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25
A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS: ESPECIFICIDADES DO PÚBLICO DA EJA
Nathalya Nogueira de Freitas Parede[footnoteRef:2] [2: Nathys284@hotmail.com; Graduação em Pedagogia pela Universidade Estácio de Sá.] 
Frederico André Gonçalves Feital
RESUMO
O trabalho a seguir, tem por objetivo contemplar questões que permeiam a Educação dos Jovens e Adultos no Brasil e de quais práticas pedagógicas se mostram mais eficazes a fim de garantir a esse público uma educação de qualidade.Mas para essa finalidade é preciso ter conhecimento sobre a modalidade de ensino, a clientela por ela atendida, de como se dar a organização curricular como também a proposta metodológica adotada, para que assim seja possível melhorar cada vez mais a prática pedagógica.Com a finalidade de levantar algumas discussões teóricas sobre a educação e a função do professor frente aos jovens e adultos que não conseguiram estudar em idade regular, será abordado elementos históricos, organizacionais, políticos educacionais e práticas pedagógicas, bem como as condições de formação e informação dos profissionais que atuam frente a esse processo. Este trabalho é de pequena abrangência e cobertura, pois, analisa apenas alguns aspectos, envolvendo a organização e gestão da educação, sinalizando desafios a serem enfrentados pelo poder público e pela sociedade brasileira na busca da garantia do direito à educação de qualidade para todos.Como guia orientador para a elaboração do artigo, buscou-se utilizar como referencial teórico-metodológico, temas e autores que abordam tal assunto, sendo eles:Cartolano, Freire, Gadotti, Jesus, entre outros, como também bases das seguintes referências:Ministério da Educação (MEC), da legislação nacional e das diretrizes políticas específicas como o uso do Currículo Básico da Escola Estadual do Espírito Santo (SEDU)que no decorrer deste trabalho, vieram a colaborar com aprodução e compreensão do objeto de estudo.
Palavras-chave: Educação. Prática pedagógica. Políticas
1. INTRODUÇÃO
A discussão sobre a Educação de Jovens e Adultos no nosso país é de grande relevância em nossa sociedade, visto que, contemporaneamente, passamos por elucidações nas quais se percebe a relevância da busca pelo conhecimento e de instrução. Devido a inúmeros fatores, existem milhares de jovens e adultos que não sabe se quer ler e escrever. Para justificar o porquê de existirem números tão expressivos para o analfabetismo no Brasil, podemos citar vários exemplos, como: a necessidade da criança ou adolescente trabalhar para ajudar a família, falta de orientação quanto a necessidade de se estudar, dificuldades de aprendizagem, localização das escolas em relação à sua moradia, como também ao fato de não possuir recursos materias para continuar os estudos, entre outros. A EJA, além de suprir a necessidade daqueles que não tiveram a oportunidade de estudar em idade regular, tem como função reparar, qualificar e equalizar esse público para fazer parte e ter voz ativa na sociedade.
A evasão escolar é uma realidade que assola o Brasil de Norte ao Sul, e segundo o relatório global lançado pela Unesco, sobre a educação que compreende os anos 2000 a 2015, apenas 57 % dos alunos do Ensino Médio concluíram essa fase de ensino. A questão da evasão escolar e do alto índice de adultos analfabetos é um problema de caráter social, econômico e sobretudo político. Na busca de solucionar essa questão, é necessário a ação conjunta de toda a sociedade e agentes educativos, pois a educação de jovens e adultos apresenta inúmeros desafios, ainda mais por ser um meio existente de minimizar o problema da exclusão social.
O homem é um ser social, e através da educação ele consegue os meios para conhecer a sua identidade e dar rumo ao seu modo de viver. Partindo dessas primícias, podemos afirmar que o professor é o elo entre o ser social. Nesse contexto, será levantado o analfabetismo no Brasil desde o período colonial; como no decorrer do tempo esse problema foi discutido no meio político;Como o educador se porta frente a esse aluno e quais práticas metodológicas adotadas se mostram mais eficazes. É a esses questionamentos que o artigo a seguir pertente discutir. 
Para entendermos melhor o problema do analfabetismo entre os jovens e adultos é preciso olharmos criticamente quanto ao histórico da educação do país, pois somente conhecendo esse contexto seremos capazes de entender o EJA de forma abrangente.
Para a confecção do artigo, procurou-se utilizar, referências atualizadas, artigos com uma linguagem simples, mas para abordar determinados assuntos foram utilizadasalgumas publicações mais antigas pois existem certos trabalhos que não podemos deixar de mencionar devido ao grau de conhecimento que possui, como por exemplo, Paulo Freire. Vale lembrar que este trabalho é uma seleção de alguns materiais já publicados de vários autores que versa sobrea educação de jovens e adultos. Ao final da do artigo estão descritas as referências utilizadas, caso haja interesse por parte do leitor em aprofundar sobre o tema abordado ou por que tenha despertado alguma dúvidaou curiosidade.
2. HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO NO BRASIL COLONIAL
As primeiras escolas foram criadas após a chegada da ordem religiosa dos Jesuítas, conhecida como Companhia de Jesus[footnoteRef:3], sendo esse o único processo de escolarização oficial na colônia. Os jesuítas tinham como proposta catequisar os indígenas, propagando a fé católica e o trabalho educativo. Mas para atingir tal finalidade, se viu necessário o convertimento dos índios e ensiná-los a técnica da oratória e da escrita. Por mais que o projeto de implantação do sistema educacional no Brasil para os gentios estivesse ligado aos interesses da coroa Portuguesa, fazendeiros da região e interesses dos próprios jesuítas, o projeto contribuiu significamente com a educação, pois o método se mostrou eficaz. (JESUS,2009). [3: A Companhia de Jesus foi fundada por Santo Inácio de Loyola em plena Contrarreforma, no ano de 1534. Os jesuítas, como eram denominados os membros da Companhia de Jesus, dedicavam-se ao trabalho missionário e educacional, sendo em sua maioria educadores ou confessores dos reis da época.] 
