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Resumo para Av 02 Fundamentos daas Ciencias Sociais

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Resumo para Av 02 Fundamentos daas Ciencias Sociais
MAX WEBER / TEORIA COMPREENSIVA
- Segundo Weber, a dominação, ou seja, a probabilidade de encontrar obediência a um determinado mandato, pode fundar-se em diversos motivos de submissão.
- Existem três tipos de dominação legítimas: 
Dominação legal em virtude do estatuto. Seu tipo mais puro é a dominação burocrática. Sua idéia básica é: qualquer direito pode ser criado e modificado mediante um estatuto sancionado corretamente quanto à forma. A associação dominante é eleita e nomeada, e ela própria e todas as suas partes são empresas. Obedece-se não à pessoa em virtude de seu próprio direito, mas a rega estatuída, que estabelece ao mesmo tempo a quem e em que medida se deve obedecer. Correspondem naturalmente ao tipo de dominação “legal” não apenas a estrutura moderna do estado e do município, mas também a relação do domínio numa empresa capitalista privada, numa associação com fins utilitários ou numa união de qualquer outra natureza que disponha de um quadro administrativo numeroso e hierarquicamente articulado. A burocracia constitui o tipo tecnicamente mais puro da dominação legal. Nenhuma dominação, todavia, é exclusivamente burocrática, já que nenhuma é exercida unicamente por funcionários contratados. Tampouco é possível encontrar um quadro administrativo que seja de fato puramente burocrático. Costumam participar na administração, sob as formas mais diversas, dignitários de um lado e representantes de interesses por outro. Em princípio, considera-se impossível criar novo direito diante das normas e da tradição. Por conseguinte isso se dá, de fato, através do “reconhecimento” de um estatuto como “válido para sempre” (por sabedoria).
Dominação tradicional em virtude da crença na santidade das ordenações e dos poderes senhoriais de há muito existentes. Seu tipo mais puro é o da dominação patriarcal. A associação dominante é o de caráter comunitário. O tipo daquele que ordena é o “senhor”, e os que obedecem são “súditos”, enquanto que o quadro administrativo é formado por “servidores”. Obedece-se à pessoa em virtude de sua dignidade própria, santificada pela tradição: por fidelidade. O conteúdo das ordens está fixado pela tradição, cuja violação desconsiderada por parte do senhor poria em perigo a legitimidade do seu próprio domínio, que repousa exclusivamente na santidade delas.
Dominação carismática em virtude de devoção afetiva à pessoa do senhor e a seus dotes sobrenaturais (carisma) e, particularmente: a faculdades mágicas, revelações ou heroísmo, poder intelectual ou de oratória. Seus tipos mais puros são a dominação do profeta, do herói guerreiro e do grande demagogo. A associação dominante é de caráter comunitário, na comunidade ou no séquito. O tipo que manda é o líder. O tipo que obedece é o “apóstolo”. Obedece-se exclusivamente à pessoa do líder por suas qualidades excepcionais e não em virtude de sua posição estatuída ou de sua dignidade tradicional; e, portanto, também somente enquanto essas qualidades lhe são atribuídas, ou seja, enquanto seu carisma subsiste. Por outro lado, quando é “abandonado” pelo seu deus ou quando decaem a sua força heróica ou a fé dos que crêem em suas qualidades de líder, então seu domínio também se torna caduco. O quadro administrativo é escolhido segundo carisma e vocação pessoais, e não devido à sua qualificação pessoal (como o funcionário), à sua posição (como no quadro administrativo estamental) ou à sua dependência pessoal, de caráter doméstico ou outro (como é o caso do quadro administrativo
As transformações sociais e econômicas do século XVII e XVIII vivenciadas em todo o continente europeu influenciaram as preocupações intelectuais de Max Weber. A Alemanha teve o desenvolvimento capitalista e intelectual diferente do restante da Europa, enquanto França e Itália vivenciavam as revoluções burguesas republicanas e industriais a Alemanha permanecia monárquica e agrária.
As sociedades modernas eram formadas a partir de uma profunda diversidade social, o restante do continente europeu em suas teorias políticas, econômicas e sociais buscava a universalidade através dos nacionalismos, do positivismo em relação ao progresso técnico e científico proporcionado pelo sistema capitalista industrial. Já os alemães apresentavam um amplo interesse pela História particular de cada povo e pela diversidade. O pensamento alemão pode ser sintetizado na associação entre História, esforço interpretativo e facilidade em discernir diversidades.
Nesse sentido, a sociedade é analisada sob uma perspectiva histórica e nesse ponto apresentam-se as divergências entre Max Weber e Émile Durkheim, isto é, entre Positivismo e idealismo, cuja principal diferença está em como cada um encara a História.
