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Prova Ciência, Tecnologia e Sociedade - 2021 - UFABC
1) Na prática científica, a neutralidade não pode existir pois é impossível que
não haja algum tipo de interferência que venha de fora da prática. Um cientista com
viés políticos de direita vai ter uma prática científica diferente de um cientista de
esquerda, o que pode exemplificar como situações e condições externas a ciência
interferem em sua construção. Porém é tido como ideal a busca pela imparcialidade,
que diferente da neutralidade, é a minimização de seus viés ideológicos ao
desenvolver algum trabalho científico e também a busca de usar todos os fatos
relevantes para todos os grupos envolvidos no trabalho científico. Um cientista que
não minimiza sua própria ideologia e que não considera a realidade de outras
pessoas, independente de ter bons motivos, não está fazendo ciência para todos e
sim para beneficiar um grupo específico. Logo, a imparcialidade pode existir, basta
buscá-la, porém a neutralidade dentro do campo científico (e de outros campos) não
consegue se fazer presente pois de alguma forma o macrocosmo vai interferir no
microcosmo.
2) A - O campo científico pode ser definido como um mundo social. Ele é
constituído através de um tipo de hierarquia de agentes, onde quanto maior o capital
científico do agente, maior é sua influência dentro do campo; isso também pode ser
definido como campo de forças e são os próprios agentes dos campos que fazem a
manutenção de quem possui maior capital científico e portanto força dentro dele.
Também possui grau de autonomia medido através de fatores como a relação que o
campo possui com as interferências externas à ele, onde enquanto mais suscetível
um campo é de sofrer interferências, menos autônomo ele é. A autonomia de um
campo também se relaciona com o poder econômico dele, pois quanto mais
autônomo for o campo, mais investimento ele recebe.
B - Por se tratar de um campo que não sofre facilmente interferências
externas ou refutações não-científicas, o campo das ciências biológicas possui uma
maior autonomia que o campo das ciências humanas. As ciências humanas estão
mais suscetíveis a sofrerem algum tipo de politização por conta de participarem de
estudos políticos de maneira mais direta que as ciências biológicas, o que faz com
que sua autonomia diminua. Outro ponto pelo qual as ciências humanas têm uma
autonomia menor é também pelo investimento que ela recebe ser menor que se
comparado a outras áreas científicas, o que faz com que ela possua um poder
econômico menor e assim sendo menos autônoma.
3) O paradoxo do progresso está relacionado à concentração de renda no
mundo atual capitalista. Por se tratar de um sistema econômico que é detentor dos
meios de produção e também possuir o controle dos direcionamentos para onde o
avanço tecnológico irá, através do uso da tecnologia, empresas e capitalistas
podem aumentar seus lucros sem precisar explorar a força de trabalho da classe
proletária, realizando por exemplo a automação de processos que seriam
necessárias várias pessoas para serem feitos, fazendo assim com que ocorra o
efeito da concentração de renda para essas empresas e capitalistas e em
contrapartida aumente o desemprego e diminua a distribuição de renda para a
classe trabalhadora. A tecnologia não é intrinsecamente focada para os lucros,
porém graças ao poder de controle sobre ela que o capitalismo tem, ela se torna um
meio para a desigualdade social aumentar. Portanto, enquanto mais o avanço
tecnológico é direcionado ao lucro, maior são os impactos negativos que atingem
aos mais pobres. A perversidade do capitalismo é explicitada em usar a tecnologia
para gerar lucro ao invés de usá-la para erradicar a desigualdade (o que seria
teoricamente simples).

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