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Planejamento tributário e auditoria fiscal e tributária - aula1

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DESCRIÇÃO
Principais pontos sobre um gerenciamento fiscal eficaz: planejamento tributário,
administração tributária e o Processo Administrativo Tributário.
PROPÓSITO
Compreender a importância do planejamento tributário e seu impacto econômico na
empresa, bem como obter conhecimento sobre a aplicação dos princípios de
gerenciamento tributário de forma inteligente, a fim de maximizar os lucros da
atividade empresarial.
PREPARAÇÃO
Antes de iniciar o conteúdo deste tema, tenha em mãos recursos computacionais,
com acesso a planilhas eletrônicas (Excel) e calculadora, para efetuar o cálculo das
questões.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Descrever conceitos gerais de planejamento tributário
MÓDULO 2
Identificar o impacto econômico do planejamento tributário na empresa
MÓDULO 3
Reconhecer a importância da administração tributária e do Processo Administrativo
Tributário (PAT)
INTRODUÇÃO
Neste tema, abordaremos o planejamento tributário e veremos como a
administração fiscal faz a auditoria e a cobrança de tributos. Discutiremos a
diferença entre evasão fiscal e elisão fiscal, além de fazermos um resumo dos
principais tributos brasileiros.
Também analisaremos como fazer um planejamento tributário eficaz, que impacte de
forma positiva em relação ao caráter econômico-financeiro da empresa. Finalmente,
discutiremos sobre o Processo Administrativo Tributário (PAT) e veremos como
funciona o rito de cobrança de tributos.
MÓDULO 1
 Descrever conceitos gerais de planejamento tributário
CONCEITOS INICIAIS
Os tributos fazem parte da vida econômica da empresa e são inevitáveis. Por isso,
as empresas sempre tentam minimizar, dentro da legalidade, os valores pagos,
mantendo a margem de lucro.
Os tributos devem ser encarados como qualquer outro custo de uma empresa
e, portanto, devem ser otimizados, assim como uma empresa quer otimizar o
custo de matéria-prima na sua produção.
Tal forma legal de planejamento tributário é chamada de elisão fiscal, que é, na
verdade, um gerenciamento fiscal inteligente focado na redução de custos tributários
através de amplo e profundo entendimento da legislação tributária, a fim de
maximizar os lucros da empresa.
 IMPORTANTE
A evasão fiscal é a prática ilegal de não pagamento de impostos. Isso é conhecido
como sonegação fiscal, que é um crime.
Não devemos confundir a elisão fiscal com a evasão fiscal. A primeira é bastante
útil para empresas que querem otimizar os seus custos para maximizar os lucros; já
a segunda é uma prática ilegal que pode acarretar penalidades para a empresa e
seus administradores.
 EXEMPLO
João possui um comércio de material de construção no Rio de Janeiro, no qual o
Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações
de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS)
é de 20%. Um amigo seu, que mora no Espírito Santo, disse que a alíquota de ICMS
naquele estado é de apenas 17%, o que geraria diminuição dos custos e, portanto,
aumento nos lucros de sua loja. Após pensar bastante, João decidiu realocar a sua
loja no Espírito Santo. Tal prática é chamada de elisão fiscal, pois João pagou
menos impostos de forma completamente legal. Porém, caso João decidisse
simplesmente falsificar notas fiscais para pagar menos ICMS, tal prática seria a
evasão fiscal ou sonegação fiscal, o que é ilegal.
A prática do planejamento tributário deve ser parte do dia a dia das empresas para
buscar constantemente a otimização dos custos e melhorar a saúde financeira.
Porém, como é feito o planejamento tributário de uma empresa? Antes de
respondermos a essa pergunta, vamos relembrar o objeto de planejamento
tributário: os impostos.
ESTRUTURA DOS IMPOSTOS NO
BRASIL
Os impostos no Brasil são divididos em três esferas: federal, estaduais e
municipais.
Os principais impostos federais são:
Programa de Integração Social (PIS)/Contribuição para Financiamento da
Seguridade Social (Cofins)
Imposto de Renda
Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL).
O principal imposto estadual é o ICMS, e o imposto municipal mais importante é o
Imposto sobre Serviços (ISS). Existem outros impostos, tais como Impostos de
Importação e Exportação (de competência federal), Imposto de Transmissão Causa
Mortis e Doação (de competência estadual) e o Imposto sobre Propriedade Territorial
Urbana (IPTU), mas não abordaremos tais impostos aqui neste conteúdo, pois são
específicos para certas atividades ou não podem ser gerenciados pela sua natureza
(por exemplo, uma empresa não consegue gerenciar o IPTU, pois seu valor é
arbitrado pelo ente governamental).
Cada imposto possui três atributos importantes: a base de cálculo, o fato gerador e o
vencimento.
BASE DE CÁLCULO
FATO GERADOR
VENCIMENTO
A base de cálculo se refere ao valor que o fisco utilizará para aplicar a alíquota do
imposto. Por exemplo, se um bem foi vendido por R$ 200,00 e a alíquota de ICMS é
de 18%, o valor da base de cálculo do imposto de ICMS é de 18% x R$ 200,00 = R$
36,00.
O fato gerador, como o próprio nome diz, é o fato que “gera” a obrigação de pagar o
imposto. Por exemplo, o fato gerador do Imposto de Renda de Pessoa Jurídica
(IRPJ) é aferir lucro e, ao ter lucro, surge a obrigação de pagar tal imposto.
Os vencimentos dos impostos se dão normalmente no mês subsequente ao fato
gerador.
Agora, vamos discutir cada um desses impostos com um pouco mais de detalhes. O
Imposto de Renda de Pessoa Jurídica tem uma alíquota de 25% (sendo 15% para o
lucro mensal de até R$ 20.000,00 e uma alíquota extra de 10% para quaisquer
valores que excederem esses R$ 20.000,00. Porém, para simplificação de cálculos,
adotaremos a alíquota de 25% para todos os casos), e a Contribuição Social Sobre
o Lucro Líquido tem uma alíquota de 9%. Como ambos os impostos têm como fato
gerador o lucro da empresa, costuma-se dizer que o imposto sobre o lucro no Brasil
é de 34%.
O primeiro ponto importante que a empresa deve considerar em seu planejamento
tributário é que tais impostos possuem duas formas de apuração: o regime de lucro
real e o regime de lucro presumido. No caso do lucro real, a empresa apura o seu
lucro e paga o imposto justamente sobre esta base de cálculo (o seu lucro contábil).