O Positivismo possui a idéia de lei geral e História universal – excluí as particularidades de cada povo e delimita um território formando um Estado-Nação – e compara uma formação social com outra: Para eles, a História é um processo universal de evolução da sociedade, ou seja, todos os povos de todos os continentes possuem uma História única, linear, apenas em estágios diferentes percebidos pelo método comparativo.
Os Idealistas, por sua vez, corrente filosófica de Max Weber, defendem a pesquisa histórica, baseada na coleta de documentos e no esforço interpretativo das fontes. As diferenças sociais em cada território ou de uma nação para outra, apresentam-se como de gênese (origem) e formação, portanto de História, não de estágios de evolução. A perspectiva respeita o caráter particular e específico de cada formação social e histórica.
Max Weber combina a perspectiva histórica de respeito às particularidades e à Sociologia que ressalta os elementos mais gerais de cada fase do processo. Para ele, a sucessão de fatos não faz sentido por si só, os dados são esparsos e fragmentados.
Propõe então o Método Compreensivo que é o esforço interpretativo do passado e sua repercussão no momento presente. Assim, o conhecimento histórico é formado a partir da busca de evidências, onde o método permite ao cientista dar sentido social e histórico aos fatos separados, fragmentados.
1. Um pouco de biografia
Max Weber nasceu em Erfurt cidade da Alemanha em 21 de Abril de 1864 e pertenceu a uma família de classe média com bastante influência política e econômica. Sua mãe, Helene Fallenstein Weber, mulher culta e liberal, de credo protestante, tornou-se uma marcante personagem na vida do filho, pois até 1919 trocavam cartas com grande erudição muito frequentemente. Foi também na casa dos pais que Max Weber conheceu importantes pensadores do século XIX que frequentavam as reuniões promovidas por eles.
Até os dezessete estudou de forma relapsa, sem grandes esforços, mas era reconhecido como possuidor de um talento excepcional. Mesmo depois que entrou para a universidade de Direito, Weber passava boa parte do tempo a embriagar-se em círculos de fraternidades. Estudou matérias culturais como História, Economia e Filosofia. Interrompeu a faculdade para ingressar no serviço militar, onde pesou o esforço físico e a ausência da atividade intelectual. Passou um ano fazendo serviço militar e retornou à universidade.
Ao concluir o curso, foi trabalhar nos tribunais de Berlim, depois reingressou na universidade para os cursos de Direito Comercial, Alemão e Romano, onde defendeu sua tese de doutorado.
Casou-se com Marianne Schnitger, sua prima, em 1893 e passou a trabalhar como professor em Berlim e exercia uma série de trabalhos relacionados ao Direito. Nos anos seguintes foi aceito à cátedra[2] de Economia na universidade de Friburgo, depois em Heidelberg, onde conviveu com seus ex-professores e onde criou um círculo de amizade bastante fértil intelectualmente.
A partir de 1887 Max Weber começou a apresentar um quadro patológico de doença mental, passando por diversas internações em centros de reabilitação e a realizar viagens em busca de repouso e tratamento. Em uma de suas viagens, publica parte de sua obra sobre A ética protestante e o espírito do Capitalismo.Foi na viagem para os Estados Unidos da América que passou a se interessar sobre a questão do trabalho, da imigração e de administração pública.
Ao retornar para seus trabalhos na Alemanha, concluiu a segunda parte de A ética protestante e o espírito do capitalismo e em seguida, com a Revolução Russa, acompanhou os acontecimentos pela imprensa russa e os analisava para situá-los na história cotidiana. Tal atividade lhe rendeu a publicação de diversos ensaios sobre a Rússia e o conhecimento autodidata da língua.
Em 1903 Weber funda com Werner Sombart a revista Archiv für Sozialwissenschaft und Sozislpolitik e em 1908 ajuda a organizar a Associação Alemã de Sociologia, onde estimulou pesquisas coletivas sobre associações voluntárias, ligas atléticas, seitas religiosas e partidos políticos. Propôs estudos sobre a imprensa e sobre psicologia industrial.
Com a Primeira Guerra Mundial, aos cinqüenta anos, tornou-se oficial da reserva comissionado como administrador de nove hospitais em Heidelberg. De onde vivenciou um conceito central em sua Sociologia: a burocracia.
Em 1918 Max Weber deixa suas convicções monarquistas e torna-se um republicano, por acreditar que esse regime seja mais racional. Recebeu convite de várias universidades nacionais e estrangeiras, aceitando ficar, em 1919 em Munique. Nesse mesmo ano adoeceu, sendo diagnosticado com uma pneumonia aguda levando-o à morte em Junho de 1920.
