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1 Prezado aluno e futuro Policial Rodoviário Federal, Antes de tudo, gostaria de lhe agradecer por ter acreditado no nosso projeto. Hoje iniciaremos nossa conversa sobre um normativo bastante recente, a Lei nº 13.675, de 11 de junho de 2018. Para tanto seguiremos o seguinte roteiro: Sumário 1. Introdução ................................................................................................................................................................. 2 2. O porquê de uma Política Nacional de Segurança Pública e Defesa Social ................... 5 3. Estrutura da Política Nacional de Segurança Pública e Defesa Social (PNSPDS) ....... 7 3.1. Garantias à sociedade e controle social ................................................................................................ 8 3.2. Proteção e valorização do profissional de segurança pública ................................................ 10 3.3. Integração ......................................................................................................................................................... 12 3.4. Gestão moderna com ênfase no planejamento ............................................................................. 15 3.5. Reorientação das ações de Segurança Pública ............................................................................... 16 4. Plano Nacional de Segurança Pública e Defesa Social ............................................................. 19 5. Meios e Instrumentos para Implementação da PNSPDS ........................................................ 21 6. Questões ................................................................................................................................................................... 23 7. Gabarito .................................................................................................................................................................... 27 Lei nº 13.675/2018 (Parte 01) 2 1. Introdução Sempre que tenho o primeiro contato com algum ato normativo procuro observar a ementa. Você deve estar se perguntando: “– Professor, e o que seria essa tal ementa?” É a parte que resume e enuncia o conteúdo do ato normativo. Tenho certeza de que você já viu uma. Olha só: A ementa funciona como se fosse a sinopse de uma série ou de um filme. Serve para lhe dar uma ideia geral de quais assuntos serão tratados naquele ato normativo. Portanto, a Lei nº 13.675/2018, além de promover revogações e alterações na legislação relacionada à esfera de segurança pública, basicamente trata sobre os seguintes assuntos: Disciplina a organização e o funcionamento dos órgãos responsáveis pela segurança pública, nos termos do §7º do art. 144 da Constituição Federal. De acordo com o §7º do art. 144 da CF, “a lei disciplinará a organização e o funcionamento dos órgãos responsáveis pela segurança pública, de maneira a garantir a 3 eficiência de suas atividades”. Apesar de em seu art. 144 a CF ter desenhado a estrutura básica dos principais órgãos de segurança pública, o constituinte originário achou por bem delegar ao legislador ordinário a tarefa de disciplinar a organização e funcionamento dessas instituições com a finalidade de garantir a eficiência no desempenho de suas atividades. E isso não foi à toa! Caso o constituinte tivesse optado por inserir essa disciplina no corpo da CF, poderia acabar engessando a atuação dos nossos órgãos de segurança pública. Em uma realidade na qual o crime se torna cada vez mais “organizado”, pulverizando sua atuação e modernizando seus métodos, as estruturas institucionais de segurança pública precisam estar em constante evolução de maneira a fazer frente a esses novos desafios. Alterar a Constituição para remodelar as estratégias de atuação dos órgãos de segurança pública exigiria quórum qualificado, o que não acontece quando esse assunto é disciplinado em lei ordinária. Cria a Política Nacional de Segurança Pública e Defesa Social (PNSPDS). A Lei nº 13.675/2018 também criou a Política Nacional de Segurança Pública e Defesa Social (PNSPDS). A PNSPDS é um documento que reúne princípios, diretrizes e objetivos da atuação do Estado na esfera da segurança pública. Na aula de hoje iremos explorar em detalhes essa Política. Institui o Sistema Único de Segurança Pública (SUSP) Com a finalidade de integrar as estruturas institucionais de Segurança Pública dos diferentes entes da federação, de modo a buscar uma atuação cooperativa, sistêmica e harmônica, 4 foi criado o Sistema Único de Segurança Pública (SUSP). Podemos dizer que a criação do SUSP tem relação direta com o primeiro assunto enunciado na ementa da Lei n° 13.675/2018, uma vez que “disciplina a organização e o funcionamento dos órgãos responsáveis pela segurança pública, de maneira a garantir a eficiência de suas atividades”. Dessa maneira, podemos