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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA-UFRA PLANO NACIONAL DE FORMAÇÃO DOS PROFESSORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA LICENCIATURA EM PEDAGOGIA CARMELIZA DA SILVA MONTEIRO MARIA AUXILIADORA ARAÚJO DA SILVA Alfabetização no Brasil: dos jesuítas ao Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa Igarapé-Açu/PA 2015 CARMELIZA DA SILVA MONTEIRO MARIA AUXILIADORA ARAÚJO DA SILVA Alfabetização no Brasil: dos jesuítas ao Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito avaliativo para obtenção do grau de Licenciatura Plena em Pedagogia, pela Universidade Federal Rural da Amazônia, sob a orientação da professora Msc. Syane Sheila Costa de Paula Lago . Igarapé-Açu/PA 2015 CARMELIZA DA SILVA MONTEIRO MARIA AUXILIADORA ARAÚJO DA SILVA Alfabetização no Brasil: da alfabetização jesuítica ao Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa Trabalho de Conclusão de Curso apresentado e aprovado como requisito avaliativo para obtenção do grau de Licenciatura Plena em Pedagogia, pela Universidade Federal Rural da Amazônia, sob a orientação da professora Msc. Syane Sheila Costa de Paula Lago . Nota: _______________ Data: 02/07/2015. Banca Examinadora _____________________________________ Prof.ª MSc.Syane Sheila Costa de Paula Lago– UFRA (orientadora) _____________________________________ Prof. MSc José de Ribamar Oliveira Costa– UFRA (Examinador I) _____________________________________ Prof.MSc Elielza Moraes Anselmo Ferreira– UFRA (Examinador II) Igarapé-Açu/PA 2015 Monteiro, Carmeliza da Silva Alfabetização no Brasil: da alfabetização jesuítica ao Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade certa/ Carmeliza da Silva Monteiro, Maria Auxiliadora Araújo da Silva. – Igarapé-Açu, 2015. 39 f.:Il. Trabalho de Conclusão de Curso (Licenciatura Plena em Pedagogia) – Plano Nacional de Formação de Professores, Universidade Federal Rural da Amazônia, 2015. Orientadora: Syane Sheila Costa de Paula Lago 1. Alfabetização 2. Pacto pela alfabetização 3. Alfabetização - Brasil 4. Educação – ensino - método I. Silva, Maria Auxiliadora Araújo da II. Lago, Syane Sheila Costa de Paula, Orient. III. Título CDD – 372.21 Dedico este trabalho à minha família, especialmente as minhas filhas Larissa e Camilly e, ao meu esposo Júnior, aos meus pais e a minha avó Dolores, pelo incentivo, apoio e compreensão nestes quatro anos de estudos e, a todos que contribuíram para a consolidação desse trabalho. Dedico também a minha amiga Aurilene Braga (in memoriam). Carmeliza Monteiro Dedico este trabalho a todos os professores que direto ou indiretamente contribuíram para o meu aprimoramento educacional. Aos meus filhos, neto, nora e amigos que torceram pelo meu sucesso. Ao meu eterno pai, que tinha o sonho de me ver formada. (in memoriam) A minha amiga “Aurilene Braga” que ao chamado de Deus, seu sonho foi interrompido. (in memoriam) Auxiliadora Araújo AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus pelo Dom da Vida. A Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA) pela oferta do curso. A minha família, em especial, as minhas filhas Larissa e Camilly, ao meu esposo e a minha mãe, pelo apoio, incentivo, compreensão e carinho. Agradeço ainda: A minha orientadora Syane Costa que tornou possível a realização desse trabalho. A todos os professores que ministraram aulas durante esses quatro anos de estudos no curso de Pedagogia, os quais trouxeram novas experiências e conhecimentos muitos importantes, os quais contribuíram para a minha carreira profissional como educadora. A todos meus colegas de classe, pela rica troca de experiências. A minha equipe de trabalho, que durante todo esse período de estudos estivemos sempre juntos e, em especial a minha parceira de TCC Maria Auxiliadora. A todos que, direta ou indiretamente contribuíram para a realização desse trabalho. Carmeliza Monteiro AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente á Deus por ter me dado a vida e, em segundo, a minha primeira educadora, minha eterna mãe Terezinha; A Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA) pela oportunidade; Aos meus filhos Elias e Felipe que sempre me deram força nessa árdua caminhada; Ao pai dos meus filhos Darcy que sempre me apoiou nas horas mais difíceis; As minhas irmãs que me ajudaram a entender que o amor e o afeto é o caminho para uma educação; Aos professores e mestres que me deram um leque de conhecimentos para que pudesse continuar com essa missão tão digne e feliz, pois, ser professor é um privilégio; Aos colegas de faculdade pela coragem e determinação e, principalmente, a minha parceira de tcc Carmeliza monteiro, pela sua paciência, compreensão e dedicação ao longo desses quatro anos de faculdade; A minha orientadora Syane Costa que tornou possível a realização desse trabalho; Agradeço também aos meus amigos e professores que ao longo da minha trajetória educacional não me deixaram fraquejar pelas dificuldades encontradas nessa caminhada, e que, me encorajaram a seguir em frente para que eu pudesse galgar mais um degrau em busca dessa nova realização no ser educadora. Auxiliadora Araújo “Ensinar não é transferir conhecimentos, mas criar as possibilidades para a sua produção ou a sua construção. Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender” Paulo Freire RESUMO O presente trabalho é um estudo sobre a alfabetização no Brasil indo desde 1500 com a chegada dos portugueses até a atualidade com o Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa implantado em 2012 em todo o território brasileiro. Este trabalho tem como objetivo estudar a atual política de alfabetização do Brasil, por meio da análise histórica das políticas públicas de alfabetização desde a ocupação do Brasil em 1500. Também trás como metodologia a análise comparativa das etapas evolutivas do processo de alfabetização. Esta pesquisa baseia-se em um estudo bibliográfico por meio da compreensão dos pensamentos de diversos autores, bem como, por uma análise de dados oficiais que descrevem a atual situação da alfabetização no país. Palavras chaves: Alfabetização. Pacto pela alfabetização. Alfabetização no Brasil. Abstract This work is a study of literacy in Brazil going since 1500 with the arrival of the Portuguese to the present with the National Pact for Literacy in the Middle One deployed in 2012 throughout the Brazilian territory. This work aims to study the current literacy policy in Brazil, through historical analysis of public policies literacy since the occupation of Brazil in 1500. Also back as methodology the comparative analysis of the evolutionary stages of the literacy process. This research is based on a bibliographic study through understanding of the thoughts of several authors , as well as an analysis of official data describing the current status of literacy in the country. Key words: Literacy. Pact for literacy. Literacy in Brazil. LISTA DE SIGLAS ABC - Avaliação Brasileira do final do Ciclo de alfabetização ANA - Avaliação Nacional da Alfabetização CAPS - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior CPC - Centro Popular de Cultura IDEB - Índice de Desenvolvimento da Educação Básica INEP - InstitutoNacional de Estudos e Pesquisas Educacional Anísio Teixeira LDB - Lei de Diretrizes e Bases LDBEN - Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional MCP - Movimento de Cultura Popular MEB - Movimento de Educação de Base MEC - Ministério da Educação MOBRAL - Movimento Brasileiro de Alfabetização PBA - Programa Brasil Alfabetizado PDE - Plano de Desenvolvimento da Educação PNAD - Pesquisa Nacional de Amostragem Domiciliar PNAIC - Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa SECADI - Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade SEMED - Secretaria Municipal de Educação UFPA - Universidade Federal do Pará UFPE - Universidade Federal de Pernambuco SUMÁRIO INTRODUÇÃO...........................................................................................................13 1 HISTÓRIA DA ALFABETIZAÇÃO NO BRASIL....................................................17 1.1 A alfabetização dos Jesuítas no Brasil Colonial (1549-1759)..............................17 1.2 A alfabetização no