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0 1 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 2 2 DEFINIÇÃO E LUGAR DA GEOGRAFIA HUMANA ................................... 3 2.1 As divisões da ciência geográfica ........................................................ 6 3 GEOGRAFIA HUMANA .............................................................................. 8 4 NOÇÕES FUNDAMENTAIS DA GEOGRAFIA HUMANA......................... 10 5 O MÉTODO DA GEOGRAFIA HUMANA .................................................. 13 6 O HUMANISMO DA GEOGRAFIA HUMANA ........................................... 16 7 OS CAMPOS EM QUE A GEOGRAFIA HUMANA MAIS ATUA ............... 17 8 O INÍCIO DA INDÚSTRIA BRASILEIRA ................................................... 19 9 GOVERNO GETÚLIO VARGAS ............................................................... 22 9.1 Média Global ......................................... Erro! Indicador não definido. 10 MEIO AMBIENTE .................................................................................. 40 11 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ........................................................... 45 2 1 INTRODUÇÃO Prezado aluno! O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 3 2 DEFINIÇÃO E LUGAR DA GEOGRAFIA HUMANA Fonte: br.pinterest.com A geografia pode ser definida como uma ciência social que estuda a superfície terrestre e, portanto, suas características e fenômenos físicos e humanos buscando entender a inter-relação entre o homem e o espaço (LÖBLER e SIMÕES, 2016). Você já percebeu como é sempre difícil propor definições sobre conceitos? Sobretudo sobre aqueles que advêm das Ciências Humanas, já que os especialistas e estudiosos nem sempre estão de acordo com o uso ou a aplicação de um termo ou abordagem, não é? Pesquisas em textos acadêmicos, didáticos ou mesmo uma rápida consulta à internet apontam essa diferença de abordagem, pois ora a definição destaca a geografia como uma ciência que estuda as características da Terra e ora destaca as relações entre o homem e o meio (o espaço). O importante geógrafo brasileiro Milton Santos afirma que uma ciência “digna desse nome” tem que preocupar-se e cuidar do futuro, não apenas para alguns, mas para todos (SANTOS, 2008). Assim, podemos definir a geografia como uma ciência social que estuda a superfície terrestre e, portanto, suas características e fenômenos físicos e humanos buscando entender a inter-relação entre o homem e o espaço. Assim como a geografia, a sociologia, economia e antropologia são consideradas ciências sociais, 4 já que estudam a sociedade. A geografia, porém, particularmente estuda a organização espacial da Terra. Em outras palavras, como o homem organizou o espaço terrestre a partir de suas necessidades e interesses políticos, econômicos e sociais. Geografia, trabalho e cultura Para atender suas necessidades (essenciais ou não), a sociedade modifica e organiza o espaço, transformando o espaço natural em espaço social ou humanizado, construindo o que a geografia denomina por espaço geográfico, seu principal objeto de estudo. A variação espacial natural empreendida pela sociedade em relação ao trabalho, conceito que deve ser distinguido do emprego. O trabalho, considerado pela filosofia e pela sociologia como uma ação humana proposital que visa melhorar a natureza, cria a autonomia humana. Por meio do trabalho, o homem “liberta-se” da dominação natural. Pense nas sociedades primitivas: a natureza (com escassos recursos de alimentação, enormes e ferozes animais, condições climáticas adversas, etc.) era vista como um ambiente hostil para a espécie humana. Assim, por meio do trabalho, o homem produziu a técnica agrícola, inventou instrumentos de proteção, de caça aos animais, construiu moradias e fabricou roupas, entre outras. Ao recolher uma tora de madeira do chão e utilizá-la como arma de proteção, o homem produz trabalho, pois intencionalmente cria uma finalidade para o artefato que não existia no mundo natural. Essa ação transformadora consciente é exclusiva do ser humano e a chamamos trabalho ou práxis; é consequência de um agir intencional que altera a realidade de modo a moldá- la às nossas carências e inventar o ambiente humano. Assim, o trabalho é um instrumento de intervenção humana no mundo e sua própria apropriação (o ato de apropriar-se dele) por nós (CORTELLA, 2011). O resultado do trabalho é a cultura que pode ser compreendida como o conjunto individual ou coletivo de técnicas, pensamentos, costumes, valores que foram (e continuam sendo) produzidos pela espécie humana. Como exemplo, temos a gastronomia, que é resultado do trabalho humano, mas que é modificado em regiões ou tempos diferentes. Geografia e espaço 5 A geografia utiliza o conceito de trabalho e cultura para refletir sobre como os espaços naturais sofreram a intervenção humana e transformaram-se em espaços geográficos (Figura). Espaço natural e espaço geográfico Veja as definições a seguir: Espaço natural: conforme o geógrafo Milton Santos, é a “primeira natureza” ou o espaço intocado pelo ser humano e que não sofreu transformações (SANTOS, 2008). Fonte: LÖBLER e SIMÕES, 2016 Veja a definição abaixo: Espaço natural: segundo o geógrafo Milton Santos, é a "primeira natureza" ou espaço que não foi manipulado pelo homem e não sofreu transformações (SANTOS, 2008). Você observa todos os elementos naturais como clima, relevo, hidrografia, etc. Na atualidade, é difícil encontrar um espaço natural, já que o homem realiza constantes mudanças no espaço. Geleiras, algumas matas ou florestas intocadas (como alguns trechos da Floresta Amazônica) são alguns exemplos de espaços naturais. Espaço geográfico: é considerado o principal objeto de estudo da geografia. Segundo Santos (2008), ela é entendida como “segunda natureza” e é definida como um espaço que foi sendo alterado pelos humanos ao longo da história, na medida em que os humanos se apropriaram da natureza, por meio do trabalho, da tecnologia e da cultura (valores e crenças). O geoespacial é formado pela combinação de fatores naturais com fatores sociais. As cidades, prédios, asfaltos, parques são considerados 6 espaços geográficos. A praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, é um espaço geográfico, pois o comércio e o jogo de frescobol nela praticados são intervenções humanas sobre o uso do espaço (LÖBLER e SIMÕES, 2016). 2.1 As divisões da ciência geográfica A geografia, para fins de estudos, pesquisas e mesmo para ensino escolar, possui dois ramos que, embora intrínsecos, possuem particularidades entre si: a geografia física e a geografia humana. Geografia física ■ Geomorfologia: abrange o estudo sobre o relevo da Terra. ■ Climatologia: abrange o estudo sobre o climae o tempo. ■ Hidrologia ou Hidrografia: estudo sobre a distribuição e as propriedades da água na atmosfera e na crosta terrestre. ■ Oceanografia: estudo sobre as ondas, as marés, as correntes dos oceanos e os fundos marinhos ■ Biogeografia: o estudo da distribuição dos organismos vivos no planeta. As ações de transformação espacial humana, da escala local à global, são objeto de estudo da geografia humana. Veja, a seguir, algumas das áreas de estudo da geografia humana. Geografia humana ■ Demografia: estuda a dinâmica populacional humana, como os movimentos migratórios, etc. ■ Geografia agrícola: o estudo do uso da terra em áreas rurais, bem como atividades econômicas e estilos de vida rurais. ■ Geografia econômica: análise da organização e distribuição das atividades econômicas no mundo. ■ Geografia urbana: análise da ocupação do espaço nas cidades e as consequências dessa ocupação. O conteúdo de Geografia nas primeiras séries 7 do ensino fundamental será voltado para os tópicos acima, livro didático e idade adequada para os alunos. A superação da dicotomia geografia física e humana Dicotomia é um termo usado para se referir à divisão de um conceito ou elemento em duas partes geralmente opostas (por exemplo, dia e noite, público e privado, etc.). O princípio de dicotomia deve ser superado quando aprendemos e ensinamos geografia, já que o mundo em que vivemos é constituído pela natureza e pelo homem. Uma cidade não pode ser compreendida apenas pelo seu relevo, clima ou localização, não é? Mas também não é possível compreender a cultura, os problemas de uma cidade se não levarmos em consideração seus aspectos físicos. Pense em algumas cidades do nordeste brasileiro que são conhecidas por seu calor intenso e falta de chuva, mas após a irrigação, ficaram famosas por produzir frutas como uva, maçã e pera e outras (LÖBLER e SIMÕES, 2016). Segundo Löbler e Simões (2016) só é possível compreender plenamente essas mudanças se as relacionarmos às intervenções humanas produzidas no espaço natural. Nos anos iniciais do ensino fundamental, os professores devem transmitir às crianças a ideia de que o espaço é um só (matéria e pessoas). Por exemplo, estudando bairros como disciplina de geografia escolar, os alunos reconhecerão simultaneamente que a área tem uma localização específica, área de relevo, atividades comerciais, indústria, agricultura etc. Essa proposta fortaleceu a compreensão da singularidade do espaço. Outras categorias que compõem os chamados insights geográficos (por exemplo, lugares, paisagens, territórios e regiões) serão exploradas no futuro. 