explosivas, ou aquagéis, têm sido intensamente substituídas pelas emulsões devido à sua tecnologia ser mais antiga do que a das emulsões. 6.4. AN/FO O AN/FO é o explosivo civil mais usado no mundo. Vale ressaltar que o mercado Norte- americano de mineração consumiu em 1997, 2.700.000 toneladas de explosivos a base de nitrato de amônio, sendo que deste montante 2.100.000 eram AN/FO. O AN/FO consiste de uma mistura entre dois compostos principais, nitrato de amônio e óleo combustível. O nitrato de amônio funciona como oxidante, enquanto o óleo combustível é o redutor. O elemento oxidante, fornecido pelo nitrato de amônio é o oxigênio, e o nitrogênio participa secundariamente da reação formando apenas gás nitrogênio. Outros elementos podem ser adicionados, como por exemplo, alumínio para aumentar a temperatura de reação, óxido de zinco e microbolhas de ar. Um dos fatores mais importantes dessa mistura é o de que nem o nitrato de amônio, nem o óleo diesel são classificados como explosivos quando considerados isoladamente, entretanto quando misturados na proporção correta resultam em material explosivo. É um explosivo bastante estável , de baixo custo e fácil fabricação, porem é relativamente complexo para se controlar, pois muitos parâmetros afetam a sua performance. O AN/FO é conhecido há mais de 100 anos como um explosivo de baixo custo e alta segurança. Não é um explosivo que surgiu magicamente a partir de alguns acidentes registrados na história da indústria de explosivos, mas sim um produto que foi intensamente pesquisado. Somente no início dos anos 50, o AN/FO foi controlado e usado na indústria mineral, pois somente nessa época foi possível fabricar nitrato de amônio no formato de pequenas partículas esféricas, denominadas pérolas ou prill. A fórmula química do nitrato de amônio é NH4NO3, sendo composto de 60% de oxigênio em peso, 33% de nitrogênio e 7% de hidrogênio, aproximadamente. Por ser um sal é CURSO DE DESMONTE DE ROCHAS POR EXPLOSIVOS - FORMAÇÃO DE BLASTER Instrutor: Marcelo Lopes Mendes - Engenheiro de Minas CREA-MG 73.235/D CONSULTORIA E SERVIÇOS DE MINERAÇÃO E MEIO AMBIENTE www.riograndeminas.com.br 24 facilmente dissolvido pela água de modo que se não for recoberto por uma fina camada de talco, ou outro material inerte de cobertura, absorve facilmente a umidade do ar, se dissolvendo e dessa forma não tendo condições de detonar eficientemente. O AN/FO não é somente um explosivo de baixo custo, e sim um explosivo que se usado corretamente oferece características iguais ou superiores aos antigos explosivos à base de nitroglicerina. A quantidade de combustível é um fator importantíssimo. A reação de decomposiçãodo sistema equilibrado em oxigênio é: 3 NH4NO3 + CH2 →→→→ 3 N2 +7 H2O + CO2 A reação produz cerca de 920 kCal/kg, a qual pode ser inferior nos produtos comerciais segundo o conteúdo dos materiais inertes. A relação estequiométrica da mistura corresponde a 94,3% de nitrato de amônio e 5,7% de óleo combustível. O conteúdo de combustível afeta também a quantidade de gases nocivos desprendidos na explosão (CO + NO). Quando os gases das detonações adquirirem uma coloração alaranjada significa que existe uma porcentagem insuficiente de combustível, ou que o AN/FO absorveu água ou não foi corretamente iniciado. A variação da sensibilidade é sensivelmente afetada pela quantidade de combustível, sendo assim com 2% de óleo diesel a iniciação pode ser conseguida com uma espoleta número 8, porém a energia disponível será baixa. Conforme descrito anteriormente para o nitrato de amônio, a água é muito prejudicial ao AN/FO. Em ambientes com mais de 10% de umidade o AN/FO torna-se insensível, nestes casos o único recurso é o de protege-lo em filmes ou embalagens impermeáveis. As características explosivas do AN/FO variam também com a densidade. À medida que a densidade aumenta a velocidade de detonação também aumenta, porém a iniciação torna-se difícil. Acima de 1,2 g/cm3 o AN/FO torna-se inerte, não podendo ser detonado satisfatoriamente. As densidades normais do AN/FO variam de 0,8 a 0,85. 