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Morfologia Urbana e Desenho da Cidade_Lamas

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ÍNDICE 
PREFÁCIO Á 42 EDICÃO 
NOTA INTRODUTÓRIA Á 22 EDIÇÃO 
PREFÁCIO- CARLOS DOS SANTOS DUARTE 
PARTE I INTRODUÇÃO 
PARTE 11 A MORFOLOGIA URBANA 
11 
13 
15 
17 
35 
2.1 A MORFOLOGIA URBANA 37 
2 .2 AFORMAURBANA 41 
• FORMA E CONTEXTO 46 
• FORMA E FUNÇÃO 48 
• FORMA E FIGURA 54 
2.3 PRODUÇÃO E FORMA DA CIDADE E PRODUÇÃO E FORMA DO 
TERRITÓRIO 63 
• O TERRITÓRIO COMO SUPORTE DA ARQUITECTURA 63 
• ALARGAMENTO DA NOÇÃO DE FORMA URBANA 63 
• A PAISAGEM COMO OBJECTO ESTÉTICO, A PAISAGEM COMO 
ARQUITECTURA E A ESTÉTICA DA PAISAGEM NATURAL 66 
• FORMA URBANA E FORMA DO TERRITÓRIO 70 
2.4 DIMENSÕES ESPACIAIS NA MORFOLOGIA URBANA 73 
• DIMENSÃO SECTORIAL - A ESCALA DA RUA 73 
• DIMENSÃO URBANA - A ESCALA DO BAIRRO 74 
• DIMENSÃO TERRITORIAL - A ESCALA DA CIDADE 74 
2.5 OS ELEMENTOS MORFOLÓGICOS DO ESPAÇO URBANO 79 
• O SOLO - O PAVIMENTO 80 
• OS EDIFÍCIOS - O ELEMENTO MÍNIMO B4 
• O LOTE - A PARCELA FUNDIÁRIA 86 
• O QUARTEIRÃO 88 
• A FACHADA - O PLANO MARGINAL 94 
• O LOGRADOURO 98 
• O TRAÇADO, A RUA 98 
• A PRAÇA 100 
• O MONUMENTO 1 02 
• A ÁRVORE E A VEGETAÇÃO 106 
• O MOBILIÁRIO URBANO 108 
2.6 EVOLUÇÃO DO TERRITÓRIO 111 
• O DOMÍNIO DAS TRANSFORMAÇÕES DO TERRITÓRIO 112 
• MECANISMOS DAS TRANSFORMAÇÕES DO TERRITÓRIO 114 
2.7 NÍVEIS DE PRODUÇÃO DO ESPAÇO 121 
2.8 URBANISMO E ARQUITECTURA 125 
(O DESENHO URBANO ENTRE O PLANEAMENTO E O PROJECTO DOS EDÍFICIOS) 125 
2.9 EPÍLOGO 129 
PARTE III FORMA DAS CIDADES E DESENHO URBANO ATÉ AO PERÍODO MODERNO 131 
3. 1 A LIÇÃO DO PASSADO 133 
3.2 A MORFOLOGIA URBANA NA GRÉCIA E EM ROMA 139 
• A FORMA DAS CIDADES GREGAS 139 
• O DESENHO URBANO NA ROMA ANTIGA 144 
• O QUARTEIRÃO GREGO E ROMANO 148 
3.3 A FORMA URBANA MEDIEVAL 151 
• AS MURALHAS 152 
• AS RUAS 152 
• OS ESPAÇOS PÚBLICOS - A PRAÇA E O MERCADO 154 
• OS EDIFÍCIOS SINGULARES 154 
• O QUARTEIRÃO MEDIEVAL 154 
3..4 O DESENHO URBANO NO RENASCIMENTO E NO BARROCO 167 
• AS FORTIFICAÇÕES 170 
• A RUA 172 
• O TRAÇADO RECTICULAR - A QUADRÍCULA 174 
• A PRAÇA 175 
• A FACHADA 177 
• OS EDIFÍCIOS SINGULARES 179 
• O MONUMENTO 184 
• O QUARTEIRÃO 188 
• OS QUARTEIRÕES DO BAIRRO ALTO 190 
• OS QUARTEIRÕES DA BAIXA POMBALINA 190 
• ESPAÇOS VERDES 194 
• OUTRAS TIPOLOGIAS 
(AS INVENÇÕES INGLESAS SO SÉCULO XVIII - O «CRESCENT» 
O «CIRCUS>> E O «SQUARE») 194 
3.5 DESENHO DE FORMAS URBANAS NO SÉC XIX . 203 
• A CONTINUIDADE DO BARROCO E O APERFEIÇOAMENTO 
DA CIDADE BURGUESA · 203 
• A DESTRUIÇÃO DAS MURALHAS E LIMITES DA CIDADE 204 
• O SUBÚRBIO E A PERIFERIA 206 
• A ESPECULAÇÃO FUNDIÁRIA SEM DESENHO URBANO 208 
• UTOPIAS SOCIAIS 21 O 
• EXPERIMENTAÇÃO URBANÍSTICA 210 
• PARIS DE HAUSSMANN- TRAÇADOS BARROCOS E QUARTEIRÕES 212 
• BARCELONA DE CERDÁ - EXTENSÃO DA QUADRÍCULA 
E SUBVERSÃO DO QUARTEIRÃO 216 
• AS AVENIDAS DE LISBOA DE RESSANO GARCIA - TRAÇADOS 
BARROCOS E QUADRÍCULAS . 221 
3 .6 SÍNTESE- APRENDENDO NO PASSADO 227 
PARTE IV A URBANÍSTICA FORMAL 229 
4 .1 INTRODUÇÃO 
• A DISCIPLINA URBANÍSTICA - DO INÍCIO AO URBANISMO FORMAL 
DE ENTRE AS DUAS GUERRAS 
8 
231 
231 
• SILÊNCIO SOBRE A TRADIÇÃO 
4 .2 OS TRATADISTAS DO INÍCIO DO SÉCULO XX 
E A VALORIZAÇÃO DO DESENHO URBANO 
• STUBBEN E CAMILLO SITIE 
• UNWIN - A PRÁTICA DO URBANISMO E DO DESENHO URBANO 
4.3 A ESCOLA FRANCESA - URBANISMO FORMAL E TRADIÇÃO PARISIENSE 
• TONY GARNIER E A CIDADE INDUSTRIAL 
• MARCEL POETE E A INVESTIGAÇÃO URBANA 
• AGACHE E O PLANO DE RIO DE JANEIRO 
4.4 A URBANÍSTICA FORMAL PORTUGUESA 
• FARIA DA COSTA E OS BAIRROS DE ALVALADE E DO AREEIRO 
4 .5 DA URBANÍSTICA FORMAL AO NOVO URBANISMO 
PARTE V CONFIGURAÇÃO E MORFOLOGIA DA CIDADE MODERNA 
5 .1 INTRODUÇÃO- A CIDADE MODERNA 
• A QUESTÃO DO ALOJAMENTO (NOVAS TIPOLOGIAS CONSTRUTIVAS, 
238 
249 
249 
252 
259 
268 
270 
273 
281 
284 
293 
295 
297 
NOVAS FORMAS URBANAS) 300 
• FUNCIONALISMO E ZONAMENTO - A SIMPLIFICAÇÃO DOS PROBLEMAS 303 
• A QUESTÃO FUNDIÁRIA - PARCELAMENTO E SOLO PÚBLICO 304 
• O FASCÍNIO PELOS EDIFÍCIOS ISOLADOS 307 
• RUPTURA COM A HISTÓRIA 308 
• OS NOVOS MA TERIAS E TECNOLOGIAS 31 O 
5 .2 A CIDADE-JARDIM, O IMPASSE E A IMPLANTAÇÃO DE RADBURN 311 
5.3 A «UNIDADE DA VIZINHANÇA»- A SOCIOLOGIA DESENHA A CIDADE 317 
5.4 AS EXPERIÊNCIAS HABITACIONAIS HOLANDESAS- A REFORMA DO QUARTEIRÃO 323 
5.5 EXPERIÊNCIAS HABITACIONAIS NA EUROPA CENTRAL 
- AS SIEDLUNGEN E AS HOFF 
5 .6 A CIDADE DOS CIAM E DA CARTA DE ATENAS 
• AS UNIDADES DE COMPOSIÇÃO DA CIDADE MODERNA 
• A CARTA DE ATENAS 
• OS CENTROS HISTÓRICOS E A CIDADE ANTIGA 
• O CONTROLO DO SOLO E A LIBERTAÇÃO MÁXIMA DO ESPAÇO LIVRE 
331 
337 
338 
344 
347 
348 
5 .7 LE CORBUSIER- «A UNIDADE DE HABITAÇÃO» E A «CIDADE RADIOSA» 351 
5 .8 A URBANÍSTICA OPERACIONAL- A BUROCRACIA CONSTRÓI A CIDADE 361 
• DAS IMPLANTAÇÕES RACIONAIS À PLANTA LIVRE 362 
• A ESTÉTICA DO PLAN MASSE 370 
• O PREDOMÍNIO DAS DISCIPLINAS NÃO ESPACIAIS NO PLANEAMENTO 372 
• A URBANÍSTICA OPERACIONAL E O PLANEAMENTO BUROCRÁTICO 376 
PARTE VI O «NOVO URBANISMOn 383 
6 .1 INTRODUÇÃO- DO REPÚDIO DA CIDADE MODERNA AO NOVO URBANISMO 385 
9 
6 .2 AS CRÍTICAS TEÓRICAS À CIDADE MODERNA 391 
• PIERRE FRANCASTEL E HENRI LEFEBURE 391 
• JANE JACOBS - A MORTE E A VIDA NAS GRANDES CIDADES AMERICANAS 392 
• ALEXANDER - A CIDADE NÃO É UMA ÁRVORE 394 
6 .3 (RE)LEITURA VISUAL E ESTÉTICA DO ESPAÇO URBANO 397 
• GORDON CULLEN - A MORFOLOGIA E IMAGEM DA ESCALA DE RUA 397 
• LYNCH E A IMAGEM DA CIDADE 39B 
6.4 REALIZAÇÕES DIFERENTES E EXPERIMENTAÇÕES NOS ANOS SESSENTA 403 
6 .5 CRISE ECONÓMICA, GESTÃO URBANA 
E VANTAGENS DOS ESPAÇOS TRADICIONAIS 417 
6 .6 OS CENTROS HISTÓRICOS (REVALORIZAÇÃO E DESCOBERTA DA CIDADE ANTIGA) 419 
6 .7 ROSSI E A «ARQUITECTURA DA CIDADE» 423 
6 .B ROBERT KRIER E O «ESPAÇO DA CIDADE>> 427 
6 .9 CULOT E LA CAMBRE DE BRUXELAS- RADICALMENTE NO PASSADO 433 
6 .1 O TENDÊNCIAS ACTUAIS 439 
• O «NOVO URBANISMO» 439 
• O IBA EM BERLIM 442 
• UMA EXPERIÊNCIA FRANCESA: A ZAC GUILLEMINOT 446 
• O «NOVO URBANISMO» EM PORTUGAL 452 
6 . 11 EXPERIÊNCIAS E REALIZAÇÕES PESSOAIS 465 
• O PLANO DA TRAFARIA-COSTA DA CAPARICA 469 
• O PLANO DO MARTIM MONIZ 471 
• ESTUDO DO ALTO DO PARQUE EDUARDO Vil 479 
• PLANEAMENTO EM PONTA DELGADA - ILHA DE S. MIGUEL, AÇORES 481 
• PLANEAMENTO DA CIDADE DA HORTA - ILHA DO FAIAL, AÇORES 493 
• PLANOS DE CENTROS HISTÓRICOS - TAVIRA - MOURA - PONTE DA BARCA 501 
• PLANO DIRECTOR DA EXPO 98 509 
• PLANO DE PORMENOR DO "QUARTEIRÃO DA GARAGEM MILITAR" EM LISBOA 519 
• PLANO EM PORMENOR E ORDENAMENTO DO RECINTO D,f. EPAL NOS OLIVAIS 523 
• PROJECTO DE VALORIZAÇÃO DA CERCA DO CASTELO DE ÓBIDOS 527 
PARTE VIl CONCLUSÃO. DESENHO DA CIDADE 533 
NOTAS À PARTE I 542 
NOTAS À PARTE 11 543 
NOTAS À PARTE III 549 
NOTAS À PARTE IV 555 
NOTAS À PARTE V 559 
NOTAS À PARTE VI 565 
ÍNDICE BIBLIOGRÁFICO DAS FIGURAS 575 
BIBLIOGRAFIA 581 
PREFÁCIO À 4.a EDIÇÃO 
A reedição desta obra do meu irmão é, como a 3 .º, uma edição póstuma -fale-
ceu precocemente em 2003 - que mostra como uma grande obra perdura sempre para 
além do seu autor. 