8 3 GEOGRAFIA HUMANA Fonte: brainly.com Geografia no sentido etimológico significa descrição da terra e, de acordo com o consenso geral, da terra, com tudo o que ela contém e o que é inseparável dela, de tudo que vive na superfície. Enquanto a geografia física lida com elementos inanimados e a geografia biológica com organismos vivos, a geografia humana é aquela parte da geografia geral que lida com as pessoas e suas estruturas em termos de sua distribuição na superfície da terra. Os relevos, os estados da atmosfera e dos rios, obra do homem, estão gravados em cada ponto da paisagem como manifestação física de sua união (LÖBLER e SIMÕES, 2016). Segundo Löbler e Simões (2016) a imperceptível descida de cada grão de solo ao longo da encosta por efeito da gravidade ou as enxurradas modelam o perfil da paisagem. Sem dúvida, a paisagem guarda sua individualidade dado uma aparente permanência à escala de nossa observação. E deve-a às relações sobre as quais descansa. Existe até uma relação entre a atividade agrícola e as propriedades do solo e o clima. No entanto, a própria paisagem permite uma descrição científica. Portanto, diremos também que a geografia humana é uma descrição científica das paisagens humanas e sua distribuição ao redor do globo. Essas duas definições correspondem e se complementam. No entanto, cada elemento da paisagem é objeto de outras ciências, que também estudam os fenômenos de localização e distribuição. Por exemplo, um 9 botânico ou um zoólogo, completa a descrição de uma espécie ou grupo referindo-se ao seu habitat, extensão geográfica. De onde vêm os problemas de relacionamento? A geografia será fragmentada, combinando a geografia humana com a sociologia e outras humanidades, como a morfologia responderá ao chamado da geologia ou a biogeografia será integrada à botânica ou à zoologia? Este perigo parece ilusório se as definições originais forem interpretadas corretamente. Dois recursos permitem que a Geografia e suas ramificações mantenham sua autonomia. Em primeiro lugar, entre as ciências naturais e as humanidades, em nenhum outro lugar a localização dos fenômenos vem em primeiro lugar (LÖBLER e SIMÕES, 2016). Geografia é o estudo dos espaços terrestres. Sua singularidade reside na natureza dos objetos que descreve, senão na atitude mental que implica: é um estado de espírito, um ponto de vista. A representação de mapas é uma ferramenta específica de expressão e investigação. Geografia desenhar, comentar e comparar mapas. Em segundo lugar, o homem da geografia é um homem de conexões e agregações. A estreita ligação entre os fatores locais combinados (relevo, clima, vegetação, obras humanas), a ligação distante entre as realidades de todos os tipos na superfície da Terra, a prosperidade. A prosperidade da semeadura européia depende da progressão das depressões originárias das Américas. Hoje, mais do que nunca, a Geografia Humana reconhece o impacto de todas as partes dos eventos ocorridos nos países mais remotos, a interdependência envolvendo todos os pontos do ecumenismo. Suas tendências sintéticas convidam a nunca separar os traços da ordem das pessoas de seus contextos materiais e de vida. Essa urgência, no que diz respeito à localização, é o fundamento da unidade da geografia. Através da unidade da geografia, ganhamos um sentido da unidade do nosso universo terrestre. Os contextos físico e de vida representam o ambiente natural, enquanto o ambiente humano é definido por meio das humanidades, que são encabeçadas pela sociologia. Assim, depois de ter estabelecido a ligação inicial e indissociável da Geografia Humana com todos os ramos da Geografia, encontramos a sua correspondência com o grupo das humanidades. Antropologia Somática e Fisiológica, Patologia, Psicologia Coletiva, Etnologia, Sociologia em todas as suas vertentes, incluindo a economia. Essas ciências lançam luz sobre as condições de funcionamento dos grupos que compõem a estrutura do ecúmeno. Por sua vez, a 10 Geografia lhes fornece elementos de localização e síntese, visão de mundo, o que aumenta ainda mais seu alcance e os torna efetivos. Tal é a natureza complexa da geografia humana, uma fronteira no domínio do conhecimento (LÖBLER e SIMÕES, 2016). 4 NOÇÕES FUNDAMENTAIS DA GEOGRAFIA HUMANA Fonte: ejemplos.net O primeiro problema da geografia humana é elucidar a relação entre o homem e o meio ambiente a partir de uma perspectiva espacial. É uma relação recíproca geografia humana, pois as pessoas modificam o ambiente natural através da tecnologia e ao mesmo tempo se adaptam a ele. Quando somos afetados por ela, estamos reconstruindo nosso ambiente a cada momento. Com exceção de alguns casos cada vez mais raros, a imagem do ambiente que descrevemos engloba uma parcela considerável do esforço humano. Ela se vê humanizada por um jogo de ação mútua. De acordo com Haeckel, o jogo é o tema da ecologia, a ciência da relação entre os seres vivos e seu ambiente. Em grande medida, a geografia humana apresenta-se como a ecologia dos humanos. Vamos examinar cada cláusula dessa relação. - Em primeiro lugar, a coleção de grupos humanos, Homo sapiens, usa a linguagem dos naturalistas,e sua ingenuidade nos seres vivos é atribuída a quatro personagens, de acordo com (SORRE,2003): 11 1°) A sua notável plasticidade é o segredo da ubiquidade, na qual Darwin viu um privilégio único partilhado apenas pelas espécies em evolução a ele associadas, como o cão. 2º) Seu alto nível de desenvolvimento intelectual faz dele um inesgotável criador de técnicas, produto primeiro do empirismo, depois da razão cada vez mais refinada: o intelectual previne sua esclerose e permite que os olhos visíveis emerjam do processo em cadeia da tecnologia progressiva que é característico do nosso tempo, o homem é uma criatura adaptável ao meio ambiente. É a mente e, portanto, a governa. 3º) Este avanço é particularmente eficaz para satisfazer a necessidade de mobilidade espacial. As descobertas da arqueologia pré-histórica confirmam a antiguidade da busca pela conquista do espaço. 4º) Afinal, nem o acúmulo de avanços nem as vitórias da circulação são concebíveis fora das sociedades organizadas. Os naturalistas descrevem espécies vegetais e animais que chamam de sociais. Nenhum deles apresentou um nível de sociabilidade tão alto quanto um ser humano, um animal político (Aristóteles). Não só vivem em grupos, mas no homem os fatores sociais estão tão entrelaçados em sua personalidade básica que é inútil tentar separá-los. Essas quatro características se manifestam em graus variados nas atividades humanas. Eles representam a estrutura básica de nossa existência. Como tal, os geógrafos estarão mais preocupados em enfatizar sua importância do que em basear a geografia humana em diferenças externas. Correrá o risco de cortá-lo em territórios, cada um fingindo ser autônomo. Um homem nunca deve perder de vista a unidade profunda do homem, em cada uma de suas ações, mesmo em suas contradições, o homem inteiro. O fato de reconhecer a unidade da geografia humana elimina o problema espúrio e prolongado das geografias especiais. A noção de meio ambiente recebeu seu pleno significado com o triunfo das doutrinas da evolução e da ideia de adaptação. A princípio, o meio ambiente parece ser definido como uma combinação de características elementares isoladas: localização geográfica, características do relevo, elementos climáticos (temperatura, pressão, etc.), composição da cobertura vegetal, povoamentos, etc. O inventário dessas características é completo e sua importância varia de acordo com o uso que cada grupo humano faz delas. Acontece 12 que eles não atuam isoladamente, mas em combinação entre si: formam grupos ou, mais precisamente, complexos de elementos, complexos hidrotermais (LÖBLER e SIMÕES, 2016). Em outro exemplo, os organismos são amplamente incorporados em combinações determinadas por parasitismo e simbiose, o complexo biológico. Finalmente, indústrias de diferentes naturezas estão agrupadas em associações regionais: são complexos industriais, que os geógrafos analisam observando a atratividade de reuni-los e torná-los verdadeiras unidades vivas. O conceito de complexo geográfico fundamental, cuja universalidade não foi devidamente enfatizada, tem aplicações frutíferas em todas as áreas da geografia humana. Na eterna luta da vida, o homem não só não enfrenta forças isoladas, mas ele mesmo intervém para formar novos núcleos em benefício próprio, como na união de plantas cultivadas. As mentes de nossos predecessores eram dominadas pela arrogância do ambiente material em relação à humanidade. Mas não precisamos mais nos preocupar com o determinismo, que faz escorrer tanta tinta inútil (SORRE,2003). As vitórias da tecnologia sobre a natureza têm centrado nosso pensamento nas capacidades humanas em um momento em que as análises dos sociólogos representam a ciência da sociedade. Quantos fatos permanecem incompreensíveis se sua influência não for levada em conta. O ambiente torna-se mais rico e complexo, como já indicado por La Blache em relação ao ambiente natural. Qualquer análise do ambiente é dominada por considerações espaciais. Desde que a geografia humana existe, os conceitos de situação e extensão dos fenômenos vêm à tona. A localização pode ser absoluta, determinada por coordenadas geográficas, latitude, longitude, altitude, ou relativa, descrita em termos de outras características da configuração geográfica, grau de continentalidade, localização do enclave, localização antes das correntes de circulação, etc. área de fronteira interligada, que, da fronteira linear à zona limítrofe com suas faixas de degradação (o mesmo acontece com a geografia natural), tem diferentes graus de certeza da transição entre a atividade dos grupos humanos e as características do meio ambiente: a gênero de vida. O gênero de vida é concebido como um conjunto coletivo de atividades compreendidas, transmitidas e consolidadas pela tradição, graças às quais um grupo humano assegura sua existência em um determinado ambiente. Ambiente, em relação aos elementos mentais e intelectuais. 