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Direito Ambiental Ponto “e”. Infrações ambientais. Sanções administrativas DIREITO AMBIENTAL. INFRAÇÕES AMBIENTAIS. A proteção ao meio ambiente é dever do Estado e da coletividade (art. 225, CF/88). Uma das formas do Estado garanti-la é através do exercício do poder de polícia ambiental, por meio do qual se estabelece regramento de atividades particulares que tenham conotação ambiental, e se definem condutas cujo descumprimento configura infração administrativa. O poder de polícia, decorre, portanto, da prerrogativa que tem a Administração Pública de zelar pelo meio ambiente, bem de uso comum do povo, e encontra fundamento constitucional no art. 225, §3º da CF/88. A omissão do Poder Público no seu exercício pode constituir, inclusive, tanto infração administrativa (art. 70, §3º, Lei n.º 9.605/98), quanto ato de improbidade administrativa (art. 11, II, Lei n.º 8.429/92). Cabe a cada ente federado exercer o seu poder de polícia no âmbito de suas atribuições, assim como estabelecer regras próprias para esse exercício. 23, III, CF/88, 24, VI, VII e VIII, c/c art. 30, I, II, VI e IX, todos da CF/88 No âmbito federal, as infrações administrativas de cunho ambiental e suas respectivas sanções são disciplinadas pela Lei n.º 9.605, de 12.02.1998, a qual revogou o art. 14 da Lei n.º 6.938/81. Dita lei foi regulamentada pelo Decreto n.º 6.114/08. Considera-se infração administrativa ambiental toda ação ou omissão que viole as regras jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção e recuperação do meio ambiente. São autoridades competentes para lavrar auto de infração ambiental e instaurar processo administrativo os funcionários de órgãos ambientais integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente - SISNAMA, designados para as atividades de fiscalização, bem como os agentes das Capitanias dos Portos, do Ministério da Marinha PODER DE POLÍCIA AMBIENTAL X COMPETÊNCIA PARA LICENCIAMENTO. A competência atribuída a determinado ente federado para a concessão da licença ambiental não retira dos demais entes as prerrogativas atinentes ao poder de polícia ambiental. A tarefa de preservação ambiental, contudo, foi atribuída à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios a título de competência comum A consequência prática desta disciplina normativa é que uma empresa que exerça determinada atividade causadora de degradação ambiental com a licença conferida por um Município, por exemplo, está sujeita ao poder de polícia exercido pelos órgãos e entidades que compõem os demais entes políticos. Assim, não se pode confundir a competência para licenciar com a competência para fiscalizar A RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA AMBIENTAL Assim como a responsabilidade penal, a administrativa é instrumento de características marcantemente repressivas. Para a verificação de ambas – penal e administrativa – não se exige a ocorrência de efetivo prejuízo, eis que podem coibir condutas que apresentem mera potencialidade de dano, ou mesmo apenas risco de agressão aos recursos naturais. CARACTERIZAÇÃO DA INFRAÇÃO ADMINISTRATIVA AMBIENTAL A aplicação de sanções pelos entes federativos se pauta pelo princípio da legalidade. Contudo, não se exige lei em sentido formal para a tipificação de infrações administrativas. Desobedecida a norma, é ilícito o ato (infração administrativa) e podem ser impostas sanções, estas sim prescritas sempre em lei formal; Permite-se, tal como no Direito Penal, a utilização de tipos infracionais abertos e normas infracionais em branco; A lei, de forma bastante ampla e genérica, considera infração o não cumprimento das medidas necessárias à preservação ou correção dos inconvenientes e danos causados pela degradação da qualidade ambiental. Ditas medidas são descritas em grande parte no regulamento; As infrações definidas no regulamento são quase todas idênticas aos tipos criminais previstos na própria Lei n.