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Universidade Estadual da Paraíba
Pró Reitoria de Graduação
Centro de Ciências Sociais Aplicadas
Departamento de Geografia
Componente Curricular: Regionalização do Espaço Geográfico
Professor (a): Camila Batista Garbeline
Nome: Mércia Almeida de Freitas
RESENHA CRÍTICA
Setembro de 2021
A nova divisão territorial do trabalho e as tendências da configuração do espaço brasileiro
A presente resenha, foi redigida após a leitura do texto visando a orientação do ensino e estudo por Ruy Moreira. Que nos leva a construir uma visão crítica em compreender a proposta de interpretação do processo de divisão de trabalho e as tendências da configuração do espaço brasileiro oferecida pelo autor. Optamos por fazer uma leitura, buscando ao mesmo tempo estabelecer uma interlocução entre os textos e quando possível, reconhecer os pensamentos estabelecidos por Moreira com outras perspectivas que abordam a problemática da formação sócio espacial do Brasil. 
O texto inicia – se com explanação a respeito da divisão territorial do trabalho, trazendo a mesma junto à organização do espaço brasileiro ao longo do tempo. Logo nas primeiras linhas o autor afirma que o tema do trabalho e o papel atual da divisão territorial do trabalho e da reestruturação que acompanha em vista das tendências e problemas que trazem de organização da relação sociedade – espaço no Brasil. 
Alguns dos seus principais pontos consiste em afirmar que atualmente o temos uma configuração que designaremos por globalizada e nacionalmente desintegrada, numa fase “pós-industrial “. E assim analisa as tendências e problemas do presente. 
Entendemos, que a sociedade globalizada apresenta características definidas no nível político social. No plano político, observa – se que os grandes grupos impedem ou dificultam aos países mais pobres uma política autônoma de desenvolvimento. Em termos sociais, a pobreza e a fome, são encaradas como etapas de um estágio doloroso que os países em desenvolvimento precisam atravessar, usando alcançar uma verdadeira democracia. 
Além disso, no nível ambiental, verifica – se um aumento considerável dos problemas que o homem tem provocado na natureza, como o desmatamento e a exagerada exploração de terras cultiváveis. 
A crise do sistema capitalista mundial que vivemos é que poderá intensificar- se está naturalmente provocando as reações mais diversas dos ecologistas, dos socialistas democráticos, da Igreja etc., que procuram combater a desenfreada destruição dos recursos naturais e o empobrecimento do homem. Vivemos um período em que as últimas áreas onde a natureza foi preservada estão sendo atacadas e transformadas em espaço geográfico, utilizados economicamente pelo homem, pelas grandes e médias empresas. Tudo isso, é a humanidade que irá pagar, como um todo, a destruição que se processa de forma planejada por alguns e em benefício de poucos. 
Por fim, em 2014, Rui Moreira (1991) identificou tendências de regionalização relativas à divisão territorial do trabalho e o fez rompendo com os paradigmas das propostas anteriores, desrespeitando limites estaduais/ sobrepondo regiões não contínuas.
Hoje, o desenvolvimento de todos e cada um dos países do mundo depende do crescimento de seus vizinhos. Não é mais possível pensar na prosperidade do Brasil sem pensar no bem-estar de nossa região. Porém a integração, neste contexto, continue alternativas consciente para enfrentar os desafios impostos pelos atuais constrangimentos internacionais e, ao mesmo tempo, aproveitar as oportunidades que se oferecem. 
A integração Sul – Americana vem gerando, portanto, ganhos econômicos palpáveis para o Brasil, com isso, cria projetos que fomentam empregos e renda tanto aqui quanto nos países vizinhos, criando oportunidades de trabalho para muitas populações carente. Ainda assim, medir o sucesso da integração apenas por seus resultados comerciais é um erro. A política comercial é apenas uma das dimensões da política externa. 
Assim, em busca de extrair a unidade teoria além de tentar aprender e classificar como já afirmaram alguns geógrafos, a análise da dinâmica de produção do espaço nacional é essencial, pois aponta uma instância altamente reveladora dos processos que levaram desvelar a construção do Brasil é tarefa que há muito tempo vem ocupando a atenção de cientistas sociais e tantos outros sujeitos interessantes em compreender os processos que levaram o Brasil e os brasileiros a se constituírem como um povo e um país único, distintos de tantos quantos existam.
No transcurso de tal empresa intelectual importantes reflexões acerca do sentido da formação do Brasil e da sua inserção no mundo moderno já foram produzidas muitas das quais configurando – se em teorias bastante ricas por permitirem interpretações coesas e frutíferas sobre aspectos relevantes da nossa sociedade, tais como: a gestação étnica do povo brasileiro, a formação do Estado e as relações sociais de classe, a constituição do sistema econômico nacional e a produção da identidade cultural brasileira. 