13 O modo de vida oferece a máxima estabilidade nas sociedades submetidas à tirania de um determinado ambiente natural (criadores nômades do deserto, esquimós). A noção de modo de vida, como acabamos de indicar, está repleta de elementos sociais, falaremos sobre o modo de vida dos trabalhadores em áreas de mineração ou agentes de atividades de circulação, etc., mas isso não significa que o conceito está perdendo o interesse (SORRE,2003). 5 O MÉTODO DA GEOGRAFIA HUMANA Fonte: materias.com O respeito pela unidade essencial da geografia humana exige a rejeição de qualquer tendência à dispersão. Se, por razões de conveniência pedagógica orientada para a formação profissional, é admissível classificar as expressões de atividade econômica sob o mesmo termo, é importante saber que a expressão geografia econômica tem apenas valor de uso. O objeto de nosso estudo é o próprio homem. Mostraremos que os traços essenciais da espécie humana funcionam em diferentes ambientes, mudando com a diversidade de estilos de vida, levando à formação de paisagens humanas, ou seja, intermediárias. No que diz respeito à "plasticidade", a capacidade dos humanos de se adaptar e expandir na superfície da Terra é estimulada apesar de climas, nutrição e ambientes de vida muito diferentes. Estende a coabitação quase em todo o mundo (SORRE,2003). 14 A circulação de pessoas e bens neste triunfo sobre o uso da gravidade. Avanços nas técnicas acima descritas, cuja aceleração multiplica os seus efeitos. Esta aceleração está relacionada com a evolução das formas de vida social, termo ao qual damos um significado muito amplo, pois inclui as formas mais elevadas de atividade. A cidade é a expressão concreta dessas relações sociais. Durante essas reflexões veremos emergir os elementos característicos das paisagens humanas. Seja pelos desequilíbrios que representa, seja pela aceleração de seu desenvolvimento, o ecumenismo apresenta problemas preocupantes para o observador. A missão da geografia humana não é resolvê-los, mas tornar compreensíveis suas origens e tempos (SORRE, 2003). A sua implementação requer alguns cuidados. O estudo do homem é central para o quadro natural, portanto, cuidado com um determinismo simples e ultrapassado. Tudo o que toca os humanos é contaminado pela aleatoriedade. Suas ações não foram meramente o resultado de uma combinação de forças externas. Ele escolhe entre as possibilidades oferecidas pela natureza. Você pode renunciar a alguns deles e, às vezes, descrevendo-os em um espaço de espelho, parece que as coisas podem ser diferentes. No entanto, devemos evitar subestimar as pressões ambientais, pois os lotes cercados também fazem parte do campo de possibilidades. Não há contradição real, para uma alma pensante, entre o pungente provérbio baconiano Natura non vincitur nisiparenclo e a afirmação de alguma situaçãoinesperada. A relatividade de nossas explicações surge quando consideramos as origens das paisagens: elas têm um passado definido, e certas características que nos surpreendem são às vezes apenas herança genética desse passado esquecido. O desenvolvimento contemporâneo da história agrícola mostrou que realizações a geografia pode esperar dos historiadores. No entanto, é importante evitar confundir as duas disciplinas. Para o geógrafo, apenas a imagem real conta. Para ele é apenas uma forma de explicação. Por outro lado, a história é mais rica em hipóteses do que em certezas, o que não diminui o alcance do serviço mútuo. Chinês, tão original, é um sincretismo. Como se explica a comunidade de elementos culturais? Tal é o caso do milho, uma cultura de mingau que se instalou tão facilmente nos domínios do milho europeu quanto a troca de renas por cavalos nas margens das estepes asiáticas ocorreu sem problemas (SORRE,2003). 15 Essa lei da menor troca, sem dúvida, desempenhou um papel no passado, como a introdução do metal nas culturas neolíticas. Talvez a disseminação de elementos culturais tenha ocorrido a partir de um centro de dispersão em construção. Essa hipótese, denominada pelos etnólogos de ciclos culturais, opõe-se à possibilidade do surgimento de técnicas em pontos distantes sob pressão de meios equivalentes, devido a um fenômeno de convergência, enquanto o geógrafo, contrário a teorias abertas a qualquer esforço explicativo, não exclui, mantém um critério de disponibilidade. Ele está muito mais preocupado em apreender o ecumenismo em toda a sua rica complexidade do que em reconstituí-lo de um ponto de vista subjetivo. Afinal, não é possível fazer geografia humana sem imaginação. Isso sempre foi necessário. Onde falta imaginação não há diferença, ou seja, a originalidade de cada combinação local, hoje mais indispensável do que nunca. O progresso científico mudou fundamentalmente as condições de vida de milhões de pessoas. Nossas civilizações modernas são civilizações de massa e os números que manipulamos são imensuráveis em comparação com ontem. Todos os nossos padrões mudaram e com eles os tipos de coisas usadas para medir e avaliar, o ecumenismo fechou espaços proibidos ao homem, o cosmos está transbordando. Noções básicas como a de situação, nas quais um Ratzel, um Mackinder baseou sua geografia política, não têm mais o mesmo significado, mesmo as categorias primárias de nosso pensamento, como as de espaço e tempo, são afetadas. Nossos predecessores, hoje somos obrigados a recriar o ecumenismo como uma noção rejuvenescida (SORRE, 2003). 16 6 O HUMANISMO DA GEOGRAFIA HUMANA Fonte: arteref.com Em todo o universo, os campos geográficos nacionais estão no auge há várias décadas, com um aumento correspondente em nossas previsões. Queríamos mostrar ao mundo a visão de uma unidade espiritual de que precisávamos desesperadamente. Nosso mundo físico é muito diferente do que eles descobriram. Sua mente estava aberta o suficiente para permitir que aceitassem as mudanças pelas quais passara (SORRE,2003). Estão no verdadeiro e profundo sentido do termo humanista. Depois de Alexandre de Humboldt, Carl Ritter e Elisee Reclus, ensinaram aos seus discípulos que a Geografia Humana era uma disciplina das Humanidades (SORRE, 2003). 17 7 OS CAMPOS EM QUE A GEOGRAFIA HUMANA MAIS ATUA Fonte: mundoeducacao.uol.com A geografia humana permeia a geografia física e com ela constrói, através do uso da tecnologia da informação, uma abordagem horizontal de aprendizagem que, ao invés de subdividir o ensino da geografia em geral, o reforça como instrumento dos direitos civis e da defesa dos direitos humanos e fundamentalmente isso tem suas implicações e aspectos relevantes nesse campo do conhecimento, a saber: Os geógrafos, além de estudar a geografia humana, também devem compreender o ambiente físico, estar atentos às inter-relações de influência, a geografia humana é inseparável da geografia física e vice-versa, os objetos estão relacionados entre si. Considerando que essas relações estão entrelaçadas e a aquisição de conhecimento é diversificada e completa, é imprescindível a necessidade de pesquisa/investigação contínua neste campo do conhecimento, pois é imprescindível acompanhar a velocidade com que a informação ocorre na sociedade do conhecimento (RODRIGUES e DINIZ, 2021). A sociedade atual busca compreender por meio do acesso à mídia e por meio das TIC e um novo mundo se revela neste caso, estudado em sua esfera social, ou seja, entre um amplo leque de possibilidades nas mais variadas formas de interação, inclusive com os indivíduos quase uma localidade e ou em outras dimensões, com outros indivíduos, em vista de novos conhecimentos. Do ponto de vista da construção do conhecimento, permitindo que as pessoas, através do seu ambiente físico, 18 interajam de forma virtual, definindo novas paisagens e ressignificando o espaço. Portanto, um arranjo espacial que se suponha depositar conhecimentos e relações sociais é importante para o geógrafo-professor-pesquisador e para compreender o contexto social do qual ele participa. E, quando ele ensina, os alunos interagem e permitem que o ensino-aprendizagem seja vinculado às novas tecnologias. Monbeig (1956 apud Banhara, 2010) quando fala que a missão do pesquisador- professor de geografia é usar novas e novas e cada vez mais informatizadas didáticas e novas tecnologias para viabilizar o conteúdo da disciplina com novas mídias em um mundo repleto de conhecimentos novos e em constante mudança, diz: “Para um mundo moderno convém um ensino moderno e a geografia é uma interrogação permanente no mundo. A evolução do ensino da geografia, nesse sentido, é facilitada pelos contatos de todo o gênero que tem a mocidade com os problemas do dia. A conversação com em família e alguns meios, o rádio, a televisão, os jornais, as atualidades cinematográficas mergulham os jovens, nesse banho de inquietação, pelo menos no que se refere aos debates econômicos. Não é fácil ao professor aproveitar-se disso para animar o seu ensino. Os alunos encontrarão aí uma prova de que a vida não para na porta da classe, a qual deixará de ser um meio artificial”. (MONBEIG 1956 P. 200 apud RODRIGUES e DINIZ, 2021). Embora assim tenha acontecido, também é verdade que a Geografia Humana sofreu mudanças em seu paradigma à medida que a ciência como um todo evoluiu, que é a ciência maior: a Geografia. Como objeto de estudo, a disciplina de geografia é mantida com uma perspectiva global. Pretende-se como uma ciência dual, valendo- se das ciências naturais para analisar o meio ambiente, para fornecer respostas às ciências sociais. A geografia humana, portanto, concentra-se na pesquisa de forma integrada; um exemplo são os links para biologia ou história, de acordo com a teoria dos sistemas (RODRIGUES e DINIZ, 2021). Em suma, a profissão docente deve abandonar a concepção predominante no século XIX de mera transmissão do conhecimento acadêmico, de onde fato provém, e que se tornou inteiramente obsoleta para a educação dos futuros cidadãos em uma sociedade democrática, plural, participativa, solidária, integradora [...] (IMBERNÓN, 2002, p.7 apud RODRIGUES e DINIZ, 2021). 