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1POLÍTICA E GESTÃO DA EDUCAÇÃO II Universidade Federal de Uberlândia Curso de Pedagogia a Distância POLÍTICA E GESTÃO DA EDUCAÇÃO II Robson Luiz de França 2 POLÍTICA E GESTÃO DA EDUCAÇÃO II POLÍTICA E GESTÃO DA EDUCAÇÃO II FRANÇA, R. L. Política e Gestão da Educação II. Coleção Pedagogia a Distância UFU/UAB. Uberlândia – MG: Universidade Federal de Uberlândia, Universidade Aberta do Brasil, 2021. 59 p. SOBRE O AUTOR Robson Luiz de França possui graduação em Pedagogia pela Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Belo Horizonte (1990), Bacharel em Direito pela UNIMINAS – Uberlândia, MG, especialização em Tecnologias para Educação a Distância e mestrado em Educação pela Universidade Federal de Uberlândia (1997), Especialista em Direito Educacional, possui também doutorado em Educação na Linha de Políticas Públicas pela Universidade Julio Mesquita Filho – UNESP/Araraquara e Pós-Doutorado em Educação. Atualmente é professor da Faculdade de Educação, da Universidade Federal de Uberlândia, e atua no Programa de Pós- Graduação em Educação na Linha de Pesquisa em Sociedade, Trabalho e Educação. Ministra a disciplina de Política e Gestão da Educação e a disciplina de Princípios de Organização do Trabalho do Pedagogo do Curso de Pedagogia a Distância, da Faculdade de Educação. É membro do Grupo de Pesquisa em Trabalho, Educação e Formação Humana, participa como pesquisador do Centro de Investigação em Educação (CIE), da Universidade da Madeira – Funchal em Portugal, composto por pesquisadores de diversos países, e desenvolve estudos e pesquisas sobre Currículo e formação profissional, Trabalho e educação, cidadania e precarização do trabalho. CAPA http://commons.wikimedia.org/wiki/File:USMC-100925-M-9780H-010.jpg http://commons.wikimedia.org/wiki/File:USMC-100925-M-9780H-010.jpg 3POLÍTICA E GESTÃO DA EDUCAÇÃO II Aléxia Pádua Franco – UFU Carlos Rinaldi – UFTM Carmem Lúcia Brancaglion Passos – UFScar Célia Zorzo Barcelos – UFU Diva Souza Silva – UFU Eucidio Arruda Pimenta – UFMG Ivete Martins Pinto – FURG João Frederico Costa Azevedo Meyer – UNICAMP Maria Irene Miranda – UFU Marisa Pinheiro Mourão – UFU EQUIPE DO CENTRO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA DA UFU - CEaD/UFU ASSESSORA DA DIRETORIA Sarah Mendonça de Araújo EQUIPE MULTIDISCIPLINAR Alberto Dumont Alves Oliveira Darcius Ferreira Lisboa Oliveira Dirceu Nogueira de Sales Duarte Júnior Gustavo Bruno Otaviano Ferreira Guimarães REVISORA Carina Diniz Nascimento 4 POLÍTICA E GESTÃO DA EDUCAÇÃO II PRESIDENTE DA REPÚBLICA Jair Messias Bolsonaro MINISTRO DA EDUCAÇÃO Milton Ribeiro UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL DIRETORIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA/CAPES Carlos Cezar Modernel Lenuzza UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA - UFU REITOR Valder Steffen Junior VICE-REITOR Carlos Henrique Martins da Silva CENTRO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA DIRETOR Vinícius Silva Pereira REPRESENTANTE UAB/UFU Maria Teresa Menezes Freitas SUPLENTE UAB/UFU Aléxia Pádua Franco DIRETORA DA FACULDADE DE EDUCAÇÃO - FACED - UFU Geovana Ferreira Melo CURSO DE PEDAGOGIA A DISTÂNCIA COORDENADORA DO CURSO Maria Irene Miranda 5POLÍTICA E GESTÃO DA EDUCAÇÃO II SUMÁRIO 5 FIGURAS 7 REFERÊNCIA 8 INFORMAÇÕES 10 INTRODUÇÃO 11 SUMÁRIO QUINZENAL 13 MÓDULO I – FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA: ASPECTOS HISTÓRICOS E IDEOLÓGICOS 13 I – TEXTO BÁSICO 14 II - SÍNTESE DO MÓDULO 21 III - BIBLIOGRAFIA ADICIONAL COMENTADA 21 IV - REFERÊNCIAS 22 SUMÁRIO SEMANAL 24 MÓDULO II – FUNDEF E PARTICIPAÇÃO NO DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO NOS ANOS 2000 I – TEXTO BÁSICO 25 II - SÍNTESE DO MÓDULO 34 III - BIBLIOGRAFIA ADICIONAL COMENTADA 34 IV - REFERÊNCIAS 35 SUMÁRIO SEMANAL 37 MÓDULO III – Avaliação do sistema educacional brasileiro: mudança da cultura avaliativa da escola pública I – TEXTO BÁSICO 38 II - SÍNTESE DO MÓDULO 47 III - BIBLIOGRAFIA ADICIONAL COMENTADA 47 IV - REFERÊNCIAS 47 SUMÁRIO 6 POLÍTICA E GESTÃO DA EDUCAÇÃO II SUMÁRIO SEMANAL 50 MÓDULO IV – Avaliação como mecanismo de controle: centralidade dos processos avaliativos I – TEXTO BÁSICO 51 II - SÍNTESE DO MÓDULO 57 III -BIBLIOGRAFIA ADICIONAL COMENTADA 57 IV - REFERÊNCIAS 58 SUMÁRIO 7POLÍTICA E GESTÃO DA EDUCAÇÃO II FIGURAS Figura 1 – Financiamento da educação brasileira: aspectos históricos e ideológicos. 14 Figura 2 – Fundef e participação no desenvolvimento da educação nos anos 2000 25 Figura 3 – Avaliação do sistema educacional brasileiro: mudança da cultura avaliativa da escola pública 38 Figura 4 – Financiamento da educação brasileira: aspectos históricos e ideológicos 51 8POLÍTICA E GESTÃO DA EDUCAÇÃO II REFERÊNCIAS ABRAHÃO, Jorge. Financiamento gasto público da Educação Básica no Brasil e comparações com alguns países da OCEDE e América Latina. Educ. Soc., Campinas, v. 26, n. 92, p. 841-858, Especial - Out. 2005. Disponível em: <http://www.cedes.unicamp.br>. Acesso em: 20 dez. 2012. _______. Financiamento e gasto público na educação básica no Brasil: 1995-2005. Educ. Soc., Campinas, v. 28, n. 100 - Especial, p. 857-876, out. 2007 857. Disponível em: <http://www.cedes.unicamp.br>. Acesso em: 20 dez. 2012. AFONSO, J. A. Políticas educativas e avaliação educacional. Portugal: Universidade do Minho, 1998. In: MARTINS, Ângela Maria Martins. A descentralização como eixo das reformas do ensino: uma discussão da literatura. Revista Educação & Sociedade, ano XXII, n. 77, Dez. 2001. AZEVEDO. José Maria. Avaliação das Escolas: Fundamentar Modelos e Operacionalizar Processos. Lisboa: Editora Asa 2005. BRACHO, Teresa. El Banco Mundial frente al problema educativo: um análisis de sus documentos de política sectorial. México. 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Prioridades y estrategias para la educación. Washington. 2006. _______. Mudança educacional na América Latina e no Caribe. Washington. 2000. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. 18 ed., atualizada e ampliada. São Paulo: Sa- raiva, 1998. BRASIL. Ministério da Educação. Lei no. 9.394, de 20.12.1996, Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília, DF, 1996. _______. Emenda Constitucional 14/96, de 12/09/96 – Diário Oficial da União - 13/09/96. Brasília, 1996. BRASIL. Ministério da Educação. Balanço do FUNDEF – 1998 – 2000. Brasília, 2000. ______. Lei n. 9424 – 24 de Dez. de 1996. Dispõe sobre o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do En- sino Fundamental e de Valorização do Magistério, na forma prevista no art. 60, & 7o., do Ato das Disposições Constituiuconais Transitórias, e da outras providências. Brasília, DF, 1996. BRASIL. Ministério da Educação. Plano Nacional de Educação – proposta do Executivo ao Congresso Nacional. Brasília: MEC/INEP, 1998. 10POLÍTICA E GESTÃO DA EDUCAÇÃO II Prezado(a) aluno(a), Ao longo deste guia impresso você encontrará alguns “ícones” que lhe ajudará a identificar as atividades. Fique atento ao significado de cada um deles, isso facilitará a sua leitura e seus estudos. INFORMAÇÕES 11POLÍTICA E GESTÃO DA EDUCAÇÃO II INTRODUÇÃO A reforma da educação alastra neste momento pelo mundo (…). Uma instável, irregular, mas aparentemente imparável torrente de ideias reformadoras intimamente relacionadas entre si, está a possibilitar e a reorientar sistemas de educação com percursos e histórias muito diferentes, em situações sociais e políticas diversas (BALL, 2002, p.3) Prezados e Prezadas, Os anos de 2020 e 2021 foram desafiadores em todos os sentidos. Passamos por uma Pandemia que ceifou milhares de vidas no Brasil e no mundo aliada a uma preocupação e inseguranças no âmbito social, político, de saúde pública e de segurança pública pouco visto na história do Brasil. No entanto, estamos firmes e seguindo em frente, prontos para concluirmos esta etapa final do Curso de Licenciatura em Pedagogia. Nesta linha é que apresentamos a vocês o conteúdo de PGE II que versará basicamente sobre dois temas: Financiamento da Educação e Avaliação Sistêmica. Esses conteúdos poderão contribuir para que vocês possam conhecer de onde vem os recursos aplicados na educação e como são distribuídos para os municípios e para as escolas. No que se refere à avaliação, vocês poderão entender para que servem as avaliações externas aplicadas anualmente à educação. Desejamos felicidades e muito sucesso. Dediquem-se, estudem, leiam as obras recomendadas e assistam aos vídeos indicados. O conteúdo de Política e Gestão da Educação I considera os seguintes tópicos: MÓDULO I – FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA: ASPECTOS HISTÓRICOS E IDEOLÓGICOS 1.1 A legislação relativa ao financiamento da educação MODULO II – FUNDEF E PARTICIPAÇÃO NO DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO NOS ANOS 2000 2.1 O Fundeb e o desenvolvimento esperado na educação brasileira 2.2 Financiamento da Educação e Controle Social MÓDULO III – AVALIAÇÃO DO SISTEMA EDUCACIONAL BRASILEIRO: MUDANÇA DA CULTURA AVALIATIVA DA ESCOLA PÚBLICA 3.1 Avaliações da educação básica 3.2 Eficiência do sistema escolar 3.3 A Cultura da Avaliação e a Sociedade 12POLÍTICA E GESTÃO DA EDUCAÇÃO II MODULO IV – AVALIAÇÃO COMO MECANISMO DE CONTROLE: CENTRALIDADE DOS PROCESSOS AVALIATIVOS 4.1 As múltiplas faces da Avaliação Educacional 4.2 Avaliação interna: o microssistema escolar 4.3 Possibilidades das avaliações externas Os objetivos da disciplina PGE II são: • compreender de forma crítica como ocorre o financiamento da Educação Pública no Brasil; • entender como os entes da federação participam com os impostos e como são destinados. • analisar os conceitos de avaliação sistêmica brasileira. • entender as formas de regulação do sistema educacional por meio da avaliação educacional. Para que possamos alcançar os objetivos acima, será necessário que se realize uma leitura atenta do guia de estudos e das leituras complementares indicadas. Desejo a vocês sucesso nesta etapa final e um grande e fraternal abraço a todos. Prof. Dr. Robson Luiz de França – PhD 13POLÍTICA E GESTÃO DA EDUCAÇÃO II MÓDULO I – FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA: ASPECTOS HISTÓRICOS E IDEOLÓGICOS SUMÁRIO QUINZENAL Conteúdos básicos do módulo I 1.1 A legislação relativa ao financiamento da educação 1.2 Financiamento da Educação e Controle Social Objetivos do módulo I Ao final do estudo e da disciplina PGE – II, módulo I, esperamos que você possa: • conhecer as responsabilidades de cada ente da federação (União, Estados, Municípios e Distrito Federal) com o financiamento da educação; • analisar os objetivos, organização e importância da distribuição de recursos financeiros para a educação e o impacto na melhoria da qualidade da educação básica. 