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DISLIPIDEMIA CONSIDERANDO SUA PREVALÊNCIA EM IDOSOS. R E S U M O A C A D Ê M I C O - M E D I C I N A G I O V A N N E N O B R E 2 0 2 1 TEMA: Dislipidemia considerando sua prevalência em Idosos. ACADÊMICOS: Amanda Rezende Martuscelli, Giovanne Nobre Queiroz, Luiza Moura Menezes, Maria Gabriela Gonzaga Gomes, João Augusto Freitas Leão e João Victor Soares Quintino. REVISÃO DE LITERATURA As significativas mudanças socioculturais observadas majoritariamente a partir da segunda metade do século XX contribuíram para o estabelecimento de um novo estilo de vida predominante. Desse modo, a adoção de um padrão de vida sedentário associada a alterações nos hábitos alimentares e ao fenômeno de envelhecimento populacional propiciou a epidemia crescente de doenças crônicas, tais como a obesidade, o diabetes mellitus e a hipertensão, condições que por sua vez frequentemente se relacionam com alterações lipídicas, como relatado por Valença et al. (2015). Nesse sentido, tais alterações constituem o quadro clínico de dislipidemia, caracterizado pelo desequilíbrio dos níveis séricos dos lipídeos, que segundo Barroso et al. (2017) podem incluir triglicerídeos e colesterol total altos, considerando a elevação da quantidade do colesterol de lipoproteína de baixa densidade (LDL) e de muito baixa densidade (VLDL) em detrimento de um nível muito reduzido de lipoproteína de alta densidade (HDL). Esses fatores evidenciam o risco para doenças cardiovasculares e uma alta probabilidade de ocorrência de morte por eventos coronarianos. O excesso lipídico corpóreo, caracterizado como obesidade, vem se tornando um problema relevante no contexto epidemiológico mundial. A dislipidemia tem sido um dos problemas diretamente relacionados ao excesso de peso, a medida em que há uma alteração no perfil lipídico do indivíduo, influindo diretamente em seu metabolismo. Segundo Fernandes, et al. (2011), por meio da análise de dados de 49.395 adultos residentes nas capitais brasileiras e no DF, constatou-se uma taxa de dislipidemia próxima de 16,5%, ressaltando a grande relevância desse contexto. Nesse viés, torna-se um desafio para a saúde pública nacional, dando espaço à promoção de políticas de saúde que visam prevenir e reduzir fatores de risco relacionados com a doença. Segundo Fernandes, et al. (2011), o exercício físico pode se encontrar como um dos principais meios de prevenção primária na cronologia da doença, como também, o exercício físico ao longo da vida pode influir na proteção da ocorrência de dislipidemia na idade adulta. Além disso, torna-se relevante a disponibilização de hipolipemiantes, como as estatinas, por meio da saúde pública, auxiliando no tratamento das alterações lipídicas da população. Na população brasileira, a qual é observada elevada taxa de dislipidemia, a prática insuficiente de exercícios físicos constitui um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento do quadro clínico de dislipidemia e aterosclerose, segundo Fernandes et al. (2011). Por mais que os lipídeos sejam importantes substratos para a produção de energia durante a prática de exercícios físicos, estudos realizados pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) mostram que adultos fisicamente ativos apresentam maior concentração plasmática de HDL-colesterol, menores concentrações de LDL-colesterol e triglicérides quando comparados àqueles sedentários. Com base em tais efeitos benéficos, a prática sistematizada de exercícios físicos demonstra a IV Diretriz Brasileira de Prevenção e Aterosclerose indica que a mudança de estilo de vida induzindo à prática de atividades físicas deve ser a primeira linha de frente no combate à dislipidemia. Assim, mais do que um agente não farmacológico utilizado no tratamento dessa doença, o exercício físico pode ser um dos pilares da prevenção primária na história natural da doença, desempenhando importante papel em sua prevenção e, nesse ponto, há uma lacuna na literatura sobre o efeito protetor do exercício físico acumulado ao longo da vida na ocorrência de dislipidemia na idade adulta. A redução da natalidade e da mortalidade e o