José Lamas era um homem muito culto e viajado, um profundo conhecedor da histó-
ria da arquitectura, das cidades e da vida urbana, sobretudo na Europa, e um observa-
dor atento da sua evolução e do que se fazia em Portugal e pelo mundo. O presente li-
vro resulta do seu trabalho sobre o desenho das cidades, iniciado como bolseiro de 
doutoramento em Aix-la-Provence e continuamente enriquecido pela investigação e por 
uma vasta experiência profissional. 
Mas José Lamas era sobretudo professor de Planeamento e Desenho Urbano, pelo que 
colocou sempre grande ênfase na divulgação destes temas da sua vida, ao que. a Fun-
dação Calouste Gulbenkian correspondeu publicando, pela primeira vez em 1990, a 
Morfologia Urbana e Desenho da Cidade, que é um best-seller, quer em Portugal quer no 
estrangeiro: José Lamas era frequentemente convidado como conferencista pelas muitas 
escolas, em que a sua obra era conhecida e seguida no ensino . Por exemplo, em quase 
todos os seus últimos anos de vida regeu cursos de pós-graduação no estrangeiro, no-
meadamente no Brasile Estados Unidos. 
Dava, ultimamente, especial atenção aos Planos de Recuperação e Salvaguarda como 
o da Cidade da Horta, para o qual preparou um magnífico Manual de apoio. Publicado 
postumamente pela Câmara Municipal da Horta, não teve infelizmente a devida divul-
gação. Devo, porém, citá-lo em complemento da presente reedição onde o autor teria 
certamente integrado a experiência resultante e onde teria usado mais, como no Manual 
da Horta, e se eu pudesse tê-lo influenciado, os apontamentos desenhados à mão livre 
que o seu talento artístico registava e que permitiam didacticamente sublinhar vistas e 
pormenores construtivos como poucos arquitectos e urbanistas eram capazes . 
A Morfologia Urbana e Desenho da Cidade é livro de texto em muitas escolas de Ar-
quitectura e Urbanismo, e entre os mais vendidos Textos Universitários de Ciências So-
ciais e Humanas da Colecção Gulbenkian, mas nem por isso devo deixar de agradecer 
à Fundação a sua republicação, que me enche de satisfação pela homenagem, que tam-
bém representa , à memória de um irmão que muito admirava. 
António Ressono Garcia Lamas 
Professor Catedrático do Instituto Superior Técnico 
11 
NOTA INTRODUTÓRIA À 2º EDIÇÃO 
A 2º edição deste livro, ocorrida mais de 1 O anos após a sua escrita, levanta algu-
mas questões de oportunidade que não desejaria esconder. 
Em primeiro lugar, a larga procura que a primeira edição terá tido em Portugal , es-
sencialmente nos meios universitários, nas Escolas de Arquitectura e Urbanismo, sem que 
praticamente tivessem sido feitas recensões, críticas, referências escritas ou publicidade. 
Os 3.000 exemplares da primeira edição esgotaram-se em apenas 3 anos (de 1995 a 
1998) . O que para o autor será gratificante, é também uma inquietação pela maior res-
ponsabilidade no confronto com a opinião e formação dos leitores. Neste contexto é tam-
bém de constatar o apoio bibliográfico que o trabalho tem constituído nas disciplinas de 
Urbano ou às dissertações de Mestrado e Doutoramento em problemas afins 
nas Universidades Portuguesas. 
Em segundo lugar, questiona-se a actualidade das ideias e reflexões expostas . 1 O 
anos é algum tempo! Tempo suficiente para que muita coisa se passasse no urbanismo 
europeu e acontecesse em Portugal. Tempo que já permite olhar para trás, com o dis-
tanciamento clarificador que esbate o pormenor e acentua o essencial. 
Em terceiro lugar, a procura continuada (após esgotar-se a 1 .º edição) constituiria 
quase um dever de informação aos estudantes e estudiosos do Desenho Urbano no final 
do séc . XX e início de um novo milénio. Quanto mais não seja, a efeméride suscita e 
acende esperanças de um mundo melhor - neste tema, melhores cidades e cidades me-
lhoradas pelo Desenho. 
Por outro lado, atrevo-me a pensar que as experiências urbanísticas da década de 
noventa na Europa e em Portugal não contradisseram significativamente ou anularam as 
reflexões e ideias do trabalho. 
De facto, quem desenha a cidade tem hoje um léxico vasto, eventualmente ecléctico, 
de formas urbanas e modelos ao seu dispor. Novas relações entre espaços construídos 
e espaços livres vão sendo procurados . Registo o contributo da paisagística e do dese-
nho dos espaços verdes com o .aparecimento de novos jardins e parques urbanos, sec-
tor onde talvez mais contributos se têm feito sentir com novos conceitos e propostas de 
evidente inovação e significado para a vida urbana. 
Generaliza-se o interesse pelo arranjo e qualificação dos espaços públicos, quer das 
cidades consolidadas, quer das periferias degradadas. A salvaguarda e valorização dos 
centros históricos torna-se consensual na convicção dos valores espaciais e construtivos 
dos antigos cascos urbanos. 
13 
Consolidou-se em definitivo o alastramento da cidade "emergente", diluindo-se em di-
versas formas de habitar no território através de novos e melhores sistemas de transporte. 
Finalmente, os meios de comunicação estão mesmo de facto a revolucionar um dos ele-
mentos fundamentais das sociedades, com impactos ainda difíceis de sistematizar na 
ocupação do território e desenho das cidades . 
Neste contexto, em Portugal, e com o derrame dos dinheiros europeus, poderiam co-
meçar oportunidades para fazer melhores cidades e fazer melhor a cidade, questão 
para a qual uma parte dos arquitectos e urbanistas se sente cada vez mais profunda-
mente motivada . Contexto em que aparecem licenciaturas especializadas em urbanismo 
e desenho urbano e um renovado interesse pelas questões urbanas. 
No seu todo, este conjunto de questões justificou prosseguir com a reedição do "Mor-
fologia Urbana e Desenho da Cidade". 
Justificou também que se imprimisse alguma revisão à parte final do trabalho, essen-
cialmente no que se refere à reflexão decorrente das experiências pessoais e outras ocor-
ridas nos últimos 1 O anos . 
Últimos anos nos quais se tem afirmado o amadurecimento sobre a utilização das for-
mas urbanas da cidade tradicional e da cidade moderna, abrindo-se uma via eclética 
temperada pelas influências desconstrutivistas e um certo revivalismo do Movimento Mo-
derno no Desenho Urbano. 
Todavia, se a influência desconstrutivista tem parecido introduzir alguma diferença 
nas propostas de Desenho Urbano, tem-no feito mais pela complexidade oferecida na so-
breposição de sistemas geométricos do que pela introdução de verdadeiros novos con-
ceitos de espaço urbano ou nos modos de o produzir. 
Repetindo, continua válida a dicotomia entre morfologia urbana da cidade tradicio-
nal, com os seus contínuos construídos e relação estreita do espaço com os edifícios, e 
a cidade moderna, com os seus edifícios soltos no território, maior generosidade de es-
_f'úblico e a independência entre espaço urbano, edifícios e outros sistemas de com-
pos1çao da cidade . 
Continua válida por essa razão também a oportunidade do conhecimento dos pro-
dcessdos de fazer cidade e do estudo das formas urbanas como ferramenta indispensável o esenho urba E · t•f· d no. 1us 1 1ca a oportuni ade de uma segunda edição. 
Abril/1999 
14 
PREFACIO 
A redacção deste prefácio foi para mim ocasião de relembrar uma relação de ami-
zade e colaboração profissional já longa de anos, iniciada na Faculdade de Arquitec-
tura de Lisboa, onde eu e José Lamas éramos docentes, e continuada depois na socie-
dade que formámos . Os Planos da Trafaria - Vila Nova - Costa da Caparica, do 
Martim Moniz, de Ponta Delgada e, mais recentemente, da EXPO 98, entre outros, e um 
número considerável de projectos de arquitectura, cobrindo programas tão variados 
COIJIO os de instalações escolares e centros de cultura, habitação e turismo, foram , e são, 
o dia-a-dia de uma relação de trabalho que se prolonga habitualmente num discorrer 
sem fim sobre arquitectura, que é, de resto, o «vício» conhecido da generalidade dos 
arquitectos. 
Curiosamente, esta proximidade diária não impediu uma certa sensação de surpresa 
quando li este livro pela primeira vez. Surpresa misturada com familiaridade, porque 
muitas ideias ali expostas, e agora ordenadas num todo coerente, tinham sido objecto 
de conversas e discussão ocasional entre ambos . 
O livro surge numa altura em que se verifica um novo interesse dos arquitectos pelos 
problemas do Urbanismo e pelo estudo de matérias que lhe são próprias, manifestado 
na realização de colóquios e reuniões de vária índole e na publicação, aqui e ali, de 
textos e projectos recentes . 
Neste renascer de interesse pela cidade e o urbanismo em Portugal, este livro é um 
acontecimento de relevo a assinalar. Ele trata do desenho da cidade do Ocidente euro-
peu ao longo da História, e, nesse processo, José Lamas vê a cidade como lugar carre-
gado de marcas, sinais e símbolos de culturas do passado e do presente que exigem 
conhecimento e reflexão séria por parte daqueles que hoje intervêm na sua construção. 
Por isso, este livro se inscreve numa linha de pensamento que tem os seus antecessores 
ilustres em homens como Comi/lo Sitte, Geddes, Mumford ouMarcel Poete. O que é di-
zer muito. 
Mas, como arquitecto, o que lhe interessa prioritariamente investigar é a morfologia 
da cidade e a história da forma urbana, onde pretende encontrar razões e justificações 
últimas para as concepções que perfilha. «A cidade não é um produto determinista de 
contextos económicos, políticos e sociais», afirma, em certa altura, e, nesta perspectiva, 
acentua a contribuição específica dos arquitectos através do desenho urbano. E isto é 
feito num estilo vivo, directo, e de fácil leitura, mas não isento de paixão nas posições 
que assume. 
