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AULA01_DIREITOCIVIL_

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DIREITO CIVIL I
Prof.ª Esp. Pâmela Fonseca 
• O marco inicial do estudo das pessoas naturais é o ser humano, e ele é feito com base em sua personalidade jurídica.
1º O que é personalidade jurídica: constitui a aptidão genérica para titularizar direitos e contrair obrigações, ou seja, é o atributo necessário para ser sujeito de direito.
2º Com a personalidade o sujeito passa a atuar, na qualidade de direito (Natural ou Jurídica), podendo praticar atos e negócios jurídicos dos mas diferentes matizes.
3º No que tange à Pessoa Natural ou Física, o novo código Civil, substitui a expressão “Homem” por “Pessoa”, como iremos estudar através do Art. 1º do Código Civil.
“Toda Pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil”.
4º A personalidade é atributo de toda e qualquer Pessoa, seja natura ou Jurídica.
“DAS PESSOAS NATURAIS – DA PERSONALIDADE E DA CAPACIDADE”
DAS PESSOAS COMO SUJEITOS DA RELAÇÃO JURÍDICA
	A pessoa natural (o ser humano, também chamado em alguns países de pessoa física); e a pessoa jurídica (agrupamento de pessoas naturais, visando alcançar fins de interesse comum, também denominada, em outros países, pessoa moral e pessoa coletiva).
Obs. Os animais não são considerados sujeitos de
direitos, embora mereçam proteção.
AQUISIÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA
Artigo 2º: A Personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, o direito do nascituro.
• A personalidade jurídica do nascituro se dá a partir de seu nascimento com vida;
	Dar-se-á curador ao nascituro, se o pai falecer estando grávida a mulher, e não tendo o poder familiar (art. 1.779 do CC). 
	A proteção que o Código defere ao nascituro alcança o natimorto no que concerne aos direitos da personalidade, tais como: nome, imagem e sepultura (art. 2º do CC e Enunciado n.º 01 da I Jornada de Direito Civil. Conselho da Justiça Federal-CJF).
Nascituro: o que está para nascer (Houaiss, 2010, p. 541). 
Natimorto: o indivíduo que nasce morto (Houaiss, 2010, p. 541).  
AQUISIÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA
Basta o indivíduo respirar, embora morra em seguida, para configurar a sua existência como pessoa natural e, consequentemente, ter os direitos decorrentes desse fato, tais como os "direitos da personalidade" e sucessórios.
AQUISIÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA
AQUISIÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA
 
O fim da existência da pessoa natural é a morte. Compreendida em três vertentes: morte natural (real), presumida ou civil. 
A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva (art. 6º, do Código Civil).
Logo, o fim da existência da pessoa natural é a MORTE ENCEFÁLICA. Prova-se a morte natural (ou real) pela presença do corpo, acompanhado da declaração ou certidão de óbito. 
Na morte presumida, o corpo não é apresentado. Ocorrem naquelas hipóteses previstas no art. 7º do Código Civil, quais sejam: a) se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida; b) se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o término da guerra.
 
A declaração da morte presumida, nas duas hipóteses, somente poderá ser requerida depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do falecimento. Por exemplo, tem-se o caso do goleiro Bruno e Eliza Samudio. O corpo dela não foi encontrado, mas a Juíza declarou a morte presumida. 
Por último, a morte civil, está prevista no Código Civil, no art. 1.814 combinado com art. 1.816, que tratam do herdeiro excluído da sucessão.
 
COMORIÊNCIA 
	O instituto da comoriência, previsto no Código Civil, está mais ligado às questões de direito sucessório. Porém, impõe-se comentar sobre ela nesse tópico, devido está relacionado com o fim da existência da pessoa natural. 
Caracteriza-se quando duas pessoas morrem ao mesmo tempo, não sendo possível afirmar quem morreu primeiro. Isso ocorrendo, não há direito sucessório entre os falecidos e seus descendentes. 
	Eis a definição legal da comoriência: 
 
Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo averiguar se algum dos comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão simultaneamente mortos (art. 8º do CC).
 