Já no caso do lucro presumido, uma alíquota é aplicada sobre a receita da empresa,
e tal alíquota define a base de cálculo. A alíquota varia de acordo com o setor e o
segmento da empresa. No caso do setor de serviços, a alíquota a ser aplicada sobre
o lucro é de 32%; já no comércio e na indústria, a alíquota é de 8%. Para optar pela
apuração do Imposto de Renda de Pessoa Jurídica através do lucro presumido, a
empresa não pode ter um faturamento (receita bruta) superior a R$ 78 milhões.
 
Fonte: Shutterstock.com
Portanto, uma empresa comercial paga o valor de 2,72% (8% x 34%) de Imposto de
Renda mais Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido sobre a receita bruta da
empresa. Já uma empresa de serviços paga 10,88% (32% x 34%) de Imposto de
Renda mais Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido sobre a receita bruta da
empresa. Isso acontece porque, geralmente, a margem de lucro de uma empresa de
serviços é maior do que uma empresa comercial.
O PIS/COFINS TAMBÉM VARIA DE ACORDO
COM O REGIME ADOTADO.
Existem dois regimes: o regime cumulativo e o não cumulativo.
REGIME CUMULATIVO
REGIME NÃO CUMULATIVO
O regime cumulativo é adotado por empresas do lucro presumido. A alíquota de
PIS/COFINS nesse regime é de 3,65%.
O regime não cumulativo é praticado por empresas do lucro real. A alíquota do
PIS/COFINS é de 3,65% sobre a receita bruta no caso do cumulativo e de 9,25% no
não cumulativo. Porém, no caso do não cumulativo, os créditos sobre as compras
abatem o valor a ser pago nas vendas.
Uma empresa compra uma mercadoria por R$ 100,00 e a revende por R$ 150,00.
Quanto ela pagaria de PIS/COFINS no regime não cumulativo? No caso, ela pagaria
(R$ 100,00-R$ 150,00) x 9,25% = R$ 50,00 x 9,25% = R$ 4,63. Uma forma
alternativa de fazero cálculo seria calcular o valor do imposto (R$ 150,00 x 9,25% =
R$ 13,88) e descontar os créditos (R$ 100,00 x 9,25% = R$ 9,25) da seguinte forma:
R$ 13,88 - R$ 9,25 = R$ 4,63.
Já no caso do ICMS, a complexidade é maior: cada estado tem suas leis e
regulações específicas, incluindo alíquotas diferentes. As alíquotas variam entre
17% e 20% (caso do Rio de Janeiro, estado do ICMS mais caro do Brasil), com o
valor de 18% sendo o mais usual. Usaremos essa alíquota neste conteúdo para fins
de simplificação.
Existem outras complicações de ICMS, como Substituição Tributária e Diferencial de
Alíquota, no caso de compras/vendas interestaduais, mas vamos desconsiderar
esses detalhes também para fins de simplificação. Caso deseje saber mais sobre o
assunto, você pode ler um conteúdo específico sobre Contabilidade Tributária que
contemple esses tópicos. Assim como no caso do PIS/COFINS não cumulativo, nós
temos a figura dos créditos para abater do valor do imposto, tendo em vista que o
ICMS não é um imposto “em cascata” (ou seja, não incide novamente sobre o
mesmo valor do produto).
EXEMPLOS DE CÁLCULO DE ICMS E ISS
O especialista Paulo Roberto Miller Fernandes Vianna Junior fala sobre cálculo de
ICMS e ISS
Um ponto importante é que, para simplificar o processo tributário das pequenas
empresas, foi instituído o Simples Nacional, no qual pequenas empresas podem
optar sobre algumas regras.
A primeira é se enquadrar nas atividades que podem participar do
programa.
A segunda é ter receita de até R$ 4.800.000,00 por ano.
Com isso, o recolhimento dos impostos fica bem mais simplificado, com todos os
impostos mencionados anteriormente sendo recolhidos em uma única guia de
pagamento.
Além disso, a depender da alíquota e do setor, a opção do Simples pode representar
uma economia no pagamento de tributos. Vamos abordar isso no próximo tópico.
Agora que já aprendemos (ou relembramos) o básico sobre os principais pontos dos
impostos mais comuns para a vida empresarial, vamos abordar o planejamento
tributário propriamente dito.
PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO
Conforme já vimos anteriormente, o planejamento tributário é fundamental para uma
empresa otimizar os seus custos e maximizar os seus lucros. O planejamento
tributário começa com a escolha do setor em que a empresa se enquadrará.
NO BRASIL, OS SETORES SÃO DESCRITOS
PELA CLASSIFICAÇÃO NACIONAL DE
ATIVIDADES ECONÔMICAS (CNAE). CERTOS
CNAES NÃO PODEM SE ENQUADRAR NO
SIMPLES NACIONAL, POR EXEMPLO. PORÉM,
MESMO QUE SE ENQUADREM, ELES PODEM
ESTAR SUJEITOS A ALÍQUOTAS DIFERENTES.
PORTANTO, ANTES MESMO DA DECISÃO DE
ABERTURA DA EMPRESA, O PLANEJAMENTO
TRIBUTÁRIO SE FAZ IMPORTANTE.
Normalmente, antes da abertura de uma empresa, são feitos um orçamento e um
plano para se analisar a viabilidade dela. Nesse plano, estimam-se a receita, os
custos e a margem de lucro. Porém, se tal plano não contemplar o planejamento
tributário, a empresa poderá estar subestimando os custos tributários e, portanto,
diminuindo a chance de o negócio ser bem-sucedido.
Por outra ótica: se a empresa estiver superestimando os custos tributários por não
fazer um bom planejamento tributário, diminuindo esses custos, uma proposta de
negócio, que poderia ser viável, não será mais, e assim uma boa oportunidade pode
se perder.
Além da escolha das CNAEs, conforme dito anteriormente, o planejamento tributário
contempla a escolha do regime de apuração de tributos (Lucro Real, Lucro
Presumido e Simples Nacional), local da instalação da sede do negócio, de quais
estados comprar os produtos, se vale a pena comprar ou alugar bens, e assim por
diante.
Portanto, muitas decisões vitais para o negócio da empresa passam por um
planejamento tributário bem feito e bem executado, já que todo plano para ser eficaz
precisa ser seguido.