Suas principais obras:
Do curso da História Alemã (1877)
A História agrária romana e seu significado para o Direito Público e Privado (1889)
História das instituições agrárias (1891)
As tendências na evolução da situação dos trabalhadores rurais na Alemanha Oriental (1894)
As causas sociais da decadência da civilização antiga (1895)
A ética protestante e o espírito do capitalismo (1904, 1905, 1906-1908)
As relações de produção na agricultura do mundo antigo (1909)
Economia e Sociedade (1910-1914)
Ensaio acerca de algumas categorias da Sociologia compreensiva (1912)
A ética econômica das religiões universais (1914)
A política como vocação (1918)
A ciência como vocação (1918)
Ensaio sobre o sentido da neutralidade axiológica nas Ciências Sociológicas e Econômicas (1918)
2. Principais Conceitos Weberianos
2.1  Ação Social: uma ação com sentido
Por Ação Social entende-se a conduta humana (ato, omissão, permissão) dotada de sentido, ou seja, de uma justificativa elaborada subjetivamente, isto é, um significado subjetivo dado de forma racional ou irracional por quem o executa, o qual orienta seu próprio comportamento, tendo em vista a ação – passada, presente ou futura – de outro ou outros.
O indivíduo é o agente social que dá sentido à sua ação, o sentido é compreendido através da análise do MOTIVO que leva a pessoa à ação, mas seus efeitos muitas vezes escapam ao controle e previsão do agente. É pelo motivo que se desvenda o sentido da ação e a motivação é formulada expressamente pelo agente ou está implícito em sua conduta.
O motivo da ação pode ser de três tipos:
I.            Dado pela tradição
II.            Dado por interesses racionais
III.            Dado pela emotividade
Então, tem sentido social toda ação que leva em conta a resposta ou a reação de outros indivíduos e é a interdependência entre os sentidos das diversas ações que dá o caráter social da ação. A tarefa do cientista é descobrir os possíveis sentidos das ações em todas as suas consequências.
Ex.: Enviar uma carta – ato composto de uma série de ações sociais com sentido
Escrever, selar, enviar e receber – ações com uma finalidade objetiva;
Atores , agentes se relacionam nessa ação com orientação de motivos diversos: enviar a carta, ser o atendente no posto dos correios, o carteiro, o destinatário.
Essa interdependência entre os diversos motivos que torna a ação social.
O sentido da ação é produzido pelo indivíduo através dos valores sociais que ele compartilha e do motivo que emprega. Prever todas as conseqüências da ação escapa ao indivíduo e é papel do cientista, a quem cabe explicar, isto é, captar e interpretar as conexões de sentido inclusas numa ação.
A conexão entre motivo e ações sociais revela as diversas instâncias da ação social: política, econômica ou religiosa.
As ações variam em grau de racionalidade: à medida que se afastam dos costumes e afetos elas são mais racionais.
Max Weber elaborou um quadro de tipos “puros” de ação social:
I.            Ação racional com relação a fins;
II.            Ação racional com relação a valores;
III.            Ação tradicional;
IV.            Ação afetiva.
Ação racional com relação a fins: Para atingir um objetivo previamente definido, lança-se mão de meios necessários ou adequados, ambos combinados e avaliados tão claramente quanto possível de seu próprio ponto de vista. É uma ação evidente, chegar ao objetivo pretendido recorrendo aos meios disponíveis.
Erros e afetos desviam o curso da racionalidade.
Ação racional com relação a valores: Ação que visa um objetivo, mas agindo de acordo com ou a serviço de suas próprias convicções, levando em conta somente a fidelidade a certos valores que inspiram sua conduta. O sentido da ação não está no resultado ou nas conseqüências, mas na própria conduta.
Ação irracional afetiva: A ação é inspirada em suas emoções imediatas sem considerar os meios ou os fins a atingir.
A ação afetiva deve ser diferenciada da ação com relação a valores, para evitar confusões, pois a primeira não se preocupa com os fins a serem alcançados, muito menos com os meios utilizados para se chegar a qualquer fim, ela tem uma razão em si mesma. Já em relação aos valores, o agente da ação elabora racionalmente e conscientemente onde e como chegar aonde se quer.
Ação tradiconal: baseia-se nos hábitos e costumes.
Determinadas ações sociais se manifestam com mais freqüência que outras o quê permite ao cientista perceber tendências gerais que levam os indivíduos, em dada sociedade, a agir de determinado modo.
Interpretar a ação social é observar suas regularidades expressas nos usos, costumes e situações de interesse.
2.2  Relação Social
Ação é diferente de relação social, pois nesta o sentido precisa ser compartilhado. Um exemplo: pedir informação – o indivíduo faz uma ação social, pois tem um motivo e age em relação a outro, mas o motivo não é compartilhado.
Um exemplo de relação social: Sala de aula – estabelece uma relação social onde o objetivo é compartilhado por todos os envolvidos.