observar que a criação do SUSP foi, na prática, a regulamentação do §7º do art. 144 da CF. Isso permite a conclusão de que a Lei nº 13.675/2018 traz, em suma, dois tipos de inovação no nosso ordenamento jurídico: a criação da PNSPDS e do SUSP. É o que prevê o seu art. 1º: Art. 1º Esta Lei institui o Sistema Único de Segurança Pública (Susp) e cria a Política Nacional de Segurança Pública e Defesa Social (PNSPDS), com a finalidade de preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, por meio de atuação conjunta, coordenada, sistêmica e integrada dos órgãos de segurança pública e defesa social da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, em articulação com a sociedade. Temos aí de cara uma grande diferença em relação à Lei que estudamos na aula anterior: enquanto a Lei nº 11.473/2007 não prevê a participação dos Municípios nos convênios de cooperação federativa na esfera de segurança pública, a Lei nº 13.675/2018 traz os Municípios para dentro do SUSP. Isso demonstra uma nova visão de segurança pública, uma visão mais abrangente e que reconhece a necessidade de cooperação de todos os atores estatais, além da possibilidade de articulação com a sociedade, já que a segurança pública é “dever do Estado e responsabilidade de todos”. Embora não existam polícias municipais, os Municípios possuem Guardas Municipais que agem visando a proteção de seus bens, serviços e instalações, quase sempre mediante 5 atuação preventiva e presentes em cenários de comprometimento da ordem pública local. Além disso, os Municípios possuem importante função na ocupação dos espaços públicos, no planejamento e ordenamento territorial, o que acaba gerando benefícios ou prejuízos indiretos à segurança pública. Se próximo da sua casa, por exemplo, existe um terreno baldio, que não está cercado, limpo e iluminado, esse ambiente pode ser um potencial ponto de tráfico de drogas ou de prática de furtos e roubos. Quando o Município cumpre as suas funções ligadas à gestão territorial local, acaba contribuindo de maneira indireta para a melhoria da segurança pública. Essa compreensão da importância da atuação de cada ente federativo, no âmbito de suas competências e atribuições legais, está estampada no art. 2º da Lei ora em análise: Art. 2º A segurança pública é dever do Estado e responsabilidade de todos, compreendendo a União, os Estados, o Distrito Federal e os Munícipios, no âmbito das competências e atribuições legais de cada um. 2. O porquê de uma Política Nacional de Segurança Pública e Defesa Social Para garantir que o Estado não atue de forma episódica, fragmentária, contraditória ou isolada, são formuladas políticas públicas. Ou seja, as políticas públicas são documentos que sistematizam a atuação do Estado em determinada área. Existem vários tipos de políticas públicas, já que o Estado atua em diversas esferas. Nesse sentido, existempolíticas públicas ambientais, de saúde, fiscais, econômicas, de segurança pública, entre outras áreas. 6 As políticas públicas trazem os preceitos básicos da atuação do Estado em uma área específica. Por essa razão, uma política de segurança pública será formada por preceitos amplos e estratégicos, contendo as diretrizes que orientam e conformam as atividades e serviços do Estado na esfera da segurança pública. Logicamente, uma Política Nacional de Segurança Pública e Defesa Social (PNSPDS) será estabelecida pela União. Todavia, tendo em conta a autonomia entre os entes da nossa Federação, a existência de uma Política Nacional não impede que os Estados, Distrito Federal e Municípios estabeleçam suas respectivas políticas. Agora, muita atenção! A tônica da Lei nº 13.675/2018 é a integração, em outras palavras, pretende estimular que os entes federativos “falem a mesma linguagem” para que não tenhamos ações contraditórias ou fragmentárias de combate ao crime organizado interestadual e transnacional. É por esse motivo que, mesmo os Estados, DF e Municípios podendo criar suas próprias políticas, estas devem observar as diretrizes da política nacional, observe: Art. 3º Compete à União estabelecer a Política Nacional de Segurança Pública e Defesa Social (PNSPDS) e aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios estabelecer suas respectivas políticas, observadas as diretrizes da política nacional, especialmente para análise e enfrentamento dos riscos à harmonia da convivência social, com destaque às situações de emergência e aos crimes interestaduais e transnacionais. 