6.4.1. Principais Parâmetros que Afetam a Performance do AN/FO Existem alguns parâmetros e limitações que influenciam o funcionamento eficiente da mistura entre óleo combustível e nitrato de amônio. Os principais aspectos são: � Presença de água na mistura O prill de nitrato de amônio, além de não admitir o contato com água, deve ser fabricado com um teor de umidade nunca superior a 0,15%, pois quando grânulos de nitrato são CURSO DE DESMONTE DE ROCHAS POR EXPLOSIVOS - FORMAÇÃO DE BLASTER Instrutor: Marcelo Lopes Mendes - Engenheiro de Minas CREA-MG 73.235/D CONSULTORIA E SERVIÇOS DE MINERAÇÃO E MEIO AMBIENTE www.riograndeminas.com.br 25 saturados com água, esses se dissolvem de modo que microporos e pequenos vazios que agem como centros reativos (Teoria dos pontos quentes ou hot-spots) desaparecem resultando em uma mistura insensível a detonação. Esse fenômeno é chamado de sobrepressão ou dead-pressing. A figura seguinte, mostra a influência da água na velocidade de detonação do AN/FO. A partir de 9% de água a mistura pode ter baixa eficiência, produzindo óxido nitroso (fumaça marrom-alaranjada) ou então falhar, simplesmente não detonando. Para evitar complicações maiores com a umidade, utilizam-se aditivos especiais. � Proporção de Óleo Combustível na Mistura Para se obter a maior liberação de energia possível, a proporção de óleo combustível deve se aproximar de 5,7%, pela estequeometria, de modo que se tenha um balanço de oxigênio correto para a reação. Entretanto estudos realizados comprovaram que as proporções de óleo variam conforme a fabricação, tipo de nitrato utilizado, formulações, e vários outros fatores, onde uma otimização, visando a melhor mistura depende de estudos embasados em medidas de VoD. A figura seguinte ilustra a produção de energia de AN/FO em diferentes proporções de óleo combustível. Nota-se que a relação com óleo diesel a 5,7% é a de melhor aproveitamento de energia. Porcentagens maiores de óleo teoricamente tendem a gerar melhores resultados de VoD. Figura 2 - Efeito da proporção de óleo no AN/FO CURSO DE DESMONTE DE ROCHAS POR EXPLOSIVOS - FORMAÇÃO DE BLASTER Instrutor: Marcelo Lopes Mendes - Engenheiro de Minas CREA-MG 73.235/D CONSULTORIA E SERVIÇOS DE MINERAÇÃO E MEIO AMBIENTE www.riograndeminas.com.br 26 Uma regra prática para se confirmar a eficiência da mistura é observar as cores dos gases produzidos nas detonações. Gases marrom-alaranjados podem ser indicativos de reação rica em oxigênio e deficitária em combustível. Gases escuros podem indicar combustão rica em carbono e pobre em oxigênio. A adição de substâncias inertes hidrofílicas como o caulim ou as argilas “em pó” evitam que o nitrato de amônio absorva umidade, porém esta adição diminui a sensibilidade e seu poder de absorção de combustível. A figura seguinte ilustra o menor poder de absorção apresentado pelo prill denso. Figura 3 - AN/FO produzido com prill denso � Características do prill Existem algumas propriedades físicas inerentes ao prill de nitrato de amônio, de grande importância. O prill é uma partícula esférica preferencialmente entre 0,5 e 1,2 mm. prills de nitrato de amônio são usados na agricultura, normalmente com diâmetros maiores e distribuição granulométrica irregular. Pode-se observar muitas diferenças entre o prill poroso ideal para explosivo e o prill denso para fertilizante. O prill para explosivo tem porosidade muito maior que o normalmente CURSO DE DESMONTE DE ROCHAS POR EXPLOSIVOS - FORMAÇÃO DE BLASTER Instrutor: Marcelo Lopes Mendes - Engenheiro de Minas CREA-MG 73.235/D CONSULTORIA E SERVIÇOS DE MINERAÇÃO E MEIO AMBIENTE www.riograndeminas.com.br 27 encontrado na composição dos fertilizantes, tendo densidade menor e distribuição melhor de óleo. Cabe lembrar que ambos detonam, porém a eficiência do prill poroso é consideravelmente superior. � Densidade O AN/FO normalmente possui uma densidade de 0,85 g/cm3, podendo aumentar para até 1 g/cm3 se carregado pneumaticamente. Geralmente o AN/FO torna-se insensível quando sua densidade alcança 1,2 g/cm3, ocorrendo o fenômeno de sobrepressão de modo que não ocorra a detonação. Várias densidades e misturas a partir do AN/FO são utilizadas atualmente, como por exemplo, Heavy-AN/FO e o AN/FOs Leves. O primeiro consiste em uma mistura