14 POLÍTICA E GESTÃO DA EDUCAÇÃO II I – TEXTO BÁSICO FIGURA 1 – Financiamento da educação brasileira: aspectos históricos e ideológicos. FONTE – http://www.sxc.hu/pic/l/s/sa/sarej/448894_82304673.jpg A educação, ao situar-se no âmbito das responsabilidades do Poder Público, compondo o núcleo central dos atuais sistemas de bem estar social, absorve quantidade expressiva de recursos públicos. Esses recursos, ao darem as principais condições materiais para viabilizar a formulação e implementação das políticas educacionais, podem ser um limite, um obstáculo intransponível ao atendimento das necessidades e demandas por educação (ABRAHÃO, 2005, p. 842). Com base no texto abaixo responda: quais as principais fontes públicas de recursos para a educação brasileira e de onde são provenientes? http://www.sxc.hu/pic/l/s/sa/sarej/448894_82304673.jpg 15POLÍTICA E GESTÃO DA EDUCAÇÃO II O QUE É O FUNDEB? De acordo com o site do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação): “O Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) é um Fundo especial, de natureza contábil e de âmbito estadual (um total de vinte e sete Fundos), composto por recursos provenien- tes de impostos e das transferências dos Estados, Distrito Federal e Municípios vincu- lados à educação, conforme disposto nos arts. 212 e 212-A da Constituição Federal” . Portanto o Fundeb foi instituído como instrumento permanente de financiamento da educação pública por meio da Emenda Constitucional n° 108, de 27 de agosto de 2020, e encontra-se regulamentado pela Lei nº 14.113, de 25 de dezembro de 2020. Vale lembrar que a fonte dos recursos que “nutrem” o Fundo parte do princípio da redistribuição com finali- dade única e exclusiva na manutenção e no desenvolvimento da educação básica pública o que por sua vez inclui, necessariamente os profissionais da educação. Além das fontes de receita de impostos e de transferências constitucionais dos Estados, Distrito Federal e Mu- nicípios, integram a composição do Fundeb os recursos provenientes da União a título de complementação aos entes federados que não atingiram o valor mínimo por aluno/ano definido nacionalmente ou que efeti- varam as condicionalidades de melhoria de gestão e alcançaram a evolução dos indicadores a serem definidos sobre atendimento e melhoria de aprendizagem com a redução dasdesigualdades. A contribuição da União neste novo Fundeb sofrerá um aumento gradativo, até atingir o percentual de 23% (vinte e três por cento) dos recursos que formarão o Fundo em 2026. Passará de 10% (dez por cento), do mod- elo do extinto Fundeb, cuja vigência se encerrou em 31 de dezembro de 2020, para 12% (doze por cento) em 2021; em seguida, para 15% (quinze por cento) em 2022; 17% (dezessete por cento) em 2023; 19% (dezenove por cento) em 2024; 21% (vinte e um por cento) em 2025; até alcançar 23% (vinte e três por cento) em 2026. Os investimentos realizados pelos governos dos Estados, Distrito Federal e Municípios e o cumprimento dos limites legais da aplicação dos recursos do Fundeb são monitorados por meio das informações declaradas no Sistema de Informações sobre Orçamentos Públicos em Educação (Siope), disponível no sítio do FNDE, no endereço eletrônico: http://www.fnde.gov.br/fnde_sistemas/siope. É recorrente no atual contexto afirmar que o financiamento da educação brasileira é insuficiente para a demanda e que um dos grandes problemas da qualidade da educação é pela insuficiência de recursos destinada a esse campo social. Porém, faz-se mister considerar que nos últimos anos não houve um avanço significativo no aporte de recursos com o objetivo de ampliar as fontes de recursos direto para a educação, como se pode depreender da TAB 1 abaixo que reflete a relação do Investimento Direto em relação ao Produto Interno Bruno (PIB) no período de 1994 a 2007: 16 POLÍTICA E GESTÃO DA EDUCAÇÃO II TABELA 1 Brasil: Investimento direto em Educação em relação ao produto interno bruto (PIB) – 2010 a 2020 (crédito: Todos pela Educação/Reprodução) Em 20 de dezembro de 2020, da lei de regulamentação do novo Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica – FUNDEB, na forma da Lei Federal nº 14.113/2020. Essa Lei foi fundamentada na Emenda Constitucional nº 108/2020, Lei de regulamentação que deu novas configurações à política pública de financiamento da Educação iniciada em 2002 já no Governo de Luiz Inácio Lula da Silva, então eleito Presidente do Brasil e assim os Governos de Dilma, Michel Temer e o recente governo de Bolsonaro deram continuidade na política de tentativa de ampliação dos recursos porém com controle de gastos, o que na verdade de traduz como redução dos investimentos. Os constituintes de 1988 determinaram na Carta Magna (Constituição Federal de 1988) o PISO de investimentos na Educação com ampliação paulatina, cabendo a União, Estados e Municípios as respectivas reservas de investimentos. Ainda assim em 2020 temos a implementação do NOVO FUNDEB que consiste em uma forte demanda dos movimentos sociais da área da educação, que EXIGIRAM um aumento gradual em contraponto ao Governo Federal, que reiteradamente resiste ao mandamus constitucional de ampliação do investimento na Educação e especialmente na Educação Básica, que vinculam recursos tanto para a Educação quanto para a Saúde, conforme se verifica do Quadro abaixo: 17POLÍTICA E GESTÃO DA EDUCAÇÃO II De acordo com Cersar Callegari (https://cesarcallegari.com.br/2021/06/18/para-entender-novo- fundeb-2021), o FUNDEB “mantém os mecanismos existentes até 2020, mas traz 15 inovações que alteram seu fun- cionamento e, em alguns casos, mudam os fluxos de impostos vinculados à educação, el- ementos para os quais os gestores públicos e profissionais da educação devem estar atentos” Senão vejamos: 1. Alteração da cesta de impostos redistribuídos pelo FUNDEB; 2. Matrículas contabilizadas na distribuição de recursos dos FUNDEBs estaduais e da complementação da União 3. Fatores de ponderação das matrículas para distribuição de recursos dos FUNDEBs estaduais e da complementação da União 4. Quatro conceitos diferentes de valor aluno/ano – VAAF, VAAT, VAAR e CAQ VAAF 5. Prazo para uso de resíduos do FUNDEB no exercício seguinte. 6. Instâncias de fiscalização e controle 7. Conselho de Acompanhamento e Controle Social (CACS-FUNDEB 8. Siope e monitoramento dos dados Comissão Intergovernamental 9. Valor da complementação da União ao FUNDEB: A complementação, até 2020, era destinada aos estados mais pobres do país, cujo valor aluno/ano no FUNDEB se encontrasse abaixo do mínimo nacional (o modelo conhecido como “VAAF”). Na prática, esse valor mínimo nacional era definido após o rateio equal- izador de um montante federal equivalente a 10% da soma de todos os fundos estaduais do país. 10. No novo FUNDEB, esse montante federal passa a ser no mínimo 23% da soma de todos os fundos estaduais do país, alcançando mais entes federativos e cumprindo novos propósitos, conforme se explicita abaixo. O crescimento de 10% para 23% se dará gradualmente ao longo de seis anos: • 2021: 12,5%, sendo 10% no modelo VAAF (atual) e 2,5% no modelo VAAT (a ser implemen- tado apenas no 2º semestre de 2021); • 2022: 15,0%, sendo 10% no modelo VAAF (atual) e 5,0% no modelo VAAT; • 2023: 17,0%, sendo 10% no modelo VAAF (atual) e 6,25% no modelo VAAT e 0,75% no mod- elo VAAR; • 2024: 19,0%, sendo 10% no modelo VAAF (atual) e 7,5% no modelo VAAT e 1,5% no modelo VAAR; • 2025: 21,0%, sendo 10% no modelo VAAF (atual) e 9% no modelo VAAT e 2% no modelo VAAR; • 2026: 23,0%, sendo 10% no modelo VAAF (atual) e 10,5% no modelo VAAT e 2,5% no mod- elo VAAR. 11. Modelo de complementação VAAT e VAAT-EI: redes de ensino mais pobres do país – independente do Estado de origem – passam a receber recursos para equalização de baixo para cima do valor aluno/ano total (VAAT). 12. Modelo de complementação VAAR 13. Fatores de ponderação de equidade 14. Avaliação periódica do FUNDEB 15. Revisão periódica do FUNDEB. 