7 3. Estrutura da Política Nacional de Segurança Pública e Defesa Social (PNSPDS) Se você já teve contato com mais de uma política pública, independentemente de suas naturezas, com certeza já observou que todas elas possuem estruturas muito semelhantes, contendo basicamente: Princípios: são os postulados fundamentais que informam a essência de determinado sistema ou área. Nesse sentido, os princípios da PNSPDS expressam os fundamentos e a essência dessa Política. Possuem, portanto, caráter abstrato, vasta amplitude, de modo a sintetizar as bases que devem inspirar todo o modo de agir do Estado na esfera da segurança pública. Diretrizes: conforme já destacamos, as políticas públicas possuem caráter mais genérico, amplo e abstrato. Precisam, portanto, ser esmiuçadas por outros documentos que irão trazer normas específicas com a finalidade de implementá-las, que lhe darão concretude e efetividade. Normalmente essas normas mais específicas são chamadas de planos. Todavia, para a elaboração desses planos que irão esmiuçar a PNSPDS, ou até mesmo para a confecção das Políticas dos demais entes da federação (que, conforme estudamos, devem se inspirar na PNSPDS), o legislador deixou as diretrizes. O que são diretrizes? São linhas que definem e regulam um traçado ou um caminho a seguir. Em outras palavras, são instruções ou indicações para se estabelecer um plano que irá esmiuçar a PNSPDS ou as políticas dos demais entes da federação. Objetivos: os objetivos irão descrever as finalidades da PNSPDS. É uma forma de possibilitar o controle da aplicação dessa Política. Com base 8 nesses objetivos serão desenvolvidos metas e indicadores que permitirão aferir o grau de eficácia e eficiência na implementação da PNSPDS. Uma leitura sistemática dos princípios, diretrizes e objetivos da PNSPDS permite a constatação de que essa política possui certos eixos temáticos. Esses eixos não estão descritos de maneira literal na Lei, mas a estruturação em eixos temáticos facilita a sua compreensão e lhe ajudará sobremaneira na hora da prova. “– Como assim, Professor?” Organizarei os princípios, diretrizes e objetivos em eixos temáticos para fins didáticos, de maneira a tornar a sua vida mais tranquila quando se deparar com alguma questão sobre a PNSPDS. Quando você compreende esses eixos temáticos, fica mais fácil acertar determinada questão por mais que você não se recorde dos exatos termos utilizados pelo legislador. Já adianto que a nossa meta aqui é lhe fornecer essa compreensão sistemática! Quando você compreende em vez de simplesmente memorizar, você diminui até mesmo aquele possível nervosismo no dia da prova. Já ouviu falar na expressão “deu branco”? Isso só acontece com quem privilegia a memorização em detrimento da compreensão. Busque na hora da prova não apenas acessar o seu repertório de conhecimentos memorizados, mas o aprendizado que você guardou ao longo das aulas e até mesmo os conteúdos conexos de outras disciplinas. Você irá ver como realizar uma prova de concurso não será uma tarefa das mais ingratas. Agora chega de conversa e vamos voltar para a nossa Lei! Recapitulando... da análise dos princípios, diretrizes e objetivos podemos depreender os seguintes eixos temáticos: 3.1. Garantias à sociedade e controle social Os princípios, diretrizes e objetivos desse esse eixo relacionam-se às garantias de que os órgãos, entidades e profissionais de segurança pública irão respeitar o ordenamento 9 jurídico, os direitos e garantias individuais e coletivos, os direitos humanos, os direitos fundamentais, enfim, que serão instrumentos de promoção da cidadania e da dignidade da pessoa humana. Ao mesmo tempo que o nosso sistema de segurança pública deve prover direitos negativos à sociedade, ou seja, não interferir de maneira indevida em sua esfera de direitos fundamentais, garantindo a liberdade dos cidadãos, essa mesma sociedade demanda a prestação de direitos positivos na forma de um atendimento imediato com qualidade, simplicidade, informalidade e economia procedimental, ou seja, um atendimento célere e desburocratizado. A PNSPDS afirma também que as estruturas de segurança pública terão intensa participação da sociedade civil e serão por elas controladas. Para que haja um efetivo controle social, deve-se garantir a publicidade das informações não sigilosas, transparência, responsabilização e prestação de contas. O eixo temático em análise engloba os seguintes princípios, diretrizes e objetivos presentes na PNSPDS: 10 PRINCÍPIOS DIRETRIZES OBJETIVOS I - respeito ao ordenamento jurídico e aos direitos e garantias individuais e coletivos; III - proteção dos direitos humanos, respeito aos direitos fundamentais e promoção da cidadania e da dignidade da pessoa humana; VII - participação e controle social; XI - publicidade das informações não sigilosas; XIV - simplicidade, informalidade, economia procedimental e celeridade no serviço prestado à sociedade; XVI - transparência, responsabilização e prestação de contas. I - atendimento imediato ao cidadão; X - atendimento prioritário, qualificado e humanizado às pessoas em situação de vulnerabilidade; XIII - modernização do sistema e da legislação de acordo com a evolução social; XIV - participação social nas questões de segurança pública; V - promover a participação social nos Conselhos de segurança