No século XVIII, o Brasil foi o cenário da luta entre duas grandes forças: a igreja e o governo. O Marquês de Pombal[footnoteRef:4], realizou a conhecida “Reforma Pombalina” que tinha como intenção transformar Portugal numa metrópole capitalista, assim como outros países europeus e suas capitanias. Em 1759, Pombal expulsou os jesuítas de Portugal e de seus domínios sobre a acusação de conspirar contra o Estado, pois a educação oferecida pelos Jesuítas estava gerando conhecimento e emancipação que não interessavam nenhum pouco para a economia de Portugal, pois a coroa desejava uma mão de obra alienada nas colônias. (SANGENIS, 2004). [4: Pombal, Sebastião José Carvalho e Melo foi um político Português (Marquês de Pombal) foi o principal responsável pela abolição da escravatura em Portugal e, além disso, reorganizou o sistema de educação, melhorando também as relações com a Espanha.] 
No século XIX a educação brasileira praticamente havia desaparecido, pois as práticas na área de educação eram inadequadas e apenas uma pequena parte da população era beneficiada. Com a vinda da Família Real Portuguesa para o Brasil em 1808, a situação da educação veio a ter uma mudança significativa, pois o imperador D.João VI criou um sistema educacional mais amplo, onde a estrutura do ensino teve maior crescimento devido a abertura de escolas de medicina, bibliotecas, imprensa e academias militares, como também a abertura do Jardim Botânico. Período conhecido como Joanino (1808-1821). (SANGENIS, 2004).
No Brasil Império, no ano de 1824 foi outorgada a primeira Constituição brasileira. O Art.179 da Lei Magna continha que a instrução primária é gratuita para todos os cidadãos. Mas essa constituição em quase nada favoreceu a educação para a população pois só possuía cidadania uma pequena parcela da população, aquelas pertencentes as elites econômicas. (RIBEIRO, 2003).Em 1827 foi criada a lei geral que discorria sobre a questão do ensino primário para o sexo feminino, que até então era inexistente. No ano de 1834 foi adicionado no Ato da Constituição, que caberia as províncias responsáveis por administrar o ensino primário e secundário, mas devido aos poucos recursos, não tinham como cumprir a lei, permanecendo então sob responsabilidade do governo imperial a educação das elites. Em1872, no território brasileiro a população era em torno de 10 milhões de habitantes, e apenas 150.000 alunos estavam matriculados nas escolas primárias, um índice extremamente baixo. Com o fim do Império e início da República ocorreu uma grande movimentação de ideias, pois havia a necessidade de modernizar a sociedade brasileira, e abolir a escravidão no Brasil que veio a ocorrer em 1888. Devido à vários acontecimentos nos setores econômicos e sociais, houve a necessidade de uma instrução pública mais sintetizada. (RIBEIRO, 2003).
3. AS MUDANÇAS EDUCACIONAIS NA REPÚBLICA VELHA (1889-1930)
Após a Proclamação da República teve início a reforma no ensino, sendo inaugurado em 1890 o primeiro ministério público dedicado à educação, tendo como ministro Benjamin Constant Botelho de Magalhães[footnoteRef:5]. Neste Ministério foi criado um regulamento para a Instrução primária e secundária, este viabilizou o crescimento do ensino público e do desenvolvimento das instituições culturais. Benjamin Constant Botelho de Magalhães,acreditava que somente pela educação o povo poderia construir a sua cidadania, e para colocar em prática a sua ideologia empenhou-se nas reformas educacionais, como a da escola militar, escola normal e da instrução primária e secundária. (CARTOLANO,1994). [5: Benjamin Constant Botelho de Magalhães era um Político, militar e professor brasileiro. Nasceu em Porto do Meyer, freguesia de São Lourenço, Niterói, Estado do Rio de Janeiro, foi um dos fundadores da república, autor da divisa Ordem e Progresso da bandeira brasileira (1890) e um grande divulgador do positivismo no Brasil.
] 
Na primeira República, a organização escolar teve certa influência da filosofia positivista[footnoteRef:6]iniciada por Augusto Comte em Paris no final do século XIX. Benjamin Constant Botelho de Magalhães,foi o responsável pela Reforma de Instrução Pública de 1890, e por mais que tenha se baseado nesse novo modelo não seguia à risca os preceitos dessa filosofia. O Brasil republicano foi inaugurado com inspirações positivistas sem efusão de sangue, ou seja, apenas para os brancos elitizados, e essas revoluções “brancas” era uma característica bem marcante do positivismo.(NOGUEIRA,1936). [6: Positivismo foi o termo escolhido por Auguste Comte para designar a corrente filosófica que tinha o culto da ciência e os métodos científicos como seus pilares principais. Guiado pela ciência e pela técnica, o positivismo crê no progresso do sistema capitalista e nos benefícios gerados pela industrialização. Fora isso, prega a necessidade de uma reorganização da sociedade.] 
No meio de tantas mudanças no cenário político, social e econômico, havia uma certa busca pela ordem e progresso do país, e se tratando de sistema educacionais,a questão moral aflorou ainda mais entre o povo brasileiro. 
Categorias: de 1º grau, para crianças de 7 a 13 anos e de 2º grau para os de 13 a 15 anos. Para ingressar nas escolas primárias de 2º grau, o aluno deveria apresentar o certificado de estudos do grau precedente. O ensino no primeiro grau compreendia: leitura e escrita, ensino prático da língua portuguesa; contar e calcular; aritmética prática até regra de três, mediante o emprego, primeiro, dos processos espontâneos e, depois, dos processos sistemáticos; sistema métrico procedido do estudo da geometria prática; elemento de geografia e história, especialmente do Brasil; lições de coisas e noções concretas de ciências físicas e história natural; instrução moral e cívica; desenho; elementos de música; ginástica e exercícios militares; trabalhos manuais para os meninos e trabalho de agulha para as meninas; noções práticas de agronomia.(MEZZARI, 2001, p. 84).