Relação social é então uma ação social cujo sentido é compartilhado pelas pessoas envolvidas na ação. É a conduta de várias pessoas orientada, dotada de conteúdos significativos, que descansam na probabilidade de que se agirá socialmente de certo modo.
Ao envolver-se em uma relação, tem-se por referência certas expectativas da conduta do(s) outro(s). As Relações sociais estão inseridas em e reguladas por expectativas recíprocas quanto ao seu significado, são ações que incluam uma mútua referência.
Weber chega à conclusão de que não existe oposição entre indivíduo e sociedade, pois quanto mais racional uma relação mais facilmente ela se traduz em normas e uma norma para se tornar concreta, primeiro se manifesta nos indivíduos como motivação.
2.3  O Tipo Ideal
Max Weber é um estudioso do próprio processo de pesquisa social, ele observa que ao se estudar um determinado fenômeno, o objeto de estudo, aborda-se apenas um fragmento finito da realidade. O cientista deve compreender uma individualidade sociocultural formada de componentes historicamente agrupados, nem sempre quantificáveis, a partir da análise histórica para explicar o presente e então partir deste para avaliar as perspectivas futuras.
O que dará a validez científica a uma pesquisa é o método e os conceitos que o estudioso utiliza. Assim, é o instrumento que orienta o cientista social em sua busca de conexões causais, no caso de Weber, o tipo ideal.
O tipo ideal é um trabalho teórico indutivo com o objetivo de sintetizar o que é essencial na diversidade social. Permite conceituar fenômenos e formações sociais e identificar e comparar na realidadeobservada suas manifestações. Os diversos exemplos mantém com o tipo ideal grande semelhança e afinidade. Ele permite comparações e a percepção de semelhanças e diferenças.
Ele é então um instrumento de análise, um modelo acentuado do que é característico ou fundante no estudo. É uma construção teórica abstrata utilizada pelo cientista ao longo do seu processo de pesquisa. Três características definem os limites e as possibilidades do tipo ideal:
Racionalidade: escolha de características do objeto relacionadas de modo racional;
Unilateralidade: a escolha racional acentua unilateralmente os traços considerados mais relevantes;
Caráter utópico: não é, nem pretende ser, um reflexo ou repetição da realidade.
O tipo ideal é a construção de um modelo para permitir a comparação entre o este e a realidade empírica, observável.
3. A tarefa do cientista
O cientista, como todo indivíduo em ação, age guiado por seus motivos, sua cultura e suas tradições. Isto indica que o cientista parte de sua subjetividade para realizar uma pesquisa social. Como então conciliar a parcialidade, necessária à pesquisa, e a subjetividade?
As preocupações do cientista orientam a seleção e a relação entre os elementos da realidade a ser analisada. Ao iniciar o estudo vem a busca da objetividade, a neutralidade é buscada para dificultar a defesa das crenças e das idéias pessoais e assim poder analisar o objeto de estudo a partir dos nexos causais que ele apresenta e não daquilo que o estudioso queira encontrar.
Cabe ao cientista compreender, buscar os nexos causais que dêem o sentido da ação social, isto é, compreender que os acontecimentos começam nos indivíduos. Ao fazer isso, o pesquisador contribui para o conhecimento não do todo social, mas de uma parte dele, pois uma teoria é sempre uma explicação parcial da realidade. Assim, um acontecimento pode ter diversas causas: econômicas, políticas, religiosas e cada uma compõe um conjunto de aspectos da realidade que se manifesta nos atos dos indivíduos.
O que garante a cientificidade de uma explicação é o método de reflexão e os conceitos escolhidos para guiar a pesquisa, não a objetividade pura dos fatos. Sendo assim, a análise social envolve sempre qualidade, interpretação, subjetividade e compreensão.
4. A ética protestante e o espírito do capitalismo
Esse é o título de uma das principais obras de Max Weber, talvez tenha sido aquela que mais que trouxe fama e prestígio. Nela o autor buscava compreender a relação entre o protestantismo e um comportamento típico do capitalismo.
Weber foi motivado pela análise de dados estatísticos que evidenciaram a grande participação de protestantes entre os homens de negócio, entre os empregados bem-sucedidos e como mão-de-obra qualificada. A partir daí procurou observar a conexão entre a doutrina e a pregação protestante e seus efeitos no comportamento dos indivíduos.
A doutrina e as pregações mostraram a presença de valores protestantes tais como: Disciplina, poupança, austeridade, vocação, dever e propensão ao trabalho. Tais valores formaram a partir da Reforma Protestante no século XVI uma nova mentalidade – ethos – propício ao desenvolvimento do capitalismo.
Nesse trabalho, Max Weber expõe as relações entre religião e sociedade e desvenda particularidades do capitalismo:
A relação não se dá por meios institucionais; mas por intermédio de valores introjetados nos indivíduos e transformados em motivos da ação social.
