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Lei de Cotas

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LEI DE COTAS
mini-guia
1. APRESENTAÇÃO/ INTRODUÇÃO...............................................................02
2. CONHECENDO ALGUNS CONCEITOS.......................................................03
3. AÇÕES AFIRMATIVAS: LEI DE COTAS NO BRASIL.................................06
4. COTAS QUE NÃO ESTÃO PREVISTAS NA LEI FEDERAL 12.711............12
5. COMO AS COTAS SÃO FISCALIZADAS?..................................................14
6. RESULTADO DA IMPLEMENTAÇÃO DA LEI DE COTAS..........................18
7. APENAS A LEI DE COTAS É SUFICIENTE?...............................................21
8. REFERÊNCIAS..............................................................................................25
SUMÁRIO
Conheça a LEI DE
COTAS e lute pelo o
que é justo!
01
Oi oi gente!! Somos um grupo de
estudantes de medicina da UFMA
Campus Pinheiro que participa do
Comitê Local da IFMSA Brazil UFMA
Pinheiro, o qual é filiado á IFMSA
Brazil, uma Federação que possui
diversas escolas médicas filiadas
pelo Brasil todo. O objetivo do
nosso grupo é abordar questões
sociais diversas e intervir, de
alguma maneira, sobre as questões
discutidas. Dessa forma,
elaboramos este material como
forma de intervenção às discussões
feitas sobre o sistema de cotas e a
declaração de ações afirmativas
para o ingresso em universidades
públicas no Brasil.
Olá, esse mini-guia foi criado
pensando em você, estudante do
ensino médio, vestibulando,
universitário , ou apenas um
cidadão curioso sobre o que são as
cotas. O propósito deste manual é
atingir, principalmente, você que
quer ingressar em uma
universidade pública e não tem
ideia de por onde começar quando
as cotas são o assunto. Nosso
objetivo é te situar sobre como
elas funcionam, quem tem direito
de usar e porquê elas são
importantes para a construção de
uma sociedade mais justa e uma
universidade mais diversificada,
acessível e inclusiva. Esperamos
que você aproveite muito bem as
informações aqui contidas e que
compartilhe com os amigos.
Objetivo do mini-guia "LEI
DE COTAS".
O  que é o grupo de
discussões IFMSA Brazil
UFMA Pinheiro?
1. APRESENTAÇÃO/ INTRODUÇÃO
IFMSA Brazil
UFMA Pinheiro
02
MERITOCRACIA
A meritocracia significa 
 conseguir seus objetivos a 
 partir dos seus próprios 
 esforços, de forma natural, 
 sem ajuda de terceiros. Se 
 baseia na premissa de que 
 tudo é possível se houver
esforço pessoal. No entanto, 
 na realidade brasileira esse
conceito foi construido
socialmente pela classe 
 dominante no decorrer da
história e não se aplica, por 
 ignorar as desigualdades 
 sociais e econômicas, uma vez 
que nem todos partem da 
 mesma realidade ou saem do
mesmo ponto de partida.
MINORIAS
Minorias são grupos sociais que estão em menor quantidade em
representação e poder na sociedade. Muitas vezes estão também
em posição de vulnerabilidade, e sofrem com mais frequência
situações de exclusão social e discriminação nas oportunidades.
REPRESENTATIVIDADE
“Uma pessoa representativa
é como se fosse a voz e a
imagem de um segmento,
setor ou grupo social.”
2. CONHECENDO ALGUNS CONCEITOS
Agora vamos apresentar alguns conceitos que te ajudarão a compreender
mais sobre a importância desse sistema de cotas e seu embasamento.
“A representatividade é
construção de identidade!”
– Larissa Sá
03
COTAS RACIAIS X SOCIAIS
Cotas são formas de ações
afirmativas que atuam na
reparação de alguma desigualdade
histórica ou social de algumas
populações. No caso das cotas
raciais, estas são direcionadas para
minorias historicamente /
tradicionalmente reprimidas:
pretos, pardos e indígenas. Por
acontecimentos como a escravidão
e a colonização. JAs cotas sociais
também são políticas públicas, no
sentido de reparar desigualdades e
promover equidade no acesso à
universidade, elas podem ser
destinadas para pessoas de baixa
renda, deficientes, estudantes de
escola pública e transexuais, por
exemplo. Elas buscam
principalmente a inclusão social
dessas pessoas e quebrar/destruir
barreiras que impedem a equidade
de oportunidades.