18 POLÍTICA E GESTÃO DA EDUCAÇÃO II Vejamos na TAB 2 como, ilustrativamente como ficou a distribuição de recursos a partir de 2020. Conforme se depreende do quadro acima 80% de todos os recursos do financiamento da edu- cação são destinados exclusivamente à Educação Básica e apenas 20% são destinados ao En- sino Superior Público Brasileiro. Portanto importa considerar que o financiamento da educação pública é instrumento funda- mental para a redução das desigualdades sociais no Brasil. Existe uma forte vinculação entre o financiamento público da educação e a situação socio- econômica do País, na medida em que as principais fontes de recursos para a educação provêm da arrecadação de impostos, que é afetada pelo desempenho da economia. Um importante aspecto da política econômica adotada por sucessivos governos foi a conten- ção de gastos para possibilitar o equilíbrio das contas públicas e viabilizar o pagamento das dívidas externa e interna. Atualmente, o gasto público brasileiro com educação considerando as três esferas de governo é inferior a 5% do Produto Interno Bruto (PIB), política que o atual governo tenta mudar por meio de maior dotação orçamentário conforme afirmamos anterior- mente. A Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco) recomenda, aos países em desenvolvimento, um gasto mínimo de 10% do PIB com Educação. No entanto, é preciso considerar que o financiamento da educação, e de outras políticas públi- cas, deve ser discutido considerando não só os valores a ele reservados, mas também discutir o assunto no contexto da realidade socioeconômica brasileira e do sistema tributário nacional. Assim, antes de nos dedicarmos ao entendimento do financiamento da Educação, buscamos saber sobre quem recai a geração de recursos que financiará a escola pública dita gratuita, ou qualquer outra política pública conduzida pelo Estado brasileiro, além de como se encontra distribuída e concentrada a renda, reveladora das profundas e históricas desigualdades sociais e econômicas. Isso irá estabelecer a base em que se obtêm os recursos financeiros públicos 19POLÍTICA E GESTÃO DA EDUCAÇÃO II 1.1 A LEGISLAÇÃO RELATIVA AO FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO Nenhuma medida em curto prazo pode resolver esses problemas de escolarização e de distribuição de renda no Brasil, principalmente,considerando-se que a escolarização é um processo longo e complexo e que os países que conseguiram superar o atraso no setor educacional, tais como Cuba, Argélia, Coreia, Indonésia, Egito, dentre outros, o fizeram na razão de um crescimento nas taxas de matrícula de aproximadamente 2% a 3% ao ano para o ensino secundário e de 1% a 2% ao ano para o ensino superior, taxas consideradas muito baixas e, portanto, com crescimento muito lento. Isso revela que, se o Brasil considerar de fato a importância da educação e investir o necessário, seria gastos, segundo os padrões dos países acima citados, cerca de 30 a 40 anos para superar os déficits escolares acumulados (HELENE, 2019, p. 60). Outra questão é que do montante de recursos destinado à educação, segundo o Banco Mundial, “para cada 100 dólares destinados à educação pública no Brasil, apenas 40 chegam à sala de aula” (BM, 2018). Em outras palavras, os recursos destinados ao setor educacional estão sendo mal administrados e, além desse aspecto, várias despesas estão sendo incluídas indevidamente no orçamento educacional, estão aí incluídos treinamento específico de funcionários públicos, despesas feitas pelos municípios (como pavimentação de ruas, compra de veículos, pagamentos de funcionários que prestam serviços a setores diferentes do educacional), indevidamente debitadas na conta ‘educação’, pagamentos de aposentadorias (que estariam melhor numa alínea ‘previdência social’), manutenção de hospitais. Assim, menos da metade daquilo que o governo diz gastar em educação é gasto de fato, o que reduz o percentual do PIB investido nessa função a menos de 2%, valor comparável ao praticado pelos países mais desorganizados do mundo e que se apresentam com desempenhos escolares equivalentes ao brasileiro (HELENE, 2019, p. 45). A questão da busca de melhor aplicação dos recursos públicos na educação converte-se em necessidade urgente, quando se considera a relação entre a escolarização e a melhora de renda da população e passa, necessariamente, pela questão do financiamento na educação. O conceito de financiamento é abrangente, pois envolve todos os gastos realizados pelo setor público e “parte financiada pelo setor privado mediante os gastos realizados pelas famílias e indivíduos, associações, entidades privadas� e empresas privadas” (CASTRO, 2001, p.11). No Brasil, a estrutura de financiamento da educação está definida na Constituição Federal de 1988, que estabeleceu, explicitamente, que a educação é um direito social e está sob a responsabilidade da família e do estado. Sendo que a responsabilidade pelo ensino público está assim dividida: • Ensino fundamental cabe aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios; • Ensino médio cabe aos Estados e ao Distrito Federal; • Ensino superior, técnico e tecnológico cabe à União e aos Estados. Em 1996, por meio da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional n. 9.394/96, atribuiu-se a responsabilidade pela manutenção e expansão do ensino à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos municípios. As principais fontes públicas de recursos ² para a educação brasileira são provenientes das seguintes esferas: arrecadados e utilizados pelo Estado para a sua manutenção administrativa e para a implemen- tação das políticas públicas econômicas e sociais. 20 POLÍTICA E GESTÃO DA EDUCAÇÃO II Recursos provenientes da União • recursos oriundos das receitas de impostos federais (18% da arrecadação tributária, Art. 212 da Constituição Federal); • recursos provenientes do salário-educação (alíquota de 2,5% da folha de salário-contribuição devido pelas empresas comerciais e industriais e 0,8% sobre o valor comercial dos produtos das empresas agrícolas); • operações de crédito; • renda líquida da loteria federal e • renda de órgãos autônomos. Recursos provenientes dos Estados • recursos orçamentários ordinários advindos da receita tributária estadual (25% da arrecadação dos impostos estaduais, Art. 212 da Constituição Federal); • Fundo de Participação dos Estados (FPE), resultante da transferência de recursos federais (25%); • recursos provenientes da quota-parte do salário-educação (2/3 do total arrecadado no Estado); • recursos de diversas fontes transferidos aos Estados, destacando-se os provenientes da quota de salário-educação e • operações de crédito. Recursos provenientes dos Municípios • recursos orçamentários ordinários provenientes da receita tributária municipal (25% da arrecadação dos impostos municipais, Art. 212 da Constituição Federal); • Fundo de Participação dos Municípios (FPM), resultante da transferência de recursos federais (25%) e • recursos de diversas fontes transferidos aos municípios, destacando-se os provenientes da quota do salário-educação estadual e federal. 21POLÍTICA E GESTÃO DA EDUCAÇÃO II A Constituição Federal determina que a União deva aplicar pelo menos 18% de sua receita líquida de impostos (excluídas as transferências) na manutenção e desenvolvimento do ensino. Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, também por determinação constitucional, devem aplicar pelo menos 25% de suas receitas líquidas de impostos com a mesma finalidade, conforme o quadro acima. A Constituição prevê ainda o salário educação como fonte adicional de financiamento do ensino fundamental. ____________________________________________________________ ² Fonte: Constituição Federal, LDB n. 9394/96 e outras leis extraordinárias Observa-se, na estrutura de financiamento acima, que a maior parcela de recursos para o financiamento da educação é proveniente do aparato fiscal com vinculação direta de impostos. No sentido de análise das vinculações dos impostos, para arrecadação de receitas para a educação, essas medidas são entendidas como positivas, considerando-se a disponibilidade de recursos para o cumprimento das políticas educacionais. O artigo 212 da Constituição Federal previa o investimento de 50% das verbas vinculadas à educação, conforme acima mencionadas, na erradicação do analfabetismo e na universalização do ensino fundamental, por um período de dez anos. Este dispositivo constitucional nunca foi cumprido pela União, talvez pela compreensão do Governo Federal de que os 50% vinculados ao combate do analfabetismo e à manutenção e desenvolvimento do ensino deveriam considerar as três esferas (União, Estados e Municípios), conforme entendimento expresso no artigo 212. Dessa maneira, a União percebeu que não necessitava aplicar o percentual obrigatório, considerando que o valor investido pelos estados e municípios já era suficiente para atender a demanda legal. II - SÍNTESE DO MÓDULO Neste módulo, conhecemos um pouco sobre financiamento da educação brasileira e as fontes de recursos dos entes da federação. Conhecemos um pouco sobre legislação que normatiza o financiamento educacional brasileiro. III - BIBLIOGRAFIA ADICIONAL COMENTADA ABRAHÃO, Jorge. Financiamento gasto público da Educação Básica no Brasil e comparações com alguns países da OCEDE e América Latina. Educ. Soc., Campinas, v. 26, n. 92, p. 841-858, Especial. Out. 2005. Disponível em: <http://www.cedes.unicamp.br>. Esse artigo aborda o financiamento e o gasto público voltados para a educação básica no Brasil e de alguns países da Organização de Cooperação para o Desenvolvimento Econômico (OCDE) e da América