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UNIVERSIDADE PAULISTA ANDRESSA MORAIS DA SILVA JACKELINE MELO DA COSTA LARISSA FERREIRA LIMA TAINARA GARCIA DE ALMEIDA ANÁLISE DAS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS DO PAINEL DE LAJES DO SUBSOLO DE UM EDIFÍCIO RESIDENCIAL DEVIDO A FALHAS DE IMPERMEABILIZAÇÃO: ESTUDO DE CASO GOIÂNIA 2018 ANDRESSA MORAIS DA SILVA JACKELINE MELO DA COSTA LARISSA FERREIRA LIMA TAINARA GARCIA DE ALMEIDA ANÁLISE DAS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS DO PAINEL DE LAJES DO SUBSOLO DE UM EDIFÍCIO RESIDENCIAL DEVIDO A FALHAS DE IMPERMEABILIZAÇÃO: ESTUDO DE CASO Trabalho de Conclusão de Curso para a obtenção do título de Bacharel em Engenharia Civil apresentado à Universidade Paulista – UNIP. Orientadora: Profª. Me. Erlucivânia Bueno da Silva GOIÂNIA 2018 ANDRESSA MORAIS DA SILVA JACKELINE MELO DA COSTA LARISSA FERREIRA LIMA TAINARA GARCIA DE ALMEIDA ANÁLISE DAS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS DO PAINEL DE LAJES DO SUBSOLO DE UM EDIFÍCIO RESIDENCIAL DEVIDO A FALHAS DE IMPERMEABILIZAÇÃO: ESTUDO DE CASO Trabalho de Conclusão de Curso para a obtenção do título de Bacharel em Engenharia Civil apresentado à Universidade Paulista – UNIP. Aprovado em: BANCA EXAMINADORA _____________________________/__/___ Profª. Me. Erlucivânia Bueno da Silva Universidade Paulista – UNIP _____________________________/__/___ Prof. Me. Marcus Vinícius Martins Freitas Universidade Paulista – UNIP _____________________________/__/___ Prof. Me. Thiago Lopes dos Santos Universidade Paulista – UNIP DEDICATÓRIA Dedicamos este trabalho a todos que contribuíram para nossa formação moral e intelectual; nossos pais, irmãos, amigos e professores. AGRADECIMENTOS Nossos agradecimentos são dirigidos aos amigos e familiares que sempre nos incentivaram durante esses cinco anos de graduação. Em especial a Deus por dar-nos sabedoria e perseverança. Aos nossos pais que sempre batalharam para nos proporcionar um futuro melhor através dos estudos. A nossa orientadora Erlucivânia pela colaboração com este trabalho e por todo conhecimento compartilhado. A todos os professores que desde o início sempre contribuíram para nossa formação profissional com muita dedicação. Aos colegas e funcionários da Universidade Paulista, que direta e indiretamente, participaram na elaboração deste trabalho. “Investir em conhecimento rende sempre os melhores juros”. (Benjamin Franklin) RESUMO As patologias são originadas a partir da falha de projeto, especificação incorreta de materiais ou baixa qualidade dos mesmos, falha de execução, manutenção incorreta ou inexistente e mau uso. Nas lajes, os principais tipos de manifestações patológicas são decorrentes das falhas no sistema de impermeabilização. Os tipos de impermeabilizantes podem ser divididos em rígidos e flexíveis, que estão relacionados às partes construtivas sujeitas ou não à fissuração. Este trabalho teve como objetivo realizar o estudo de caso de um painel de lajes de estacionamento de um edifício residencial localizado na cidade de Aparecida de Goiânia. A fim de identificar as manifestações patológicas e suas respectivas causas, foram realizadas visitas técnicas sendo, então, proposto como solução a impermeabilização com manta asfáltica e seu respectivo método executivo. Palavras-chave: Manifestações patológicas. Painel de Lajes. Sistema de impermeabilização. ABSTRACT The pathologies are originated from the design failure, incorrect specification of materials or poor quality of them, execution failure, incorrect or nonexistent maintenance and misuse. In slabs, the main types of pathological manifestations are due to failures in the waterproofing system. The types of waterproofing can be divided into rigid and flexible, which are related to the constructive parts subject or not to the cracking. This work had the objective to realize the case study of a panel of parking slabs of a residential building located in the city of Aparecida de Goiânia. In order to identify the pathological manifestations and their respective causes, technical visits were made, then, proposed as a solution the waterproofing with asphalt blanket and its respective executive method. Keywords: Pathological manifestations. Panel of Slabs. Waterproofing system. LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Impermeabilização de laje com membrana de polímero modificado com cimento ...................................................................................................................... 26 Figura 2 – Detalhe de impermeabilização com manta asfáltica ................................ 27 Figura 3 – Detalhes de ralo com aplicação de manta ............................................... 30 Figura 4 – Impermeabilização junto ao rodapé ......................................................... 31 Figura 5 – Impermeabilização em soleira .................................................................. 32 Figura 6 – Detalhe de impermeabilização em junta de dilatação .............................. 32 Figura 7 – Detalhe da pingadeira .............................................................................. 33 Figura 8 – Detalhe de impermeabilização em pingadeira ......................................... 33 Figura 9 – Impermeabilização junto a tubos passantes em sistemas rígidos ............ 34 Figura 10 – Corrosão de armaduras por infiltração de água ..................................... 35 Figura 11 – Processo de carbonatação do concreto ................................................. 36 Figura 12 – Eflorescência e lixiviação em encontro de vigas .................................... 