Motivação prostestante: trabalho como dever, como vocação. Não visando o ganho material como o objetivo final.
Como consequência, os trabalhadores protestantes adaptavam com facilidade ao mercado de trabalho, também eles acumulavam capital já que a pregação de uma vida regada e sem usura era predominante. Ao acumularem capital faziam poupança ou criavam seus próprios negócios como reinvestimento produtivo.
A ação individual de cada protestante, com o motivo relacionado a valores vai além de sua intenção: Virtude e vocação; Renúncia aos prazeres materiais. Sofre impacto diretamente no meio social ao contribuir com as bases que promoveram o desenvolvimento capitalista.
Como cientista, Weber procurou estabelecer as conexões entre os motivos e os efeitos da ação no meio social. Percebeu que o Protestantismo possuía afinidade com o racionalismo econômico, enquanto o catolicismo difundia o ascetismo[3] contemplativo, isto é, um conjunto de valores mais para a meditação do que para a ação prática.
Weber procurou fazer a construção do tipo ideal de capitalismo ao estudar as diversas características das atividades econômicas em várias épocas e lugares e chegou ao seguinte resultado:
Capitalismo è organização econômica racional assentada no trabalho livre e orientada para um mercado real, não para a mera especulação ou rapinagem.
Características do sistema capitalista:
separação entre público e privado;
utilização técnica do conhecimento científico – ciência;
direito e administração racionalizados.
Esse e outros trabalhos de Max Weber situam-se na área da Sociologia da Religião e seu esforço intelectual consistiu em observar na esfera religiosa um conjunto de valores que conduziram à racionalização das condutas dos fiéis. Fenômeno fundamental para a transformação das práticas econômicas e para a constituição da estrutura das sociedades modernas.
Weber entende que cada religião constitui uma individualidade histórica, rica e complexa. Por isso seu objetivo era compreender as conseqüências práticas da religiosidade para a conduta social e ao persegui-lo, notou que a religião pode fomentar o racionalismo prático e intensificar a racionalidade metódica, sistemática, do modo exterior de levar a vida.
Esse é um processo que ocorre ao nível da organização da comunidade e traduz-se ao nível das concepções de mundo. De um lado estão os virtuosos, tendo legitimada sua boa sorte. Os menos afortunados são apoiados pela criação do mito da salvação. No cristianismo construiu-se a figura do redentor, salvador, como uma explicação racional para a história da humanidade. A atitude religiosa ascética leva o virtuoso a submeter os impulsos naturais ao modo sistematizado de levar a vida. Mudança na comunidade religiosa que se desdobra num domínio racional do universo.
5. Visão geral de Max Weber
Weber mostrou a fecundidade da análise histórica e da compreensão qualitativa dos processos históricos e sociais e apontou a especificidade das ciências humanas: o homem como um ser diferente das demais espécies e então sujeito a leis de ação e comportamentos próprios.
Defendeu o indeterminismo histórico, isto é, reafirmando a não existência de leis preexistentes que regulem o desenvolvimento da sociedade ou a sucessão de tipos de organização social.
E contribuiu para a consolidação da Sociologia como ciência ao compor o método compreensivo e discutir a relação entre subjetividade e objetividade do trabalho de pesquisa, posicionando-o como um dos clássicos da Sociologia e um de seus mais proeminentes representantes.
Sobre algumas categorias da sociologia compreensiva
1. O sentido de uma “Sociologia Compreensiva”
- O decurso das conexões e das regularidades do comportamento humano pode ser interpretado pela compreensão.
- O entender de determinadas conexões deve ser controlado, na medida do possível, com os métodos usuais da imputação causal, antes que uma interpretação, mesmo que muito evidente, se transforme numa “explicação compreensiva” que seja válida.
- De maneira alguma é compreensiva apenas a ação racional com relação a fins: entendemos também o decurso típico dos afetos e as suas conseqüencias típicas.
-Temos que apreender o absolutamente “compreensível” e, ao mesmo tempo mais “mais simples”, na medida em que corresponde a um “tipo regular”.
-O comportamento que é interpretável racionalmente se apresenta como o “tipo ideal” mais apropriado: tanto a sociologia como a História fazem fazem interpretações de caráter pragmático a partir das conexões racionalmente compreensíveis de uma ação. Ex: Economia racional constrói o “homem economico”.
- O objetoespecífico não é tipos de “estado interno” ou comportamento externo mas sim a ação.
- Ação: comportamento compreensível em relação a “objetos” (comportamento especificado ou caracterizado por um sentido (subjetivo) “real” ou “mental”.
