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AULA 05 - DAS RESPONSABILIDADES NOS DANOS CONTRA O MEIO AMBIENTE (1)

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1 
DIREITO AMBIENTAL – PROF. DR. FABRÍCIO W. LIMA 
DIREITO AMBIENTAL 
 
 
 
AULA 05 
 
 
 
 
 
 
 
DAS RESPONSABILIDADES NOS DANOS 
CONTRA O MEIO AMBIENTE 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
5 DAS RESPONSABILIDADES NOS DANOS CONTRA O MEIO AMBIENTE..................2 
 
5.1 RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA AMBIENTAL.............................................3 
 
5.1.1 Infrações Administrativas nos moldes da Lei n° 9.605/98...........................................5 
 
5.2 RESPONSABILIDADE CIVIL AMBIENTAL..................................................................9 
 
5.3 RESPONSABILIDADE PENAL AMBIENTAL.............................................................16 
 
5.3.1 Responsabilidade Penal conforme a Lei n° 9.605/98 (Lei dos Crimes Ambientais)..17 
 
REFERÊNCIAS..................................................................................................................24 
 
 
 
 
 
 
FONTE: LIMA, Fabrício Wantoil. Manual de Direito Ambiental. São Paulo: CLEdijur, 2014. 
 
 
2 
DIREITO AMBIENTAL – PROF. DR. FABRÍCIO W. LIMA 
5 DAS RESPONSABILIDADES NOS DANOS CONTRA O MEIO AMBIENTE 
 
No que concerne às responsabilidades nos danos contra o meio ambiente, 
procura-se descrever sobre a responsabilidade administrativa ambiental, civil ambiental e 
penal ambiental, com a finalidade de elucidar os procedimentos jurídicos que regulam as 
relações sociais referentes ao meio ambiente. 
Considera-se ‘Dano’ o prejuízo sofrido por alguém em consequência da 
violação de um direito. 
Sampaio (1993, p. 70-71) compreende a necessidade de estabelecer 
mecanismos jurídicos para responsabilizar aqueles que desrespeitam as normas 
ambientais. 
 
Apesar de os danos ambientais coincidirem com a própria existência do ser 
humano na face da terra, só mais recentemente se vem dedicando maior atenção 
ao assunto. Assim ocorre porque os milhares de desastres ecológicos verificados 
no Planeta, a atitude eminentemente predatória e agressiva do homem em relação 
à natureza, ao longo de séculos, bem como a invenção e o uso corrente de 
tecnologias cada vez mais aptas a dominá-la e destruí-la fizeram com que a 
situação ecológica mundial se agravasse a tal ponto, que se já afirma, nos dias 
que correm, que a grave situação ambiental é irreversível e sua forçosa evolução 
levará à inabilidade da Terra, pelo esgotamento dos recursos naturais 
imprescindíveis à manutenção da vida em suas diversas espécies. 
Para viabilizar a solução de tal problema, faz-se indispensável verdadeira 
cooperação entre governos e povos de todos os países. 
No plano interno, cada país pode melhor enfrentar as dificuldades que o atingem 
mediante regras que adaptem, entre outras coisas, o uso dos recursos naturais, a 
ocupação dos grandes centros urbanos e a produção à necessidade de 
conservação ambiental. A par disso é mister que se estabeleçam mecanismos 
jurídicos eficientes para responsabilização dos que transgridem as normas 
relativas à matéria em detrimento da coletividade. Essa última providência assume 
especial relevo no que se refere à obediência à regulamentação das atividades 
produtivas, especialmente as industriais, que, por sua própria natureza, são as 
que mais afetam o meio ambiente. 
 
No âmbito do Direito Civil, a regra da responsabilidade objetiva está contida na 
Lei da Política Nacional do Meio Ambiente desde 1981
1
. O parágrafo 1
o
 do artigo 14 da 
Lei n. 6938/81 estabelece, de maneira evidente, a obrigação de indenizar ou reparar os 
danos causados ao meio ambiente e a terceiros afetados pela atividade, não sendo 
considerada a existência ou não de culpa, tal obrigação de reparação não impede a 
imposição das demais sanções previstas nas normas legais. A Lei dos Crimes contra o 
Meio Ambiente efetivou a possibilidade de aplicação das sanções administrativas e penais 
conforme conduta lesiva ao meio ambiente
2
. 
No entendimento de Machado (2007, p. 351) o Direito Ambiental 
 
[...] engloba as duas funções da responsabilidade civil objetiva: a função 
preventiva – procurando, por meios eficazes, evitar o dano – e a função 
reparadora – tentando reconstruir e/ou indenizar os prejuízos ocorridos. Não é 
social e ecologicamente adequado deixar-se de valorizar a responsabilidade 
preventiva, mesmo porque há danos ambientais irreversíveis. 
 
Fiorillo (2001, p. 42) evidencia a tríplice penalização do poluidor: 
 
1
 Lei n. 6938/81, Art. 14, § 1
o
 - Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor 
obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio 
ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade. O Ministério Público da União e dos Estados terá 
legitimidade para propor ação de responsabilidade civil e criminal, por danos causados ao meio ambiente. 
2
 Lei n. 9.605, de 12 de fevereiro de 1998 - Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de 
condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências. 
3 
DIREITO AMBIENTAL – PROF. DR. FABRÍCIO W. LIMA 
 
O Art. 225, § 3°, da Constituição Federal previu a tríplice penalização do poluidor 
(tanto pessoa física como jurídica) do meio ambiente: a sanção penal, por conta 
da chamada responsabilidade penal, a sanção administrativa, em decorrência da 
denominada responsabilidade administrativa, e a sanção civil, em razão da 
responsabilidade civil. 
 
Percebe-se a possibilidade de ocorrer a tríplice penalização. A Constituição 
Federal recepcionou tal probabilidade, deixando evidente que essa norma é legal e válida, 
prevalecendo como bem maior a proteção ambiental. 
Trennepohl (2006, p. 30) acompanha essa linha de raciocínio e observa que 
 
[...] a obrigação de reparar o status quo ante é a garantia para coletividade de 
harmonia entre homem e a natureza e da qualidade de vida decorrente, enquanto 
a pena pecuniária ou restritiva de direitos tem objetivo de coibir ações ou 
omissões que possam vir a provocar a quebra desse equilíbrio. As penalidades 
não são alternativas, são cumulativas. 
 
Está claro que a aplicação de uma das modalidades de sanção não impede a 
imposição de penalidade de outra natureza, bem como a satisfação (cumprimento) de 
uma delas não configura, obrigatoriamente, atenuante para outra. 
Assim, o capítulo em comento refere-se à responsabilidade pelos danos 
causados ao meio ambiente, seja administrativa, civil ou penal, baseando-se nos 
dispositivos da Lei n. 9.605/98 e demais normas que compõem nosso ordenamento 
jurídico. 
 
5.1 RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA AMBIENTAL 
 
A Administração Pública, observado o princípio da legalidade, pode estabelecer 
regras e condutas em relação a certos bens e fiscalizar o seu cumprimento. 
Isso caracteriza o que se chama de Poder de Polícia Administrativa
3
. Tal poder 
direciona para um aspecto específico ambiental, por exemplo, manutenção do equilíbrio 
ecológico; racionalização do uso do solo, água e ar; planejamento e fiscalização do uso 
dos recursos naturais e demais atividades utilizadas na defesa do meio ambiente. 
O Poder de Polícia é definido no artigo 78 do Código Tributário Nacional, 
conforme disposição literal da lei: 
 
Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, 
limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou 
abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à segurança, à 
higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao 
exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do 
Poder Público, à tranqüilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos 
individuais ou coletivos. 
 
No exercício dessa atividade, a administração executa-a imediatamente, age, 
como dito, de acordo com o princípio da legalidade, limitando atividades, estabelecendo 
regras, controlando e fiscalizando seu cumprimento. Por intermédio das sanções 
possíveis que a administraçãopode disponibilizar, vale mencionar: advertência, multa, 
apreensão, destruição ou inutilização do produto; suspensão total ou parcial de 
atividades; suspensão de venda e fabricação do produto; embargo de obra ou atividade; 
demolição de obra; suspensão parcial ou total de atividades e restritiva de direitos. 
As penalidades administrativas, impostas pelo Poder Público, podem ser 
consideradas a melhor forma de demonstração do poder de polícia administrativa. A 
 
3
 Leia-se Poder de Polícia Ambiental. 
4 
DIREITO AMBIENTAL – PROF. DR. FABRÍCIO W. LIMA 
fiscalização é a atividade do Estado destinada a verificar se o particular está cumprindo as 
determinações de interesse público, no caso, vinculadas à exploração dos recursos 
naturais. 
De acordo com Milaré (2007, p. 822), o poder de polícia visa exercer a tutela 
administrativa do meio ambiente. 
 
O poder de polícia ambiental, em favor do estado, definido como incumbência pelo 
art. 225 da Carta Magna, e a ser exercido em função dos requisitos da ação 
tutelar, é decorrência lógica e direta da competência para o exercício da tutela 
administrativa do ambiente. O poder de polícia administrativa é prerrogativa do 
Poder Público, particularmente do Executivo, e é dotado dos atributos da 
discricionariedade, da auto-executoriedade e da coercibilidade, inerentes aos atos 
administrativos. Pode ser exercido diretamente ou por delegação; tal delegação, 
porém, requer esteio legal, não podendo ser arbitrária, nem ampla e indefinida. 
 
Pode-se dizer que as responsabilidades administrativas e penais são 
ferramentas para reprimir as condutas e atividades, classificam-se como instrumentos de 
repressão às condutas e às atividades julgadas nocivas ao meio ambiente, diferenciando-
se, nesse sentido, da responsabilização civil. Tanto a responsabilidade administrativa 
quanto a penal, quando aplicadas com eficiência, podem ainda auxiliar na prevenção do 
dano. 
A sanção administrativa será imposta pelo órgão competente, e deve sempre 
estar prevista em lei, com base no princípio da legalidade. Poderá ser imposta a sanção 
nas hipóteses elencadas no artigo 14, I, II, III e IV da Lei n. 6.938/81
4
 ou com suporte no 
artigo 70 e seguintes da lei n. 9.605/98
5
. 
Contudo, Milaré (2007, p. 826) explica que, ao ser editada a Lei dos Crimes 
Ambientais, o artigo 14 deixou de ter vigência na parte em que dispõe sobre infrações 
administrativas. 
 