19 8 O INÍCIO DA INDÚSTRIA BRASILEIRA Fonte: achetudoeregiao.com Nas décadas de 1960 e 1970, surgiu no Brasil a contradição entre a visão predominante de um determinado problema e os dados que o comprovam. Esse fato surgiu no problema da etnia dos empresários industriais em São Paulo, onde os estudos mostraram que os empresários industriais não vêm de famílias brasileiras ligadas ao café, mas de famílias imigrantes de classe média (Bresser Pereira, 1964). Os intelectuais afirmam que o negócio industrial teve suas origens na oligarquia do ca A Revolução Brasileira em 1966, no qual observavaque em São Paulo a maioria das primeiras e mais importantes indústrias eram de propriedade de camponeses que lucravam com a cultura do café e as aplicavam às iniciativas industriais. Entre café e industrialização, mas sobre os equívocos sobre as origens sociais e étnicas dos industriais, eles afirmam que os cafeicultores não se opunham politicamente à industrialização, pois tinham uma pequena participação nela. Para comprovar essa crítica, Bresser Pereira, em 1962, junto com Awad, realizou um estudo sobre as origens sociais e étnicas dos empresários industriais, a fim de realizar esta pesquisa, um universo de empresários vivos ou mortos das empresas industriais paulistas no um se tornou um número de mais de 100 (cem) funcionários, teve-se o cuidado de garantir que a investigação tivesse um número menor de vieses, uma taxa de erro menor e a probabilidade de sucesso fosse alta. A etnia de origem era patriarcal, e aqueles empresários nascidos no exterior ou cujo pai 20 ou avô nasceu no exterior por parte paterna, ou seja, de origem estrangeira Bresser Pereira (1994), poderiam ser considerados como de origem estrangeira, os resultados em termos de origem étnica dos empresários industriais de São Paulo eram o ap e apenas 15,7% tinham empresários de origem brasileira, somou um total de 84,3% (QUADROS e RAMOS, 2019). Analisando os resultados em termos de subdivisão da etnia estrangeira dos empresários, percebe-se que cerca de metade dos empresários paulistas eram eles próprios de origem estrangeira, o que corresponde a 49,5% do total, quase 23,5%. Eram filhos de imigrantes e apenas 11,3% eram netos de imigrantes. Em relação à origem nacional ou étnica dos empresários industriais paulistas, pode- se dizer que a origem italiana predomina com 34,8%, seguida pela origem brasileira com 15,7%, e em terceiro lugar pelos empresários de origem portuguesa. Com 11,8%, seguidos pelos de origem alemã com 10,3%, os de origem libanesa com 6,4%, os de origem russa com 2,9%, os que vieram da Áustria, Síria e Suíça, 2 cada, 5%, os da Espanha e Hungria 1,5% cada, enquanto os da Armênia, Dinamarca, Estados Unidos, França, Grã-Bretanha, Polônia e Uruguai cada um 1,0% e finalmente os da Tchecoslováquia, Grécia e Romênia representaram 0,5% de tudo (QUADROS e RAMOS, 2019). Olhando para esses resultados, percebe-se que a pesquisa confirma a afirmação de que os empresários industriais paulistas não têm suas origens nas famílias ligadas ao café, mas, ao contrário, têm suas origens nas famílias dos imigrantes, em geral da mídia de classe, escolheu este estudo por ser o local de concentração da industrialização brasileira. A pesquisa de Bresser Pereira refere-se às relações inexistentes entre as famílias dos cafeicultores e as famílias dos empresários industriais paulistas. Portanto, ele não enfatizou os vínculos econômicos e políticos existentes entre esses empresários e os cafeicultores, esse fato poderia explicar porque sua pesquisa foi ignorada, pois havia alguma confusão entre as origens étnicas dos empresários e os laços econômicos nos quais os agricultores estavam envolvidos. Empreendedores industriais é outro tema de grande importância para a análise do processo de industrialização brasileiro foi o desenvolvimento do investimento estrangeiro direto (IED). Porque após a Segunda Guerra Mundial o papel das corporações transnacionais, pautado por políticas governamentais de planejamento que 21 estimularam as relações entre empresas estrangeiras e nacionais, públicas e privadas (QUADROS e RAMOS, 2019). Pode-se dizer que, até a década de 1970, essa relação entre empresas estatais, empresas nacionais e corporações transnacionais resultou em elevado crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e contribuiu para a formação de um arranjo industrial diversificado semelhante ao dos países. No entanto, o modelo de crescimento liderado pelo Estado perdeu força na década de 1980 devido à crise da dívida externa, período em que a inflação se tornou alta e constante, juntamente com o crescimento variável do PIB, resultando em queda nas receitas externas. Fluxos de investimentos diretos e o rompimento de projetos de expansão por corporações transnacionais. Diante disso, em 1990 o modelo de intervenção estatal foi abandonado e a privatização e a liberalização foram introduzidas para que uma política industrial não intervencionista removesse gargalos e elevasse o nível de tecnologia, gestão administrativa e produtividade brasileira e se assemelhasse aos países desenvolvidos. , assumindo que as subsidiárias de empresas transnacionais seriam responsáveis pelo processo de modernização da economia brasileira no nível e também aumentariam a participação de empresas estrangeiras na economia brasileira (QUADROS e RAMOS, 2019). Embora o crescimento tenha ocorrido em grande escala, o elevado ingresso de investimento estrangeiro direto teve, na década de 1990, algumas características que reduziram seus subsídios para o processo de modernização da indústria brasileira, a saber: setor de serviços. O setor manufatureiro respondeu por 67% do estoque de IDE, em 2000, respondendo por 64% do estoque de IDE no serviço, enquanto apenas 34% foram na indústria de transformação; b) A grande maioria dos fluxos de investimento direto estrangeiro assumiu a forma de fusões e aquisições, tendo sido contabilizados 60% dos fluxos anuais de investimento direto estrangeiro entre 1995 e 2000 em fusões e aquisições, levando a uma diminuição do investimento interno e a uma estagnação do investimento bruto o capital fixo liderou a formação de capital durante esse período; e c) a expansão dos negócios de transações no Brasil priorizou o mercado interno ou o mercado latino-americano. 22 Analisando todo esse contexto, e de acordo com Santos (2007), pode-se dizer que esse novo ciclo de investimento estrangeiro direto, aliado à estagnação do investimento nacional, tem levado a uma forte participação de empresas estrangeiras na economia brasileira, 14% da produção total brasileira, chegando a quase 20% em 2000. A liberalização foi introduzida por vários motivos, um dos quais foi aumentar a produtividade das indústrias, uma vez que as empresas estrangeiras sediadas no Brasil eram maiores e mais eficientes que as nacionais. Daí a expectativa de que o investimento estrangeiro direto aumentaria diretamente a produtividade das indústrias, ampliando a escala e aprimorando a tecnologia nas operações das empresas transnacionais. ” De produtividade para as empresas nacionais, onde ocorreriam efeitos demonstrativos e competitivos, mas isso não tivesse acontecido de fato. Por fim, pode-se notar que o investimento estrangeiro direto não se localizou principalmente no setor industrial, o que não aumentou a produtividade dos setores já existentes, de modo que a modernização da economia não ocorreu conforme o esperado (QUADROS e RAMOS, 2019). 9 GOVERNO GETÚLIO VARGAS Fonte: cpdoc.fgv As políticas econômicas praticadas pelo governo Vargas, a partir da revolução de 1930, produziram efeitos que inegavelmente levaram não apenas à “recuperação da crise de 29”, mas de forma mais ampla à formação do mercado nacional e a 23 mudança no padrão de acumulação de capital no país. Essas políticas, bem como uma ampla gama de novas políticas e arranjos institucionais implementados ou planejados durante o período 1930-1954, além dessa recuperação e mudança do padrão de acumulação, acelerariam o processo de integração do mercado nacional e consolidar nossa primeira etapa de industrialização, a limitada, para a qual foi necessário mudar radicalmente o papel do estado-nação em sua organização, seus instrumentos e meios, anteriormente focado apenas em uma economia primária de exportação, dentro dos ditames dos liberais do padrão-ouro (CANO,2002). Muito do sucessodesse processo, acreditamos, deve-se à vontade, coragem, competência e esperteza política de Vargas, que foi o arquiteto dessa mudança e que precedeu e seguiu a "crise de 29", e nós também entendemos que sua formação positivista exerceu forte influência nesse sucesso, apesar de várias passagens contraditórias em sua vida política no cumprimento de seus mandatos políticos Duas vezes deputado estadual (1909 e 1917), deputado federal (1922), secretário da Fazenda (1926) no governo liberal de Washington Luiz, governador do Rio Grande do Sul (1928) e candidato presidencial perdedor (1930). Como sabemos, o positivismo tem contradições importantes, tanto em sua estrutura interna quanto diante de outras formas de pensar, sua estrutura compreende três níveis: I sua profissão como religião (ver, por exemplo, seu apostolado no Rio de Janeiro); Ii como uma estrutura intelectual centrada nas ciências naturais e no desenvolvimento histórico da sociedade; ii e em relação à política como guia da ação política ou da gestão pública, seu princípio sobre o Estado e o governo é que eles devem ser fortes e transparentes, daí deriva a redundância do voto secreto, pois seus titulares são positivistas, também são transparentes, caberia ao legislativo, portanto, apenas fiscalizar o executivo, de modo que o estado está acima da sociedade. O Estado deve manter um orçamento equilibrado, gastar apenas o que tem, mas abre uma exceção para atender às necessidades sociais, para as quais deve apoiar os trabalhadores vulneráveis, e por ambos os motivos praticar a socialização de recursos aberta ao público. 