15 
O livro foi amadurecido e redigido numa altura em que a prática do urbanismo ra-
cionalista tinha atingido a exaustão e em que se verificavam leituras revivalistas dos 
modelos passados do Renascimento, do Barroco e do Neoclássico, na generalidade dos 
casos em termos de grande superficialidade e ligeireza. 
Consciente disso, José Lamas procura explicar o porquê da actualidade de determi-
nadas tipologias urbanas do passado e filia a sua permanência em razões de cultura e 
vivência social no mundo de hoje. O que consegue com razoável êxito. Mais controversa 
será a sua análise da contribuição do Movimento Moderno para a forma da cidade, 
apesar da objectividade de que se reclama. Mas será possível ser-se completamente ob-
jectivo em matéria como esta? 
O livro dirige-se a toda a gente, mas, naturalmente, os mais interessados serão os ar-
quitectos e estudantes de arquitectura, que aqui encontrarão larga matéria de infor-
mação e discussão teórica. Ele contribuirá de certeza para torná-los mais conscientes do 
seu papel na construção da cidade. E da alta responsabilidade de que se reveste essa 
intervenção. 
16 
Carlos Duarte 
Prof. Arquitecto 
PARTE I 
I 
-INTRODUÇAO 
17 
«Les lois 
de I' architecture 
peuvent être camprises 
de touf /e monde.• 
VtoLLET-LE-Duc 
INTRODUÇÃO 
Entretiens sur l'architecture !11 Comecei este trabalho em 197 4, no quadro do Douto-
ramento efectuado no lnstitut d'Aménagement Régianal 
d'Aix-en-Provence. A tese então apresentada (2) aborda-
vo as mesmas questões cujo enunciado é por de mais sin-
gelo: como desenhar idade e ua a int e o a el da ar uitectur o ar'· 
uitecto n o urbano e no Jlrocesso de produção da cidade. 
Corno é natural, o trabalho de Aix-en-Provence seria influenciãdo pelo ambiente 
-t ultural e profissionol desse período. Estava-se no início da década de setenta e a inso-
tidação crescente pelos resultados da cidade moderna motivava estudantes e profissio· 
-naís a procurarem uma saída poro a crise do urbanística e da própria 
Uma quinzena de anos passou e os trabalhos e as experiências da minha vida pro-
fissional permitiram encontrar resposta para muitas interrogações, desde então. Os 
anos corno docente de Planeamento Urbano e Projecto no Departamento de Arquitec-
tura da ESBAL e na Faculdade de Arquitecturc da UTL serviram também para oprofun-
dcr e amodurecer ideias e aprender muitas coisas sobre o cidade. Não é novidade que 
se oprende ensinando e que o arquitecto preciso de ultropassar olguns anos de traba-
lho para atingir as suds melhores copacidades. 
Também muitas experiências, realizações e acontecimentos se sucederam entretcn-
to, através das quois muito se aprendeu. Mas também novas questões surgiram. 
Assim, desde 197 4 até hoje, fui reflectindo sobre a mesma questão, ainda (e talvez 
sempre) em aberto- O DESENHO DA CIDADE. Fui acumulando memórias, investiga-
ções, leituras, práticas e experiências pessoais e alheias. O tema, tão vasto quanto mo-
tivonte, não cansaria. Quis fazer balanço do que aprendi e reflecti . 
Recordo que, há mais de vinte anos, os estudantes aprendiam a desenhar a cidade 
dispondo vias, edifícios e manchas verdes no terreno, usando critérios de equilíbrio vo-
lumétrico nas regras do Plan Mosse. Sobre a folha de papel, traçavam vias e 
faziam volumes com sombras até encontrarem uma solução de bom efeito gráfico. 
ualidade residia na originalidade das f , · · . • das soluções, através 
um tanto abstractas, tantas vezes mais escultórias, gráficas ou até 1 usonas ·o 
__g ue e espaciais ... 
Exagero! As coisas não eram assim tão simples ou ligeiras .. . 
Havio regras de desenho e composição urbana para os volumes e os seus equilí-
brios; havia horror à simetria e aos eixos de composição; evitavam-se as formas que 
19 
1 
LONOITUOINALE 
G32r i&ONIE!on 
KMC•oUII\ 
No .. o(\ """ 
Plon 
o 
o 1o 
tO.M. 
1-1. A forma humanizada do território - assentamento megolftico de Filitoso - Córsega 
1. Plano de conjunto . 2. Planta de pormenor dos monumentos este e oeste 
20 
2o lo I 
/ 
, .J. ..•.. .. ······--···--..... 
1-2 . . Citonio de Briteiros - Portugal. Plano efectuado segundo os escavações. Planto de casos 
com vestíbulos e reconstituição oe um monumento funerário 
21 
-N-1· 
evocassem qualquer cidade a.ntiga, clássica ou barroca; exacerbava-se a imaginação 
para des.cobrir formas ainda não experimentadas! Cada qual exprimio, também, o seu 
temperamento e estados de alma. E também se copiavam os mestres modernos, se fo. 
theavam exemplos em revistas e publicações, e se estudavam as realizações da época. 
Hoje, na mesma Escola, agora Faculdade, outros estudantes lançam de imediato no 
papel formas geométricas de grande semelhança com ruas, praças e 
çom eixos e simetrias, organizam os edifícios segundo regras. da cultura urbano açtuol, 
unu:e.t evidente às composic- · 
Entre estas. uas práticas, proces.sou-se uma importante mudança na maneira de 
entender a desenho urbano. 
A simples constatação de.stas duas atitudes implica uma profunda reflexão s.o.bre. as 
bases cultura.is que as apoiam- ou deveriam apoiar. Em ombos os., cas.os nqo s.e trata 
de modas ou de virtuosismos superficiais, de feitios ou de caprichos no «pronto e vesti.r» 
das formas urb os. 
Em primeiro lugar, devo ter presente que o es.,en o ur no exige um omtnto pro-
fundo de duas áreas do conhecimento: o processo de formação de cidade, que é histó-
rico e culturel e que se interligo às formas utilizadas no passado mais ou menos. longín-
quo, e que hoje estão disponíveis como moteriois de trabalho do arquitecto urbcmi.sta; e 
a reflexõo sobre a FORMA URBANA enquanto objectivo. da urbanismot ou melhor, 
quanto corp.o ou materialização da cidade cepaz de determinar o vida humano e.m 
munidade. Sem o profundo conhecimento da morfologia urbana e da história da forma 
urbana, arris.cam-se os arquitectos. a desenhar e cidade seg.undo práticas su.perficiais., 
usando «feitios• sem conteúdo disciplinar. 
A re exa mvestigaçãc;> sobre a forma urbana, pretendo dar a contributo deste 
trabalho. Contributo de um profissional empenhado na sva prática, riscando soluções e 
vivendo os problemas que hoje se colocam ao arquitecto urbanista - um pwfissional 
que interroga e questiona a suo prático, métodos e resultados do se.u trabalho. 
Contributo também de um docente cuja ciJitura e formação constitui um corpo de 
conhecimentos que deve transmitir na Escola, como o local da reflexão disciplinar. 
Mos, antes do mais, esta dissertação é um trabalho de arquitec;:tura, o que qu,er di-
zer que a orguitectura é um campo disciplinar preciso, r.ocionaJ.r!lente 
um si nificado bem definido. teve como o c.riação do 
mais pro · ício am tent ' · hu ano e o seu contributo coloco-se a diferentes nfv.êís 
- o interior e um café, às grandes composições urbanas-, sen o por tsso mesmo 
de difícil delimitação. A arquitectura apa.rece na mais simples habitação rural, na ala-
meda de árvores alinhadas, nas grandes infra-estruturas ou em todos os factos cons-
truídos quçmdo as necessidades espaciais do homem interpretam o sftio e procuram a 
harmonia ou a intenção estética. A arquitectura é o arte de construir e ultrapassa a sim-
22 
firmi
Realce
firmi
Realce
firmi
Realce
1-3. Lisboa. Gravura de "Urbium Proecipuorum Mundi Theatrum Quintum." 
Georgio Brounio 1593 
23 
pies assemblagem lógica de elementos construtivos para traduzir a realidade humana 
comoforça criativa e voluntária . Nasceu com os primeiros assentamentos humanos, in-
separável da vida humana e da sociedade, como abra colectiva que tem a sua plena 
dimensão como facto urbano. Todavia a construcão da cidade e a resolucão da com-
biente humano exi em ac n e numerosas quali-
dades, c a acção de indivíduos que, pe o seu saber e cnahvl-
dade, se tornam executantes de uma vontade colectiva, explicitando os espaços para 
essa vontade. 
O arquitecto faz da cidade um problema pessoal, para o qual contribui com as suas 
qualidades: o desenho e a sensibilidade ao sítio e ao contexto; a criatividade e imagi-
nação; a capacidade de síntese, a visão global dos problemas. Contribui com um méto-
do de trabalho, uma técnica de concepção e de comunicação de ideias em relação com 
os processos de construção. Mas o arquitecto traz também uma experiência ligada ao 
presente e ao passado, os quais conhece da vivência da cidade, onde o material da 
História é uma fonte inesgotável de aprendizagem e de reflexão. A História ou o recur-
so a ela está sempre presente no estirador e no processo de desenho, sem o r.igor dos 
métodos históricos ou o sentido que da História tem o historiador, mas como realidade 
viva e campo de experiências nas quais se apoia a prática profissional. 
A arquitectura à escala urbana, enquanto desenho de cidade, defronta-se hoje com 
toda uma série de interrogações e até de dúvidas, de que são exemplos as diferentes 
alternativas surgidas do ós- uerra até a s d'as em que ainda não se che ou a 
total acordo uanto à!.!!lQ_ ologias urbanas mais um consenso 
za o.-soe a forma da cidade. stas dificulda es arrastam ainda as sequelas da ruptu-
ra criada pelo ' cidade t .cJ.iQ.Qnal.a_O--dificuJdade OJ.I 
i..!:!fapacidade que os acquiteJ odernos revelar defini as urban.as ade-
quadas à sociedade a que se destinavam. 
A dependência maior que o urbanismo e o desenho revelam em relação aos siste-
mas políticos e económicos, e fracasso das t a cidade como ob-
'ecto finito- ou peca de quit ura- concorreram também para a crise da urbams-
tica, em parte esmotivando as energias criativas do desenho u.rbano e dando ao 
objecto arquitectónico isolado um excessivo grau de autonomia e importância no deba-
te profissional. 
O reacender do interesse pela dimensão urbana da arquitectura, pelas relações en-
tre arquitectura e cidade, e pelo modo de formar cidades, tem sido um dos temas mais 
fecundos do debate arquitectónico dos últimos quinze anos. 
A alternativa hoje presente entre objecto e desenho urbano colo-
ca a questão de saber se a organização do espaço urbano se pode resolver pela 
simples intervenção arquitectónica ou se exige um nível específico e autónomo de 
24 
1-4 . A infra -estrutura monumental constrói a território: auto-estrada directa Rama -Florença . 