de AN/FO e emulsão, cuja densidade pode ser variada durante o carregamento. O segundo é uma mistura de AN/FO e serragem ou palha de arroz ou outro material que baixe a densidade final do explosivo. Figura 4 - Efeito da densidade em relação à VoD � Diâmetro crítico Outro parâmetro importante do AN/FO é o diâmetro crítico. A velocidade de detonação - VoD do AN/FO muda de acordo com o diâmetro de perfuração e grau de confinamento, podendo alcançar velocidades superiores a 4500 m/s em diâmetros maiores que 15”, como pode ser observado na figura seguinte. Diâmetros maiores apresentam pouco ou nenhum CURSO DE DESMONTE DE ROCHAS POR EXPLOSIVOS - FORMAÇÃO DE BLASTER Instrutor: Marcelo Lopes Mendes - Engenheiro de Minas CREA-MG 73.235/D CONSULTORIA E SERVIÇOS DE MINERAÇÃO E MEIO AMBIENTE www.riograndeminas.com.br 28 aumento de velocidade de detonação. A VoD diminui com o diâmetro, sendo que para diâmetros menores que 25 mm a detonação não é um processo estável, podendo ocorrer deflagração. � Temperatura O prill de nitrato de amônio pode sofrer um fenômeno chamado “recristalização” (cycling), que é a propriedade do material de mudar sua forma de cristalização em função da mudanças de temperatura. A figura seguinte, mostra quais as formas cristalizadas que o nitrato de amônio pode apresentar de acordo com a temperatura. Esse fenômeno afeta seriamente o armazenamento e a performance do AN/FO, e explosivos que contém nitrato de amônio na sua composição. O ideal é conservar o AN/FO armazenado entre -18 oC e +32 oC na forma pseudotetragonal. O efeito de recristalização é a quebra dos grânulos em partículas menores. Essa constante quebra pode aumentara densidade do AN/FO de 0,85 até 1,2 g/cm3, de modo que esse se torne insensível. � Confinamento O confinamento do explosivo é crucial para manter estável a VoD. Qualquer perda prematura de pressão no furo, por movimentação do maciço ou ainda presença de muitas descontinuidades não preenchidas, pode diminuir a velocidade de detonação - VoD. O AN/FO, quando usado a granel, preenche totalmente o furo, de modo que se obtém um perfeito confinamento. Estudos comprovam a importância de um tampão eficiente, fator que tem grande influência na VoD. � Iniciação Por ser pouco sensível, o AN/FO necessita ser inicializado por outro explosivo (iniciador ou primer) que gere alta velocidade de detonação e o leve a atingir a sua velocidade de detonação ótima no menor tempo possível. Caso inicialize o primer com cordel detonante, ou seja, iniciação não pontual, pode ocorrer que a massa de AN/FO que circunda o cordel seja deflagrada, perdendo então uma fração da massa de explosivo. O cordel tem energia suficiente apenas para deflagrar o AN/FO axialmente com uma velocidade próxima de 1.000 m/s, muito abaixo da velocidade linear (7.000m/s), de modo que o explosivo não alcance sua faixa de velocidade estável. Quando o explosivo é parcialmente comprimido ou danificado por pré-compressão, esse pode detonar ou queimar apenas uma fração da energia disponível. Para se evitar esse problema, convém utilizar iniciação pontual e caso não se disponha de um iniciador do tipo CURSO DE DESMONTE DE ROCHAS POR EXPLOSIVOS - FORMAÇÃO DE BLASTER Instrutor: Marcelo Lopes Mendes - Engenheiro de Minas CREA-MG 73.235/D CONSULTORIA E SERVIÇOS DE MINERAÇÃO E MEIO AMBIENTE www.riograndeminas.com.br 29 tubo de choque, convém usar cordel da menor gramatura possível em furos de diâmetro grandes, para que se perca o mínimo possível de energia por sobrepressão. No caso de furos longos, convém reforçar o carregamento com outras cargas reforçadoras ao longo da coluna, pois os explosivos de baixa sensibilidade tendem a diminuir a sua VoD durante a detonação, consumindo assim parte de sua massa sem gerar toda a energia que poderia ser fornecida pelo explosivo. Utilizando-se cargas iniciadoras e reforçadores é assegurada uma detonação mais estável e eficiente ao longo de toda a coluna. Pode-se observar que cargas iniciadoras de pouca energia de detonação causam uma reação de queima do AN/FO, demorando um pouco mais para esse explosivo alcançar a sua velocidade ótima, ou “steady-state-velocity”. A figura seguinte