pública; 3.2. Proteção e valorização do profissional de segurança pública Outro eixo estruturante da PNSPDS consiste na proteção, valorização e reconhecimentos dos profissionais de segurança pública. Nos últimos anos temos assistido ao crescimento de uma triste cifra: o aumento do número de policiais mortos em serviço ou mortos pelo fato de serem policiais. Atenta a essa realidade, a PNSPDS se pautou pelo aperfeiçoamento na formação e qualificação de profissionais, de modo a torná-los mais aptos não só no respeito aos direitos fundamentais da sociedade, mas também para sobrevivência no exercício das atividades de 11 segurança pública. Vale ressaltar que a PNSPDS não se preocupou apenas com a garantia da integridade física dos mencionados profissionais, mas igualmente de seus familiares.Houve ainda a previsão de diretriz no sentido de incentivar a designação de servidores de carreira para os cargos de chefia nos órgãos de segurança pública, de modo a valorizar a carreira, fornecer estímulo aos profissionais dessas instituições e garantir que estas serão geridas por pessoas que realmente conhecem o ofício. O eixo temático em análise engloba os seguintes princípios, diretrizes e objetivos presentes na PNSPDS: PRINCÍPIOS DIRETRIZES OBJETIVOS II - proteção, valorização e reconhecimento dos profissionais de segurança pública; VI - formação e capacitação continuada e qualificada dos profissionais de segurança pública, em consonância com a matriz curricular nacional; XXV - incentivo à designação de servidores da carreira para os cargos de chefia, levando em consideração a graduação, a capacitação, o mérito e a experiência do servidor na atividade policial específica; XI - estimular a padronização da formação, da capacitação e da qualificação dos profissionais de segurança pública, respeitadas as especificidades e as diversidades regionais, em consonância com esta Política, nos âmbitos federal, estadual, distrital e municipal; XXI - estimular a criação de mecanismos de proteção dos agentes públicos que compõem o sistema nacional de segurança pública e de seus familiares; XXII - estimular e incentivar a elaboração, a execução e o monitoramento de ações nas áreas de valorização profissional, de saúde, de qualidade de vida e de segurança dos servidores que compõem o sistema nacional de segurança pública; 12 3.3. Integração A tônica da Lei nº 13.675/2018 é a integração na esfera da segurança pública e defesa social. Essa integração envolve os 3 Poderes, o Ministério Público, a Defensoria Pública e todos os entes da federação. Além disso, relaciona-se tanto a ações de segurança pública em sentido estrito quanto a políticas transversais capazes de impactar indiretamente essa área, como políticas de preservação do meio ambiente e as de cunho social voltadas para a promoção da dignidade da pessoa humana. Torna-se, então, evidente que a integração deve existir não apenas entre órgãos de segurança pública, mas envolver todas as instituições que direta ou indiretamente podem colaborar nessa esfera. Nesse sentido, uma das diretrizes da PNSPDS é a celebração de termo de parceria e protocolos até mesmo com as agências de vigilância privada, respeitando-se, logicamente, a lei de licitações. Objetivando dar efetividade a esse mandamento de integração, a PNSPDS estabelece como diretrizes o compartilhamento de informações por meio de sistema integrado; a padronização de estruturas, de capacitação, de tecnologia e de equipamentos para que todos os profissionais envolvidos possam “falar a mesma linguagem” e ter as mesmas condições técnicas; além de um sistema que permita unidade de registro de ocorrência policial, fundamental para investigações de suspeitos que cometem crimes em diferentes circunscrições. É necessário também que os diferentes sistemas de segurança pública consigam se comunicar, garantindo-se a interoperabilidade. Interoperabilidade é a capacidade de um sistema de se comunicar de forma transparente (ou o mais próximo disso) com outro sistema. 13 Outro aspecto ligado à integração é o estabelecimento de deontologia policial e de bombeiro militar comuns. Esse nome complicadinho “deontologia” significa uma disciplina ética especial adaptada para o exercício de uma profissão. A partir do momento em que os policiais e os bombeiros militares possuem o mesmo sistema de valores profissionais, facilita-se uma atuação integrada já que terão os mesmos limites éticos. Essa deontologia comum deve, entretanto, respeitar os regimes jurídicos e as peculiaridades de cada instituição. PRINCÍPIOS XV - relação harmônica e colaborativa entre os Poderes; PRINCÍPIOS DIRETRIZES OBJETIVOS XV - relação harmônica e colaborativa entre os Poderes; IV - atuação integrada entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios em ações de segurança pública e políticas transversais para a preservação da vida, do meio ambiente e da dignidade da