Brasil Imperial (1808-1889)...................................................18 1.3 A alfabetização no Brasil Republicano (1890-1964)............................................20 1.4 A alfabetização no Regime Militar (1964- 1985)...................................................22 2 O PACTO NACIONAL PELA ALFABETIZAÇÃO NA IDADE CERTA..................28 2.1 Conhecendo o programa.....................................................................................28 2.2 As Bases legais do programa..............................................................................29 2.3 Ações do Pacto....................................................................................................30 2.4 Compromissos com os entes governamentais com o Pacto ..............................31 2.5 A implantação do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa em Igarapé- Açú.............................................................................................................................32 CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................................35 REFERÊNCIAS.........................................................................................................37 13 INTRODUÇÃO Para melhor entendimento da história da alfabetização no Brasil, faz-se necessário fazer um estudo histórico acerca do processo de alfabetização do país, buscando os fatos desde o início desse processo, onde e como nasceu essa modalidade escolar de alfabetização, para assim entender porque este processo na educação brasileira que ainda é considerado tão complexo nos dias atuais, onde estão posicionados os indivíduos analfabetos ou alfabetizados. Num estumo epistemológico de acordo com o Dicionário Unificado da Língua Portuguesa (2009, p.69), a palavra analfabeto significa “aquele que não conhece o alfabeto, que não sabe ler e escrever”, e alfabetizado, “que ou aquele que foi alfabetizado, ou seja, aquele que aprendeu a ler e escrever”. Neste sentido, Alfabetização-analfabetismo é uma oposição historicamente construída que produz uma diferença - como efeito de sentido - constitutiva e constituinte do processo de escolarização. [...] O sujeito da escolarização é uma unidade submetida a uma divisão que é atravessada pela opacidade e ambiguidade da linguagem (SILVA 1998, p. 26). Schiochetti (2006) descreve que esse modelo de alfabetização escolar nasceu na França após a Revolução Francesa em 1789, devido ao modelo de ensino desenvolvido no país, cujo método de ensino era individualizado e distinto, onde o ensino da leitura antecedia o da escrita. Após a Revolução, o método de ensino sofre mudanças com relação à forma de alfabetizar, a partir de então, o processo de alfabetização deu-se de forma conjunta, onde, ler se aprende escrevendo. Diante disto, o ensino da escrita e leitura tornou-se aprendizagem escolar e, alfabetização tornou-se fundamento da escola básica. Mortatti (2010, p.330), em seus pressupostos ressalta que: [...] foi somente a partir da primeira década republicana, com as reformas da instrução pública, especialmente a paulista, que as práticas sociais de leitura e a escrita se tornaram práticas escolarizadas, ou seja, ensinadas e aprendidas em espaço público e submetidas à organização metódica, sistemática e intencional, porque consideradas estratégicas para a formação do cidadão e para o desenvolvimento político e social do país. No Brasil, nas décadas que antecederam a Proclamação da República brasileira, já havia uma preocupação com relação ao ensino e a aprendizagem iniciais da leitura e da escrita, porém, foi somente a partir de 1930 que a adm Highlight 14 alfabetização passou a integrar políticas e ações dos governos como áreas estratégicas para a promoção e sustentação do desejado desenvolvimento nacional, desde então, saber ler e escrever se tornou o principal índice de medida e testagem da eficiência das escolas públicas do país. Deste modo, compreende-se que, a alfabetização tornou-se fundamento da escola básica no país a partir do período Republicano (MORTATTI, 2010). Neste contexto, ressalta-se que o termo alfabetização é abordado sob diferentes olhares e reflexões de diferentes teóricos, tal que: Alfabetização escolar é entendida como um processo de ensino e aprendizagem da leitura e escrita em língua materna, na fase inicial de escolarização da criança - é um processo complexo e multifacetado que envolve ações especificamente humanas e, portanto, políticas, caracterizando-se como dever do Estado e direito constitucional do cidadão (MORTATTI 2010, p.329). Para Soares (2006, p.31), “a alfabetização é a ação de alfabetizar, de tornar alfabeto”. Com base na autora compreende-se que, alfabetização é o processo que torna o individuo capaz de ler e escrever. Porém, a autora enfatiza ainda que “o processo de alfabetização é de natureza complexa”, pois, envolve muitas facetas no desenvolvimento desse processo. Essas facetas podem ser de natureza psicológica, social, cultural, político, metódica, etc. A autora prossegue afirmando que na alfabetização há diferença em “aquisição” da língua e “desenvolvimento” da língua. Para ela, aquisição da língua se dá de forma mecânica, ou seja, a criança faz somente a representação do grafema em fonema e vice versa. Entende-se neste sentido, que ao adquirir as habilidades da escrita e da leitura, a criança não consegue fazer uso das mesmas de forma significativa, pois ela aprende de forma isolada sem sentido. Diferente do desenvolvimento da língua, que de acordo com Soares (2006), quando a criança quando adquire essas habilidades da leitura e da escrita, ele passa a fazer uso constante no seu meio social, de forma significativa e prazerosa. A autora ainda prossegue afirmando que, o desenvolvimento da língua é um processo de aprendizagem indeterminada e nunca interrompida na vida do individuo. “Sem duvida a alfabetização é um processo de representação de fonemas em grafemas, e vice versa, mas é também um 15 processo de compreensão/expressão de significados por meio do código escrito” (SOARES 2005, p.16). Diante a reflexão de Soares (2005), entende-se que, essas facetas implicam no processo de ensino-aprendizagem dos alunos provocando diferença na aprendizagem da língua, quer escrita quer oral. Deste modo, constata-se que a “má” alfabetização de um indivíduo acaba provocando o seu fracasso escolar e, consequentemente, a evasão escolar e, nos casos mais extremos, a sua exclusão do meio social. Para Ferreiro (1995), a alfabetização não é um estado a qual se chega, por ser este, um processo continuo na vida do educando. A autora defende que o processo de alfabetização na vida da criançaantecede a sua entrada no ambiente escolar, ou seja, a criança ao adentrar na escola já leva consigo o conhecimento da escrita por meio dos rabiscos e juntamente a isso, a leitura de tudo que faz parte da sua vida social, e que, a escola vai dar continuidade ao processo de forma sistemática. A autora ainda enfatiza que, o processo de alfabetização não se dá por meios de métodos, e sim através das práticas pedagógicas desenvolvidas pelos professores. Neste contexto, não se admite que a criança seja uma tábua rasa onde se inscrevem as letras e as palavras como determina os métodos. O “fácil” e o “difícil” não podem mais ser definidos a partir da perspectiva do adulto, e sim, de quem aprende. Se aceitarmos que qualquer informação deve ser assimilada e transformada para ser operante, então, deveríamos aceitar que os métodos como sequencia de passos ordenados para chegar a um fim não oferecem mais do quer sugestões, incitações, quando não práticas rituais ou conjunto de proibições. “O método não pode criar conhecimento” (FERREIRO 1995, p.30). Assim, compreende-se que o processo de alfabetização não se inicia no ambiente escolar e sim fora dele, e que, as crianças ao adentrarem a escola já levam consigo uma bagagem de conhecimentos e que apenas irão desenvolver esses conhecimentos de forma sistemática, por meio das práticas pedagógicas desenvolvidas pelo professor, as quais são conducentes para o desenvolvimento do processo da alfabetização da criança (FERREIRO,1995). Desta forma, entende-se que o processo da alfabetização também se dá por meio da prática pedagógica