º 9.605/98. Tendo em mente o princípio da intervenção mínima aplicável ao direito penal, portanto, os tipos infracionais não definem todas as condutas lesivas ao meio ambiente. A infração administrativa ambiental se verifica tão somente pela inobservância de regras jurídicas – de que pode ou não resultar consequências prejudiciais ao meio ambiente. É prescindível a efetiva ocorrência de um dano. PRESSUPOSTOS Nos termos do art. 70, Lei n.º 9.605/98, “considera-se infração administrativa ambiental toda ação ou omissão que viole as regras jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção e recuperação do meio ambiente”. Imprescindível, portanto, para a configuração da responsabilidade administrativa, que haja sido praticada conduta ilícita 1) Conduta É responsável qualquer pessoa física ou jurídica, de Direito Público ou Privado, que tenha concorrido para a prática da infração; A responsabilidade é pessoal, dado o caráter repressivo da norma. Assim, ao sucessor não pode ser imputada responsabilidade administrativa ou penal pela prática de um ilícito ambiental pelo sucedido, mas apenas a responsabilidade civil pela reparação do dano eventualmente decorrente da conduta deste, ainda que lícita. 2) Ilicitude É da essência da responsabilidade administrativa a ocorrência de uma infração, a desobediência a normas ou a subsunção do comportamento do agente a um tipo infracional; SANÇÕES ADMINISTRATIVAS EM ESPÉCIE O diploma atualmente em vigor concernente às infrações e sanções administrativas em matéria ambiental é o Decreto nº 6.514/08, que dispõe sobre as infrações e sanções administrativas ao meio ambiente, estabelece o processo administrativo federal para apuração destas infrações A autoridade administrativa deve atentar para a proporcionalidade, admitindo a jurisprudência o controle judicial de eventual excesso punitivo por parte da autoridade administrativa, inclusive podendo reduzir a multa. Há precedentes do STJ e do STF. - Art. 2o Considera-se infração administrativa ambiental, toda ação ou omissão que viole as regras jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção e recuperação do meio ambiente. 1) ADVERTÊNCIA – art. 72, I, e §2º da Lei e art. 5º do Decreto Sanção de índole essencialmente pedagógica e preventiva; Não era prevista no revogado art. 14, Lei n.º 6.938/81; Será aplicada, nos termos do art. 72, §2º, Lei n.º 9.605/98, “pela inobservância das disposições desta Lei e da legislação em vigor, ou de preceitos regulamentares, sem prejuízo das demais sanções previstas neste artigo”; Na prática, no próprio auto de infração ambiental a autoridade consigna prazo para que o infrator ajuste as suas atividades aos termos da legislação ambiental, sob pena de aplicação de sanções mais severas, como a multa, por exemplo; O art. 6º da Lei n.º 9.605/98 e 4º do Decreto n.º 6.514/08 são claros no sentido de que a aplicação de qualquer penalidade há de considerar a gravidade do fato e os antecedentes do infrator. Assim, conforme as características do caso, nada impede que a autoridade aplique diretamente a multa Por sua própria natureza, cabe nas infrações mais leves ou nas cometidas por infratores primários; 2) MULTA SIMPLES – art. 72, II, e §§ 3º e 4º, Lei e art. 8º do Decreto Será aplicada sempre que o agente, por negligência ou dolo, deixar de sanar as irregularidades no prazo consignado pela autoridade administrativa, ou opuser embaraço à fiscalização; A presença do elemento subjetivo, como já consignado, apenas é necessária quando houver previsão expressa na tipificação da infração. Esses são os dois únicos casos da Lei; O §4º da lei permite a conversão da multa simples em serviços de preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental. É faculdade da Administração Pública e pode ser requerida pelo infrator. Quando concedida, suspende a exigibilidade da multa enquanto perdurar a obrigação de fazer 3) MULTA DIÁRIA – art. 72, III, e §5ºda Lei e art. 10º do Decreto Será aplicada no caso de infração que se prolonga no tempo, até a sua efetiva cessação ou celebração,pelo infrator, de Termo de Compromisso de reparação de dano; Nem a Lei nem o Decreto definem o que seja infração que se prolonga no