pessoa humana; V - coordenação, cooperação e colaboração dos órgãos e instituições de segurança pública nas fases de planejamento, execução, monitoramento e avaliação das ações, respeitando- se as respectivas atribuições legais e promovendo-se a racionalização de meios com base nas melhores práticas; I - fomentar a integração em ações estratégicas e operacionais, em atividades de inteligência de segurança pública e em gerenciamento de crises e incidentes; III - incentivar medidas para a modernização de equipamentos, da investigação e da perícia e para a padronização de tecnologia dos órgãos e das instituições de segurança pública; VII - promover a interoperabilidade dos sistemas de segurança pública; 14 VIII - sistematização e compartilhamento das informações de segurança pública, prisionais e sobre drogas, em âmbito nacional; XI - padronização de estruturas, de capacitação, de tecnologia e de equipamentos de interesse da segurança pública; XV - integração entre os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário no aprimoramento e na aplicação da legislação penal; XVI - colaboração do Poder Judiciário, do Ministério Público e da Defensoria Pública na elaboração de estratégias e metas para alcançar os objetivos desta Política; XXI - deontologia policial e de bombeiro militar comuns, respeitados os regimes jurídicos e as peculiaridades de cada instituição; XXII - unidade de registro de ocorrência policial; XXIII - uso de sistema integrado de informações e dados eletrônicos; XXVI - celebração de termo de parceria e protocolos com agências de vigilância privada, respeitada a lei de licitações. IX - estimular o intercâmbio de informações de inteligência de segurança pública com instituições estrangeiras congêneres; X - integrar e compartilhar as informações de segurança pública, prisionais e sobre drogas; XI - promover uma relação colaborativa entre os órgãos de segurança pública e os integrantes do sistema judiciário para a construção das estratégias e o desenvolvimento das ações necessárias ao alcance das metas estabelecidas; 15 3.4. Gestão moderna com ênfase no planejamento A PNSPDS traz princípios, diretrizes e objetivos que concebem um moderno paradigma de gestão com ênfase no planejamento das ações e no constante monitoramento e avaliação das ações implementadas. Essa moderna gestão preza também pela otimização de recursos (fazer mais com menos), o que pode ser alcançado mediante modernização e inovação tecnológica. A PNSPDS pretende ainda que as políticas e ações de segurança pública sejam formuladas e avaliadas não por critérios empíricos ou pelo “achismo” das autoridades da área, mas com base em estudos e diagnósticos. Trata-se da opção por uma gestão científica da segurança pública. PRINCÍPIOS DIRETRIZES OBJETIVOS XII - promoção da produção de conhecimento sobre segurança pública; XIII - otimização dos recursos materiais, humanos e financeiros das instituições; II - planejamento estratégico e sistêmico; VII - fortalecimento das instituições de segurança pública por meio de investimentos e do desenvolvimento de projetos estruturantes e de inovação tecnológica; IX - atuação com base em pesquisas, estudos e diagnósticos em áreas de interesse da segurança pública; XX - distribuição do efetivo de acordo com critérios técnicos; VI - estimular a produção e a publicação de estudos e diagnósticos para a formulação e a avaliação de políticas públicas; XVIII - estabelecer mecanismos de monitoramento e de avaliação das ações implementadas; 16 3.5. Reorientação das ações de Segurança PúblicaA PNSPDS também se volta para o que chamamos de “reorientação das ações de segurança pública”, traçando princípios, diretrizes e objetivos, de modo a conceber uma Política que se implementada adequadamente possa vir a superar os principais gargalos que geram ineficiência e abusos no modelo atual do nosso sistema de segurança pública. Destaca-se a necessidade de uma política de prevenção no que se refere à prática de infrações penais. Para esse fim, faz-se necessário um conjunto de ações de segurança integradas com a área social, como o policiamento de proximidade, também conhecido como policiamento comunitário, estratégia que se baseia no relacionamento entre a população e as forças de segurança pública, com o objetivo de prevenção à ocorrência de crimes. Outro aspecto em relevo é a preocupação com a apuração de infrações penais, diante da estatística segundo a qual o Brasil possui um dos menores índices de elucidação de delitos. A PNSPDS estabelece, então, como prioridades o combate aos crimes transfronteiriços (considerados os principais canais de entrada de armas e drogas no País), às organizações criminosas e à corrupção, além do fortalecimento das ações de fiscalização de armas de fogo e munições, de investigação de crimes hediondos e de homicídios e a prevenção e repressão aos crimes cibernéticos. A PNSPDS também elenca a necessidade de atenção à área de defesa civil, dado o seu potencial de causar reflexos na esfera de segurança pública. Nesse sentido, estabelece como princípio a eficiência na prevenção e na redução de riscos em situações de emergência e desastres que afetam a vida, o patrimônio e o meio ambiente. 