A reforma de Benjamin Constant, tinha como princípio melhorar a condição de vida da sociedade, pois como já mencionado, ele acreditava que somente pela educação seria possível o Brasil alavancar o seu crescimento econômico. A reforma de 1890 possuía em suas considerações além deelevar o nível do ensino primário, queria inserir na escola umavivência prática de uma realidade mais próxima da criança mais ou menos do que se trata a pedagogia social atualmente. Com a separação do Estado da religião, o currículo das escolas procurou por meio das ciências naturais substituir as disciplinas relacionadas com a religião, criar o poder laico, onde nesse novo modelo visava atender as novas necessidades sociais no aspecto intelectual e moral da sociedade. Em 1891 foi elaborada uma nova Constituição, considerada o primeiro marco legal da República brasileira, que consagrou uma concepção de federalismo onde a responsabilidade pública pelo ensino básico foi descentralizada nas Províncias e Municípios. Porém essa nova Constituição republicana estabeleceu a exclusão dos adultos analfabetos da participação pelo voto, no caso, praticamente quase toda a população, uma vez que a maioria dos adultos eram analfabetas. (CARTOLANO, 1994).
Em 1915, foi criada a Liga Brasileira contra o Analfabetismo, que era composto por grupos de intelectuais. Os membros participantes tinham como missão tirar o povo brasileiro do analfabetismo, e para alcançar essa meta atuaram juntos aos poderes municipais, estaduais e federais, como também buscou apoio junto a sociedade. A Liga, em sua campanha tentava difundir o ensino primário nos municípios e erradicar o analfabetismo, pois segundo a liga, o Brasil só iria crescer quando a população estivesse instruída por meio da educação. As atividades da liga foram encerradas em 1940, logo após os feitos na área da educação do então presidente Getúlio Vargas. (NOFUENTES,2009).
4. A EDUCAÇÃO NA ERA VARGAS (1930-1945)
Na Era Vargas (1930-1945), houve um certo crescimento no sistema educacional brasileiro, pois foi citado pela primeira vez as LDBs[footnoteRef:7]. Getúlio Vargas desenvolveu o seu plano de política voltado para várias classes sociais, por isso acabou se tornando populista e consequentemente considerado o “Pai dos Pobres”. No seu governo houve grandes mudanças, e a área educacional não ficou de fora, principalmente no Estado Novo. (SANTOS, 2011). [7:  Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) define e regulariza a organização da educação brasileira com apoio nos princípios presentes na Constituição. Foi citada pela primeira vez na Constituição de 1934.] 
Quando Getúlio Vargas assumiu o governo, no Brasil 2/3 da população em idade escolar estava fora das salas de aula, e o índice de analfabetismo atingia cerca de 65% da população de jovens maiores de 15 anos. Na busca de mudar esse quadro, Getúlio investiu na educação pelos estados a fora, sendo tomadas as seguintes medidas: Ampliação do número de escolas e de matrículas em todo o país e aperfeiçoamento no âmbito administrativo. A partir daí algumas mudanças já puderam ser observadas:De 1935-1946, as matrículas no ensino fundamental passaram de 2.413,594 para 3.238.940; no Ensino Médio passaram de 202.886para 465.612; a taxa de analfabetismo caiu para 56% no ano de 1940.(SANTOS, 2011).
Segundo Santos (2011),Vargas investiu na qualificação das massas para o progresso econômico. A educação foi a porta de saída para a operacionalização, cujos desdobramentos eram de enriquecimento da elite econômica, manutenção do poder nas mãos de seus representantes e a conservação do status. No Estado Novo (1937 a 1945) podemos destacar a criação das Leis orgânicas de ensino, criação do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) como também o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC). O ensino industrial nesse período assumiu um importante papel na preparação da mão de obra industrial. Além do SENAC e SENAI,foram criadas outras instituições para sustentar no âmbito educacional o projeto de nação da Era Vargas, dentre elas o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), o Instituto Nacional do Livro e o Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. 
[...] o ensino industrial passou a assumir um papel importante na formação de mão de obra, sendo que a partir das transformações que se operaram, principalmente a partir de 1942, verificamos que ele pode ser dividido em dois ramos: um que compreendia a aprendizagem que ficava sob o controle patronal, ligado ao Serviço Nacional de Aprendizagem (Senai) e um outro ramo que estava sob a responsabilidade direta do Ministério da Educação e Saúde, que era constituído pelo ensino industrial básico. (SANTOS, 2011, p. 216).
Frisando novamente que o ensino profissionalizante era voltado para as classes populares e sem possibilidade do ingresso no ensino superior, enquanto o ensino secundário era voltado para uma minoria da elite e com acesso ao ensino superior. O índice de reprovação e evasão escolar durante o período de 1933 a 1945 era muito elevado, foram matriculados em 1933, 66.420 alunos, sendo que apenas deste total 8.080 concluíram o Ensino Médio; em 1934 foram matriculados 79.055 e apenas 9.269 concluíram essa etapa de ensino. Em 1940 foram registradas 17.0057 matrículas e 19.828 concluíram os estudos. Já em 1941,foram matriculados 61.398 e apenas 8.779 concluintes. No ano de 1943 foram matriculados 79.665 e apenas 12.863 concluíram o ensino secundário. Em 1945 foram matriculados 91.639 sendo desse total apenas 14.407 que se formaram.(IBGE-PNAD-1933-1945).
5. A REPÚBLICA POPULISTA E A DITADURA MILITAR (1945-1985)
No fim do governo de Vargas em 1945,de acordo com Santos (2011), o país estava se democratizando e dois anos mais tarde, teve início a Campanha de Educação de Adultos e Adolescentes, coordenada por Lourenço Filho[footnoteRef:8], que mais tarde conseguiu estender o programa para as diversas regiões brasileiras. Sendo criada várias escolas supletivas que acabou por mobilizar diversos campos administrativos, profissionais e de voluntários.Nesse período o analfabetismo era visto como um problema relacionado à situação econômica, social e cultural, e não como efeito das políticas públicas.No final da década de 50, começaram a surgir inúmeras críticas referente a Campanha de Educação de Adultos, onde essas críticas se centralizavam nas deficiências administrativas, financeiras e do método pedagógico empregado, pois o período de tempo para a aprendizagem era muito curto e as diversidades culturais presentes nas regiões brasileiras não eram adequadas. As campanhas para a Educação de jovens e adultos ganharam força com as modificações empregadas pelo pernambucano Paulo Freire, onde ele inicia as primeiras ações educativas em prol desses educandos adultos: [8: Lourenço Filho foi um educador brasileiro conhecido sobretudo por sua participação no movimento dos pioneiros da Escola Nova.] 