24 No entanto, não funciona contra o capital estrangeiro. Embora tenha a ordem como princípio, também tem o do progresso. É assim que eles se chamam: conservadores, mas progressistas. Estabelecer o Banco do Estado do Rio Grande do Sul, ampliar a concessão de crédito, gastando apenas o que vai não só para a indústria local, mas também para seus principais inimigos, o latifúndio e a oligarquia rural do Rio Grande do Sul. Liberal (que tem sido chamado de evolucionário, não revolucionário), onde suas contradições são ainda mais crescentes: prometendo anistia a tenentes revolucionários tantas vezes ele as recusou; ii Embora contrário às oligarquias, foi obrigado a apoiar tanto os cafezais como os canaviais do Nordeste; iii opôs-se ao voto secreto, mas também teve de aceitá-lo e prometê-lo; iv Embora ele (como outros liberais como Murtinho, Gudin e outros) se opusesse às indústrias artificiais, ele estava comprometido com a produção de aço, máquinas e armas. Derrotado nas eleições de março de 1930, ele permaneceu ambíguo até maio, mas então o movimento revolucionário foi desencadeado, vitorioso em outubro, mas em meio a uma depressão econômica. Década de 1920: início do processo de transição econômica e social. Acho que a década de 1920 representou para o Brasil um processo de transição econômica e social, do chamado modelo primário de exportação para um novo padrão de acumulação de capital ou crescimento interno, marcado pela a crise de 1929 e desencadeou a revolução de 1930. Assim, houve uma mudança do antigo padrão primário exportador, no qual o complexo cafeeiro paulista era dominante, para um novo padrão de industrialização que prevaleceria após 1933. E exportações primárias e também a expansão da capacidade produtiva e da produção industrial. O fato, porém, é que esse crescimento acelerado não foi exclusivo, mas concentrado, se manifestou em São Paulo: nesse estado, o complexo não só ampliou os cafezais e diversificou o restante da agricultura, como acelerou e diversificou os investimentos no setor. Os segmentos urbanos dessa economia, especialmente da indústria, reforçariam um processo já latente de importantes mudanças sociais e culturais, econômicas e de melhor organização do trabalho. 25 Essas mudanças produziram efeitos que também levaram à expansão ou fortalecimento de movimentos sociais de diversos tipos, tais como: intensificação das greves; surgimento de partidos políticos e associações de esquerda; crescente pressão das classes trabalhadora e média para melhorar os direitos políticos e sociais; além de manifestações modernistas na cultura, onde pregou a Semana de Arte Moderna. Os movimentos militares também estão crescendo nessa direção, o tenente, que também almeja mais direitos, transparência na política e modernização do armamento, cujas principais manifestações surgiram em 1922, 1924, na coluna Prestes e na revolução de 1930 não explicada isoladamente pela derrota eleitoral de Vargas e sua busca pelo poder, ela representa muito mais, pois resulta do amálgama formado: pela crise política e econômica; pelo crescimento dos diversos movimentos sociais e suas manifestações; e também de sua principal causa estrutural, as mudanças em sua base produtiva decorrentes da expansão da economia industrial e urbana, que gerou e aprofundou na economia e na sociedade novos segmentos da burguesia industrial, comerciantes e banqueiros; melhor organização dos militares; crescimento da classe média; classe trabalhadora urbana maior e melhor organizada; e ampliação de campos profissionais com maior qualificação técnica e acadêmica e inteligência (financiamento estatal), mas também de cunho social e político, como direitos sociais e trabalhistas, desenvolvimento educacional e cultural etc. Além disso, ampliou e diversificou os interesses e conflitos entre os interesses das diversas facções da burguesia e praticamente rompeu a hegemonia que a cafeicultura detinha até então. Então eu acho que a economia e a sociedade estavam forjando problemas complexos que pediam sua equação e soluções, mesmo que parciais, e cujo resultado foi o movimento revolucionário de 1930. Como sabemos, isso culminou em seu líder da vitória, Getúlio Vargas. O significado da “crise de 29” e algumas reações nacionais A “crise de 29” não se manifestou uniformemente no tempo e no espaço em todo o mundo capitalista no final de outubro de 1929, mas desde meados da década os sintomas setoriais foram, em menos aos olhos dos economistas mais críticos. Lembre-se que o conservadorismo da Inglaterra levou à reintrodução do padrão-ouro 26 e à valorização da libra esterlina, o que prejudicou os principais países e, assim, enfraqueceu sua economia (e suas importações de países subdesenvolvidos). Bom e notável especulação imobiliária e imobiliária nos EUA e tremenda instabilidade e volatilidade financeira internacional. A eclosão da crise nos EUA se espalhou por praticamente todo o mundo capitalista, expondo ainda mais os países que se encontravam em posição mais vulnerável, cada país respondeu à crise de forma diferente, considerando não apenas suas próprias condições, mas principalmente seu tamanho dependência econômica (financeira, de mercados, etc.) ou subordinação política (no caso de colônias de fato ou de direito). Mas a verdade é que cada um dos países mais avançados se defendeu rápida ou gradualmente, com políticas anticíclicas de estilo keynesiano ou outras mais atenuadas. Aqueles que tinham impérios coloniais despejaram grande parte do peso da crise em suas colônias, muitos emergindo da depressão graças aos efeitos diretos (por exemplo, Alemanha e Japão) ou indiretos (Suécia e EUA parcialmente) da crescente militarização, que precedeu a Segunda Guerra Mundial. Guerra Mundial.9 Como grandes economias exportadoras e fortes espelhos da demanda externa, os países da América Latina foram severamente afetados por suas exportações, com quedas de volume e preços resultando em uma queda na capacidade de importação entre 50,0%., aos primeiros sinais da crise, o capital estrangeiro retirou grande parte de seus investimentos e destruiu nossas precárias reservas cambiais. Então, se não fizéssemos nada, iríamos para trás,isso não aconteceu. Reagimos, alguns rapidamente, outros não; alguns com maior intensidade de ação, outros mais contidos. Em uma obra clássica sobre a América Latina após a crise de 1929, os videntes a dividiram em dois grupos de países em termos de resposta à crise (Venezuela, Equador, Seis Centro-Americanos, Cuba, Haiti e República Dominicana), que no outros (México e outros países da América do Sul, exceto Bolívia e Paraguai, que não são abordados no artigo) não implementaram políticas econômicas ou levaram muito tempo para implementar políticas econômicas contra essa depressão e em defesa do setor manufatureiro nacional. Eles foram nulos ou modestos em comparação com os do segundo grupo, cujos países rapidamente desvalorizaram fortemente a taxa de câmbio, impuseram uma moratória, impuseram controles cambiais drásticos e aumentaram as tarifas de 27 importação. 10 Apenas alguns anos após a depressão, alguns países do primeiro grupo começaram a introduzir medidas desse tipo, esse atraso se deveu principalmente a tinham poucas e incipientes indústrias e pouca urbanização; ii Suas estruturas de comércio exterior estavam intimamente ligadas aos EUA, com preferências tarifárias para aquele país, e era difícil para eles controlar mais de perto suas importações; iii Estavam atrelados ao dólar (“gold standard”), de modo que, juntamente com os EUA, faziam parte da “área do dólar”, seguindo o comportamento dos preços norte-americanos, o que dificultava ou impedia a desvalorização cambial, com exceção do Equador e El Salvador) quase todos mantiveram suas taxas de câmbio nominais, e a Venezuela as valorizou ainda mais, mantendo-as até a década de 1950”, ou seja, mantendo o antigo padrão de consumo e investimento e formas passivas de ajuste com depressões, emprego e em alguns casos com a estrutura produtiva alcançada antes da crise (Cuba foi talvez o caso mais grave). A hipótese de que não há retrocesso teria necessariamente que ser a ruptura com o padrão-ouro e a política liberal ortodoxa, por meio de movimentos rebeldes ou mesmo por meio de eleições, vários líderes nacionalistas e industriais submetidos a essas pressões internas e externas, como Vargas no Brasil, Cárdenas no México, Ibañez no Chile, rompendo com as nostálgicas tentativas liberais de “retornar ao passado”, os mercados e setores de bens de consumo de materiais de construção, como