mostra um gráfico de VoD medida continuamente ao longo do furo, onde pode ser observado que a carga iniciadora tem velocidade suficiente e diferenciada da carga de coluna. Figura 5 - Gráfico da velocidade de detonação � Diâmetro do iniciador O diâmetro da carga iniciadora, também, influencia enormemente a reação de detonação. Quanto mais próximo do diâmetro do furo, melhor é a eficiência da carga iniciadora ou primer ou booster. Essa situação foi comprovada em estudos realizados na CVRD/Minas de Itabira, onde cargas iniciadoras de tamanhos diferentes foram testadas, comprovando e otimizando o diâmetro do iniciador, o que acarretou ganhos significativos na VoD. CURSO DE DESMONTE DE ROCHAS POR EXPLOSIVOS - FORMAÇÃO DE BLASTER Instrutor: Marcelo Lopes Mendes - Engenheiro de Minas CREA-MG 73.235/D CONSULTORIA E SERVIÇOS DE MINERAÇÃO E MEIO AMBIENTE www.riograndeminas.com.br 30 6.4.2. AN/FO Aluminizado (ALAN/FO) Como a densidade do AN/FO é baixa, a energia que resulta por unidade de comprimento é pequena. Para elevar essa energia, desde 1968 vem sendo adicionado a esse agente explosivo alguns produtos, como o alumínio, com bons resultados técnicos e econômicos, sobretudo quando as rochas são muito resistentes e maciças. O alumínio em pó pode ser adicionado ao AN/FO visando aumentar o rendimento da pressão de detonação, onde as quantidades variam de 5 a 15%, aumentando o calor da reação, a força e a sensibilidade da mistura. Mas pelas três razões abaixo listadas, das quais a primeira é a mais importante, o incremento de energia por unidade monetário é baixo. � O custo do pó de alumínio é elevado, ou seja, é uma matéria-prima cara; � A faixa granulométrica das partículas de alumínio precisa ser adequada ao diâmetro do furo; � Mesmo onde existam condições ideais, o Al2O3 e os gases da detonação falham em permanecer em equilíbrio térmico no momento em que a rocha é quebrada e deslocada. Como resultado, pelo menos um terço da energia térmica envolvida na reação das partículas de Al2O3 não é transferida para os gases e, portanto, é perdida. 6.4.3. Misturas AN/FO/Poliestireno (AN/FOPS) Em operações na qual agentes detonantes do tipo AN/FO são usados, as vantagens de controle de ultraquebra (overbreak) podem ser obtidas pelas misturas a granel de AN/FO e diluentes no perímetro dos furos. As composições de AN/FOPS possuem alto potencial para esta operação, assim como para proporcionar detonação confiável em furos secos e de diâmetros pequenos que podem ser obtidas por misturas que contém em média 75% (volume base) de poliestireno (PS). Como esperado, tal agente detonante (blasting agents) exibe densidades e rendimentos de energia por metro de comprimento de carga que caem para aproximadamente 25% daqueles apresentados pelo AN/FO normal. As baixas intensidades de choque e volumes de gás correspondentes ajudam a diminuir o overbreak na rocha circundante. 6.5. Lamas Explosivas ou Aquagéis São agentes explosivos constituídos por soluções aquosas saturadas de nitrato de amônio, contendo também em pequena quantidade outros oxidantes como o nitrato de sódio e cálcio. Contém também os combustíveis sensibilizantes, agentes espessantes e gelatinizantes, os quais evitam a segregação dos produtos sólidos. O desenvolvimento destes explosivos teve lugar no final da década de 50, quando COOK e FARMAN conseguiram os primeiros resultados positivos com uma mistura de 65% de CURSO DE DESMONTE DE ROCHAS POR EXPLOSIVOS - FORMAÇÃO DE BLASTER Instrutor: Marcelo Lopes Mendes - Engenheiro de Minas CREA-MG 73.235/D CONSULTORIA E SERVIÇOS DE MINERAÇÃO E MEIO AMBIENTE www.riograndeminas.com.br 31 nitrato de amônio, 20% de alumínio e 15% de água. Após estes primeiros resultados, começaram a utilizar como sensibilizante o TNT, onde começou a fabricação comercial. Em 1969 a DUPONT desenvolveu novos aquagéis que se caracterizavam por não conter os compostos explosivos tradicionais, e nem metais particulados como sensibilizantes fundamentais, apenas incorporavam como combustíveis substâncias orgânicas como as derivadas das aminas, parafinas, açucares, etc. Como em suas composições os aquagéis não levam sensibilizantes intrinsecamente