37 Figura 13 – Mofo em Laje.......................................................................................... 38 Figura 14 – Fissuras e trincas ................................................................................... 39 Figura 15 – Corte Esquemático ................................................................................. 43 Figura 16 – Painel de lajes estudado ........................................................................ 44 Figura 17 – Croqui do painel de lajes com os pontos críticos ................................... 43 Figura 18 – Fissuras e trincas na parte superior da laje no ponto 1 .......................... 45 Figura 19 – Face inferior da laje no ponto 1 .............................................................. 46 Figura 20 – Face superior da laje no ponto 2 ............................................................ 46 Figura 21 – Face inferior da laje no ponto 2 .............................................................. 47 Figura 22 – Face superior da laje no ponto 3 ............................................................ 48 Figura 23 – Face inferior da laje no ponto 3 .............................................................. 48 Figura 24 – Face superior da laje no ponto 4 ............................................................ 49 Figura 25 – Face inferior da laje no ponto 4 .............................................................. 50 Figura 26 – Face superior da laje no ponto 5 ............................................................ 50 Figura 27 – Face inferior da laje no ponto 5 .............................................................. 51 Figura 28 – Face superior da laje no ponto 6 ............................................................ 52 Figura 29 – Face inferior da laje no ponto 6 .............................................................. 52 Figura 30 – Face superiorda laje no ponto 7 ............................................................ 53 Figura 31 – Face inferior da laje no ponto 7 .............................................................. 54 Figura 32 – Face superior da laje no ponto 8 ............................................................ 54 Figura 33 – Face inferior da laje no ponto 8 .............................................................. 55 Figura 34 – Face superior da laje no ponto 9 ............................................................ 56 Figura 35 – Face inferior da laje no ponto 9 .............................................................. 56 Figura 36 – Regularização da laje ............................................................................. 58 Figura 37 – Imprimação ............................................................................................ 59 Figura 38 – Aplicação da manta asfáltica com maçarico .......................................... 60 Figura 39 – Teste de estanqueidade ......................................................................... 61 Figura 40 – Aplicação de fita adesiva ........................................................................ 61 Figura 41 – Aplicação do mástique ........................................................................... 62 Figura 42 – Manta geotêxtil ....................................................................................... 63 Figura 43 – Proteção mecânica ................................................................................. 63 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Tipos de Impermeabilizantes ................................................................... 23 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas CAP Cimentos Asfálticos de Petróleo CBIC Câmara Brasileira Da Indústria Da Construção IBAPE Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia IBI Instituto Brasileiro de Impermeabilização MUOM Manual de Uso, Operação e Manutenção NBR Norma Brasileira PVC Policloreto de Polivinila SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 14 1.1 Objetivos ....................................................................................................... 15 1.1.1 Objetivo geral .................................................................................................. 15 1.1.2 Objetivos específicos ...................................................................................... 15 1.2 Justificativa ................................................................................................... 16 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA................................................................................. 17 2.1 Mecanismos de atuação das águas nas edificações ................................ 17 2.2 Projeto de Impermeabilização ..................................................................... 19 2.2.1 Estudo preliminar ............................................................................................ 20 2.2.2 Projeto básico ................................................................................................. 21 2.2.3 Projeto executivo ............................................................................................ 21 2.3 Sistemas Impermeabilizantes ...................................................................... 22 2.3.1 Tipos de impermeabilizantes .......................................................................... 22 2.3.1.1 Impermeabilização rígida............................................................................ 23 2.3.1.2 Impermeabilização flexível ......................................................................... 