em que o professor torna-se peça fundamental no qual precisa estar preparado e atualizado para exercer a função de alfabetizador, de 16 forma que, quanto mais preparado e disposto estiver, maior a possibilidade de seu trabalho apresentar resultados mais satisfatórios com as crianças. Neste contexto, faz-se necessário investigar o processo de alfabetização na historia da educação no Brasil desde os períodos Colonial, Imperial e Republicano, até os dias atuais, com a implantação do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa. Deste modo, este estudo apresenta como objetivo geral compreender a atual política de alfabetização no Brasil por meio da análise histórica das políticas públicas de alfabetização no Brasil desde 1500 até 2015. Tendo como objetivos específicos: Analisar as ações governamentais brasileiras para a alfabetização; conhecer as legislações brasileiras que normatizaram e normatizam a alfabetização e verificar os avanços ocorridos no processo de alfabetização ao longo da história. Os métodos de pesquisa aplicados neste estudo foram bibliográficos e documentais. De acordo com Gerhardt e Silveira (2009), a pesquisa bibliográfica deve ser feita a partir do levantamento de referências teóricas já analisadas e publicadas por meio escrito e eletrônico, como livros, artigos científicos, páginas da web site. Enquanto que a pesquisa documental consiste em recorrer à fontes mais diversificadas e dispersas, sem tratamento analítico, tais como: tabelas estatísticas, jornais, revistas, relatórios, documentos oficiais, cartas, filmes, fotografias, pinturas, tapeçarias, relatórios de empresas, vídeos de programas de televisão, etc. Dessa forma, a pesquisa esteve baseada em um estudo bibliográfico por meio da compreensão dos pensamentos dos autores, bem como por uma análise dos dados oficiais acerca da alfabetização no Brasil. Este trabalho está estruturado em duas partes principais. Na primeira parte esboçamos a história da alfabetização no Brasil desde o período colonial até final do século XX perpassando pelas principais legislações acerca do tema. Na segunda, mostrando a implantação do programa Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa em nível de Brasil e no município de Igarapé-Açú. 17 1 – A HISTÓRIA DA ALFABETIZAÇÃO NO BRASIL 1.1 – A alfabetização Jesuítica no Brasil Colonial (1549-1759) De acordo com Oliveira (2005), o processo de alfabetização no Brasil teve início no período Colonial com a vinda dos padres Jesuítas em 1549. Silva (2011), afirma que essa modalidade de ensino foi desenvolvida para atender os interesses da Igreja e do Estado, de modo que, em 1549 foi criada a primeira escola de ler e escrever no Brasil. Nota-se que, primeiramente houve a necessidade de alfabetizar os indígenas na língua portuguesa, para então transmitir a doutrina católica, uma vez que, o objetivo do ensino jesuítico era catequizar e instruir os povos indígenas e filhos de colonos de modo que viesse a aumentar o número de fiéis naquela religião. Nestas circunstâncias, foi criado um plano de estudos pelo padre Manoel da Nóbrega que compreendia o aprendizado da língua portuguesa, a doutrina cristã, a escola de ler e escrever, o cântico, a musica instrumental, o aprendizado profissional e agrícola, a gramática latina e viagem de estudos à Europa (SILVA, 2011). Para Oliveira (2005), o processo de alfabetização no período Colonial não era prioridade a todos os cidadãos, pois, as meninas eram instruídas somente quanto aos afazeres domésticos e, as crianças negras não tinham acesso às escolas. Mesmo assim, o ensino jesuítico de caráter religioso perdurou por mais de dois séculos, tendo fim somente com a expulsão dos padres jesuítas em 1759 pelo Marquês de Pombal. Sob essa perspectiva, Ramos (2010) diz que os Jesuítas pensaram a alfabetização das crianças indígenas e Lusitanas como estratégia de conversão plena ao cristianismo e a cultura europeia ocidental. Os métodos de ensino desenvolvidos pelos Jesuítas se deram mediante as observações do cotidiano indígena. Assim, os jesuítas desenvolveram uma metodologia pedagógica pautada no lúdico através de jogos, brincadeiras, teatro e música. Neste sentido, compreende-se que as estratégias de ensino desenvolvidas pelos padres jesuítas foram necessárias para que houvesse a alfabetização dos povos indígenas no Brasil. 18 Neste período, o Marques de Pombal colocou os sargentos das milícias militares para substituir os jesuítas, tornando-os professores. Deste modo, o ensino no Brasil retrocedeu, assumindo um caráter autoritário, militarizado e magistrocêntrico. A alfabetização era realizada por meio de uma metodologia arcaica, pautada em decorar o alfabeto, assim a aprendizagem passou a ser forçada por castigos físicos cruéis, herdados por três séculos de escravidão africana (OLIVEIRA, 2005). De acordo com Brito (1997), a história da educação brasileira marcada fundamentalmente pela relação e divisão de classes sociais vem desde o Brasil Colônia, onde se priorizou uma educação para a elite, característica esta que excluía o povo do processo de ensino, ou seja, a grande massa da população ficou de fora do processo educativo ao mesmo tempo em que segue modelo oriundo da metrópole, distante da realidade local. Com base neste contexto histórico educacional, vê-se realmente que, o processo de ensino no país de fato teve início no século XVI no período Colonial com os padres jesuítas, que de acordo com a história, esses, foram os primeiros educadores do país, e desenvolveram os primeiros métodos, metodologias e estratégias de ensino para alfabetizar. Mesmo que o ensino não fosse direito de todos os cidadãos e nem pensado para o desenvolvimento social da população, não se pode negar que o processo de alfabetização, ou seja, os primeiros ensinamentos da leitura e da escrita se deram pelos padres Jesuítas. Portanto, instruir para o trabalho, ensinar a doutrina cristã e civilizar os povos indígenas eram seus objetivos de ensino, de forma que o ensino não pretendia mudar politicamente a sociedade, e sim, aumentar o numero de féis cristãos, povoar o país e tomar posse de forma amigável das terras e das riquezas brasileiras. 1.2 – A alfabetizaçãono Brasil Imperial (1808- 1889) Em 1808, a família Real junto com a Corte Portuguesa chegou ao Brasil, porém, o país não apresentava estruturas educacionais para atender a Corte que aqui se instalava, por essas razões houve a necessidade de estruturar a educação no país para atender os filhos da nobreza. Assim, foram feitas várias mudanças no sistema educacional do país para atendê-los. Diante a isso, foram criadas novas 19 escolas, e vários cursos foram implantados. O ensino consistia nos três níveis de ensino: primário, secundário e superior, de forma que este último teve mais atenção do Império. Todavia, o ensino era restrito aos filhos da nobreza (FRANÇA, 2008). Em 1821 D. João retorna para Portugal e D. Pedro I assume a administração do país. No dia 7 de setembro de 1822, o mesmo declara a Independência do Brasil. Após a Independência, foram feitas novas reformas no sistema educacional do país, uma delas foi a criação da 1ª Constituição Brasileira em 1824, que previa no Art. 179 educação primária gratuita a todos os cidadãos (BRITO, 1997). Porém, o período era de base escravocrata e poucos tiveram acesso ao ensino das primeiras letras. O acesso à alfabetização ficou restrito aos padres, freiras e aos descendestes das famílias que tinham condições financeiras e pagavam o ensino particular, por sua vez o catolicismo, arcava com os estudos daqueles que optavam por ser padre ou freira (BRITO, 1997). Em 1834, um ato adicionado à Constituição passou para as Províncias a responsabilidade do ensino primário e secundário. Com a descentralização do ensino, os resultados apresentados não eram positivos em todas as províncias, pois, as Províncias mais carentes de recursos financeiros não conseguiram apresentar resultados positivos, enquanto as Províncias mais estruturadas economicamente apresentavam bons resultados, desse modo, o ensino entrou em decadência causando o seu abandono. A partir de então, foram surgindo escolas particulares ofertando o ensino primário à população que podiam pagar por ela. Deste modo, a desigualdade social