PERGUNTA: 
 
Banca: CONSULPLAN. TJ-MG. Titular de Serviços de Notas e de Registros – Remoção – 2016. Fonte: Q644427 
 
A e B, marido e mulher, são casados sob o regime de comunhão parcial de bens. Durante a gravidez de B, A vem a falecer. Quanto ao caso, assinale a alternativa INCORRETA. 
 
a) Enquanto embrião considera-se nascituro, não possuindo personalidade. Sua situação, seus direitos presentes e eventuais são, porém, preservados. Não por ser pessoa, mas por ser pessoa em potencial e sujeito de direitos. 
b) Nascendo sem vida, há presunção de morte simultânea, sendo A e o natimorto reciprocamente herdeiros. Trata-se de fenômeno jurídico da comoriência. 
c) Nascendo este, ainda que tenha dado só uma leve respirada de ar, terá vivido e, portanto, adquirido personalidade. Sua será a herança, que transmitirá a sua herdeira, a saber, sua mãe. 
d) Nascendo sem vida, a herança de A será atribuída a seus ascendentes, em concorrência com B, uma vez que seu filho não adquiriu personalidade, nada havendo herdado.
CAPACIDADE
Art. 1º Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil.
A capacidade pode ser definida como: aptidão para o exercício dos atos da vida civil, por conta própria, assistido por outra pessoa, bem como representado por terceiro. 
A doutrina divide a capacidade em duas vertentes: a) capacidade de direito (o 
recém-nascido, o adolescente, o deficiente mental e os maiores de 18 anos) ; b) capacidade de fato (pai, mãe, parente, tutor, curador).
 Art. 5º, do CC;
Obs.: No momento em que pessoa natural reunir a capacidade de direito e a capacidade de fato, diz-se que tem capacidade civil plena.
INCAPACIDADE ABSOLUTA
A incapacidade civil absoluta sofreu uma reviravolta, no ano de 2015, por ocasião da entrada em vigor da Lei n.º 13,146 de 2015 (Estatuto da Pessoa com Deficiência), pois esta revogou expressamente os incisos I, II e III do art. 3º do Código Civil.
São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16 (dezesseis) anos (art. 3º, CC).
Os absolutamente incapazes, precisam de um representante capaz (pai, mãe, tutor, etc.) para exercer os atos da vida civil, sob pena do ato ou negócio jurídico por eles praticados ser considerado nulo, inválido.
É nulo o negócio jurídico quando: I - celebrado por pessoa absolutamente incapaz (art. 166, I do CC).
OBS;. Não é pelo simples fato de ser portador de alguma deficiência que essas pessoas são consideradas incapazes. O que vai atestar essa condição é um exame pericial, dentro do processo de curatela.
INCAPACIDADE RELATIVA
Art. 4 º São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer: 
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; 
II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico; 
III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade; 
IV - os pródigos.
Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio jurídico: 
I - por incapacidade relativa do agente (art. 171 do CC)
O negócio anulável pode ser confirmado pelas partes, salvo direito de terceiro (art. 171 do CC).
	A incapacidade relativa, por sua vez, permite que a pessoa natural pratique determinados atos da vida civil, mas assistida por outra pessoa capaz (pai, mãe, tutor, etc.).
O que o relativamente incapaz pode fazer sem assistência?
 Fazer testamento: podem testar os maiores de dezesseis anos (par. único, do art. 1.860 CC). 
 Receber mandato (poderes, mediante procuração, para praticar atos ou administrar interesses de outro – do mandante). O maior de dezesseis e menor de dezoito anos não emancipado pode ser mandatário, mas o mandante não tem ação contraele senão de conformidade com as regras gerais, aplicáveis às obrigações contraídas por menores (art. 666, do CC). 
Assinar recibo de salário: É lícito ao menor firmar recibo pelo pagamento dos salários. Tratando-se, porém, de rescisão do contrato de trabalho, é vedado ao menor de 18 (dezoito) anos dar, sem assistência dos seus responsáveis legais, quitação ao empregador pelo recebimento da indenização trabalhista que lhe for de- vida (art. 439 da CLT).
De acordo com o artigo 1.782, do Código Civil, "a interdição do pródigo só o privará de, sem curador, emprestar, transigir, dar quitação, alienar, hipotecar, demandar ou ser demandado, e praticar, em geral, os atos que não sejam de mera administração“.
Exemplo de causa transitória ou permanente para exprimir a vontade: pessoa em coma. Dependendo do estado e do tempo de sua duração.
A CAPACIDADE OU INCAPACIDADE DOS ÍNDIOS
O art. 8º do Estatuto do Índio: São nulos os atos praticados entre o índio não integrado e qualquer pessoa estranha à comunidade indígena quando não tenha havido assistência do órgão tutelar competente.
O citado Estatuto indica, ainda, no artigo 9º, o meio adequado para que o índio ou silvícola possa por fim a sua incapacidade relativa, senão vejamos: Qualquer índio poderá requerer ao Juiz competente a sua liberação do regime tutelar previsto nesta Lei, investindo-se na plenitude da capacidade civil, desde que preencha os requisitos seguintes: 
I - idade mínima de 21 anos; 
II - conhecimento da língua portuguesa; 
III - habilitação para o exercício de atividade útil, na comunhão nacional; 
IV - razoável compreensão dos usos e costumes da comunhão nacional. 
Preenchidos tais requisitos, o Juiz decidirá após instrução sumária, ouvidos 
o órgão de assistência ao índio e o Ministério Público, sobre o reconhecimento da capacidade civil,transcrita a sentença concessiva no registro civil
A CAPACIDADE OU INCAPACIDADE DOS ÍNDIOS
	Os índios e as comunidades indígenas ainda não integrados à comunhão nacional ficam sujeitos ao regime tutelar estabelecido nesta Lei (art. 8º, da Lei n.º 6.001 de 1973).
	Em regra, são assistidos pela FUNAI.
EMANCIPAÇÃO
	As condições para a emancipação estão disciplinadas no par. único do art. 5º do Código Civil, nos seguintes termos: 
Cessará, para os menores, a incapacidade: 
I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos; 
II - pelo casamento; 
III - pelo exercício de emprego público efetivo; 
IV - pela colação de grau em curso de ensino superior; 
V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de 
emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos 
tenha economia própria.
NOME
	