17 A proteção ao meio ambiente é colocada lado a lado da proteção à vida e ao patrimônio, em um claro reconhecimento da urgência em trazer esse tema para o foco das políticas de segurança pública, não só pelos danos potenciais à segurança geradas pela sua devastação, mas por haver uma série de tipos penais previstos em lei relacionados à proteção ao meio ambiente. Por fim, a PNSPDS preocupa-se com a redução da letalidade policial, promovendo a resolução pacífica dos conflitos e o uso comedido e proporcional da força. Destaca-se também a importância de se remodelar o nosso modelo prisional, promovendo-se a reinserção social dos egressos desse sistema e o aperfeiçoamento da aplicação e do cumprimento de medidas restritivas de direito e de penas alternativas à prisão. PRINCÍPIOS DIRETRIZES OBJETIVOS IV - eficiência na prevenção e no controle das infrações penais; V - eficiência na repressão e na apuração das infrações penais; VI - eficiência na prevenção e na redução de riscos em situações de emergência e desastres que afetam a vida, o patrimônio e o meio ambiente; VIII - resolução pacífica de conflitos; IX - uso comedido e proporcional da força; X - proteção da vida, do patrimônio e do meio ambiente; III - fortalecimento das ações de prevenção e resolução pacífica de conflitos, priorizando políticas de redução da letalidade violenta, com ênfase para os grupos vulneráveis; XII - ênfase nas ações de policiamento de proximidade, com foco na resolução de problemas; XVII - fomento de políticas públicas voltadas à reinserção social dos egressos do sistema prisional; XIX - incentivo ao desenvolvimento de programas e projetos com foco na promoção da cultura de paz, na segurança II - apoiar as ações de manutenção da ordem pública e da incolumidade das pessoas, do patrimônio, do meio ambiente e de bens e direitos; IV - estimular e apoiar a realização de ações de prevenção à violência e à criminalidade, com prioridade para aquelas relacionadas à letalidade da população jovem negra, das mulheres e de outros grupos vulneráveis; VIII - incentivar e ampliar as ações de prevenção, controle e fiscalização para a repressão aos crimes transfronteiriços; 18 comunitária e na integração das políticas de segurança com as políticas sociais existentes em outros órgãos e entidades não pertencentes ao sistema de segurança pública; XII - fomentar o aperfeiçoamento da aplicação e do cumprimento de medidas restritivas de direito e de penas alternativas à prisão; XIII - fomentar o aperfeiçoamento dos regimes de cumprimento de pena restritiva de liberdade em relação à gravidade dos crimes cometidos; XV - racionalizar e humanizar o sistema penitenciário e outros ambientes de encarceramento; XVI - fomentar estudos, pesquisas e publicações sobre a política de enfrentamento às drogas e de redução de danos relacionados aos seus usuários e aos grupos sociais com os quais convivem; XVII - fomentar ações permanentes para o combate ao crime organizado e à corrupção; XX - estimular a concessão de medidas protetivas em favor de pessoas em situação de vulnerabilidade; XXIII - priorizar políticas de redução da letalidade violenta; XXIV - fortalecer os mecanismos de investigação de crimes hediondos e de homicídios; XXV - fortalecer as ações de fiscalização de armas de fogo e munições, com vistas à redução da violência armada; XXVI - fortalecer as ações de prevenção e repressão aos crimes cibernéticos. 19 Chamamos a sua atenção mais uma vez para o fato de que essa divisão em eixos temáticos foi apenas uma estratégia didática do seu Professor. Na verdade, se você observar com atenção, esses princípios, diretrizes e objetivos possuem como principal característica a transversalidade das ações. Por exemplo, a diretriz de “ênfase nas ações de policiamento de proximidade”, ou policiamento comunitário, ao mesmo tempo que representa uma reorientação das ações de segurança pública também contribui para o estabelecimento de garantias à sociedade e possibilita um maior controle social. 4. Plano Nacional de Segurança Pública e Defesa Social Conforme adiantamos, o Plano é o documento que detalha e esmiúça a Política. Enquanto a Política é de natureza estratégica, voltada para o longo prazo, contendo normas mais abstratas como princípios, diretrizes e objetivos, o Plano é de natureza tática e operacional, voltado para o médio e curto prazo e contém normas mais concretas, que são derivações práticas dos comandos abstratos da Política. De acordo com a Lei nº 13.675/2018: Art. 6º. (...) Parágrafo único. Os objetivos estabelecidos direcionarão a formulação do Plano Nacional de Segurança Pública e Defesa Social, documento que estabelecerá as estratégias, as metas, os indicadores e as ações para o alcance desses objetivos. Como o Plano possui natureza mais concreta, logicamente a sua formulação será direcionada pelos objetivos da PNSPDS, já que essa é a parte menos abstrata da Política. 