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Fundamentos da Psicopedagogia

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Prévia do material em texto

Indaial – 2020
Fundamentos da 
PsicoPedagogia
Prof.a Jacqueline Leire Roepke
1a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2020
Elaboração:
Prof.a Jacqueline Leire Roepke
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
Impresso por:
R716f
Roepke, Jacqueline Leire
Fundamentos da psicopedagogia. / Jacqueline Leire Roepke. – 
Indaial: UNIASSELVI, 2020.
253 p.; il.
ISBN 978-65-5663-036-6
1. Psicopedagogia. - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo Da Vinci.
CDD 370.15
III
aPresentação
Prezado acadêmico! Inicialmente, já queremos deixar registrada a 
alegria que estamos sentindo por fazer parte da sua formação acadêmica! 
Além disso, ficamos extremamente felizes por saber que mais pessoas estão 
ingressando no campo de estudos e de trabalho relacionado à psicopedagogia! 
Sinta-se afavelmente acolhido!
Este livro didático apresenta algumas temáticas atinentes à 
psicopedagogia, sobretudo no que se refere aos fundamentos dela, os 
primórdios dos estudos e atuação. Os conteúdos que reunimos aqui têm por 
intuito subsidiar a construção do conhecimento sobre a psicopedagogia, por 
meio do seu contato com informações e suscitar constatações, descobertas, 
ponderações, reflexões acerca da aprendizagem humana. 
Esse livro didático está subdividido em três unidades. Na primeira, 
você encontra os alicerces da psicopedagogia, e terá oportunidade de 
conhecer partes da história que antecederam a criação da psicopedagogia. 
Inclusive, poderá acompanhar trechos da sua formulação e o início do seu 
desenvolvimento.
 
Na segunda unidade, você encontrará conteúdos sobre a 
psicopedagogia no Brasil, as teorias e aspectos epistemológicos da 
psicopedagogia. Por fim, a Unidade 3 apresenta aspectos da atuação do 
psicopedagogo, tais como, questões metodológicas e abordagens para a 
prática desse profissional. 
Desejamos que a leitura deste material gere incontáveis reflexões e 
que seja contributiva ao seu processo de aprendizagem! 
Bons estudos!
Prof.a Jacqueline Leire Roepke
P.S.: Apesar desse material autoinstrucional ter sido organizado por uma única 
professora, ela optou por utilizar a primeira pessoa do plural (nós) porque 
até chegar nas suas mãos, acadêmico, esse material passou por várias outras 
(revisores de conteúdo, revisores de língua portuguesa, diagramadores, etc). 
Ele é fruto, portanto, de um trabalho em grupo, cooperativo.
IV
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para 
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há 
novidades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova 
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também 
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
NOTA
Olá acadêmico! Para melhorar a qualidade dos 
materiais ofertados a você e dinamizar ainda mais 
os seus estudos, a Uniasselvi disponibiliza materiais 
que possuem o código QR Code, que é um código 
que permite que você acesse um conteúdo interativo 
relacionado ao tema que você está estudando. Para 
utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos 
e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar 
mais essa facilidade para aprimorar seus estudos!
UNI
V
VI
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela 
um novo conhecimento. 
Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro 
que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá 
contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementares, 
entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento.
Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.
Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!
LEMBRETE
VII
UNIDADE 1 – ALICERCES DA PSICOPEDAGOGIA ......................................................................1
TÓPICO 1 – PERCURSO HISTÓRICO PREGRESSO DA FORMULAÇÃO DA 
PSICOPEDAGOGIA .........................................................................................................3
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................3
2 O COMEÇO ............................................................................................................................................4
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................31
AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................32
TÓPICO 2 – ESCOLAS, APRENDIZAGEM, PEDAGOGIA, PSICOLOGIA... 
 EIS A PSICOPEDAGOGIA ...........................................................................................35
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................35
2 ESCOLAS, APRENDIZAGEM, PEDAGOGIA E PSICOLOGIA ................................................36
3 EIS QUE SE FEZ A PSICOPEDAGOGIA ........................................................................................41
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................46
AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................47
TÓPICO 3 – INTRODUÇÃO ÀS TEORIAS DA PSICOPEDAGOGIA ........................................49
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................49
2 CONCEPÇÕES E TEORIAS QUE FUNDAMENTA(RA)M A PSICOPEDAGOGIA........................ 49
3 A HERANÇA ARGENTINA ...............................................................................................................66
4 LIGANDO OS PONTOS À PSICOPEDAGOGIA .........................................................................70
LEITURA COMPLEMENTAR ...............................................................................................................72
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................79
AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................80
UNIDADE 2 – PSICOPEDAGOGIA NO BRASIL ...........................................................................81
TÓPICO 1 – A PSICOPEDAGOGIA NO BRASIL ............................................................................83
1 INTRODUÇÃO.....................................................................................................................................83
2 A PSICOPEDAGOGIA NO BRASIL ................................................................................................84
3 DOCUMENTOS SOBRE A ATUAÇÃO DO PSICOPEDAGOGO NO BRASIL .....................88
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................107
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................108
TÓPICO 2 – BASES TEÓRICAS E EPISTEMOLÓGICAS DA PSICOPEDAGOGIA ....................... 111
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................111
2 OBJETOS DE ESTUDO DA PSICOPEDAGOGIA ......................................................................112
3 BASES TEÓRICAS E EPISTEMOLÓGICAS DA PSICOPEDAGOGIA .................................113
4 O NÃO APRENDER SOB A PERSPECTIVA DE PIAGET .........................................................124
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................129
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................130
sumário
VIII
TÓPICO 3 – ENFOQUES RECENTES EM PSICOPEDAGOGIA ................................................132
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................132
2 APRENDER ..........................................................................................................................................133
3 ENSINAR .............................................................................................................................................141
4 DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM ......................................................................................143
5 REMATES REFLEXIVOS .................................................................................................................145
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................149
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................161
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................162
UNIDADE 3 – ATUAÇÃO EM PSICOPEDAGOGIA ....................................................................165
TÓPICO 1 – ATUAÇÃO DO PSICOPEDAGOGO .........................................................................167
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................167
2 CONSTRUÇÃO IDENTITÁRIA DO PSICOPEDAGOGO .......................................................168
3 LOCAL DE ATUAÇÃO DO PSICOPEDAGOGO .......................................................................172
4 PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA .......................................................................................................176
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................186
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................187
TÓPICO 2 – MÉTODOS E ABORDAGENS PARA A PRÁTICA DO PSICOPEDAGOGO 
EM ESPAÇOS EDUCACIONAIS ................................................................................189
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................189
2 A ATUAÇÃO DO PSICOPEDOGOGO EM AMBIENTES EDUCACIONAIS .......................190
3 AVALIAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA (DIAGNÓSTICA) INSTITUCIONAL EM 
AMBIENTES EDUCATIVOS ............................................................................................................194
4 UM OLHAR PARA AS FAMÍLIAS..................................................................................................195
5 UM OLHAR SOBRE/PARA A CRIANÇA......................................................................................196
6 UM OLHAR SOBRE/PARA ADOLESCENTES ............................................................................201
7 UM OLHAR SOBRE/PARA ADULTOS .........................................................................................204
8 REFLEXÕES SOBRE A PSICOPEDAGOGIA INSTITUCIONAL EM ÂMBITO 
EDUCACIONAL .................................................................................................................................206
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................208
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................209
TÓPICO 3 – MÉTODOS E ABORDAGENS PARA A PRÁTICA DO PSICOPEDAGOGO 
EM ESPAÇOS INSTITUCIONAIS ..............................................................................211
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................211
2 PSICOPEDAGOGIA ORGANIZACIONAL – EMPRESARIAL ..............................................212
3 PSICOPEDAGOGIA EM HOSPITAIS ...........................................................................................217
4 INSTITUIÇÕES ASILARES, CASAS DE REPOUSO, LAR PARA IDOSOS, 
GRUPOS DE IDOSOS .......................................................................................................................221
5 EPÍLOGO E REFLEXÕES .................................................................................................................223
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................226
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................238
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................239
REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................242
1
UNIDADE 1
ALICERCES DA PSICOPEDAGOGIA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• relembrar alguns momentos da história da humanidade, com vistas aos 
processos educativos e de aprendizagem;
• perceber como os processos de aprendizagem foram mudando ao passar 
da história;
• identificar alguns fatos históricos que determinaram mudanças no 
processo educativo;
• depreender do contexto que desencadeou a invenção das escolas; 
• entender os contextos das sociedades que antecederam e determinaram a 
formulação da Psicopedagogia;
• conhecer o percurso histórico da psicopedagogia, que culmina na 
Revolução Científica;
• compreender o processo de construção da psicopedagogia;
• discutir a contribuição de outras áreas para o desenvolvimento da 
psicopedagogia e do psicopedagogo.
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você 
encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
TÓPICO 1 – PERCURSO HISTÓRICO PREGRESSO DA FORMULAÇÃO 
DA PSICOPEDAGOGIA
TÓPICO 2 – ESCOLAS, APRENDIZAGEM, PEDAGOGIA, PSICOLOGIA... 
EIS A PSICOPEDAGOGIA
TÓPICO 3 – INTRODUÇÃO ÀS TEORIAS DA PSICOPEDAGOGIA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos 
em frente! Procureum ambiente que facilite a concentração, assim absorverá 
melhor as informações.
CHAMADA
2
3
TÓPICO 1
UNIDADE 1
PERCURSO HISTÓRICO PREGRESSO DA 
FORMULAÇÃO DA PSICOPEDAGOGIA
1 INTRODUÇÃO
Frequentemente, a psicopedagogia tem sido associada à aprendizagem. 