-O mundo exterior e a ação dos outros relacionam-se de maneira subjetivamente provida de sentido com as ações efetivas e estados mentais que tem importância sobre o decurso da ação.
- A sociologia compreensiva estabelece diferenças da ação conforme referências típicas, providas de sentido (referencias ao exterior). O racional, com relação a fins, lhe serve como tipo ideal, para poder avaliar o alcance do irracional com relação a fins.
- Diferenças das qualidades psicológicas não são por si sós importantes para nós. Ex: Idêntica procura de “rentabilidade” por parte da “mesma” empresa comercial pode ter em mãos dois proprietários sucessivos com “qualidades de caráter” diferentes.
2. A sua relação com a psicologia
-A sociologia compreensiva não é parte da psicologia.
-A maneira mais compreensível da estrutura provida de sentido de uma ação, é a ação provida orientada subjetivamente de maneira racional, conforme meios adequados para alcançar os fins propostos.
-Quando se “explica” uma tal ação, isto não significa que não se pretende deduzi-la a partir de situações “psíquicas”, pelo contrário, se pretende deduzi-la a partir das expectativas referentes ao comportamento dos objetos (racionalidade com relação a fins objetivos), e à racionalidade em relação ao que regularmente e objetivamente acontece.
- Toda explicação de processos irracionais, como o pânico na bolsa de valores, necessita da seguinte constatação: como teria se comportado no caso limite ideal típico racional com relação a fins e racionalidade regular. Somente quando for estabelecido isto pode ser estabelecida a imputação causal.
-Prescindindo da imputação causal, a historiografia e a sociologia têm que ver, continuamente, com as relações que um decurso de uma ação compreensível, provida de sentido, mantém com o tipo que a ação deve aceitar e que corresponde ao válido. , ou seja, ao tipo regular.
-O fato de que um comportamento orientado, subjetivamente provido de sentido, corresponda a um tipo regular, se contraponha a ele ou dele se aproxime, pode constituir para determinados fins, um sentido um estado de coisas de extrema importância.
-A coincidencia com o tipo regular é a conexão causal mais adequada provida de sentido.
- “Causado adequadamente de uma maneira provida de sentido, a partir da história lógica, é o fato de que dentro de um contexto de argumentos sobre questões lógicas dentro de uma problemática, ocorre ao pensador uma idéia que se aproxima do tipo regular (correto) da solução.
-O fato de um certo decurso da ação real se aproximar ao “tipo regular”, isto quer dizer, da racionalidade com relação ao regular fático e objetivo, está longe de coincidir com uma ação orientada subjetivamente em relação a fins, com plena consciência e adotados meios dos “mais racionais” que são considerados os “mais adequados”.
- Uma parte especial e essencial da pesquisa consiste em revelar conexões observadas de modo insuficiente ou nem percebidas. Portanto, em nosso sentido não são conexões orientadas subjetivamente e racionais, mas que, mesmo assim processam de acordo com uma conexão que é compreensível objetivamente de uma maneira racional.
-Na história da cultura - fenômenos que aparentemente estão condicionados de maneira racional com relação a fins, surgiram historicamente, na verdade, por motivos irracionais. Sobreviveram adaptando-se e difundiram-se porque as condições adaptadas de vida lhes atribuiu um alto grau de “racionalidade com relação ao regular”.
-Ele apresenta tipos de ação divididos de acordo com seu grau de subjetidade. Ex: O 1 é o tipo regular que é alcançada de maneira mais ou menos aproximada e o 6 fatos psíquicos ou físicos que são totalmente compreensivos.
-Para a sociologia as relações com a psicologia diferem de caso a caso. A racionalidade regular serve a sociologia como tipo ideal, no que diz respeito à ação empírica.
-O grau de racionalidade com relação ao regular de uma ação é, para uma disciplina empírica, também e definitivamente uma questão empírica.
-A racionalidade regular serve à sociologia como tipo ideal no que diz respeito à ação empírica.
-As interpretações providas de sentido de um comportamento concreto não são mais do que meras hipótesese para uma imputação causal. Faz-se necessário uma verificação na qual se emprega os mesmos meios como em qualquer outra hipotese.
-O nosso trabalho também inclui aquela importante problemática que se refere ao grau da relação do comportamento empírico com o tipo regular que passa a ser um momento de desenvolvimento causal real dos processos empíricos.
-Do ponto de vista lógico, não há diferença se um tipo ideal é construído a partir das conexões compreensivas providas de sentido ou a partir de conexões carentes de sentido.
-Em que medida um tipo regular se torna adequado como tipo ideal é algo que depende da relação de valores.
3. A sua relação com a teoria jurídica
- O indivíduo constitui o limite e o único portador de um comportamento provido de sentido.