Viaduto dei Poglio 
25 
projecto. Por outras palavras, oder · . · eoo osi ão 
· A produção da cidade não poae ser entendida como um mero processo de istr1 UI 
ediffcios no território, resolver problemas funcionais, ou criar condições para o investi-
mento económico. Antes do mais, o espaço habitado e construído pelo homem é maté-
ria de competência da arquitectura, e não de um somatório de disciplinas, de técnicas e 
de outras preocupações também necessórias. Assim sendo, como se poderá introduzir 
no urbanismo a visão arquitectónica, estética e 
Parto do princípio de que a forma (física) do espaço é uma realidade para a qual 
contribuiu um conjunto de factores socioeconómicos, políticos e culturais. Sem dúvida 
que a economia, ou as condições socioeconómicas de produção do espaço, se reflec-
tem profundamente na sua forma. Isto é muito importante. Mas a forma urbana é 
também, ou deverá ser, o resultado da produção voluntária do espaço. Entendo por 
voluntário um processo que, tomando em conta os objectivos de planeamento (econó-
micos, sociais, administrativos), os organiza e resolve utilizando os conhecimentos cul-
turais e arquitectónicos sobre esse mesmo espaço e materializando-os através da sua 
FORMA. 
T ai objectivo é mais ambicioso do que o mero funcionamento (mesmo que perfeito) 
da cidade e pretende criar um ambiente humanamente válido, através da expressão 
estética do espaço urbano. 
Esta atitude só pode provir da correcta intervenção da arquitectura na produção do 
meio urbano . .l!._nho implícito que-E_ natureza da concepção arquitectónica (e urbanísti-
ca) é essencialmente formal. As noções de Forma Urbana e Forma do T erritónõsõõ 
eminéntemente uitectura introduz no laneamen banis-
mo um ob"e · damental: a con . a O ESPA O HU DO. 
no processo de p aneamen o, que deverá ser contínuo, desde os objectivos e pro-
gramas até à construção de edifícios e infra-estruturas, que importa clarificar a ·inter-
venção da arquitectura e, por corolário, do arquitecto que a introduz. Seria demasiado 
contraditório que a disciplina sobre a qual vão desembocar desde o início todas as de-
cisões de planeamento se limitasse a só intervir no final do processo para formalizar ou 
desenhar os programas e decisões anteriores. 
A produção do espaço não pode ser unicamente resolvida pelos níveis da planifica-
ção regional e urbana e das realizações das construções. A etapa intermédia do dese-
nho urbano é indispensável. De resto, tal etapa inicia-se nas opções de planificação e 
prolonga-se até à realização do edificado, constituindo um dos momentos essenciais da 
arquitectura. Trata-se, antes do mais e sem qualquer prejuízo dos outros objectivos do 
urbanismo, de contribuir com um método e disciplina de trabalho que permitirá melho-
rar e tornar esteticamente válido o produto do planeamento. 
Convirá ter presente a crítica sociológica e a demonstração de que nem todas as 
26 
PLÀNO GERAl 
1 - Nüc leot. h•bll•c•on. ' 
2 -hc.ol• P"m.-n• 
l -Centro Ciwco Comer c•"l 
4-Merc.ldo' 
5-llr•i• 
6 - ht•ç.lo de 
1-5. Plano de Olivais Norte, 1955-1958. GEU - Gabinete Estudos de Urbanização - CML 
Pormenor do Plano de Olivais Sul. Arq. os Carlos Duarte e José Rafael Botelho - 1960. Os 
dois planos estão à mesmo escola 
27 
Nos últimos quinze anos, assistimos a uma profunda reviravolta no desenho da ci-
dac{e, modificação profunda na produção arquitectónica, modificação nas metodolo-
gias de intervenção, nos temas e nos programas. 
As propostas desenhadas actualmente nas Escolas, nos ateliers de arquitectos mais 
protagonistas, nada têm a ver com o que se passava nos anos sessenta._Apgrentemen-
te, foi tradição da urb ' · a formal através da recu eracã 
da cidade tradiciona como a rua, a praça ou .o uarte1rão ue, há du s..déEodas,_PQ: 
rec1am es ueci os e esmaga s as roezas tecnoló icas das me aestruturas, do ur-
banismo do plan mosse e da livre. ---
Efectivamente, a partir do início da écada de setenta, o urbanismo e o desenho ur-
bano sofreram uma profunda revisão. Diga-se em boa verdade que, desde os anos ses-
senta, se iniciou a agonia · oderna» com as suas perversões posteriores. 
A preocupação com a ORMA URBANA - tanto estrutura física como funcional -
passou ·a constituir o elemento dominante do projecto· urbano, enquanto, paralelamen-
te, novos conceitos, métodos e programas surgiram na prática urbanística. 
Todavia esta rejeição da cidade moderna foi tão apaixonada e emotiva quanto fora 
anos antes a condenacão da cidade tradicional e da rue corridor feita por Le Corbusier 
e pelos C IAM. Quero -com isto dizer que tanto num caso como no outro tais condena-
.ções não se apoiaram em reflexão crítica profunda. Recordo a frase de Fernando Mon-
tes «Aujourd'hui, la seu/e forme qui nous reste d'être modernes est d'appliquer à l'ar-
chitecture moderne les mêmes remedes qu'elle appliqua à l'académisme» (3). 
Parece-me algo inconsequente a condenação sem o juízo e a investigação. Posso 
aderir ao novo urbanismo, mas necessito de reflectir tanto sobre as propostas moder-
nas como sobre as tradicionais de cidade. Nessa ordem de ideias, longe de ter simplifi-
cado as coisas, «separando o bem do mal•, ainda torno mais complexasas interroga-
28 
c:;:] ViM pedonal 
E1paco• públicos 5. Centro Cultural lO . El ectricidade 
1. Câmara de Deputado• 6 . Piscina e patinagem sobre qe l o ll. Ajuda Fa.ailiar 
2. Complexo administrativo 7. Cinemas e c entros comerc i a is 12. Correios 
3. Câmara Municipal 8. Repa.rticão de Desenvolvimento 13 . Palácio de exposicõea 
4. Armazóns {centro comercial ) 9 . Repartição de Seguranca Soc ial 14 . Parque (jardia) 
1-6. Plano do centro de Cergy - Pontoise . Arredores de Paris - 1968-1970 
29 
1-7. Urbanismo operacional e o território sem forma . Cidade novo de Champigny 
sur Mame. Região de Paris. Visto aéreo, 1968-1970 
30 
hipóteses para o desenho da cidade contemporânea. Modelos que importa conhecer 
em profundidade, tantos nas suas caracterrsticas morfológicas como nos processos cul-
t r:ai e sociais da sua -
O interesse pela FORMA URBAN teró de avaliar com objectividade os conteú os 
da cidade moderna e da cidade tradicional, e só dessa avaliação poderão nascer pis-
tas para o desenho da cidade A • s dos objectivos deste 
trab 
fun amentalmente a dimensão frsica e morfológica da cidade que me preocupa, 
porque é essa a dimensão arquitectónica e a que melhor permite o entendimento cultu-
ral da cidade. 
Esta tlbordagem do desenho da cidade dentro da disciplina arquitectónica não 
in·valida ·:jue as formas urbanas dependam da sociedade que as produz e das condi-
ções históricas, sociais, económicas e polrticas em que a sociedade gera o seu espaço e 
o habita, e o arquitecto o desenha. 
Porém nunca seró de mais reivindicar um determinado grau de para a Jl 
produção arquitectónica. A cidade não é um simples produto determinista dos contex-
tos económicos, polrticos e sociais: é !gmbém o de teorias e posições cultu_rgis_ 
e estéticas d r ui ectos urbanistas. -
Todavia um primeiro grau de lee ura da cidade é eminentemente frsico-espacial e 
morfológico, portanto especrfico da arquitectura, e o único que permite evidenciar 
a diferença entre este e outro espaço, entre esta e aquela forma, e explicar as caracte-
rrsticas de cada parte da cidade. A este se juntam outros nrveis de leitura que revelam 
diferentes conteúdos (históricos, económicos, sociais e outros). Mos esse con'unto de 
leituras só ossrvel arque a cidade existe como fa.cto frsico e ma os ins-
trumentos de leitura lêem o mesmo ob'ecto- o 'co a FORMA URBAN 
esta leitura arquitectónica que me interessa e cuja validade procurarei provar, co- / 
mo contributo para a prótica do desenho urbano. 
Retomo aqui o centro da polémica que nos últimos anos tem agitado o debate pro-
fissional - ca cidade como lugar de arquitectura e onde esta encontra o seu pleno sig-/ 
nificado». A_guali 'tectural da cidad ão-pode ser entendida a en s ela 
realiza ão de edifrcios, e não basta ao arquitecto ompetêncea na realiza ão das 
constru õe sua eficócea reside ·u :ame en 
-se com os roblemas o p aneamento, atrav ..de-desenho urbao.Q._ 
Confesso também que a o rigação oca émica de produzir uma dissertação consti-
tuiu uma oportunidade excelente de reflexão sobre este tema, ao qual tenho dado 
grande importância na minha vida profissional. 
Num pars em que pouco se escreve sobre arquitectura, pareceu-me adequado que 
este trabalho pudesse ccnstituir um balanço e reflexão sobre os problemas do desenho 
31 
'J ·, 
. . I. 
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i ., / .nl 
11., 
.. ,..; 
' I 
I 
'· .. : . . ! • 
1-8. L'on Krier. Proposto poro o concurso de ordena mento de Lo Vilette, 1975 
32 
1-9. Plano de Renovação Urbana do Martim Moniz - Lisboa . Arq .0 ' Carlos Duarte e José Lo -
mas, 1980 
33 
Lisboa, Janeiro de 1990 
34 
PARTEll 
I 
A MORFOLOGIA URBANA 
35 
«Une succession d'avenhJres d'âme c'est la 
vie de la cité. Mais le plein sens de la vie ur-
baine ne saurait s 'aquérir que si I' on distin-
gue I' ltre urbain, qui constitue en soi I' agré-
gat social qui compose essentiellement la vil-
/e, de la forme urbaine, autrement dit de 
I' ensemble des vaies, constructions et espa-
ces plantés par quoi la vil/e s'offre matériel-
lement à nos yeux. Or, c'est à l'être qui 
s'appliquent les lois biologiques. La forme 
n 'est que la matiere inerte ou de la verdure 
que I' être a façonnée ou éJisposée et qui, 
par conséquent, ne saurait se confondre 
avec fui. Adéquate à ses besoins quand i/la 
crée, elle n'y plus qu'imparfai-
tement quand ce sont les générations sui-
vantes qui utilisent cette forme, conservée 
néamoins parce qu'il y a un fond permanent 
dons l'être. A cette forme ancienne ainsi 
maintenue, viennent s'ajouter les formes 
nouvelles que ces générations mettent au 
jour et qui sont I' expression de nouveaux 
besoins qui leur sont proposés. Les généra-
tions successives qui composent l'être 
s'écoulent: c'est la forme -qui reste- qui 
nous rend apparente l'âme urbaine.• 
MARcEL PotrE 
Paris, son . évolution créative (1938) 
2.1 A MORFOLOGIA URBANA 
A morfologia urbana estudará essencialmente os-º!-
ectos exteriores do meio urbano e as suas relaçõe·s recí-
procas, efinin o e exp icando a cisa em urbana e a 
sua estrutura (2). 