Você já se perguntou por que ela foi formulada? Por quem? Para quê? Onde? Em 
que período da história? Quais são as origens da psicopedagogia? Quais foram os 
fenômenos que demandaram a formulação desse campo do conhecimento e área 
de atuação? Como ela foi sendo constituída até atingir o patamar atual? 
A psicopedagogia foi formada em determinados contextos históricos, 
sociais, culturais, econômicos e políticos. As concepções e teorias nas quais a 
psicopedagogia foi se apoiando também expressam aspectos e formas de pensar 
daquele período.
 
Se a psicopedagogia está relacionada à aprendizagem, pode-se supor 
que ela foi tecida no intuito de compreender como acontece o processo de 
aprendizagem. Ela foi estruturada a fim de identificar os fatores que contribuem 
e os que dificultam esse processo. Seria possível intervir no processo de 
aprendizagem, com o intuito de melhorá-lo?
 
Desse modo, pode-se imaginar que foram inúmeros casos de dificuldades 
de aprendizagem que geraram as condições para que algumas pessoas começassem 
a se preocupar com essa onda de fracasso escolar, e que se propuseram a 
buscar compreender esse contexto, e a procurar oferecer auxílio tanto para os 
profissionais que lidam com a aprendizagem quanto para as pessoas que estavam 
com dificuldades de aprender.
 
Nosso itinerário envolve algumas conjunturas históricas que contribuíram 
para a criação e elaboração da psicopedagogia. Entre elas, destaca-se o fracasso 
escolar. Aliás, será que o próprio fenômeno do fracasso escolar não seria resultado 
por determinadas conjunturas históricas? Então vamos iniciar nossa jornada por 
esse percurso histórico?
UNIDADE 1 | ALICERCES DA PSICOPEDAGOGIA
4
2 O COMEÇO 
A aprendizagem faz parte do cotidiano dos seres humanos. Sejam eles de 
sociedades onde a escrita impera, ou nas sociedades ágrafas, onde não há escrita 
pois a aprendizagem não diz respeito, apenas, a conteúdos formais e escolares. 
Independente do período histórico ou da localização geográfica em que vivem 
os seres humanos, eles se deparam com situações que necessitam aprender, para 
preservar a sua vida e para se desenvolverem. 
A aprendizagem é inerente aos humanos, pois, até mesmo nossas 
necessidades mais básicas requerem aprendizado. Por exemplo, a ingestão 
de água e de alimento é essencial para a sobrevivência humana. As pessoas 
precisam, obrigatoriamente, aprender a encontrar água e comida. Durante os 
primeiros meses de vida, o bebê aprende como fazer para que alguém dê água 
ou comida para ele. Ou seja, para que determinadas aprendizagens ocorram, 
as pessoas precisam, também, umas das outras para que alguns conhecimentos 
sejam repassados de geração a geração, como a linguagem, por exemplo. 
Desde pequenos, nós precisamos aprender formas de chamar a atenção 
dos adultos para obter alimento. Em muitas espécies de animais, isso não 
acontece. Afinal, boa parte dos animais já nasce equipado com instintos e de 
condições para ir atrás da comida. Por exemplo, inúmeros animais já conseguem 
caminhar sozinho, assim que vêm ao mundo, e existem animais que não vivem 
em grupo, bandos, e passam boa parte da vida vivendo independentemente dos 
outros animais da mesma espécie.
 
Desta maneira, já que nós – os humanos – não nascemos prontos para 
encarar a vida de modo autônomo, precisamos que alguém cuide de nós com 
significativa dedicação nos primeiros meses de vida. Mesmo na fase adulta, ou 
na velhice permanecemos dependentes uns dos outros. Certamente, você ouviu a 
permissa aristotélica de que o homem é um ser social.
Um filme que pode ajudá-lo a perceber a dependência entre os humanos, é "O 
Cubo”, de 1997. Esse filme está sendo recomendado, pois retrata um período de convivência 
de um grupo de pessoas que se encontra dentro de um ambiente desconhecido – o cubo. 
As pessoas que integram esse grupo apresentam, históricos de vida singulares, diferentes 
profissões e distintas habilidades. O desafio é conseguir sair vivo desse cubo gigante. Assim, 
emergem discordâncias e concordâncias entre eles sobre a busca de soluções e explicações 
para a circunstância. Os conflitos levam a alguns a tentarem seguir a jornada sozinhos. O 
filme ainda incita reflexões sobre preconceito, pois um dos personagens é julgado por parte 
dos integrantes da trama, como inútil, já que aparenta ter alguma deficiência intelectual. 
Ao assistir ao filme, esteja atento aos processos de aprendizagem. Quem são as pessoas 
DICAS
TÓPICO 1 | PERCURSO HISTÓRICO PREGRESSO DA FORMULAÇÃO DA PSICOPEDAGOGIA
5
que ensinam ali? Quais são as pessoas que aprendem? Quais aprendizagens estão se 
processando, além de aprender a conviver?
 
 Mas antes de pressionar o botão ou ícone de play, atenção! Trata-se de um filme 
que mescla os gêneros fantasia, terror, horror, suspense e ficção científica, portanto, não é 
recomendado assistir na companhia de crianças. Esse filme foi dirigido por Vincenzo Natali. 
CAPA DO FILME “O CUBO”
FONTE: <http://www.adorocinema.com/filmes/filme-9348/>. Acesso em: 23 out. 2019.
 O ser humano também é um ser que necessariamente precisa aprender. Voltando 
ao exemplo da alimentação, todas pessoas precisam aprender a achar líquidos e substâncias 
comestíveis, identificar quais pode ingerir ou não, que utensílios precisará para alcançá-las 
e degustá-las. Se ela quiser sofisticar o cardápio, precisará descobrir quais são os alimentos 
que podem ser combinados para criar novos sabores. Convém mencionar que no filme que 
acabou de ser sugerido, há uma cena em que os personagens tentam encontrar soluções 
para a sede.
Supostamente, as aprendizagens sobre a alimentação eram as que mais 
preocupavam os primeiros agrupamentos de seres humanos. Eles também 
precisavam aprender a se defender dos animais predadores, dos animais 
venenosos, das intempéries do tempo (ventanias, trovoadas, raios, seca, frio etc.). 
Em algum momento desse período, provavelmente, os seres humanos 
passaram a refletir sobre os grupos e as sociedades em que viviam. A título de 
ilustração, pode-se recorrer a dois filmes. O primeiro deles se chama “O cubo”. 
Diz respeito a um grupo de pessoas que se encontra enclausurada em um local 
até então desconhecido para elas. Sem demora, os integrantes começam a levantar 
questionamentos sobre os motivos e finalidades pelos quais estavam no mesmo 
local, ao mesmo tempo. 
UNIDADE 1 | ALICERCES DA PSICOPEDAGOGIA
6
Durante a leitura que você vem fazendo até aqui, é possível que tenha 
se perguntado de que aprendizagem estamos falando, ou melhor, qual é 
a nossa concepção sobre o fenômeno da aprendizagem humana. Ao falar 
sobre psicopedagogia é indispensável falar também sobre aprendizagem. Na 
continuidade de suas leituras do livro desta disciplina, essa relação ficará mais 
evidente. Por enquanto, vale recordar que aprendizagem é um complexo processo 
que envolve a construção do conhecimento (NATEL; TARCIA; SIGULEM, 2013).
 
Destarte, para aprender desenvolvemos e acionamos o sistema cognitivo 
que está vinculado com o pensamento, a inteligência, a percepção, a memória. 
Para acontecer a aprendizagem, precisamos obrigatoriamente de mediação – 
que alguém ou algo nos leve a pensar, refletir. Então, aprender é um processo 
cooperativo, coletivo. Mesmo quando achamos que aprendemos algo sozinhos, se 
analisarmos bem a situação, veremos que algum escrito, ou diálogo, ou modelo, 
ou no mínimo alguma situação instigadora fez parte do processo. 
Provavelmente, você já tenha se perguntando se a aprendizagem nasce 
conosco ou não. Nas próximas unidades voltaremos a refletir sobre isso. Por 
enquanto é suficiente que você esteja se perguntando se a aprendizagem é inata 
ou construída, se é um processo tão somente coletivo ou também individual,afinal, suposições, dúvidas e curiosidade fazem parte do aprender.
 Será que a sede e a fome são inatas? Será que a procura por bebida e 
comida é provocada por "instintos"? Será que a alimentação está mesmo relacionada com 
aprendizagens estimuladas no convívio com outros seres? Por que a escritora desse livro 
trouxe um exemplo tão primitivo – relacionado à fome?
ATENCAO
Estamos refletindo sobre aprendizagem e alimentação, porque isso 
faz parte da vida humana, desde os primórdios da humanidade. Ainda que os 
primeiros seres humanos precisassem aprender coisas que hoje caíram em desuso 
para nós, por conta da evolução da sociedade, e que nós estejamos aprendendo 
coisas que nem sequer passavam pela imaginação dos primeiros seres humanos, 
a alimentação corresponde a uma aprendizagem que vem se perpetuando, já que 
continua ligada à sobrevivência das pessoas e da espécie.
A título de exemplo do que está sendo apresentado até aqui, é conveniente 
citar mais uma produção cinematográfica. Trata-se do filme intitulado “Os 
Croods”, lançado em 2013 e dirigido por Chris Sanders e Kirk De Micco. Conta 
a história de uma família que vive na fase pré-histórica e precisa aprender usar 
estratégias para sobreviver, tais como, se proteger dos animais predadores, caçar 
TÓPICO 1 | PERCURSO HISTÓRICO PREGRESSO DA FORMULAÇÃO DA PSICOPEDAGOGIA
7
para se alimentar etc. Nas primeiras cenas do filme, encontra-se uma narração 
feita pela personagem chamada Eep, na qual ela expressa reflexões sobre o 
funcionamento de sua família, e de outras famílias que ela conheceu. 