	
Para Paulo Freire a sociedade tradicional brasileira “fechada”, se havia rachado e entrara em trânsito, ou seja, chegara o momento de sua passagem para uma sociedade “aberta”, democrática. O povo energia nesse processo, inserindo-se nele criticamente, querendo participar e decidir, abandonado a condição de “objeto” e passando a ser” sujeito” da história. (PAIVA,1987, p.251).
Paulo Freire, é um marco teórico na Educação de Jovens e Adultos, pois desenvolveu uma metodologia própria de trabalho, que unia pela primeira vez a especificidade dessa Educação com a associação de quem educa e como educar, a partir do princípio de que a educação era um ato político, podendo servir tanto para a submissão como para a libertação do povo. Freire se preocupava com (1983, p. 12) “uma educação para a decisão, para a responsabilidade social e política”. Freire inverteu a lógica das décadas anteriores ao empregar o pensamentoonde o adulto analfabeto não era causa do subdesenvolvimento do país, mas sua consequência, ou melhor, vítima de uma sociedade injusta e desigual, de um sistema que buscava reproduzir, pela educação, o poder das elites políticas, econômicas e sociais do país. (FREIRE,1983).
Em 31 de março de 1964, o regime político vigente no Brasil sofreu um duro golpe, pois os militares subiram no poder, e permaneceramaté 1985. Devido a censura nos meios de comunicação limitou-se o acesso à informação dos brasileiros e isso também foi aplicada nas escolas, causando prejuízos com reflexos que até hoje podemos sentir. O recado aosprofessores para se calarem era enviado através do sumiço de outros docentes. Esse acontecimento pode ser visto como uma das razões para que nos dias atuais muitos idosos não sejam alfabetizados. (SAVIANI, 2007).
Com o golpe militar, o movimento de Paulo Freire acabou sendo abafado, pois não atendia ao programa que estava por ser instituído no país, sendo implantado o Movimento Brasileiro de Alfabetização (Mobral) que pretendia acabar com o analfabetismo no país. O método de ensino utilizado nesse sistema baseava-se no ato de ler e escrever, que difere com os preceitos adotados por Paulo Freire, que defendia uma educação libertadora e democrática, onde o ato de ensinar parte da vivência do aluno. Paulo Freire se preocupava com a formação crítica dos alunos, e sua metodologia era aplicada através de diálogos. Já o Mobral baseava a sua prática de ensino através de recursos como fichas, cartazes e família silábica. Enfim, o Mobral como método de ensino para os jovens e adultos não tinha como pretensão formar o aluno com senso crítico. (SAVIANI, 2007).
Os criadores e professores do MOBRAL, não se preocupavam com o censo crítico dos alunos e muito menos no processo onde os professores e alunos ensinam e aprendem no momento educativo. A educação na ditadura militar era voltada apenas para a manutenção da ordem e do progresso da sociedade brasileira.
O educador, que se aliena a ignorância, se mantém em posições fixas, invariáveis. Será sempre o que sabe, enquanto os educandos serão sempre os que não sabem A rigidez dessas posições nega a educação e o conhecimento como processos de busca. (FREIRE,2005, p.67).
O MOBRAL se findou em 1985, e as experiências voltadas ao público dos jovens e adultos da sociedade tornaram-se mais fortes e inclinava-se para a filosofia empregada de Paulo Freire:
Se antes a alfabetização de adultos era tratada e realizada de forma autoritária, centrada na compreensão mágica da palavra, palavra doada pelo educador aos analfabetos [...] agora, pelo contrário, a alfabetização como ato de conhecimento, como ato criador e como ato político é um esforço de leitura do mundo e da palavra. (FREIRE, 2000, p.30).
6. A EDUCAÇÃO NA NOVA REPÚBLICA 
A Nova República teve início com o fim da ditadura militar. De 1985 a 1996, simultaneamente ao processo de organização e mobilização popular pela redemocratização do país, os educadores, em conjunto com os parlamentares aliados que atuavam na Assembleia Nacional Constituinte, buscaram reproduzir o Sistema Educacional Brasileiro, pois devido as privatizações do governo militar encontrava-se totalmente fragmentada. Na busca de reproduzir novamente a educação no Brasil na sua forma democrática houve certas dificuldades devido as forças progressistas da educação ver negativamente a globalização da educação. (JESUS, 2009).
Já no início da década de 90 houve outro movimento a fim de alfabetizar os jovens e adultos que não conseguiram estudar na idade regular, o movimento de Alfabetização (Mova). O Mova foi elaborado por Paulo Freire para atender a cidade de São Paulo, quando ele era o Secretário Municipal de Educação, sendo mais tarde difundido por todos os Estados Brasileiros. Nos dias atuais o projeto é conhecido como Mova-Brasil, onde gera oportunidades a jovens e adultos que precisam ser alfabetizados. O Mova-Brasil é desenvolvido pelo instituto Paulo Freire (IPF) em parceria com a Petrobras e a Federação única dos Petroleiros (FUP). (PROJETO MOVA-BRASIL,2003).