AUTODECLARAÇÃO X
HETEROIDENTIFICAÇÃO 
Autodeclaração é o ato de
declarar a si próprio algo.
Em uma autodeclaração
racial, você pode se
declarar como preto, pardo
ou indígena. No outro lado,
a heteroidentificação é um
procedimento, realizado
por uma comissão, para
efetivar a veracidade da
autodeclaração. A
verificação da comissão de
heteroidentificação é, na
maioria das vezes, baseada
no fenotípico das pessoas e
geralmente é um processo
NÃO linear. É considerada
muito importante para
diminuir a incidência de
fraude no sistema de cotas.
As cotas buscam trazer
mais equidade social!
04
IGUALDADE FORMAL X REAL
A igualdade formal é aquela
baseada na lei, ou seja, na
Constituição Federal de 1988.
Ela trata e vê todos os
indivíduos como iguais do
ponto de vista jurídico, sem
nenhum tipo de distinção. Já a
igualdade real, é aquela que é
vivenciada na prática. Ela se
aproxima mais das pessoas em
sua individualidade, com suas
diferenças. Ficando mais
próxima da isonomia e do
princípio de “tratar
desigualmente os desiguais”.
RACISMO INSTITUCIONAL 
O que chamamos de racismo
institucional é aquele que, de
forma direta ou indireta, é
praticado pelas instituições e
organizações, perpetuando o
racismo na desigualdade de
oportunidades, atitudes
estereotipadas e preconceituosas.
05
3. AÇÕES AFIRMATIVAS: LEI DE COTAS
NO BRASIL
São políticas públicas (e privadas) que
visam a garantia de direitos
historicamente negados aos grupos
minoritários, como negros, mulheres e
pessoas com deficiência.
o que são ações
afirmativas?
Após o Governo lançar o 2º Programa Nacional de Direitos
Humanos, emitiu um decreto executivo, em 2002, criando o
Programa Nacional de Ação Afirmativa.
LINHA DO TEMPO DA LEGISLAÇÃO DO SISTEMA DE COTAS
2002
2003
2004-2005
2012
2016
2017
Decreto nº 4.228,
em 13/05/2002,
que criou um
Programa
Nacional de
Ações
Afirmativas.
Medida Provisória
nº 111, convertida na
Lei nº 10.678 de
23/05/2003 que criou
o SEPPIR (Secretaria
Especial de Políticas
de Promoção da
Igualdade Racial).
ProUni foi criado
pelo Governo
Federal em 2004 e
institucionalizado
pela Lei nº 11.096,
em 13/01/2005.
. LEI DAS COTAS: Nº
12.711, de 29/08/2012.
. Decreto nº 7.824,
de 11/10/2012.
. Portaria Normativa MEC
nº 18, de 11/10/2012.
.Portaria Normativa MEC
nº 21, de 5/11/2012.
Lei Nº 13.409, de
28/12/2016: altera a Lei nº
12.711, de 29/08/2012,
sobre a reserva de vagas
para pessoas com
deficiência nos cursos
técnico de nível médio e
superior das instituições
federais de ensino.
Portaria Normativa
Nº 9, de
05/05/2017.
06
Minorias
englobadas
Descrição São minorias étnicas,
discriminadas por
conta de sua cor de
pele e cultura,
amplamente afetadas
durante o período de
escravidão e
colonização.
Estudantes que cursaram
integralmente o ensino médio
em escolas públicas,
estudantes com renda
familiar abaixo de 1,5 salário
mínimo e pessoas com
deficiência (PcD).
Criado a fim de amparar
estudantes que foram
prejudicados devido à falta
de acesso a uma educação de
qualidade durante o ensino
médio cursado em escolas
públicas.
DIVISÃO BÁSICA DO SISTEMA DE COTAS
MAS, ENTÃO O QUE DIZ A LEI DE COTAS?
Ela dispõe sobre o ingresso nas
universidades federais e nas
instituições federais de ensino
técnico de nível médio.
COTAS RACIAIS COTAS SOCIAIS
Pretos, Pardos e
Indígenas.
07
“Eu defendo as cotas, pois elas são
extremamente essenciais para garantir
equidade para aqueles que não
tiveram as mesmas oportunidades ou
ferramentas de estudo.” 