Latina, de forma a se ter um quadro comparativo. Para isso, mostram-se a atual estrutura de financiamento da educação brasileira e seus principais problemas e os dados do gasto público na área de educação no período de 1995 a 2002. Além disso, apresentam-se dados e indicadores de financiamento e gasto público na área de educação para o Brasil em comparação com alguns países que participam da OCDE e da América Latina. http://www.cedes.unicamp.br 22POLÍTICA E GESTÃO DA EDUCAÇÃO II IV - REFERÊNCIAS ABRAHÃO, Jorge. Financiamento gasto público da Educação Básica no Brasil e comparações com alguns países da OCEDE e América Latina. Educ.Soc., Campinas, v. 26, n. 92, p. 841-858, Especial - Out. 2005. Disponível em: <http://www.cedes.unicamp.br>. Acesso em: 20 dez. 2012. _______. Financiamento e gasto público na educação básica no Brasil: 1995-2005. Educ. Soc., Campinas, v. 28, n. 100 - Especial, p. 857-876, out. 2007 857. Disponível em: <http://www.cedes.unicamp.br>. Acesso em: 20 dez. 2012. AFONSO, J. A. Políticas educativas e avaliação educacional. Portugal: Universidade do Minho, 1998. In: MARTINS, Ângela Maria Martins. A descentralização como eixo das reformas do ensino: uma discussão da literatura. Revista Educação & Sociedade, ano XXII, n. 77, Dez. 2001. AZEVEDO. José Maria. Avaliação das Escolas: Fundamentar Modelos e Operacionalizar Processos. Lisboa: Editora Asa 2005. BRACHO, Teresa. El Banco Mundial frente al problema educativo: um análisis de sus documentos de política sectorial. México. Centro de Investigación y docência Econômicas – CIDE. 1992. Campinas: Autores Associados, 1997. (Polêmicas do Nosso Tempo). CASTRO, Claudio M.; CARNOY, Martín (Org.). Como anda a reforma da educação na América Latina? Tradução de Luiz Alberto Monjardim e Maria Lucia Leão Velloso de Magalhães. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1997. CASTRO, Jorge Abrahão. Financiamento da Educação no Brasil. In: Em aberto. Financiamento da Educação no Brasil. Brasília, v. 18, n. 74, p.1-164, dez. 2019. CASTRO, Maria Helena Guimarães de. Sistemas de avaliação da educação no Brasil: Avanços e novos desa- fios. São Paulo, Perspec., v. 23, n. 1, p. 5-18, jan./jun. 2015. DAVIES, Nicolas. Política fiscal golpeia política educacional. Contexto e Educação. Ano 13, n. 50, Abr./Jun. 1998. p. 72-85. HELENE, Otaviano. Quatro problemas nacionais brasileiros. In: ______. Universidade e Sociedade. Ano IV, n. 6, Jul. 2018. LIMA, L. C.; AFONSO A. J. A emergência de políticas de racionalização, de avaliação e controle da qualidade na reforma educativa de Portugal. Educação e Sociedade, Campinas, v. 14, n. 44, Abr. 1994. MARTINS, Ângela Maria. A descentralização como eixo das reformas do ensino: uma discussão da literatura. Educação & Sociedade, ano XXII, n. 77, Dez. 2001. MELCHIOR, J. C. de A. Mudanças no financiamento da educação no Brasil. Campinas: Autores Associa- dos, 1997. ______. Impasses e alternativas do financiamento das políticas públicas de educação. In: ______. Coletânea CBE – Estado e educação. Campinas: Papirus; Cedes, São Paulo: Ande; Anped, 1992. MONLEVADE, João. Educação pública no Brasil: contos & de$conto$. Ceilândia: Idea Editora, 1997. 23POLÍTICA E GESTÃO DA EDUCAÇÃO II DOCUMENTOS BANCO MUNDIAL. El financiamiento de la educación en los países en desarrollo – opciones de política. Washington. 1986. ______. Prioridades y estrategias para la educación. Washington. D. C. capítulo 3 El financiamiento pú- blico como médio de lograr la eficiência y la equidad p. 59 – 79. 2006. _______. Prioridades y estrategias para la educación. Washington. 2006. _______. Mudança educacional na América Latina e no Caribe. Washington. 2000. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. 18 ed., atualizada e ampliada. São Paulo: Saraiva, 1998. BRASIL. Ministério da Educação. Lei no. 9.394, de 20.12.1996, Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília, DF, 1996. _______. Emenda Constitucional 14/96, de 12/09/96 – Diário Oficial da União - 13/09/96. Brasília, 1996. BRASIL. Ministério da Educação. Balanço do FUNDEF – 1998 – 2000. Brasília, 2000. ______. Lei n. 9424 – 24 de Dez. de 1996. Dispõe sobre o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do En- sino Fundamental e de Valorização do Magistério, na forma prevista no art. 60, & 7o., do Ato das Disposições Constituiuconais Transitórias, e da outras providências. Brasília, DF, 1996. BRASIL. Ministério da Educação. Plano Nacional de Educação – proposta do Executivo ao Congresso Nacional. Brasília: MEC/INEP, 1998. 24 POLÍTICA E GESTÃO DA EDUCAÇÃO II MÓDULO II – FUNDEF E PARTICIPAÇÃO NO DESENVOLVIM- ENTO DA EDUCAÇÃO NOS ANOS 2000 Conteúdos básicos do módulo II 2.1 O Fundeb e o desenvolvimento esperado na educação brasileira 2.2 Financiamento da Educação e Controle Social Objetivos do módulo II Ao final do estudo e da disciplina PGE – II, módulo II, esperamos que você possa: • entender a diferença entre o Fundef e o Fundeb, bem como sua concepção e • compreender como se dá a repartição de competências e o ato regulador e de controle social por meio do Estado em relação ao financiamento da educação. SUMÁRIO SEMANAL 25POLÍTICA E GESTÃO DA EDUCAÇÃO II I – TEXTO BÁSICO FIGURA 2 – Fundef e participação no desenvolvimento da educação nos anos 2000 FONTE - http://freethumbs.dreamstime.com/8/big/free_83605.jpg a educação tem sujeito e objeto distintos do direito individual e social à educação, e por isso é protegida diretamente como realidade social. Esta proteção, é certo, expande-se indiretamente para a proteção daqueles direitos fundamentais (RANIERI, 2000, p. 21). Com base no texto abaixo responda: quais as principais diferenças entre o Fundef e o Fundeb? 26 POLÍTICA E GESTÃO DA EDUCAÇÃO II Com a preocupação de dar destaque a medidas que atendessem o ensino fundamental e de se posicionar como articulador das políticas educacionais, a partir da segunda metade da década de 1990, o MEC encaminha e consegue a aprovação da Emenda 14/96, que cria o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e Valorização do Magistério (Fundef). A legislação que criou o Fundef – Emenda Constitucional n. 14, Lei n. 9.424/96 e Decreto n. 2.264/97 – redistribui recursos e responsabilidades entre os Estados e seus Municípios, determinando que: • pelo prazo de 10 anos, os Estados e Municípios devem aplicar, no mínimo, 15% das suas receitas, inclusive as provenientes de transferências intergovernamentais, exclusivamente na manutenção e desenvolvimento do ensino fundamental; • os recursos que compõem o Fundef sejam redistribuídos entre cada Estado e seus Municípios de acordo com o número de alunos matriculados nas respectivas escolas estaduais e municipais do ensino fundamental; no mínimo, 60% desses recursos devem ser utilizados exclusivamente no pagamento da remuneração dos profissionais do magistério em efetivo exercício; • deverá ser fixado, a cada ano, um valor mínimo nacional por aluno, levando-se em conta a previsão de receita total para o Fundo e a matrícula total do ensino fundamental e • Governo federal deve complementar o recurso do Fundo sempre que, no âmbito de cada Estado, seu valor anual por aluno não alcançar o mínimo definido nacionalmente. Os recursos que compõem o Fundef são provenientes de 15% das seguintes fontes principais de receitas dos Estados e Municípios: • Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS); • Fundo de Participação dos Estados e dos Municípios (FPE e FPM); • Imposto sobre Produtos Industrializados, proporcional às exportações (IPIexp) e • ressarcimento pela Desoneração de Exportações de que trata a Lei Complementar n. 87/96 (Lei Kandir). A utilização dos recursos do Fundo pelas redes estaduais ou municipais deve se dar de modo que sejam atendidas as seguintes exigências: • no mínimo, 60% dos recursos devem ser destinados à remuneração de profissionais do magistério em efetivo exercício no ensino fundamental das respectivas redes de ensino, sendo, entretanto, permitida a utilização de parte desses recursos na capacitação (habilitação) de professores leigos, até o ano de 2001; • os 40% restantes devem ser aplicados em outras ações de manutenção e desenvolvimento do ensino fundamental, como a construção, ampliação, conclusão ou reforma de escolas; • a capacitação de professores e • a aquisição de material didático/escolar e de equipamentos e serviços diversos. Assim, fica reafirmada a necessidade de, de fato, os Estados e Municípios vincularem os 25% constitucionais para a Educação e 60% desse percentual, à partir de 1998, sejam destinados ao ensinofundamental. Além disso, salienta que é de competência dos Estados, Distrito Federal e municípios a responsabilidade de assumir todas as despesas e recursos necessários à formação do Fundef. Procedemos a um resumo exemplificativo abaixo: 27POLÍTICA E GESTÃO DA EDUCAÇÃO II QUADRO 1 Financiamento do ensino fundamental: Constituição Federal – Emenda n. 14 Fonte: Constituição Federal e legislação complementar. Elaboração própria Portanto, a Lei n. 9.424/96, de âmbito federal, editada em 24 de dezembro de 1996, regulamentou a vigência, composição e aplicação dos recursos, acompanhamento e controle do Fundef. Segundo Melchior (1997, p. 28), O fundo intensifica processo de correção das desigualdades porque a União complementará os Fundos que não atingirem o mínimo per capita por aluno, estipulado nacionalmente. E a tendência geral será a de favorecer Estados e Municípios das regiões mais pobres do