Sugerimos a apreciação do filme para que você possa ter mais elementos para 
realizar suas ponderações e reflexões sobre o que temos apresentado até aqui.
CAPA DO FILME “OS CROODS”.
DICAS
É evidente que por se tratar de uma produção cujo gênero é mescla animação, 
aventura e comédia, não se pode levar o filme como uma referência acadêmica 
tradicional para estudar fenômenos como a aprendizagem. Contudo, esse tipo de 
filmes podem ser úteis como um exercício de pensamento e correspondência com o 
conteúdo aqui estudado, no intuito de ajudá-lo a imaginar e a fazer suposições sobre 
os primeiros processos reflexivos que os grupos humanos foram desenvolvendo 
acerca de si próprios. Como mostra o filme "Os Croods", lá no começo da história 
da humanidade, os fenômenos sociais eram explicados por meio da imaginação, da 
fantasia, da especulação e por meio de mitos. 
FONTE: <http://www.adorocinema.com/filmes/filme-146916/>. Acesso em: 23 out. 2019.
UNIDADE 1 | ALICERCES DA PSICOPEDAGOGIA
8
Deixamos como sugestão de leitura o livro “Sapiens: uma breve história da 
humanidade”, escrito por Yuval Noah Harari, considerado referência essencial para esta 
discussão. Em 2017 já existiam mais de vinte e duas edições desse livro aqui no Brasil.
DICAS
Vale lembrar que, ainda hoje, existem tribos e outros grupos que vivem 
em situações similares a estas. Ou seja, que permanecem sem a utilização da 
escrita, e com explicações sobre a natureza e sobre a vida, baseadas em mitos, 
lendas, ou de fontes imaginativas. Muitos grupos humanos, com ou sem o vasto 
emprego da escrita, permanecem cultivando e difundindo crenças, que podem 
ser diferentes das nossas. E mesmo para nós, tanto para aprender, quanto para 
compreendermos fenômenos sociais, são bem-vindos os mitos, a imaginação, a 
fantasia, e as metáforas em acréscimo às teorias ditas científicas.
Diversas sociedades, como as mesopotâmicas, a egípcia, a indiana, a chinesa, a 
hebraica, a fenícia, a persa e, depois, a grega, a romana, a germânica etc, estruturaram suas 
crenças, seja em um conjunto de mitos que influenciavam diretamente a vida cotidiana, 
seja em religiões, estas igualmente influentes na prática diária. 
 Também surgiram filosofias de vida, como o humanismo, o estoicismo, o 
materialismo histórico etc. 
 Entre as religiões, atualmente se destacam, além do hinduísmo, as três religiões 
abraâmicas/monoteístas: judaísmo, cristianismo e islamismo. 
Consequentemente, podemos refletir, assim, como cada sociedade e/ou tempo histórico 
há crenças arraigadas e como estas crenças ajudam na constituição e construção dos 
sujeitos de formas diversas. 
 E mais do que isso: as crenças atingem a forma pela qual as pessoas interpretam 
e lidam com os fenômenos que percebem. Como exemplo, na sequência, você perceberá 
como as explicações e "tentativas de intervenção" para as dificuldades de aprendizagem, se 
davam mescladas aos mitos ou crenças em uma parte da história da humanidade.
IMPORTANT
E
Na medida em que os seres humanos foram se desenvolvendo como 
um todo, inclusive no que tange as suas habilidades cognitivas, foram criando 
artefatos, objetos, novas formas de levar a vida. Deixaram o nomadismo para 
viver em moradias relativamente fixas. Quanto mais coisas eles foram inventando, 
mais coisas precisavam aprender, tanto para utilizá-las, quanto para melhorá-
TÓPICO 1 | PERCURSO HISTÓRICO PREGRESSO DA FORMULAÇÃO DA PSICOPEDAGOGIA
9
las. Assim, quanto mais informações as pessoas foram precisando apropriar, 
passaram a contar com novos e diversificados provedores dessas informações. O 
processo de aprendizagem foi se tornando mais complexo. 
O domínio de novas técnicas alterou a forma dos seres humanos 
construírem suas moradias, de cultivar a terra, plantar, colher, de buscar formas 
mais confortáveis ou duráveis de vestimenta. Em determinado momento 
passaram a estocar alimentos, em vez de se preocuparem com o alimento diário ou 
de consumo em curto tempo. Descobriram que não era todo o solo que produzia 
igualmente os mesmos cereais (arroz, trigo e cevada) vegetais, tubérculos etc. 
Ou que não eram todos os grupos que detinham as mesmas habilidades de 
agricultura. Assim, passaram a trocar alimentos e outras mercadorias. 
A “descoberta” da agricultura foi essencial para o início de uma forma de vida 
sedentária, do aumento populacional, de novas formas de organização social/de governo.
EXEMPLO ILUSTRATIVO DE AGRICULTURA DE SUBSISTÊNCIA
FONTE: <https://alimentacaoemfoco.org.br/agricultura-familiar-e-essencial-para-
seguranca-alimentar/>. Acesso em: 24 out. 2019.
NOTA
Essa fase pode caracterizar a Antiguidade, a Idade Média, e até mesmo, 
o início da Idade Moderna. Afinal, os habitantes do globo terrestre não foram 
todos seguindo a mesma trajetória de desenvolvimento ao mesmo tempo. Mas 
essas condições parecem caracterizar períodos em que religião e filosofia que 
dominavam a condução das reflexões sobre os fenômenos sociais. 
Ao longo de considerável parte da história da humanidade, existiu direta 
ligação entre Igreja e Estado em vários momentos. Religião e filosofia buscavam 
explicar a sociedade e procuravam melhorá-la por meio dos seus princípios. 
Alguns pensadores de destaque dessas épocas foram respectivamente: Platão, 
Aristóteles, São Tomás de Aquino e Santo Agostinho.
UNIDADE 1 | ALICERCES DA PSICOPEDAGOGIA
10
Mais especificamente relacionado à religião, pode-se dizer que um marco 
inicial para a relação entre Igreja e Estado foi a coroação de Carlos Magno no 
Natal de 800 pelo papa Leão III. Inclusive, esta permanece sendo a principal 
data do calendário cristão. Até a Reforma de Lutero (simbolizada pela data 31 
de outubro de 1517, quando as teses dele foram fixadas na porta da Igreja) e as 
subsequentes, em muitos países a Igreja católica era hegemônica.
Por exemplo, por volta do ano 1500, as pessoas dos países europeus 
costumavam ser religiosas, e até mesmo autoridades nacionais consultavam 
líderes da esfera religiosa/espiritual na busca da compreensão de problemas que 
despontavam, para obter orientações sobre a conduta (pessoal ou vinculada ao 
posto de liderança) e na tomada de decisões que precisavam realizar por conta 
do posto que ocupavam. 
É interessante salientar que neste período era comum que os líderes fossem 
justamente pessoas da igreja.
ATENCAO
Fazendo um paralelo com os dias de hoje, a maioria das pessoas tem 
precisado aprender muitomais do que formas de se alimentar e de se proteger 
das condições climáticas. E uma parcela das pessoas da atualidade não busca mais 
orientações apenas em fontes atreladas à esfera religiosa/espiritual. Portanto, há 
uma infinidade de quantidades de informações, e infinitas fontes para se obtê-
las. Mesmo alguns séculos antes do nascimento de Jesus, já dizia o sábio, "Não 
há limite para a produção de livros, e estudar demais deixa exausto o corpo" 
(ECLESIASTES 12:12). 
Para compreender o grau de importância da religião e da fé entre os séculos 
XV e XVII, na Europa, você pode assistir ao filme Elizabeth – A era de ouro (2008), dirigido 
por Shekhar Kapur. O filme destaca que tanto o rei da Espanha (Felipe II), quanto a rainha da 
Inglaterra (Elizabeth I) demonstravam devoção a Deus, e norteavam suas ações conforme 
suas crenças (ele católico, e ela protestante). 
DICAS
TÓPICO 1 | PERCURSO HISTÓRICO PREGRESSO DA FORMULAÇÃO DA PSICOPEDAGOGIA
11
FILME ELIZABETH – A ERA DE OURO
Até então, as pessoas ficavam grande parte do tempo em casa, ou nas 
redondezas da casa, pois os processos de produção de alimentos e de outros 
produtos eram feitos pelas famílias, no ambiente familiar. Por muitas e muitas 
décadas as pessoas viveram com a agricultura de subsistência e com o trabalho 
dos artesãos que moravam nas comunidades. Os moradores iam trocando 
produtos e prestação de serviços. Além das transformações e aprendizagens em 
volta da alimentação, as pessoas também foram acumulando novas necessidades 
de saberes, de aprendizados, em outros aspectos, como, por exemplo, da esfera 
do trabalho e das relações estabelecidas em meio às negociações de trocas de 
produtos e serviços.
FIGURA 1 – EXEMPLO ILUSTRATIVO DE OFICINA DE ARTESÃOS DA IDADE MÉDIA
FONTE: <http://ri.ues.edu.sv/18652/1/TRABAJO-FINAL-30-7-2018%20ultimo1.pdf>.
Acesso em 18 out. 2019.
FONTE: <http://www.adorocinema.com/filmes/filme-57349/fotos/
detalhe/?cmediafile=19966206>. Acesso em: 13 set. 2019.
UNIDADE 1 | ALICERCES DA PSICOPEDAGOGIA
12
As formas de produzir alimentos e objetos foram sendo aperfeiçoadas, 
até que começaram a inventar máquinas e equipamentos para que os produtos 
fossem mais primorosos, ou que se levasse menos tempo para confeccioná-los. 
Ou seja, as formas de produção foram se intensificando para que a qualidade e a 
quantidade de itens produzidos aumentassem. 