Agora que já tratamos da parte teórica básica por trás do planejamento tributário,
poderemos ver exemplos mais concretos e reais de como aplicar essa teoria. No
próximo módulo, abordaremos exemplos de planejamento tributário, bem como os
impactos de tais planejamentos na parte econômica e financeira da empresa, a fim
de otimizar a estrutura de custos dela e aumentar a margem de lucros.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. UMA EMPRESA REVENDEU UMA MERCADORIA COM
MARGEM DE LUCRO DE 20%, PRODUTO ESSE QUE HAVIA SIDO
COMPRADO POR R$ 75,00. QUAL SERÁ O VALOR DEVIDO DE
ICMS, SABENDO QUE A ALÍQUOTA DE ICMS APLICÁVEL PARA
ESTA EMPRESA É DE 18%?
A) R$ 0,70.
B) R$ 1,70.
C) R$ 2,70.
D) R$ 3,70.
E) R$ 4,70.
2. A ELISÃO FISCAL PODE SER DESCRITA COMO:
A) Um sinônimo de sonegação fiscal.
B) Um sinônimo de evasão fiscal.
C) Uma forma ilegal de diminuir a carga tributária.
D) Uma forma legal de diminuir a carga tributária.
E) Uma forma ilegal de aumentar a carga tributária.
GABARITO
1. Uma empresa revendeu uma mercadoria com margem de lucro de 20%,
produto esse que havia sido comprado por R$ 75,00. Qual será o valor devido
de ICMS, sabendo que a alíquota de ICMS aplicável para esta empresa é de
18%?
A alternativa "C " está correta.
 
O cálculo pode ser feito da seguinte maneira: 20% x R$ 75,00 x 18% = R$ 15,00 x
18% = R$ 2,70.
2. A elisão fiscal pode ser descrita como:
A alternativa "D " está correta.
 
A evasão fiscal e a sonegação fiscal são formas ilegais de diminuir a carga tributária;
já a elisão fiscal é uma maneira legal de diminuir essa carga.
MÓDULO 2
 Identificar o impacto econômico do planejamento tributário na empresa
PLANEJANDO IMPOSTOS FEDERAIS
O primeiro ponto é saber se seria vantajoso para a empresa o enquadramento no
regime de lucro real do imposto de renda. Existem dois casos em que isso pode ser
vantajoso. Em primeiro lugar, o lucro real pode ser vantajoso para a empresa
quando ela tem uma margem de lucro menor do que a alíquota do lucro presumido,
gerando ganho tributário.
 EXEMPLO
Uma empresa do setor de serviços possui receita de R$ 15.000.000,00 e despesas
dedutíveis de R$ 12.000.000,00. Qual regime de apuração do imposto de renda
seria melhor para ela? Em primeiro lugar, temos de lembrar que a alíquota para
determinar a base de cálculo do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica para
empresas do ramo de serviços é de 32%. Nesse caso, a empresa pagaria de
imposto de renda o valor obtido através do seguinte cálculo: (32% x R$
15.000.000,00) x 25% = R$ 4.800.000,00 x 25% = R$ 1.200.000,00. No caso do
lucro real, o cálculo seria de (R$ 15.000.000,00 - R$ 12.000.000,00) x 25% = R$
3.000.000,00 x 25% = R$ 750.000,00. Vemos, então, que a opção pelo lucro real
resulta em uma economia de R$ 1.200.000,00 - R$ 750.000,00 = R$ 450.000,00
para a empresa. A segunda forma de fazer esse cálculo é estimar a diferença na
base de cálculo e, então, aplicar a alíquota nessa diferença da seguinte forma:
((32% x R$ 15.000.000,00) - (R$ 15.000.000,00 - R$ 12.000.000,00)) x 25% = (R$
4.800.000,00 - R$ 3.000.000,00) x 25% = R$ 1.800.000,00 x 25% = R$ 450.000,00.
ATIVIDADE DE REFLEXÃO USANDO
MODAL
UTILIZANDO COMO BASE O EXEMPLO
ANTERIOR, QUAL SERIA A ECONOMIA
QUE A EMPRESA TERIA DE IMPOSTO DE
RENDA MAIS CONTRIBUIÇÃO SOCIAL
SOBRE O LUCRO LÍQUIDO NA ADOÇÃO
DA APURAÇÃO PELO LUCRO
PRESUMIDO?
RESPOSTA
Nesse caso, temos de lembrar que a alíquota da CSLL é de 9%. Portanto, a
empresa paga 34% de imposto de renda mais Contribuição Social sobre o
Lucro Líquido sobre a base de cálculo. Assim, temos de refazer os cálculos
alterando a alíquota de 25% para 34%. No caso do lucro presumido, o cálculo
é: (32% x R$ 15.000.000,00) x 34% = R$ 4.800.000,00 x 34% = R$
1.632.000,00. No caso do lucro real, o cálculo seria (R$ 15.000.000,00 - R$
12.000.000,00) x 34% = R$ 3.000.000,00 x 34% = R$ 1.020.000,00. A
economia no pagamento de IRPJ mais CSLL é de: R$ 1.632.000,00 - R$
1.020.000,00 = R$ 612.000,00. Assim como no exemplo anterior, podemos
chegar a esse valor de forma direta: ((32% x R$ 15.000.000,00) - (R$
15.000.000,00 - R$ 12.000.000,00)) x 34% = (R$ 4.800.000,00 - R$
3.000.000,00) x 34% = R$ 1.800.000,00 x 34% = R$612.000,00.
Um importante ponto é que, às vezes, não é possível optar pelo regime de lucro
presumido. De acordo com o artigo 14 da Lei 9.718/98, são obrigadas a adotar a
apuração do imposto de renda mais Contribuição Social sobre o Lucro Líquido sob o
regime de lucro real:
1
2
3
4
5
6
Empresas cuja receita total, no ano calendário anterior, seja superior a R$
78.000.000,00, ou proporcional ao número de meses do período, quando inferior a
12 meses.
Empresas cujas atividades sejam de instituições financeiras ou equiparadas.
Empresas que tiverem lucros, rendimentos ou ganhos de capital oriundos do
exterior.
Empresas que, autorizadas pela legislação tributária, usufruam de benefícios fiscais
relativos à isenção ou redução do imposto.
Empresas que, no decorrer do ano calendário, tenham efetuado pagamento mensal
pelo regime de estimativa, inclusive mediante balanço ou balancete de suspensão
ou redução do imposto.
Empresas cuja atividade seja de factoring.
Portanto, a escolha de regime é sempre baseada na possibilidade de se obter o
mesmo. Caso a empresa se enquadre em algumas das opções anteriores, ela
deverá, obrigatoriamente, optar pelo regime de lucro real, o que impactará seu
planejamento tributário, já que ela não poderá apurar o seu lucro pelo regime de
lucro presumido.