têxteis, calçados, vestuário e móveis também se instalaram. Se o parque industrial do país fosse mais diversificado, seriam melhores as condições para internalizar e potencializar o impacto econômico de uma política de defesa. A especificidade da crise no Brasil O caso brasileiro é mais complexo, lembremos que o ritmo de acumulação de capital nos setores mais dinâmicos, café e indústria, foi muito alto na segunda metade da década de 1920, levando a uma alta expansão capacidades produtivas de ambos os setores, bem à frente da expansão de sua demanda. Já na transição de 1928 para 1929 foram anunciadas essas crises que eclodiriam pouco antes do crash de Nova York de outubro de 1929 e nos levariam a uma grave depressão, enquanto a crise internacional, por sua vez, aprofundaria a crise nacional. Tanto mais devido à forte queda do valor das exportações, à queda dos rendimentos e do emprego doméstico 28 e à forte queda das importações, principal fonte das finanças públicas, mas, ao mesmo tempo, se a situação se deteriorasse, uma oportunidade extraordinária abrir a formulação de uma política que, simultaneamente, não só poderia ao menos conter os efeitos perversos da crise externa, mas também enfrentar a crise interna. As grandes safras de 1927-1928 e 1929-1930, de 27 milhões e 28 milhões de sacas de café para todo o país, respectivamente, se devem não exatamente ao aumento da capacidade de produção, mas ao bom tratamento dos cafezais e dois excelentes anos agrícolas. A situação se agravaria, chegando a 28 milhões de sacas a de 1931-1932. Sem a ação decisiva do governo federal, a combinação com a crise externa faria com que a economia brasileira sofresse um período de depressão muito maior. As árvores devem: a) colher o café e tratar o cafezal para evitar sua destruição; b) ociosidade do Estado, significando o abandono das plantações de café e uma enorme taxa de desemprego, a fuga e retorno de capitais para os países desenvolvidos e com a desorganização do mundo capitalista, esse financiamento seria praticamente inviável A manutenção da economia cafeeira exigia uma ação governamental vigorosa diante da impossibilidade de ajuda externa, mas vale lembrar que nossa economia estava no padrão-ouro até a eclosão da crise e nosso governo e a maioria de nossas elites eram liberais, resistiram até derrota pela revolução em outubro de 1930, persistiu com as políticas econômicas ortodoxas e aderiu à conversibilidade até esgotar nossas precárias reservas, daí a necessidade de uma ruptura política com uma postura mais progressista e nacionalista. Por natureza, era um imperativo nacional, mas Vargas, apesar de suas ambiguidades mencionadas, tinha uma visão clara da necessidade de formar e integrar o mercado nacional. Falando em Porto Alegre, no início da década de 1920, sobre a Crise Celina no Rio Grande do Sul, explicou que esse problema decorreu do isolacionismo gaúcho e da estreiteza do mercado interno para se beneficiar do mercado nacional, mas para isso foi também necessário conquistar o poder nacional, então dominado pelo setor agroexportador, no qual o café era dominante. O primeiro governo Vargas (1930-1945) já em 1931, Vargas iniciou as políticas econômicas de recuperação da renda e do emprego, superando alguns dos efeitos da crise cafeeira e, assim, assegurando boa parte da demanda efetiva. Devido ao menor 29 volume de divisas a serem importadas, a demanda interna passou a depender da produção industrial e agrícola, fazendo com que o coeficiente de importação caísse de 19,8% em 1928 para 10,5% em 1939. Inter-regional, que reforçou o processo de formação e integração do mercado do País. Com as políticas de recuperação, que significavam uma real antecipação das políticas anticíclicas keynesianas que seriam formuladas em 1936, ocorreria uma profunda mudança no padrão de acumulação da exportação de capitais, seus principais determinantes dos níveis de renda e emprego foram as exportações, para uma de industrialização, em que os determinantes dos níveis de renda e emprego tornaram-se investimentos autônomos, graças a isso, a economia brasileira já se recuperava em 1933, superando o nível de 1928: o PIB de 1933 já era 9% superior ao de 1928; Produtos agrícolas e manufaturados cresceram 13%. A economia brasileira se recuperou rapidamente, experimentando notável expansão e profundas mudanças estruturais. O período 1933-1939 foi um dos mais favoráveis para a produção industrial do país, que cresceu a uma taxa média anual de 11%. Problema paulista" e cuja política havia sido formulada anteriormente pelo Instituto Paulista em defesa do café, tornou-se um "problema nacional" e em 1933 foi criado o DNC "nacional" Departamento Nacional do Café, vários outros problemas "regionais", que colocaram sob a direção e apoio da agenda do governo federal: a economia do cacau, concentrada no sul da Bahia, passou em 1931 para a esfera de influência do Instituto do Cacau da Bahia, fundado em 1931; A economia açucareira, concentrada no Nordeste, era gerida em 1932 pelo Instituto do Açúcar e do Álcool, fundado em 1932, que incluía também uma tentativa de desenvolver a produção de álcool combustível a partir da cana-de-açúcar; Em 1938 foi a vez da erva-mate, mais concentrada no estado do Paraná, para a qual foi criado o Instituto Nacional do Mate; Em 1941, o Pinho (Paraná e outros estados) e o Sal (Rio Grande do Norte e Rio de Janeiro) passaram a serobjeto da criação de dois institutos específicos criados para administrar sua economia. Para dar outros incentivos, Vargas fundou a Carteira de Crédito Agrícola e Industrial Banco do Brasil CREAI em 1937 e iniciou a concessão de crédito público de médio e longo prazo para empresas produtivas ou instituições públicas que, embora 30 nacionais em âmbito, determinadas localidades regionais ou determinadas partes do território nacional mais favorecidas de alguma forma, internalizando assim alguns dos efeitos da despesa pública e das políticas de investimento 1932, Inspecção Regional do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio; em 1934 o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM); 1938 o Conselho Nacional do Petróleo (CNP); 1939 o Conselho de Águas e Eletricidade (CAEE); em 1941 a Companhia Nacional de Ferro e Aço; 1942 Sobre Vale do Rio Doce e 1943 Fábrica Nacional de Motores e Cia. Nacional de Álcalis. Por outro lado, antes da crise, a alta rentabilidade do café na agricultura capitalista paulista desestimulava a produção de outros produtos, principalmente para exportação, e ao mesmo tempo os preços de alguns produtos no mercado internacional pelos países que as controlavam, como o algodão dos EUA e o açúcar da Europa, eles cultivaram e reviveram essas duas culturas não apenas em suas antigas áreas de produção regional (principalmente no Nordeste), mas fundamentalmente em São Paulo, que é dele mudaria rapidamente a agricultura e assumiria a primazia na produção desses bens. As crescentes tarefas e programas do Estado exigiriam uma profunda reforma administrativa, que, no entanto, não pode ser realizada integralmente e se limita à criação ou transformação de diversos órgãos, como o Conselho Federal de Comércio Exterior, 1934 para o Serviço Público (1938 transformado em DASP ) ambos representavam o núcleo de um futuro ministério do planejamento e administração, mas Vargas estava ciente de que ainda havia dois obstáculos importantes a serem superados para a integração do mercado nacional: seria necessário integrar a nível regional o transporte, energia e para expandir a infra-estrutura de comunicações e eliminação parcialmente descentralizada dos impostos interestaduais, que eram reais costumes entre os diferentes estados do país, para revitalizar o transporte ferroviário e um pouco (cerca de 5%) sua rede, melhor cabotagem ( com a aquisição da empresa LLOYD em 1937 e da COSTEIR A em 1942 e Beg na década de 1940, a expansão da malha rodoviária nacional avançou. Entre 1930 e 1945, a malha rodoviária nacional dobrou e a ligação Nordeste-Sul deu um grande passo com o início do Rio Bahia e a conclusão de SP Porto Alegre. A consciência de Vargas sobre essas questões fica evidente, por exemplo, nas considerações sobre as medidas propostas para eliminar os impostos interestaduais. Os conflitos intercomunitários representam um dos mais sérios entraves ao 31 desenvolvimento econômico do país, erradicá-los..."; o Decreto 19.995 de 14/05/1931 dizia: "Considerando a necessidade de garantir a unidade econômica do território brasileiro, para que todos os produtos nacionais ou nacionalizados fossem tratados com absoluta igualdade e respeito ao trabalho nacional..." Dado que esses impostos constituíam parte significativa da receita tributária de vários estados, é compreensível que tenham permanecido em vigor até o final da década de 1930 . Para intensificar o processo de integração do mercado nacional, ele também tinha a visão de "preencher as lacunas" do território nacional, principalmente da região Centro-Oeste. Outras medidas foram: expansão da ferrovia em Goiás; desenvolvimento viário que é uma verdadeira antecipação do início do futuro, Belém Brasília; apoio financeiro ao governo de Goiás na construção de sua nova capital, Goiânia; Doação de terras, assentamento e criação de cooperativas que mais tarde se tornariam as bases de Ceres (GO) e Dourados (MS). Centro do país”, e no artigo 177 a União é obrigada 4% a destinar suas receitas tributárias ao Nordeste em relação aos postulados positivistas, por exemplo, tanto para a intervenção crescente e permanente do Estado quanto para a expansão do crédito ou para a