As mudanças na produção de objetos, parecia prometer o aumento da 
qualidade dos produtos. Mas, será que a qualidade aumentou? Quando os produtos eram 
realizados de forma mais artesanal, um sapato, por exemplo, durava quase a vida inteira! A 
maioria dos produtos continua sendo produzida em grande quantidade, cada vez com o 
uso de mais máquinas e equipamentos. E como anda a durabilidade dos produtos nos dias 
atuais? Ou será que hoje a durabilidade menor é interessante para o sistema econômico, 
e aliado a ela, ainda é estimulada a compra de mais unidades? Muitas gerações de pessoas 
possuíam um par de calçados para as ocasiões em que a pessoa saía do moradia. Hoje, 
nossos calçados parecem gastar bem mais rápido, e não precisamos que eles se danifiquem 
para comprar um novo par de sapatos. Por que nos ensinaram que um par de calçados não 
basta? Como nós aprendemos isso?
ATENCAO
Voltando à história da invenção das primeiras fábricas, vale prestar 
atenção em todas as adequações que elas demandaram, como, a criação de novos 
meios de transporte para levar a matéria-prima às fábricas, e também, para levar 
os produtos finalizados aos pontos de venda. Também foram se ampliando as 
vias, ruas, ferrovias (trilhos de trens) para que os trabalhadores se deslocassem 
de suas casas até as fábricas. 
Pode-se dizer que a própria relação com a terra se altera. Já que até então 
era vista como a principal fonte de alimentos e a principal propriedade.
FIGURA 2 – EXEMPLO ILUSTRATIVO DE SISTEMA FERROVIÁRIO
FONTE: <http://www.estacoesferroviarias.com.br/efsc/fotos/riodosul-sd.jpg >. Acesso em: 19 out. 2019.
TÓPICO 1 | PERCURSO HISTÓRICO PREGRESSO DA FORMULAÇÃO DA PSICOPEDAGOGIA
13
Esse período da história em que houve uma verdadeira explosão de 
abertura de fábricas ficou conhecido como Revolução Industrial, e ela não 
acarretou apenas mudanças econômicas, mas também de ordem cultural, 
social, e de organização subjetiva das pessoas (NICOLACI-DA-COSTA, 2002). A 
Revolução Industrial desencadeou o surgimento de novas formas de sociedade, 
de subjetividades, de Estado e de pensamento.
Antes disso, na Idade Média, eles viviam em casa, e trabalhavam no 
próprio lar sendo donos dos próprios instrumentos de trabalho e dos meios 
de produção. Eles aprendiam o ofício desde crianças, observando os adultos 
trabalhando, e ajudando-os pouco a pouco, até terem idade suficiente para 
vrealizarem todas as atividades de trabalho. A unidade de produção, portanto, 
era familiar, integrada ao sistema corporativo. Geralmente, trabalhavam numa 
oficina, onde desenvolviam um trabalho artesanal, sem muita sofisticação no 
processo produtivo. Neste contexto, o que era vendido não era a força de trabalho, 
e sim o produto do trabalho. 
Lembre-se de que na Idade Média, foram comuns as corporações de ofício. 
Procure imaginar como acontecia a relação entre mestre e aprendiz. Se a curiosidade 
crescer, que tal fazer algumas buscas sobre o tema na internet?
NOTA
Será que nessa época algumas pessoas apresentavam "dificuldades 
para aprender"? Possivelmente sim. No entanto, hipoteticamente, as famílias 
se organizavam de outros modos para lidar com tais dificuldades. Talvez, 
deixavam atividades mais fáceis para aqueles que demonstravam embaraços ao 
"tentar aprender". 
É pertinente considerarmos que a quantidade de coisas para aprender, era, 
supostamente menor do que nos dias atuais. Os professores eram os próprios pais 
ou outros familiares – que conheciam muito bem cada aprendiz. Esses professores 
tinham poucos aprendizes de cada vez, e este já era familiarizado com o produto 
que produziam e com o processo de manufatura, pois passou a vida toda vendo 
a família mexendo com isso. Todos esses fatores formam circunstâncias menos 
propensa ao aparecimento de "dificuldades de aprendizagem". Na verdade, 
soa estranho falar de dificuldade de aprendizagem em períodos tão remotos 
da história da humanidade. É bem provável que sempre existiram pessoas que 
pareciam não alcançar certos entendimentos. Contudo, tudo indica que a noção 
de "dificuldade de aprendizagem" foi sendo erigida na Idade Moderna, após a 
invenção da escola. 
UNIDADE 1 | ALICERCES DA PSICOPEDAGOGIA
14
Prezado acadêmico, a expressão "invenção da escola" lhe causa algum 
estranhamento? Nesse texto, optamos por utilizar esse verbo – inventar – no que tange às 
primeiras escolas, pois defendemos que as escolas não nasceram, nem surgiram por si sós. 
Houve um processo intencional por parte dos seres humanos para que essas instituições 
começassem a ser construídas. Existem mais estudiosos que têm adotado essa terminologia, 
tais como, Fusinato e Kraemer (2013, p. 21023): "Desde a invenção da escola, a noção de 
sujeito que transita por ela é a de sujeito universal".
 O mesmo argumento se dá pela preferência do uso das palavras "formulação" e "criação" 
da psicopedagogia. Pensamos que essas palavras passem uma impressão de que a escola, ou a 
psicopedagogia tivessem nascido, desabrochado, como se fossem processos naturalizados.
ATENCAO
Ou seja, na Idade Média, ou nos períodos que a antecederam, não se falava 
amplamente sobre dificuldades de aprendizagem. Isso não significa que todos 
aprendiam. Por exemplo, aqueles que apresentavam muita dificuldade para 
aprender e para interagir com as pessoas, ficavam isolados da vida social, muitas 
vezes, vivendo num quartinho no fundo da casa, tendo acesso ao mínimo de 
condições para sobreviver (alimentação e higiene). Por exemplo, as pessoas que 
apresentavam quadros sintomatológicos semelhantes à deficiência intelectual, 
estavam entre a parcela da população que eraprivada do convívio social. Ocorre 
que as pessoas viviam em agrupamentos menores, e cada família ou comunidade 
lidava de um jeito com as crianças ou adultos que pareciam ter impedimentos no 
processo de construção do conhecimento.
 Com a Revolução Industrial ocorreu o desenvolvimento fabril que 
culminou com a passagem da oficina artesanal para a manufatura, e posteriormente 
para a fábrica. Chegou um momento da História em que boa parte dos homens 
da Europa estava trabalhando nas fábricas. Eles se depararam com maquinários 
e artefatos que nunca tinham visto, e com várias especificidades do trabalho 
que desconheciam até ali. Esses equipamentos do ambiente de trabalho e a 
própria dinâmica da atividade profissional começou a demandar que os homens 
aprendessem coisas que eram totalmente novas para eles. 
Os três sistemas de produção são: artesanato, manufatura e maquinofatura. A 
Primeira Revolução Industrial iniciou-se com base na manufatura.
ATENCAO
TÓPICO 1 | PERCURSO HISTÓRICO PREGRESSO DA FORMULAÇÃO DA PSICOPEDAGOGIA
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FIGURA 3 – EXEMPLO ILUSTRATIVO DE FÁBRICA DA FASE DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
FONTE: <http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/cadernospde/pdebusca/producoes_
pde/2013/2013_fafipa_hist_pdp_marinalva_aparecida_consoli.pdf>. Acesso em: 14 out. 2019.
Precisavam aprender como manusear as máquinas e ferramentas de 
trabalho, como lidar com a matéria-prima e como produzir objetos. Muitos desses 
objetos que eles faziam, eles também nunca tinham visto. Precisavam aprender, 
também, a se relacionar com um número bem maior de colegas de trabalho, e com 
as lideranças nas esferas profissionais. Já não podiam mais acordar e trabalhar 
quando bem quisessem, pois agora havia horários a cumprir. 
A maneira de se relacionar com o tempo se altera. Isso reflete, por exemplo, na 
forma utilizada para se anunciar a passagem do tempo. Na fase da Revolução Industrial, os 
relógios de bolso eram raramente utilizados, pois não eram acessíveis a toda população. Os 
relógios de pulso estavam longe de serem inventados ainda, e os de bolso só tinham como 
donos pessoas de posses. Até a Revolução Industrial as pessoas costumavam se orientar no 
tempo com o badalar dos sinos da igreja. A partir de então, o principal marcador de tempo 
passou a ser as sirenes das fábricas.
IMPORTANT
E
Antes de seguirmos nesse percurso histórico, vamos voltar no tempo, para 
entender como a Revolução Industrial foi se estabelecendo? Note que este texto 
não está preocupado em apresentar o desenrolar dos fatos em ordem cronológica. 
Optamos por quebrar a sequência temporal justamente para intensificar os 
contrastes dos períodos históricos, e para acentuar que o legado deixado pelos 
períodos antecedentes influenciou as transformações dos períodos que vieram 
depois deles.
De mais a mais, certamente com essa leitura você está reprisando 
conteúdos que acessou ao longo da sua vida, sobretudo na trajetória escolar. 
Talvez eles estejam mais condensados do que você estava acostumado a visualizar 
na escola. De qualquer modo, lembre-se de que o objetivo de traçar esse percurso 
histórico é dar subsídios para compreender os bastidores da formulação da 
UNIDADE 1 | ALICERCES DA PSICOPEDAGOGIA
16
psicopedagogia, bem como, seus fundamentos históricos. Para aqueles que estão 
sentindo necessidade de um auxílio para se situar no diferentes períodos, em 
termos cronológicos, segue um auxílio visual: 
FIGURA 4 – SEQUÊNCIA DOS PERÍODOS E MOVIMENTOS HISTÓRICOS
FONTE: A autora
Na Renascença, as reflexões sobre a sociedade e os fenômenos sociais, 
começavam a se distanciar da perspectiva mítica e religiosa, para passar a se 
configurar de modo mais racional. Alguns dos pensadores de destaque do 
Renascimento são: Nicolau Maquiavel, Tomás Morus, Tomaso Campanella e 
Francis Bacon. O quadro a seguir aponta atributos do Renascimento: 
Classicismo (Grécia e Roma)
Humanismo
Individualismo
Hedonismo
Racionalismo
Cientificismo
QUADRO 1 – CARACTERÍSTICAS DO RENASCIMENTO
FONTE: A autora
O Renascimento foi um movimento que marcou a transição da Idade 
Média para a Idade Moderna, da transição do feudalismo para o capitalismo. 