País. Mas a principal medida do Fundo é a de subvincular 60% dos seus recursos para os salários dos professores. Sem salário não há trabalho digno e de qualidade. De 1993 a 1999, segundo o IPEA, o MEC teve seus gastos com a educação aumentados devido a dois fatores: o primeiro se refere ao fato de que os gastos com a Alimentação Escolar passam a ser incorporados no programa 28 POLÍTICA E GESTÃO DA EDUCAÇÃO II de ensino fundamental realocando os recursos que antes estavam na saúde; o segundo se refere às verbas que estão destinadas ao Fundef. De acordo com o MEC, a participação dos municípios no volume total de recursos do FUNDEF passa de 38% em 1998 para 45% em 2000. No primeiro ano, 49% dos municípios brasileiros obtiveram ganhos de receita, proporção que deverá alcançar neste ano 62%. Com isso o dispêndio por aluno/ano, por exemplo, no conjunto das municipalidades do Nordeste, deverá registrar cerca de 108% de aumento em relação ao que poderia ser dispendido sem o FUNDEF. Na região Norte esse ganho deverá ser de 90%. Mesmo na região Sudeste, onde se registrou pequena queda nos anos de 1998 e 1999, neste ano espera-se um aumento de cerca de 20%, em razão do acentuado movimento de municipalização das redes escolares (MEC, 2000, p. 112). Para o MEC, só os recursos do FUNDEF, para o ano de 2000, poderiam chegar a aproximadamente 32% do ganho líquido do Fundo de Participação dos Municípios. Em substituição ao Fundef, foi criado o Fundeb pela Emenda Constitucional nº 53/2006 e regulamentado pela Lei nº 11.494/2007 e pelo Decreto nº 6.253/2007, com vigência estabelecida para o período 2007-2020. Assim a subvinculação das receitas dos impostos e transferências dos estados, Distrito Federal e municípios passaram de 18% para 20% (vinte por cento) e sua utilização foi ampliada para toda a educação básica por meio do Fundeb, que passou a promover a distribuição dos recursos com base no número de alunos da edu- cação básica informado no Censo Escolar do ano anterior, sendo computados os estudantes matriculados nos respectivos âmbitos de atuação prioritária (§§ 2º e 3º do art. 211 da Constituição Federal). Ou seja, os Mu- nicípios passaram a receber os recursos do Fundeb com base no número de alunos da educação infantil e do ensino fundamental e os Estados com base nos alunos do ensino fundamental e médio, conforme se depreende do Quadro 4 abaixo: 29POLÍTICA E GESTÃO DA EDUCAÇÃO II Essa análise carece de aprofundamento, pois o PIB do Brasil representa, em média, US$ 700 bilhões. Estima-se que o dos EUA seja US$ 5,7 trilhões e o da França, US$ 1,1 trilhões. Outros aspectos precisam ser considerados, tais como o percentual de população americana que conclui o 2º Grau que está em torno de 88%, o da França, 97%, e o do Brasil, 15%. Além disso, a França tem uma população de 57 milhões de habitantes, dos quais 14 milhões entre 0 e 14 anos; já o Brasil tem uma população de 152 milhões, dos quais 49 milhões na faixa de 0 a 14 anos. Comparando a situação do Brasil e da França, podemos concluir que aqui aplicamos menos recursos financeiros para mais do triplo de população. 2.1 O Fundeb e o desenvolvimento esperado na educação brasileira Como elementos importantes, a lei traz a participação de cada nível de educação, subdivido em vários grupos, a criação da CIFEBQ – Comissão Intergovernamental de Financiamento para a Educação Básica de Qualidade, além da forma de distribuição e acompanhamento dos recursos do Fundeb. Os recursos recolhidos pelo Fundeb terão de contemplar as seguintes etapas e modalidades da educação básica: 1. creche; 2. pré-escola; 3. séries iniciais do ensino fundamental urbano; 4. séries iniciais do ensino fundamental rural; 5. séries finais do ensino fundamental urbano; 6. séries finais do ensino fundamental rural; 7. ensino fundamental em tempo integral; 8. ensino médio urbano; 9. ensino médio rural; Esses dados podem ser vistos como indicadores de prioridades macroeconômicas, pois se comparados com outros gastos do governo, podemos constatar que o Governo está investindo menos na educação que em décadas anteriores, apesar do discurso federal afirmar que os investimentos no setor educacional são crescentes se comparado com outros países. 30 POLÍTICA E GESTÃO DA EDUCAÇÃO II 10. ensino médio em tempo integral; 11. ensino médio integrado à educação profissional; 12. educação especial; 13. educação indígena e quilombola; 14. educação de jovens e adultos com avaliação no processo e 15. educação de jovens e adultos integrada à educação profissional de nível médio, com avaliação no processo. O avanço na aprovação do FUNDEB em 2020 foi positivo pois previu um crescente aumento até 2026, no entanto, se destaca negativamente o valor baixo por aluno, bem como o afastamento gradual dos recursos da união no tocante ao total de aportes ficando para os Estados e Municípios arcarem com o aumento gradual anual investido na educação. Vale reafirmar que a Emenda Constitucional 108 tornou, conforme informado pela “Agência Câmara de Também aumenta seu alcance e amplia em 13 pontos percentuais os recursos destinados ao setor pela União. Fundeb é o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação e foi criado em 2007. A emenda aumenta dos atuais 10% para 23% a participação da União no Fundo. Essa participação será elevada de forma gradual: em 2021 começará com 12%; passando para 15% em 2022; 17% em 2023; 19% em 2024; 21% em 2025; e 23% em 2026. Os valores alocados pelo governo federal continuarão a ser distribuídos para os entes federativos que não alcançarem o valor anual mínimo aplicado por aluno na educação. Da mesma forma, o fundo continuará rece- bendo o equivalente a 20% dos impostos municipais e estaduais e das transferências constitucionais de parte dos tributos federais. Os entes federativos deverão usar os recursos do Fundeb exclusivamente em sua atuação prioritária definida na Constituição: os municípios cuidam da educação infantil e do ensino fundamental; e os estados, do ensino fundamental e médio. Assim, o dinheiro não poderá ser aplicado, por exemplo, em univer- sidades, pois o ensino superior é de responsabilidade prioritária do governo federal. O valor mínimo nacionalmente definido no Fundeb (valor anual por aluno – VAA) é calculado da seguinte forma: primeiro é estipulado o montante da complementação da União. O valor mínimo atual é de 10% do total dos fundos — a União tem repassado nos últimos anos apenas o valor mínimo. Esse dinheiro é primeiramente destinado ao fundo de menor valor per capita até que esse valor se iguale ao de segundo menor valor; o restante da verba federal é, em seguida, destinado a esses dois fundos até que os valores se igualem ao terceiro menor fundo, e assim por diante – até o esgotamento dos recursos. O VAA para 2020 foi estipulado em R$ 3.643,16. Essa fórmula de cálculo fez com que 9 estados recebessem complementação: Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Maranhão, Pará, Paraíba, Pernambuco e Piauí. A emenda prevê que, dentro da novaparcela da complementação federal, 15% desse dinheiro seja destinado para despesas de capital - para investimentos em infraestrutura, melhoria de equipamentos e instalações - e não somente gasto com despesas correntes. Parte dos recursos deverá ser destinada a investimentos em infraestrutura, melhoria de equipamentos e in- stalações, pois segundo dados do Censo Escolar 2018, 12% das escolas da rede pública não têm banheiro no prédio; 33% não têm internet; 31% não têm abastecimento de água potável; 58% não têm coleta e tratamento de esgoto; 68% não têm bibliotecas; e 67% não possuem quadra de esportes. Desta feita, o Custo Aluno-Qualidade (CAQ), constante no Plano Nacional de Educação, será considerado como parâmetro para o padrão mínimo de qualidade do ensino. Ainda dentro da nova parcela de complementação de recursos da União, no mínimo outros 70% serão des- tinados ao pagamento de salários dos profissionais da educação. Atualmente esse piso é de 60% e beneficia apenas professores. A emenda prevê ainda que os entes federados, uma vez recebida a complementação da União, devam redis- 31POLÍTICA E GESTÃO DA EDUCAÇÃO II 2.2 Do Financiamento A cesta de recursos do Fundeb é composta de 20% das receitas provenientes das seguintes fontes, as quais foram mantidas pela emenda: Fundo de Participação dos Estados (FPE); Fundo de Participação dos Municípios (FPM); Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS); Imposto sobre Produtos Industrializados, proporcional às exportações (IPIexp); Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doações (ITCMD); Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA); e cota-parte de 50% do Imposto Territorial Rural (ITR) devida aos municípios. Ficam de fora do fundo 5% dos referidos impostos e transferências, embora continuem vinculados à educação, além de 25% dos impostos municipais próprios (Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis (ITBI) e Imposto sobre Serviços (ISS), bem como o Imposto de Renda retido na fonte de servidores públicos estaduais e municipais. A estrutura e as fontes de financiamento do Brasil buscam garantir os percentuais mínimos da receita para manutenção e desenvolvimento do ensino, 18% da receita da União e 25% da receita dos estados, Distrito Federal e municípios. A Constituição Federal deu uma forma de financiamento adequado para a construção do sistema nacional articulado de educação, cujos objetivos são de alcance das metas contidas em planos