Em matéria de Infrações administrativas, a edição da Lei 9.605/1998 e do Dec. 
3.179/1999 implicou a revogação do art. 14 da Lei 6.938/1981, na parte em que 
até então dispunha sabre as sanções administrativas aplicáveis aos 
transgressores das normas de proteção ambiental. [...] Vale observar que essa 
revogação não atingiu o § 1° do referido artigo, que trata especificamente da 
responsabilidade civil objetiva do causador de dano ambiental e não de infrações 
administrativas. 
 
É importante ressaltar que a responsabilidade administrativa nos danos contra 
o meio ambiente será objetiva. 
A propósito, merece transcrição o entendimento dos tribunais superiores: 
 
PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL. 
EMBARGOS À EXECUÇÃO. AUTO DE INFRAÇÃO LAVRADO POR DANO 
AMBIENTAL. A RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA AMBIENTAL É 
OBJETIVA. A LEI N. 9.605/1998 NÃO IMPÕE QUE A PENA DE MULTA SEJA 
OBRIGATORIAMENTE PRECEDIDA DE ADVERTÊNCIA. 1. A responsabilidade 
administrativa ambiental é objetiva. Deveras, esse preceito foi expressamente 
inserido no nosso ordenamento com a edição da Lei de Política Nacional do Meio 
 
4
 Lei n. 6938/81, Art. 14 - Sem prejuízo das penalidades definidas pela legislação federal, estadual e municipal, 
o não cumprimento das medidas necessárias à preservação ou correção dos inconvenientes e danos 
causados pela degradação da qualidade ambiental sujeitará os transgressores: 
I - à multa simples ou diária [...]; 
II - à perda ou restrição de incentivos e benefícios fiscais concedidos pelo Poder Público; 
III - à perda ou suspensão de participação em linhas de financiamento em estabelecimentos oficiais de crédito; 
IV - à suspensão de sua atividade. 
5
 Lei n. 9.605/98, Art. 70. Considera-se infração administrativa ambiental toda ação ou omissão que viole as 
regras jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção e recuperação do meio ambiente. 
5 
DIREITO AMBIENTAL – PROF. DR. FABRÍCIO W. LIMA 
Ambiente (Lei n. 6.938/1981). Tanto é assim, que o § 1º do art. 14 do diploma em 
foco define que o poluidor é obrigado, sem que haja a exclusão das penalidades, a 
indenizar ou reparar os danos, independentemente da existência de culpa. 
Precedente: REsp 467.212/RJ, Relator Ministro Luiz Fux, Primeira Turma, DJ 
15/12/2003. 2. A penalidade de advertência a que alude o art. 72, § 3º, I, da Lei n. 
9.605/1998 tão somente tem aplicação nas infrações de menor potencial ofensivo, 
justamente porque ostenta caráter preventivo e pedagógico. 3. No caso concreto, 
a transgressão foi grave; consubstanciada no derramamento de cerca de 70.000 
(setenta mil) litros de óleo diesel na área de preservação de ambiental de 
Guapimirim, em áreas de preservação permanente (faixas marginais dos rios 
Aldeia, Caceribú e Guaraí-Mirim e de seus canais) e em vegetações protetoras de 
mangue (fl. 7), Some-se isso aos fatos de que, conforme atestado no relatório 
técnico de vistoria e constatação, houve morosidade e total despreparo nos 
trabalhos emergenciais de contenção do vazamento e as barreiras de contenção, 
as quais apenas foram instaladas após sete horas do ocorrido, romperam-se, 
culminando o agravamento do acidente (fls. 62-67). À vista desse cenário, a 
aplicação de simples penalidade de advertência atentaria contra os princípios 
informadores do ato sancionador, quais sejam; a proporcionalilade e 
razoabilidade. Por isso, correta a aplicação de multa, não sendo necessário, para 
sua validade, a prévia imputação de advertência, na medida em que, conforme 
exposto, a infração ambiental foi grave. 4. Recurso especial conhecido e não 
provido. (REsp 1318051/RJ , Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA 
TURMA, DJe 12/5/2015). 
 
ADMINISTRATIVO. DANO AMBIENTAL. SANÇÃO ADMINISTRATIVA. 
IMPOSIÇÃO DE MULTA. AÇÃO ANULATÓRIA DE DÉBITO FISCAL. 
DERRAMAMENTO DE ÓLEO DE EMBARCAÇÃO ESTRANGEIRA 
CONTRATADA PELA PETROBRÁS. COMPETÊNCIA DOS ÓRGÃOS 
ESTADUAIS DE PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE PARA IMPOR SANÇÕES. 
RESPONSABILIDADE OBJETIVA. LEGITIMIDADE DA EXAÇÃO. [...] 5. Para 
fins da Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, art 3º, qualifica-se como poluidor a 
pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, direta ou 
indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental. 6. Sob essa 
ótica, o fretador de embarcação que causa dano objetivo ao meio ambiente é 
responsável pelo mesmo, sem prejuízo de preservar o seu direito regressivo e em 
demanda infensa à administração, inter partes, discutir a culpa e o regresso pelo 
evento. 7. O poluidor (responsável direto ou indireto), por seu turno, com base na 
mesma legislação, art. 14 - "sem obstar a aplicação das penalidades 
administrativas" é obrigado, "independentemente da existência de culpa", a 
indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, "afetados 
por sua atividade". [...] 11. Recurso especial improvido. (REsp 467.212/RJ , Rel. 
Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, DJ 15/12/2003, p. 193) 
 
Alguns doutrinadores contestam a possibilidade de aplicar a 
responsabilidade OBJETIVA nas infrações ambientais, contudo, acompanhamos o 
entendimento majoritário e entendemos que é primordial aplicar a 
RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA OBJETIVA nos danos contra o meio 
ambiente. 
 
5.1.1 Infrações Administrativas nos moldes da Lei n° 9.605/98. 
 
Os artigos 70 a 76 da lei n. 9.605/98, do Capítulo VI, elencam as infrações 
administrativas; o Decreto n° 6.514 de 22 de julho de 2008 dispõe sobre asinfrações e 
sanções administrativas ao meio ambiente, estabelece o processo administrativo federal 
para apuração destas infrações, e dá outras providências. 
Nos moldes do artigo 70 da Lei dos Crimes Ambientais “considera-se infração 
administrativa ambiental toda ação ou omissão que viole as regras jurídicas de uso, gozo, 
promoção, proteção e recuperação do meio ambiente”. 
6 
DIREITO AMBIENTAL – PROF. DR. FABRÍCIO W. LIMA 
As infrações ambientais são apuradas em processo administrativo 
próprio, assegurado o direito de ampla defesa e o contraditório. 
O Processo administrativo visando apuração de infração ambiental está 
previsto no artigo 71 da Lei n° 9.605/98, vejamos: 
 
Art. 71. O processo administrativo para apuração de infração ambiental deve 
observar os seguintes prazos máximos: 
I - vinte dias para o infrator oferecer defesa ou impugnação contra o auto de 
infração, contados da data da ciência da autuação; 
II - trinta dias para a autoridade competente julgar o auto de infração, contados da 
data da sua lavratura, apresentada ou não a defesa ou impugnação; 
III - vinte dias para o infrator recorrer da decisão condenatória à instância superior 
do Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA, ou à Diretoria de Portos e 
Costas, do Ministério da Marinha, de acordo com o tipo de autuação; 
IV – cinco dias para o pagamento de multa, contados da data do recebimento da 
notificação. 
 
A Súmula n° 467 do STJ nos ensina que: “467. Prescreve em cinco anos, 
contados do término do processo administrativo, a pretensão da Administração 
Pública de promover a execução da multa por infração ambiental. Rel. Min. 
Hamilton Carvalhido, em 13/10/2010.” 
De acordo com o artigo 72 da Lei dos Crimes Ambientais, as penalidades 
administrativas pelo descumprimento das normas jurídicas de proteção ao meio ambiente, 
iniciam-se com advertência, podendo chegar até a restrição de direitos. 
 
Art. 72. As infrações administrativas são punidas com as seguintes sanções, 
observado o disposto no art. 6º: 
I - advertência; 
II - multa simples; 
III - multa diária; 
IV - apreensão dos animais, produtos e subprodutos da fauna e flora, 
instrumentos, petrechos, equipamentos ou veículos de qualquer natureza 
utilizados na infração; 
V - destruição ou inutilização do produto; 
VI - suspensão de venda e fabricação do produto; 
VII - embargo de obra ou atividade; 
VIII - demolição de obra; 
IX - suspensão parcial ou total de atividades; 
X – (VETADO) 
XI - restritiva de direitos. 
§ 1º Se o infrator cometer, simultaneamente, duas ou mais infrações, ser-lhe-ão 
aplicadas, cumulativamente, as sanções a elas cominadas. 
§ 2º A advertência será aplicada pela inobservância das disposições desta Lei e 
da legislação em vigor, ou de preceitos regulamentares, sem prejuízo das demais 
sanções previstas neste artigo. 
§ 3º A multa simples será aplicada sempre que o agente, por negligência ou dolo: 
I - advertido por irregularidades que tenham sido praticadas, deixar de saná-las, 
no prazo assinalado por órgão competente do SISNAMA ou pela Capitania dos 
Portos, do Ministério da Marinha; 
II - opuser embaraço à fiscalização dos órgãos do SISNAMA ou da Capitania dos 
Portos, do Ministério da Marinha. 
§ 4° A multa simples pode ser convertida em serviços de preservação, melhoria e 
recuperação da qualidade do meio ambiente. 
§ 5º A multa diária será aplicada sempre que o cometimento da infração se 
prolongar no tempo. 
§ 6º A apreensão e destruição referidas nos incisos IV e V do caput obedecerão 
ao disposto no art. 25 desta Lei. 
§ 7º As sanções indicadas nos incisos VI a IX do caput serão aplicadas quando o 
produto, a obra, a atividade ou o estabelecimento não estiverem obedecendo às 
prescrições legais ou regulamentares. 
§ 8º As sanções restritivas de direito são: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/Mensagem_Veto/1998/Vep181-98.pdf
7 
DIREITO AMBIENTAL – PROF. DR. FABRÍCIO W. LIMA 
I - suspensão de registro, licença ou autorização; 
II - cancelamento de registro, licença ou autorização; 
III - perda ou restrição de incentivos e benefícios fiscais; 
IV - perda ou suspensão da participação em linhas de financiamento em 
estabelecimentos oficiais de crédito; 
V - proibição de contratar com a Administração Pública, pelo período de até 
três anos. 
 