explosivos, possuem uma segurança muito alta tanto na fabricação quanto no manuseio. Apesar disto possuem uma sensibilidade grande para a detonação, os aquagéis podem ser iniciados pelos iniciadores tradicionais. A resistência a água é excelente e a potência que é uma característica fundamental, é equivalente ou superior à dos explosivos convencionais, podendo ajustar-se em função da formulação do aquagel. As energias desenvolvidas oscilam entre 700 e 1500 Cal/g. A densidade pode também modificar-se, desde 0,8 até 1,6 g/cm3, partindo-se de um valor básico compreendido entre 1,4 e 1,5. A variação da densidade influencia na velocidade de detonação e na sensibilidade. A velocidade de detonação dos aquagéis varia de 4.115 a 6.096 m/s, de acordo com o diâmetro dos furos. A pressão de detonação variade 5 a 10 GPa. A variedade de produtos que podem ser obtidos com as diferentes composições dos aquagéis é muito grande. Desde os aquagéis encartuchados semelhantes aos explosivos gelatinosos convencionais até os vertíveis, os quais possuem algumas características reológicas que fazem com que possam ser tratados como fluidos. Neste último caso pode-se aproveitar as vantagens de uma carga mecanizada e da facilidade de preencher totalmente os furos. 6.6. Emulsões Explosivas São os explosivos mais recentes no mercado, que mantém as propriedades dos aquagéis, mas possuem melhor potência e resistência à água. A emulsão é um sistema bifásico em forma de uma dispersão de um líquido imiscível em outro. As emulsões explosivas são do tipo denominado “água em óleo” nas quais a fase aquosa é composta por sais inorgânicos oxidantes dissolvidos em água, e a fase oleosa por um combustível líquido imiscível em água do tipo hidrocarboneto. Explosivos do tipo “água em óleo” (water-in-oil type) consistem de microgotículas (microdroplets - fase dispersa) de solução oxidante, supersaturada dentro de uma matriz de óleo (oil matrix - fase contínua). Para maximizar o rendimento energético enquanto minimiza custos de produção e preço de venda, o oxidante dentro de microgotículas consiste principalmente de nitrato de amônia. Por causa do número de gotículas por CURSO DE DESMONTE DE ROCHAS POR EXPLOSIVOS - FORMAÇÃO DE BLASTER Instrutor: Marcelo Lopes Mendes - Engenheiro de Minas CREA-MG 73.235/D CONSULTORIA E SERVIÇOS DE MINERAÇÃO E MEIO AMBIENTE www.riograndeminas.com.br 32 unidade de volume de emulsão ser excessivamente grande, microgotículas adjacentes são forçadas uma contra a outra, deformando suas formas esféricas originais. Consequentemente, a espessura média do óleo entre as microgotículas é muito pequena. Cada um dos ingredientes de um explosivo em emulsão é um ingrediente não-explosivo. Emulsões em cartuchos tem a consistência de uma massa compacta. Por serem uma mistura muito íntima, estes produtos são visualmente homogêneos. As viscosidades satisfatórias de emulsões são obtidas com o uso de resinas ligantes. Uma vez que as emulsões são do tipo “água-em-óleo”, eles oferecem excelente resistência a água. A água do furo “enxerga” apenas a matriz da emulsão (ou seja, o óleo); e ela é protegida do contato e, portanto, dissolve as microgotículas pela película (insolúvel) de óleo envolvente. A resistência à água da emulsão é maior quando comparada às lamas e dinamites. Enquanto que alguns graus de sensibilidade resultam do alto grau de interligação física dos componentes oxidantes e combustíveis, as bolhas de gás ou ar são os maiores sensibilizantes das emulsões. Onde as cargas podem ser comprimidas por pressões estáticas e/ou dinâmicas anteriormente à detonação, as bolhas devem apresentar a forma de microesferas, daí se conclui que cada bolha apresenta um alto grau de permanência dimensional, ou seja, manutenção da esfericidade. Ao contrário da maioria das lamas, as sensibilidades não decrescem significativamente com a queda de temperatura, visto que cada microgotícula da solução oxidante é isolada das microgotículas adjacentes por uma película matriz de óleo. Uma queda na temperatura não permite que mais sais se cristalizem dentro da cada microgotícula, nem permite que os cristais oxidantes cresçam ou se agrupem. No estágio atual