tempo. Para Milaré, não é aquela que se repete diversas vezes (aí seria reincidência), mas aquela cujos efeitos se protraem no tempo. Geralmente ocorre em 2 situações: - Operação de atividade sem a licença ambiental exigível; - Funcionamento de atividade não provida de meios adequados para evitar a emissão de poluentes; 4) APREENSÃO DE ANIMAIS, PRODUTOS E SUBPRODUTOS DA FAUNA E FLORA, INSTRUMENTOS, PETRECHOS, EQUIPAMENTOS OU VEÍCULOS DE QUALQUER NATUREZA UTILIZADOS NA INFRAÇÃO e 5) DESTRUIÇÃO OU INUTILIZAÇÃO DO PRODUTO A apreensão está prevista no art. 72, IV da Lei e art. 14 do Decreto. A destruição ou inutilização do produto, por sua vez, está prevista no art. 72, V da lei. Aplicável aqui o disposto no art. 25 da Lei, que trata da apreensão do produto e do instrumento de infração administrativa ou de crime: “Art. 25. Verificada a infração, serão apreendidos seus produtos e instrumentos, lavrando-se os respectivos autos. 6) SUSPENSÃO DE VENDA E FABRICAÇÃO DO PRODUTO - art. 72, VI da Lei e art. 101, III do Decreto Tem por objeto a irregularidade do produto, e não de sua fabricação ou produção; É usualmente aplicada pelas autoridades competentes para o licenciamento de produtos, como alimentos e remédios; Em sede ambiental é pouco utilizada, limitada a produtos que, apesar de não sujeitos ao licenciamento ambiental, possam causar danos ao meio ambiente. 7) EMBARGO OU INTERDIÇÃO DE OBRA OU ATIVIDADE - art. 72, VII, e §7º da Lei e art. 101, II, do Decreto Impede o prosseguimento da obra ou atividade e é geralmente imposto no caso de edificação sem licença; 8) DEMOLIÇÃO DE OBRA - art. 72, VIII, e §7º, Lei e art. 101, VI do Decreto Aplica-se tanto a obras anteriormente embargadas quando a construções concluídas; É medida extrema, que só deve ser tomada em caso de irregularidade insanável ou de perigo à saúde pública ou de grave dano ambiental; 9) SUSPENSÃO PARCIAL OU TOTAL DAS ATIVIDADES - art. 72, IX, e §7º, Lei e art. 101, IV do Decreto É penalidade extremamente severa, pois equivale à interdição do estabelecimento ou da atividade; A Lei se limitou a enunciá-la. O Decreto apenas estabelece que a mesma será aplicada quando o produto, a obra, a atividade ou o estabelecimento não estiverem obedecendo às determinações legais ou regulamentares; Será aplicada, assim, a critério da autoridade competente, observado o disposto nos incisos I e II, do art. 6º, da Lei; 10) RESTRITIVAS DE DIREITOS - art. 72, XI, e §8º da Lei e art. 20 do Decreto Art. 72, §8º da Lei: “§ 8º As sanções restritivas de direito são: I - suspensão de registro, licença ou autorização; II - cancelamento de registro, licença ou autorização; III - perda ou restrição de incentivos e benefícios fiscais; IV - perda ou suspensão da participação em linhas de financiamento em estabelecimentos oficiais de crédito; V - proibição de contratar com a Administração Pública, pelo período de até três anos”. São penalidades, no fundo, acessórias à pena principal, eis que não há sentido em aplicá-las dissociadas da multa ou da suspensão de obra ou atividade; Competência do ente federado responsável pela emissão da licença, do registro, da permissão ou autorização; ESFCEx 2008 Q-11 Em relação às infrações administrativas ambientais, analise as afirmativas abaixo e, a seguir, assinale a alternativa correta. I. São autoridades competentes para lavrar auto de infração ambiental e instaurar processo administrativo: os servidores de fiscalização dos órgãos ambientais componentes do Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA), além dos agentes das Capitanias dos Portos. II. As infrações ambientais são apuradas em processo administrativo, assegurado o contraditório e a ampla defesa, podendo o agente infrator ser punido com a pena de detenção. III. Dentre as sanções restritivas de direito, figura a de perda ou restrição de incentivos e benefícios fiscais. (A) Somente I está correta. (B) Somente I e II estão corretas. (C) Somente. I e III estão corretas (D) Somente II está correta. (E) Somente III está correta.
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