Aplica-se a advertência pela inobservância das disposições da lei retro 
mencionada e da legislação em vigência, contudo, vale ressaltar que essa modalidade de 
sanção não impossibilita a aplicação de outras previstas no artigo 72. 
Para Trennepohl (2006, p. 77), a advertência deve ser aplicada como medida 
de precaução: 
 
A advertência é aplicável como medida de precaução, para evitar que alguma 
atividade resulte em dano ao meio ambiente. Por exemplo, o descumprimento de 
um preceito administrativo que, contrariado, possa impedir o controle do Estado ou 
a ocorrência do crime ambiental, enseja advertência. 
 
Quando o agente infrator for advertido e, mesmo assim, causar dificuldades à 
fiscalização ou deixar de sanar as irregularidades cometidas por negligência ou dolo, 
poderá ser imposta multa simples ou, ainda, a multa ser convertida em prestação de 
serviços em prol do meio ambiente. 
Freitas (1995, p. 76) observa que a multa é a penalidade mais comum entre as 
infrações administrativas: “É a penalidade mais comum em qualquer tipo de infração 
administrativa. Seus objetivos são os de punir o infrator, coagindo-o a não repetir a 
conduta ou a reparar a lesão causada”. 
No caso de cometimento de infração que se prolongar no tempo, pode ser 
imposta a multa diária para se evitar, ao máximo, este lapso temporal
6
. 
Machado (2007, p. 319) salienta que: 
 
a multa diária será aplicada sempre que o cometimento da infração se prolongar 
no tempo. [...] A multa diária é um instrumento importante para não permitir a 
continuidade da infração. Se aplicada a multa simples se houver a permanência 
do ilícito, a multa diária deverá ser cominada. 
 
Constatada a infração, todos os produtos e instrumentos utilizados para o 
cometimento da transgressão serão apreendidos, os animais serão libertados ou ficarão 
sob a responsabilidade de técnicos habilitados. Conforme preceitua o artigo 25: 
 
Art. 25. Verificada a infração, serão apreendidos seus produtos e instrumentos, 
lavrando-se os respectivos autos. 
§ 1
o
 Os animais serão prioritariamente libertados em seu habitat ou, sendo tal 
medida inviável ou não recomendável por questões sanitárias, entregues a jardins 
zoológicos, fundações ou entidades assemelhadas, para guarda e cuidados sob a 
responsabilidade de técnicos habilitados. (Redação dada pela Lei nº 13.052, de 
2014) 
§ 2
o
 Até que os animais sejam entregues às instituições mencionadas no § 
1
o
 deste artigo, o órgão autuante zelará para que eles sejam mantidos em 
condições adequadas de acondicionamento e transporte que garantam o seu 
bem-estar físico. (Redação dada pela Lei nº 13.052, de 2014) 
§ 3º Tratando-se de produtos perecíveis ou madeiras, serão estes avaliados e 
doados a instituições científicas, hospitalares, penais e outras com fins 
beneficentes. (Renumerando do §2º para §3º pela Lei nº 13.052, de 2014) 
 
6
 Entende-se que a imposição de multa diária ao infrator ocasionará uma maior presteza e interesse por parte 
dele para deixar de cometer o ato ilícito ou evitar que se prolongue no tempo. 
8 
DIREITO AMBIENTAL – PROF. DR. FABRÍCIO W. LIMA 
§ 4° Os produtos e subprodutos da fauna não perecíveis serão destruídos ou 
doados a instituições científicas, culturais ou educacionais. (Renumerando do §3º 
para §4º pela Lei nº 13.052, de 2014) 
§ 5º Os instrumentos utilizados na prática da infração serão vendidos, garantida a 
sua descaracterização por meio da reciclagem. (Renumerando do §4º para §5º 
pela Lei nº 13.052, de 2014) 
 
Segundo interpretação de Trennepohl (2006, p. 85), os instrumentos de uso e 
porte lícitos não podem ser apreendidos: 
 
O perdimentoautomático dos instrumentos, pelo só fato de serem apreendidos em 
prática ilegal, está restrito aos instrumentos com alterações em suas 
características, que indiquem sua destinação para a prática de atividades defesas 
em lei, e não aos instrumentos de uso e porte lícitos. 
 
Os produtos perecíveis serão doados para instituições, os produtos não 
perecíveis serão destruídos ou doados. 
Os produtos (madeira em tora, palmito em natura, caça, pescados, etc.) ou 
subprodutos (madeira serrada, palmito enlatado, carne ou pele de animais silvestres, 
etc.), oriundos de atividade ilícita, devem ser apreendidos no momento da constatação da 
infração, mediante termo próprio, dando-lhes a destinação indicada (TRENNEPOHL, 
2006, p. 79). 
Quando um produto, a obra, a atividade ou estabelecimento não estiverem 
agindo, conforme as normas legais ou de acordo com regulamentos, esses poderão 
sofrer: suspensão de venda e fabricação de produto; embargo da obra e atividade; 
demolição da obra; e até a devida suspensão total ou parcial das atividades. 
Milaré (2007, p. 847) visualiza que a penalidade de suspensão de venda e 
fabricação de produto será pouco usada. 
 
Essa penalidade não vem da tradição do Direito Ambiental. Tem por objetivo a 
irregularidade ambiental do produto e não de sua fabricação ou produção. É 
penalidade usualmente aplicada pelas autoridades competentes para o 
licenciamento de produtos, como alimentos e remédios. Portanto, em sede 
ambiental, essa penalidade será pouco usada, limitada a produtos que, apesar de 
não estarem sujeitos ao licenciamento ambiental, possam causar danos ao meio 
ambiente. 
 
O embargo da obra “[...] Trata-se de medida preventiva tomada pela autoridade 
administrativa, a fim de evitar a construção, reforma ou atividade semelhante, feita sem a 
observância das normas ambientais que regem a matéria [...]” (FREITAS, 1995, p. 79). 
A demolição aplica-se tanto a obras anteriormente embargadas quanto a 
construções concluídas. É medida extrema que só deve ser tomada em caso de 
irregularidade insanável, de perigo à saúde pública ou de grave dano ambiental (MILARÉ, 
2007, p. 848). 
Cabe ressaltar que a demolição de obra (em construção ou concluída) 
poderá ser aplicada em casos extremos (irregularidade insanável, de perigo à saúde 
pública ou de grave dano ambiental). Ademais, o artigo 79-A (Lei n. 9605/98) 
autoriza os órgãos integrantes do SISNAMA celebrar termo de compromisso, com 
força de título executivo extrajudicial, com o objetivo de promover as necessárias 
correções de suas atividades (pessoa física e jurídica). 
A suspensão de atividades é a mais forte das medidas punitivas, porque vai 
paralisar, fechar ou interditar as referidas atividades. Pode ter o caráter de suspensão 
parcial ou total e/ou a forma de suspensão temporária ou definitiva (MACHADO, 2007, p. 
321). 
As sanções restritivas de direitos são as seguintes: suspensão e/ou 
cancelamento de registro, licença ou autorização; perda ou restrição de incentivos e 
9 
DIREITO AMBIENTAL – PROF. DR. FABRÍCIO W. LIMA 
benefícios fiscais; perda ou suspensão de participação em linhas de financiamento em 
estabelecimentos oficiais de crédito; proibição de contratar com o Poder Público por 
período de até três anos. 
Milaré (2007, p. 849) orienta que “essas penalidades são, no fundo, acessórias 
à pena principal, eis que não tem sentido aplicá-las isoladamente, sem associação com a 
multa ou com a suspensão de obra ou atividade”. 
As sanções restritivas de direitos impõem aos grandes poluidores penas que 
podem ser consideradas eficazes, desde que sejam realmente aplicadas, tendo em vista 
que, para a pessoa jurídica sofrer uma proibição de participar em linhas de 
financiamentos, ela ficaria, literalmente, impossibilitada de realizar suas atividades. 
Os valores arrecadados em pagamento de multas por infração ambiental 
serão revertidos ao Fundo Nacional do Meio Ambiente, aos fundos estaduais ou 
municipais de meio ambiente, ou correlatos, conforme dispuser o órgão arrecadador. 
A multa terá por base a unidade, hectare, metro cúbico, quilograma ou 
outra medida pertinente, de acordo com o objeto jurídico lesado. 
O valor da multa será fixado no regulamento
7
 e corrigido periodicamente, 
com base nos índices estabelecidos na legislação pertinente, sendo o mínimo de 
R$ 50,00 (cinquenta reais) e o máximo de R$ 50.000.000,00 (cinquenta milhões de 
reais). 
As multas e demais penalidades serão aplicadas após laudo técnico 
elaborado pelo órgão ambiental competente, identificando a dimensão do dano 
decorrente da infração e em conformidade com a gradação do impacto. 
É importante salientar que o pagamento de multa imposta pelos Estados, 
Municípios, Distrito Federal ou Territórios substitui a multa federal na mesma 
hipótese de incidência. 
Acredita-se que toda atuação estatal é válida para tentar coibir a ação de 
pessoas físicas ou jurídicas que não se preocupam com o futuro do Planeta e, de maneira 
totalmente irresponsável, degradam a natureza. “Costuma-se dizer que o bolso é a parte 
mais sensível do corpo. [...] O melhor caminho parece ser a interrupção das atividades, 
fazendo cessar, há um tempo, a fonte dos lucros e a fonte dos danos ambientais” 
(TRENNEPOHL, 2006, p. 88). 
 