-Conceitos como Estado, feudalismo, corporação, e outros designam para a sociologia categorias que se referem a determinados modos de “o homem agir”em sociedade. Portanto, a sua tarefa consiste em reduzi-lo a um agir que é compreensível e isto significa um agir de homens que se relaciona entre si.
-Este não é o caso quando se trata de outras abordagens, como a jurídica que em certas circunstancias trata o “Estado” como se fossem um personagem de direito igual ao indivíduo.
-A sociologia não se preocupa com a elaboração do conteúdo do sentido “objetivo” e “logicamente correto” dos “preceitos jurídicos”, mas com um agir, para cujos determinantes e resultantes, entre outros fatores, desempenhem um papel importante, assim como as representações dos homens sobre o “sentido” e o “valor” de determinados preceitos jurídicos.
-A sociologia vai além da constatação da existência efetiva da representação de validade pois: leva em consideração a probabilidade da divulgação de tais ideias e faz uma reflexão no sentido de que em determinadas circunstancias o fato de predominar na cabeça na cabeça de determinados homens certas idéias, que dizem respeito ao “sentido” de um “preceito jurídico”; o agir pode ser orientado racionalmente em certas “expectativas” e proporciona a indivíduos concretos determinadas “possibilidades”. Este fato pode ter grande influencia sobre o seu comportamento. Nisso consiste o significado sociológico conceitual da “validade” empírica de um preceito jurídico.
-Quando ela se vê obrigada a usar termos que a jurisprudencia usa, ela não se preocupa com o sentido juridicamente “correto” destes termos. Pois lhe atribui o seu próprio sentido (sociológico) que é radicalmente diferente.
-A sociologia deve proceder usando conexões usuais da vida cotidiana., cujo sentido é bem cinhecido, tendo em mente a definição de outras conexões que serão usadas para definir as primeiras.
4. O “agir comunitário”.
-Falamos de agir em comunidade todas as vezes que a ação humana se refere de maneira subjetivamente provida de sentido ao comportamento de outros homens. A sua orientação provida de sentido em expectativas de um determinado comportamento por parte dos outros e nas possibilidades calculadas (subjetivamente) para o êxito da própria ação.
-Assim há uma possível ampliação essencial daquele âmbito de expectativas dentro do qual o agente pode orientar o seu próprio agir de maneira racional com relação a fins.
-No entanto, é muito imprecisa a transição do tipo ideal do relacionamento provido de sentido do comportamento próprio ao de um terceiro.
-Agir em comunidade significa: 1)comportamento historicamente observado. 2) um comportamento teoricamente construído como sendo objetivamente possível ou provável e que é praticado por indivíduos com relação a comportamentosde outros, reais ou possíveis.
5. “Agir em sociedade”
-É um agir em comunidade mas que se orienta de maneira significativa por expectativas que são alimentadas com base em regulamentações. Tal regulamentação foi feita de modo puramente racional com relação a fins, tendo em mente o agir esperado dos associados como consequencia, e quando a orientação provida de sentido se faz, subjetivamente de maneira racional, com relação a fins.
- O agir subjetivamente provido de sentido pode corresponder para os indivíduos associados ao agir efetivo objetivamente.
- Mas o agir que está orientado subjetivamente conforme regulamento pode não levar a um agir idêntico em casos objetivamente idênticos afinal, o sentido de um regulamento e a própria ação prevista ou esperada pode ser interpretada de modo diferente. E mais ainda, o sentido subjetivamente apreendido pode ser conscientemente infringido por um membro associado. Ex: jogo de cartas.
-A validade empírica de uma ordem existente que é racional em relação a fins não é decisivo que os agentes individuais se orientem o seu próprio agir conforme o conteudo do sentido interpretado subjetivamente por eles.
-A sociologia atribui aos que participam da ação uma certa capacidade édia de compreensão que exigida para o agir.
-Por causa disso, a qualidade empírica de uma ordem estabelecida consiste na fundamentação objetiva daquela média de expectativas de comportamento. -Um agir “adequadamente causado” entendemos como um agir orientado.
-Quando um indivíduo se bate em duelo, ele se orienta por procedimentos convencionais, pois emm nossa legislação ele é proibido no entanto, certas idéias muito difundidas com referencia ao sentido das convenções sociais aceitas como válidas o impõem.
-Atribuímos ambos validade empírica. O comportamento dos outros, de acordo com a concepção média vigente, adaptar-se-á ao regulamento ao passo que eles mesmos orientam o seu p´roprio agir conforme expectativas semelhantes alimentadas pelos outros.
-Os participantes não orientam seu próprio agir unicamente nas expectativas do agir dos outros e na medida em que diferentemente está difundido entre eles a convicção subjetiva de que a legalidade (apreendida subjetivamente de maneira provida de sentido) referente à ordem, é obrigatória para eles.