Com aascensão de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República em 1º de janeiro de 1995, a educação passou a ocupar um lugar dominante no conjunto de políticas públicas desenvolvidas pelo governo nacional. O período em que Fernando Henrique Cardoso esteve à frente da presidência do Brasil nos seus dois mandatos promoveu a reforma educativa. Em 1995, 44% dos alunos da rede pública do Ensino Fundamental se encontravam com no mínimo dois anos de atraso de escolaridade. Em 1997, foi implantado o Programa Comunidade Solidária pela primeira-dama da República, a antropóloga Ruth Cardoso. Foi um dos cursos mais importantes para a alfabetização de adultos, que contou com a parceria das empresas, universidades e prefeituras, na busca de atender municípios do Norte e Nordeste. Neste período também foi instituído pelo Ministério da Educação (MEC), o Programa Aceleração de Aprendizagem, o supletivo como é mais conhecido atualmente. Conveniado ao programa, o Cenpec desenvolve ações para a correção dessa defasagem frente a idade-série dos alunos repetentes e aos que não conseguiram estudar na idade regular;(BRASIL/INEP, 1999).
Luiz Inácio Lula da Silva, candidato pelo Partido Trabalhadores (PT), em 27 de outubro de 2002, sendo a sua gestão vista como um marco na distribuição de rendas, devido a implementação das seguintes políticas: do Bolsa-Família, aos programas dirigidos à juventude, tais como o Pro Jovem e o Primeiro Emprego. No setor educacional, exerceu um papel crucial na implementação de programas sociais dirigidos aos mais pobres. Por meio de acordos firmados entre o governo federal, estados e municípios, tais programas tiveram sua execução descentralizada e repassada ao nível local. Com a política social, a educação cumpriu uma relevante tarefa na distribuição de renda aos mais pobres que se encontravam até então na condição de assistidos. (SADER, 2013).
De acordo com Sader (2013), na área da educação, no governo Lula, foram realizadas algumas melhorias na área educativa, sendo uma delas voltada a educação de jovens e adultos: O Brasil Alfabetizado, que tornou a alfabetização um processo contínuo e interligado à educação de jovens e adultos, que beneficiou cerca de milhões de brasileiros até 2011. Após os dois mandatos de Luiz Inácio da Silva, Dilma Rousseff que havia sido ministra de Minas e Energia e ministra Chefe da Casa Civil do Brasil durante o governo Lula em 2011, foi eleita a primeira presidente do Brasil, sendo reeleita em 2014. No seu 1º mandato deu continuidade aos programas sociais do governo Lula e criando vários outros.
A partir desse histórico, podemos destacar que a responsabilidade pela oferta de escolarização de jovens e adultos no Brasil sempre foi compartilhada por órgãos públicos e por organizações societárias. Mas a Educação de Jovens e Adultos alcançou avanços significativos apenas na constituição federal de 1988 quando foi firmado algumas diretrizes para a modalidade EJA:
[...] garantia de educação básica, para os jovens e adultos das camadas populares; inserção orgânica da educação de jovens e adultos no sistema de ensino do país; a locação de dotação orçamentária para o desenvolvimento dos serviços educacionais para jovens e adultos no conjunto do sistema nacional de ensino; construção da identidade própria da educação de jovens e adultos; garantia de habilitação e profissionalização dos educadores de jovens e adultos; exercício da gestão democrática na educação de jovens e adultos (Fundação Educar, 1988, p.18-19).
 A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB 9394/96) veio a beneficiar na implantação da Educação de Jovens e Adultos definindo-a como “a educação destinada àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino fundamental e médio na idade própria” e igualmente ao afiançá-la como uma modalidade de ensino, segundo está posto no Art. 4º, inciso VII:
O dever do Estado com educação escolar pública será efetivado mediante a garantia de [...] oferta de educação escolar regular para jovens e adultos, com características e modalidades adequadas às suas necessidades e disponibilidades, garantindo-se aos que forem trabalhadores as condições de acesso e permanência na escola (LDB 9394/96).
7. A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NA REDE ESTADUAL DO ESPÍRITO SANTO
No Espírito Santo a Secretaria de Estado da Educação ao definir as diretrizes, estabeleceu os seguintes objetivos para a Educação de Jovens e Adultos:
Ofertar a Educação de Jovens e Adultos como modalidade de ensino da educação básica, promovendo a escolarização nas etapas Fundamental e Médio nas escolas da rede estadual de ensino do Estado do Espírito Santo. Proporcionar aos jovens e adultos o efetivo direito ao conhecimento, possibilitando-lhes o acesso, permanência e a participação no mundo letrado, na resolução dos problemas da vida cotidiana e na melhoria da qualidade do trabalho, para o exercício da cidadania Assegurar aos jovens e adultos, oportunidades educacionais pautadas nas necessidades básicas, nas expectativas, considerando as características de condições de vida, motivando e ampliando conhecimentos do mundo, da cultura, da língua que se fala e se escreve e da matemática de uso social.(SEDU,2013).
Como modalidade de Educação Básica, a EJA não deve ser pensada como oferta menor, nem menos importante, mas como um modo próprio de fazer educação; determinado pelos sujeitos que recebe: jovens e adultos. A legislação recomenda a necessidade de busca de condições, alternativas, de currículos adequados a esses sujeitos, levando em conta seus saberes, seus conhecimentos, suas experiências de vida e de trabalho. Nelas, os sujeitos jovens e adultos se formam, não somente na escola; por elas aprenderam conteúdos que condicionam seus modos de ser e estar no mundo, de aprender e de reaprender, de certificar-se, de progredir e de se constituírem enquanto seres humanos. (cf. arts. 37 e 38 da LDBEN e Parecer CNE n. 11/2000).
Nesse sentido, o currículo da EJA deve considerar os eixos ciência, cultura e trabalho e ambiente, no processo de aprendizagem, nos conhecimentos vividos praticados pelos alunos na prática social, numa perspectiva de uma pedagogia crítica. É uma concepção de escola como instituição política, espaço propício a emancipar o aluno, contribuindo para a formação da consciência crítico-reflexiva e promotora de autonomia dos sujeitos da EJA.