– Stefhany Beatriz
08
Negros e pardos representam 53,6% de toda a população
brasileira e apesar disso:
Apenas 12% da população preta e 13% da parda têm ensino superior,
contrastando com 31% da população branca. Visto isso, a
desigualdade de escolaridade é refletida na renda, com o salário da
população preta e parda equivalendo a 59,2% ao da população
branca.
No prazo de dez anos, a contar da data de publicação desta Lei, será
promovida a revisão doprograma especial para o acesso às
instituições de educação superior de estudantes pretos, pardos e
indígenas e de pessoas com deficiência, bem como daqueles que
tenham cursado integralmente o ensino médio em escolas públicas.
(BRASIL, 2012, n. p.)
"As condições não são as
mesmas, não existe
meritocracia na educação
brasileira."
Andressa Bianca
ALÉM DOS TÓPICOS JÁ DISCUTIDOS, O QUE PREVIA A LEI
PUBLICADA EM 2012?
IMPORTÂNCIA DA IMPLEMENTAÇÃO DA LEI DE COTAS
09
50% Vagas 
Estudantes que cursaram
integralmente ensino médio
ou fundamental em escola
pública, conforme o caso.
Entenda como funciona a 
distribuição de vagas
100% Vagas para cursos de
graduação ou ensino técnico
50% vagas 
Ampla Concorrência
50% para estudantes com
renda familiar bruta = ou < 1,5
salários mínimos
50% para estudantes com
renda familiar bruta > 1,5
salários mínimos
Percentual mínimo igual à da
soma de autodeclarados
pretos, pardos, indígenas e
de pessoas com deficiência
Desde a sua implementação, a lei de
cotas já estava condicionada a uma
avaliação e revisão programada,
prevista para quando completasse
dez anos.
10
Do total de vagas, metade são para
estudantes que cursaram o ensino
médio (no caso de curso superior) ou
fundamental (no caso de curso
técnico) integralmente em escolas
públicas;
Essas vagas serão distribuídas em
duas categorias: vagas para
estudantes com renda familiar bruta
inferior ou igual a 1,5 salários
mínimos e a outra metade dessas
vagas para estudantes com renda
familiar bruta superior a 1,5 salários
mínimos.
Para cada faixa de renda, entre as
vagas para candidatos cotistas
anteriormente reservadas, são
separadas vagas para autodeclarados
pretos, pardos, indígenas e pessoas
com deficiência (PcD),
proporcionalmente ao censo do
Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) do estado da
instituição de ensino a que vai
concorrer.
De forma mais clara...
COTAS SOCIAIS COTAS RACIAIS E PARA PcD
100 
TOTAL DE 
VAGAS NO 
CURSO
50
ALUNOS DE
ESCOLA
PÚBLICA
50
AMPLA
CONCORRÊNCIA
25
RENDA < OU IGUAL
A 1,5 SALÁRIO PER
CAPITA
INDEPENDENTEMENTE
DA RENDA
25
Para ilustrar essa
distribuição de vagas da Lei
de Cotas
SEM
DEFICIÊNCIA
PRETOS, PARDOS E INDÍGENAS
DEMAIS VAGAS
COM
DEFICIÊNCIA
13 1
SEM
DEFICIÊNCIA
COM
DEFICIÊNCIA
110
SEM
DEFICIÊNCIA
PRETOS, PARDOS E INDÍGENAS
DEMAIS VAGAS
COM
DEFICIÊNCIA
13 1
SEM
DEFICIÊNCIA
COM
DEFICIÊNCIA
110
11
A Lei nº 12.711/2012 estabelece que universidades federais e institutos
federais reservem pelo menos metade de suas vagas destinadas a
candidatos que cursaram o ensino médio em escola pública, os quais
são distribuídos nas modalidades já citadas. Mas vale ressaltar que as
instituições podem aumentar este número e as modalidades de cotas
oferecidas. Além disso, as instituições de ensino superior estaduais, por
não serem de cunho federal, não se enquadram no que é citado na Lei,
logo, cabe a cada uma das instituições o oferecimento independente de
vagas destinadas às cotas, o que permite que outras modalidades
sejam estabelecidas.