-O agir que de acordo com seu conteúdo de sentido subjetivamente pressuposto e imaginado como média, implica um acordo é um “agir associativo”. Em oposição ao “agir em sociedade” que é orientado segundo este acordo.
-associações de fins não são uma formação social efemera mas duradoura. O agir modificado em sociedade como uma continuação da “antiga formação social”. Caracetrísticas pág. 329.
Associação de fins: uma combinação de regras gerais, a existencia de órgãos próprios da associação.
-O agir em sociedade é co-determinado pelo fato de que os seus participantes orientam a sua ação nos regulamentos de uma outra associação da qual também participam. Ex: agir em sociedade da igreja e nos regulamentos políticos.
-Todo agir em sociedade é a expressão de uma constelação de interesses dos participantes que se dirige à orientação do agir de acordo com seus próprios regulamentos e de acordo com nenhum outro. Os indivíduos acreditam contar com um agir combinado através da associação referente ao agir do outro e dos outros e que ele mesmo, por causa disso, tambpem pode orientar o seu próprio agir conforme os mesmos regulamentos.
6. O “consenso”
-Ha complexos de agir em comunidade que mesmo sem um regulamento combinado de maneira racional com relação a fins decorrem efetivamente como se tivesse tal regulamento e nos quais este efeito específico é co-determinado pelo tipo de relacionamento de sentido do agir dos indivíduos.-Ex: Troca de dinheiro. Pág. 332.
-Há uma ampla escala de transições até chegar ao caso específico do agir em comunidade: aquele no qual um comportamento é imitado ou reproduzido pelo fato de ser característica da pertença a um determinado círculo de homens.
-Por consenso entendemos o fato de um agir orientado em expectativas de comportamento de outras pessoas tenham, exatamente por causa disso, uma possibilidade empiricamente “válida” de ver cumpridas essas expectativas, porque existe objetivamente a possibilidade das outras pessoas entenderem tais expectativas, apesar da inexistencia de contrato.
-O conjunto das ações que acontecem por serem determinadas pela orientação em tais possibilidades de consenso denominaremos de “agir por consenso”.
-Causação adequada via compreensão.-Consenso pode ser infrigido como os estatutos. -O consenso válido não pode ser identificado como acordo tácito.
-A relação de sentido e expectativas que constituem o consenso de maneira alguma precisam ter o caráter de um cálculo racional com relação a fins de uma orientação em vista de “regulamentos” racionalmente construídos.
-A orientação válida em vista a “expectativas” significa no caso do consenso apenas que o indivíduo tem a chance de poder ajustar “pela média” o seu próprio comportamento a um conteúdo de sentido determinado como supostamente válido. , de caráter altamente irracional, pelo comportamento dos outros.
-A luta abrange todos os tipos de agir em comunidade. Pois inclui algum grau de associação ou consenso. Pag. 340
7. “Instituição” e “Associação”
- O tipo ideal de associação , a “associação de fins racional” se baseia num acordo explicito no que se refere aos meios, aos fins e aos regulamentos. Uma formação desta pode ser caracterizada como durável, apesar das alterações dos integrantes. A expectativa justificada pela média, orienta o agir de todos, tendo em mente o regulamento e é portanto baseada em um acordo racional particular entre todos os indivíduos.
- Mas existem formas importantes de associação nas quais o agir em sociedade está, em organizado racionalmente referentes à sua organização de sociedade dentro da qual, os indivíduos nela entrem sem querer e comecem a fazer parte do agir em sociedade, envolvidos por aquelas expectativas no seu próprio agir, tendo em vista regulamentos feitos pelos homens.
-O agir em comunidade se caracteriza pelo fato de que a partir da existência de certas circunstâncias objetivas, se espera de uma pessoa que participe do agir em comunidade e em particular aja de acordo com os regulamentos.
- São forçados a isso mediante um “aparato coercitivo” apesar de sua resistência.-Descendencia, nascimento, mera permanencia num país, ou certas ações empreendidas dentro de um território.
-A maneira normal de o indivíduo ingressar na comunidade, então, é o ter ele nascido numa determinada comunidade e ter se educado nela.
-Denominamos instituições aquelas comunidades que possui o seguinte estado de coisas: 1) oposição a associação voluntárias com fins 2) em oposição às comunidades consensuais que não possuem um regulamento racional deliberado (a existencia de tais regulamentos racionais, criados pelos homens e a existencia de um aparato coercitivo como uma circunstancia que co-determina o agir.
-São instituições aquelas formas estruturais da comunidade política à qual chamamos de “Estado” e aquelas formas da comunidade religiosa às quais se dá o nome de Igreja.
-Um agir em associação significa um agir orientado não conforme um estatuto mas segundo um consenso, sem que o indivíduo o queira de maneira racional com relação a fins.

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