Considerando que a empresa possa optar pelo regime de lucro presumido, há um
segundo ponto que pode dar vantagem tributária para a empresa em optar pelo lucro
real.
NO LUCRO REAL, É POSSÍVEL COMPENSAR
PREJUÍZOS ANTERIORES EM PERÍODOS
SUBSEQUENTES. ISSO SIGNIFICA QUE, SE A
EMPRESA TEVE UM PREJUÍZO DE R$ 15 MIL NO
ANO 1 E, NO ANO 2, UM LUCRO DE R$ 100 MIL,
ELA PAGARÁ O IMPOSTO DE RENDA DE
PESSOA JURÍDICA APENAS SOBRE 85 MIL
REAIS, E NÃO SOBRE OS 100 MIL REAIS.
Um ponto importante é que a empresa só poderá compensar até 30% do lucro com
prejuízos anteriores. Porém, estes poderão ser compensados em qualquer prazo.
Isso é vantajoso para empresas que sabem que começarão com prejuízos, obtendo
lucro apenas com o passar do tempo. Um exemplo são empresas do tipo startup,
que normalmente demoram muitos anos até começarem a dar lucro. Assim, quando
elas passarem a dar lucro, poderão compensar os prejuízos incorridos e abatê-los
da sua base de cálculo do Imposto de Renda de Pessoa Jurídica.
STARTUP
Startup é uma empresa jovem com um modelo de negócios repetível e
escalável, em um cenário de incertezas e soluções a serem desenvolvidas.
Embora não se limite apenas a negócios digitais, uma startup necessita de
inovação para não ser considerada uma empresa de modelo tradicional.
EXEMPLO DE ECONOMIA POR
ABATIMENTO DE PREJUÍZOS
ACUMULADOS
O especialista Paulo Roberto Miller Fernandes Vianna Junior fala sobre economia
por abatimento de prejuízos acumulados
OUTRO PONTO IMPORTANTE UTILIZADO NO
PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO DE EMPRESAS É
O PAGAMENTO DE DIVIDENDOS. EMBORA A
PESSOA JURÍDICA NÃO PAGUE IMPOSTO DE
RENDA SOBRE OS VALORES RECEBIDOS A
TÍTULO DE DIVIDENDOS, A EMPRESA PAGOU O
VALOR RELATIVO A 34% DE IMPOSTO SOBRE
ESSES VALORES (25% DE IMPOSTO DE RENDA
DE PESSOA JURÍDICA MAIS 9% DE
CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO
LÍQUIDO).
Porém, existe no Brasil a figura Juros Sobre Capital Próprio (JSCP), na qual a
pessoa física paga 15% de imposto de renda, mas a empresa pode deduzir esse
valor como despesa no seu cálculo de IRPJ/CSLL, gerando um ganho tributário de
34% - 15% = 19%. Portanto, se a empresa tivesse R$ 100,00 para distribuir a seus
acionistas, ela poderia distribuir como dividendos apenas R$ 66,00, pois teria de
pagar R$ 34,00 a título de IRPJ/CSLL. Porém, no caso de pagamento via JSCP, o
valor seria de R$ 85,00, pois apenas R$ 15,00 seriam pagos para IRPF.
Uma empresa não pode distribuir qualquer valor via JSCP (juros sobre capital
próprio). Existem dois limites legais para isso:
A multiplicação da TJLP (taxa de juros a longo prazo) pelo patrimônio líquido.
50% dos lucros acumulados de exercícios anteriores ou 50% dos lucros do
exercício (qual for o maior).
A taxa de juros a longo prazo (TJLP) é calculada com base em dois parâmetros
principais: a meta de inflação, baseada nas metas anuais fixadas pelo Conselho
Monetário Nacional, e um prêmio de risco. A TJLP é divulgada trimestralmente pelo
Banco Central do Brasil até o último dia útil do trimestre imediatamente anterior ao
de sua vigência para as posições de 1º de janeiro, 1º de abril, 1º de julho e 1º de
outubro, sendo expressa em percentual ao ano. O valor pode ser consultado no site
do Banco Central do Brasil.
ATIVIDADE DE REFLEXÃO USANDO
MODAL
UMA EMPRESA POSSUI R$ 3.000.000,00 DE
LUCROS ACUMULADOS, R$ 1.800.000,00
DE LUCROS NO PERÍODO E PATRIMÔNIO
LÍQUIDO DE R$ 25.000.000,00. ELA
CALCULOU QUE PRETENDE DISTRIBUIR
R$ 1.400.000,00 PARA SEUS ACIONISTAS.
QUAL O PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO
QUE A EMPRESA PODE ADOTAR PARA
PAGAR MENOS IMPOSTO DE RENDA E
CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO
LÍQUIDO SABENDO QUE A TJLP É DE 5%
A.A.?
RESPOSTA
Em primeiro lugar, precisamos calcular os limitantes para saber o quanto a
empresa pode deduzir através do pagamento via Juros sobre Capital Próprio.
Ela pode distribuir o maior entre 50% dos lucros acumulados de exercícios
anteriores ou 50% dos lucros do exercício. Tendo em vista que ela possui R$
3.000.000,00 de lucros acumulados versus R$ 1.800.000,00 de lucros no
período, ela pode distribuir 50% x R$ 3.000.000,00 = R$ 1.500.000,00. Porém,
ainda há o limite da taxa de juros a longo prazo multiplicado pelo patrimônio
líquido: 5% x R$ 25.000.000,00 = R$ 1.250.000,00. Como esse valor é menor
que R$ 1.500.000,00, a empresa só poderá distribuir R$ 1.250.000,00 via JSCP
com a respectiva dedução no IRPJ. Portanto, para distribuir R$ 1.400.000,00
para seus acionistas, o melhor é distribuir R$ 1.250.000,00 via JSCP e R$
150.000,00 via dividendos. Assim, a empresa terá um ganho tributário de R$
1.250.000,00 x 19% = R$ 237.500,00. Portanto, o lucro da empresa passou de
R$ 1.800.000,00 para R$ 1.800.000,00 + R$ 237.500,00 = R$ 2.037.500,00.
Vemos, então, que a empresa pode utilizar-se das regulamentações federais de
imposto de renda e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido para obter uma
redução dos valores a serem pagos a título de recolhimento desses impostos.