só aumentava no país, como se vê, somente àqueles quem tinham poder aquisitivo tinham o privilégio de serem alfabetizados, enquanto a grande massa da população ficava de fora desse processo de ensino, e como consequência desse descaso com a população carente, o numero de pessoas analfabetas crescia no país. (BRITO, 1997). A partir de 1840 iniciou-se um novo reinado no país por D. Pedro II, o qual se estendeu até a Proclamação da República em 1889. Foi um período marcado por manifestações políticas e sociais, e diante a essas manifestações, ocorreram várias mudanças no cenário nacional. Foi também nesse período que várias leis foram promulgadas em defesa dos escravos, como a lei Eusébio de Queiroz em 1850, que deu a extinção do tráfico de escravos para o Brasil, a lei do Ventre Livre em 1871, que deu liberdade aos filhos dos escravos que nasceram após a promulgação da lei, 20 a lei dos Sexagenários em 1885, que deu liberdade aos escravos que completavam 65 anos de idade, e a lei Áurea em 1888, que aboliu a escravidão no país. Assim, com o fim da escravidão no Brasil, houve a necessidade de substituir a mão de obra escrava do país. Desta forma, começou a imigração no país, de onde vieram pessoas de vários países para trabalhar nas terras brasileiras substituindo o trabalho escravo, esses imigrantes trouxeram em suas bagagens novos anseios, culturas e religião (SILVA, 2011). Neste sentido, começaram a chegar ao país novos grupos religiosos apresentando uma nova doutrina cristã a população. Esses se propunham evangelizar na religião protestante. Assim esses novos grupos religiosos conseguiram alcançar um grupo de pessoas da classe menos favorecida, pois, para ler a bíblia precisavam ser alfabetizados. Assim se vê que, as escolas protestantes deram a uma pequena parte da população excluída, a oportunidade de se tornarem alfabetizadas. (SILVA, 2011). ”Para ensinar a Bíblia, consequentemente, eles precisavam alfabetizar as pessoas que frequentavam as aulas” (SILVA 2011, p.41). Diante ao exposto, fica claro que a educação não era prioritária nas ações dos monarcas, constata-se que no período Imperial, as mudanças ocorridas no sistema educacional não trouxeram mudanças significativas para o ensino básico, ou seja, para o processo de alfabetização da população, principalmente para a população menos favorecida. Percebe-se que, não havia preocupação com a alta taxa de pessoas analfabetas no país, Todavia, a atenção era voltada para o ensino superior. Somente com a Proclamação da República que o analfabetismo passou a ser motivo de preocupação do Estado, pois, a sociedade exigia mudanças no sistema educacional. 1.3 – A alfabetização no Brasil Republicano (1890- 1964) De acordo com Silva (2011), no período Republicano houve uma farta legislação e reformas no sistema educacional brasileiro. Após a Proclamação da República, o país passou a ser governado por presidentes, quando uma farta legislação e reformas foram realizadas no sistema educacional brasileiro com intuito de promover uma melhor educação que atendesse a grande demanda da população. Com as reformas educacionais os ensinos primários, normais e técnicos ficaram sob a competência dos Estados e o ensino Superior sob a competência da 21 União. Porém, cabe ressaltar que apesar das mudanças no ensino com as novas leis e reformas, o processo de alfabetização da população menos favorecida continuava deixado de lado, e como consequência desse descaso o analfabetismo no país aumentava. Ramos (2010) enfatiza que, foi somente a partir de 1930 que a alfabetização no país passou a ser motivo de preocupação devido às mudanças no cenário nacional com a Revolução Industrial. O país precisava de pessoas que soubessem ler, escrever e calcular para ocuparem funções no mercado de trabalho, portanto, exigia mão de obra qualificada da população para atender a demanda. “Nessa época foi criado o ensino supletivo para alfabetizar os trabalhadores que não tiveram oportunidade de estudar durante a infância e juventude” (SILVA 2011. P.53). Neste sentido, em 1930 foi criado o Ministério da Educação e Saúde Pública, onde foi efetivada uma série de decretos para a educação do país, priorizando o ensino unificado, sendo essa uma estratégia de ensino para a população. Em 1932, surge o Manifesto dos Pioneiros da Escola Nova que estabelece princípios para uma nova politica de educação. “Proclama a educação como direito de todos, sem distinção de classes e situação econômica, reivindica escola pública, gratuita, obrigatória e leiga, tratando a educação como problema de ordem social” (BRITO 1997, p.29). Segundo Brito (1997), no mesmo ano aconteceu a V Conferencia Nacional de Educação, nela foi discutido e aprovado um Plano Nacional de Educação (PNE) destinado à reconstrução do sistema educacional do país. Assim, se vê que essa conferencia teve um grande significado para a educação, pois, a partir desse acontecimento, o país passou a pensar em ações educacionais para melhorar o ensino no país. Neste sentido, em 1934, a Constituição Federal atribui à União a competência de traçar as diretrizes da educação de todo o país e de fixar o Plano Nacional de Educação em um regime democrático, porém, em decorrência do Golpe de Estado estes planos não foram consolidados. (BRITO, 1997). Mais a frente, a Carta Constitucional de 1937 aboliu todos os sistemas estaduais de educação, os conselhos de educação, o plano nacional de educação, o percentual para financiamento da educação, deu a maior ênfase ao ensino técnico- profissional, o qual era destinado às classes menos favorecida. Diante desse 22 contexto, vê-se que, a carta Constitucional de 1937, tirou do estado toda e qualquer obrigação com o ensino no país. Desta forma, “a educaçãodeixa de ser um direito individual para se construir num dever paternalista” (BRITO 1997, p.30). Em 1946, surge uma nova Constituição que retoma as premissas da constituição de 1934. (BRITO, 1997). Essa Constituição foi um admirável instrumento de democratização do ensino e serviu de inspiração para a criação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) em 1948. Porém, ressalta-se que, esta lei tramitou durante 13 anos no Congresso Nacional, a qual foi promulgada somente em 1961, e que, diante da longa demora de tramitação acabou sendo considerada velha e caduca por não mais responder aos anseios da sociedade (BRITO, 1997). 1.5 – A alfabetização no Regime Militar (1964- 1985) O Regime Militar foi um triste recorte na história da república brasileira ocorrida de 1964 a 1985. Porém, este foi um período em que o país desenvolveu muito no contexto educacional. Com uma educação tecnicista, tinha como objetivo formar pessoas para o trabalho, e não para a vida social. Desta forma, os militares transformaram o sistema educacional do país em um centro de formação para o trabalho. As reformas feitas no sistema educacional brasileiro atendiam aos interesses econômicos e políticos do país. Nesse período, o governo militar reprimiu professores, por achar que esses seriam capazes de influenciar a sociedade a ir de contra as opiniões do governo. O período entre 1964 a 1985 foi, um dos mais significativos e transformadores da história educacional do Brasil. Uma época marcada pela intervenção militar, pela burocratização do ensino público, por teorias e métodos pedagógicos que buscavam restringir a autonomia dos educadores e educandos, reprimindo á força qualquer movimento que se caracterizasse barreira para o pleno desenvolvimento dos ideais do regime político vigente, conduzindo o sistema de instrução brasileiro a uma submissão até o momento inigualável (ASSIS, 2011, p.65). Conforme Silva (2011), nesse período foram promulgadas duas importantes leis educacionais como a “Reforma Universitária sob o decreto Lei nº. 5.540/68 e a Lei nº. 5. 