Dessa forma, algumas instituições acrescentam outras
modalidades na constituição do seu sistema de cotas,
oferecendo, por exemplo, vagas exclusivamente
destinadas a:
CIGANOS
QUILOMBOLAS
PORTADORES DE
TRANSTORNO
DO ESPECTRO
AUTISTA
4. COTAS QUE NÃO ESTÃO PREVISTAS
EM LEI
TRANSEXUAIS
E TRAVESTIS
12
Modalidades adicionais como essa fazem com que aumente a
representatividade desses grupos que são marginalizados pela
sociedade e não têm muitos de seus direitos garantidos. Ademais, o
motivo de enxergar que esses grupos precisam adentrar em
universidades é, ainda que ínfima, uma reparação do destino cruel
que a sociedade os impõe. Por exemplo, o fato das pessoas
transexuais e travestis sofrerem homofobia ao extremo a ponto de
serem forçadas a enveredar pelos caminhos da prostituição (fato
que contribui para estatísticas como 90% da população transexual
e travesti ter a prostituição como fonte de renda). Outro exemplo é
encontrado nas pessoas que residem em comunidades
remanescentes de Quilombos. Essas comunidades, historicamente,
são marcadas por tentativas de fugir do regime escravista, o que
fez com que morassem em locais muito afastado dos centros
urbanos e com que sofram até hoje com isso (não tendo garantia de
direitos como educação e saúde em plenitude). Além da UNEB, a
Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) e a Fundação
Universidade Federal do ABC também oferecem vagas destinadas a
pessoas transexuais e travestis.
A UNEB - Universidade do Estado da Bahia, a partir do ano de 2019,
passou a oferecer um acréscimo de 5% das vagas já existentes para
atender transexuais e travestis, ciganos, quilombolas e portadores
de transtorno do espectro autista, de forma que cada uma dessas
modalidades individualmente passou a receber vagas que, por
obrigatoriedade, só podem ser ocupadas por essas pessoas.
13
É feito um cálculo a partir da renda 
 per capita do candidato, a qual, para
que seja aprovada, deve ser inferior a
um salário mínimo e meio por pessoa.
As divisões das classes são feitas da
seguinte forma: autônomos,
profissionais liberais, assalariados,
agricultores, inscritos no cadastro
único, aposentados e pensionistas e
pessoas que vivem de rendimento de
aluguel. Em alguns casos, é pedido o
extrato bancário dos últimos 3 meses
para conferência da veracidade de
informações prestadas, em outros,
apenas a apresentação da declaração
de imposto de renda é suficiente.
Fonte: Edital PROEN Nº 105/2020 UFMA
Pinheiro
COTA PCD
As deficiências são classificadas em
categorias: física, auditiva, visual, e
intelectual. Para efeito de fiscalização,
é necessário que o candidato esteja com
o laudo médico atualizado, com
emissão de no máximo 3 meses,
atestando espécie, grau, causa e
comprometimento das funções. Além
da documentação, o candidato é
submetido à uma perícia médica, que
verifica se a deficiência está inclusa no
estatuto da pessoa com deficiência, e se
possível, repete os exames já feitos pelo
médico. Em algumas universidades,
também é feito uma análise
biopsicossocial, para averiguar se o
candidato está apto ou não a assumir a
vaga. 
Nota: Transtornos como o transtorno
de déficit de atenção e hiperatividade
(TDAH), transtorno de discalculia e
alergias em geral, não são
caracterizados como deficiência.
Fonte: Edital PROEN Nº 105/2020 UFMA Pinheiro
COTA DE BAIXA RENDA
5. COMO AS COTAS SÃO
FISCALIZADAS
14
NEGROS
Como apresentado anteriormente, as cotas para negros envolvem
tanto aqueles autodeclarados pretos, quanto os autodeclarados
pardos. As fiscalizações de cota racial variam de acordo com a dita
instituição, visto que a Lei das Cotas (Lei n°12.711 de 29 de Agosto de
2012) não dispõe sobre as formas de fiscalização. Nesse contexto,
algumas faculdades e universidades se contentam apenas com a
autodeclaração (documento anexo ao Edital que deve ser assinado
pelo aluno), enquanto outras exigem, também, a realização de
entrevista frente a uma Comissão de Heteroidentificação Racial. Em
caso de matrículas indeferidas, o aluno pode entrar com pedido de
recurso, sendo avaliado por uma segunda comissão, diferente da
primeira. Além disso, podemos encontrar exemplos de universidades
que instituíram Comissões de Validação da Declaração Étnico-Racial,
para averiguar casos antigos de possível fraude. Tais Comissões
citadas acima se apresentam como órgão de fiscalização das cotas
raciais e buscam, em geral, privilegiar aspectos fenotípicos (conjunto
de características físicas do indivíduo, predominantemente a cor da
pele, a textura do cabelo e aspectos faciais).