O conhecimento do meio urbano implica necessaria-
mente a §Xist• · e instrumentos de leitura ue permi-
tam organizar e estrut os elementos a reendi os, e 
uma re ação o jecto-observa or. stes dois aspectos 
defrontam-se com questões de objectividade na medida 
em que dependem de fenómenos culturais. Um texto de 
Cerasi elucida melhor esta questão: 
•Para descrever ou analisar a forma física de uma ci-
dade ou mesmo de um edifício, pressupõe-se já a existên-
cia de um instrumento de leitura ue hierar uize a impor-
tância dos i erentes elementos da forma. Assim, os os 
de eledricidade de uma rua não têm a mesma importân-
cia na descrição do espaço físico dessa rua como a altura 
dos ediflcios, etc. Portanto, a leitura, mesmo querendo-se objectiva, passa já por uma 
operação da cultura que selecciona os elementos os hierar uiza e lhes atribui valo-
res.» (3) 
-----o-meio urbano pode ser objecto de múltiplas leituras, consoante os instrumentos ou 
esquemas de análise utilizados. No essencial, os i os de análise v- zer r -
altar os fen "cados na rodu ão do es • As inúmeras significações t•l 
que se encontram no meio urbano e na arquitectura correspondem aos inúmeros fenó-
menos que os originaram. 
A leitura disciplinar, se bem que rica de conteúdos e esclarecimentos sobre o objec-
to, não o explicará totalmente, quer·na sua configuração quer no seu processo de for-
mação. de diferentes leituras ej nformaçães poderá explica um ob-
"ecto tão complexo como a cidade. No entanto, é frequente que, na produção das for-
mas ur a nas, exista um en meno que seja determinante e, portanto que assuma maior 
37 
preponderância em qualquer análise. De igual modo, o arquitecto, ao «produzir• o seu 
espaço, poderá dar maior ênfase a este ou àquele aspecto, o qual se revelará mais evi-
dente em análise posterior. 
Nas cidades actuais, certas formas apenas revelam uma total JUjeição _i.o 
mo à rentabilidade do solo e à es ecula A destruição da paisagem rural 
e ur ano portuguesa efectuada nos últimos trinta anos revela, e bem, as condições cul-
turais, polrticas e sociais em que se projecta e se deixa construir em Portugal. A renova-
ção imobiliária das «Avenidas• em Lisboa revela com toda a evidência as condiÇões de 
administração da capital e a ideia que da cidade e da gestão urbanrstica têm os seus 
responsáveis técnicos e polrticos. · 
A morfologia urbana su õe a convergência e utilização de dados habitualmente 
recolhidos r 1sc1 1n "fer_en s- economia soc1o o ia história _ e ra ·a, arqu•-
t etc. - a fim de ex licor um acto concreto: a cidade como fenómeno frsico e 
c rdo. Explicação essa que visa a compreensão total da forma urbana e do seu 
processo de formação. Com imprecisão de linguagem, no calão arquitectónico, muitas 
vezes as palavras morfologia e forma são usadas indistintamente e sem diferenciação 
de significado. Importa clarificar que a morfologia urbana é .a disciplina que estuda oobjecto - a forma urbana - nas suas caracterrsticas exteriores, frsicas, e na sua evolu-
ção no tempo. 
a justo trtulo que a morfologia urbana se inscreve nas áreas do urbanismo, da 
arquitectura e do desenho urbano. Nesse sentido, poderei defini-la pelo estudo dos 
factos co.nstrurdos considerados do ponto de vista da sua produção e na relação das 
partes entre si e com o conjunto urbano que definem (SI, 
Esta noção leva a clarificar essencialmente três pontos: 
38 
• Um estudo morfológico deve necessariamente tomar em consideração os nrveis ou 
momentos de produção do espaço urbano. Nrveis esses que possuem, dentro da dis-
ciplina urbanlstico-arquitectónica, a sua lógica própria, articulada sobre estratégias 
politico-sociais. Um estudo morfológico deve também identificar os nrveis de produ-
ção da forma urbana e as suas inter-relações. 
" / 
39 
firmi
Realce
2-1 . FORMA URBANA: Tavira no séc. XVI, segundo uma gravura do época, e planto do cidade 
no séc. XVIII 
40 
2.2 A FORMA URBANA 
O conceito mais geral de forma de um objecto refere-se à sua aparência ou configu-
ração exterior. Conceito que se pode apreender com facilidade e que faz parte da 
experiência quotidiana do Universo. Conhecemos os objectos e a sua forma. Mas tal 
conhe 'menta refere-se fundamentalmente a um instrument 
terior ue não revelará ce ame todos os conteú s forma. A descoberta de ou-
tros conteúdos imp 1ca outros instrumentos âe leitur . 
mo o og1a ur ano m e , em pnmeiro lugar, os instrumentos de leitura ur-
banísticos e arquitecturais - partindo do princípio de que as disciplinas de concepção 
do espaço têm instrumentos de leitura que lhes são próprios: a leitura da cidade como 
facto arquitectural. 
Esta posição implica aceitar que a construção do espaço físico passa necessaria-
mente pela arquitectura (7), Então, a noção de cforma urbana» corresponderia ao meio 
urbano como arquitectura, ou seja, um conjunto de objectos arquitectónicos ligados · 
entre si por relacões espaciais. A arquitectura será assim a chave da interpretação cqr-
recta e global da cidade como estrutura espacial. Refiro o importante contributo de 
Rossi, particularmente esclarecedor das relações entre arquitectura e cidade: 
cA forma da cidade corresponde à maneira como se organiza e se articula a sua ar-
quitectura. Entendendo por 'arquitectura da cidade' dois aspectos: 'Uma manufactura 
ou obra de engenharia e de arquitectura maior ou menor, mais ou menos complexa, 
que cresce no tempo, e igualmente os factos urbanos caracterizados por uma arquitec-
tura própria e por uma forma própria'. Este é também o ponto de vista mais correcto 
para afrontar o problema da forma urbana, porque é através da arquitectura da cida-
de que melhor se pode definir e caracterizar o espaço urbano.» (8) 
Neste contexto, a arquitectura não pode compreendida senão como uma parte 
da cidade, como um acontecimento submerso num sistema complexo de relações (es-
paciais e outras) com o resto do espaço urbanizado. 
A forma física é um dado real que predomina em qualquer descrição de uma cida-
de: Aix-en-Provence é diferente de Paris ou de Lisboa. O Cours Mirabeau é diferente 
dos Campos Elíseos ou da Avenida da Liberdade. A n.oção de cforma• aplica-se a todo 
o espaço construído em que o homem introduziu a sua ordem (9) e refere-se ao meio ur-
bano, quer como objecto de análise quer como objectivo final de concepção arquitec-
tónica. «O objectivo final da concepção é a forma.• (lO) 
O urbanismo assumirá na concepção da forma do meio urbano todos os contributos 
41 
Raul Bueno
Raul Bueno
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- n011bre da loa•ants •••••••••• 107 
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Op4ratlon La Courtl lh 
- c.o.s • ••.............. : . ...• 2,04 
- danslt' resldanttalla •• 195 lotlh• 
- votrla restdantlalle ......... 10'7. 
- ltatlonn-ant •• • • o o o ••• o ••• • •• tS\ 
- atpacat llbres (sol natunl) •• 281 
- surhca eprlla ratldantlelh.2,ll 
- ncabra da loa•ants •••••••• o. o4SO 
2-2 . DIFERENTES FORMAS URBANAS relacionados com os parâmetros urbanísticos e quantita-
tivos 
42 
1 
2-3. Diferentes orgonizoções espociois do mesmo terreno, com diferentes densidodes e ocupo-
ções do solo, segundo o FULHAM STUDY. 1 e 2 -o mesmo densidode de 260 hob/ho, com dife-
rente ocupoçõo do solo. Em 1, à moior libertoçõo de solo corresponde moior olturo de edifícios. 
3 e 4 - o mesmo térreno estudodo respectivomente poro 380 hob/ho e 560 hob/ho 
43 
das diferentes disciplinas e ciências que lhe estão ligadas. A forma urbana é o resultado 
final dos problemas postos às disciplinas urbanística e arquitectónica (11) . 
É necessário ter sempre presente que tanto a arquitectura como o urbanismo são 
disciplinas criativas cujo fim é uma intervenção no espaço, transformando-o. 
A concepção arquitectural é essencialmente formal (12l, ocupando-se não só da con-
cepção dos diferentes factos construídos, mas também da definição das ligações que 
podem existir entre as edificações e os lugares por elas definidos. O seu domínio 
caracteriza-se fundamentalmente pela concepção do meio que o homem habita. 
A «forma» su e =em EUJ20Sta a um problema eseaci Alexander);._ 
uA orma e a solucão do roblema posto e o contexto.» (13) Ou seja, a forma física 
torna-se o eJJ ma acca rob ema. , . 
egado a este ponto, poderei definir a forma urbana como: aspecto da realidade, 
ou modo como se organizam os elementos morfológicos que constituem e definem o es-
paço' urbano, relativamente à materialização dos aspectos de organização funcional e 
quantitativa e dos aspectos qualitativos e figurativos . A forma, sendo o objectivo final 
de todo a concepção, está em conexão com o «desenho» P4l, quer dizer, com os linhas, 
espaços, volumes, geometrias, planos e cores, a fim de definir um modo de utilização e 
de comunicação figurativa ue constitui a « uitectura do cidade». 
sta n ç-a-o-1 mais vasto do que o que tende a reduzir o or apen s às caracterís-
ticas dos objectos que podem ser perceptíveis; e só pode ser totalmente compreendida 
utilizando a arquitectura como disciplino de análise, e concepção do espaço. 
Antes de continuar, devo clarificar certos noções utilizados: 
• Aspectos quantitativos - Todos os aspectos do realidade urbano que pode"m ser 
quantificáveis e que se referem o uma organização quantitativo: densidades, superfí-
cies, fluxos, coeficientes volumétricos, dimensões perfis, etc. Todos esses dados quan-
tificáveis são utilizados para controlar aspectos físicos da cidade. 
• Aspectos de organizaçio funcional- Relacionam-se com as actividades humanas 
(habitar, instruir-se, tratar-se, comerciar, trabalhar, etc.) e também com o uso de 
uma área, espaço ou edifício {residencial, escolar, comercial, sanitário, industrial, . 
etc.), ou seja, aoJipo de uso do solo. Uso o que é destinado e uso que dele se foz. 
• Aspectos qualitativos - Referem-se ao tratamento dos espaços, ao «conforto» e à 
«Comodidade» do utilizador. Nos edifícios, poderão ser a insonorização, o isolamen-
to térmico, o correcto insolação, etc., - e, no meio urbano poderão ser característi-
cas como o estado dos pavimentos, a adaptação ao clima (insolação, abrigo dos 
ventos e das chuvas), a acessibilidade, etc. Os aspectos qualitativos podem também 
ser quantificáveis através de parâmetros {os decibéis que medem o intensidade de 
conforto sonoro, o lux, como medida do conforto do iluminação, etc.) (15) . 
44Raul Bueno
firmi
Realce
firmi
Realce
firmi
Realce
LJ+LlC = 0 ,.,c;EM 00 TECIOO 
-p.;oMOTOR 
a psE- L.EGAL 1.-.&1 2'-7 ; D ....... . "'' . :D ... ... 242. 
p,.ocesso _ _ _ _ _ _ _ _ _ __ 
.... .......... _ 
p e S TRU"TURA .. 