692/71, que fixou a Lei De Diretrizes e Bases para o Ensino de 1º e 2º graus” (SILVA 2011, p.67). Diante das mudanças ocorridas no sistema educacional, o modelo pedagógico também mudou, adequando à figura do professor 23 àquela prática pedagógica a qual intitulamos de “tradicional” como sendo aquele professor que se restringe apenas a transmitir conhecimentos, avaliar alunos através de provas e aplicar castigos como punição por seus atos. (SILVA 2011, p. 67). Com o Golpe Militar em 1964, vários projetos como o MCP (Movimento de Cultura Popular) e o CPC (Centro Popular de Cultura) passaram a ser proibidos por não aderirem às mudanças que o governo militar impunha. Deste modo, a censura e a repressão política silenciaram os projetos que poderiam exercer qualquer ação conscientizadora a respeito da realidade brasileira. Somente o MEB (Movimento de Educação de Base) sobreviveu ao Golpe devido à proteção da Igreja. Porém, foi necessário alterar sua orientação teórico-metodológica quando, a partir de 1965, passou a integrar a ideologia oficial do Regime. Em substituição a essas iniciativas alfabetizadoras, foi planejado um novo programa de alfabetização que atendesse as normas do governo militar, de modo que foi criado em 1967, o Movimento Brasileiro de Alfabetização (Mobral), cujo objetivo era proporcionar alfabetização e letramento às pessoas acima da idade escolar convencional. O Movimento Brasileiro de Alfabetização também foi idealizado com o propósito de erradicar o analfabetismo no país, porém, por trás desse ideal, estavam os fatores que fortaleceriam o regime impedindo que postulados contrários pudessem se sobrepor aos ideais militares, além do encaminhamento de mão-de-obra para o mercado de trabalho. (SANTOS, p.306) Deste modo, percebe-se que o grande marco do período militar para a educação brasileira foi à educação de jovens e adultos, visando conduzir a pessoa humana a adquirir técnicas de leitura, escrita e cálculo como meio de integrá-la ao mercado de trabalho e assim, promover-lhe melhores condições de vida. Criado e mantido pelo regime militar durante anos jovens e adultos frequentaram as aulas do Mobral. Porém, com a recessão econômica iniciada nos anos 80 ficou inviável a sua continuidade uma vez que demandava altos recursos para se manter. De certo modo, seus programas foram assim incorporados pela Fundação Educar em 1985, ano de seu fim. Todavia, Santos (2014) ressalta que a alfabetização dos jovens e adultas praticadas durante o regime militar esteve vinculada à construção de uma nação desenvolvida. Naquele momento acreditava-se que acabando o analfabetismo, solucionaria os demais problemas do país, visto que, este estava sempre posto como causa e não efeito dos problemas econômicos, sociais e políticos. Tudo isso http://pt.wikipedia.org/wiki/1967 http://pt.wikipedia.org/wiki/Letramento http://pt.wikipedia.org/wiki/Ditadura_militar_no_Brasil_(1964-1985) http://pt.wikipedia.org/wiki/D%C3%A9cada_de_1980 http://pt.wikipedia.org/wiki/1985 24 se deu por influência do pensamento do educador Paulo Freire que propondo uma educação corajosa, na qual o analfabeto seria sujeito de sua alfabetização. Uma educação que propiciasse ao educando uma reflexão sobre suas potencialidades, para isso cabia ao educador ajudar o homem a ajudar-se, e assim adquirir uma postura conscientemente crítica diante de seus problemas (SANTOS 2014, p.308). Contudo, vê-se que a educação nesse período seguia uma lógica de ensinar para aumentar a produção, ou seja, “aprender a fazer”, de forma que, as pessoas recebiam uma educação tecnicista a qual preparava o cidadão para o mercado de trabalho e não para a vida social. Já no Inicio da década de 80 o pais iniciou um processo de redemocratização que repercutiu em todas as áreas inclusive na educação. Diante as mudanças ocorridas no país com o novo modelo político desenvolvido, houve a necessidade de trocar a legislação do país para acompanhar esse novo modelo politico. Neste sentido, após vinte meses de elaboração da nova Constituição do país, a nova Constituição Federal Brasileira é promulgada em 5 de outubro de 1988. Esta Constituição foi considerada a mais completa por garantir os direitos a cidadania para o povo brasileiro, no que diz respeito à educação, esta lei trouxe grandes avanços para a educação do país. Assim, com as mudanças no cenário nacional, um novo modelo político para educação foi pensado e discutido, com objetivo de ofertar um melhor ensino para a população. Conforme os pressupostos de Silva (2011), a Constituição Federal Brasileira de 1988 foi um marco na historia educacional do país. Pois, nela veio declarado o direito à educação gratuita e obrigatória a todos os cidadãos brasileiros. Direitos esses que são estabelecidos nos Artigos 205, 206, 208 e 214 da Constituição. Esta lei se tornou muito importante porque garantiu que todos os cidadãos brasileiros pudessem ter direitos à educação, direitos esses que foram negados nos períodos anteriores da história da educação no Brasil. Nesta perspectiva, o art. 205, afirma que, a educação é direito de todos e dever do estado e da família, e que, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. No art. 206 apresentam-se as finalidades a que se destina a educação brasileira. Os parágrafos I, II, III, IV deste artigo trazem os intuitos legais dessas finalidades. No art. 208, nos parágrafos I, II, III, IV, V, VI e VII apresentam-se os principais mecanismos que 25 reforçam o direito à educação. No art. 214 conta a meta de estabelecer o Plano Nacional deEducação visando a articulação e ao desenvolvimento do ensino em seus diversos níveis e a integração das ações do Poder Público. Nesta perspectiva, o Plano de Educação estaria responsável pela erradicação do analfabetismo. Pelo contexto exposto, entende-se que a Constituição de 1988, foi um grande avanço para a educação brasileira, pois, ela delegou ao Estado responsabilidades para questões antes deixadas de lado referentes à educação do país, principalmente com relação à alfabetização da população menos favorecida. Deste modo, após terem seus direitos garantidos na nova Constituição, a população passou a frequentar gradativamente as escolas buscando o seu desenvolvimento intelectual e social. Segundo Silva (2011), com a promulgação da Constituição de 1988, a Lei de Diretrizes e Bases de 1961 foi considerada em desuso. Por esta razão, outra lei precisava ser feita para atender os anseios do momento histórico presente. Neste sentido, em 1992 o senador Darcy Ribeiro apresentou um projeto de reformulação da educação brasileira, destinado a fixar diretrizes e bases para a educação nacional. Desta forma, em 20 de Dezembro de 1996, sob o nº. 9.394, a nova Lei de Diretrizes e Bases - LDB foi sancionada pelo Presidente da República Fernando Henrique Cardoso. Compreende-se então que, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) é a lei que define e regulariza o sistema de educação brasileiro com base nos princípios presentes na Constituição. Portanto, esta lei veio reafirmar o direito à educação, garantido pela Constituição federal. Deste modo, ela estabelece os princípios da educação e os deveres do Estado em relação á educação pública do país. Com a LDB, a educação infantil foi incluída na educação básica, destinada às crianças de 0 a 5 anos, sendo esta, determinada como a primeira etapa do ensino básico do país, fixada nos Arts. 29, 30 e 31. Do mesmo modo, a lei garante a obrigatoriedade e gratuidade do Ensino Fundamental a todos os cidadãos a partir dos seis anos de idade, fixado nos Arts. 32 e 34. Diante do contexto exposto, compreende-se que foi a partir desse período que a educação no país passou a ser vista com novos olhares pelos governantes, principalmente com relação à alfabetização da população. Porém, cabe ressaltar 26 que as mudanças no cenário educacional brasileiro se deram devido às varias reformas e manifestos por uma educação mais digna. Nesta perspectiva, percebe-se que a educação começou a assumir sua verdadeira função, preparar o cidadão para desempenhar atividades nos setores públicos e privados no país, dando-lhes a oportunidade de viver de forma mais digna. “O século XX representou profundas transformações na educação brasileira, o ensino básico começou a ser ofertado gradativamente para a população e o analfabetismo começou a ser combatido”. (SILVA 2011, p. 73). Assim se vê que, após muitos fracassos no processo de ensino básico do país, principalmente no que diz respeito à alfabetização, finalmente a educação começa a mostrar mudanças significativas, garantindo a população o direito de ter educação obrigatória e gratuita em espaços escolarizados de forma sistemática. Segundo