ALTERNATIVAS PARA O COMBATE AO DESPERDÍCIO DE ALIMENTOS NO BRASIL

Prévia do material em texto

REDAÇÕES MODELO – EDIÇÃO 15 
ALTERNATIVAS PARA O COMBATE AO DESPERDÍCIO DE ALIMENTOS NO BRASIL 
MARCOS TEODORO 
 
 
M
a
r
c
o
s
 T
e
o
d
o
r
o
 
 “Tempo de absoluta depuração.” Esse trecho, escrito pelo poeta modernista Carlos Drummond de 
Andrade, compõe o poema “Ombros que suportam o mundo”, o qual, em uma leitura crítica e social, aborda as grandes 
dificuldades e hostilidades vivenciadas na sociedade contemporânea. De maneira análoga à obra, o desperdício de 
alimentos configura-se como um hábito deplorável, conforme descrito pelo autor, e, nesse viés, urge a necessidade de 
busca por alternativas para o combate a essa atitude. Nesse sentido, entende-se que o advento do ideário capitalista e 
de costumes irracionais fomentam a desconexa cultura de descarte de diversos alimentos. 
Diante desse cenário, sabe-se que a expansão desordenada dos ideais capitalistas motiva o desperdício 
irrestrito de gêneros alimentícios. A esse respeito, Karl Marx, sociólogo alemão, defendia que, no mundo pós-moderno, 
a economia determina a sociedade. Diante dessa perspectiva, percebe-se que, no Brasil, o agronegócio – movido pela 
busca incessante por lucro – contribui para o esbanjamento imprudente e inconseqüente de alimentos, uma vez que a 
produção excessiva desses gêneros é acompanhada, em sequência, de um estoque inadequado e de um sistema de 
transporte precário, o que corrompe a qualidade – tanto nutricional, quanto estética – de diversos elementos da 
nutrição humana. Com isso, escancara-se a face perversa de um sistema econômico desprovido de adequações 
estruturais à conservação mínima de alimentos e, desta forma, ratifica-se o ideário de Marx na sociedade verde-
amarela. 
Outrossim, a ausência de ações consumistas conscientes perpetua o descarte imediato de alimentos 
necessários à manutenção da homeostase corporal. A título de ilustração, Friedrich Hegel, sociólogo alemão, defendia 
que a razão rege a ordem coletiva. Seguindo essa linha de pensamento, conclui-se que atitudes conscientes são 
necessárias e extremamente importantes para o bom funcionamento da engrenagem social. No entanto, verifica-se 
que, no Brasil, há uma atuação da irracionalidade no que diz respeito à escolha de diversos alimentos para o consumo 
humano, uma vez que proteínas animais, quando não correspondem à imagem estereotipada de tons vermelhos e 
carnosos, são, mesmo que comestíveis, descartadas de modo imprudente e pouco consciente – conseqüência da 
ausência de um pensamento racional e de decisões de bom senso, o que contraria, infelizmente, a tese de Hegel na 
coletividade brasileira. 
Impende, pois, que instituições públicas e sociedade cooperem para superar esse cenário heterogêneo no 
Brasil. Desse modo, cabe ao Ministério da Agricultura – entidade responsável pela ordem agrícola brasileira – investir, 
por meio da cessão de capital público, no sistema de armazenamento e de transporte de gêneros alimentícios, 
adequando, a cada produção, o que seria necessário a conservação e estoque de cada alimento, a exemplo de 
sistemas de refrigeração para carnes e de sistemas de ventilação para frutas e verduras. Nesse espectro, tal medida 
teria como finalidade a atenuação de perdas de alimentos na fase inicial do processo de produção, o que é, 
urgentemente, necessário. Ademais, cabe à mídia televisiva desenvolver campanhas elucidativas para o combate à 
estereotipagem de alimentos. A partir de tais medidas, o enredo de Drummond será apenas parte da ficção literária.