nacionais de educação (PNE). No entanto, se percebe a necessidade de aumentar o montante estatal de recursos investidos na educação, além de solucionar o desequilíbrio regional por meio de reforma tributária pautada pela justiça social e o equilíbrio regional, bem como a garantia de recursos financeiros para a efetivação de direitos sociais e distribuição de renda e ainda de efetivar políticas de renúncia e guerra fiscal que têm prejudicado o financiamento público da educação. O financiamento à educação deve tomar como referência o mecanismo do custo- aluno qualidade (CAQ), o que, por sua vez, exige amplo debate: • o número de alunos por turma • remuneração adequada • formação continuada aos profissionais da educação tribuir os recursos entre suas unidades de ensino, para diminuir desigualdades no âmbito de uma mesma rede de ensino. A emenda também prevê que os estados aprovem legislação, no prazo de dois anos a partir de sua promul- gação, para distribuir entre os municípios parte dos recursos do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) com base em indicadores de melhoria nos resultados de aprendizagem e de aumento da equidade. Atualmente os estados repassam parte do ICMS arrecadado (25%) às cidades. A emenda diminui o total repas- sado proporcionalmente às operações realizadas no território de cada município e aumenta o mesmo tanto no repasse que nova lei estadual deverá vincular às melhorias na educação. A emenda altera ainda o artigo da Constituição que define os princípios do ensino, incluindo a garantia do direito à educação e à aprendizagem ao longo da vida. Também foram incluídos os termos “a qualidade e a equidade” como metas a serem perseguidas pelos sistemas de ensino, atuando em regime de colaboração. 32 POLÍTICA E GESTÃO DA EDUCAÇÃO II Notadamente o financiamento da educação envolve os processos de gestão, acompanhamento, controle e fiscalização dos recursos e ainda a necessidade de trazer de volta a reflexão sobre a necessidade de sua vinculação ao produto interno bruto (PIB). Por outro lado, a política de financiamento da educação básica, nos termos de um sistema nacional articulado de educação, deve amparar-se na definição de um CAQ e, ainda, considerar de fato o regime de colaboração entre os sistemas de ensino conforme previsto na Constituição Federal e na LDB n. 9394/1996, o que não pode prescindir das seguintes ações: 1. regulamentar o regime de colaboração entre os entes federados; 2. fortalecer a cultura do relacionamento entre o Conselho Nacional de Educação, os conselhos estaduais e municipais de educação; 3. ampliar o investimento em educação pública em relação ao PIB, na proporção de 1% ao ano, de forma a atingir, no mínimo, 7 % do PIB até 2011 e, no mínimo, 10% do PIB até 2014; 4. definir e aperfeiçoar os mecanismos de acompanhamento, fiscalização e avaliação da sociedade; 5. ampliar o atendimento dos programas de renda mínima associados à educação, a fim de garantir o acesso e a permanência na escola a toda população; 6. estabelecer política nacional de gestão educacional; 7. elaborar e implementar com planos estaduais e municipais de educação; e articular a construção de projetos político-pedagógico escolares, sintonizados com a realidade e as necessidades locais; 8. promover a autonomia das escolas, bem como o aprimoramento dos processos de gestão, para a melhoria de suas ações pedagógicas; 9. criar instrumentos que promovam a transparência na utilização dos recursos públicos; 10. estabelecer mecanismos democráticos de gestão; 11. definir financiamento, em regime de colaboração, para políticas e estratégias de solução dos problemas do transporte escolar; • condições de trabalho aos professores e funcionários • materiais necessários à aprendizagem dos estudantes (salas de informática, biblioteca, salas de ciência etc.) 33POLÍTICA E GESTÃO DA EDUCAÇÃO II 12. orientar os conselhos municipais de educação para que se tornem órgãos normatizadores do ensino público municipal e das instituições privadas de educação infantil, no contexto do SNE; Entendemos que para se avançar na consolidação de políticas de financiamento, faz-se necessário desvincular os recursos destinados à educação de qualquer nível de contingenciamento e, ainda, a revogação de imediato, a DRU para todas as áreas sociais, por um lado, e, por outro, a busca da garantia do aumento dos recursos da educação de 18% para, no mínimo, 20% (da União) e de 25% para, no mínimo, 30% (de estados, DF e municípios), bem como a efetiva a responsabilização administrativa e fiscal dos gestores públicos que não executem a integralidade dos recursos orçamentários destinados à educação e a perda do mandato nos termos da legislação em vigor (Lei 101 C). Também é preciso a retirada urgente de despesas com aposentadorias e pensões da conta dos recursos vinculados à manutenção e ao desenvolvimento do ensino da União, estados, DF e municípios, garantindo a paridade entre aposentados e ativos. Na verdade, o avanço ocorreu, conforme já afirmamos anteriormente, com a implementação do Fundeb e trouxe, apesar das críticas acima, duas vantagens: 1) aumentou substancialmente o compromisso da União com a educação básica, ampliando o aporte, a título de complementação, de cerca de R$ 500 milhões (média no Fundef) para cerca de R$ 5 bilhões de investimento ao ano e, ainda, 2) instituiu um único fundo para toda a educação básica e não apenas para o ensino fundamental.Vale salientar também que o Fundeb trouxe três inovações e foram incorporadas ao financiamento da educação básica: 1) diferenciação dos coeficientes de remuneração das matrículas não se dá apenas por etapa e modalidade da educação básica, mas também pela extensão do turno: a escola de tempo integral recebe 25% a mais por aluno matriculado; 2) a creche conveniada foi contemplada para efeito de repartição dos recursos do fundo e 3) a atenção à educação infantil é complementada pelo ProInfância, programa que financia a expansão da rede física de atendimento da educação infantil pública. Precisamos entender também que o Fundeb por si só não é suficiente para garantir a universalização da oferta de vagas na educação básica e tampouco a permanência do aluno na escola até a conclusão do ensino médio com qualidade, o que exige a aplicação de recursos financeiros na educação básica para além desse fundo. 34 POLÍTICA E GESTÃO DA EDUCAÇÃO II Prezado(a) aluno(a), você que realizou um breve estudo sobre o Fundef e o Fundeb pode perceber as diferenças entre cada um dos programas, portanto você deve identificar quais as principais diferenças entre o Fundef e o Fundeb. (10 pontos) II - SÍNTESE DO MÓDULO Prezado(a) aluno(a), Neste módulo, entendemos um pouco sobre o Fundef e também que o Fundeb e foi possível compreender a importância desses programas para garantir a universalização da oferta de vagas na educação básica e contribuir para a permanência do aluno na escola o mais tempo possível. III - BIBLIOGRAFIA ADICIONAL COMENTADA Perfil do financiamento e da expansão do setor público e privado da educação superior brasileira pós- LDB, de Vera Lúcia Jacob Chaves, disponível em: <http://www.anpae.org.br/simposio2011/cdrom2011/PDFs/ trabalhosCompletos/comunicacoesRelatos/0534.pdf> O artigo analisa o perfil do financiamento da expansão do ensino superior, visando discutir a parceria público- privada a partir da aprovação da LDB de 1996. O estudo evidencia por outro lado a política de expansão do setor privado por meio de incentivos governamentais, especialmente nos programas Prouni e Fies. 35POLÍTICA E GESTÃO DA EDUCAÇÃO II IV - REFERÊNCIAS ABRAHÃO, Jorge. Financiamento gasto público da Educação Básica no Brasil e comparações com alguns países da OCEDE e América Latina. Educ. Soc., Campinas, v. 26, n. 92, p. 841-858, Especial - Out. 2005. Disponível em: <http://www.cedes.unicamp.br>. Acesso em: 20 dez. 2012. _______. Financiamento e gasto público na educação básica no Brasil: 1995-2005. Educ. Soc., Campinas, v. 28, n. 100 - Especial, p. 857-876, out. 2007 857. Disponível em: <http://www.cedes.unicamp.br>. Acesso em: 20 dez. 2012. AFONSO, J. A. Políticas educativas e avaliação educacional. Portugal: Universidade do Minho, 1998. In: MARTINS, Ângela Maria Martins. A descentralização como eixo das reformas do ensino: uma discussão da literatura. Revista Educação & Sociedade, ano XXII, n. 77, Dez. 2001. AZEVEDO. José Maria. Avaliação das Escolas: Fundamentar Modelos e Operacionalizar Processos. Lisboa: Editora Asa 2005. BRACHO, Teresa. El Banco Mundial frente al problema educativo: um análisis de sus documentos de política sectorial. México. Centro de Investigación y docência Econômicas – CIDE. 1992. Campinas: Autores Associados, 1997. (Polêmicas do Nosso Tempo). CASTRO, Claudio M.; CARNOY, Martín (Org.). Como anda a reforma da educação na América Latina? Tradução de Luiz Alberto Monjardim e Maria Lucia Leão Velloso de Magalhães. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1997. CASTRO, Jorge Abrahão. Financiamento da Educação no Brasil. In: Em aberto. Financiamento da Educação no Brasil. Brasília, v. 18, n. 74, p.1-164, dez. 2001. CASTRO, Maria Helena Guimarães de. Sistemas de avaliação da educação no Brasil: Avanços e novos desa- fios. São Paulo, Perspec., v. 23, n. 1, p. 5-18, jan./jun. 2009. DAVIES, Nicolas. Política fiscal golpeia política educacional. Contexto e Educação. Ano 13, n. 50, Abr./Jun. 1998. p. 72-85. HELENE, Otaviano. Quatro problemas nacionais brasileiros. In: _______ Universidade e Sociedade. Ano IV, n. 6, Julho, 2006. LIMA, L. C.; AFONSO A. J. A emergência de políticas de racionalização, de avaliação e controle da qualidade na reforma educativa de Portugal. Educação e Sociedade, Campinas, v. 14, n. 44, Abr. 1994. MARTINS, Ângela Maria. A descentralização como eixo das reformas do ensino: uma discussão da literatura. 