Fontes: Lei n° 12.711 de 29 de Agosto de 2012 e Edital PROEN n° 105/2020 UFMA Pinheiro
15
Considera-se Escola Pública qualquer entidade criada ou incorporada, mantida
e administrada pelo Poder Público (Lei n° 9.394 de Dezembro de 1996, Art 19°).
Sendo assim, para comprovação de pertencimento à cota, exige-se original e
cópia do Histórico Escolar de todas as séries do Ensino Médio (o qual deve ter
sido concluído integralmente em instituiçõespúblicas) e uma Declaração do
aluno afirmando não ter cursado nenhuma série do Ensino Médio na rede
privada (geralmente apresentada entre os anexos dos editas).
ESCOLA PÚBLICA
Nota: algumas instituições exigem
mais do que apenas o Ensino Médio
prestado em escola pública, se
estendendo até o Ensino Fundamental.
Fontes: Lei n° 9.394 de Dezembro de 1996 e
Edital PROEN n°105/2020 UFMA Pinheiro
16
O aluno pode ser submetido a uma Comissão, e dele pode ainda ser
exigido o documento original de sua respectiva comunidade assinado
por, pelo menos, duas lideranças, reconhecendo o pertencimento
étnico-indígena, RANI (Registro Administrativo de Nascimento de
Indígena) ou cadastro em instituição/associação indígena.
Fontes: https://vestibular.mundoeducacao.uol.com.br/cotas/cotas-para-indios.htm ,
Lei n° 12.711 de 29 de Agosto de 2012 e Edital PROEN n° 105/2020 UFMA Pinheiro
Algumas instituições separam
cotas para indígenas e para
negros, contudo isso não é
obrigatório. Para se candidatar a
essa cota, o aluno deve
apresentar declaração assinada
(presente entre os anexos do
edital) informando sua
autodeclaração.
“Entrar na universidade por cota é
motivo de orgulho para mim, pois
me sinto representando meu povo
indígena”– Karla Miranda
17
INDÍGENAS
Esse é o relato do cientista político Derson Maia, que ingressou na
Universidade de Brasília por meio do sistema de cotas raciais, em
2008. Antes da lei de cotas, algumas universidades adotaram o
sistema de cotas raciais, destinando uma porcentagem de vagas para
os alunos pretos e pardos. Contudo, essa oferta de vagas não
abrangia todas as universidades e nem se tinha um controle para
deixar o sistema de cotas mais uniforme. Em 2012, a lei de cotas
trouxe o melhor estabelecimento de como deveriam ser ofertadas
essas vagas e, por meio do Sisu, possibilitou a adesão de todas as
universidades e institutos federais do Brasil. Consequentemente, o
número de pessoas de baixa renda, pretos, pardos e indígenas
ingressando em universidades aumentou, e antes o âmbito acadêmico
que era quase que exclusivamente branco e classe média/alta
passou a ser mais diversificado.
Mesmo com cotas, você via pouquíssimos negros na universidade. Na
minha turma de ciência política era eu e uma outra menina. Quando
eu estava me formando, em 2014, eu comecei a notar que a
universidade realmente estava ficando bem mais negra, com pessoas
de outras classes sociais mais baixas, porque antes era muito difícil.
O negro que eu convivia ao longo do curso era estrangeiro.
6. RESULTADO DA IMPLEMENTAÇÃO
DA LEI DE COTAS
18
Um estudo publicado em 2019 sobre o perfil discente das
universidades federais pós-lei de cotas, fazendo uma
avaliação de 2012 a 2016, mostrou resultados positivos
nos 4 primeiros anos de implementação da lei.
19
Sobre PcD, como a reserva de vagas foi mais recente (2018), é muito difícil
encontrar números exatos sobre o percentual de mudança que a lei gerou e
seus impactos. Além disso, tendo em vista a falta de acessibilidade, muitas
vezes é insustentável para o aluno conseguir acompanhar o curso, o que acaba
gerando evasão. Isso, consequentemente, diminui o número de PcD que estão
atualmente no nível superior por meio da Lei de Cotas, se forem comparados
com a quantidade de vagas ofertadas e matrículas realizadas. Apesar de tudo,
é inquestionável a importância que foi a Lei de Cotas abranger pessoas com
deficiência, pois resulta na inclusão e representatividade de quem enfrenta
inúmeros obstáculos na sociedade diariamente.