5.2 RESPONSABILIDADE CIVIL AMBIENTAL 
 
O princípio do poluidor-pagador, já visto anteriormente, pode ser considerado o 
fundamento principal da responsabilidade civil em matéria ambiental, tendo em vista que 
esse obriga o poluidor a pagar ou reparar o dano causado ao meio ambiente, ou seja, 
exige a recomposição do dano, possuindo um efeito preventivo, coibindo a prática de 
atividades lesivas ao ambiente. 
A responsabilidade no campo civil é concretizada em cumprimento da 
obrigação de fazer ou de não fazer e no pagamento de condenação em dinheiro. Em 
geral, manifesta-se na aplicação desse dinheiro em atividade ou obra de prevenção ou de 
reparação do prejuízo (MACHADO, 2007, p. 341). 
O dano ambiental é a lesão aos recursos ambientais - segundo a Lei n. 
6.938/81, no artigo 3º, V, são: “a atmosfera, as águas interiores, superficiais e 
subterrâneas, os estuários
8
, o mar territorial, o solo, o subsolo, os elementos da biosfera
9
, 
a fauna e a flora” – com consequente degradação do equilíbrio ecológico. 
O responsável pelos danos ambientais é o poluidor. A Política Nacional do 
Meio Ambiente (Lei n. 6938/81) elenca que o poluidor é “a pessoa física ou jurídica, de 
 
7
 Decreto n° 6.514 de 22 de julho de 2008. 
8
 Um estuário é um ambiente aquático transicional entre um rio e o mar. 
9
 Conjunto de todos os ecossistemas da Terra. 
10 
DIREITO AMBIENTAL – PROF. DR. FABRÍCIO W. LIMA 
direito público ou privado, responsável, direta ou indiretamente, por atividade 
causadora de degradação ambiental”. 
O artigo 14, § 1°, da referida lei, estabelece que a responsabilidade de 
indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros independe de 
existência de culpa e não impede aplicação das outras penalidades. Destarte, tal encargo 
é considerado como responsabilidade objetiva. 
 
PROCESSUAL CIVIL E AMBIENTAL – AÇÃO CIVIL PÚBLICA – DANO 
AMBIENTAL – CONSTRUÇÃO DE HIDRELÉTRICA – RESPONSABILIDADE 
OBJETIVA E SOLIDÁRIA – ARTS. 3º, INC. IV, E 14, § 1º, DA LEI 6.398/1981 – 
IRRETROATIVIDADE DA LEI – PREQUESTIONAMENTO AUSENTE: SÚMULA 
282/STF – PRESCRIÇÃO – DEFICIÊNCIA NA FUNDAMENTAÇÃO: SÚMULA 
284/STF – INADMISSIBILIDADE. 
1. A responsabilidade por danos ambientais é objetiva e, como tal, não exige 
a comprovação de culpa, bastando a constatação do dano e do nexo de 
causalidade. 2. Excetuam-se à regra, dispensando a prova do nexo de 
causalidade, a responsabilidade de adquirente de imóvel já danificado 
porque, independentemente de ter sido ele ou o dono anterior o real 
causador dos estragos, imputa-se ao novo proprietário a responsabilidade 
pelos danos. Precedentes do STJ. [...] 
4. Se possível identificar o real causadordo desastre ambiental, a ele cabe a 
responsabilidade de reparar o dano, ainda que solidariamente com o atual 
proprietário do imóvel danificado. [...] (REsp 1056540/GO) 
 
Lecey (2003, p. 438) entende que a responsabilidade objetiva causada por 
danos aos recursos naturais 
 
[...] independe de culpa, sendo irrelevante o licenciamento da atividade, o 
cumprimento de padrões e até a ocorrência do fortuito. Ou seja, basta a 
conduta e o nexo causal, com o dano ao meio ambiente, para haver a 
responsabilidade pela reparação. 
 
Ainda, no tocante à responsabilidade objetiva, Machado (2007, p. 347) instrui o 
seguinte: 
 
A responsabilidade objetiva ambiental significa que quem danificar o meio 
ambiente tem o dever jurídico de repará-lo. Presente, pois, o binômio 
dano/reparação. Não se pergunta a razão da degradação para que haja o dever 
de indenizar e/ou reparar. A responsabilidade sem culpa tem incidência na 
indenização ou na reparação dos ‘danos causados ao meio ambiente e aos 
terceiros afetados por sua atividade’ (Art. 14, §1°, da Lei 6938/81). Não interessa 
que tipo de obra ou atividade seja exercida pelo que degrada, pois não há 
necessidade de que ela apresente risco ou seja perigosa. Procura-se quem foi 
atingido e, se for o meio ambiente e o homem, inicia-se o processo lógico-jurídico 
da imputação civil objetiva ambiental. Só depois é que se entrará na fase do 
estabelecimento do nexo de causalidade entre a ação e omissão e o dano. É 
contra o Direito enriquecer-se ou ter lucro à custa da degradação do meio 
ambiente. 
 
No direito moderno, a teoria da responsabilidade objetiva apresenta-se sob 
duas faces
10
: a teoria do risco e a teoria do dano objetivo. Pela última, desde que exista 
 
10
 A teoria do risco integral, pondo de lado a investigação do elemento pessoal, intencional ou não, preconiza o 
pagamento pelos danos causados, mesmo tratando-se de atos regulares, praticados por agentes no exercício regular 
de suas funções (CRETELLA, 1972, p. 69). Para Hely Lopes Meirelles (1999, p. 586) a “teoria do risco integral é a 
modalidade extremada da doutrina do risco administrativo, abandonada na prática, por conduzir ao abuso e à iniquidade 
social. Para essa fórmula radical, a Administração ficaria obrigada a indenizar todo e qualquer dano suportado por 
terceiros, ainda que resultante de culpa ou dolo da vítima”. No entanto, Maria Sylvia Zanella di Pietro (2009, p. 647-648) 
salienta que: “Ocorre que, diante de normas que foram sendo introduzidas no direito brasileiro, surgiram hipóteses em 
que se aplica a teoria do risco integral, no sentido que lhe atribui Hely Lopes Meirelles, tendo em vista que a 
responsabilidade do Estado incide independentemente da ocorrência das circunstâncias que normalmente seriam 
11 
DIREITO AMBIENTAL – PROF. DR. FABRÍCIO W. LIMA 
um dano, deve ser ressarcido, independentemente da idéia de culpa. Uma e outra 
consagram, em última análise, a responsabilidade sem culpa, a responsabilidade 
objetiva. A tendência atual do direito manifesta-se no sentido de substituir a idéia da 
responsabilidade pela da reparação, a idéia da culpa pela do risco, a responsabilidade 
subjetiva pela responsabilidade objetiva. 
A realidade, no entanto, é que se tem procurado fundamentar a 
responsabilidade na idéia de culpa, mas esta é insuficiente para atender às imposições do 
progresso, tendo o legislador fixado os casos especiais em que deve ocorrer a obrigação 
de reparar, independentemente daquela noção. 
Para Rodrigues (1997, p.10), a responsabilidade do causador do dano é 
objetiva: 
 
na responsabilidade objetiva a atitude culposa ou dolosa do agente causador do 
dano é de menor relevância, pois, desde que exista relação da causalidade entre 
o dano experimentado pela vítima e o ato do agente, surge o dever de indenizar, 
quer tenha o último agido ou não culposamente. 
 
Em matéria de dano ambiental, ao adotar o regime da responsabilidade 
civil objetiva, a Lei 6938/1981 afasta a investigação e a discussão da culpa, mas não 
prescinde do nexo causal, isto é, da relação de causa e efeito entre a atividade (= 
fonte poluidora) e o dano dela advindo (MILARÉ, 2011, p. 1255). 
Conforme destaca Pereira (1990, p. 287-288), temos a TEORIA DO RISCO 
CRIADO, sendo a que melhor se adapta às condições de vida social, fixando-se na idéia 
de que, se alguém põe em funcionamento qualquer atividade, responde pelos eventos 
danosos que essa atividade gera para os indivíduos, independentemente de determinar 
se em cada caso, isoladamente, o dano é devido à imprudência, a um erro de conduta. 
Sobre a RESPONSABILIDADE CIVIL FUNDADA NA TERORIA DO RISCO 
INTEGRAL colacionamos o entendimento de Milaré (2011, p. 1256) pois “a adoção da 
teoria do risco integral, da qual decorre a responsabilidade objetiva, traz como 
consequências principais para que haja o dever de indenizar: a) prescindibilidade 
de investigação de culpa; b) a irrelevância da licitude da atividade; c) a inaplicação 
das causas de exclusão da responsabilidade civil;” 
Portanto, é o poluidor obrigado a reparar o dano independentemente da 
existência de culpa. A licitude ensejada pela autorização da autoridade competente é 
 
consideradas excludentes de responsabilidade. É o que ocorre nos casos de danos causados por acidentes nucleares 
(art. 21, XXIII, d, da Constituição Federal) e também na hipótese de danos decorrentes de atos terroristas, atos de 
guerra ou eventos correlatos, contra aeronaves de empresas aéreas brasileiras, conforme previsto nas Leis nº 10.309, 
de 22/11/2001, e 10.744, de 9/10/2003. Também o Código Civil previu algumas hipóteses de risco integral nas relações 
obrigacionais, conforme artigos 246, 393 e 399.”. Em outra vertente, sobre a responsabilidade civil por dano ambiental, 
colhe-se da doutrina de Edis Milaré (2001, p. 428) a aplicação da Teoria do Risco Integral, senão vejamos: "A 
vinculação da responsabilidade objetiva à Teoria do Risco Integral expressa a preocupação da doutrina em estabelecer 
um sistema de Responsabilidade o mais rigoroso possível, ante o alarmante quadro de degradação que se assiste não 
só no Brasil, mas em todo o mundo. Segundo essa doutrina do Risco Integral, qualquer fato culposo ou não culposo, 
impõe ao agente a reparação, desde que cause um dano.". Ronaldo Brêtas de Carvalho Dias, de forma esclarecedora e 
brilhante, roga severas críticas à admissão da Teoria do Risco Integral no direito brasileiro, as quais merecem 
transcrições como se segue: “(...) não se pode considerar correta a afirmação simplista e precipitada de que a teoria do 
risco administrativo suscita obrigação indenizatória só do ato lesivo e injusto causado à vítima. Bem diversos são os 
fundamentos dessa teoria. A responsabilidade objetiva pela teoria do risco administrativo exige a ocorrência do nexo de 
causalidade entre a atividade do Estado e o dano causado como conseqüência. Se não houver esse nexo, exigir-se-á o 
Estado de qualquer responsabilidade. Porém, na concepção doutrinária da teoria do risco, jamais se preconizou a 
responsabilidade do Estado em todo e qualquer caso de dano suportado pelo particular ou se cogitou da impossibilidade 
de se investigar a causa do evento danoso. Assim, nas situações em que há o fato (ou culpa, como querem alguns 
doutrinadores) da vítima ou a força maior, reconhecidas pacificamente pela doutrina como causas excludentes da 
responsabilidade ou situações perturbadoras do liame de causalidade, sob rigor lógico, não foi o Estado quem deu 
causa ao resultado lesivo, inexistindo liame de causalidade entre a atividade estatal e o dano verificado, portanto, 
exonerando o Estado do dever indenizatório, sendo estes os fundamentos científicos da moderna responsabilidade 
objetiva do Estadoapoiada na teoria publicista do risco administrativo.” A responsabilidade civil do estado e a teoria 
do risco integral. Hálisson Rodrigo Lopes. Disponível em: http://www.ambito-juridico.com.br. 
12 
DIREITO AMBIENTAL – PROF. DR. FABRÍCIO W. LIMA 
irrelevante, basta ocorrer a lesão para o poluidor ser responsabilizado. É inaplicável o 
caso fortuito, a força maior e o fato de terceiro, bem como a impossibilidade de invocação 
de cláusula de não indenizar
11
. Em síntese, o dano deverá ser reparado com fundamento 
na TEORIA DO RISCO INTEGRAL. 
Acerca do fato de terceiro e da teoria do risco integral, Antunes (2015, p.494), 
assevera a existência de julgados do STJ
12
: 
 