Trata-se de um movimento intelectual e artístico que gerou mudanças várias 
mudanças na Europa. 
Antiguidade Idade Média Renascimento Revolução
Fransesa
Revolução
Industríal
TÓPICO 1 | PERCURSO HISTÓRICO PREGRESSO DA FORMULAÇÃO DA PSICOPEDAGOGIA
17
O século XVII foi o palco do Renascimento, um dos maiores movimentos 
culturais da história da humanidade, que representou uma época de 
enriquecimento do pensamento, aliado a uma transformação profunda 
da atitude espiritual do homem. A ânsia da descoberta e a paixão pelo 
mundo clássico puseram à disposição do homem culto as doutrinas 
dos filósofos gregos e orientais (VELLOSO, 2008, p. 1960).
Uma transição cultural que teve a influência na política, na economia 
e na sociedade (SELL, 2001). O quadro a seguir sintetiza alguns dos intuitos do 
Renascimento:
QUADRO 2 – LEGADO DO RENASCIMENTO
Humanismo
Acabar com a descentralização política
Cessar a economia de subsistência
Encerrar o teocentrismo
Contribuir para a substituição do feudalismo pelo capitalismo
Centralização política
Absolutismo monárquico
 Expansão do comércio
Mercantilismo
Antropocentrismo
Individualismo
FONTE: A autora
Atrelada à Renascença (entre o Século XIV e o Século XVI) emergiu a 
Revolução Científica (iniciou no Século XVI e prolongou-se até o Século XVIII). 
A Revolução Científica diz respeito ao período em que a ciência se distancia da 
religião, dos sistemas de crenças e da fé para construção de um conhecimento 
pautado em critérios da racionalidade. 
Alguns dos representantes da Revolução Científica são: Leonardo da 
Vinci (1452-1519), Nicolau Copérnico (1473-1543), Galileu Galilei (1564-1642), 
Johannes Kepler (1571-1630), René Descartes (1596-1650), Francis Bacon (1561-
1626), Isaac Newton (1643-1727) e Andreas Vesalius (1514-1564). Dessa lista, vale 
mencionar que o filósofo Bacon é considerado o pai do Método Científico – que 
seria uma nova forma de examinar a natureza. Esse método está presente em boa 
parte das pesquisas da psicopedagogia até nos dias atuais. 
Desta lista ainda há mais um representante que requer uma apresentação, 
até porque seu nome não é muito conhecido, se comparado aos outros sobre os quais 
são mais frequentemente citados nas salas de aula desde o ensino fundamental. 
Trata-se do médico, neuroanatomista e inovador renascentista – Andreas Vesalius. 
Considerando que a psicopedagogia da atualidade continua se balizando em 
estudos vinculados à anatomia, é interessante você ficar sabendo que:
UNIDADE 1 | ALICERCES DA PSICOPEDAGOGIA
18
Andreas Vesalius (1514-1564) é considerado o Pai da Anatomia 
Moderna e um autêntico representante da Renascença. Seus estudos, 
baseados na dissecação de corpos humanos, diferiam dos de Galeno, 
que baseava seu trabalho em dissecação de animais, constituiu-se 
em um notável avanço científico. Reunindo ciência e arte, Vesalius 
associou-se a artistas da Renascença e valorizou as imagens do corpo 
humano em seu soberbo trabalho De Humani Corporis Fabrica. [...] 
esse extraordinário médico e anatomista da Renascença europeia, que 
fez uso do apelo estético para coligar texto e ilustração, ciência e arte. 
Suas realizações são realçadas, com atenção especial na neuroanatomia 
(GOMES, 2015, p. 155). 
No próximo tópico, você terá acesso a mais informações sobre os fundamentos 
da psicopedagogia, mais voltados à área da saúde, como a Medicina.
ESTUDOS FU
TUROS
Estamos atentando para a Revolução Científica, porque ela dá alguns 
fundamentos à psicopedagogia. Por exemplo, a visão de homem, isto é, o modo 
pelo qual a psicopedagogia concebe o ser humano. A psicopedagogia possui uma 
compreensão racional do ser humano. 
Como você pode supor, a Revolução Científica também ajudou a fertilizar 
o campo social e político para outras revoluções, entre as quais, a Revolução 
Francesa. Essa revolução, consisteem um movimento histórico imprescindível 
para a formação das ciências humanas (sendo a psicopedagogia uma delas) foi 
a Revolução Francesa, que aconteceu entre 1789 e 1799. Trata-se da revolta que 
contou com a participação de camponeses, artesãos e burgueses que estavam 
descontentes com as condições de vida, com a crise econômica e com as 
desigualdades sociais. 
Um dos motivos que gerou a insatisfação do povo, foi a cobrança de vários 
impostos: para o governo sustentar o regime absolutista monárquico e os luxos 
exuberantes da corte do rei Luís XVI, os privilégios do clero da Igreja Católica, 
para os nobres, e imposto sobre o sal (essa última taxa se chamava de gabela). 
Além desses impostos, havia outros. Existiam taxas pagas em trabalho, como a 
Corveia relacionada à conservação das estradas e ao conserto de carruagens dos 
nobres. Apenas o povo pagava impostos e ocorriam aumentos sucessivos.
TÓPICO 1 | PERCURSO HISTÓRICO PREGRESSO DA FORMULAÇÃO DA PSICOPEDAGOGIA
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Você já ouviu algumas dessas palavras: banal, banido ou banalidade? Sabe 
qual era o significado delas durante o feudalismo? Essas palavras estavam associadas a 
um encargo que o servo precisava pagar ao senhor feudal para ter o direito de utilizar os 
equipamentos (como o moinho, por exemplo), que pertenciam ao senhor feudal, para 
assim, poderem desempenhar suas atividades atinentes ao trabalho.
NOTA
Nas vésperas da Revolução Francesa, a França era um país agrário, 
que apresentava aumento populacional e assistia ao início da industrialização. 
A França vivia no regime monárquico absolutista. O rei da França estava se 
mostrando um péssimo administrador da economia do país. Ele monopolizava 
a administração, controlava os tribunais, e a dívida externa excedia o dobro do 
valor circulante. O rei ainda esbanjava luxo e tinha o poder de condenar quem 
bem quisesse à prisão sem julgamento. Bastava que ele ordenasse e os presos iam 
para a fortaleza da Bastilha, sem a menor necessidade de que fosse averiguado se 
a pessoa realmente cometeu um ato ilegal ou não. 
A população se sentia oprimida com tantos tributos e tarifas, o poder 
aquisitivo era baixíssimo. Havia fome, condições precárias de higiene, e recorrentes 
infestações de ratos. Muitos adoeciam e apresentavam corpos magros, porque os 
alimentos tinham preços inacessíveis. 
Enquanto isso, a realeza francesa ostentava inúmeras festas pomposas, 
nas quais as madames usavam vestidos caríssimos. Isso deixaria a população 
ainda mais inconformada e irritada. 
UNIDADE 1 | ALICERCES DA PSICOPEDAGOGIA
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Você já percebeu que boa parte dos integrantes das famílias reais desse período 
exibia corpos hoje considerados obesos? Naquele tempo estar "acima do peso" era algo 
que conferia status. Afinal, a maioria era magra por não ter condições de comprar comida. 
Então, aqueles que tinham poder aquisitivo para comer, gostavam de ter uma aparência 
mais avantajada, para sinalizar que eram ricos. Na atualidade, algo que confere status na 
sociedade, por exemplo, é possuir carros e/ou roupas e/ou equipamentos de grife. Algumas 
pessoas fazem isso para passarem a impressão de que têm poder aquisitivo considerável.
INTERESSA
NTE
REI LUÍS XVI 
FONTE: <https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/historia-biografia-
luis-xvi-revolucao-francesa.phtml>. Acesso em: 12 set. 2019.
A burguesia estava se fortalecendo e tomou conhecimento da situação 
econômica delicada do país. Assim, procurou conscientizar a massa da população. 
Os filósofos iluministas foram os responsáveis por denunciar a gravidade 
da situação econômica do país para o povo. O padre Jean Meslier, Rousseau, 
Montesquieu e Voltaire foram destacáveis iluministas.
O rei Luís XVI manteve seu poder sobre a França no início da revolução 
francesa, até ser deposto em 1792. Foi guilhotinado no ano seguinte.
Frequentemente as pessoas dizem que o povo não tem poder nenhum. A 
Revolução Francesa é um exemplo de que o povo não era insignificante. Além do mais, 
a Revolução Francesa também mostra os efeitos da atuação dos filósofos iluministas. Nas 
aulas de filosofia, às vezes, os jovens pensam que os filósofos não têm uma funcionalidade, 
porque "só filosofam" e não fazem nada de prático. A Revolução Francesa é um exemplo 
de que o produto da reflexão dos filósofos também é útil. Afinal, a união entre os atos dos 
filósofos e do povo foi determinante para acabar com o sistema de governo absolutista 
monárquico – no qual o rei detinha praticamente todo o poder.
INTERESSA
NTE
TÓPICO 1 | PERCURSO HISTÓRICO PREGRESSO DA FORMULAÇÃO DA PSICOPEDAGOGIA
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Assim, o lema da Revolução se tornou "liberdade, igualdade e fraternidade". 