Nesse sentido, dispõe o Código Civil: Toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos o prenome e o sobrenome (art. 16 do CC). 
O nome da pessoa não pode ser empregado por outrem em publicações ou representações que a exponham ao desprezo público, ainda quando não haja intenção difamatória (art. 17 do CC).
PROTEÇÃO AO NOME
	
	O Código Civil trata da proteção ao nome no Capítulo II, Dos Direitos da Personalidade, atribuindo-lhe direitos personalíssimos. O uso indevido ou sem autorização, tem como consequência a responsabilização por dano moral ou material: 
O nome da pessoa não pode ser empregado por outrem em publicações ou 
representações que a exponham ao desprezo público, ainda quando não haja intenção 
difamatória (art. 17 do CC). 
 Sem autorização, não se pode usar o nome alheio em propaganda comercial (art. 18 do CC).
NOME SOCIAL: TRAVESTIS OU TRANSEXUAIS
	
Em 28 de abril de 2016, entrou em vigor o Decreto nº 8.727 de 2016, que regulamenta o uso do nome social, bem como o reconhecimento da identidade de gênero de pessoas travestis ou transexuais no âmbito da administração pública federal direta, autárquica e fundacional.
O referido Decreto define o nome social, como sendo: designação pela qual a pessoa travesti ou transexual se identifica e é socialmente reconhecida. A identidade de gênero, por sua vez, consiste na: dimensão da identidade de uma pessoa que diz respeito à forma como se relaciona com as representações de masculinidade e feminilidade e como isso se traduz em sua prática social.
Por fim, adverte: É vedado o uso de expressões pejorativas e discriminatórias para referir-se a pessoas travestis ou transexuais.

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