20 Portanto, o Plano vai estabelecer estratégias, metas, indicadores e ações para o alcance dos objetivos relacionados pela Política. Estratégias: demonstrarão o planejamento tático e operacional, vale dizer, o método para se alcançar os objetivos da Política. Metas: são os objetivos de forma quantificada. Descrevem tarefas específicas, que precisam ser realizadas de forma regular, para alcançar os objetivos determinados. Indicadores: são critérios ou métricas que informam objetivamente a eficácia no alcance de uma meta. Ações: são as ações de ordem prática que serão desempenhadas para se alcançar determinado objetivo. Com relação às estratégias, ou seja, ao planejamento tático e operacional contido no Plano que irá na prática implementar a PNSPDS, o legislador estabeleceu os seguintes critérios pautados nos eixos temáticos que acabamos de abordar: Art. 7º A PNSPDS será implementada por estratégias que garantam integração, coordenação e cooperação federativa, interoperabilidade, liderança situacional, modernização da gestão das instituições de segurança pública, valorização e proteção dos profissionais, complementaridade, dotação derecursos humanos, diagnóstico dos problemas a serem enfrentados, excelência técnica, avaliação continuada dos resultados e garantia da regularidade orçamentária para execução de planos e programas de segurança pública. 21 5. Meios e Instrumentos para Implementação da PNSPDS Nesse ponto da Lei, o legislador enumerou os meios e instrumentos para implementação da PNSPDS, que são indispensáveis para dar vida a essa Política. Normalmente o examinador faz questões sobre esse assunto de maneira a incluir no comando da assertiva meios e instrumentos não mencionados na Lei ou que diferem completamente dos assuntos nela abordados. Portanto, muita atenção na hora da prova! Nas próximas aulas iremos aprofundar esses assuntos! Por enquanto, observe com atenção o texto da Lei. Em vez de memorizar, busque sempre relacionar cada um desses meios e instrumentos aos eixos temáticos que abordamos no decorrer dessa nossa conversa: Art. 8º São meios e instrumentos para a implementação da PNSPDS: I - os planos de segurança pública e defesa social; II - o Sistema Nacional de Informações e de Gestão de Segurança Pública e Defesa Social, que inclui: a) o Sistema Nacional de Acompanhamento e Avaliação das Políticas de Segurança Pública e Defesa Social (Sinaped); b) o Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública, Prisionais e de Rastreabilidade de Armas e Munições, e sobre Material Genético, Digitais e Drogas (Sinesp); 22 c) o Sistema Integrado de Educação e Valorização Profissional (Sievap); d) a Rede Nacional de Altos Estudos em Segurança Pública (Renaesp); e) o Programa Nacional de Qualidade de Vida para Profissionais de Segurança Pública (Pró-Vida); III - (VETADO); IV - o Plano Nacional de Enfrentamento de Homicídios de Jovens; V - os mecanismos formados por órgãos de prevenção e controle de atos ilícitos contra a Administração Pública e referentes a ocultação ou dissimulação de bens, direitos e valores. Esse conteúdo foi um aperitivo das nossas aulas completas que estão disponíveis no nosso site https://prf.enapol.com.br/?coaching=PRF Por hoje é só! Aproveite para consolidar o conhecimento treinando com os exercícios de consolidação do aprendizado. Espero que tenha curtido a conversa. Pode me procurar sempre que precisar tratar sobre assuntos relacionados a concursos públicos. Estarei à disposição nos canais de contato abaixo enumerados. Até o nosso próximo encontro! profdiegofontes@gmail.com Instagram: <https://www.instagram.com/profdiegofontes/> <https://www.facebook.com/escolanacionaldepolicia> https://prf.enapol.com.br/?coaching=PRF mailto:profdiegofontes@gmail.com https://www.instagram.com/profdiegofontes/ https://www.facebook.com/escolanacionaldepolicia 23 6. Questões QUESTÃO 1. (INÉDITA) A Política Nacional de Segurança Pública e Defesa Social (PNSPDS) visa articular, em caráter exclusivo, as ações federais, estaduais e distritais com a finalidade de preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio. A assertiva deixou de mencionar os Municípios e o desenvolvimento de ações em articulação com a sociedade. Gabarito: ERRADA. QUESTÃO 2. (INÉDITA) Entre as linhas da Política Nacional de Segurança Pública e Defesa Social (PNSPDS) estão a valorização da perícia, do controle social e o foco no desenvolvimento de ações repressivas. A PNSPDS não foca no desenvolvimento de ações repressivas. Pelo contrário. As ações preventivas constituem uma das bases dessa Política, demonstrando reorientação das ações de segurança pública que veio para superar a lógica do investimento estatal apenas em repressão. Gabarito: ERRADA. QUESTÃO 3. (INÉDITA) De acordo com a Política Nacional de Segurança Pública e Defesa Social (PNSPDS), Estados Distrito Federal e Municípios devem renunciar à autonomia de suas instituições de segurança pública para operarem sob o controle de órgãos federais. 