O lema, de inspiração iluminista, também fundamentou a Declaração dos Direitos 
do Homem e do Cidadão (aprovada em 26 de agosto de 1789), que defendia o 
direito à liberdade, à igualdade perante a lei, à inviolabilidade da propriedade e 
o direito de resistir à opressão.
QUADRO 3 – LEGADO DA REVOLUÇÃO FRANCESA
Abalou o absolutismo monárquico em toda a Europa.
Superação das instituições feudais do antigo regime.
Tomada do poder pela burguesia.
Muitas pessoas são executadas na guilhotina, entre elas o rei.
Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão.
Preparação para o despontar do capitalismo industrial.
FONTE: A autora
Seguem algumas sugestões de leitura sobre Revolução Francesa, para você 
aprofundar seus conhecimentos sobre essa época revolucionária da História: 
• ARRUDA, José Jobson de; PILETTI, Nelson. Toda a história: história geral e história do 
Brasil. 7. ed. São Paulo: Ática, 1997.
• GRESPAN, Jorge. Revolução francesa e iluminismo. São Paulo: Contexto, 2003. 
• HILLS, Ken. A Revolução Francesa. Tradução e adaptação Jayme Brener. 4.ed. São Paulo: 
Ática, 1994. 
• MANFRED, A. Z. A concepção materialista da Revolução Francesa. Tradução: Maria 
Luisa Borges. 2. ed. São Paulo: Global, 1989. 
• VOVELLE, Michel. A Revolução Francesa explicada à minha neta. Tradução de Fernando 
Santos. São Paulo: UNESP, 2007.
DICAS
A Revolução Francesa gerou as conjecturas necessárias para que o 
capitalismo industrial eclodisse. Com a Revolução Industrial, as forças produtivas 
(indústria) provocam uma gigantesca transformação nas relações de produção. 
Despontam, assim, novas classes sociais: a burguesia e o proletariado. É bem 
verdade que inúmeras novas indústrias surgiram nessa fase, mas também, 
aconteceu a aplicação de novos métodos a velhas indústrias, além da descoberta 
e aplicação de novas técnicas.
UNIDADE 1 | ALICERCES DA PSICOPEDAGOGIA
22
Se você prefere produções cinematográficas para incrementar seu processo 
de aprendizagem, seguem algumas sugestões para ampliar sua compreensão sobre a 
Revolução Francesa:
DICAS
SUGESTÕES DE FILMES SOBRE REVOLUÇÃO FRANCESA
Título do Filme Ano Gênero Duração Direção
Maria Antonieta 1938 Drama/Obra de Época 
2 horas e 
40 min
W. S. Van 
Dyke, Julien 
Duvivier
A Queda da Bastilha
 
A Tale of Two Cities 1980 Drama 202 min Jim Goddard
Danton – O Processo da 
Revolução 1983
Drama/Ficção his-
tórica
2 horas e 
16 min Andrzej Wajda
La Revolution Française 1989 Drama/Thriller 6 horas
Robert Enri-
co, Richard T. 
Heffron
Caindo no Ridículo – Ri-
dicule 1996 Drama/Romance 
1 hora e 43 
min Patrice Leconte
Maria Antonieta 2006 Drama/Romance 2 horas e 7 min Sofia Coppola
Adeus, Minha Rainha 2012 Drama/Romance 1 hora e 40 min Benoît Jacquot
A Revolução em Paris 2019 Drama, Histórico 2 horas e 2 min Pierre Schoeller
FONTE: A autora
Como você pôde observar, a Revolução Francesa teve significativo 
derramamento de sangue, e muitas pessoas foram degoladas, já que a guilhotina 
foi bastante utilizada na época. Talvez essa época tenha servido de inspiração 
para o escritor Lewis Carroll, que viveu entre 1832-1898 em sua obra "Alice no 
País das Maravilhas" utilizar repetidas vezes a expressão "Cortem as cabeças!", na 
voz da personagem Rainha Vermelha. 
TÓPICO 1 | PERCURSO HISTÓRICO PREGRESSO DA FORMULAÇÃO DA PSICOPEDAGOGIA23
A Revolução Industrial, por sua vez, não teve guerras, batalhas, nem 
muito derramamento de sangue. A Revolução Industrial ficou conhecida como 
um fenômeno essencialmente comercial. Ela foi antecedida e acompanhada pela 
expansão do comércio de do crédito. A elevada expectativa de lucro ofereceu 
forte incentivo à Revolução Industrial.
A expressão Revolução Industrial é usualmente empregada para 
assinalar mudanças sociais e econômicas que marcam a transição de 
um modo de vida centrado em atividades estáveis na agricultura e 
no comércio, para um outro centrado na velocidade das descobertas 
mecânicas e no emprego de máquinas complexas em amplas 
instalações fabris, submetendo o campo à cidade. Esse período está 
compreendido entre as metades dos Séculos XVIII e XIX (SOUZA; 
OLIVEIRA, 2006, p. 64).
Assim, a Revolução Industrial é resultado de um lento processo. Trata-
se de uma revolução que levou cerca de um século. A crise do sistema feudal 
favoreceu a consolidação do modo de produção capitalista. Isso levou à 
instauração de um sistema econômico-social, com sua forma peculiar de Estado e 
ideologia específica. A redistribuição da riqueza e do poder sucedeu inicialmente 
entre os países da Europa, como prova o declínio relativo da hegemonia da 
França, e depois entre outros países do mundo.
O deslocamento da manufatura para as fábricas, gerados pela Revolução 
Industrial não foi uniforme em todas as regiões, na mesma época. Também não 
atingiu todos os setores de uma só vez.
A Revolução Industrial não foi acompanhada de guerras, profundos 
conflitos ou tensões sociais sanguinolentas. Porém ela é considerada uma 
revolução, em virtude de equivaler a uma transformação de pensamentos, ideias 
e paradigmas. E também modificou radicalmente a estrutura social em que 
a maior parte da população, até então rural, foi pressionada a migrar para as 
cidades para garantir condições mínimas de subsistência e, com isto, inúmeros 
‘problemas urbanos’, como o crescimento da violência, por exemplo. Ademais, 
com esta mudança também se modificam as formas de obter comida, conviver em 
sociedade e são requeridos outros tipos de aquisição de aprendizagem. Afinal, a 
ideia de um comércio mais ou menos determinado, dirigido pelo Estado foi sendo 
paulatinamente substituída pela ideia do progresso ilimitado numa economia 
livre e expansionista. O comércio com o estrangeiro ampliou os horizontes 
humanos e a ciência a sua concepção do universo. A riqueza das nações inspirou 
novas atitudes.
UNIDADE 1 | ALICERCES DA PSICOPEDAGOGIA
24
FIGURA 5 – A REVOLUÇÃO NÃO SANGRENTA
FONTE: A autora
Porém, não é por conta da ausência de sangue sendo derramado em 
quantidade expressiva que essa Revolução foi isenta de tensões sociais. Vale 
lembrar que é justamente na Revolução Industrial que surgem duas classes 
sociais que se opõem, a burguesia e o proletariado.
Para saber mais sobre a Revolução Industrial, sugere-se assistir à produção 
cinematográfica "Tempos Modernos", de Charlie Chaplin – 1936 – EUA.
DICAS
Transformações 
econômicas 
Transformações
Sociais
Tranformações nos
transportes
Transformações
tecnológicas
Ocorreram
concomitantemente
inter-relacionando-se
ganhando, assim,
aspecto
revolucionario
TÓPICO 1 | PERCURSO HISTÓRICO PREGRESSO DA FORMULAÇÃO DA PSICOPEDAGOGIA
25
CARLITOS EM TEMPOS MODERNOS
FONTE: <https://www.gazetadopovo.com.br/opiniao/artigos/e-preciso-transformar-os-
carlitos/>. Acesso em: 24 out. 2019.
 O filme mostra como era a rotina dos operários nas indústrias, o que era algo 
totalmente novo à realidade deles.  
QUADRO 4 – CARACTERÍSTICAS DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
Urbanização rápida e intensa.
Progresso das regiões industriais em relação às rurais.
Incremento do comércio interno e internacional.
Aperfeiçoamento de meios de transporte.
Crescimento demográfico.
FONTE: A autora
Ao observar o quadro, é notório que a Revolução Industrial não mudou 
apenas a economia. De fato, mais produtos foram produzidos. Uma quantidade 
muito maior de produtos passou subitamente a circular entre os consumidores. 
Isso fez com que surgissem novas formas de trabalho, e o deslocamento da 
população para a área mais citadina, isto é, para as regiões que já tinham perdido 
boa parte das características da paisagem rural e do modo de vida que a envolvia. 
Entretanto, essa urbanização rápida e intensa deu lugar a uma infinidade 
de problemas até então desconhecidos, por exemplo, o contágio de doenças por 
quantidades representativas da população. Até então, as pessoas moravam a certa 
distância entre cada moradia, e os contatos com outras pessoas eram restritos. 
Com a urbanização e o êxodo rural, as pessoas vivem em agrupamentos com 
maior proximidade, o que favoreceu a transmissão de doenças. Até porque não 
havia saneamento básico, o acesso aos medicamentos era restrito, bem como à 
água potável.
UNIDADE 1 | ALICERCES DA PSICOPEDAGOGIA
26
De mais a mais, já não havia terra disponível para que todas as famílias 
vivessem da agricultura de subsistência. Os alimentos começaram a ser comprados 
em vez de serem preparados nas próprias casas (com ingredientes que vinham 
da própria plantação, como acontecia antes do êxodo rural). A crise econômica 
gerou dificuldades de adquirir alimentos, e os famintos se multiplicavam. 