prática de usar os déficits orçamentários quando necessário. Vale lembrar também que a reorganização tributária implementada representou uma nova ordem e relativa centralização tributária no âmbito federal. No desempenado dos direitos sociais e trabalhistas também vamos alvissarar aparentes contradições e algumas afirmações dos rudimentos positivistas. São exemplos: a prerrogativa do agraciamento aos revolucionários; da votação secreta, do femíneo e aos menores de 21 anos e maiores de 18; viajada de 8 horas, férias remuneradas e as honorários mínimo; a engendração dos Ministérios do Trabalho e da Educação e da Universidade do Brasil (hoje em dia UFRJ); da Justiça Eleitoral e da Justiça do Trabalho; da secretária de trabalho, dos Institutos de Aposentadorias e Pensões. O novo governo Vargas (1950-1954) Lembremos que entre a "Crise de 29" e o abertura da Segunda Guerra, e apesar da profundez do desânimo internacional e da ampla saída de capitais, contamos com maiores graus de opção em termos externos. Os países 32 industrializados estavam deprimidos, o negócio e as finanças internacionais desmantelados, e não haviam possibilidades de amarração inter imperialista. Vinda a Guerra e envolvendo as grandes potências, tivemos mais uma "folga" que, com alguns tropeços e interrupções, se estenderia mesmo 1979. As preocupações voltariam no ciclo 1945-1955. Nele, o imperialismo sentir-se-ia seriamente abalado pela consolidação da União Soviética, pelas conquistas socialistas no oriente e no meio europeus, pela conquista de Mao em 1949 na China e pela Guerra da Coréia (1951-52), fatos que abalariam até agora mais as relações “ oriente -oeste”. A ir-se de 1946-47 esses fatos deram azo, nos EUA, para o surgimento do chamamento Guerra Fria, alterando profundo a atitude norte- norte-americano com relacionamento à América Latina, gerando ações repressivas ao patriotismo e às forças políticas progressistas da região. É um ciclo de rupturas e descontinuidades; de golpes político-militares para “ validar a democracia”. A pressão externa teve algum apoio interno, quer na recusa em conceder ao Estado as reformas necessárias, quer nas várias tentativas de introdução de políticas económicas ortodoxas, mas o regresso ao passado foi uma ilusão onde a nossa "vocação agrícola" era inegável. A industrialização seria tolerada, mas não incentivada, onde a intervenção, o intercâmbio e o controle do comércio dessem lugar ao modelo liberal anterior a 1929, ou no máximo um regime não confrontado com os interesses dos norte-americanos. Vargas foi deposto em 29 de outubro de 1945 e 34 dias depois eleito deputado federal e senador, optando pelo Senado escassamente constituído e tentando reduzir os poderes estaduais. No entanto, teve pouco sucesso diante da escassez de divisas imediatamente após a guerra e das crescentes pressões por novas políticas e recursos exigidos pela base produtiva, e a tentativa liberal colidiu com os interesses mais amplos do setor industrial. Obrigados a manter as linhas gerais do processo. Como Furtado mostrou, os ataques reacionários internos e externos não puderam dar frutos, pois nossa participação nas exportações mundiais havia diminuído entre a crise e o início dos anos 1950, enquanto o PIB havia dobrado. Não haveria como recompor o coeficiente de importação de 1929, portanto, não haveria como liberalizar as importações sem antes ter a capacidade de gerar divisas, mas a pressão liberal significava desacelerar o processo e não resistência interna. Estamos ainda mais avançados na 33 industrialização, na medida do possível, o Estado cobriria parte da fragilidadedo capital privado nacional e do desinteresse do capital estrangeiro: produziria petróleo, aço, química básica, infraestrutura, bancos, transporte, energia, etc. Telecomunicações, naquela época a luta pela industrialização na América Latina tornou-se uma bandeira progressista na maioria de seus países. Em 1950, Vargas foi eleito presidente com mandato de 1951 a 1955, servindo até 24 de agosto de 1954, quando se suicidou em meio a uma grave crise política que atacava severamente seu governo nacionalista, que realmente ocorreu em abril de 1964. Neste novo mandato, tentaria dar continuidade aos seus objetivos de desenvolvimento, com o objetivo central de aprofundar a industrialização, mas estava ciente das limitações econômicas de seu projeto, principalmente as cambiais, financeiras e tributárias. E a relutância do governo norte-americano em relação ao Brasil, principalmente após a Guerra da Coréia, em instalar a indústria pesada e resolver sérios gargalos em sua infraestrutura. Economia e planejamento Para financiamento de longo prazo, fundou o BNDE (hoje BNDES) em 1952. No âmbito regional, também fundou o BNB em 1952 e o Instituto Nacional do Babaçu em 1953 para a região Nordeste, onde também se formou na CHESF, enquanto em 1953 criou a SPVEA (Superintendência do Plano de Avaliação Econômica) para a Amazônia. Da Amazônia, posteriormente transformada em SUDAM) e reestruturou o Banco de Crédito da Amazônia e voltou a servir café e fundou o Instituto Brasileiro do Café. A Petrobras em 1954 e a Eletrobrás, mas esta última só foi eleita no Congresso após sua morte, além de ampliar a malha rodoviária e reabilitar a ferrovia. Petróleo, siderurgia, carvão, energia elétrica, indústria química e mineração foram alvos de diversos planos e programas, cada vez mais exigentes na atividade de planejamento, culminando em 1951 em um Programa Geral para a industrialização do país. Antecipando a JK, foi criada a Comissão de Desenvolvimento Industrial (CDI) em 1951 e em 1953 I e, no CDI, a CEIMA (Comissão Executiva da Indústria de Materiais Automotivos), que deu grande apoio aos fabricantes nacionais de autopeças e, assim, a estimulou a instalação da futura indústria automobilística no país. 34 Entre 1945 e 1955, a produção industrial registrou um espetacular aumento médio anual de 9,3%, essa expansão foi possível em parte graças ao seu reequipamento, possibilitado pela reabertura do grau de concentração de importações e mergulhadores para refinar ainda mais sua estrutura produtiva. Essa alta taxa de crescimento desacelerou ainda mais o coeficiente global de importação e aumentou o peso relativo dos bens de capital na pauta das importações. Em 1955 já havia mais um avanço na estrutura industrial: a participação dos bens de consumo havia caído de 75% para 55%; a de bens intermediários já era de quase 35%, a de setores mais complexos (bens de capital e bens de consumo duráveis) em torno de 10%. A indústria já contribuiu com cerca de um quarto do PIB e a agricultura de 1929 a 1955, verifica-se que a agricultura cresceu a uma taxa superior à da população, enquanto a produção industrial teve uma média anual de 7,3%, ou seja, superior à período 1900-1929, que era de 5,6%, de 1945 a 1955 a urbanização se aceleraria e a taxa de crescimento populacional aumentaria para 2,8% ao ano "Fronteiras" abriram estados como o Paraná e continuaram a marcha para o Oeste. Isso compensou grande parte do êxodo rural que se iniciou na época, o que levou a um aumento significativo dos fluxos migratórios nacionais. É verdade que Vargas se referiu à questão agrária na Mensagem de 1951 ao Congresso Nacional quando declarou a necessidade de realizar a reforma agrária e promover a colonização e também fundou o Banco Nacional de Crédito Cooperativo em 1951 e ao agregar várias organizações, o Instituto de Imigração e Colonização e, em 1952, o Mapa de Colonização do Banco do Brasil. Como se sabe, porém, não foi realizada a reforma agrária, o que limitou o Estado a promover alguns programas de colonização envolvendo os direitos de modo que a urbanização e a industrialização, juntamente com a expansão da "fronteira agrícola", representaram o meio mais importante de amortecer as tensões sociais desencadeadas pelo crescente êxodo rural até o início da década de 1960. A tentativa de fuga foi como uma rendição completa. Em que viveu no campo, na sua região de origem, o que também evitou permanentemente o confronto com a questão agrícola e a exclusão social da elite. Dado o porte e a diversificação produtiva da indústria paulista, estava à frente das demais e, para tanto, acelerou o processo de integração do mercado nacional, expondo as demais regiões à concorrência ao longo do período. Entre 1930 e 1955, 35 exerceu-se esse domínio do capital industrial paulista sobre o mercado nacional de commodities. As formas mais avançadas de domínio sobre a transferência inter-regional de capital produtivo não se manifestariam até meados da década de 1960. No entanto, essa integração de mercado, com a queda das velhas barreiras protecionistas interestaduais, poderia significar que, se o mercado regional, alguns estados pudessem ganhar vantagens competitivas em alguns produtos, mas não em todos, de modo que a integração poderia ter efeitos estimulantes, inibidores ou bloqueadores, até mesmo destrutivos. A propagação desses efeitos, que podem ser enfraquecidos pela ação governamental, pelos gastos públicos e políticas econômicas, ou pelo investimento regional privado de capital local mais expressivo, que se sabe ser geralmente menor e mais frágil, mas o equilíbrio da análise da produção regional e do comércio inter-regional mostra que os efeitos do estímulo foram maiores do que os outros. Considerando o período censitário 1919-1949, a integração do mercado nacional trouxe efeitos líquidos positivos para a agricultura e para a indústria periférica nacional. De fato, dividindo esse período em dois, 1919-1939 e 1939-1949, as taxas médias de crescimento industrial de São Paulo foram de 7,0,8% cada, enquanto a de todo o Brasil excluindo São Paulo foi de 5,0%. 