Silva (2011), a década de 1990 foi um período que o país foi pressionado a superar as altas taxas de analfabetismo, pois, o Brasil possuía um alto índice de cidadãos analfabetos, de forma que, esse quadro precisava ser mudado. Desta forma, houve a necessidade de desenvolver políticas públicas mais específicas e estratégicas no combate ao analfabetismo do país. Com base nos relatórios do Ministério da Educação, em 2000 o Brasil participou da Conferencia Mundial de Educação na capital da seleganesa, nela foi proposta a redução da taxa de analfabetismo para 6,7% em 2015. Mas, para a Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade do Ministério da Educação, o MEC tem aumentado os esforços para que o país consiga uma taxa ainda menor do que os 5,6% previstos para 2015. Nesta perspectiva, o Brasil vem mostrando grandes esforços para combater o analfabetismo no país. Pois, vem constituindo uma política sistemática de enfrentamento ao analfabetismo, de forma que, ao longo da última década o Ministério da Educação construiu uma política sistêmica de enfrentamento do analfabetismo. Contribuiu significativamente para esta agenda o Programa Brasil Alfabetizado (PBA), desenvolvido em colaboração com os estados, Distrito Federal e municípios, os quais garantem recursos para as seguintes ações: formação dos alfabetizadores, aquisição e produção de materiais pedagógicos, alimentação escolar e transporte dos alfabetizandos. Prevê, ainda, bolsas para alfabetizadores e coordenadores voluntários do Programa. Nessa perspectiva, o PBA prevê a integração das políticas de alfabetização com as ações do Plano Brasil Sem Miséria, 27 do Projeto Olhar Brasil, do Plano Estratégico para a Educação no Sistema Prisional, para jovens em cumprimento de medidas socioeducativas e do Programa Pescando Letras. Em 2013, o PBA financiou o atendimento a 1.113.450 alfabetizandos, em 97.408 turmas de alfabetização, contando com 90.164 alfabetizadores, 16.266 alfabetizadores coordenadores e 204 alfabetizadores tradutores totalizando 106.634 bolsistas. Cabe destacar que o analfabetismo vem sendo reduzido no Brasil, passando de 11,6% em 2003, para 8,7% em 2012, conforme dados da Pesquisa Nacional de Amostragem Domiciliar (PNAD) (BRASIL 2013, p. 1). Assim se vê que, os Programas de Alfabetização desenvolvidos com a colaboração do Distrito Federal, dos Estados e dos municípios, foi um ponto estratégico para diminuir o analfabetismo e que está surtindo efeitos positivos e satisfatórios para a educação. Portanto, entende-se que quando há comprometimento com a educação, os resultados são apresentados com mais rapidez de forma positiva. Do mesmo modo, a taxa de analfabetismo se reduz cada vez mais acompanhada dos bons resultados. Nesta perspectiva, os entes governamentais do país vêm juntando forças cada vez mais para combater o analfabetismo que persiste no país. Essa é uma problemática que dificulta a aprendizagem dos educandos nas séries iniciais do ensino fundamental. Pois, saber ler, escrever, compreender e calcular são habilidades que os educandos precisam adquirir e desenvolver para prosseguir na vida escolar, para assim, se tornarem cidadãos críticos, conhecedores de seus direitos e participativos no meio social. De acordo com o Censo (2010), o analfabetismo no país está diminuindo, pois, no Censo (2000), o analfabetismo da população era de 12,8%, e diminuiu para 9 % conforme apresenta os dados do Censo (2010). Isto quer dizer que 91% da população estão alfabetizados, ou seja, sabem ler e escrever. Porém, apesar dos avanços, em algumas regiões do país ainda é grande o número de pessoa que não sabem ler e escrever, principalmente nas regiões Norte e Nordeste. Com base no último Censo, o analfabetismo na região Norte é de 27,3% e 25,4% no Nordeste. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad, 2012), essas regiões são as que mais apresentam dificuldades, devido estarem localizados os maiores índices de analfabetismo do país. Nesta perspectiva, o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) indica que estas regiões mostram os piores resultados no desenvolvimento de ensino do país. 28 Atualmente o país desenvolve um novo programa de enfrentamento ao analfabetismo com intuito de reduzir o alto índice de analfabetismo que ainda persistem em algumas regiões do país. Portanto, o novo programa de alfabetização conta mais uma vez com a participação dos entes governamentais do país (federal estadual e municipal). Estes estão mobilizando o melhor de seus esforços e recursos para erradicar o analfabetismo no país. Em 2007, foi criado o Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE),neste Plano, os governos Municipal, Estadual e Federal firmaram o compromisso com a educação do país contra o analfabetismo. Nesta perspectiva, o Decreto nº 6.094, de 24/4/2007, define, no inciso II do art. 2º, a responsabilidade dos entes governamentais de alfabetizar as crianças até, no máximo, os oito anos de idade. Deste modo, eles assumiram o compromisso de alfabetizar todas as crianças sem exceção até o final do terceiro ano do ensino fundamental, visando à articulação e o desenvolvimento do ensino no país. Assim, foi implantado o programa Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa, “O Brasil do futuro com o começo que ele merece” (BRASIL, 2012). Ao longo da historia educacional do Brasil, nenhum plano de governo foi tão estratégico e desafiador para os estados e municípios de garantir a plena alfabetização para todas as crianças como este, implantado em 2012, pelo Ministério da Educação (BRASIL, 2012). Como se vê, a história da alfabetização no Brasil atravessou muitos percalços entre interesses escusos, descasos, retrocessos e recomeços, porém, observa-se que na atualidade é grande o interesse do poder público em erradicar esta chaga da educação, promovendo a escolaridade de todos os brasileiros como um todo, sejam elas, crianças, jovens ou adultos. Isto demonstra uma valorização da educação como meio de proporcionar o desenvolvimento do país. 29 2 – O PACTO NACIONAL PELA ALFABETIZAÇÃO NA IDADE CERTA 2.1 Conhecendo o programa O Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC) é conhecido nacionalmente e comumente como o Pacto. Como o próprio nome diz, o programa foi constituído por meio de um compromisso formal - um pacto, assumido pelos governos federal, do Distrito Federal, dos estados e dos municípios de assegurar que todas as crianças estejam alfabetizadas até os oito anos de idade, ao final do 3º ano do ensino fundamental, quando termina o ciclo de alfabetização (BRASIL 2012, p. 11). Este programa é uma ação inédita que conta com a participação articulada de todas as esferas governamentais do país, os quais se disponibilizaram formalmente a mobilizar o melhor dos seus esforços e recursos para valorizar e apoiar os professores e as escolas, com materiais didáticos de alta qualidade para todas as crianças e para os professores bolsas de estudos como forma de incentivo, além de implementar sistemas adequados de avaliação, gestão e monitoramento da aprendizagem dos alfabetizandos, bem como, do desempenho dos alfabetizadores (BRASIL, 2012). O PNAIC, ou simplesmente o Pacto, foi instituído em 5 de Julho de 2012 pelo Ministério da Educação com suas atribuições voltadas para o Ensino Fundamental de Nove Anos, com foco centrado nos três anos iniciais onde se encontra o ciclo de alfabetização (BRASIL, 2009). O Pacto foi inicialmente pensado para dois anos (2013-2014), ele trata especialmente das relações entre formação, trabalho-docente e avaliação como estratégias para atingir melhores resultados nas avaliações nacionais, como é o caso da Prova Brasil, da Provinha Brasil e da Avaliação Nacional da Alfabetização (ANA), prova que seria aplicada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) aos alunos do 3º ano do ensino fundamental a partir de 2014. Estas que se configuram como avaliação externa anual para verificar o percurso das aprendizagens dos alunos do 1º ciclo. De acordo com o MEC, o Pró- Letramento também foi considerado um programa educacional exitoso que contribuiu como referência para o atual PNAIC (BRASIL, 2013). 