O Ensino médio na modalidade Educação de Jovens e Adultos na rede pública estadual possui sua organização curricular estabelecida pela Portaria SEDU/Nº 003-R, de 14 de janeiro de 2013. Sobre a EJA, ela traz sobre o ensino médio a seguinte redação: 
Art. 14. A escolarização para os estudantes na modalidade Educação de Jovens e Adultos – EJA deverá observar as orientações contidas no Caderno Diretrizes da Educação de Jovens e Adultos, aprovado pela Resolução CEE/ ES Nº 1902/2009, alterada pela Resolução CEE/ES Nº 2471/2010, a saber: [...] II- Ensino Médio – EJA, 1.200 (um mil e duzentas) horas de curso, 3 (três) semestres letivos e 20 horas semanais. 
Art. 15. A organização curricular da Educação de Jovens e Adultos - EJA, nas etapas do ensino fundamental e no ensino médio está estruturada por semestres letivos, com 20 aulas semanais de 60 minutos cada, (Anexos 6, 7 e 8), considerando as especificidades a seguir: 
§ 1º A disciplina Educação Física poderá ser desenvolvida em turmas multietapas, preferencialmente, na primeira ou na última aula; [...] 
§ 3º A disciplina Língua Espanhola, no ensino médio/EJA, é de oferta obrigatória pela unidade escolar e de matrícula facultativa para o aluno, devendo sua carga horária ser computada além das 20 (vinte) horas semanais, podendo ser oferecida em turmas multietapas;
§ 4º A opção pela disciplina Língua Espanhola deve ser feita no início da 2ª (segunda) e da 3ª (terceira) etapas, por meio de documento formal estabelecido pela unidade escolar, especificando os procedimentos de avaliação e de frequência;
 § 5º Em caso de não opção pela disciplina Língua Espanhola, o aluno deve cumpriras atividades de Aprofundamento em Leitura e Escrita em Língua Inglesa com apuração de frequência e registro de “Cursado”. 
§ 6º A enturmação de estudantes de diferentes etapas poderá ser admitida como alternativa para garantia da oferta, desde que previamente analisada pela Superintendência Regional de Educação e aprovada pela Unidade Central.
Em sua grade curricular, contempla as seguintes matérias conforme mostra o quadro abaixo:
O documento curricular da rede estadual recomenda:
A Educação de Jovens e Adultos (EJA) é uma modalidade específica da Educação Básica que se propõe a atender um público ao qual foi negado o direito à educação, durante a infância e/ou adolescência, seja pela oferta irregular de vagas, seja pelas inadequações do sistema de ensino ou pelas condições socioeconômicas desfavoráveis. (ESPIRITO SANTO, 2009).
Essa perspectiva contida nos documentos oficiais que orientam e regulam a EJA na rede estadual do Espírito Santo vai ao encontro do exposto no que a Declaração de Hamburgo (1997, p.19 e 20) preconiza a este respeito:
A educação de adultos inclui a educação formal, a educação não formal e o espectro da aprendizagem informal e incidental disponível numa sociedade multicultural, onde os estudos baseados na teoria e na prática devem ser reconhecidos.[...]Engloba todo o processo de aprendizagem formal ou informal, onde as pessoas [...] desenvolvem suas habilidades, enriquecem seu conhecimento e aperfeiçoam suas qualificações técnicas e profissionais, direcionando-as para a satisfação de suas necessidades e as de suasociedade.
Em relação aos ideais que devem ser perseguidos, nesta modalidade de ensino, a Declaração de Hamburgo (1997, p.20) prevê que:
Os objetivos da educação de jovens e adultos, vistos como um processo de longo prazo, [...] deverão desenvolver [...] a autonomia e o senso de responsabilidade das pessoas e das comunidades, fortalecendo a capacidade de lidar com as transformações que ocorrem na economia, na cultura e na sociedade como um todo; promovendo a coexistência, a tolerância e a participação criativa e crítica dos cidadãos em suas comunidades, permitindo assim que as pessoas controlem seus destinos e enfrentem os desafios que encontram à frente.
Podemos observar que quanto à legislação e diretrizes curriculares a modalidade de Educação de Jovens e Adultos possui uma perspectiva de educação voltada para a realização de uma educação de qualidade. Sabemos que as dificuldades na implementação plena desta educação estão em diversos campos, pois a legislação por si só não garante a aplicabilidade do que por ela é prescrito. Porém, aos educadores, atores fundamentais dessa ação, cabe a reflexão deixada pelo professor Paulo Freire:
Impomos para diminuir a distância entre o que dizemos e o que fazemos. Este esforço, o de diminuir a distância entre o discurso e a prática, é já uma dessas virtudes indispensáveis – a da coerência. [...] no fundo, o essencial nas relações entre educador e educando, entre autoridade e liberdades, entre pais, mães, filhos e filhas é a reinvenção do ser humano no aprendizado de sua autonomia. [...] posso saber pedagogia, biologia, como astronomia, posso cuidar da terra como posso navegar. Sou gente. Sei que ignoro e sei que sei. Por isso, tanto posso saber o que ainda não sei como posso saber melhor o que já sei. E saberei tão melhor e mais autenticamente quanto mais eficazmente construa minha autonomia em respeito à dos outros. (2002a, p. 72, 105 – 106).
8.CLIENTELA ATENDIDA PELA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
Qual o público voltado para a educação de jovens e adultos? Indivíduos que não tiveram a oportunidade e possibilidade frequentar a escola. Público que compõe o universo do EJA? Jovens, adultos, idosos, donas-de-casa, trabalhadores em serviços pouco qualificados, homens, mulheres, portadores de necessidades especiais, brancos, negros, pardos etc. Quais bagagens trazem esses alunos? Experiências de vida, tanto boas como ruins. Quais relações estão estabelecendo, quais lembranças e conhecimentos estão vindo à tona? Todos possíveis. E quais transformações os educadores tem a oferecer a esse público? Ao refletirmos sobre esses questionamentos, temos que primeiramente conhecer um pouco mais a realidade desses alunos.