25 2.4 Escolha da impermeabilização .................................................................... 28 2.5 Detalhes construtivos .................................................................................. 29 2.6 Patologias decorrentes da falta ou da má execução do sistema de impermeabilização .................................................................................................. 34 2.6.1 Manifestações patológicas provocadas pela infiltração d’água devido à ausência ou falha da impermeabilização .................................................................. 35 2.6.2 Manifestações patológicas originárias do processo construtivo, que podem provocar o rompimento ou danos à impermeabilização. ........................................... 39 2.7 Manutenção ................................................................................................... 40 2.7.1 Manutenção preventiva................................................................................... 40 2.7.2 Manutenção corretiva ..................................................................................... 41 3 METODOLOGIA ................................................................................................... 42 4 ESTUDO DE CASO .............................................................................................. 43 4.1 Descrições das manifestações patológicas ............................................... 44 4.2 Proposta de solução .................................................................................... 57 4.2.1 Método executivo ............................................................................................ 57 5 CONCLUSÃO ....................................................................................................... 64 REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 65 14 1 INTRODUÇÃO Desde os primórdios da civilização humana buscam-se soluções para impedir a ação deletéria da água às construções, com o objetivo de proteger sua vida útil. Devido à necessidade de combater essas ações, surgiu a impermeabilização. Segundo o Instituto Brasileiro de Impermeabilização (IBI), as primeiras impermeabilizações realizadas no Brasil utilizavam óleo de baleia misturada à argamassa para o assentamento de tijolos e revestimento das paredes, com a intenção de se obter estruturas menos permeáveis. Entende-se por impermeabilizar, o ato de isolar e proteger as edificações contra a passagem indesejável de líquidos e vapores, mantendo assim pouco alteráveis às condições normais da construção ao longo do tempo. Esta operação visa aumentar a durabilidade da estrutura. No entanto, deve-se levar em consideração que a edificação como um todo é composta por diversos sistemas e elementos construtivos, com diferentes características de movimentação e formas de interligação entre os próprios elementos e com a estrutura principal, e cada uma dessas interfaces deve ser estanque. A impermeabilização é uma das etapas mais importantes de qualquer construção. No caso das lajes, a etapa de impermeabilização é ainda mais importante, justamente por ser o elemento estrutural mais exposto à umidade e infiltração na grande maioria dos casos, diferentemente de vigas e pilares. As lajes podem vir a apresentar trincas, fissuras, rachaduras que são a porta de entrada para umidade podendo até mesmo levar a exposição e corrosão de armaduras. É de suma importância que seja feita uma boa impermeabilização da laje evitando maiores desgastes dos materiais e desvalorização do imóvel. A importância da impermeabilização nos processos construtivos está ligada não só à questão de estética e estanqueidade, devido ao aparecimento de infiltrações e manchas, mas também à segurança, pois as falhas de impermeabilização comprometem diretamente a durabilidadee a condição de uso da 15 edificação, causando além de prejuízos financeiros, danos à saúde dos usuários, e em casos extremos, o colapso de estruturas. É notório que os benefícios a longo prazo são garantidos quando a devida atenção é dada à impermeabilização, tais como maior durabilidade da construção, ambientes livres de fungos ou mofos nas paredes e custos reduzidos de manutenção. A inexistência da manutenção em uma obra, segundo o Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia (IBAPE, 2012), afeta a funcionalidade dos sistemas que compõem o edifício, acarretando numa consequente perda acelerada de desempenho e diminuição da vida útil. Algo a se atentar, quando o assunto é manutenção, é a necessidade de um profissional especializado para analisar e concluir o melhor método de restauro do problema no imóvel, evitando, assim, gastos desnecessários e impedindo o reaparecimento da patologia. 1.1 Objetivos 1.1.1 Objetivo geral O objetivo geral é o levantamento e a análise dos principais fatores envolvidos na ocorrência de problemas de infiltração de um painel de lajes de um pavimento subsolo utilizado como estacionamento de um edifício residencial na cidade de Aparecida de Goiânia – GO. 1.1.2 Objetivos específicos Os objetivos específicos deste trabalho são: • Estudar as manifestações patológicas causadas pela infiltração da água, em decorrência da falha ou ausência de impermeabilização; • Pautar as devidas técnicas de impermeabilização, classificar e definir os sistemas de impermeabilização e seus componentes; 16 • Descrever os fatores que influenciam na escolha do sistema impermeabilizante a ser utilizado; • Realizar visitas técnicas para analisar as manifestações patológicas devido às falhas na impermeabilização de um painel de lajes do estacionamento de um edifício residencial selecionado para o estudo de caso deste trabalho; • Propor solução para o caso estudado. 