A fim de resumo sobre esses impostos, os pontos a serem considerados são os
seguintes:
A escolha do regime tributário de lucro real ou lucro presumido para a apuração do
imposto de renda e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, sendo o regime do
lucro real favorável para empresas que tenham margens de lucro pequenas (menor
que 32% para empresas de serviços e 8% para comércio e indústria) ou que tenham
prejuízos para compensar em períodos subsequentes (limite de 30% de
compensação por período).
Caso a empresa tenha adotado o regime de apuração do lucro real para a apuração
do imposto de renda e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, ainda tem de
calcular o quanto ela poderá distribuir a seus acionistas via Juros Sobre Capital
Próprio (JSCP), a fim de obter um desconto de 19% no IRPJ/CSLL (sendo 19% a
diferença entre 34% de IRPJ/CSLL no caso de pagamento via dividendos versus
15% de IRPF no caso de JSCP).
Além das considerações anteriores, a empresa optante pelo lucro real deverá
analisar o impacto dessa escolha no recolhimento de PIS/COFINS. Conforme
abordado no tópico anterior, as empresas do lucro presumido pagam 3,65% de
PIS/COFINS, não podendo considerar os créditos de compras nesse valor. Já as
empresas optantes pelo lucro real pagam 9,25% de PIS/COFINS, podendo utilizar
esses créditos. Assim sendo, o efeito do PIS/COFINS afetará uma possível
economia da empresa pela opção pelo lucro real.
 EXEMPLO
Uma empresa comercial possui receita de venda de produtos de R$ 10.000.000,00 e
custo de mercadorias vendidas de R$ 8.000.000,00, com demais despesas de R$
1.000.000,00 e lucro de R$ 1.000.000,00. Essa empresa deverá optar pelo lucro
presumido ou real? Em primeiro lugar, calcularemos o valorde IRPJ/CSLL no regime
de lucro presumido (8% de alíquota para chegarmos à base de cálculo de empresas
comerciais): (8% x R$ 10.000.000,00) x 34% = R$ 800.000,00 x 34% = R$
272.000,00. Porém, temos também de considerar o efeito de PIS/COFINS de 3,65%
x R$ 10.000.000,00 = R$ 365.000,00. Portanto, no lucro presumido, a empresa paga
R$ 272.000,00 + R$ 365.000,00 = R$ 637.000,00 de IRPJ/CSLL/PIS/COFINS. Já no
caso do lucro real, a empresa paga R$ 1.000.000 x 34% = R$ 340.000,00 de
IRPJ/CSLL. Para o cálculo do PIS/COFINS, temos de considerar os créditos das
compras no cálculo: (R$ 10.000.000,00 - R$ 8.000.000,00) x 9,25% = R$
2.000.000,00 x 9,25% = R$ 185.000,00. Portanto, a empresa pagará R$ 340.000,00
+ R$ 185.000,00 = R$ 595.000,00 de IRPJ/CSLL/PIS/COFINS, sendo esse valor
menor do que o valor de R$ 637.000,00 do lucro presumido. Note que, mesmo que o
valor do IRPJ/CSLL do lucro presumido seja menor, o impacto do PIS/COFINS
cumulativo acabou com esse benefício tributário.
Um último ponto que pode ser mencionado na adoção do lucro real como forma de
apuração do imposto de renda mais Contribuição Social sobre o Lucro Líquido é
que, caso a empresa realmente se enquadre no lucro real, ela poderá utilizar
estrategicamente sua estrutura de custos para obter benefícios tributários. Um
exemplo disso é a decisão sobre comprar ou fazer leasing de veículos.
LEASING
Locação financeira ou arrendamento mercantil, também conhecido pelo termo
em inglês leasing, é um contrato através do qual a arrendadora ou locadora
adquire um bem escolhido por seu cliente para, em seguida, alugá-lo a este
último, por prazo determinado.
 EXEMPLO
Vamos supor que o custo anual para uma empresa comprar veículos, fazer sua
manutenção e revendê-los como usados é de 400 mil reais por ano, podendo
deduzir 200 mil reais por ano de depreciação dos veículos mais outras despesas.
Ela poderia alugar os mesmos veículos por 450 mil reais por ano, com essa despesa
podendo ser inteiramente utilizada para fins de dedução no IR/CSLL. Assim sendo,
no primeiro caso, a empresa está pagando R$ 400.000,00 - R$ 200.000,00 x 34%
(ganho tributário), o que dá R$ 400.000,00 - R$ 68.000,00 = R$ 332.000,00. No
segundo caso, a empresa está pagando 66% x R$ 450.000,00 (já que toda a
despesa pode ser usada para um ganho tributário de 34%), o que dá um valor de R$
297.000,00. Portanto, a empresa tem um ganho de R$ 332.000,00 - R$ 297.000,00
= R$ 35.000,00 na locação dos veículos, mesmo que os veículos custem,
nominalmente, 50 mil reais a mais para serem alugados ao invés de comprados.
Justamente por esse motivo, muitas grandes empresas, em vez de comprarem suas
sedes, frotas de veículos, entre outros bens, preferem alugá-los (prática também
chamada de contrato de leasing), pois isso dá a elas um benefício tributário, o que
compensa os custos do aluguel. Esse é um exemplo de como o planejamento
tributário influencia as decisões reais de empresas quanto à forma de investirem em
seus negócios.
 ATENÇÃO
Uma nota de cuidado deve ser adotada em cálculos sobre a economicidade da
adoção por uma empresa do regime de apuração do Imposto de Renda via Lucro
Real: ele demanda muito mais custos e controle interno da empresa para sua
apuração. No lucro presumido, o principal trabalho da contabilidade da empresa é
estimar corretamente a receita bruta da empresa; no lucro real, a empresa deverá
cuidadosamente contabilizar as suas despesas, pois elas serão usadas para o
cálculo do imposto, o que demanda maiores custos para departamentos de
contabilidade e controle interno, ou para terceirização da contabilidade.
Portanto, nesses casos, as empresas devem verificar se o valor a ser economizado
em seu tratamento tributário compensa os custos gerenciais e administrativos em
que incorrerá por calcular o lucro real.
PLANEJANDO IMPOSTOS ESTADUAIS
E MUNICIPAIS
Diferentemente dos impostos federais, os estaduais e municipais não possuem
muitas formas de gerenciamento, tendo em vista que sempre incidem sobre a
receita, e não sobre o lucro. Portanto, a apuração desses impostos não tem as
nuances dos impostos federais, em que existem diversas formas de apuração (lucro
real versus lucro presumido, regime cumulativo versus regime não cumulativo),
existindo apenas a aplicação da alíquota sobre a base de cálculo, que quase sempre
é o valor da nota fiscal.