Segundo Arroyo (2001) a educação de jovens e adultos é muito preocupante até mais que a educação básica. “Nela se cruzaram e cruzam interesses menos consensuais do que na educação da infância e da adolescência, sobretudo quando os jovens e adultos são trabalhadores, pobres, negros, subempregados, oprimidos, excluídos” (p.221). Para Arroyo, não se pode deixar de lado o legado acumulado pela Educação dos Jovens e Adultos nas experiências da educação popular[footnoteRef:9]. [9: Educação Popular: Termo que tem origem relacionada aos movimentos sociais e define uma intervenção nos processos sociais e políticos pela educação, visando uma transformação social para uma vida mais justa. A característica fundamental da educação popular está no seu caráter político, pois visa realizar as mudanças com a participação ativa da população, elevando os indivíduos a atores sociais.] 
Evidentemente, não há como obrigar o público da EJA a retornar ou frequentar à escola e mesmo se fosse possível, certamente esse não seria o melhor caminho a seguir. No entanto, deixar para que este público que compõe o EJA decida por si só também é difícil. Sabemos que pequena uma parcela desse público até retorna à escola pelo desejo de cumprir o processo de escolarização, pela necessidade, por sentir sua falta,pela necessidade no trabalho, para sua vida e por outros motivos. Mas outra parcela ainda menor retorna à escola cientes do seu direito e muito raramente encontraremos os que pleiteiam esse direito. Isso se deve ao fatodo público da EJA achar que a “culpa” por não ter concluído os estudos é unicamente sua e mesmo que tenha justificativas para o abandono, para a evasão, para a repetência e para a falta, ainda assim se sentem culpados e não se veem como portadores de um direito que lhes foi negado e que pode ser reivindicado.
Do outro lado, encontramos os implementadores das políticas públicas para a modalidade EJA que, em sua maioria, desconhece a demanda daEJA, epor não possuir o planejamento para a oferta dessa modalidade por parte dos órgãos públicos a escola não oferta devido à falta de demanda e o aluno não se matricula porque desconhece o direito a vaga. (PAIVA, 2006).
Para complicar ainda mais a situação da clientela do EJA, essa modalidade de ensino vem se apresentando com uma roupagem nova, moderna, que aparentemente parece flexível e possível para todos. O slogan “só não estuda quem não quer”, estão tomando conta da propaganda partidária e se tornando discurso frequente entre a sociedade, mas a realidade da EJA é bem diferente, uma vez que, na prática, é nítida a descontinuidade dos programas voltadas para esse tipo de educação.
9. ANALFABETISMO FUNCIONAL	
O índice de analfabetismo tem mostrado em termos nacionais uma diminuição, de acordo tem sido apontado dados do Inep[footnoteRef:10]. Mas mesmo com a diminuição do analfabetismo está havendo um aumento no que se refere ao problema do analfabetismo funcional. Devido a esse problema foi criado o INAF (Índice Nacional de Alfabetismo Funcional),[footnoteRef:11]que serve como parâmetro para avaliar a capacidade da escrita, leitura e cálculo pelos educandos.Em 2017, o resultado publicado foi o seguinte: [10: O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) é uma autonomia de cunho federal ligada ao Ministério da Educação (MEC).] [11:  É uma pesquisa idealizada em parceria entre o Instituto Paulo Montenegro e a ONG Ação Educativa e realizado com o apoio do IBOPE Inteligência com o objetivo de mensurar o nível de alfabetismo da população brasileira entre 15 e 64 anos, avaliando suas habilidades e práticas de leitura, de escrita e de matemática aplicadas ao cotidiano.] 
O teste identificou que 92% dos brasileiros entre 15 e 64 não são proficientes emescrita, leitura e nas habilidades matemáticas. Indicadores da pesquisa foram divididos em 5 grupos e apresentaram os seguintes resultados: Analfabetos (4%) não sabem ler ou escrever, alguns conseguem ler números. Rudimentar (23%) sabem ler e escrever textos curtos de baixa complexidade, mas não conseguem interpretar textos ou problemas matemáticos. Elementar (42%) sabem ler e escrever, selecionam informações em textos diversos, de extensão média e tem a capacidade de fazer pequenas inferências. Resolvem problemas matemáticos com números em ordem de milhar, como o total de uma compra ou troco. Intermediários (23%) sabem ler e escrever, sabem localizar informações em textos e interpretá-los e tem conhecimento de figuras de linguagem. Tem habilidade matemática como problemas, porcentagens, proporções e juros. Proficiente (8%) não tem restrições para ler ou escrever textos e, também, resolver problemas matemáticos. Ou seja, mais de 70% está baixo no nível intermediário das competências.
Segundo alguns países europeus, o alfabetismo funcional acontece por volta dos oito anos de escolaridade. No Brasil, o alfabetizado funcional ocorre quando o aluno possui mais de quatro anos de escolaridade. A ONG Ação Educativa, integrada a essa discussão, coloca:
“É considerada alfabetizada funcional a pessoa capaz de utilizar a leitura e escrita para fazer frente às demandas de seu contexto social e usar essas habilidades para continuar aprendendo e se desenvolvendo ao longo da vida”. (2003:04)
E finaliza:
“Primeiramente, devemos considerar a necessidade de consolidar a alfabetização funcional dos indivíduos, pois estudos atuais indicam que é preciso uma escolaridade mais prolongada para se formar usuários da linguagem escrita capazes de fazer dela múltiplos usos, com o objetivo de expressar a própria subjetividade, buscar informação, planejar e controlar processos e aprender novos corpos de conhecimento (RIBEIRO, 1999).
Mas por que a discussão do analfabetismo funcional é importante para a clientela da EJA? É importante pois nos mostra que não basta apenas frequentar a sala de aula, tem que de fato fazer com que o aluno adquira saberes. Atender esse público da EJApresume que o mediador do conhecimento, no caso o professor, faça um trabalho que realmente contribua com esse público, tenha o conhecimento sobre a ação pedagógica adequada, e que seja capaz de instruir adequadamente os alunos a prática da escrita, leitura para que sejam de aprender habilidades matemáticas como outros aprendizados que compete uma educação de qualidade.