1.2 Justificativa O desempenho e a durabilidade de uma edificação são aspectos importantes na construção civil e merecem bastante atenção, uma vez que a ocorrência de problemas ocasionados por erros de execução de serviço e/ou má utilização de materiais são recorrentes na construção civil. Diante do exposto, o enfoque na impermeabilização foi escolhido como tema pela sua importância no que diz respeito à prevenção de diversas patologias e consequentes problemas associados; economizando substancialmente no custo com manutenção corretiva. Por melhor formação que um engenheiro civil tenha, suas técnicas e conceitos são aperfeiçoados por experiências práticas assim como com exemplos de casos semelhantes ocorridos e solucionados apresentados na literatura, o que proporciona um maior leque de possibilidades e opções para que o profissional determine com maior precisão o melhor método e sistema a serem executados para solucionar o problema em questão. 17 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA A Associação Brasileira de Normas Técnicas ABNT NBR9575/2010 (ABNT, 2010) define impermeabilização como o conjunto de operações e técnicas construtivas (serviços), composto por uma ou mais camadas, com o objetivo de proteger as construções contra a ação danosa de fluidos, de vapores e da umidade. 2.1 Mecanismos de atuação das águas nas edificações De acordo com Souza (2008), os problemas mais comuns nas edificações estão relacionados à umidade. Em estudo sobre os causadores de umidade, Lersch (2003) as classifica em: umidade ascensional; umidade por infiltração; umidade de condensação; umidade higroscópica; umidade de obra; umidade acidental. • Umidade ascensional Segundo Socoloski (2015) a água absorvida do solo pelo fenômeno da capilaridade, que migra no sentido vertical até paredes e pisos de edifícios, causa a umidade ascensional, onde esta atinge, em média, uma altura que varia de quatro a cinco metros. De acordo com o IBI, manifesta-se, normalmente, por meio de bolhas nos revestimentos e deterioração do reboco. • Umidade por infiltração A umidade por infiltração é adquirida a partir da absorção e penetração de água da chuva, assim como à combinação desta com a ação do vento. Segundo Righi (2009) a umidade consegue chegar ao interior das edificações através de pequenas trincas, por absorção da umidade do ar ou até mesmo devido a falhas de conexão de elementos construtivos, como planos de paredes e janelas ou portas. 18 • Umidade de condensação Quando a temperatura da superfície do material é mais baixa que a temperatura do ponto de orvalho, acontece a condensação do vapor. À medida que o ar presente no ambiente é resfriado, sua capacidade de absorver umidade é reduzida, e como consequência, precipita-se nas paredes (LERSCH, 2003). • Umidade higroscópica Lersch (2003) define umidade higroscópica como a quantidade mínima de umidade que pode estar presente em materiais porosos. O autor afirma ainda, que a mesma é causada pela entrada de vapor d’água, presente no ar, por meio dos poros dos materiais. • Umidade de obra A umidade de obra é procedente da execução da construção. Conforme Sousa (2008) esse tipo de umidade se encontra dentro dos materiais, como as águas utilizadas para concreto e argamassa, e desaparece após um tempo em virtude da estabilidade que se firma entre material e ambiente. • Umidade acidental Umidade acidental é aquela proveniente de vazamentos de tubulações de sistemas de águas pluviais, esgoto e água potável. Verçosa (1991 apud SOUZA, 2008) comenta que é difícil a identificação do local do vazamento e de sua correção. Isso ocorre por que na maioria das vezes eles estão encobertos pela construção, sendo bastante danosos para o bom desempenho esperado da edificação. 19 2.2 Projeto de Impermeabilização “O projeto de impermeabilização tem como função elaborar, analisar, planificar, detalhar, discriminar e adotar todos os métodos adequados, visando (...) a compatibilização do sistema com os demais projetos” (SCHREIBER, 2012, p.18). Hussein (2013, p. 15) afirma que “(...) levando em conta o substrato a ser impermeabilizado e às ações que ele foi projetado para resistir, o projeto deve conter ainda o tipo de impermeabilização que será utilizada, podendo ser mais de um tipo em uma única obra”. De acordo com Porciúncula (2013) o projetista deve analisar os projetos básicos da obra a fim de avaliar os tipos de estruturas sobre a qual se queira garantir a estanqueidade, iniciando o estudo dos sistemas adequados para cada situação. Segundo o IBI, deve-se levar em consideração se a estrutura está sujeita ou não a movimentação. Por exemplo: as lajes de grande superfície expostas à luz solar e intenso resfriamento no período noturno apresenta grande movimentação, face aos movimentos de dilatação (dia) e retração (noite). Tais estruturas exigem, para efeito de impermeabilização, produtos com características flexíveis. Todas essas informações só seriam constatadas através do projeto específico. Lembrando que impermeabilizar não é apenas a aplicação dos produtos químicos, e sim um sistema que visa impedir 100% a passagem de fluidos (SOUZA; PASCOAL; BOASQUIVES, 2011). A ABNT NBR 15575/2013 (ABNT, 2013) apresenta algumas premissas de projeto para garantir a estanqueidade na habitação: • A exposição à água da chuva e à umidade deve ser considerada em projeto, pois elas aceleram os mecanismos de deterioração e acarretam a perda das condições de habitabilidade do ambiente