Além do mais, muitas mulheres começaram a trabalhar nas fábricas, pois, 
a industrialização se estendeu praticamente por todo o mundo ocidental. Então a 
sociedade se viu com inúmeras novas necessidades. Como ensinar as pessoas a se 
transformarem em operários? Como elas podem aprender a usar os equipamentos 
de trabalho? Como elas podem aprender a diminuir os desperdícios no processo 
de produção? Como elas podem ficar mais disciplinadas e colaborativas com 
as ordens dos líderes? E se tantos adultos passam a maior parte do tempo nas 
fábricas, quem cuidará das crianças? Onde as crianças ficarão enquanto os pais 
trabalham?
Essas perguntas começaram a emergir por volta do Século XIX, na Europa. 
Mas, com o passar do tempo a revolução espalhou-se para o centro-oeste da 
Europa e também para os Estados Unidos.
 
Em meio à Revolução Francesa e à Revolução Industrial, iniciam as 
reflexões de teor científico e a partir daí elas aumentaram progressivamente. 
Alguns pensadores que se destacaram no âmbito inicial da ciência foram 
Giambattista Vico, Jean-Jacques Rousseau, Augusto Comte, Herbert Spencer, 
Gabriel Tarde, Émile Durkheim, Max Weber, Karl Marx, entre outros. 
As premissas da ciência se pautavam na ideia de que a sociedade se 
sujeita a leis definidas, que podem ser identificadas pela observação objetiva. 
Paulatinamente, a investigação dos fenômenos sociais ganhou um caráter 
verdadeiramente científico.
O capitalismo industrial estava se consolidando, o sistema feudal já tinha 
praticamente desaparecido. Com o desenvolvimento do capitalismo comercial, 
e início do capitalismo industrial multiplicaram-se os tratados de economia, que 
abordavam os problemas sociais. Os filósofos escreveram obras que exerceram 
influência em vários âmbitos. Entre eles, destacam-se:
O Príncipe (Maquiavel), Leviatã (Hobbes) e Ensaios sobre o entendimento 
humano (Locke). Concomitantemente ao desenvolvimento das ciências, a escola 
parecia ser uma invenção que resolveria várias necessidades:
• A razão se tornava indispensável, portanto, era pertinente existir um lugar 
para disseminá-la.
• As crianças teriam um lugar para ficar, deixando os adultos disponíveis para o 
trabalho nas indústrias.
TÓPICO 1 | PERCURSO HISTÓRICO PREGRESSO DA FORMULAÇÃO DA PSICOPEDAGOGIA
27
• As crianças poderiam ser preparadas para se tornarem adultos trabalhadores, 
que cooperavam com os patrões, com os colegas de trabalho, e que produziam 
com boa qualidade e em grandes quantidades. 
• Já que a igualdade era um valor propagado pelos ideais iluministas, a escola 
não deveria receber apenas algumas crianças (as mais ricas, por exemplo). 
É necessário recordar que as crianças foram muito utilizadasnas revoluções 
industriais, principalmente pelos baixos salários a elas destinados e pelo tamanho 
adequado aos estreitos túneis usados na extração de carvão mineral. Por ser pioneira na 
industrialização, estes exemplos correspondem mais fielmente à Inglaterra.
NOTA
Contudo, apesar da nova concepção de homem (que pouco a pouco passou 
a ser denominado de ser humano no contexto acadêmico) e de mundo que passou a 
vigorar no Século XIX, na Europa, as desigualdades sociais só pareciam aumentar. 
Essa realidade semeava muitas dúvidas nas pessoas. Portanto, foram necessários 
avanços nas ciências, elaboração de novas teorias que fossem capazes de esclarecer 
as causas das desigualdades. É preciso esclarecer que nesta época o ensino e a 
aprendizagem estavam mais voltados para a razão do que para crenças religiosas.
Então, vários campos do saber passam a ser desenvolvidos com ainda 
mais vigor. Entre eles, a sociologia. Essa palavra foi cunhada por Augusto Comte, 
que viveu entre 1798 e 1857. Émile Durkheim (1858 –1917) foi o responsável 
por dar à sociologia o status de ciência e também se debruça sobre temáticas da 
escola e da educação. A economia, a política e a antropologia estavam em franco 
desenvolvimento no Século XIX.
UNIDADE 1 | ALICERCES DA PSICOPEDAGOGIA
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FIGURA 6 – ÉMILE DURKHEIM
FONTE: <http://www.culturabrasil.org/durkheim.htm>. Acesso em: 20 out. 2019.
Todas elas procuram contribuir para um melhor entendimento da 
sociedade que ia se constituindo naquela fase. Procuravam compreender os fatos 
e processos sociais que rodeavam as pessoas. As ciências sociais precisaram ser 
subdivididas para facilitar a sistematização dos estudos. Todavia, muitas vezes 
elas se aliavam a fim de explicar os complexos fenômenos da vida em sociedade.
Por exemplo, o desenvolvimento industrial acelerado, propulsionou o 
aumento da produção industrial, e consequentemente, da opressão ao trabalhador. 
Marx, Weber e Durkheim se debruçaram sobre a realidade social dessa fase 
histórica, com vistas a analisá-la e compreendê-la. Marx focalizou a opressão 
do trabalhador, ao passo que Durkheim se aprofundou sobre a necessidade da 
socialização para a ordem social. 
A teoria de Darwin foi uma das novas teorias científicas que emergiram 
naquela época. Ela veio a dar inspiração para a formulação de uma outra teoria. 
Trata-se do Evolucionismo Social, que partia do pressuposto, que assim como as 
espécies de animais, as sociedades também passavam por estágios evolutivos. 
Assim, as sociedades ágrafas e que desconheciam produtos industrializados, 
eram consideradas retrógradas, ao passo que, quanto mais industrializada fosse 
uma sociedade, mais evoluída ela seria considerada. 
É importante destacar, que a teoria do Evolucionismo Social vem sendo 
intensamente criticada nas últimas décadas. Entre os argumentos que a contestam 
está a utilização do homem ocidental, civilizado e letrado como o ponto ápice da 
"evolução". 
Já a teoria de Darwin não dá indicativos de qual é o ponto mais alto do 
"pódio" ao longo do processo evolutivo. Isto é, não é teleológica. 
TÓPICO 1 | PERCURSO HISTÓRICO PREGRESSO DA FORMULAÇÃO DA PSICOPEDAGOGIA
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As premissas do darwinismo social foram usadas como justificativa para 
os genocídios realizados no Século XX, que tirou a vida de inúmeros índios, 
negros e até mesmo dos brancos que não eram considerados tão evoluídos quanto 
o ponto de referência da época – o homem europeu.
 
Por outro lado, é válido lembrar que o darwinismo social não foi utilizado 
tão somente no século XX. Essa teoria não ficou apenas no passado. Por isso, 
Bolsanello (1996, p. 164) fez um estudo sobre a repercussão dessa teoria, e de 
outras sobre a sociedade e mais especificamente sobre a educação brasileira. O 
estudo realizado por ela teve 
[...] por objetivo evidenciar a influência do darwinismo social, da 
eugenia e do racismo "científico" nas principais ideias de alguns 
intelectuais brasileiros, que no final do século XIX e meados do século 
XX foram responsáveis pela introdução da justificativa científica do 
preconceito racial e social no Brasil.
Atualmente a maioria parte dos sociólogos, filósofos, antropólogos e 
psicólogos concorda que o desenvolvimento das culturas e sociedades não possui 
um padrão de percurso, não apresenta estágios de desenvolvimento padronizados. 
Em outras palavras, os modos de constituição do homem e da sociedade são 
construídos de formas diferentes dependendo da organização local. 
Não há um ponto de referência como máxima evolução. Até porque as 
coisas que os diferentes grupos humanos valorizam, priorizam, e rechaçam 
variam conforme os fatores sociais, históricos, culturais, que os perpassam. 
Para aprofundar seus conhecimentos sobre tal temática, sugere-se a leitura do 
seguinte livro: COSTA, Maria C. Sociologia: introdução à ciência da sociedade. São Paulo: 
Moderna. 1987. Capítulo 4 – Positivismo: uma primeira forma de pensamento social.
DICAS
Por conseguinte, a partir da metade do Século XX, com o fortalecimento 
do capitalismo, que se tornou também mais complexo, a Sociologia ganha nova 
importância, deparando-se com questões com que até então não havia se preocupado:
• Ruptura de normas sociais.
• Desagregação familiar.
• Cidadania.
• Minorias.
• Violência.
• Crimes.
• Suicídios.
UNIDADE 1 | ALICERCES DA PSICOPEDAGOGIA
30
Você sabia que o suicídio foi um dos fenômenos que chamou a atenção de 
Durkheim? Ele foi um dos primeiros estudiosos a investigar amplamente esse fenômeno. 
Inclusive, em 1897 ele publicou pela primeira vez o livro "O suicídio", considerado até hoje 
um dos alicerces do campo da sociologia.
 Em síntese, o mundo mudou muito depois da Revolução Francesa, e das 
Revoluções Industriais, passando a fazer cada vez mais uso de explicações lógicas, racionais 
e científicas, advindas da Revolução Científica. 
 Nesta unidade estão sendo pouco a pouco apresentados os elementos que foram 
constituindo as necessidades da criação de uma teoria e prática como a psicopedagogia, 
além de fazer uma breve menção às teorias e acontecimentos que contribuíram para a 
formulação da teoria e prática da psicopedagogia. 
 Até finalizar a leitura do livro, você reencontrará alguns nomes de teóricos e de teorias 
já citadas até aqui, sendo relacionados de modo mais direto à psicopedagogia. Também terá 
acesso aos esclarecimentos do que é a psicopedagogia e dos seus objetos de estudos. Nossa 
intenção até aqui foi oferecer um panorama geral, resumido, de caráter introdutório.
 Nos próximos tópicos, quando o enfoque estiver sobre a invenção das escolas, 
você poderá perceber que a Revolução Científica também foi determinante para a 
formulação da psicopedagogia por conta dos desafios que surgiram. Afinal, pouco depois 
da invenção e da difusão das escolas, a dificuldade de aprendizagem parecia se alastrar 
rapidamente, como se fosse uma epidemia. Assim, ela requeria explicações científicas e 
uma metodologia interventiva igualmente científica para resolver essa suposta proliferação. 