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Prioridades y estrategias para la educación. Washington. 2006. _______. Mudança educacional na América Latina e no Caribe. Washington. 2000. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. 18 ed., atualizada e ampliada. São Paulo: Sa- raiva, 1998. BRASIL. Ministério da Educação. Lei no. 9.394, de 20.12.1996, Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília, DF, 1996. _______. Emenda Constitucional 14/96, de 12/09/96 – Diário Oficial da União - 13/09/96. Brasília, 1996. BRASIL. Ministério da Educação. Balanço do FUNDEF – 1998 – 2000. Brasília, 2000. ______. Lei n. 9424 – 24 de Dez. de 1996. Dispõe sobre o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do En- sino Fundamental e de Valorização do Magistério, na forma prevista no art. 60, & 7o., do Ato das Disposições Constituiuconais Transitórias, e da outras providências. Brasília, DF, 1996. BRASIL. Ministério da Educação. Plano Nacional de Educação – proposta do Executivo ao Congresso Nacional. Brasília: MEC/INEP, 1998. 37POLÍTICA E GESTÃO DA EDUCAÇÃO II MÓDULO III – Avaliação do sistema educacional brasileiro: mudança da cultura avaliativa da escola pública Conteúdos básicos do módulo III 3.1 Avaliações da educação básica 3.2 Eficiência do sistema escolar 3.3 A cultura da avaliação e a sociedade Objetivos do módulo III Ao final do estudo e da disciplina PGE – II, módulo 3, esperamos que você, possa: • conhecer os conceitos de avaliação sistêmica e suas aplicações e • entender o sentido da aplicação na educação brasileira e o mecanismo de controle social por meio do Estado. SUMÁRIO SEMANAL 38 POLÍTICA E GESTÃO DA EDUCAÇÃO II I – TEXTO BÁSICO FIGURA 3 – Avaliação do sistema educacional brasileiro: mudança da cultura avaliativa da escola pública FONTE – http://s3.amazonaws.com/estock/fspid11/11/08/34/5/turkey-istanbul-school-1108345-h.jpg A discussão dos problemas da educação básica no Brasil tem sido marcada, nos últimos anos, pela divulgação mais ampla de informações produzidas pelo sistema de avaliação externa, em larga escala, centralizada e com foco no rendimento do aluno e no desempenho dos sistemas de ensino. As avaliações dos desempenhos de aprendizagem em Lingua Portuguesa e em Matemática dos estudantes do sistema público de educação básica, nos segmentos do ensino fundamental e do ensino médio, e seus resultados insatisfatórios ao longo de mais de dez anos, alimentam polêmicas em diferentes espaços e, sobretudo na mídia, acerca das políticas públicas e da gestão educacional. Essa situação assume contornos diferentes quando compreendemos como a avaliação se inseriuhistoricamente na gestão do sistema educacional brasileiro (COELHO, 2008, p.1) Conceitue a avaliação sistêmica e apresente suas principais aplicações na política educacional. http://s3.amazonaws.com/estock/fspid11/11/08/34/5/turkey-istanbul-school-1108345-h.jpg 39POLÍTICA E GESTÃO DA EDUCAÇÃO II No Brasil os primeiros esforços em torno da avaliação educacional são localizados por Saul (2001ab), Gatti (2002), Vianna (2002) e Dias Sobrinho (2003), a partir dos anos 1960. Nesse período, de acordo com Sousa (2005), ao analisar estudos divulgados na época, o significado atribuído à expressão avaliação educacional era de forma dominante de seleção e medida educacional: o uso de testes educacionais de modo mais generalizado se deu no Brasil a partir de meados da década de 1960. Seu emprego em nosso meio está muito associado a exames vestibulares, por meio dos quais esta maneira de avaliar conseguiu ampla divulgação. É, também, neste período, que uma perspectiva mais tecnicista e economicista começa a dominar na área educacional, principiando a proliferação de textos mais específicos sobre medidas educacionais, nos quais se discutem as técnicas de elaboração das chamadas questões e provas objetivas e as questões estatísticas envolvidas na teoria das medidas (GATTI, 1987, p.34). Saul (2001ab) também demarca os anos de 1960 para referir-se a trajetória da avaliação educacional no Brasil e indicar que esta foi fortemente influenciada pela produção norte-americana. A influência apontada por Saul (2001ab) é constatada por Vianna (1995; 2002) ao registrar os esforços de algumas experiências de programas de avaliação na década de 1960 e 1970 em proceder segundo princípios metodológicos com base em fontes norte-americanas (FUNBEC, EDURURAL). No meio acadêmico brasileiro, são as ideias de Tyler que receberão importante atenção, pois é a obra Princípios Básicos do Currículo e Ensino que chegou a ter nove edições no período de 1974 a 1984. Deve-se levar em conta que a perspectiva tyleriana de avaliação, ainda que tenha permitido um avanço na fundamentação teórica do campo, como por exemplo, a introdução de vários procedimentos de avaliação (inventários, escalas, listas de registro, questionários, fichas de registro), carrega consigo uma concepção positivista de avaliação. Depois dos anos 1973, os problemas da avaliação passaram a merecer um enfoque teórico mais aprofundado (VIANNA, 1992; SAUL 2001a; SOUSA, 2005), período em que as produções se direcionam para a avaliação programas educacionais. Do início dos anos de 1980 são os estudos de Saul (2001) que contribuem, a partir de sua pesquisa, para sua tese de doutoramento para a construção de um novo paradigma para a avaliação, a chamada avaliação emancipatória. O novo paradigma proposto pela autora (SAUL, 2001) surge como reação aos pressupostos teórico- metodológicos e ao autoritarismo dos modelos clássicos de avaliação educacional, em particular de currículo, pois trata-se de uma proposta de caráter político-pedagógico, que incorpora uma perspectiva crítico-transformadora da realidade educacional como fundamento e uma prática democrática como processo. É nessa mesma perspectiva que Pedro Demo (2005) irá centrar seus estudos, pois para ele a avaliação qualitativa pretende ultrapassar a avaliação quantitativa, porém sem dispensar esta. Entende que, no espaço educativo, os processos são mais relevantes que os produtos, não fazendo jus à realidade, se reduzida apenas às manifestações empiricamente mensuráveis. Nos anos 1980, ainda, assistirão a criação de alguns programas de avaliação que se tornaram alvo das pesquisas científicas, surgindo conhecimentos específicos a partir de processos decorrentes da implantaçãode educacionais: • Avaliação do rendimento de alunos de escolas de 1º grau da rede pública em todo o país; • O projeto de avaliação sobre o desempenho escolar de alunos da 3ª série do ensino médio; • O Programa de Avaliação da Reforma Universitária (PARU); 40 POLÍTICA E GESTÃO DA EDUCAÇÃO II • O Grupo de Estudos da Reforma da Educação Superior (GERES) Ainda no que tange a avaliação como mecanismo de ação de governo, nos anos 1990, a avaliação terá papel central na formulação e implementação das políticas educacionais, tanto no nível básico quanto no superior, para tanto serão criados: • O Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB), em 1990; • O Programa da Avaliação Institucional das Universidades Brasileiras (PAIUB), em 1993; • O Exame Nacional dos Cursos (ENC), em 1995; • O Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), em 1998. De acordo com o Banco Mundial (2006) destaca-se a consolidação das avaliações educacionais no Brasil e cita como um grande avanço a criação, em 2005, do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB). O indicador atribui notas, em uma escala de 0 a 10, a cada escola pública do País. “Nenhum outro grande país com regime federativo no mundo conseguiu esse feito”, diz o estudo. O IDEB mede a qualidade do ensino oferecido pelas escolas públicas com base na nota da Prova Brasil e dos índices de reprovação. Ele atribui uma nota a cada escola, assim como às redes municipal e estadual, que precisam cumprir metas bienais para melhorar seus índices. O relatório destaca que cada segmento do sistema educacional brasileiro tem um ponto de referência para medir o grau de aprendizado de seus estudantes estão aprendendo e a eficiência da escola ou sistema escolar. Segundo o Ministério da Educação no relatório de 2011, a Prova Brasil e o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb) são avaliações para diagnóstico, em larga escala, desenvolvidas pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep/MEC). Têm o objetivo de avaliar a qualidade do ensino oferecido pelo sistema educacional brasileiro a partir de testes padronizados e questionários socioeconômicos”. Nos testes aplicados na quarta e oitava séries (quinto e nono anos) do ensino fundamental e na terceira série do ensino médio, os estudantes respondem a itens (questões) de língua portuguesa, com foco em leitura, e matemática, com foco na resolução de problemas. No questionário socioeconômico, os estudantes fornecem informações sobre fatores de contexto que podem estar associados ao desempenho (MEC, 2011, p. 7). Da mesma forma para composição de dados, os professores e diretores das turmas e escolas avaliadas também respondem a questionários que coletam dados demográficos, perfil profissional e