Existe julgado do Superior Tribunal de Justiça considerando a responsabilidade 
ambiental derivada do risco integral. Penso ser importante chamar a atenção para 
o fato de que a responsabilidade por risco integral não pode ser confundida com a 
responsabilidade derivada da só existência da atividade. Explico-me melhor: não 
se pode admitir que um empreendimento que tenha sido vitimado por fato de 
terceiro passe a responder por danos causados por este terceiro, como se lhes 
houvesse dado causa. Responsabilidade por risco integral não pode ser 
confundida com responsabilidade por fato de terceiro, que somente tem acolhida 
em nosso direito quando expressamente prevista em Lei. 
 
Para o autor não se pode admitir que um empreendimento que tenha sido 
vitimado por fato de terceiro passe a responder por danos causados por este terceiro, 
como se lhes houvesse dado causa. Responsabilidade por risco integral não pode ser 
confundida com responsabilidade por fato de terceiro, que somente tem acolhida em 
nosso direito quando expressamente prevista em Lei. 
No entanto, é salutar acompanhar os ensinamentos de Milaré (2011, p. 1259) e 
adotar a TEORIA DO RISCO INTEGRAL, pois: 
 
Em outras palavras, com a teoria do risco integral, o poluidor, na perspectiva de 
uma sociedade solidarista, contribui – nem sempre de maneira voluntária – para 
com a reparação do dano ambiental, ainda que presentes quaisquer das clássicas 
excludentes da responsabilidade ou cláusula de não indenizar. É o poluidor 
assumindo todo o risco que sua atividade acarreta: o simples fato de existir a 
 
11
 Por exemplo: um contrato de compra e venda de empresas com passivos ambientais. Este contrato será 
inaplicável no que tange ao dano ambiental, porém, valerá entre as partes, pois facilitará o direito de 
regresso. 
12
 REsp 442586 SP 2002/0075602-3 Relator Ministro LUIZ FUX T1 - PRIMEIRA TURMA DJ 24/02/2003 p. 
196. ADMINISTRATIVO. DANO AMBIENTAL. SANÇÃO ADMINISTRATIVA. IMPOSIÇÃO DE MULTA. 
EXECUÇÃO FISCAL. 
1. Para fins da Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, art 3º, entende-se por: I - meio ambiente, o conjunto 
de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege 
a vida em todas as suas formas; II - degradação da qualidade ambiental, a alteração adversa das 
características do meio ambiente; III - poluição, a degradação da qualidade ambiental resultante de 
atividades que direta ou indiretamente: a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população; 
b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; c) afetem desfavoravelmente a biota; d) 
afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; e) lançem matérias ou energia em 
desacordo com os padrões ambientais estabelecidos; 
2. Destarte, é poluidor a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, direta ou 
indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental; 
3. O poluidor, por seu turno, com base na mesma legislação, art. 14 - "sem obstar a aplicação das 
penalidades administrativas" é obrigado, "independentemente da existência de culpa", a indenizar ou 
reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, "afetados por sua atividade". 
4. Depreende-se do texto legal a sua responsabilidade pelo risco integral, por isso que em demanda 
infensa a administração, poderá, inter partes, discutir a culpa e o regresso pelo evento. 
5. Considerando que a lei legitima o Ministério Público da União e dos Estados terá legitimidade para propor 
ação de responsabilidade civil e criminal, por danos causados ao meio ambiente, é inequívoco que o Estado 
não pode inscrever sel-executing, sem acesso à justiça, quantum indenizatório, posto ser imprescindível 
ação de cognição, mesmo para imposição de indenização, o que não se confunde com a multa, em 
obediência aos cânones do devido processo legal e da inafastabilidade da jurisdição. 
6. In casu, discute-se tão-somente a aplicação da multa, vedada a incursão na questão da responsabilidade 
fática por força da Súmula 07/STJ. 
5. Recurso improvido. 
13 
DIREITO AMBIENTAL – PROF. DR. FABRÍCIO W. LIMA 
atividade produz o dever de reparar, uma vez provada a conexão causada entre 
dita atividade e o dano dela advindo. Segundo esse sistema, só haverá 
exoneração de responsabilidade quando: a) o dano não existir; b) o dano não 
guardar relação de causalidade com a atividade da qual emergiu o risco. 
 
Em relação ao dever de indenizar, além das normas legais que já foram 
salientadas, existem outras normas. Nosso ordenamento prevê, no artigo 4° da Lei n. 
6938/81
13
, no artigo 927, parágrafo único do Código Civil
14
, e na Constituição Federal, 
artigo 21, XXIII, “d”, determinações sobre a responsabilidade
15
 em danos nucleares
16
. 
Ao ocorrer um acidente nuclear a responsabilidade pelos danos gerados 
independe de culpa ou dolo, ou seja, o responsável deve ser responsabilizado civilmente. 
A obrigação de indenizar pressupõe determinados requisitos. No âmbito civil, 
podem-se destacar os seguintes: que o ato ou fato praticado seja antijurídico; que possa 
ser imputado a alguém; que resulte dano; que o dano possa ser juridicamente 
considerado como causado pelo ato ou fato praticado. 
Ao tratar desse assunto, não é aceitável deixar de citar a 
RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO nos danos contra o meio ambiente. 
Sem dúvida, o Estado deve proteger o meio ambiente, pois o artigo 225 impõe 
ao poder público o dever de defender e proteger o meio ambiente para as gerações, 
outrossim, a Política Nacional do Meio Ambiente (Lei n. 6938/81). 
Nesse sentido, é importante ressaltar que o Estado tem o poder-dever de 
fiscalizar o cumprimento das normas ambientais, portanto, no caso de omissão o poder 
público deverá ser responsabilizado, porém, neste caso, a responsabilidade será 
subjetiva. 
Sobre a matéria o STJ já decidiu que: 
 
em matéria de proteção ambiental, há responsabilidade civil do Estado quando a 
omissão de cumprimento adequado do seu dever de fiscalizar for determinante 
para a concretização ou o agravamento do dano causado pelo seu causador direto 
(AGRESP 200702476534, Relator Ministro Teori Albino Zavascki, STJ – 1ª Turma, 
DJE: 04/10/2011). 
 
O Estado deve agir, deve fiscalizar com base no poder de polícia ambiental, 
proteger o meio ambiente é um dever de todos, mas, em especial, do Poder Público. Ao 
ocorrer a omissão no exercício desse dever a responsabilidade será solidária
17
, contudo, 
 
13
 Lei n. 6.938/81, Art. 4
o
 - A Política Nacional do Meio Ambiente visará: 
VII - à imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados, e 
ao usuário, de contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins econômicos. 
14
 Lei n. 10.406/02, Art. 927. [...] Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de 
culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano 
implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem. 
15
 Sobre o Dano Nuclear, Machado (2007, p. 841) explica que o mesmo pode surtir os seguintes efeitos: 
“Um acidente radioativo produz efeitosque variam segundo a dose, a duração e a distância da fonte 
radioativa. As irradiações podem causar leões nas células e em especial alterações no DNA, ocorrendo 
mutações no patrimônio genético e risco de câncer”. 
16
 Constituição Federal da República Federativa do Brasil de 1988. 
Art. 21. [...] XXIII - [...] d) a responsabilidade civil por danos nucleares independe da existência de culpa. 
17
 “PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE DO ESTADO. AÇÃO CIVIL 
PÚBLICA. DANO AMBIENTAL. LITISCONSÓRCIO PASSIVO NECESSÁRIO. INEXISTÊNCIA. 
PRECEDENTES DO STJ. PROVIMENTO DO RECURSO ESPECIAL. (STJ, Resp. nº 771619, 2008). 1. No 
caso dos autos, o Ministério Público Estadual ajuizou ação civil pública por dano ambiental contra o Estado 
de Roraima, em face da irregular atividade de exploração de argila, barro e areia em área degradada, a qual 
foi cedida à Associação dos Oleiros Autônomos de Boa Vista sem a realização de qualquer procedimento 
de proteção ao meio ambiente. Por ocasião da sentença, os pedidos foram julgados procedentes, a fim de 
condenar o Estado de Roraima à suspensão das referidas atividades, à realização de estudo de impacto 
ambiental e ao pagamento de indenização pelo dano ambiental causado. O Tribunal de origem, ao analisar 
a controvérsia, reconheceu a existência de litisconsórcio passivo necessário em relação aos particulares 
14 
DIREITO AMBIENTAL – PROF. DR. FABRÍCIO W. LIMA 
a execução será subsidiária, ou seja, somente se o poluidor não efetuar a reparação do 
dano, portanto, o Estado será acionado apenas no caso de impossibilidade do poluidor 
cumprir a obrigação de reparar. 
Eis o entendimento do STJ no caso de omissão do dever de controle e 
fiscalização 
[...] a responsabilidade ambiental solidária da Administração é de execução 
subsidiária (ou com ordem de preferência), o que quer dizer que “a 
responsabilidade solidária e de execução subsidiária significa que o Estado integra 
o título executivo sob a condição de, como devedor-reserva, só ser convocado a 
quitar a dívida se o degradador original, direto ou material (= devedor principal) 
não o fizer, seja por total ou parcial exaurimento patrimonial ou insolvência, seja 
por impossibilidade ou incapacidade, inclusive técnica, de cumprimento da 
prestação judicialmente imposta, assegurado, sempre, o direito de regresso (art. 
934 do Código Civil), com a desconsideração da personalidade jurídica (art. 50 do 
Código Civil) (RESP 200801460435, Relator Ministro Herman Benjamin, STJ – 2ª 
Turma, DJE: 16/12/2010). 
 