1 e"' ha J 
NUMERO OE FOGOS 
NUMERO OE HABITANTES 
DENSIDADE n . de hab•t.ant.es / ha 
. ACESSIVEL 
CpNSTRUIOO 
5 de fogos / "'• !:'ào ACESSIVl 
MEO.IO DE _ _ 
COEF. OCUPACAO Df? SOLO nàoCONST. n.ioPERCE1 0,07;:;1 
B I NO ICE OE CONSTRUCÁO SUP. o. 54_ 
2 B -- ---·--· B 
37 -- e 
° ._ _ _!_ ___. 
2-4. Bairro de Alvalade, Lisboa - medição de porõmetros urbanísticos, segundo o estudo For-
mos e Factores do Crescimento Urbano de Lisboa, do Arq.0 Isabel Costa, 1978 
45 
- - - -
--------
• Aspectos figurativos - Os aspectos figurativos relacionam-se essencialmente com 
a comunicação estética. Retomarei este assunto mais tarde (16), 
ConvémA!ninguir desde já aspectos qualitativos e estéticos, embora tenham uma 
área de sobreposição. Os aspectos qualitativos não são necessariamente estéticos; um 
ambiente com um alto grau estético não implica necessariamente uma boa comodida-
de. Em formas urbanas e arquitecturas do passado, encontramos um alto grau de in-
tenções estéticas, sem que o seu conforto e qualidade sejam assinaláveis. Inversamen-
te, certos espaços actuais podem ser de qualidade (existência de espaços verdes, pas-
seios limpos e cuidados, estacionamentos necessários, etc., mas sem que por isso mes-
mo tenham grande interesse estético. 
A tual · anti a de Lisboa é um exem lo s b r · ade de rodada, a cair 
incómoda cheia e asse1os e vias esburacadas, sem as como 
ca 1 ta to, des rende-se de a uma intensa e e t a. 
Recordo A Cidade Branca, o filme de A ain Tanner ;-e;ncjue 1s6oa é de uma beleza trá-
gica e melancólica. A beleza da rufna, o fasdnio da decadência, certamente incómoda 
e desqualificada, mas portadora de uma mensagem estética inconfundfvel, ultrapas-
sando o cenário e assumindo-se como protagonista. 
Fica uma interrogação que se aplica· mais às novas produções de espaço do que à 
análise do passado: até que ponto se pode falar de qualidade e conforto com ausência 
de intenções estéticas e vice-versai Esta questão poderia originar outra investigação. 
Finalmente, cham elemen s ó i os às unidades ou artes ffsicas que, asso-
iodas e estruturadas, cons · a forma. Interessa estabelecer· quais os e ementas 
mo o óg1cos que são identificáveis an o na leitura ou anál' · de como no pro-
cesso (urbanfstico-ar uitectónico) da sua conce ão. 
Em pr1me1ro ugar, os e ementas morfológicos devem relacionar-se tanto com ó es-
cala de análise como de concepção do espaço. Quero com isto dizer que não serão os 
mesmos, segundo se trate de uma rua, de uma praça, de um bairro ou de uma cidade. 
Discutirei esse assunto mais tarde (17), 
Interessará a'nda acrescentar gue a form 
nam e e a podem extra1r ou evidenciar certos as ectos ou eopor aqui. 
FORMA E CONTEXTO 
ual uer forma deve safsfazer um con'unto de critérios que se desi na geralmente 
por «contexto• (18). 
46 
Raul Bueno
FORMA E FUNÇÃO 
Entre os cri ' · contexto as funcões têm um relevo particular. Não seria sensa-
to negar as relações entre forma e função (19) que existem em to a a concepção arqui-
tectónica e que se podem observar na arquitectura e na forma teró de se re.:.. 
_lgcionar de J!!Odo a eermjtü:_o desenvolvimento eficaz Qgs 
que nela se processam. Neste sentido se percebe facilmente que uma fábrica seja dife-
rente de uma habitação, ou um copo de uma garrafa. 
A discussão das relações entre a forma e a função é muito antiga e tem acompanha-
do a teoria da concepção arquitectónica. Ao longo da história, a importância e o grau 
de determinismo dessa relação tiveram variações profundas. 
Alberti (201, ao formular os princípios da arquitectura, enuncia: a commoditas, rela-
cionando a função ligada a um programa; afirmitas, a estrutura que depende da técni-
ca; a voluptas, ou a qualidade formal, ou seja, a intenção estética. Posteriormente, 
48 
2-6 . Antigos formos usados po ro novos funções . OM. Ungers Museu de Arquitectura 
Frankfurt . Fachada e oxonométrico/corte . O temo do edificio dentro do ed ificio 
49 
Mies Van der Rahe define a especificidade da arquitectura pelo «que é possrvel con'stru-
tivamente, o que é necessório à utilização e o que é significativo como arte» 1211. 
Mas se os três princípios bósicos da arquitectura - a função, a construção e a arte 
- estão sempre presentes na arquitectura e na cidade, jó o peso que cada um deles as-
sume no processo criativo pode sofrer variações entre duas posições extremas: 
Uma posição cfuncionalista•c. segundo a qual uma forma física que corresponda lo-
gicamente aos problemas funcionais do contexto é bela, uma vez que a beleza é uma 
qualidade inerente a todo o sistema bem resolvido. Na prótica, o significada expressi-
vo encontra-se na adequação da forma à função: FORM FOLLOWS FUNCTION 1221 -
a célebre expressão de Sullivan - resume com ênfase esta posição . 
..__... O cantifuncionalismo• aceita que a concepção da forma seja ditada de modo inde-
pendente .por outros objectivos (nomeadamente estéticos), para criar a emoção ou o 
embelezamento da estrutura. 
Para o antifuncionalismo, as funções têm menor ou igual importância que outros cri-
térios do contexto. Exacerbando esta posição,.l•+•r Blgk! escreveria FUNCTION FOL-
LOWS FORM 1231, ou seja, a própria função também se adapta à forma- ou a mesma 
função pode coexistir e processar-se em formas diferentes. 
Em boa verdade, ambas as atitudes não são desprovidas de intenção estética. Mui-
to pelo contrório, significam processos diversos de atingir a perfeição arquitectónica. 
As atitudes do funcionalismo e do antifuncionalismo poderiam parecer bizantinos, 
se se esquecesse que têm dominado de modo explícito ou implícito o debate arquitectó-
nico e urbanístico nos últimos cinquenta anos. 
Até hó cin uento anos, o ar uitec ro e o urbanismo tinham sabido encontrar um 
equilíDn sot · · rio e o ortí 
f unções. 
50 
2-7. AdaptaçCio de antigas formas a novas funçlles . Restauro e adaptaçCia do Colégio dos Jesuí-
tas a Biblioteca Pública e Arquiva de Ponta Delgada. Axanométrita do novo conjunto 
51 
« •• •• •• •• ••••••• •• •••.••• ••••••••• •••••••• ••• • ••••• • . •• ••••• • •.•••••••••• •••••••••• •••••• •• 
« 1. A primeira exigência de cada edifício é conseguir Q::._melhor utilizacão possível. 
«2. Os materiais e sistema construtivos utilizados devem estar completamente subor-
dinados a esta exigência primária. 
«3. A beleza c nsiste na . ·rect ntre o edifício e a finalidade nas caracte-
rísticas adequadas dos materiais e na elegência do sistema construtivo. 
«4. A estética da nova arquitectura não reconhece qualquer separação entre facha-
da e planta, entre rua e pátio, entre frente e traseiras. Nenhum pormenor vale 
por si mesmo, senão que forma parte integrante do conjunto. O ue funciona bem 
tem uma apresentacão assim mesmo boa. Já não cremo e ai o ten a um as-
ecto eio uan o f ncione e 
«5. Também a casa, no seu conjunto, tal como os seus elementos, perde o isolamen-
to e a separação. Assim como as partes vivem na unidade das relações recípro-
cas, a casa vive em relação com os edifícios que a rodeiam. A casa é o produto de 
uma disposição colectiva e social. A repetição não deve já considerar-se como um 
inconveniente que se deve evitar, mas, pelo contrário, constitui o meio mais im-
portante de expressão artística. Para exigências uniformes, edifícios uniformes, 
enquanto a anomalia fica reservada para os casos de exigências singulares -
quer dizer, sobretudo para os edifícios de importância geral e social.• 
Mais tarde, a Carta de Atenas adopta idênticas posições. (25). O fu cionalismo 
eneraliza-se até ser facilmente ado tad ca o numa verdadeira obsessão que 
netrou na inguagem e nas nocõ .u.otidianQ, d e c sentida 
estético a vános n1veis. Os móveis são funcionais, e o vestuário, também. Qualquer 
como os cinemas ou os teatros, etc.,deve antes do mais, funcionar. Os 
critérios de avaliação dos projectos centram-se no funcion-amento do programa. A es-
tética funcionalista estende-se ao desenho de interiores, à decoracão, ao desenho in-
dustrial, à moda e ao vestuário, e impregna a cultura pela e com que os seus 
conceitos e princípios puderam ser apreendidos e aplicados. Q_ que antes fora estética 
de van uarda, detento forca da mensa m inovadora universaliza-se, torna-se 
acessível ao amem c urtLe..CO tal banaliza-se e é subvertida. 
O bom ncionamento torna-se por si só um item e qualida e. No voe ório do 
52 
sinónimo de funcionaL nado é verdadeiramente «moderno» 
que não seja funcional. E «funcional» é sinónimo de qualidade. 
Cinquenta anos depois dos palavras de B. T out, o estético funcionolisto, embora já 
abastardado, ainda é universalmente aceite pelo consumidor comum. Qualquer dono 
de obro pretenderá apenas, ainda hoje, que um edifício funcione bem (seja funcional), 
o que poro ele é suficiente, prescindindo do expressão de outros valores culturais do ar-
quitectura. No entonto, assimilo sempre o beleza à boa resolução de um programo ou 
de um problema. 
A onizoção funcionolisto dos cidades anulou os considerocões morfoló icos. As 
relações quantitativos e distributivos, o zonomen o e o o · . uma funcão exclu-
sivo o cada parcelo do território tornaram-se métodos univers · o urbanismo, pro 
zindo cidades mon anos e pouco estimulantes - eventualmente com tudo arrumado 
no seu lugar, mos sem lugar poro o surpreso, o complexidade e o emoção. 
As teorias funcionalistos encontraram no urbanismo um campo de aplicação facili-
tado. Para tal, muito contribuiu o simplismo das técnicas do zonamento, redúzindo a 
organização da cidade a uma distribuição lógico de zonas com programas específicos, 
facilitando a realização de edifícios, de preferência monofuncionois, repetitivos, fáceis 
de projector e de executar. g aplicação e o dos-pciodpios fun-
cionolistas parece ter tido forte incidência, já no arquitectura de edifícios 'sos se 
assaram e mo o 1 eren . Como eter B o e o servo em RM FOLLOWS FUNCJ 
TIO 26, no arqu1 ec ura moderna a forma nem sequer segue verdadeiramente o fun-
ção, na medido em que muitos arquitectos continuaram o dor autonomia o outros valo-
res, relações espaciais, caracteres construtivos e estruturais. 
Em a ode, raro foi o arquitecto que ro · o funci is . 
concepção sena ommo - e ma1s nos seus aspectos teóricos do que no práti-
ca do desenho- pelos preocupações de funcionamento. T odovio, em cada arquitecto, 
a formo foi tendo outros graus de autonomia. O funcionalismo foi, sem dúvida, uma 
teoria urbanístico e arquitectónica, mas foi, antes do mais, uma estratégia do represen-
tação desenhado e construído. No rótico, traduziu-se mais pela imagem estética ró-
fico e espacial do que por uma correlacão exacta a armo com o uncão. 