construído. • Devem ser previstos em projeto a prevenção da infiltração da água da chuva e da umidade nas habitações, através de alguns detalhes onde a impermeabilização não pode comprometer a segurança estrutural ou causar danos à utilização do sistema. javascript:auxiliar('mostra_perfil.php?cod=167') 20 • O projetodeve indicar um sistema construtivo que garanta a estanqueidade, a resistência mecânica contra danos durante a construção e utilização, e a previsão eventual de um sistema de drenagem. • O projeto deve prever detalhes construtivos para as interfaces e juntas entre componentes, a fim de facilitar o escoamento da água e evitar a sua infiltração na estrutura. Esses detalhes devem levar em consideração as solicitações a que os elementos estarão sujeitos durante a vida útil de projeto da edificação. Antonelli et al. (2002) afirmam em sua pesquisa a inexistência do projeto de impermeabilização como a causadora de 42% das falhas no processo de estanqueidade de uma obra. No entanto sabe-se que algumas construtoras já consideram a etapa de impermeabilização como um serviço especializado, exigindo dos projetistas um detalhamento dos serviços prestados. “O rigoroso controle da execução da impermeabilização é fundamental para seu desempenho e, esta fiscalização deve ser feita não somente pela empresa aplicadora, mas também pelo responsável da obra” (RIGHI, 2009, p. 16). Lembrando que o fornecedor deve garantir a qualidade de seu produto. De acordo com a ABNT NBR 9575/2010 (ABNT, 2010), o projeto de impermeabilização é o conjunto de informações gráficas e descritivas que definem integralmente as características de todos os sistemas de impermeabilização empregados em uma dada construção, de forma a orientar sua execução. O projeto de impermeabilização é dividido em três etapas sucessivas: estudo preliminar, projeto básico e projeto executivo. 2.2.1 Estudo preliminar O estudo preliminar é o conjunto de informações legais, técnicas e de custos, composto por dados analíticos que tem como objetivo determinar e quantificar as áreas a serem impermeabilizadas, de forma a atender às exigências de desempenho. Nessa fase deve conter as seguintes informações: a) relatório contendo a qualificação das áreas; 21 b) planilha contemplando os tipos de impermeabilização aplicáveis ao empreendimento, de acordo com os conceitos do projetista e incorporador contratante. 2.2.2 Projeto básico O projeto básico define as soluções de impermeabilização a serem adotadas numa dada construção. Pela sua característica, deve ser elaborado durante a etapa da coordenação geral das atividades de projeto, de preferencial na fase inicial, em conjunto com o projeto arquitetônico. Deve ser realizado para obras de construção civil de uso público, coletivo e privado, por profissional legalmente habilitado. Nessa etapa deve conter: a) definição das áreas a serem impermeabilizadas e equacionamento das interferências existentes entre todos os elementos e componentes construtivos; b) definição dos sistemas de impermeabilização; c) planilha de levantamento quantitativo; d) estudo de desempenho; e) estimativa de custos. 2.2.3 Projeto executivo O projeto executivo detalha e especifica integralmente todos os sistemas de impermeabilização a serem empregados numa dada construção. Pela sua característica, é um projeto especializado e deve ser feito concomitantemente aos demais projetos executivos, para garantir a compatibilização entre projetos, de modo que sejam previstas as especificações em termos de tipologia, dimensões, cargas, ensaios e detalhes construtivos, devendo ser realizado sempre por profissionais legalmente habilitados. O projeto deve apresentar: a) plantas de localização e identificação das impermeabilizações, bem como dos locais de detalhamento construtivo; 22 b) detalhes específicos e genéricos que descrevam graficamente todas as soluções de impermeabilização; c) detalhes construtivos que descrevam graficamente as soluções adotadas no projeto de arquitetura; d) memorial descritivo de materiais e camadas de impermeabilização; e) memorial descritivo de procedimentos de execução; f) planilha de quantitativos de materiais e serviços. Os serviços complementares ao projeto executivo de impermeabilização também devem constar a metodologia para controle e inspeção dos serviços; controle dos ensaios tecnológicos de produtos especificados; e diretrizes para elaboração do Manual de Uso, Operação e Manutenção (MUOM). 2.3 Sistemas Impermeabilizantes O sistema de impermeabilização tem como principal função proteger as edificações de infiltrações, eflorescências e vazamentos causados pela água (RIGHI, 2009). 2.3.1 Tipos de impermeabilizantes De acordo com ABNT NBR 9575/2010 (ABNT, 2010) os tipos de impermeabilizantes podem ser divididos em rígidos e flexíveis, que estão relacionados às partes construtivas sujeitas ou não à fissuração, conforme apresentado na Tabela 1. 23 Tabela 1 – Tipos de Impermeabilizantes RÍGIDOS FLEXÍVEIS Aplicação Locais não sujeitos à fissuração Locais sujeitos à fissuração Exemplos • Argamassa impermeável com aditivo hidrófugo; • Argamassa polimérica; • Cristalizante; • Cimento impermeabilizante de pega ultrarrápida. • Membrana de polímero modificado com cimento; • Membrana asfáltica; • Membrana acrílica; • Manta asfáltica; • Manta de PVC Fonte: Adaptado ABNT NBR 9575/2010, 2018 Segundo Moraes (2002) os sistemas de impermeabilização podem ser classificados ainda em: • Aderido: totalmente fixado ao substrato, seja por fusão ou colagem do material, asfalto quente ou maçarico; • Semi-aderido: quando a aderência é parcial e localizada em algumas partes; • Flutuante: quando é totalmente desligada do substrato e utilizada em estruturas de grande deformabilidade. 