A responsabilidade civil do Estado por omissão é subjetiva, mesmo em se 
tratando de responsabilidade por dano ao meio ambiente, uma vez que a ilicitude no 
comportamento omissivo é aferida sob a perspectiva de que deveria o Estado ter agido 
conforme estabelece a lei. Portanto, com base no entendimento do STJ, pode-se afirmar 
que a RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO NO CASO DE DANO AMBIENTAL 
POR OMISSÃO É SUBJETIVA. 
 
“RECURSO ESPECIAL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. POLUIÇÃO AMBIENTAL. 
EMPRESAS MINERADORAS. CARVÃO MINERAL. ESTADO DE SANTA 
CATARINA. REPARAÇÃO. RESPONSABILIDADE DO ESTADO POR OMISSÃO. 
RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. (STJ, 
Resp. nº 647493, 2007). 1. A responsabilidade civil do Estado por omissão é 
subjetiva, mesmo em se tratando de responsabilidade por dano ao meio 
ambiente, uma vez que a ilicitude no comportamento omissivo é aferida sob 
a perspectiva de que deveria o Estado ter agido conforme estabelece a lei. 2. 
A União tem o dever de fiscalizar as atividades concernentes à extração mineral, 
de forma que elas sejam equalizadas à conservação ambiental. Esta 
obrigatoriedade foi alçada à categoria constitucional, encontrando-se inscrita no 
artigo 225, §§ 1º, 2º e 3º da Carta Magna. 3. Condenada a União a reparação de 
danos ambientais, é certo que a sociedade mediatamente estará arcando com os 
custos de tal reparação, como se fora auto-indenização. Esse desiderato 
apresenta-se consentâneo com o princípio da eqüidade, uma vez que a atividade 
industrial responsável pela degradação ambiental – por gerar divisas para o país e 
contribuir com percentual significativo de geração de energia, como ocorre com a 
atividade extrativa mineral – a toda a sociedade beneficia. 
 
Evidencia-se que todos os danos aos elementos integrantes do patrimônio 
ambiental e cultural, bem como às pessoas (individual, social e coletivamente 
consideradas) e ao seu patrimônio, como valores constitucional e legalmente protegidos, 
são passíveis de avaliação e de ressarcimento, perfeitamente enquadráveis tanto na 
categoria do dano patrimonial (material ou econômico), como na categoria do dano não 
 
(oleiros) que exerciam atividades na área em litígio e anulou o processo a partir da citação. 2. Na hipótese 
examinada, não há falar em litisconsórcio passivo necessário, e, conseqüentemente, em nulidade do 
processo, mas tão-somente em litisconsórcio facultativo, pois os oleiros que exercem atividades na área 
degradada, embora, em princípio, também possam ser considerados poluidores, não devem figurar, 
obrigatoriamente, no pólo passivo na referida ação. Tal consideração decorre da análise do inciso IV do art. 
3º da Lei 6.938/81, que considera "poluidor, a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, 
responsável, direta ou indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental". Assim, a ação civil 
pública por dano causado ao meio ambiente pode ser proposta contra o responsável direto ou indireto, ou 
contra ambos, em face da responsabilidade solidária pelo dano ambiental.” 
15 
DIREITO AMBIENTAL – PROF. DR. FABRÍCIO W. LIMA 
patrimonial (pessoal ou moral), tudo dependendo das circunstâncias de fato de cada caso 
concreto. 
Freitas (1995, p.24) aponta que a reparação do dano possui certas 
dificuldades. 
 
Finalmente, cumpre salientar a dificuldade para estabelecer a reparação do dano 
civil. Nem sempre é fácil avaliar prejuízos que atingem vários bens de forma 
indeterminada. A solução dependerá, via de regra, da elaboração da perícia. 
Ainda que se revele, na prática, difícil a indicação de técnicos com conhecimento 
específicos, tempo e interesse em participar de tais exames, este é o meio mais 
seguro para a liquidação. 
 
A reparação deve ser a mais abrangente possível, compreendendo danos 
patrimoniais, não patrimoniais, dano emergente e lucros cessantes, sem prejuízo de 
outras parcelas relativamente a diversos ou eventuais danos. 
A responsabilidade de prevenir é daquele que criou o perigo “quem cria o 
perigo, por ele é responsável. O perigo, muitas vezes, está associado ao dano; e, dessa 
forma, não é razoável tratá-los completamente separados” (MACHADO, 2007, p. 350). 
Em referência à reparação do dano ambiental, não há que se cogitar se o 
degradador deveria prever ou não o dano, se agiu com dolo ou culpa, o que importa é que 
o meio ambiente não pode “pagar o pato”; tudo o que for possível ser recuperado deverá 
ser, e, o que não for possível, deve ser indenizado em moeda corrente, revertendo esses 
valores para a preservação ambiental. Nesse caso, o meio ambiente deve ser restaurado, 
e quando não for possível, deve-se cobrar indenização em dinheiro, para que o infrator 
não fique impune, constituindo, assim, essa indenização como uma forma indireta de 
sanar o dano. 
Percebe-se que o dano ambiental é de difícil valoração, tendo em vista que o 
nosso meio ambiente possui um arcabouço que não pode ser facilmente delineado, pois 
em certos casos não podemos certificar, com exatidão, a extensão das sequelas deixadas 
pelo estrago, restando-nos, ainda, a responsabilidade de valorizar algo que pertence a 
todos: um direito global. Às vezes, pode ser considerado incomensurável, por tratar-se de 
um direito difuso, mas, sem dúvida,a responsabilidade objetiva em função ao dano 
ambiental, não pode ser questionada, visto ser algo tão importante, necessitando ser 
valorado, para evitar abusos contra a natureza, pelo simples fato de o degradador sentir-
se impune; assim, quem degradar o patrimônio ambiental deve ser notificado a restaurá-lo 
ou indenizá-lo. 
 
5.3 RESPONSABILIDADE PENAL AMBIENTAL 
 
É cediço ser o Direito Penal instrumento vigoroso de utilidade social, tendo por 
função precípua a tutela dos mais relevantes bens jurídicos da sociedade. A visão 
minimalista do Direito Penal é hoje largamente difundida na órbita da doutrina criminal, 
para qual este instrumento político – porque é assim que se deve olhar o Direito Penal – 
só deve ser empregado em última instância, quando os filtros de controle social, assim 
como os demais ramos do Direito, não conseguirem dar uma resposta adequada ao fato 
gerador de danosidade (CARVALHO, 2003, p. 279-280). 
O bem jurídico tutelado no aspecto penal é o bem ambiental, essencial à sadia 
qualidade de vida, e assegurado a todos o direito de desfrutá-lo e também o dever de 
conservá-lo. 
No Brasil, excluindo as Ordenações do Reino e a Legislação do Império, foi o 
Código Florestal de 1934 (Decreto 23.793/34), no qual registra-se a primeira previsão de 
crimes e contravenções. Mais tarde, o Código Penal de 1940 dispôs sobre crimes 
relacionados com a proteção da saúde e que, indiretamente, protegiam o meio ambiente. 
Posteriormente, o novo Código Florestal (Lei 4.771/65) e a Lei de Proteção à Fauna (Lei 
16 
DIREITO AMBIENTAL – PROF. DR. FABRÍCIO W. LIMA 
5.197/67) estabeleceram condutas contravencionais. Após a Constituição de 1988, 
sobrevieram tipos penais na Lei dos Agrotóxicos (Lei 7.802/89) e na que introduziu o 
crime de poluição sob qualquer forma (Lei 7.804/89). 
Assim, até então, era frágil a consciência ecológica e eram dispersas as 
normas penais em vários diplomas, regra geral pouco conhecida. 
Na década de noventa, a legislação do meio ambiente já se achava quase 
completa. O Brasil contava com a pioneira Lei da Política Nacional do Meio Ambiente (Lei 
6.938/81), com o regramento da Ação Civil Pública (Lei 7.437/85), com a Constituição 
Federal de 1988 a tratar de forma exemplar da questão ambiental (art. 225 e outros) e 
legislação avulsa de grande relevância. Faltava, todavia, a tutela penal do meio ambiente. 
Complemento indispensável para a ampla efetividade. Criada uma Comissão de Juristas, 
pelo Ministério da Justiça, foi encaminhado projeto de lei ao Poder Legislativo e, em breve 
prazo, foi aprovado. Daí a vigência da Lei dos Crimes Ambientais, de n. 9.605, de 
12.02.1998. Sob forte polêmica, ela alterou as práticas brasileiras no cuidado ao meio 
ambiente, visando à melhoria, sem dúvida. 
Inúmeros diplomas legais extravagantes foram editados, com preocupação 
penal ambiental, porém, sem um acolhimento sistêmico do conteúdo. 
Assevera Milaré (2007, p. 915), no que concerne aos dispositivos legais: 
 
A seguir, inúmeros outros diplomas foram editados, contemplando já uma ou outra 
preocupação de cunho penal, mas sem um tratamento sistemático da matéria, 
pois dela cuidaram de maneira diluída e causal. Lembremo-nos dos seguintes: 
- Lei 4.771, de 15.09.1965 (Código Florestal); 
- Lei 5.197, de 03.01.1967 (proteção à fauna); 
- Lei 6.453, de 17.10.1977 (responsabilidade por atos relacionados com atividades 
nucleares); 
- Lei 6.777, de 19.12.1979 (parcelamento do solo urbano); 
- Lei 6.938, de 31.08.1981 (Política Nacional do Meio Ambiente); 
- Lei 7.347, de 18.12.1987 (proibição de pesca de cetáceos nas águas 
jurisdicionais brasileiras); 
- Lei 7.679, de 23.11. 1988 (proibição de pesca de espécies em períodos de 
reprodução); 
- Lei 7.802, de 11.07.2989 (agrotóxicos); 
- Lei 7.805, de 18.07.1989 (mineração); 
- Lei 11.105, de 24.03.2005 (biossegurança). 
Hoje, com a edição da Lei 9.605/98, boa parte desses textos que lhe são 
anteriores recebeu um tratamento mais orgânico e sistêmico, como 
reiteradamente reclamado. Lamenta-se apenas a oportunidade perdida de se pôr 
fim à pulverização legislativa imperante na matéria, uma vez que a nova lei não 
alcançou a abrangência que se lhe pretendeu imprimir, pois não incluiu todas as 
condutas que são, agora, complementadas e punidas, por vários diplomas como 
nocivas ao meio ambiente. 
 