0,2 no Nordeste de 3,7 0,9% tais efeitos, à medida que a indústria se diversifica e a urbanização acelera, a concentração industrial em São Paulo aumentaria, mas aumentaria também no restante do país. Em grande parte complementar, a esse dinâmico centro principal do país, São Paulo demandaria cada vez mais alimentos e matérias-primas, mas não apenas em estado bruto, o que estimularia o surgimento gradual de outras áreas de produção industrial em outras regiões do país. Um simples olhar sobre os padrões regionais de exportação de São Paulo revela essas mudanças estruturais: o bloqueio foi sentido até a década de 1960, quando, por exemplo, começaram e enfraqueceram as políticas de estímulo econômico ao investimento no Norte e Nordeste para alguns setores, principalmente a partir de 1970. Apesar da capacidade inexplorada pré-existente nas principais indústrias das regiões, a intensificação do comércio inter-regional não resultou em competição inter- regional destrutiva até o final da década de 1940, pois o mercado nacional foi cativado por essa mesma indústria, que só se manifestaria, com um certa expressão, a partir 36 da década de 1950, diante dos entraves ao comércio internacional durante a Segunda Guerra Mundial que impediram a conversão da indústria, o que não ocorreria até a década de 1950. A integração do mercado nacional avançou aos trancos e barrancos. As exportações de São Paulo para o resto do país e de lá para São Paulo aumentaram sua participação no fluxo total de exportação (saída e para o mercado inter-regional), passando de pouco mais de 35% em 1928 para pouco mais de 50% no mercado interno em 1955. O maior crescimento industrial paulista aumentou a participaçãopaulista na produção industrial do país, que atingiu 48,9% em 1949. No entanto, sabemos que São Paulo já concentrava parte importante da indústria nacional antes da intensificação do processo de integração nacional: em 1907 tinha 15,9%, superado apenas pelo atual estado do Rio de Janeiro com 37,8%.; em 1919 era de 31,5% e, portanto, já superava esse patamar; em 1929 teria atingido pelo menos 35% e o censo de 1939 daria a cifra de 45,4%. Embora, a rigor, só se possa falar de era Vargas até 24 de agosto de 1954, entende-se por movimentos estruturais de médio e longo prazo que foram causados por políticas de desenvolvimento nacional e diretamente (até o início dos anos 1970) ou indiretamente (entre 1970/72 e 1980), refletiu em avanços significativos na industrialização e reduções relativas dos desequilíbrios regionais, e depois continuou, embora com graus variados de diferenciação, até 1980. O governo JK (1956-1960 ) foi quem mais promoveu essas políticas, institucionalizando melhor as regionais e dando uma melhor estrutura de planejamento às graves crises econômicas nacionais que já nos atingiram. Neste último grande momento, que nos atormenta há 25 anos, o abandono da política nacional de desenvolvimento significou inevitavelmente que não existiu nenhuma proposta séria de política de desenvolvimento regional (CANO, 2002). 37 10 O CRESCIMENTO PIB BRASIL Fonte: valorinveste.globo.com O crescimento do PIB de 4,6% em 2021 é 0,1 ponto percentual (pp) superior à projeção divulgada em dezembro passado no quarto trimestre de 2021, o PIB cresceu 0,5% em base com ajuste sazonal em relação ao trimestre anterior e 1,6% em base anual - segundo o IBGE. O resultado foi superior à nossa projeção divulgada em dezembro de 1% de crescimento ano a ano e margem de lucro de 0,1%. Comparado com o quarto trimestre de 2019, antes da crise provocada pela pandemia de covid-19, o PIB cresceu 0,5%. O resultado do quarto trimestre deixa uma transferência de 0,3% para 2022 - ou seja, se permanecer estagnado nos quatro trimestres de 2022, o PIB encerrará o ano em alta de 0,3% (MELLO e SOUZA, 2022). Do lado da produção, os resultados foram heterogêneos em relação ao terceiro trimestre, que já compensou os efeitos sazonais. Um ponto positivo é a agricultura, que tem uma taxa de crescimento marginal de 5,8%. Mesmo assim, o setor encerrou 2021 com queda de 0,2%. O setor de serviços, embora continue sendo estimulado pela normalização do índice de transporte da cidade, desacelerou em relação aos resultados do terceiro trimestre, com o crescimento desacelerando de 1,2% para 0,5%. As atividades relacionadas com os serviços de informação e comunicação e outros serviços foram alguns destaques positivos. Após queda de 4,3% em 2020, o setor encerrou 2021 com alta de 4,7%. Por outro lado, o setor industrial continua impactado negativamente por fatores como altos custos de energia e questões 38 relacionadas às cadeias globais de fornecimento de insumos, registrou a terceira queda trimestral consecutiva na margem, com recuo de 1,2%. O fraco desempenho no quarto trimestre foi bastante disseminado pelos segmentos industriais. Com exceção da atividade de construção, que avançou 1,5%, todos os demais segmentos registraram queda. Apesar disso, o setor industrial encerrou o ano de 2021 com alta de 4,5%. Do ponto de vista dos gastos, o foco foi o consumo das famílias, que registrou alta de 0,7% na comparação com ajuste sazonal, marginal pelo segundo ano consecutivo. Com isso, o crescimento acumulado em 2021 é de 3,6%. O consumo do governo também contribuiu positivamente no quarto trimestre, crescendo marginalmente 0,8%. Por sua vez, a FBCF subiu 0,4% no quarto trimestre e encerrou o ano com forte alta de 17,2%. O bom desempenho reflete o crescimento em todos os seus componentes, com destaque para máquinas e equipamentos, que cresceu 23,6% em 2021. Os resultados do quarto trimestre resultaram em um aumento da taxa de investimento de 18,4% para 19% em base anual. Por fim, as exportações líquidas contribuíram ligeiramente negativamente para o desempenho do meio do ano no quarto trimestre, refletindo um aumento maior da absorção doméstica (2%) do que o PIB (MELLO e SOUZA, 2022). O indicador mensal de consumo aparente de bens industriais do IPEA - definido como a participação da produção industrial nacional no mercado interno mais as importações - subiu 2,1 por cento na série com ajuste sazonal na comparação com novembro e outubro. Com este resultado, o trimestre móvel encerrou novembro com contração marginal de 0,7%. Na composição do consumo aparente, ainda na comparação com ajuste sazonal, a produção doméstica (bens domésticos) cresceu 3,6% em novembro, enquanto as importações de produtos industriais recuaram 3,8%, conforme mostra a Tabela 1. Na comparação anual, a demanda doméstica por bens industriais caiu 1,2% em relação a novembro do ano passado. Como resultado, o trimestre móvel caiu 2,5% em relação ao mesmo período de 2020. Com base na oscilação acumulada em 12 meses, a demanda registrou crescimento de 7,9%, enquanto a produção industrial, medida pela Pesquisa Industrial Mensal de Produção Física (PIMPF) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cresceu no máximo 5% era %, conforme mostrado no Gráfico. 39 Fonte: MELLO e SOUZA, 2022. Fonte: MELLO e SOUZA, 2022. A previsão do Dimac/Ipea para o crescimento do PIB em 2021 é de 4,5%, abaixo da previsão anterior de 4,8%. Os resultados decorrem de uma queda no dinamismo econômico no Brasil, que reflete nossas expectativas de crescimento até o quarto trimestre de 2021. No quarto trimestre, a projeção com ajuste sazonal foi de alta de 0,1% em relação ao terceiro trimestre e de 1% na comparação anual. A previsão para o crescimento do PIB em 2022 também foi revisada de 1,8% para 1,1%. Por um lado, os efeitos negativos de uma combinação de inflação alta e ciclo de aperto serão importantes ao longo de 2022, especialmente no setor industrial. Por outro lado, 40 esperamos um desempenho positivo da agropecuária, com os gargalos de oferta sendo solucionados gradativamente ao longo do ano. Os fatores aqui mencionados já foram destacados nas previsões da carta anterior, mas alguns tiveram desempenho pior do que o esperado. A previsão para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2021 é de 10,0% e para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (INPC) é de 10,2% (MELLO e SOUZA, 2022). O aumento das projeções para 2021 reflete a dinâmica mais recente da inflação nos últimos três meses, com aumento da pressão sobre o setor de serviços e preços monitorados. Para 2022, as projeções do IPCA e do INPC ficaram em 4,9,6%. Fonte: MELLO e SOUZA, 2022. 11 MEIO AMBIENTE Fonte: preparaenem.com 41 A geografia é uma das disciplinas que fazem parte do currículo da educação básica brasileira e tem a relação homem-natureza como um dos temas mais clássicos da reflexão crítica e humanística para uma educação ambiental consonante. Devemos perguntar o que é geografia? Preocupação como ciência? E que significado tem para o campo de atividade social? Existem muitas definições do que é geografia, e encontrar um objeto para essa ciência tem sido objeto de muitas discussões. Na história do pensamento geográfico, diversas formas de análise da realidade tomaram como base a produção espacial, esse caminho tem sido associado às contínuas mudanças que ocorrem hoje devido aos desafios e problemas que a sociedade tem que enfrentar em termos de intervenções no meio ambiente. Entre as definições que moldaram o pensamento geográfico está o positivismo, com o primeiro método de sua captura: De uma tradição empirista inglesa (Francis Bacon 1561-1626), adotada pelos fundadores da sociologia francesa (AUGUSTO COMTE 1798-1857; EMILE
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