aumento da longevidade são algumas das causas do evidente envelhecimento da população mundial, resultado, dentre outros fatores, de progressos farmacológicos, imunizações e tecnologias médicas. Segundo Martins et al. (2017), no Brasil, tem-se evidenciado um aumento da população idosa com concomitante aumento de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT). Consoante a esse estudo, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) afirma que o Brasil tem envelhecido de maneira rápida e intensa, e que a maioria dos idosos tem se apresentado com alta prevalência de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), o que ocasiona uma sobrecarga substancial para a economia nacional, especialmente pelos gastos com aposentadoria e recursos médicos. Conforme defendido por Pereira, Nogueira e Silva (2015), com o aumento global da expectativa de vida, passou-se a refletir que não adianta apenas proporcionar ao indivíduo uma longevidade, mas é também necessário garantir meios para que ele passe esses anos de maneira satisfatória. Sob esse viés, a dislipidemia é uma DCNT com alta recorrência entre a população idosa e, conforme estudo de Paulo et al. (2014), é grave, uma vez que o perfil lipídico desfavorável também pode aumentar o risco de complicações cardiovasculares. A Organização Mundial da Saúde (2011) destaca que 43%, em média, da população brasileira possui níveis elevados de colesterol. Nota-se a influência dos hábitos de vida no desenvolvimento de DCNT, fundamentado no estudo de Malta, Papini e Corrente (2013), no qual defendem que a alimentação é importante na prevenção de eventos cardiovasculares, visto que observa-se um alto consumo de gordura e açúcares, associado a um baixo consumo de frutas e verduras pela população idosa e que a prática insuficiente de exercício físico exerce influência para o desenvolvimento da dislipidemia e aterosclerose. Sendo assim, conhecer o perfil dessa população pode favorecer o estabelecimento de ações e políticas mais adequadas em prol da promoção da saúde e qualidade de vida. Desse modo, a descompensação dos níveis lipídicos em idosos está relacionada diretamente com o estado nutricional e, além disso, segundo Moretti et al. (2009), o processo de envelhecimento é mais um fator contributivo, pois ocorre redução de massa muscular concomitante com o aumento de tecido adiposo. Sendo assim, alguns alimentos ricos em triacilgliceróis, como doces, frituras, manteiga, carne vermelha contribuem para o aumento do colesterol LDL. Deve ser lembrado que o colesterol só existe em alimentos do reino animal, nesse sentido, de acordo com Xavier et al. (2013), deve haver um equilíbrio na dieta em alimentos de origem vegetal e animal, pois o vegetarianismo a longo prazo acarreta deficiências nutricionais, principalmente em idosos. Portanto, uma alimentação adequada é composta pela carne branca (aves sem pele e peixes), leite desnatado e seus derivados além de cereais, vegetais e frutas, que são importantes fontes de fibras e que, se consumidos regularmente em doses adequadas, podem auxiliar no controle dos lípides plasmáticos. Tais medidas de controle e adequação alimentar, apesar de substancialmente importantes em qualquer faixa etária, cabem de maneira mais cuidadosa quando relacionadas aos idosos, sendo que devido à idade, o metabolismo dos triacilgliceróis já não é tão eficiente, o que facilita a sua deposição nas paredes endoteliais, formando assim placas retentoras de cálcio a partir da inflamação do vaso sanguíneo. Visto isso, o acompanhamento médico, prática regular de exercícios e orientação nutricional profissional são de extrema importância para a manutenção da boa saúde do idoso quanto a dislipidemia e para prevençãode agravos, tendo em vista que as doenças cardiovasculares são as principais causas de morte em homens e mulheres no Brasil, sendo responsáveis por cerca de 20% de todas as mortes em indivíduos acima de 30 anos e por 41% dos óbitos em indivíduos com 60 anos ou mais. (XAVIER et al.,2013). REFERÊNCIAS: BARROSO, T. A.; MARINS, L. B.; ALVES, R.; GONÇALVES, A. C. S.; BARROSO, S. 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