Percebe-se que a proteção penal do meio ambiente, ou seja, o bem jurídico 
protegido partiu do legislador constituinte ao estabelecer na Constituição Federal de 1988 
no Art. 225, § 3°, que “as condutas e atividades lesivas ao meio ambiente sujeitarão os 
infratores, pessoas físicas e jurídicas, às sanções penais e administrativas, 
independentemente da obrigação de reparar os danos causados”. 
 
5.3.1 Responsabilidade Penal conforme a Lei n° 9.605/98 (Lei dos Crimes 
Ambientais) 
 
Em relação à tipicidade “O meio ambiente – com todos os elementos que ele 
pode compreender – é inescapavelmente holístico
18
 e sistêmico
19
, o que dificulta 
 
18
 Holístico significa totalidade, global, deve-se considerar o todo. 
19
 Sistêmico é algo contínuo, regular. 
17 
DIREITO AMBIENTAL – PROF. DR. FABRÍCIO W. LIMA 
sobremaneira o desenho dos tipos penais destinados a tutelá-lo [...]” (MILARÉ, 2007, p. 
921). 
No que tange ao elemento subjetivo, a culpabilidade do agente é que gera a 
sua parcela de responsabilidade. 
Com isso, “nos delitos contra o meio ambiente, a detalhada e exaustiva 
descrição do comportamento do agente, na maioria das vezes, mostra-se bastante difícil. 
[...] é necessário que a lei faça remissão a disposições externas a normas e conceitos 
técnicos” (FREITAS, 2002, p. 112). 
O sujeito ativo nos crimes ambientais pode ser qualquer pessoa, seja física ou 
jurídica. O sujeito passivo nos crimes ambientais é o titular do bem jurídico lesado ou 
ameaçado por determinada conduta criminosa, no caso do sujeito passivo direto, nos 
moldes do artigo 225 da CF/88, será sempre a coletividade por tratar-se de bem de uso 
comum do povo. 
Uma das inovações da Lei n. 9.605/98 foi a instituição da responsabilidade 
penal da pessoa jurídica. 
No artigo 3° da Lei n. 9.605/98, o legislador especificou a responsabilidade 
penal da pessoa jurídica. Assim, temos, no Brasil, previsão constitucional e legal. 
Impossível, pois, cogitar de eventual inconstitucionalidade, como ofensa a outros 
princípios previstos explícita ou implicitamente na Carta Magna. Se a própria Constituição 
admite, expressamente, a sanção penal à pessoa jurídica, é inviável interpretar a lei como 
inconstitucional, porque ofenderia outra norma que não é específica sobre o assunto. 
Ressalta-se que a responsabilidade penal da pessoa jurídica é adotada, em 
muitos países, nos crimes contra a ordem econômica e o meio ambiente. 
Com efeito, prescreve o artigo 3° da Lei n. 9.605/98: 
 
Art. 3°. As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e 
penalmente conforme o disposto nesta Lei, nos casos em que a infração seja 
cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão 
colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade. 
Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das 
pessoas físicas, autoras, co-autoras ou partícipes do mesmo fato. 
 
A Lei dos Crimes Ambientais adotou o sistema de dupla imputação ou co-
autoria necessária, isto é, sempre que uma pessoa jurídica for responsabilizada 
criminalmente por crime ambiental haverá uma pessoa física que também o será. 
O dispositivo exige que a infração tenha sido cometida por decisão do 
representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da 
sua entidade. O Ministério Público, sempre que possível, deverá instruir a denúncia com 
cópia do contrato social ou documento análogo, a fim de informar ao juízo sobre a 
finalidade da empresa e quem a representa. Já a prova de que o ato foi praticado no 
interesse ou benefício da sociedadedeverá ser feita pela pessoa jurídica, pois, 
evidentemente, a vantagem se presume pela simples prática do fato delituoso. Por 
exemplo, se uma empresa de pesca age em desconformidade com as disposições 
regulamentares, presume-se que pratica esse ato em seu benefício, a fim de que seus 
lucros sejam maiores. A ela, portanto, cabe provar o contrário. 
O artigo 4º demonstra que poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica
20
 
sempre que sua personalidade for obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados à 
qualidade do meio ambiente. Cumpre ressaltar que a desconsideração da pessoa jurídica 
(artigo 4 º) é diferente a liquidação forçada (artigo 24). 
 
20
 O Novo CPC tratou da questão no Artigo 133 - O incidente de desconsideração da personalidade jurídica 
será instaurado a pedido da parte ou do Ministério Público, quando lhe couber intervir no processo. 
§ 1
o
 O pedido de desconsideração da personalidade jurídica observará os pressupostos previstos em lei. 
§ 2
o
 Aplica-se o disposto neste Capítulo à hipótese de desconsideração inversa da personalidade jurídica. 
18 
DIREITO AMBIENTAL – PROF. DR. FABRÍCIO W. LIMA 
A nova lei prevê, ainda, no artigo 21, a aplicação isolada, cumulativa ou 
alternativa às pessoas jurídicas, das seguintes penas: multa, restritiva de direitos e 
prestação de serviços à comunidade. 
 
Art. 21. As penas aplicáveis isolada, cumulativa ou alternativamente às pessoas 
jurídicas, de acordo com o disposto no art. 3
o
, são: 
I - multa; 
II - restritivas de direitos; 
III - prestação de serviços à comunidade. 
 
Ainda, há discussão doutrinária e na jurisprudência acerca dessa 
responsabilização penal, e tais sanções às pessoas jurídicas não devem ser interpretadas 
como de natureza penal, embora possam ser aplicadas no juízo criminal, por conseguinte 
a responsabilidade seria de natureza subjetiva e individual. 
As sanções previstas na Lei n. 9.605/98 são: penas privativas de liberdade; 
restritivas de direitos; e multa. 
Milaré (2007, p. 935-936) assegura que 
 
[...] as sanções previstas para as infrações cometidas por pessoas físicas 
compreendem: pena privativa de liberdade, restritiva de direito e multa. [...] As 
penas privativas de liberdade para os ilícitos penais praticados pelas pessoas 
físicas são as tradicionais reclusão e detenção, para os crimes, e prisão simples 
para as contravenções. [...] As penas restritivas de direitos são autônomas e 
substituem as penas privativas de liberdade nos casos em que se tratar de crime 
culposo ou for aplicada pena privativa de liberdade inferior a quatro anos, ou, 
ainda, a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do 
condenado, bem como os motivos e circunstâncias do crime indicarem que a 
substituição seja suficiente para efeitos de reprovação e prevenção do crime. [...] 
A pena de multa instrumento tradicional de exigir ações socialmente corretas, para 
que mantenha sua força retributiva. 
 
Nos moldes da Lei n. 9.605/98 para imposição da penalidade, a autoridade 
deve observar: 
 
Art. 6
o
 Para imposição e gradação da penalidade, a autoridade competente 
observará: 
I - a gravidade do fato, tendo em vista os motivos da infração e suas 
consequências para a saúde pública e para o meio ambiente; 
II - os antecedentes do infrator quanto ao cumprimento da legislação de interesse 
ambiental; 
III - a situação econômica do infrator, no caso de multa. 
 
As penas restritivas de direito são autônomas e substituem as privativas de 
liberdade quando: 
 
Art. 7° [...] 
I - tratar-se de crime culposo ou for aplicada a pena privativa de liberdade inferior 
a quatro anos; 
II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do 
condenado, bem como os motivos e as circunstâncias do crime indicarem que a 
substituição seja suficiente para efeitos de reprovação e prevenção do crime. 
Parágrafo único. As penas restritivas de direitos a que se refere este artigo terão a 
mesma duração da pena privativa de liberdade substituída. 
 
Conforme o artigo 8° da referida lei as penas restritivas de direito são: 
 
I - prestação de serviços à comunidade; 
II - interdição temporária de direitos; 
III - suspensão parcial ou total de atividades; 
IV - prestação pecuniária; 
19 
DIREITO AMBIENTAL – PROF. DR. FABRÍCIO W. LIMA 
V - recolhimento domiciliar. 
 
A prestação de serviços à comunidade consiste na atribuição ao condenado de 
tarefas gratuitas, em parques, jardins públicos e unidades de conservação, e, no caso de 
dano da coisa particular, pública ou tombada, na restauração desta, se possível (Art. 9
o
, 
Lei n. 9.605/98). 
As penas de interdição temporária de direito são a proibição de o condenado 
contratar com o Poder Público, de receber incentivos fiscais ou quaisquer outros 
benefícios, bem como de participar de licitações, pelo prazo de cinco anos, no caso de 
crimes dolosos, e de três anos, no de crimes culposos (Art. 10 da Lei n. 9.605/98). 
A suspensão de atividades será aplicada quando estas não estiverem 
obedecendo às prescrições legais (Art. 11, Lei n. 9.605/98). 
A prestação pecuniária consiste no pagamento em dinheiro à vítima ou à 
entidade pública ou privada com fim social, de importância, fixada pelo juiz, não inferior a 
um salário mínimo nem superior a trezentos e sessenta salários mínimos. O valor pago 
será deduzido do montante de eventual reparação civil a que for condenado o infrator (Art. 
12, Lei n. 9.605/98). 
O recolhimento domiciliar baseia-se na autodisciplina e senso de 
responsabilidade do condenado, que deverá, sem vigilância, trabalhar, frequentar curso 
ou exercer atividade autorizada, permanecendo recolhido nos dias e horários de folga em 
residência ou em qualquer local destinado a sua moradia habitual, conforme estabelecido 
na sentença condenatória (Art. 13 da Lei n. 9.605/98). 
As circunstâncias atenuantes e agravantes estão previstas nos artigos 14 e 15 
da lei. 
 