2.3.1.1 Impermeabilização rígida Segundo a ABNT NBR 9575/2010 (ABNT, 2010), impermeabilização rígida é o conjunto de materiais ou produtos aplicáveis nas partes construtivas não sujeitas à fissuração. Os impermeabilizantes rígidos não trabalham junto com a estrutura, o que leva a exclusão de áreas expostas a grandes variações de temperatura. • Argamassa impermeável com aditivo hidrófugo Em conformidade com a ABNT NBR 9575/2010 (ABNT, 2010) a argamassa impermeável com aditivo hidrófugo é um tipo de impermeabilizante não industrializado, constituída de cimento, areia, aditivo impermeabilizante e água, formando um revestimento com propriedades estanques. 24 Aditivos hidrófugos são compostos de sais metálicos e silicatos com pega normal (DENVER, 2016) e, proporcionam uma redução de permeabilidade e absorção capilar tornando, os concretos e argamassas, impermeáveis à infiltração da água e umidade (SIKA, 2018). A aplicação do aditivo deve ser feita em elementos que não estejam sujeitos a movimentações estruturais, pois ocasionariam a formação de trincas e fissuras. Esse aditivo não é recomendado para locais com exposição ao sol, uma vez que possa ocorrer dilatação (CUNHA E NEUMANN, 1979 apud RIGHI 2009). A aplicação de uma argamassa aditivada deve ser feita em duas ou três camadas, com espessura de aproximadamente 1 cm. Sua principal vantagem é a fácil aplicação e sua desvantagem é que a aplicação deve ser realizada em conjunto com outro sistema impermeabilizante (SIKA, 2018). • Argamassa polimérica As argamassas poliméricas são compostas por látex de polímeros e cimentos especiais aplicados como uma pintura sobre o substrato, formando uma película impermeável de excelente aderência (SILVEIRA, 2001). Este material pode ser aplicado sobre superfícies de concreto, alvenaria ou argamassa da seguinte forma: a primeira demão do produto será aplicada sobre o substrato úmido com uma trincha; após aguardar a secagem completa, deve-se aplicar a segunda demão em sentido oposto à primeira, e incorporar simultaneamente uma tela industrial de poliéster resinada; por fim deve-se fazer a aplicação das demais demãos, respeitando os devidos intervalos de secagem. A cura úmida deve ser de no mínimo três dias (VIAPOL, 2017). • CristalizantesOs cristalizantes são impermeabilizantes rígidos a base de cimentos especiais e aditivos minerais que possuem propriedade de penetração osmótica nos capilares da estrutura (DENVER, 2016). São aplicados sobre superfícies de concreto, 25 argamassa ou alvenaria, previamente saturadas com água, que preenchem os poros, tornando-os impermeáveis (VIAPOL, 2017). • Cimento impermeabilizante de pega ultrarrápida O cimento impermeabilizante de pega ultrarrápida é produto de uma solução aquosa com silicato modificado que quando misturado com água e cimento, transforma-se em hidrossilicato, que tem como característica ser um cristal insolúvel em água. Esse produto é usado como aditivo líquido de pega ultrarrápida nas pastas de cimento (SIKA, 2018). 2.3.1.2 Impermeabilização flexível Os sistemas flexíveis de impermeabilização compreendem o conjunto de materiais ou produtos aplicáveis em locais sujeitos a variações térmicas, grandes vibrações, cargas dinâmicas, recalques e forte exposição solar (MORAES, 2002). Segundo Righi (2009) a impermeabilização flexível pode ser de dois tipos: pré-fabricadas, chamadas de mantas, ou moldadas no local, chamadas de membranas. • Membrana de polímero modificado com cimento As membranas de polímero modificado com cimento têm como características a resistência a pressões hidrostáticas positivas, é de fácil aplicação, não altera a potabilidade da água, sendo atóxico e inodoro e acompanha as movimentações estruturais e fissuras previstas nas normas brasileiras (DENVER, 2016). Este sistema impermeabilizante é formado a base de resinas termoplásticas e cimento aditivado que resultam numa membrana de polímero modificada com cimento. Pode, também, conter adições de fibras de polipropileno aumentando sua flexibilidade (VIAPOL, 2017). A Figura 1 ilustra a impermeabilização de uma laje com membrana de polímero modificado com cimento. 26 Figura 1 – Impermeabilização de laje com membrana de polímero modificado com cimento Fonte: Construnormas, 2018 • Membranas asfálticas Membranas asfálticas utilizam materiais impermeabilizantes derivados de Cimentos Asfálticos de Petróleo (CAP), podendo ser aplicadas a frio como pintura, com trincha, rolo ou escova. Na primeira demão é aplicada no substrato seco, e a segunda é aplicada em sentido cruzado em relação à primeira. As demãos subsequentes são aplicadas na mesma forma, aguardando os intervalos para a secagem do produto. Podem ser aplicadas também a quente, mas estas requerem mão de obra especializada, pois é necessário o uso de caldeira (RIGHI, 2009). O uso das membranas é adequado em baldrames e fundações de concreto, além de serem empregadas como bloqueadores de umidade quando aplicadas em contrapisos (DENVER, 2016). • Membranas acrílicas As membranas acrílicas são impermeabilizantes à base de resinas acrílicas. A vantagem desse sistema é que não há necessidade de uma camada de proteção mecânica sobre a membrana. A desvantagem é que sem a camada de proteção mecânica faz-se necessária a reaplicação do produto periodicamente (DENVER, 2016). 