30 Após o segundo ano de implantação, 5.421 municípios e todos os estados brasileiros aderiram ao Pacto, atendendo a uma totalidade de 7 milhões de estudantes dos três anos do ciclo de alfabetização, em 108 mil escolas (BRASIL, 2012, p. 12). Atualmente, segundo dados da Prova ABC/Brasil/2013, 53,3% dos estudantes atingiram o conhecimento esperado em escrita e 56,1% em leitura para o 3º ano do Ensino Fundamental (BRASIL, 2012, p. 12). Segundo dados fornecidos pela coordenação geral do pacto em Brasília, o número de município participante do PNAIC aumentou para 5.570 em 2014, ou seja, o Pacto envolveu a totalidade dos municípios brasileiros. Para este ano, a expectativa é manter esse número (BRASIL, 2012, p. 12). Assim, diante dos resultados positivos e otimistas que o Pacto vem apresentando com relação à alfabetização, o governo federal renova a parceria em 2015 com os entes governamentais estaduais e municipais para continuação dos trabalhos por mais dois anos seguindo a mesma linha do início do programa. 2.2 As Bases legais do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa O Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC), foi instituído pela portaria ministerial nº 867 de 4 de Julho de 2012. Por meio desta portaria, o Ministério da Educação (MEC) e as secretarias estaduais, distrital e municipais de educação reafirmam o compromisso previsto no Decreto no 6.094, de 24 de abril de 2007, de alfabetizar todas as crianças até os oito anos de idade e, ao final do 3º ano do ensino fundamental. Devendo tal resultado se apresentado por meio dos exames periódicos específicos para aquele ciclo (BRASIL 2012, p. 10). Ressalta-se que tais avaliações anuais e universais desenvolvidas pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) devem abranger o desempenho em língua portuguesa e em matemática dos concluintes do 3º ano do ensino fundamental (BRASIL 2012, p. 10) Na mesma portaria encontra-se ainda que, a pactuação com cada ente federado deverá ser formalizada em instrumento próprio a ser disponibilizado pelo MEC, e as ações do Pacto devem alcançar às escolas rurais e urbanas simultaneamente e sem distinção (BRASIL, 2012). 31 O grande diferencial do Pacto em relação aos outros programas semelhantes desenvolvidos anteriormente encontra-se também nas bolsas de estudos que todos os professores participantes recebem como incentivo para engajamento no novo processo de alfabetização. A concessão dessas bolsas de estudo e pesquisa do Pacto está assegurado pela portaria nº 1.458 de 14 de Dezembro de 2012 (BRASIL, 2012). O valor das bolsas dos participantes da formação continuada do Pacto está assegurado pela portaria nº 90 de 6 de Fevereiro de 2013, e estão distribuídas na seguinte hierarquia: R$ 1.000,00 para o coordenador local, R$ 765,00 para os professores orientadores de estudos e R$ 200,00 para cada alfabetizador. As bolsas devem ser pagas pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e cai diretamente na conta do professor (BRASIL, 2012). 2.3 As ações do Pacto O Pacto é um programa de alfabetização que segue um conjunto de ações, as quais formam um conjunto integrado de programas, materiais e referências curriculares e pedagógicas disponibilizados pelo Ministério da Educação e que contribuem para a alfabetização e o letramento, tendo como eixo principal a formação continuada dos professores alfabetizadores (BRASIL, 2012, p.11). Estas ações apoiam-se em quatro eixos de atuação, sendo ele: a formação continuada de professores alfabetizadores; fornecimento de materiais didáticos e pedagógicos; realização de avaliações e gestão, controle social e mobilização. Todos os alfabetizadores devem participar do programa de Formação continuada para habilitar os professores alfabetizadores para a Alfabetização na Idade Certa de forma presencial com duração de dois anos, com carga horaria de 160 horas/ano, ministrados pelos orientadores de estudos, que, também são professores que fizeram a mesma formação anteriormente, com duração total de 200 horas/ano, em turmas agrupadas por polos. As formações são realizadas pelas universidades públicas nacionais. O material para a capacitação vem sendo desenvolvido pela Universidade de Pernambuco(UFPE) com a colaboração de 11 instituições de ensino superior de todas as regiões do Brasil. Ao final de cada ano são emitidos certificados de Curso de Qualificação aos participantes (BRASIL, 32 2012). Conforme a SECADI (2012), um total de 304.736 professores foram capacitados pelos cursos de formação realizados pelo PNAIC (BRASIL 2012, p. 13). Está previsto no pacto a disponibilização de materiais didáticos e pedagógicos. São livros, obras complementares, dicionários, jogos de apoio à alfabetização, entre outros materiais, para todos os professores e alunos (BRASIL 2012, p. 13). São realizadas sistematicamente avaliações com os alfabetizados, processo pelo qual o poder público e os professores acompanham a eficácia e os resultados do Pacto nas escolas participantes. Por meio desta avaliação, poderão ser implementadas soluções corretivas para as deficiências didáticas detectadas de cada localidade ao longo do processo (BRASIL 2012, p. 14). Do mesmo modo a gestão, controle social e mobilização sistema de gestão e de monitoramento, é realizado com o intuito de assegurar a implementação das etapas do Pacto. O acompanhamento é feito pelo sistema de monitoramento (SisPacto) disponibilizado no Sistema Integrado de Monitoramento Execução e Controle no site do MEC (BRASIL 2012, p. 13). Com base no exposto, compreende-se que o Pacto se constitui numa política educacional mais aprofundada em que reúne vertentes indispensáveis para um bom resultado de desempenho como o processo de formação continuada, de avaliação, disponibilidade de materiais didáticos nas escolas para o uso do educador e do aluno e o monitoramento das atividades dos professores envolvidos no programa. 2.4 Compromissos com os entes governamentais com o Pacto De acordo com a Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (SECADI), responsável pelo programa, ao aderir ao Pacto os entes governamentais comprometem-se a: I. Alfabetizar todas as crianças em língua portuguesa e em matemática; II. Realizar avaliações anuais universais, aplicadas pelo Inep, junto aos concluintes do 3º ano do ensino fundamental; III. No caso dos estados, apoiar os municípios que tenham aderido às ações do pacto, para a sua efetiva implementação (BRASIL, 2012, p.11) 33 Garantir o direito à alfabetização plena a todas as crianças até os oito anos de idade, não basta, esta alfabetização tem que se dar na perspectiva do letramento, ou seja, não basta saber ler e escrever faz necessário que a criança vá além, sabendo ler, escrever, ler e entender o que escreveu, compreender o que está lendo e que relação tem todo isso com o seu cotidiano. Atingindo este nível de aprendizagem ao final dos oito anos de idade o aluno estará alfabetizado e letrado. Sendo este, portanto, o grande desafio colocado pelo PNAIC aos entes governamentais. 2.5 A implantação do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa no município de Igarapé-Açu/PA De acordo com a Secretaria Municipal de Educação (SEMED) do município, o Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa foi implantado em Igarapé-Açu/PA em janeiro de 2013, por meio da assinatura de um termo de compromisso entre o executivo municipal e a Universidade Federal do Pará (UFPA) que coordena as ações do pacto na Região Norte do Brasil (SEMED 2014, p.10). Como propõe o documento, o município se compromete a concentrar esforços e recursos para a consecução dos objetivos e metas mencionados anteriormente e que estão traçadas no bojo do programa. Para o desenvolvimento do programa, o município conta com infraestrutura de uma coordenadora local, quatro professores orientadores e 117 professores alfabetizadores. A coordenação local conta com uma sala equipada com computadores conectados à internet e materiais didáticos para atendimento aos alfabetizadores. Por sua vez, os professores orientadores trabalham com dedicação exclusiva ao Pacto, o que facilita o monitoramento e acompanhamento aos alfabetizadores e às escolas (SEMED 2014, p.10). Para atingir a meta, o professor alfabetizador tem papel fundamental, por isso um dos eixos do Pacto é a formação continuada. Na primeira etapa do programa realizada em 2013, os professores receberam formação em Língua Portuguesa. Na segunda, em 2014, receberam formação em Matemática. Na terceira etapa para 2015, serão abordadas as demais áreas do conhecimento como Artes, Ciências Humanas e Ciências da Natureza (SEMED 2014, p.10). 