Art. 14. São circunstâncias que atenuam a pena: 
I - baixo grau de instrução ou escolaridade do agente; 
II - arrependimento do infrator, manifestado pela espontânea reparação do dano, 
ou limitação significativa da degradação ambiental causada; 
III - comunicação prévia pelo agente do perigo iminente de degradação ambiental; 
IV - colaboração com os agentes encarregados da vigilância e do controle 
ambiental. 
Art. 15. São circunstâncias que agravam a pena, quando não constituem ou 
qualificam o crime: 
I - reincidência nos crimes de natureza ambiental; 
II - ter o agente cometido a infração: 
a) para obter vantagem pecuniária; 
b) coagindo outrem para a execução material da infração; 
c) afetando ou expondo a perigo, de maneira grave, a saúde pública ou o meio 
ambiente; 
d) concorrendo para danos à propriedade alheia; 
e) atingindo áreas de unidades de conservação ou áreas sujeitas, por ato do 
Poder Público, a regime especial de uso; 
f) atingindo áreas urbanas ou quaisquer assentamentos humanos; 
g) em período de defeso à fauna; 
h) em domingos ou feriados; 
i) à noite; 
j) em épocas de seca ou inundações; 
l) no interior do espaço territorial especialmente protegido; 
m) com o emprego de métodos cruéis para abate ou captura de animais; 
n) mediante fraude ou abuso de confiança; 
o) mediante abuso do direito de licença, permissão ou autorização ambiental; 
p) no interesse de pessoa jurídica mantida, total ou parcialmente, por verbas 
públicas ou beneficiada por incentivos fiscais; 
q) atingindo espécies ameaçadas, listadas em relatórios oficiais das autoridades 
competentes; 
r) facilitada por funcionário público no exercício de suas funções. 
 
20 
DIREITO AMBIENTAL – PROF. DR. FABRÍCIO W. LIMA 
Nos crimes previstos nesta Lei, a suspensão condicional da pena (SURSIS) 
pode ser aplicada nos casos de condenação a pena privativa de liberdade não superior a 
três anos (Art. 16). 
A perícia de constatação do dano ambiental, sempre que possível, fixará o 
montante do prejuízo causadopara efeitos de prestação de fiança e cálculo de multa. A 
perícia produzida no inquérito civil ou no juízo cível poderá ser aproveitada no processo 
penal, instaurando-se o contraditório (artigo 19). 
A sentença penal condenatória, sempre que possível, fixará o valor mínimo 
para reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos sofridos 
pelo ofendido ou pelo meio ambiente. Transitada em julgado a sentença condenatória, a 
execução poderá efetuar-se pelo valor fixado na sentença, sem prejuízo da liquidação 
para apuração do dano efetivamente sofrido (artigo 20). 
A pena de multa está expressa no artigo 18 da Lei n. 9.605/98, sendo calculada 
nos moldes do artigo 49
21
 do Código Penal Brasileiro, conforme se lê a seguir: 
 
Art. 18. A multa será calculada segundo os critérios do Código Penal; se revelar-
se ineficaz, ainda que aplicada no valor máximo, poderá ser aumentada até três 
vezes, tendo em vista o valor da vantagem econômica auferida. 
 
As penas restritivas de direitos atribuídas à pessoa jurídica estão elencadas 
nos artigos 21 até 24 da Lei dos Crimes Contra o Meio Ambiente: 
 
Art. 21. As penas aplicáveis isolada, cumulativa ou alternativamente às pessoas 
jurídicas, de acordo com o disposto no Art. 3°, são: 
I - multa; 
II - restritivas de direitos; 
III - prestação de serviços à comunidade. 
Art. 22. As penas restritivas de direitos da pessoa jurídica são: 
I - suspensão parcial ou total de atividades; 
II - interdição temporária de estabelecimento, obra ou atividade; 
III - proibição de contratar com o Poder Público, bem como dele obter subsídios, 
subvenções ou doações. 
§ 1° A suspensão de atividades será aplicada quando estas não estiverem 
obedecendo às disposições legais ou regulamentares, relativas à proteção do 
meio ambiente. 
§ 2° A interdição será aplicada quando o estabelecimento, obra ou atividade 
estiver funcionando sem a devida autorização, ou em desacordo com a concedida, 
ou com violação de disposição legal ou regulamentar. 
§ 3° A proibição de contratar com o Poder Público e dele obter subsídios, 
subvenções ou doações não poderá exceder o prazo de dez anos. 
Art. 23. A prestação de serviços à comunidade pela pessoa jurídica consistirá em: 
I - custeio de programas e de projetos ambientais; 
II - execução de obras de recuperação de áreas degradadas; 
III - manutenção de espaços públicos; 
IV - contribuições a entidades ambientais ou culturais públicas. 
 
Importante ressaltar que a pessoa jurídica constituída ou utilizada, 
preponderantemente, com o fim de permitir, facilitar ou ocultar a prática de crime 
ambiental, terá decretada sua liquidação forçada. 
 
 
21
 Art. 49 - A pena de multa consiste no pagamento ao fundo penitenciário da quantia fixada na sentença e 
calculada em dias-multa. Será, no mínimo, de 10 (dez) e, no máximo, de 360 (trezentos e sessenta) dias-
multa. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
§ 1º - O valor do dia-multa será fixado pelo juiz não podendo ser inferior a um trigésimo do maior salário 
mínimo mensal vigente ao tempo do fato, nem superior a 5 (cinco) vezes esse salário. (Redação dada pela 
Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
§ 2º - O valor da multa será atualizado, quando da execução, pelos índices de correção 
monetária. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art49
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art49
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art49
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art49
21 
DIREITO AMBIENTAL – PROF. DR. FABRÍCIO W. LIMA 
Art. 24. A pessoa jurídica constituída ou utilizada, preponderantemente, com o fim 
de permitir, facilitar ou ocultar a prática de crime definido nesta Lei terá decretada 
sua liquidação forçada, seu patrimônio será considerado instrumento do crime e 
como tal perdido em favor do Fundo Penitenciário Nacional. 
 
No que toca à ação penal, o ideal seria que a Lei n. 9.605/98 tivesse 
estabelecido regras processuais específicas para as pessoas jurídicas. A omissão 
legislativa foi lamentável, mas nem por isso há qualquer inconstitucionalidade ou 
ilegalidade no fato da ação penal seguir o rito do Código de Processo Penal. Não há 
nulidade sem prejuízo e a utilização de regras processuais do estatuto próprio é a via 
adequada. O importante é que se dê à pessoa jurídica denunciada a possibilidade de 
exercitar a ampla defesa, garantindo, dessa forma, a legalidade constitucional. 
Portanto, oferecida a denúncia, a citação far-se-á na pessoa do representante 
legal da empresa, cujo nome e qualificação deverão estar na peça inicial. O interrogatório 
deverá ser feito na pessoa do presidente da companhia ou de quem ele indicar. A colheita 
da prova testemunhal ou pericial, bem como a apresentação de alegações finais, terão o 
tratamento idêntico ao dado para as pessoas naturais. Em suma, não se vê maior 
dificuldade na falta de regras processuais específicas. 
A determinação de competência, para processar e julgar os crimes contra o 
meio ambiente é efetuada pelo critério da predominância do interesse de um ente 
federativo sobre o outro
22
. 
Sousa (2003, p. 157) lembra a discussão doutrinária para aplicação da pena 
privativa de liberdade à Pessoa Jurídica. 
 
No que tange à aplicação da pena às pessoas jurídicas [...] Para uns, as penas da 
parte geral devem ser aplicadas sem se levar em conta as penas privativas de 
liberdade previstas na parte especial. [...] Todavia, outros autores afirmam que se 
deve, obrigatoriamente, converter a pena privativa de liberdade prevista no tipo em 
uma das penas previstas na parte geral para as pessoas jurídicas. 
 
Independentemente de ser pessoa física ou jurídica a lei deverá ser aplicada 
com imparcialidade, uma vez que ambos os casos utilizam-se das lacunas previstas na 
legislação, para se escusarem de suas responsabilidades. 
É lamentável existir uma válvula de escape para os que cometem crimes contra 
o meio ambiente, pois eles podem se beneficiar da lei e conseguir o benefício da 
transação penal ou suspensão condicional do processo. 
Machado (2001, p. 689-690) demonstra que a suspensão do processo não 
pode ser um benefício para os degradadores: 
 
A possibilidade de suspender-se o processo penal dos poluidores ou dos 
degradadores da natureza não pode significar benesse à custa de todo o corpo 
social. Se não houver uma contrapartida de obrigações para os que transgrediram 
as leis ambientais penais, a suspensão do processo traduzirá um encorajamento 
para essas transgressões e não uma medida ressocializadora de efeito imediato. 
 
 
22
 Como regra, a competência, para julgar os crimes ambientais é da Justiça Comum Estadual, sendo 
assim, a súmula 91 do STJ foi cancelada. Excepcionalmente, com base no artigo 109 da CF/88, a 
competência será da Justiça Federal. Porém, havendo conexão entre crime da Justiça Estadual e da 
Federal, esta será competente, nos moldes da Súmula 122 do STJ. Cumpre salientar que a súmula 38 do 
STJ assevera: “Justiça Federal não julga contravenção penal, mesmo que haja interesse da União 
envolvido”. Súmula 122. Compete à Justiça Federal o processo e julgamento unificado dos crimes conexos 
de competência federal e estadual, não se aplicando a regra do artigo 78, II, a, do Código de Processo 
Penal. Súmula 38. Compete à Justiça Estadual Comum, na vigência da Constituição de 1988, o processo 
por contravenção penal, ainda que praticada em detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de 
suas entidades. 
22 
DIREITO AMBIENTAL – PROF. DR. FABRÍCIO W. LIMA 
A questão ambiental, tão discutida e pouco resolvida, a cada dia ganha maior 
enfoque e deve, outrossim, dificultar a ação dos devastadores dos recursos naturais. 
A transação penal pode ser proposta ao infrator, nos moldes do artigo 27 da Lei 
n.

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