ASSIM SENDO, A PRINCIPAL MANEIRA DE
GERENCIAR TAIS TRIBUTOS É JUSTAMENTE A
ESCOLHA DE FORMA INTELIGENTE DOS
DOMICÍLIOS FISCAIS. CERTOS ESTADOS
POSSUEM ICMS MENORES QUE OUTROS, E A
MESMA COISA VALE PARA OS MUNICÍPIOS.
ALÉM DISSO, ALGUNS ESTADOS E MUNICÍPIOS
POSSUEM INCENTIVOS FISCAIS PARA
DETERMINADOS SETORES, O QUE TORNA MAIS
ATRATIVA A INSTALAÇÃO DA SEDE DA
EMPRESA EM UMA LOCALIDADE EM
DETRIMENTO DA OUTRA.
Tendo em vista que tais regulamentos não são gerais, como são os federais (uma
regra para o Brasil inteiro), não entraremos em detalhes em tais impostos, devendo
a empresa fazer um estudo profundo das legislações referente a seu(s) setor(es) de
atuação, podendo, então, tomar uma decisão correta, otimizando o valor dos seus
impostos, maximizando os seus lucros e aumentando as chances de sucesso.
SIMPLES NACIONAL
De acordo com o site da Receita Federal:
“O Simples Nacional é um regime compartilhado de arrecadação, cobrança e
fiscalização de tributos aplicável às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte,
previsto na Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006. Abrange a
participação de todos os entes federados (União, Estados, Distrito Federal e
Municípios). É administrado por um Comitê Gestor composto por oito integrantes:
quatro da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), dois dos Estados e do
Distrito Federal e dois dos Municípios”.
O Simples Nacional junta diversos tributos em uma guia única para pagamento, a
saber: IRPJ, CSLL, PIS/COFINS, IPI, ICMS, ISS e a contribuição para o INSS. Com
isso, há um ganho muito grande de simplificação na apuração dos valores a serem
recolhidos de impostos, tanto na esfera federal como também nas esferas estadual e
municipal, gerando uma possibilidade de redução de custos legais e de
contabilidade para pequenas empresas, o que era um grande empecilho para os
pequenos negócios e gerava alto índice de informalidade. Embora ainda seja difícil
abrir uma pequena empresa no Brasil e a informalidade seja bastante alta, o Simples
Nacional foi um grande passo para gerar maior formalidade entre os pequenos
empreendedores brasileiros.
Podem ser enquadrados no MEI três tipos de empresas: 
 
- Microempreendedor Individual (MEI), com receita bruta anual até R$ 81.000,00 
- Microempresa (ME), com receita bruta anual de R$ 81.000,01 até R$
360.000,00 
- Empresa de Pequeno Porte, com receita bruta anual de R$ 360.000,01 até R$
4.800.000,00 
 
O valor que será cobrado de imposto dependerá justamente desses
enquadramentos.
 SAIBA MAIS
Além dos enquadramentos via receita da empresa, o tipo de atividade realizada pela
empresa, de acordo com o CNAE, especifica o quanto a empresa pagará de Simples
Nacional, de acordo as tabelas conhecidas como “Anexos I, II, III, IV e V”.
Normalmente, as empresas que podem ser incluídas no Simples Nacional decidem
se enquadrar tendo em vista o ganho de eficiência na apuração dos impostos, o que
causa diminuição dos custos.
Além disso, as alíquotas do Simples Nacional tendem a ser mais favoráveis do que
as dos lucro real e presumido. Apenas no caso de empresas que sabem que terão
prejuízos logo desde o início com finalidade de obter lucro no futuro, o lucro real
tende a continuar sendo vantajoso.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. O SIMPLES NACIONAL:
A) Junta apenas o IRPJ e a CSLL em uma só guia de pagamento.
B) Junta diversos impostos e contribuições federais em uma só guia de pagamento.
C) É uma forma de grandes empresas diminuírem sua carga tributária.
D) Facilita o processo de evasão fiscal de pequenas e médias empresas.
E) Só podem solicitar enquadramento no SimplesNacional empresas que antes se
enquadrem no lucro real.
2. O REGIME NÃO CUMULATIVO DO PIS/COFINS:
A) Só pode ser usufruído por empresas que se enquadrem no lucro real.
B) Só pode ser usufruído por empresas que se enquadrem no lucro presumido.
C) Só pode ser usufruído por empresas que se enquadrem no Simples Nacional.
D) Só pode ser usufruído por microempresas.
E) Só pode ser usufruído por empresas de capital aberto.
GABARITO
1. O Simples Nacional:
A alternativa "B " está correta.
 
O Simples Nacional junta IRPJ, CSLL, PIS/COFINS, IPI, ICMS, ISS e a contribuição
para o INSS, ou seja, reúne diversos impostos federais, estaduais e municipais em
uma só guia. Como a letra B não restringe que o Simples Nacional junta “apenas”
impostos federais em uma única guia de pagamento, a afirmação está correta.
2. O regime não cumulativo do PIS/COFINS:
A alternativa "A " está correta.
 
O regime não cumulativo é aplicado aos contribuintes do lucro real, enquanto o
cumulativo é aplicado aos contribuintes do lucro presumido. Já os contribuintes do
Simples nacional possuem regras próprias de recolhimento, pois ele é feito junto a
outros impostos.
MÓDULO 3
 Reconhecer a importância da administração tributária e do Processo
Administrativo Tributário (PAT)
A ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA
A ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA
O especialista fala sobre administração tributária
A administração tributária refere-se, no direito tributário, às entidades
governamentais, da União, dos estados e municípios responsáveis pelo controle da
tributação no Brasil. Assim sendo, elas possuem atribuições, competências e
funções de forma a gerenciar o recolhimento, a aplicação e auditoria dos tributos em
território nacional.
No âmbito federal, a responsabilidade da administração tributária é da Secretaria da
Receita Federal do Brasil, um órgão vinculado historicamente ao Ministério da
Fazenda, mas que, desde 2019, faz parte do Ministério da Economia. Já nos
estados, tais responsabilidades recaem sobre as Secretarias Estaduais de Fazenda.
Nos municípios, essas responsabilidades são das Secretarias Municipais de
Fazenda. Portanto, cada estado e cada município possuem, em sua estrutura
administrativa e organizacional, uma Secretaria de Fazenda responsável pela
administração tributária da esfera que lhe compete.