Para avaliar os resultados da lei em sua totalidade, que terá
duração de 10 anos, se faz necessário um estudo profundo pelo
Ministério da Educação. Até o momento, passados 8 anos da
sua criação, percebe-se a escassez de pesquisas no que diz
respeito aos resultados da implementação da lei de cotas. Mas
uma coisa é unânime: essa lei possibilitou a maior inclusão
de pessoas que antes pouco tinham oportunidades de
adentrar em uma universidade, tornando-a menos elitizada e
mais acessível.
20
Podemos perceber que a Política de Cotas, segundo os resultados
divulgados pelo Portal do MEC, foi e continua sendo responsável por uma
inclusão significativa da população negra, indígena e com deficiência
nas instituições de ensino. Entretanto, essa política não deve ser
abordada como a solução da marginalização social sofrida por essas
minorias. É impossível, por exemplo, anular as consequências de 300 anos
de escravidão ou 520 anos de etnocídio indígena, com apenas uma lei. A
Política só será eficaz se houver um esforço por parte das instituições
(professores, funcionários e alunos) em manter aquele aluno.
7. APENAS A LEI É SUFICIENTE?
21
O que é a violência simbólica, o racismo institucional
e como esses conceitos ultrapassam os limites da
inclusão e representatividade adquiridos com as
ações afirmativas? 
A violência simbólica e o racismo institucional são dois conceitos
interligados presentes dentro das instituições de ensino (escola e
universidade) e em outros eixos da sociedade (como saúde), estando
inteiramente ligados à concepção da sociedade. Ambos trazem consigo a
definição de um dano não físico, mas sim moral e psicológico. Essa
violência aparece como uma discriminação velada (encoberta), constante e
segregadora, que cria nessas pessoas o sentimento de não pertencimento e
é uma das principais causas desses estudantes abandonarem as
instituições de ensino. Atitudes e falas racistas, por parte de funcionários,
alunos e professores, torna o ambiente insuportável para o estudante
negro/indígena. O fato de haverem falas que anulem essa violência,
espalhando a falsa ideia de igualdade ou o mito da democracia racial,
reforça ainda mais a invisibilidade social destes alunos. 
"Dentro da Universidade, como em outros
ambientes, já presenciei e fui citado em
comentários que distribuem a estupidez do
racismo.” 
 - Wilson Coelho
22
É importante lembrar que o combate ao
racismo pode começar na linguagem. O debate
constante dessas temáticas, evidenciando e
criticando esse racismo e etnocentrismo
velados no ambiente de ensino (e fora dele),
pode ser a porta para que práticas antirracistas
ganhem ainda mais força e o negro (e índio)
ganhe e permaneça no espaço que conquistou
com a política de ações afirmativas. 
Existem programas, bolsas e auxílios, que tem o objetivo de auxiliar os
estudantes de baixa renda com os gastos referentes à permanência na
faculdade, oferecendo valores que variam de acordo com o tipo de bolsa.
Os auxílios podem ser ofertados tanto pelas faculdades, quanto pelo
MEC. 
Fale,
critique,
debata,
pergunte! 
E quanto às cotas de renda? O que é feito para manter o aluno
em condição de vulnerabilidade econômica na Universidade? 
Acesse:
https://portais.ufma.br/PortalProReitoria/proae
s/paginas/pagina_estatica.jsf?id=451 para mais
informações sobre os programas existentes na
UFMA. 
23
Pessoas com deficiência, ao entrarem em uma instituição pública de
ensino, logo se deparam com um ambiente totalmente despreparado para
recebê-las. Muitas universidades públicas ainda não contam com
estratégias de acessibilidade, tais quais: rampas em todos os prédios,
mural de avisos e documentos institucionais disponíveis em braile,
funcionários fluentes em LIBRAS, entre outros. Os próprios professores
são, geralmente, incapacitados para atender essa demanda,
principalmente quando se trata de alunos autistas e outros espectros
intelectuais. Às vezes, até o uso de slides e vídeos de forma desatenciosa
pode dificultar o aprendizado de alunos com dificuldades visuais e
auditivas leves. Toda essa inacessibilidade pode causar a evasão desses
alunos cotistas. 