A o servaçoo a arquitectura e do cidade permite, de resto, comprovar a fro i lida-
de do funcionalismo do mótico, desmentindo os relacões lineares de cousa-efeito na "--- . 
re oção formo- uncão.fNo seu con1unto, a cidade e· o o qui ec uro apresentam uma a, 
vers1 a e e significaçõês e de espaços que traduzem mais do 
simples organização funcional. 
-J Por outro lado, uma mesmo unçõo pode existir convenientemente em formas distin-
tas, A reutilização . de antigos edifícios tem permitido obter excelentes resultados no 
grau de utilização, significação estético e quantidade ambiental, tontas vezes maior do 
53 
que em ediffcios projectados de roiz paro o mesmo programa (27), De resto, o reutiliza-
çã de ediffcios é já por si 
Qs-esp-ac;:os em que udo se encontra programa o para cada unção t!m-se reve a-
o extremamente limitadores e pouco versáteis na utilização, e tantas vezes de grande 
pobreza formal •. t--------
os-cidade , -fragilidade do funcionalismo é mais evidente. As funções dos centros 
urbanos evolufram, passando de lugares de defeso e de poder o lugares de comércio, 
serviços e trocas culturais. Os seus espaços foram recebendo essas diferentes funções, 
sobrepondo-se com complexidade e dinâmica, bem permitida pelo capacidade de res-
posta de traçados e formas urbanas à modificação funcional. 
O entendimento destas questões passa certamente por um equilrbrio de bom-senso. 
A função é um dos critérios do contexto, entre tantos outros, com o importância e a 
hierarquia própria dada pela visão cultural subjacente à concepção arquitectónica e 
urbantstica. Tem certamente um estatuto de necessidade, mas não de suficiência, dado 
que também pode ser manipulada com maior ou menor liberdade. 
A concepção da forma não se esgota na correspondência a uma ou mais funções. 
Tem também motivações mais complexas e profundos - culturais e estéticas. 
Como Scrutton, diria que «a ideia de função de um edifício est6 longe de ser clara, nem 
está cloro como é que determinada função deve ser transferida para uma forma arquitec-
tural. O que podemos dizer - alguma teoria estética mais adequada - é que 
os edifícios têm usos e não deviam entender-se como se os não tivessem» (281, 
A cidade e o espaço urbano têm usos e não deviam entender-se como se os não ti-
vessem -acrescento eu. 
FORMA E FIGURA 
(Aspectos estéticos do urbanismo) 
iccrd um en6meno é, por um lado, a maneira como as partes ou 
estratos se ·enco dispostos no objecto, e ta bém o poder de exefiçita evidenciar s-
sa dis osição. Estes dois aspec os sempre coexistiram. odavia, se não existe objecto sem 
orma, esta tem poderes de comunicação estética dispostos em nfveis muito diferentes. 
Chamaremos forma ao primeiro aspecto, e figura, ao segundo; o valor do figura nunca é 
nulo, pois que podemos reconhecê-la mesmo em nfveis extremamente degradados. 
É unicamente através da figura que podemos descobrir o sentido do fenómeno e re-
construir a totalidade, a pluralidade dos seus elementos construtivos e das suas proposi-
54 
2-8. Construções clondestinos no periferio de Lisboo 
55 
ções. A estrutura da concepção projectual (o que caracteriza a obra arquitectural) é de na-
tureza eminentemente figurativa.» (29) 
GREGOTTI, VITTORIO 
11 T erritorio deli' architeffvra 
A intenção estética é inerente à humanidade, faz parte do nosso dia-a-dia, em todas as 
nossas accões. 
Da do vestuório, em que o casaco combinar6 com os sapatos, à disposição dos 
móveis numa habitação, à cor do automóvel, ..um-se . - úmero de exem mons a 
a e e o er estéticos são inerentes ao uotidiano. uma necessidade, que 
também se educa e se desenvolve e que tem manifestações primitivas, «selvagens», eruditas 
e sofisticadas, ou completamente deturpadas. 
A estética da casa clandestina ou do emigrante, ou de edifícios projectados por de-
senhadores, engenheiros, topógrafos ou simples curiosos, é exemplificativo. 
A amostragem de formas importadas ou inventadas pelas colagens das mais desa-
justadas inspirações revela uma imaginação delirante de construção civil, sem informa-
ção cultural arquitectónica. 
Sem aceitar essas manifestações pelo que significam de destruição do património 
arquitectónico e urbanístico, não poderei negar que procuram um sentido estético pró-
prio, com regras que nada têm que ver com a cultura arquitectónica, popular ou erudi-
ta. É uma estética (ou antiestético) própria, fechada, e certamente explicóvel por nume-
rosos fenómenos sociais, culturais, económicos, todos os que se quiser e muitos mais, 
excépto os arquitectónicos! 
Vulgarmente designadas por Kitsch, estas manifestações estéticas significam no·fun-
do um outro gosto, ou ausência de gosto, diferente da cultura erudita e cortado de um 
relacionamento com a História, a sedimentação cultural e a civilização. · 
A anólise desta questão conduziria a estabelecer uma fronteira, ou zona de transi-
ção, entre «construção civil» e «arquitectura». Esta só existindo quando é ultrapassada 
a fase primória de simples ligação de elementos construtivos e técnicos, com vista a 
obter também efeitos estéticos de acordo com a cultura arquitectónica. 
Chegadoa este ponto, interessa-me definir os .9.!Qectos figurativos das formas urba-
nas. 
por «aspectos figurativos» os aspectos da forma que são comunicóveis 
através dos sentidos. E «figura», ao poder de comunicação estética da forma, ou seja, 
ao modo como se organizam as diferentes partes que constituem a forma, com objecti-
vos de comunicação. 
Nesta definição sigo de perto o texto de Vittorio Gregotti citado anteriormente. 
Esse texto retoma a diferença entre construção civil e ar uitectur , ou entre «ocupa-
56 
I 
2-9. Planto do Alhambra, Granado 
57 
Sistema de orientaçi ':-11--..J. C+-\ 
58 
Sistema visual Culue'kl 
Sistema táctil 
Pode parecer menos importante, se não se considerar que no sistema táctil se in-
clue!1l todas as percepções térmicas e de fricção com a atmosfera: as...ccu:rgntes 
de ar lar, o sol e o também são importantes na vivência, compreensão e 
caracterização a cidade. 
Sistema olfactivo 
Em certas cidades norte-africanas ou asiáticas, os cheiros são muito mais intensos e 
profundos do que no Ocidente e são pertença indissociável do espaço urbano: odores 
de suor humano, excrementos, especiarias, comidas e esgotos pertencem ao espaço e 
ao conhecimento desses lugares, como de resto o cheiro a forno de pão e a lenha quei-
mada evoca o mundo rural português. Não imagino as ruas das cidades da Índia ou 
certos bairros de Macau sem os seus cheiros característicos. Os cheiros e odores carac-
terizam os lugares e são podes do meio urbano. O sistema olfactivo pertence à expe-
riência da cidade, embora seja um factor de menor controlo e incidência no desenho 
da forma urbana, tal como tem sido analisada. 
Do enunciado dos sistemas de percepção, verifica-se, grosso modo, que 'a cada sis-
tema vai corresponder uma característica da forma, que poderá ser perceptível. 
Todavia as condições em que se realiza a comunicação com o ambiente são essen-
cialmente visuais e constituem um momento determinante na experiência de estéTica 
urbana, porque os aspectos figurativos se manifestam predominantemente pela comu-
nicação visual. 
Para estudar a imagem urbana, não se podem ignorar os trabalhos de Kevin lynch, 
de Kepesh e dos seus colaboradores do MIT (34), trabalhos que incidem sobre.uma anÓii-
se da forma urbana e que desenvolvem contributos fundamentais para a actividade do 
arquitecto urbanista como criador de formas e de imagens. cA imagem da cidade» é 
um meio de comunicar a sua forma física . Cito a tese de lynch- «Seremos agora capa-
59 
-... 
: .. -::-........ _ l"la<b. '" ____ _ 
-
.. 
'\ 
2 
\ 
1000" -
2-10. Kevin lynch- Os sistemas de orientação no formação do imagem de Los Angeles . 1. A 
imagem de Los Angeles extraído dos entrevistos orais. 2. A imagem extraído dos esboços feitos 
pelos entrevistados 
60 
zes de desenvolver o imagem do nosso ambiente, agindo sobre o suo formo ffsico exte-
rior e também desenvolvendo um processo interno de aprendizagem.• 
O grande interesse d.Q_trobalho de Lynch reP-ous obr.etudo no @ resso à leitura 
ou ex eriêncio ective.-Ao estabelecer o «média• das...imag ercebidas or cada 
indivíduo obter-se-ó o imo em c é justamente essa imagem colectivo que 
lynch propõe que seja procurado no composição urbano. lynch demonstrou tombé 
importância do ambiente visual poro o r do cido ão e poro o seu comporta-
mento soc1o s1 . or é fundamentalmente a visão que 
etermino o orientação e os sequências visuais que são essenciais poro o conhecimento 
do formo urbano (35). 
Do que acabo de ser dito, sobressai que os elementos visuais serão determinantes 
em todo o concepção e produção do espaço. Poro que existo imagem (como em todo o 
fenómeno correlacionado com a percepção), é necessório uma relação entre objecto e 
observador. A formo urbano poderó ter uma multiplicidade de cimogenu que corres-
pondam o outros tontos observadores. No e tonto, o esar de o imo em de ender do 
observador, depende rimeir ente dos característicos do formo. e o problemótico 
do imagem v1suo é muito importante poro o arquitecto urbanista, mais ainda é o co-
nhecimento dos os morfoló icos, ue s- ais si nificotivos visualmente pois é 
através desses elementos que se pr'õeé"sso no essencial o comumcoção figurativo. 
ecorro e novo o Gregotti quan o o 1anto o possi 1 idade de «qOã quer o mo 
conter níveis de comunicação estético ainda degradados•, (36) ou seja, desde que 
tenho existido o intenção estética, ainda que culturalmente alienado, o forma terá cer-
tamente níveis de comunicocão estético. 
O ob.ectivo d do urbanismo não será ogenos O!:.:. 
gori1zor o território goro acolher actividades, mos também actuar no formo oro gue/ 
existo omunicacão estética e sign· · -o. O ue e uivole o ne ar os mo os exclusi-
vamente ncionolistos - ainda que se possam encontrar estratos de comunicação es-
tétrco no correcto correspondência do formo à função. A próprio formo, ou o imagem 
urbano, pode ser organizado com relativa independência poro atingir o comunicação 
visual; no fundo, troto-se de retomar os problemas do arte urbano e de embelezamen-
to do cidade com o objectivo de contribuir paro um ambiente mais estimulante. 