de condições de trabalho. É portanto a partir de informações contidas nos dados do SAEB e da Prova Brasil, que o Ministério da Educação, bem como as secretarias estaduais e as municipais de Educação definem “ações voltadas ao aprimoramento da qualidade da educação no país e a redução das desigualdades existentes, promovendo, por exemplo, a correção de distorções e debilidades identificadas e direcionando seus recursos técnicos e financeiros para áreas identificadas como prioritárias”. Da mesma forma que os dados contribuem para o conhecimento da realidade social e econômica das escolas, o conhecimento obtido pelos alunos traduzidos por médias de desempenho nessas avaliações também subsidiam o cálculo do IDEB, ao lado das taxas de aprovação nessas esferas. Nessa linha, Uma vez que as metodologias da Prova Brasil e do SAEB são a mesma, elas passaram a ser operacionalizadas em conjunto, desde 2007. Como são avaliações complementares, uma não implicará a extinção da outra. O aspecto mais relevante da Prova Brasil é oferecer a todas as escolas participantes um diagnóstico consistente sobre o desempenho de seus alunos, usando a mesma métrica de avaliação do SAEB. Os resultados são comparáveis e permitem que a escola identifique suas potencialidades e fragilidades em relação ao desempenho de seu município, Estado, ou em relação ao país (CASTRO, 2009, p. 11). Por outro lado, esses dados são fundamentais para consolidar a transparências das ações empreendidas41POLÍTICA E GESTÃO DA EDUCAÇÃO II pelos governos em cumprimento do dever constitucional para com a educação e também justificar os gastos investidos no setor. 3.1 Avaliações da educação básica No Brasil, em nível federal, o órgão responsável pelo desenvolvimento da avaliação é o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais “Anísio Teixeira” (INEP), que tem status de autarquia federal vinculada ao Ministério da Educação (MEC). Na verdade, o Ministério da Educação cumpre uma prerrogativa de Lei tanto Constitucional como infraconstitucional. O marco legal da avaliação e regulação da Educação no Brasil parte inicialmente da Constituição de 1988 às sucessivas Medidas Provisórias, passando pela nova Lei de Diretrizes e Bases (LDB), pelo Plano Nacional de Educação (PNE) e por vários decretos. No caso brasileiro, a avaliação sistêmica tem o objetivo de subsidiar a formulação e implementação de políticas públicas para a área educacional a partir de parâmetros de qualidade e equidade, bem como produzir informações claras e confiáveis aos gestores, pesquisadores, educadores e público em geral. De acordo com o Ministério da Educação como parte integrante da estrutura organizacional do INEP, a Diretoria de Avaliação da Educação Básica (DAEB) tem sob sua responsabilidade as seguintes avaliações: AVALIAÇÕES, EXAMES E INDICADORES DA EDUCAÇÃO SUPERIOR Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes) Tem o objetivo de assegurar o processo nacional de avaliação das Instituições de Educação Superior (IES), dos cursos de graduação e do desempenho acadêmico dos estudantes, visando melhoria da qualidade da educação superior, orientação da expansão da sua oferta, aumento permanente da sua eficácia institucional, efetividade acadêmica e social e promoção do aprofundamento dos compromissos e responsabilidades sociais das IES. Seus instrumentos são: • - Avaliação interna (auto-avaliação) Realizada por cada instituição, o relatório contém análises qualitativas e ações de caráter administrativo, político, pedagógico e técnico-científico. Esses aspectos devem guiar o processo de avaliação e identificação dos meios e recursos necessários para a melhoria da IES. • - Avaliação externa (in loco) - Feita por membros externos, pertencentes à comunidade acadêmica e científica, reconhecidos pelas suas capacidades em áreas específicas e conhecimento sobre instituições e cursos universitários. São selecionados e capacitados pelo Inep. • - Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) Realizado desde 2004, avalia o desempenho dos concluintes dos cursos de graduação. O exame é obrigatório e a periodicidade máxima da avaliação é trienal para cada área do conhecimento. Avalia o rendimento dos concluintes dos cursos de graduação, em relação aos conteúdos programáticos, habilidades e competências adquiridas em sua formação. • Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos (Revalida) Orienta o reconhecimento de diplomas de medicina emitidos por instituições de educação superior estrangeiras. A primeira etapa é uma prova objetiva com questões de múltipla escolha e discursivas. A segunda etapa é uma avaliação de 42 POLÍTICA E GESTÃO DA EDUCAÇÃO II • Indicadores de Qualidade da Educação Superior - Expressos em escala contínua e em cinco níveis, são importantes instrumentos de avaliação da edu- cação superior brasileira. São quatro indicadores: • - Conceito Enade (CE) - Avalia os cursos de graduação a partir dos re- sultados obtidos pelos estudantes no Enade. É divulgado anualmente para os cursos que tiveram pelo menos dois estudantes concluintes participantes do Exame. • - Indicador de Diferença entre os Desempenhos Observado e Esperado (IDD) - Mede o valor agregado pelo curso ao desenvolvimento dos estudantes concluintes, considerando seus desempenhos no Enade e suas características de desenvolvimento ao ingressar no curso de graduação avaliado • - Conceito Preliminar de Cursos (CPC) - Combina, em uma única me- dida, diferentes aspectos relativos aos cursos de graduação. Seus componen- tes podem ser agrupados em quatro dimensões: desempenho dos estudantes, valor agregado pelo processo formativo oferecido pelo curso, corpo docente, e condições oferecidas para o desenvolvimento do processo formativo. • - Índice Geral de Cursos (IGC) - Resultado de avaliação das Instituições de Educação Superior (IES). É uma média ponderada, a partir da distribuição dos estudantes nos níveis de ensino, que envolve as notas contínuas de CPC dos cursos de graduação e os conceitos Capes dos cursos de programas de pós- graduação stricto sensu das IES. • Sistema de Avaliação de Escolas de Governo (Saeg) - Avaliação in loco das Escolas de Governo com a finalidade de promover a melhoria da qualidade, o aumento permanente da sua eficácia institucional e efetividade acadêmica e social, e a promoção do aprofundamento dos compromissos e responsabilidades sociais. AÇÕES INTERNACIONAIS Exame de Certificação de Proficiência em Língua Portuguesa para Estrangeiros (Celpe-Bras) - Único certi- ficado brasileiro de proficiência em português como língua estrangeira reconhecido oficialmente, é conferido em quatro níveis. É aplicado no Brasil e em outros países com o apoio do Ministério das Relações Exteriores. Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja Exterior) - Ofertado a jo- vens e adultos residentes no exterior que não tiveram oportunidade de concluir seus estudos em idade própria e buscam certificação do Ensino Fundamental e do Ensino Médio. Atualmente, é aplicado em dez países com apoio do Ministério das Relações Exteriores. Programme for International Student Assessment (Pisa) ou Programa Internacional de Avaliação de Estu- dantes - Iniciativa de avaliação comparada coordenada pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), aplicada de forma amostral a estudantes matriculados a partir do 8º ano do Ensino Fun- damental na faixa etária dos 15 anos. Progress in International Reading Literacy Study (Pirls) ou Estudo Internacional sobre o Progresso do Letra- mento em Leitura - Estudo realizado a cada cinco anos pela International Association for the Evaluation of Educational Achievement (IEA) para avaliar a as capacidades de leitura e de compreensão de textos de estu- dantes do 4º ano do ensino fundamental. Sistema de Acreditação Regional de Cursos de Graduação do Mercosul (ARCU-SUL) - Resultado de um acordo entre os Ministros de Educação de Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai, Bolívia e Chile, o sistema executa a avaliação e acreditação de cursos universitários. No Brasil, o Inep é o responsável pela gestão e realização das ações do Arcu-Sul) Indicators of National Education Systems (Ines) ou Programa de Indicadores dos Sistemas Educacionais Na- cionais - Iniciativa da OCDE para construção de indicadores educacionais comparáveis internacionalmente e elaboração de estudos técnicos, pesquisas e levantamentos para a análise das dimensões da constituição de indicadores. Teaching and Learning International Survey (Talis) ou Pesquisa Internacional sobre Ensino e Aprendizagem - Coleta de dados comparáveis internacionalmente sobre o âmbito de aprendizagem e as condições de trabalho dos professores nas escolas de diversos países que visam a revisão e definição de políticas para o aprimora- 43POLÍTICA E GESTÃO DA EDUCAÇÃO II 3.2 Eficiência do sistema escolar A preocupação principal em avaliar o sistema nacional de ensino baseia-se nos baixos resultados de eficiência da sua rede educacional. Uma situação que traduzida por resultados insignificantes de rendimento da aprendizagem, altas taxas de reprovação e repetência e por alto índice de evasão escolar. Dessa maneira, a implementação do Sistema Nacional de Avaliação da Educação buscou, como meta principal, a melhoria dos indicadores de desempenho da educação medida pela redução das taxas de repetência e evasão escolar. Além disso, a garantia da aprendizagem também
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