A existência e as funções dos órgãos responsáveis pela administração tributária no
Brasil são regidas pela Constituição Federal em seu artigo 37, inciso XXII, que traz a
seguinte leitura:
[...] As administrações tributárias da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, atividades essenciais ao funcionamento do Estado, exercidas por
servidores de carreiras específicas, terão recursos prioritários para a realização de
suas atividades e atuarão de forma integrada, inclusive com o compartilhamento de
cadastros e de informações fiscais, na forma da lei ou convênio.
Assim sendo, no Brasil, a administração tributária é encarada como uma “atividade
essencial ao funcionamento do Estado”, e, portanto, não pode ser terceirizada,
sendo exercida apenas por “servidores de carreiras específicas”. Essa atividade é
essencial, pois lida com o recolhimento de impostos, sem os quais o Estado não
poderia funcionar. Portanto, o Estado, ao “investir” na modernização e ampliação de
suas administrações tributárias, tem como objetivo que esse investimento se
transforme em receitas obtidas através dos recolhimentos de tributos, impostos,
contribuições e taxas. É justamente por isso que a Constituição diz que a
administração tributária terá “recursos prioritários para a realização de suas
atividades”.
Parte importante da administração tributária é justamente a verificação do
cumprimento das obrigações tributárias pelos contribuintes, sejam eles pessoas
físicas, sejam jurídicas. Isso se dá tanto pela verificação do pagamento dos impostos
declarados pelos contribuintes como pela auditoria para vistoria das declarações
feitas pelos contribuintes, com o objetivo de verificar se os valores declarados se
adequam aos valores reais.
Portanto, a administração tributária dá a quitação dos tributos (prática também
chamada de “homologação” do pagamento dos tributos), bem como faz o
lançamento de possíveis valores a maior que os contribuintes tenham errado em
suas declarações (sejam esses erros de boa ou de má-fé). A fim de coibir possíveis
atos de sonegação, a administração tributária também pode adotar medidas (tais
como penalidades e multas) para obrigar os contribuintes a cumprirem suas
obrigações tributárias (o pagamento e a prestação de informações).
A diferença da auditoria tributária feita pela administração tributária para a simples
cobrança de tributos atrasados se dá porque, no caso de cobrança de dívida ativa
(como é chamada a dívida tributária), as declarações feitas pelo contribuinte não
estão em discussão, mas, em um processo de auditoria, as declarações feitas pelo
contribuinte são cruzadas com as demonstrações contábeis, bem como com
diferentes tipos de documentos comprobatórios para a verificação da base de
cálculo e do valor devido.
Para a administração tributária realizar a cobrança a maior de tributo que, na opinião
dela, é devida pelo contribuinte, é necessária a instauração do Processo
Administrativo Tributário (PAT), que será tema da próxima seção.
PROCESSO ADMINISTRATIVO
TRIBUTÁRIO (PAT)
O Processo Administrativo Tributário (PAT), também conhecido como “ação fiscal”,
ou “processo administrativo fiscal”, é o processo, juntamente ao conjunto de atos,
em que a administração tributária faz com que o contribuinte aja de acordo com
determinada legislação, ou interpretação da legislação tributária. Normalmente, esse
cumprimento é referente ao pagamento de valores recolhidos a menor, mas
também, em alguns casos, pode ser para apresentação de declaração de
informações acessórias.
O PAT é regido pelo artigo 5º inciso LV da Constituição Federal de 1988, que diz:

“TODOS SÃO IGUAIS PERANTE A LEI, SEM
DISTINÇÃO DE QUALQUER NATUREZA,
GARANTINDO-SE AOS BRASILEIROS E AOS
ESTRANGEIROS RESIDENTES NO PAÍS A
INVIOLABILIDADE DO DIREITO À VIDA, À
LIBERDADE, À IGUALDADE, À SEGURANÇA E À
PROPRIEDADE, NOS TERMOS SEGUINTES: AOS
LITIGANTES, EM PROCESSO JUDICIAL OU
ADMINISTRATIVO, E AOS ACUSADOS EM
GERAL SÃO ASSEGURADOS O
CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA, COM OS
MEIOS E RECURSOS A ELA INERENTES”.
Consequentemente, todos os contribuintes têm direito à ampla defesa e ao
contraditório durante o Processo Administrativo Tributário ao sentirem que a
administração tributária não está correta em sua interpretação e cobrança.
O artigo 138 do Código Tributário Nacional versa sobre a exclusão de
responsabilidade ao se denunciar espontaneamente uma infração. De acordo com o
supracitado artigo,

“[...] A RESPONSABILIDADE É EXCLUÍDA PELA
DENÚNCIA ESPONTÂNEA DA INFRAÇÃO,
ACOMPANHADA, SE FOR O CASO, DO
PAGAMENTO DO TRIBUTO DEVIDO E DOS
JUROS DE MORA, OU DO DEPÓSITO DA
IMPORTÂNCIA ARBITRADA PELA AUTORIDADE
ADMINISTRATIVA, QUANDO O MONTANTE DO
TRIBUTO DEPENDA DE APURAÇÃO”.
Ou seja, se uma pessoa se antecipar e realizar a regularização de possível infração
tributária antes da instauração do PAT, ela fica isenta de pagamento de multa,
arcando apenas com os juros pelo atraso no recolhimento do tributo. Porém, no caso
da instauração do PAT, a pessoa perde essa possibilidade, ficando sujeita ao
pagamento de multa, caso seja comprovada a infração fiscal.
 ATENÇÃO
É importante frisar que, como existem diferentes administrações tributárias no país
(nos níveis federal, estadual e municipal), o artigo 5° da Constituição e o artigo 138
do Código Tributário Nacional são muito amplos e cada administração tem
autonomia para criar sua própria regulamentação interna, com prazos e multas, bem
como o rito do Processo Administrativo Tributário em si. Portanto, é de suma
importância que o contribuinte esteja familiarizado com as regras, regulamentações
e legislações nos níveis federal, estadual emunicipal da localidade onde atua.
Adicionalmente, no Brasil, o ônus da prova nunca é do réu, mas, sim, da parte que
faz a acusação, e não é diferente no caso do Processo Administrativo Tributário. No
PAT, a administração tributária é obrigada a comprovar que realmente houve a
infração. Além disso, ela também deve apresentar a memória de cálculo para
demonstrar como se chegou ao valor que é cobrado do contribuinte. Assim sendo,
se a administração tributária não conseguir comprovar a existência da infração, o
contribuinte sairá do PAT sem nenhuma obrigação de realizar o pagamento.