24 A ideia que norteia a PNSPDS é de integração e não de subordinação, vale dizer, não pressupõe interferência na autonomia dos órgãos de segurança de qualquer dos entes federativos. Gabarito: ERRADA. QUESTÃO 4. (ADAPTADA – SENAI/PR – 2016 – ITAIPU BINACIONAL – AGENTE DE SEGURANÇA) A prestação de serviços públicos de segurança engloba apenas a segurança repressiva, sendo a segurança preventiva função da segurança privada. A PNSPDS reforça a necessidade de ações preventivas de segurança pública, a serem desenvolvidas especialmente pelos Municípios. Gabarito: ERRADA. QUESTÃO 5. (INÉDITA) A Política Nacional de Segurança Pública e Defesa Social (PNSPDS) é norteada pela prevenção, reconhecendo-se implicitamente que o Município tem a esse respeito papel fundamental por meio da realização de ações que visem reduzir os fatores de risco e aumentar os de proteção, que afetam a incidência do crime e da violência e seu impacto sobre os indivíduos, famílias, grupos e comunidades, especialmente em espaços precários e junto a grupos em situação de vulnerabilidade criminal. Ao reforçar a necessidade de ações preventivas de segurança pública, a PNSPDS implicitamente oferece especial atenção às ações que podem ser desenvolvidas pelos Municípios. Gabarito: CERTA. 25 QUESTÃO 6. (INÉDITA) Entre as bases da Política Nacional de Segurança Pública e Defesa Social (PNSPDS) estão a gestão unificada de informação concernente à segurança pública, a valorização dos profissionais dessa área e o respeito ao ordenamento jurídico e aos direitos e garantias individuais e coletivos. Tais enunciados estão presentes nos princípios, diretrizes e objetivos da PNSPDS. Gabarito: CERTA. QUESTÃO 7. (INÉDITA) Um dos fundamentos da Política Nacional de Segurança Pública e Defesa Social (PNSPDS) diz respeito à formação policial, a qual deve se orientar pelo uso prioritário da força, independentemente do respeito às liberdades individuais, tendo em vista o atual contexto bélico de violência desenfreada no qual o profissional de segurança pública se vê inserido. Pelo contrário. A PNSPDS é norteada por uma formação policial humanística, científica e altamente profissionalizada, orientada pelos preceitos da legalidade democrática e pelo respeito aos direitos humanos. Gabarito: ERRADA. QUESTÃO 8. (INÉDITA) A Política Nacional de Segurança Pública e Defesa Social (PNSPDS) traz ínsita a ideia de dissolução da visão tradicional pela qual somente instituições relacionadas diretamente ao contexto de segurança pública devam tratar e se preocupar com os assuntos da área. 26 Com certeza! A valorização da participação de outros órgãos afetos ao tema, como secretarias de educação, de obras e de desenvolvimento de políticas sociais, por exemplo, deve ser incentivada e fomentada na exata proporção de outras instituições de vital importância para o bom andamento dos trabalhos na área de segurança pública. Gabarito: CERTA. QUESTÃO 9. (INÉDITA) Compete à União estabelecer a Política Nacional de Segurança Pública e Defesa Social (PNSPDS) e aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios estabelecer suas respectivas políticas. Todavia, tendo em conta a autonomia entre os entes da Federação, as políticas dos Estados, Distrito Federal e Municípios podem trazer conteúdos completamente distintos e, inclusive, divergentes da Política Nacional. As políticas dos Estados, Distrito Federal e Municípios devem observar as diretrizes da Política Nacional. Gabarito: ERRADA. QUESTÃO 10. (INÉDITA) O quadro geral dos institutos de perícia criminal e forense no Brasil é marcado pela homogeneidade em suas estruturas organizacionais, o que não é desejável, tendo em vista a inibição do potencial inovador que deve nortear a Administração Pública. Pelo contrário. O que se verifica é uma completa heterogeneidade entre essas estruturas organizacionais (em alguns Estados se subordinamàs secretarias de segurança pública, enquanto em outros vinculam-se à Polícia Civil). Essa ausência de uniformidade é indesejável, já que dificulta a integração, conduz à precarização e à falta de padronização procedimental, 27 que é importante para conferir eficiência e credibilidade aos laudos periciais. É só lembrar que a PNSPDS alerta para a necessidade de padronização de estruturas, de capacitação, de tecnologia e de equipamentos de interesse da segurança pública. Gabarito: ERRADA. 7. Gabarito 1 2 3 4 5 E E E E C 6 7 8 9 10 C E C E E 6. Questões 7. Gabarito
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