10.FORMAÇÃO DO PROFESSOR E OS NOVOS MÉTODOS DE ENSINO PARA A EJA
Ao que corresponde a formação dos professores no ensino da Educação de Jovens e Adultos, é que uma parcela dos professores épreparada às pressas nesse seguimento, onde não aprendem a fundamentação teórica sobre as características dessa modalidade de ensino. Geralmente os cursos de aperfeiçoamento nessa área são curtos e realizados a distância, o que propicia ainda mais a precariedade desse desses educadores do EJA, pois não recebem informações suficientes quanto a clientela em questão. A falta de preparodos educadores também decorre pela falta de estímulos gerados pelos baixos salários que recebem. (GADOTTI, 2007).
Há algum tempo que se estuda sobre os melhores métodos e práticas adequadas quanto ao aprendizado de jovens e adultos, como por exemplo, com Paulo Freire. Este diz que: A alfabetização não pode se fazer de cima para baixo, nem de fora para dentro, como uma doação ou uma exposição, mas de dentro para fora pelo próprio analfabeto, somente ajustado pelo educador. Esta é a razão pela qual procuramos um método que fosse capaz de fazer instrumento também do educando e não só do educador e que identificasse o conteúdo da aprendizagem com o processo de aprendizagem. Por essa razão, não acreditamos nas cartilhas que pretendem fazer uma montagem de sinalização gráfica como uma doação e que reduzem o analfabeto mais à condição de objeto de alfabetização do que de sujeito da mesma (FREIRE, 1979, p. 72).
A respeito das posições de Paulo Freire na busca de novas práticas educativas, podemos refletir sobre os seus seguintes conceitos: Alfabetização é a aquisição da língua escrita, por um processo de construção do conhecimento, que se dá num contexto discursivo de interlocução e interação, através do desvelamento crítico da realidade, como uma das condições necessárias ao exercício da plena cidadania: exercer seus direitos e deveres frente à sociedade global. A aquisição do sistema escrito é um processo histórico, tanto a nível ontogenético, como a nível filogenético. O sistema escrito é produzido historicamente pela humanidade e utilizado de acordo com os interesses políticos de classe. O sistema escrito não é um valor neutro. A alfabetização não pode ser reduzida a um aprendizado técnico-linguístico, como um fato acabado e neutro, ou simplesmente como uma construção pessoal intelectual. A alfabetização passa por questões de ordem lógico-intelectual, afetiva, sociocultural, política e técnica (FREIRE, 1996).
Para atender os educandos que compõe a modalidade da EJA, é preciso que as práticas educativas sejam diferenciadas das que são utilizadas em sala de aula na idade regular de ensino. Devido a sua trajetória de vida, os motivos que levaram a evasão escolar e suas vivências cotidianas, o uso de projetos pedagógicos diferenciados para esse público especifico se faz sempre presente. Mas para inserir uma nova estratégia no ensino, é preciso contar com a participação desses alunos, para que assim se sintam motivados para que dessa forma os conhecimentos prévios já estabelecidos em seu interior sejam levados em consideração. Conforme Oliveira 
(1999), “supõe que certos hábitos, valores e práticas culturais não estejam ainda plenamente enraizados nos aprendizes; supõe que certos modos de transmissão de conhecimentos e habilidades seriam os mais apropriados” (1999 p. 61).
De acordo com Motta (2007), para desenvolver a relação aluno x escola é viável que os educandos contribuam dando sugestões quanto a elaboração dos apoios pedagógicos, para que assim ocorra ainteração esperada dentro do ambiente escolar.Ao professor caberá aproveitar essas contribuições a fim de resultar conhecimentos específicos produzidos a partir dos espaços escolares. 
É imprescindível que o professor escute os seus alunos e utilize mecanismos para desenvolver conhecimentos para a construção da oralidade, leitura e escrita. Reconhecer os saberes do cotidiano e os raciocínios que os alunos desenvolvem ao resolverem uma atividade contribuem para a formação de significados, avaliando o que sabem e como se pode progredir (MOTTA, 2007, p. 33).
A partir da citação acima, podemos reiterar que a clientela atendida pela EJA, precisa dispor do conhecimento empírico, ou seja, a sua experiência adquirida no seu cotidiano deve ser relacionada com os saberes a serem trabalhados em sala de aula. Assim sendo, é essencial identificar os elementos que constituema realidadedesses educandos,para que assim seja possível mudar essa realidade de forma significativa.
11. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante do exposto percebe-se que ao longo da história a educação no Brasil passou por um longo processo, que se inicia com o período colonial até chegar nos dias atuais. Ao refletirmos sobre o índice de analfabetismo podemos verificar que na Educação de Jovens e Adultos houve certo progresso na legislação do país, porém isso não assegura que essa modalidade de ensino tenha sido e ainda seja a das mais eficazes, pois há muitas lacunas a serem preenchidas para que ela se torne uma educação de qualidade e que atenda a essa classe. Sobre o histórico da implementação da erradicação do analfabetismo no Brasil verifica-se que as organizações dos projetos para esse fim não recebiam tempo e nem investimento necessário para que surtisse o efeito esperado, pois sempre eram substituídos por novos projetos de acordo que se mudava o governo, onde cada um tentava implantar novos projetos a fimde erradicar com o analfabetismo no Brasil.
Tratar da EJA é tratar de movimentos sociais, de movimentos populares, de educação no campo, de exclusão e inclusão, de autoestima, de ética, de cidadania, de racismo, de identidade étnica, enfim, assuntos polêmicos, assuntos que muitos preferem esquecer, pois requerem reflexão, consciência, abnegação, renúncia de um lado e doação de outro. Requer enfrentar todo um sistema econômico que não dá espaço para o pobre, o menor, o sujeito simples.O professor quando assume o papel de alfabetizador deve da melhor forma possível utilizar a didática a favor da formação dos sujeitos, tornando-os então reflexivos, críticos e comprometidos com a construção doseu conhecimento e consequentemente tornar a sociedade um espaço democrático e menos supressor. 
12.REFERÊNCIAS
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