E como se dá a acessibilidade de estudantes com deficiência?
Como é o ambiente acadêmico?
“Falta empatia dos outros alunos e
membros da Universidade, tal como
adequada qualificação dos professores no
ensino para estudantes deficientes.” 
 - Stefhany Beatriz
24
“Afinal, o queé representatividade?” https://www.mensagenscomamor.com/afinal-o-que-
e-representatividade. Acessado 5 de agosto de 2020.
News, Campo Grande. “Instituições oferecem vagas para pessoas trans por meio do
Sisu”. Campo Grande News, https://www.campograndenews.com.br/educacao-e-
tecnologia/instituicoes-oferecem-vagas-para-pessoas-trans-por-meio-do-sisu. Acessado
8 de julho de 2020.
“Entenda o sistema de cotas da Uneb para trans, ciganos e portadores de transtorno do
espectro autista e deficiência”. G1,
https://g1.globo.com/ba/bahia/noticia/2018/07/27/entenda-o-sistema-de-cotas-da-uneb-
para-trans-ciganos-e-portadores-de-transtorno-do-espectro-autista-e-deficiencia.ghtml.
Acessado 8 de julho de 2020.
Senkevics, Adriano Souza e Ursula Mattioli Mello. “O PERFIL DISCENTE DAS
UNIVERSIDADES FEDERAIS MUDOU PÓS-LEI DE COTAS?” Cadernos de Pesquisa,
vol. 49, n. 172, junho de 2019, pp. 184–208. DOI.org (Crossref), doi: 10.1590 /
198053145980.
Costa, Vanderlei Balbino da e Renata Magalhães Naves. “A Implementação da Lei de
Cotas 13.409 / 2016 Para as Pessoas Com Deficiência Na Universidade.” Revista Ibero-
Americana de Estudos em Educação, vol. 15, n. esp. 1, março de 2020, pp. 966–
82. DOI.org (Crossref), doi: 10.21723 / riaee.v15iesp.1.13511.
“Cotas foram revolução silenciosa no Brasil, afirma especialista”. Agência Brasil, 27 de
maio de 2018, https://agenciabrasil.ebc.com.br/educacao/noticia/2018-05/cotas-foram-
revolucao-silenciosa-no-brasil-afirma-especialista.
“Cotas para índios – cotas para indígenas no vestibular”. Super Vestibular,
https://vestibular.mundoeducacao.uol.com.br/cotas/cotas-para-indios.htm. Acessado 5 de
agosto de 2020.
LEI Nº 12.711 DE 29 DE AGOSTO DE 2012
http://portal.mec.gov.br/cotas/docs/lei_12711_29_08_2012.pdf. Acessado 5 de agosto de
2020.
REFERÊNCIAS
25
Edital No 105/2020 - PROEN.
https://portais.ufma.br/PortalUfma/paginas/editais/edital.jsf?id=15041. Acessado 5 de
agosto de 2020.
SILVA, Tarcia R., DIAS, Adelaide A. O RACISMO SOB A FORMA DE VIOLÊNCIA
SILENCIOSA E AS CONTRIBUIÇÕES DA PEDAGOGIA INSTITUCIONAL NO SEU
ENFRENTAMENTO. Revista Reflexão e Ação, Santa Cruz do Sul, v.21, n.1, p.72-92,
jan./jun.2013.
Barboza, Gabriela C. et al. RACISMO E NEGAÇÃO DO CORPO NEGRO: VIOLÊNCIA
SIMBÓLICA E O AMBIENTE ESCOLAR. Cadernos da Pedagogia. São Carlos, Ano 11 v.
11 n. 22 jan-jun 2018.
SILVA. Marcos Antonio B. Racismo institucional: pontos para reflexão. Laplage em
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https://www.politize.com.br/sistema-de-cotas-no-brasil/.
http://portal.mec.gov.br/ultimas-noticias/212-educacao-superior-1690610854/30301-em-
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2020.
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excecao-entre-pessoas-trans.shtml.
REFERÊNCIAS
26
"Um aluno cotista tem tanto direito a
frequentar uma universidade pública quanto
qualquer outro e deve levantar a cabeça e
sentir orgulho justamente por causa disso, por
conta do direito conquistado"
– Andressa Bianca

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