Normalmente, o PAT é divido em duas fases.
PRIMEIRA FASE
A primeira fase é unilateral e depende apenas da administração tributária. Nesta
fase, a administração tributária precisa lançar o crédito para o contribuinte tomar
ciência e realizar a sua regularização. O lançamento pode ser de ofício, quando a
administração tributária age por própria iniciativa, pois já possui todas as
informações para realizar o lançamento do crédito tributário. Um segundo tipo de
lançamento é o misto (ou por declaração): quando o fisco solicita informações do
contribuinte e efetua o lançamento. Finalmente, o terceiro tipo é chamado de
lançamento por homologação (ou autolançamento), quando o próprio contribuinte se
antecipa e faz o pagamento de forma adiantada, ficando a administração tributária
responsável por homologar (ou não) o pagamento. Essa primeira fase termina com o
lavramento do auto de infração, caso tenha sido cometida alguma infração, ou com o
seu arquivamento, caso não tenha sido detectada nenhuma infração.
SEGUNDA FASE
A segunda fase do PAT não é mais unilateral, mas contenciosa. Se o lançamento foi
de ofício ou misto, o contribuinte tem direito à ampla defesa e ao contraditório.
Porém, se o lançamento foi por homologação (autolançamento), o contribuinte não
tem direito a reclamar, pois ele concordou com as declarações e com os valores dos
impostos ao realizar a sua declaração e o eventual pagamento.
Um detalhe importante, e digno de nota, é que, no Brasil, a via judicial é sempre
aberta e livre para qualquer indivíduo ingressar com ação a qualquer momento. Ou
seja, ao receber o auto de infração, o contribuinte é livre para reclamar no próprio
Processo Administrativo Tributário, ou ingressar por via judicial, levando a sua
reclamação ao Judiciário, saindo da esfera meramente administrativa.
 SAIBA MAIS
Geralmente, o PAT passa por um primeiro julgamento administrativo, que pode ser
recorrido para uma segunda instância. Também é comum que a decisão de primeira
instância seja monocrática e a de segunda instância seja colegiada. Mesmo que o
contribuinte tenha perdido em todas as instâncias administrativas, ele pode reclamar
de forma judicial ao procurar o Judiciário, ingressando com uma ação.
Tendo em vista que uma possível infração tributária tende a ser bastante custosa
para a empresa – pois, além do valor do tributo ter de ser pago, há também o valor
de multas e juros de mora –, é muito importante que a empresa faça de forma
correta os lançamentos e as apurações de seus tributos, para que não sofra
autuação e precise pagar um valor muito acima do que ela teria pagado se os
cálculos tributários fossem feito corretamente.
Ademais, isso demonstra também a importância de haver um planejamento tributário
bem-feito e que não seja arriscado do ponto de vista legal.
 EXEMPLO
Uma empresa pode omitir um CNAE em que ela atue de forma a se enquadrar no
Simples Nacional (pois o CNAE em questão seria vedado) e obter uma vantagem
tributária. Porém, tal estratégia pode ser mais custosa, pois, caso a administração
tributária descubra que a empresa omitiu essa informação na sua ficha do Cadastro
Nacional de Pessoas Jurídicas, bem como contabilizou receitas que deveriam ser
contabilizadas nesse CNAE em outro diferente, ela poderá gerar auto de infração, o
que causará grande obrigação tributária para a empresa.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. A SIGLA PAT SIGNIFICA:
A) Projeto Administrativo Tributário.
B) Processo Arbitrário de Tributação.
C) Promulgação Arbitrária de Tributação.
D) Promulgação Administrativa Tributária.
E) Processo Administrativo Tributário.
2. O ÔNUS DA PROVA NO PAT É:
A) Do contribuinte.
B) Da administração tributária.
C) Do Judiciário.
D) Do Ministério Público.
E) Do presidente da República.
GABARITO
1. A sigla PAT significa:
A alternativa "E " está correta.
 
A sigla PAT significa Processo Administrativo Tributário. Este é o processo realizado
pela administração fiscal a fim de obrigar o contribuinte a seguir algum tipo de
legislação, regulamentação ou interpretação tributária.
2. O ônus da prova no PAT é:
A alternativa "B " está correta.
 
No Brasil, o ônus da prova é sempre de quem acusa, e, no caso do PAT é, portanto,
de responsabilidade da administração tributária.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este conteúdo demonstrou que o planejamento tributário é de fundamental
importância para as empresas e que exerce um efeito no lucro delas. Portanto, um
planejamento tributário eficaz é de fundamental importância para a otimização da
estrutura da empresa, visando maximizar a geração de lucro e retorno para os seus
sócios.
Porém, o planejamento tributário, conforme vimos, não é algo simples de se fazer.
Ao tomar uma decisão, como se enquadrar no lucro real ou presumido, por exemplo,
deve-se levar em conta não só os efeitos diretos nos impostos relacionados (IRPJ e
CSLL), mas também em outros impostos, como PIS/COFINS e efeitos tributários na
distribuição de lucros (via dividendos ou JSCP).
Além disso, deve-se ter cuidado com o planejamento tributário, a fim de não tomar
decisões que violem a legislação fiscal do Brasil, pois, caso isso aconteça, a
empresa ficará sujeita, além do pagamento dos valores, a multa e juros de mora, o
que terá um efeito negativo no lucro da instituição.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
AMARO, L. Direito Tributário Brasileiro. 15. ed. Saraiva, 2009.
BRASIL. Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966. Código Tributário Nacional.
Consultado em meio eletrônico em: 3 fev. 2021.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Consultado em meio
eletrônico em: 3 fev. 2021.
BRASIL. Lei 9.718, de 27 de novembro de 1998. Consultado em meio eletrônico
em: 2 fev. 2021.
PÊGAS, P. H. Manual de Contabilidade Tributária. 9. ed. Rio de Janeiro: Atlas,
2017.
RECEITA FEDERAL. O que é o Simples Nacional? Consultado em meio eletrônico
em: 3 fev. 2021.
EXPLORE+
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Tributário: Teoria e Prática, de Silvio Crepaldi. Este livro, com linguagem simples e
direta, explicita os pontos fundamentais para um bom planejamento tributário focado
em gestores, e não em advogados ou contadores.
CONTEUDISTA
Rodrigo de Oliveira Leite
 CURRÍCULO LATTES

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