27 • Mantas asfálticas As mantas asfálticas são feitas a base de asfaltos modificados com polímeros e armados com estruturantes especiais, sendo que seu desempenho depende da composição desses dois componentes. O asfalto presente na manta é o responsável pela impermeabilização. As principais vantagens da manta asfáltica são: menor tempo de aplicação; aplicação do sistema de uma única vez; espessura constante; fácil controle e não é necessário esperar a secagem (RIGHI, 2009). Na Figura 2 é apresentado a impermeabilização de uma laje com manta asfáltica. Figura 2 – Detalhe de impermeabilização com manta asfáltica Fonte: Corsini, 2011 Segundo Moraes (2002) para a colagem das mantas utiliza-se asfalto a quente (na manta com acabamento de areia na face de contato com o substrato) ou maçarico a gás (na manta com acabamento de polietileno na face de contato com o substrato). • Manta de PVC As mantas de PVC são formadas por duas lâminas de Policloreto de Polivinila (PVC), com espessura final que varia de 1,2 mm a 1,5 mm, e uma tela trançada de poliéster (RIGHI, 2009). São indicadas principalmente para obras enterradas e 28 coberturas, e possuem a vantagem de não aderir ao substrato, o que elimina o risco de rompimentos frente às movimentações da estrutura (LOTURCO, 2005). 2.4 Escolha da impermeabilização A seleção do sistema de impermeabilização a ser executado depende das situações em que o mesmo será empregado. O IBI afirma que “é fundamental que a escolha do sistema impermeabilizante seja sempre pautada em parâmetros técnicos e no conhecimento sobre os esforços mecânicos a que deverá suportar”. Segundo a ABNT NBR 9575/2010 (ABNT, 2010) o tipo adequado de impermeabilização a ser usado deve ser definido de acordo com as solicitações decorrentes do fluido nas partes construtivas onde se requer estanqueidade, podendo ocorrer nas seguintes formas: • Decorrente da água de condensação; • Decorrente da água de percolação; • Decorrente da umidade do solo; • Decorrente do fluido sob pressão unilateral ou bilateral. Souza e Melhado (1997) declaram que a escolha do sistema de impermeabilização deve seguir as seguintes orientações: • A máxima simplificação construtiva; • Ótima construtibilidade; • Satisfazer os requisitos de desempenho; • Durabilidade do sistema; • A compatibilidade do sistema de impermeabilização quando vinculado aos demais elementos, subsistemas e componentes do edifício; • Custo equivalente ao empreendimento. Schmitt (1990 apud MORAES, 2002) garante que os sistemas impermeabilizantes dizem respeito à especificação de diversos itens e que o projetista é quem irá determinar cada caso, individualizando as áreas e peças a serem impermeabilizadas, levando em consideração as seguintes orientações: • Escolha mais adequada do sistema de impermeabilização; 29 • Uso de materiais impermeabilizantes de acordo com o sistema mais indicado, selecionados em função dos itens seguintes: a) Tipo de água que age na peça analisada; b) Como a peça se comporta devido à movimentação térmica que estará sujeita; c) Desempenho do material selecionado; d) Relação proporcional de custo-benefício do material impermeabilizante. 2.5 Detalhes construtivos Segundo Freire (2007), a conquista de uma boa impermeabilização depende de uma série de detalhes construtivos para garantir a estanqueidade nos pontos críticos. A vedação correta desses detalhes prolonga a vida útil da impermeabilização, mas quando esses elementos são mal executados, se tornam as principais causas dos problemas de impermeabilização, e localizam-se nas bordas, encontros com ralos, juntas, tubulações, rodapés, entre outros. • Ralos O sucesso na execução do arremate do ralo é um dos detalhes construtivos mais importantes de todo processo de impermeabilização, visto que a falha da execução da camada impermeabilizante (antes do ralo) é uma das principais causas de patologias, acarretando grandes problemas no sistema (SOARES, 2014). A ABNT NBR 9575/2010 (ABNT, 2010) indica que os coletores devem ter diâmetro nominal mínimo de 75 mm, conforme mostra a Figura 3. Essa preocupação se deve à entrada da camada de material impermeabilizante dentro do coletor, que faz com que seu diâmetro nominal diminua. Com isso, deve ser utilizado um coletor de diâmetro maior, para chegar ao diâmetro ideal de projeto. 30 Figura 3 – Detalhes de ralo com aplicação de manta Fonte: Adaptado de Martins, 2016 • Rodapés O rodapé é um dos detalhes construtivos que tem papel essencial para o correto funcionamento do sistema, embora em muitos casos não receba a devida importância (SOARES, 2014). Conforme a ABNTNBR 9575/2010 (ABNT, 2010) é necessário executar um encaixe para embutir a impermeabilização, a uma altura mínima de 20 cm acima do nível do piso acabado, ou 10 cm do nível máximo que água pode atingir. No rodapé deve ser executado um rebaixo de 3 cm na parede com uma altura de 20 cm, para o encaixe da impermeabilização. Utiliza-se uma tela galvanizada para evitar fissuração e deslocamento da manta. A Figura 4 apresenta o esquema de impermeabilização do rodapé. 31 Figura 4 – Impermeabilização junto ao rodapé Fonte: Picchi (1986 apud BARBOSA, 2018) • Soleiras A ABNT NBR 9575/2010 (ABNT, 2010) relata que “nos locais limites entre áreas externas impermeabilizadas e áreas internas, deve haver diferença de cota de no mínimo 6 cm e ser prevista a execução da barreira física no limite da linha interna dos contramarcos, caixilhos e da linha externa”. A impermeabilização deve adentrar as áreas internas, criando uma barreira que separe as duas áreas. É necessário que a impermeabilização adentre no mínimo 50 cm na região coberta, elevando-se no mínimo 3 cm para evitar danos no interior do imóvel (SOARES, 2014). Na Figura 5 é exemplificado como deve ser feito o processo de impermeabilização em soleiras. 