34 De acordo com a SEMED, nos anos de 2013 e 2014 foram capacitados 122 e 109 professores alfabetizadores respectivamente que participaram de dez formações mensais a cada ano e, no total foram beneficiando diretamente de 3.435 alunos/ano da rede municipal (SEMED 2014, p.11). Em 2015, o município renovou o termo de compromisso para o biênio de 2015-2016 e de acordo com a SEMED, há perspectiva de investimento para melhorar ainda mais os resultados da alfabetização nas avaliações externas. Um dado interessante que se observa no contexto educacional do município é a mudança na mentalidade dos professores capacitados em relação a alfabetização e como fazê-la dar certo. Tudo isso vem sendo alcançado porque, segundo a coordenação local do programa, o mesmo tem se desenvolvido por meio de ações que estimulam a prática reflexiva do professor sobre o tempo e o espaço escolar. Uma vez que cinco princípios centrais orientam o programa: currículo inclusivo, que defende os direitos de aprendizagem de todas as crianças, fortalecendo as identidades sociais e individuais; integração entre os componentes curriculares; foco na organização do trabalho pedagógico; seleção e discussão de temáticas fundantes em cada área de conhecimento; e ênfase na alfabetização e no letramento das crianças. De acordo com o Relatório Anual das Atividades do PNAIC no Município de Igarapé-Açu (2014), as ações do PNAIC estão sendo bem avaliadas pelos coordenadores, orientadores, formadores e professores que participam do programa, conforme descreve a coordenadora local em seu relatório entregue ao conselho Municipal de Educação: Nestes dois anos como coordenadora do PNAIC, pude notar claramente a transformação de muitos professores em sala de aula. Com a evolução dos encontros de formação, os docentes perceberam que o PNAIC tinha algo novo a oferecer e mergulharam no projeto, colocando em prática os conteúdos e as estratégias que aprendiam nos encontros. Antes do PNAIC, muitos professores não sabiam elaborar nem desenvolver uma Sequência Didática de aulas (SEMED 2014, p.13) Esta melhoria também pode ser comprovada pela fala de uma professora alfabetizadora mencionada em seu relatório anual: O PNAIC reaviva o debate sobre a alfabetização nos anos iniciais, que são a base da vida acadêmica dos alunos. Com o programa, pude ampliar meus conhecimentos sobre a prática de alfabetização e melhorar a atuação em 35 sala de aula, percebendo que o planejamento e as intervenções eram apropriados às dificuldades dos alunos. Isso me fez perceber que eu tinha muito o que aprender com eles e para eles, e que meu papel não é apenas ensinar, mas ter uma apreciação crítica sobre o meu trabalho e o desenvolvimento dos alunos ((SEMED 2014, p.14). Com isso, observa-se que o programa possibilitou a renovação de práticas pedagógicas em sala de aula e o desenvolvimento de atividades diferenciadas de letramento, ganhando como isso as crianças e o município. Outro ponto interessante refere-se aos recursos recebidos pelo município para o programa que vai diretamente para as escolas, para os professores e para os alunos. A metodologia do curso presencial do PNAIC propõe estudos e atividades práticas, como planejamento das aulas, processo de avaliação para acompanhamento da aprendizagem e uso dos materiais didáticos e pedagógicos distribuídos pelo MEC. A cada turma de alfabetização,o programa distribui materiais como livros didáticos e respectivos manuais do professor; obras complementares aos livros didáticos e acervos de dicionários; obras de referência, de literatura e de pesquisa; obras de apoio pedagógico aos professores e jogos pedagógicos de apoio à alfabetização, além de outros adquiridos pelo próprio município. Nos ciclos anteriores, cada professor recebeu um kit com 35 cadernos de Língua Portuguesa e 13 cadernos de Matemática, abordando diferentes conteúdos relacionados à alfabetização e ao numeramento na perspectiva do letramento, além de propostas de atividades e sugestões para ampliar os estudos e os materiais distribuídos. Neste ano de 2015, serão entregues mais 12 cadernos, a previsão de entrega do material impresso é entre junho e julho, enquanto a versão on-line poderá ser conferida na primeira semana de maio no site do Pacto (SEMED 2014, p.12). O município não recebe recursos financeiros. Todos os gastos com bolsas de estudos disponibilizados pela Caps vão diretamente para as contas dos alfabetizadores. 36 CONSIDERAÇÕES FINAIS Como apresentamos no início desse trabalho, os nossos objetivos foram investigar o processo de alfabetização na história da educação no Brasil desde os períodos, Colonial até os dias atuais culminando com a implantação do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa, de forma que nos levasse a compreender a atual política de alfabetização no Brasil por meio da análise das ações governamentais brasileiras para a alfabetização, conhecendo as principais legislações que normatizam a alfabetização e, por fim, verificar os avanços ocorridos no processo de alfabetização ao longo da nossa história. O método de pesquisa aplicado neste estudo foi a análise bibliográfica e documentais que relatasse a história acerca da alfabetização no Brasil. Assim, este trabalho se constituiu em esboçarmos a história da alfabetização no Brasil desde o período colonial até final do século XX perpassando pelas principais legislações acerca do tema, para, por fim, mostrarmos o impacto ocorrido na educação, especificamente, no primeiro ciclo do Ensino Fundamental por meio da implantação do programa Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa, tendo como objeto de estudo as Ações deste programa no município de Igarapé-Açu - PA. Assim, pensamos ter alcançados os objetivos aqui propostos, tendo em vista que mostramos a história da alfabetização que, por sua vez, se confunde com a própria história do brasil. Concluímos apresentando o Pacto-PNAIC a nível de Brasil e como foi implantado e vem sendo desenvolvido no município de Igarapé-Açu que segue os mesmos moldes dos demais município brasileiros que aderiram ao programa. Os resultados deste programa tem se mostrado surpreendente, concluindo assim que de fato houve muita evolução no processo de alfabetização e que, desta vez, estamos no caminho certo. Contudo, apreendemos por meio deste estudo que as formações do PNAIC estão sendo realizadas de forma continuada e que buscam valorizar as experiências e os conhecimentos do professor, bem como suas experiências como leitor e produtor de textos. Outra estratégia que compreendemos interessante é a troca das experiências por seus pares, que também servem como referência, a valorização do trabalho coletivo e da ação autônoma dos professores, o estímulo ao envolvimento do professor em estudo individual e coletivo. A metodologia empregada nas formações é considerada exitosa, por se pautar em situações que 37 levem o professor a refletir sobre sua ação cotidiana, dialogando com os modelos teóricos que lhe servem de suporte. Como tivemos a oportunidade de conhecer por este trabalho, o objetivo principal do Pacto é de formar educadores críticos, que proponham soluções criativas para os problemas enfrentados pelas crianças em processo de alfabetização. Contudo, espera-se que as escolas dialoguem com a comunidade em que se encontram inseridas, aprofundando a relação entre ambas e criando um espaço colaborativo, no intuito de alfabetizar todas as crianças até o final do 3° ano do ciclo de alfabetização. 38 REFERÊNCIAS ASSIS, Luís André Oliveira de. Rupturas e permanências na história da educação brasileira: do regime militar à LDB/96. Disponível em: http://www.fja.edu..br/práxis/documentos/ensaio.02. Acesso em 11/03/2015 BRASIL, Ministério da Educação. Cartilha do Pacto. Disponível em: www.pacto.mec.gov.br. Acessado em: 04/02/2015. BRITO, Ana Rosa Peixoto. LDB da “conciliação” possível à lei “proclamada”. Belém: Graphite, 1997. 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