Como destaca Moreira em diversos momentos ao longo de seus textos (apoiando-se em Francisco de Oliveira) o Brasil passou de uma situação territorial onde prevalecia um conjunto de economias regionais nacional, da atividade agrária e indústrias regionais nacional para multinacional/ nacional, assim como do “ todo das múltiplas regiões para o Sudeste “, o comando, a regulação e ordenamento do espaço nacional. 
Constantemente a este processo, a assimetria das relações espaciais que sub faz a divisão territorial do trabalho nacional produzida pelo modelo de desenvolvimento industrial implantado no Brasil, institui também um desenvolvimento geográfico desigual e combinado entre as regiões do país, fundado numa hierarquização e polarização econômica e industrial que favorece claramente o Sudeste, em especial São Paulo. 
Nas palavras de Moreira “(...) a consolidação do comando da indústria sobre a agricultura e assim da cidade sobre o campo e do Sudeste sobre as outras regiões marca a integração industrial – mercantil do espaço nacional polarizado (...)” (p.17).
De acordo com Moreira, a segunda fase de processo de formação do espaço brasileiro teria sido marcado pelos “ ciclos de assentamento “.Estes estariam diretamente relacionados à sucessão, e as vezes à coexistência, dos “ ciclos econômicos “ no território brasileiro, a começar efetivamente pelo empreendimento açucareiro na zona da mata nordestina; estendendo-se pelos “ ciclos do gado “ que abrangeram sobretudo os domínios da Caatinga, dos Pampas sulinos e do Planalto Central Brasileiro; além da atividade mineradora, responsável por ocupação e urbanização interior no Vale do Amazônica, assim como do papel motor desempenhado pelo ciclo do café junto a região Nordeste. 
A terceira fase da formação espacial brasileira se inicia, conforme Moreira, já por volta de meados do século XX, seria marcada pela implantação do arranjo capitalista, na qual o “ urbano – industrialização “ passou a constituir o motor das transformações do sistema econômico e do espaço da sociedade brasileira. 
Moreira ressalta que se passa neste momento, no Brasil de um modelo de economia voltado “ para fora", definido pela lógica dos ciclos econômicos agroexportadores, para uma economia voltada “para dentro “ e impulsionada pela indústria plantacionista, se consolida agora como o motor de acumulação capitalista no Brasil, estabelece – se, via instalação de um novo sistema nacional de circulação e da constituição de uma divisão territorial nacional do trabalho e das trocas, uma articulação e interdependência estrutural entre as regiões de modo a modificar, substancialmente, o padrão no qual estivera assentada a economia política do território brasileiro até então. Consolidação do domínio da coroa sobre o espaço colonial, além do papel que cumpriram na formação da sociedade brasileira (levando a escravidão dos nativos, o surgimento da “ civilização “ do ouro e a miscigenação do povo, segundo o autor, responsáveis pela constituição do que dominou de “ essencialda Matriz da formação espacial “ brasileira fazendo ainda avançar aos confins da hinterlândia os limites formais do processo colonial. 
Portanto, o processo de redivisão, partindo de indústria do Sudeste, é amplo e atinge todas as regiões. Transfere é repassa E repassa tarefas agropecuárias para outras regiões, tais como o Nordeste e o Sul, cria uma outra região, como Centro – Oeste, destrói numa primeira etapa ou reduz o crescimento da indústria no Sul e no Nordeste; apenas o Norte mantém se relativamente imune a seus efeitos, em virtude da inexistência de uma infraestrutura de transporte que valorize a integração (esse isolamento começa a ser rompido com Belém – Brasília). Entretanto, o crescimento industrial do Sudeste cria e amplia a fronteira agrícola reproduzindo, nas margens, formais de acumulação não inteiramente capitalistas, das quais transfere excedente que vai reforçar a capacidade de acumulação no próprio Sudeste. 
Isso, nos mostra, que ao tempo que nacional e intrarregionalmente o Nordeste e o Sul se tornou menos industriais e mais agrárias, o Sudeste se torna mais industrial e menos agrária, o Centro Oeste e o Norte incorporaram – se a esta divisão Inter-regional do trabalho como típicas fronteiras de expansão agropastoril do Sul e de São Paulo. Há, pois, uma escalada que leva de um lado a uma maior industrialização e de outro a um certo esvaziamento, industrial na relação entre o Sudeste e as demais regiões. 
Embora nenhum desses autores tenha proposto regionalizar o Brasil a partir da noção de desenvolvimento geográfico desigual e notório de suas regionalizações expressam, claramente, entendimento de que os processos sócio econômico espaciais que marcaram o território brasileiro produziram desigualdades que se manifestam, também, em uma escala regional.
Referências 
Moreira, R. Repensando a Geografia. In: Santos, M. Novos Rumos da Geografia Brasileira. São Paulo: Hucitec , 1982.p.35 – 49.
Moreira. R. Velhos temas, novas formas. In: Mendonça, F; Kozel ,S. (org). Elementos de Epistemologia da Geografia Contemporânea. Curitiba: Editora da UFPR .2002. P.189.

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