Prepare-se para adentrar no segundo tópico, daqui a alguns parágrafos! Lembre-se de que 
estaremos aqui com você durante toda a sua leitura.
IMPORTANT
E
31
Neste tópico, você aprendeu que:
• Ao longo da História da Humanidade, questões vinculadas à educação foram 
modificadas, tais como: o que se aprende, quando se aprende, quem ensina, 
como ensina.
• Por séculos a função de educar e ensinar crianças era de incumbência da família 
ou da comunidade a qual integravam.
• Na Idade Média surgiram as primeiras instituições com fins educacionais. 
Porém eram acessadas por uma minoria da população, pois não eram acessíveis 
a todos.
• Inicialmente, a finalidade do ensino era majoritariamente religiosa. Até porque 
muitas das instituições educacionais eram abertas e mantidas pela Igreja.
• No decurso da História, existiram pelo menos três revoluções que contribuíram 
para a invenção e difusão das escolas: Revolução Industrial, Revolução Francesa 
e RevoluçãoCientífica.
 • A Revolução Francesa alterou a organização política da sociedade, que já não 
era mais determinada por conta da hereditariedade.
• A Revolução Francesa propalou os princípios de igualdade, liberdade e 
fraternidade.
• A Revolução Industrial deslocou a estrutura de produção que era do tipo 
artesanal, e parcialmente desenvolvida, para uma estrutura industrial 
altamente complexa e desenvolvida para a época.
• A Revolução Industrial transformou radicalmente a história mundial.
• A Revolução Científica mudou a forma de construir as explicações sobre o 
mundo.
• Revolução Industrial, Revolução Francesa e Revolução Científica foram 
fundamentais para a formulação das Ciências Humanas e Sociais.
• Os pensadores da Ciências Sociais se propõem a procurar respostas para os 
novos desafios que exigem uma análise científica de todos os aspectos da vida 
em sociedade, para entender o presente e projetar o futuro.
RESUMO DO TÓPICO 1
32
1 (ENADE 2018) “A revolução industrial explodiu”. Essa frase do 
historiador Eric J. Hobsbawm, no livro A Era das Revoluções: Europa 
1789-1848, demonstra que a Inglaterra, já no último quarto do século 
XVIII, apresentava as condições para o crescimento autossustentado. 
Estavam presentes características econômicas, sociais e tecnológicas, 
entre outras, que desencadearam o pioneirismo inglês no processo de 
industrialização. Considerando esse contexto, avalie as afirmações a seguir 
FONTE: <http://download.inep.gov.br/educacao_superior/enade/provas/2018/ciencias_
economicas.pdf>. Acesso em: 27 fev. 2020. 
I- As manufaturas já estavam disseminadas no interior do país, embora a região 
ainda estivesse em processo de consolidação do modo de produção capitalista.
II- Dado o êxito da revolução agrícola, havia uma quantidade de produtos 
suficiente para abastecer tanto o mercado interno quanto o mercado externo.
III- Havia dinheiro circulante em quantidade suficiente para custear os 
investimentos, concentrado na mão da aristocracia fundiária.
IV- O volume de capital investido na frota mercante, em facilidades portuárias 
e nas estradas e vias navegáveis representava um capital social já presente 
no país, capaz de sustentar o início do processo de industrialização.
É CORRETO apenas o que se afirma em:
a) ( ) I e II.
b) ( ) I e III.
c) ( ) II e IV.
d) ( ) I, III e IV.
e) ( ) II, III e IV.
2 (ENADE, 2018) A autoridade máxima da Constituição, reconhecida pelo 
constitucionalismo, vem de uma força política capaz de estabelecer e manter 
o vigor normativo do texto. Essa magnitude que fundamenta a validez 
da Constituição, desde a Revolução Francesa, é conhecida com o nome 
de poder constituinte originário. Como o poder constituinte originário 
traça um novo sentido e um novo destino para a ação do poder político, 
ele será mais nitidamente percebido em momentos de viragem histórica. 
MENDES, G. F.; BRANCO, P. G. G. Curso de direito constitucional. 13. ed. 
São Paulo: Saraiva, 2018 (adaptado). A partir do excerto apresentado, avalie 
as afirmações a seguir. 
FONTE: <http://download.inep.gov.br/educacao_superior/enade/provas/2018/direito.pdf>. 
Acesso em: 27 fev. 2020.
AUTOATIVIDADE
33
I- O poder constituinte originário existe para ordenar e limitar juridicamente 
os poderes do Estado. 
II- O poder constituinte originário é ilimitado, visto que o povo outorga 
liberdade irrestrita para que o legislador originário estabeleça uma nova 
Constituição, conferindo ao Estado a forma de direito que lhe aprouver. 
III- Um das características da natureza jurídica do poder constituinte 
originário é ser ele incondicionado, não se sujeitando a formas prefixadas 
para operar, bem como não estando vinculado às convenções anteriores 
que formavam a base da ordem jurídica revogada.
 
É CORRETO o que se afirma em: 
a) ( ) I, apenas. 
b) ( ) II, apenas. 
c) ( ) I e III.
d) ( ) II e III. 
e) ( ) I, II e III.
34
35
TÓPICO 2
ESCOLAS, APRENDIZAGEM, PEDAGOGIA, 
PSICOLOGIA... EIS A PSICOPEDAGOGIA
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
No tópico anterior, você pôde acompanhar o desenrolar da história 
de sociedades que foram se organizando sem a presença da escola, enquanto 
instituição que nós conhecemos hoje.
Quanto ao tópico presente, estão dispostas diversas informações sobre 
períodos históricos em que as escolas passaram a fazer parte do cotidiano. A 
partir de então, modificam-se as formas de se relacionar com a aprendizagem, e 
consequentemente, com a não aprendizagem. A escola passa ser responsabilizada 
pela sistematização de conhecimentos e sua difusão. 
Conforme já foi apontado no final do tópico anterior, nesse tópico serão 
retomados alguns teóricos e teorias que são relacionados com a criação da 
psicopedagogia. Preferimos optar pela repetição de alguns nomes, pois, decerto, 
agora você já tem maiores condições de ir compreendendo as relações mais 
diretas entre Psicopedagogia e cada uma dessas fontes de influência. 
Até porque um dos sentidos da palavra "fundamentos", que inclusive 
inaugura o título desse livro, está vinculado à construção: alicerce, fundação, 
sustentáculo, firmamento, estrutura, eixo. Então, do mesmo jeito que se faz ao 
construir um edifício, estamos apresentando os fundamentos da psicopedagogia 
em camadas. Não tivemos objetivo, de citar uma teoria e esgotar tudo o que diz 
respeito a ela, já no começo. Mas sim, resgatar as teorias, cada vez agregando 
novas informações sobre elas, para que você tenha subsídios para aprofundar 
seus conhecimentos sobre ela. 
Assim, surgem novas demandas entre as pessoas, novas dificuldades, 
novas dúvidas, novas curiosidades, novos interesses, além dos anteriores que 
foram se acumulando e que os saberes legítimos daquele tempo não respondiam 
a contento de boa parte das pessoas.
Por conseguinte, são formuladas a Pedagogia, a Psicologia, e outras 
ciências e áreas do saber. Muitas delas forneceram ou fornecem os alicerces para 
a formulação da Psicopedagogia. 
UNIDADE 1 | ALICERCES DA PSICOPEDAGOGIA
36
Ninguém, a não ser quem já a experimentou, pode imaginar a 
sedução da ciência. Em outros estudos, você vai tanto longe quanto 
os outros foram antes de você, e não há nada mais para saber; mas 
na investigação científica há alimento contínuo para descobertas e 
maravilhas (SHELLEY, 2019, p. 51, grifos nossos).
Sugerimos que antes de dar continuidade à leitura, você releia essa última 
citação direta e tente memorizar o sobrenome de quem a escreveu. Pense um pouco 
sobre ela. Qual é o seu palpite sobre o gênero discursivo do qual foi retirada? Um 
artigo científico? Um texto jornalístico? Um livro de terror? Um romance? 
No decorrer deste tópico, esse suspense será solucionado. E essa história 
da formulação da psicopedagogia, você pode acompanhar conosco ao longo 
deste tópico, de modo resumido. Vamos lá?
FIGURA 7 – MARTINHO LUTERO
2 ESCOLAS, APRENDIZAGEM, PEDAGOGIA E PSICOLOGIA
É difícil especificar precisamente quando as escolas foram inventadas. Na 
Idade Média já existiam instituições educacionais, mas, eram geralmente voltadas 
aos homens, para fins de formação do clero. Martinho Lutero foi uma das pessoas 
que difundiu a ideia de que as instituições educacionais não se restringissem aos 
homens, nem à finalidade de formar sacerdotes.
FONTE: <https://revistagalileu.globo.com/Sociedade/Historia/noticia/2017/10/teses-de-
martinho-lutero-nao-foram-fixadas-em-porta-de-igreja.html>. Acesso em: 13 set. 2019.
TÓPICO 2 | ESCOLAS, APRENDIZAGEM, PEDAGOGIA, PSICOLOGIA... EIS A PSICOPEDAGOGIA
37
Em um século marcado por inúmeras indagações e mudanças, Lutero 
apresenta críticas em prol de uma Reforma na Igreja e também faz 
propostas para uma reforma da educação escolar de sua época, até 
então marcada pela formação exclusiva de religiosos e eclesiásticos. 
Ele propõe, em dois textos de sua autoria, uma educação escolar 
cristã que apresente uma nova organização em relação a: currículos, 
métodos, professores, formas de financiamento e manutenção das 
escolas. Também reflete

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