do seu desenvolvimento, as emulsões apresentam sensibilidades à iniciação relativamente baixas para uma linha de cordel detonante de 10 g/m. Quando uma carga é composta por uma coluna de cartuchos, ela é iniciada mais eficientemente por uma espoleta colocada dentro da parte inferior do cartucho. Somente quando a continuidade da carga é impedida por irregularidades ou vazios nas paredes dos furo, a coluna de explosivo deve ser acompanhada com um cordel detonante de 10 g/m. Este aspecto de baixa sensibilidade pode representar apenas uma limitação temporária das emulsões explosivas encartuchadas. Embora sejam sensíveis a detonadores, os explosivos em emulsão são relativamente insensíveis à detonação por atrito, impacto e/ou fogo. O AN/FO consiste de nitrato de amônio e óleo diesel. Uma emulsão padrão não tem força em peso teórica (ou seja, rendimento energético teórico por unidade de peso) tão alta quanto a do AN/FO por consistir de oxidantes, combustível e água. Se a força em peso do AN/FO é tida como 100, a força em peso calculada de uma emulsão pode ser dita como CURSO DE DESMONTE DE ROCHAS POR EXPLOSIVOS - FORMAÇÃO DE BLASTER Instrutor: Marcelo Lopes Mendes - Engenheiro de Minas CREA-MG 73.235/D CONSULTORIA E SERVIÇOS DE MINERAÇÃO E MEIO AMBIENTE www.riograndeminas.com.br 33 sendo 80. Mas isto não indica que a eficiência do desmonte da emulsão seja de apenas 80% da eficiência de um peso igual de AN/FO. Os rendimentos energéticos reais das emulsões são maiores do que o esperado (isto se deve ao alto grau de interligação combustível e oxidante das emulsões - excedido apenas por explosivos moleculares como a Nitroglicerina, o TNT e o PETN). Portanto, a força em peso relativa efetiva de uma emulsão padrão é apreciavelmente maior do que 80. Este efeito benéfico da idealidade de uma alta detonação está sendo observado principalmente em minerações subterrâneas de metais, pedreiras de rochas resistentes e operações de construções, onde emulsões encartuchadas em diâmetros pequenos estão competindo com dinamites e explosivos do tipo lama. Este autor não está apto a calcular o incremento resultante na força em peso relativa de uma detonação completa e eficiente de uma emulsão. No entanto, os resultados de desmonte indicam que este incremento é significativo e, portanto, que a força em peso efetiva relativa de uma emulsão é significativamente maior do que a força em peso teórica relativa. As densidades das emulsões normalmente estão na faixa de 1,1 a 1,2 g/cm³. Baseada em uma força em peso relativa calculada de 80, uma emulsão com uma densidade de 1,15 g/cm³ tem uma força em peso relativa calculada de: 80 x 1,15 / 0,84 = 110 (onde 0,84 é a densidade média assumida de uma polpa de AN/FO). Mas em razão da força em peso efetiva relativa desta emulsão ser considerada como sendo maior do que 80 (veja o parágrafo precedente), a força em volume efetiva relativa é considerada como sendo significativamente maior que 110. A mesma força, em volume maiores podem ser obtidas quando um pó de alumínio misturado a um combustível é adicionado a uma emulsão. As emulsões são embaladas em cartuchos plásticos de espessura fina, porem e resistentes, apresentando características como : � Grau de rigidez satisfatório; � Resistência à ruptura durante o uso e manuseio normais; � Propriedade de se espalhar e moldar dentro do furo. Se uma concentração de energia máxima possível no fundo do furo for exigida, os cartuchos devem ser rasgados de ponta a ponta no momento em que são colocados no fundo do furo, a emulsão então se esparrama, desloca mais ar e água e preenche uma maior porcentagem do volume disponível para carga. Este preenchimento considerável pode ser uma vantagem nos furos da linha de frente da bancada que têm afastamento do pé excessivo. Quando há passagem de água através do furo, no entanto, os cartuchos não devem ser rasgados, mas simplesmente jogados, e o período entre o carregamento e a detonação deve ser o menor possível. Para carregar furos muito irregulares, as emulsões em CURSO DE DESMONTE DE ROCHAS POR EXPLOSIVOS - FORMAÇÃO DE BLASTER Instrutor: Marcelo Lopes
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