61 
.; · ' .J , · ' .. . .. . .. t • • • 
2-11 . O território como suporte dos formos urbanos . Horto - Faial - o cidade e o paisagem 
vistos do mar. Porto Pim- Horto- visto do praia 
62 
2.3 PRODUÇÃO E FORMA DA CIDADE E PRODUÇÃO 
E FORMA DO TERRITÓRIO 
O TERRITÓRIO COMO SUPORTE DA ARQUITECTURA 
xtensão do superfície terrestre no 
gru o humano» (37), ou melhor, o espoco construí e o ornem e 
P-Oderíamos or e gue não t · idO-hum · o o. E o es-
paço onde o homem exerce o suo occão, transformando-lhe os condicões físicos, 
tmpon o- e o csuo orãem» (39). 
oc uolj)êiisogem do Europa, e de certo modo por todo o mundo, é já o resultado 
do acção do homem sobre um suporte físico preexistente. · 
As estruturas rurais, tal como os urbanos, decorrem de uma acção humano que ten-
de o dominar os elementos físicos e o clima de modo o permitir e os octividodes,quer es-
tas sejam urbanos, agrícolas ou florestais. Canais e valas, plantações, desoterros ater-
ros, socalcos e cominhos testemunham essa acção transformadora. Nos nossos regiões, 
quase todo o espaço já sofreu o acção do homem. Muitos paisagens que se consideram 
cnoturois» são apenas paisagens «construídos», com meios e objectivos diferentes dos 
urbanos. A diferenço entre os espaços rurais e os espaços urbanos refere-se essencial-
mente 00 seu modo de utilização: em ambos os casos o homem actuo sobre o território, 
poro nele viver, exercer actividades, e também de acordo com um sentido estético. 
Troto-se de saber se os considerações anteriores sobre o formo urbano podem ser 
extensíveis o todo o território, ou seja, se se pode considerar o construção do território 
humanizado como fenómeno arquitectural. Questão que encontro também o seu lugar 
no planeamento regional e urbanístico como disciplino de organização espll!ciol. 
ALARGAMENTO DA NOÇÃO DE FORMA URBANA 
O sítio e o suporte geográfico 
A formo urbano não poderá ser desligado do seu suporte geográfico - e este é um 
elemento tão importante como os factos construídos. 
casos o génese e o potencial gerador dos formgs 
pelo apontar de um troçado, pelo expressão de um lugar. 
63 
Rossi refere-se ao csítio» designando-o pelo locus. Mas o locus não é propriamente 
o sítio geográfico. É a creia ão sin ular ue existe entre certa situacão local e as cons-
trucões que estão nesse lu ar». A escolha do lugar, tanto para uma construção como 
para uma c1 a e, mlía um valor proeminente no mundo clássico; a situação, o sítio, es-
tava governado pelo enius loci, ela presidia a tudo -
senvolvia nesse mesmo lu ar. c conceito de locus sempre este.;'e presente na tratadís-
tica clássica, embora já em Pai/adio e depois em Milizia, o seu tratamento adquirisse 
cada vez mais um aspecto de tipo topográfico e funcional.» !40l 
Pode-se verificar que o território preexistente- o lugar- constitui sempre 
mento determinante na criacão ar uitectónica.Quando__se_utilj am modelos idênticos 
em sítios ishn os, a 1versi dos lu ares conferirá identidade 12ró ria a da u ._0 
templo rego repete um tipo arquitectónico, mas de santuário para santuário a dif 
te variar o seu aspec o. casos é o lugar que, pelo seu 
potencial sugestivo, gera a própria· arqu1lec ura. 
É frequente, em determinadas metodologias de projecto, o recurso sistemático a 
qualquer preexistência como suporte da forma a criar. Recordo a obsessão das ree-
o discurso de alguns r:qu.i.t.eEto.u orto e Lisboa. Recordo ainda 
alguém dizer que nada há de mais difícil do que pro'ectar num terreno plano e nu. O 
? oce na IVO u 1l1za sem reex1stenc1a como apoio, e e 
dor da forma arquitectónica. Por outras pa a ras, e como nos exemplos apresentados 
por Rossi, o sítio é um cgénio» determinante e inseparável da arquitectura que o ocupa-
rá - no fundo, é já a génese da arquitectura. 
<:oncluindo, não se pode falar de forma urbana sem lhe associar o suporte geográ-
fico, porque a forma urbana é indissociável do seu sítio e do território. 
9s limites idade 
Actual ente é difícil ou quase im ossível deter ·nar os limit s es a · is da «c· a-
A distinção entre cidade e território considera o território como envolvente da su-
perfície terrestre onde o homem exerce a sua acção transformadora, e a cidade como 
o meio geográfico e social formado por um conjunto de construções e cujos habitantes 
trabalham em maioria no seu interior (41), 
A a · a cidade era e uena (42l, A su ormaJig.QY( -se estreitamente a 
um sítio e a limites defe sivos administrativos e de fiscalizaç.ao.)_.q esta e eciam uma 
barrei _entre eSJ20Ç.O «construído» e não constr · (.es oco rural). 
Com a evolucão das técnicas militares e com a industrialização, a cidade transbor-
dou esses erímetros, diluindo-se a separação entre construí o e não construído. Os 
consumos de áreas para novos há 1tos e necessidades as popu ações produziram a 
64 
2-12. Pormenor do plonto de Lisboo, 1826-1831 , de José Bento Souso Fovo. A cidode ultropos-
so ocidentes geográficos, e o núcleo primitivo desenvolve-se num conjunto desorticulodo de os-
sentomentos periféricos no território 
65 
A PAISAGEM COMO OBJECTO ESTÉTICO, A PAISAGEM-COMO ARQUITECTURA . 
E A ESTÉTICA DA PAISAGEM NATURAL 
66 
I -+----
1 
.......... ··-<J ........... 
·-·-· .......... ........... ,_ ..... -----.... _ ::::--·=-.. -
--<"-.. = 
2-13. Ilho de Moçambique . A reg ião, o sítio (o ilho) e o ocupação urbano desde o séc. XVI 
67 
_fgctor cultural. Emoção estética que pode existir de igual modo perante uma paisagem 
ou um quadro de Picasso: um pôr do sol, um campo verde, uma aldeia, podem ser per-
cebidos como objectos estéticos de modo semelhante que os objectos manufacturados 
ou as formas de arte. Valor que provém também de ue a anizada, a ci-
dade e o território sc3õ"'"fenómenosêülturais. 
A beleza dos sítios tem justifica o o próprio ordenamento do território para a defe-
sa e preservação do ambiente e a sua fruição:_miradouros. vias panorâmicas, 
proteccão rvas naturais são exemplos. 
A aisa em humanizada mbiente ar uitectónico - colectivo . 
Os cidadãos têm direito a viver em am •entes esteticamente qualr ICa os. O ireito à 
qualidade da paisagem e da arquitectura é um direito social e, noutro sentido, funda-
mento da intervenção do arquitecto. 
A defesa da paisagem é uma noção recente que surge justamente da ameaça cres-
cente sobre a integridade dos sítios que se vão tornando um bem raro, logo precioso, e 
quando, a partir do século XX, o uso e exploração do território se sobrepõem a qual-
quer processo harmonioso da sua utilização. A defesa da paisagem significa, implícita 
ou explicitamente, o reconhecimento da existência de aspectos figurativos. Por outras 
palavras, permite considerar que as operações sobre a paisagem (conservação ou 
transformação) são também do domínio arquitectónico-urbanístico (43). 
Uma outra ordem de questões prende-se com a construção da própria paisagem, 
entendida como arte de jardinaria ou «arquitectura paisagística». O seu ponto de parti-
da é bastante antigo: desde os «jardins suspensos» da Mesopotâmia aos traçados clás-
sicos do 'fim dos séculos XVII e XVIII que se ultrapassaram as simples noções de jardim 
de Versailles a Fontainebleau, aos parques românticos, aos traçados das florestas de 
caça, a construção da paisagem processou-se como extensão do meio edificado, pro-
pondo ao domínio arquitectónico novas organizações do território com novos «mate-
riais». No século XVIII, o alargamento da noção de «jardim» a uma vasta paisagem, 
alargando as concepções estéticas da arquitectura à grande escala, perfila duas atitu-
des: a conce cão naturalista in lesa e a racionalista1 geometrizada, cartesiana, fran- · 
68 
2-14. Montanha de Sainle Victorie - Aix-en-Provence - pintada por Cézanne em 4 quadros 
diiferentes 
69 
gem encontra no traçado a cordel rectilínea e na ge_ometria os prindpios de organiza-
ção espacial, estendendo pelo campo ou jardim o modelo dos traçados clóssicos urba-
nos. 
A origem do cdesenho• da Natureza encontra-se na própria arquitectura, como ar-
te de organização do espaço, sem distinção de materiais utilizados: elementos 
ou minerais, como a madeira, a pedra e o betão, ou elementos vegetais, como plantas 
e órvores. Quaisquer destes são i .Y.O.l.m.ente elementos morfológjços porgue são partt! 
de uma estrutura e e n um es e uma forma. 
A rac1ana ização dos éampos disciplinares e a comp exidade dos conhecimentos 
co tribufram para a divisão entre a arquitectura urbana e a arquitectura da paisagem 
a também ente o um alargar do campo da arte de jardinaria. 
FORMA URBANA E FORMA DO TERRITÓRIO 
70 
2-15. Tavira - o território orgcnizado para divenas funções e actividades a cidade 
e os a pesca e os porios; o campo e a agricultura; as solínas e o inclústria do sal; 
as proias e o turismo 
71 
3 
2-16. Escolas sectoriais, urbanos e territoria is - Tavira . 1. Um espaço urbano: o largo ou o 
praça do Alogoo. 2. O bairro/o escalo urbano . 3. A cidade/o território/o escalo I tilotial 
72 
2.4 DIMENSÕES ESPACIAIS NA MORFOLOGIA URBANA 
Avanço agora duas hipóteses relacionados com a dimensão da forma urbana. 
• A noção de FORMA aplica-se a conjuntos urbanos de diversas grandezas e comple-
xidade. Fala-se de cforma física» para uma praça, uma rua, um bairro, uma cidade e 
até para uma área metropolitana. Não existe um limite específico, mas sem dúvida a 
dimensão e a escala estão sempre implícitas nas formas urbanas. 
• O espaço humanizado público !45) constitui um ambiente global que só como tal pode 
ser compreendido. O homem vive numa continuidade ambiental, e as formas urba-
nàs ou territoriais são constituídas pela composição de diferentes unidades espaciais 
e elementos morfológicos. Na forma de uma rua ou de uma praça, podem-
-se distinguir as particularidades dos edifícios que as delimitam e as estrutur9m; na 
forma de um bairro, podem-se distinguir as ruas e praças que o compõem e nas quais 
este se subdivide. E assim por diante. 
Estas duas hipóteses relacionam-se quer com a análise das formas construídas quer 
com as metodologias da sua concepção. 
A compreensão e concepção das formas urbanas ou do território coloca-se a dife-
rentes níveis, diferenciados pelas unidades de leitura e de concepção. 
Nesta ordem de ideias, pode-se recortar o espaço em partes identificáveis. O crité-
rio para esta subdivisão decorrerá quer do modo como se processa a leitura quer do 
modo como o espaço é produzido. 
ABa' -de-tisboa é composta malha de ruas ortogonais que ligam pracas 
nos extremos. Mas a Baixa é identificáve como um o o e su6atvtstve em ruas, praças, 
qua eirões e edifícios. 
o vegetal em branco sobre o estirador, o arquitecto tenderá a conceber o espaço 
quer a partir das unidades estruturantes quer por adição de elementos. 
Assim, pode-se estabelecer uma classificação das escalas ou dimensões da forma 
urbana. 
DIMENSÃO SECTORIAL - A ESCALA DA RUA 
73 
Raul Bueno

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