32 Figura 5 – Impermeabilização em soleira Fonte: Picchi (1986 apud BARBOSA, 2018) • Junta de dilatação As juntas de dilatação são projetadas para absorverem a variação volumétrica, vibrações e deslocamentos de uma determinada estrutura, a fim de evitar danos. De acordo com Soares (2014) podem ser definidas como a separação entre duas partes de uma estrutura, com ambos os elementos que possam movimentar-se, sem esforço entre eles. Imperalum (2014) afirma que “o tratamento das juntas de dilatação deve ser feito por materiais que absorvam, por deformação, os esforços de tração provocados pela movimentação da junta”, assim como mostrado na Figura 6. Figura 6 – Detalhe de impermeabilização em junta de dilatação Fonte: Imperalum, 2014 33 • Pingadeira A pingadeira serve para impedir o escorrimento de água nas estruturas verticais, de maneira a evitar a penetração do fluxo de água no arremate da impermeabilização (BARBOSA, 2018). Na Figura 7 é ilustrado detalhes de uma pingadeira. Figura 7 – Detalhe da pingadeira Fonte: Soares, 2014 O impermeabilizante deve subir através do elemento vertical e ter uma extensão abaixo da pingadeira, para que a água não penetre por baixo da camada impermeabilizante (CRUZ, 2003). A Figura 8 mostra como deve ser feita a impermeabilização em pingadeira. Figura 8 – Detalhe de impermeabilização em pingadeira Fonte: Cruz, 2003 34 • Tubos passantes De acordo com a ABNT NBR 9575/2010 (ABNT, 2010) “toda tubulação que atravesse a impermeabilização deve ser fixada na estrutura e possuir detalhes específicos de arremate e reforços de impermeabilização”. A Figura 9 ilustra o detalhamento da impermeabilização junto a tubos passantes em sistemas rígidos. Figura 9 – Impermeabilização junto a tubos passantes em sistemas rígidos Fonte: VEDACIT, 2017 2.6 Patologias decorrentes da falta ou da má execução do sistema de impermeabilização O IBI afirma que a falta ou a má execução do sistema de impermeabilização pode comprometer a vida útil da construção, o conforto do usuário, a credibilidade do construtor e na maioria das vezes, ainda representar custos inimagináveis. Os problemas gerados nas construções são demonstrados, em geral, por meio de manifestações externas. A partir dessas manifestações é possível identificar origem, causa, sintomas e mecanismos, assim como determinar possíveis 35 consequências associadas ao desenvolvimento de cada problema atuante, possibilitando assim, a elaboração do diagnóstico. Com base no diagnóstico, torna- se possível tomar medidas terapêuticas para solucionar o caso (ALMEIDA, 2008). Storte (2012) declara que a presença de qualquer tipo de umidade pode causar diversas manifestações patológicas nas estruturas, sendo estas classificadas em dois grupos: • Grupo 1: Manifestações patológicas provocadas pela infiltração d’água, devido à ausência ou falha da impermeabilização. • Grupo 2: Manifestações patológicas originárias do processo construtivo, que podem provocar o rompimento ou danos à impermeabilização. 2.6.1 Manifestações patológicas provocadas pela infiltração d’água devido à ausência ou falha da impermeabilização • Corrosão das armaduras A corrosão das armaduras é causada pela formação de uma pilha eletroquímica no interior da estrutura de concreto armado, a partir do qual se desenvolve um cátodo e um ânodo na barra de aço, onde a parte anódica é oxidada, e a catódica, reduzida (MACEDO et al., 2017). A Figura 10 ilustra um exemplo desse tipo de corrosão em armadura. Figura 10 – Corrosão de armaduras por infiltração de água Fonte: Medeiros, 2010 36 • Carbonatação do Concreto Carbonatação é a transformação dos hidróxidos de cálcio Ca(OH)2 e magnésio Mg(OH)2 em carbonatos. José (2009) explica que a penetração de ar nos poros do concreto, através de fissuras ou dos espaços oriundos da lixiviação de cal hidratada, resulta no contato do CO2 do ar com Ca(OH)2 e Mg(OH)2, e em presença de umidade, acontecem reações químicas que darão origem a carbonato de cálcio (CaCO3) e a carbonato de magnésio (MgCO3). A Figura 11 ilustra como ocorre o processo de carbonatação do concreto. A carbonatação do concreto, principalmente em concretos porosos ou com baixo cobrimento das armaduras, diminui a alcalinidade do concreto para valores de PH inferiores a 10. A diminuição da alcalinidade provoca a destruição da capa passivadora da armadura, e quando em presença de água (eletrólitos), oxigênio e diferença de potencial da armadura, ocasiona a corrosão (STORTE, 2012). Figura 11 – Processo de carbonatação do concreto Fonte: Revista Especialize On-line IPOG, 2015 37 • Eflorescência e lixiviação Eflorescência e lixiviação são definidas, respectivamente, como manchas esbranquiçadas que surgem na superfície do concreto e a formação de estalactite, conforme mostrado na Figura 12 (MARTINS, 2016). Segundo Storte (2012) a eflorescência é constituída principalmente de sais de metais alcalinos (Na e K) e alcalino-terrosos (Ca e Mg). Como resultado da exposição à água de infiltrações ou intempéries os sais presentes são dissolvidos e migram para a superfície e se solidificam em contato com o ar, resultando em depósitos, e então, originam as manchas brancas. Como consequência, a textura e a coloração são modificadas, causando alteração da aparência do elemento onde se deposita. Além dos prejuízos estéticos, pode-se ocasionar posteriormente no aparecimento de manifestações patológicas mais sérias. O processo de lixiviação acontece na presença de água quando o concreto for mal adensado, e/ou estiver, por algum motivo, fissurado ou apresentar juntas mal executadas, permitindo a penetração da água (MARTINS, 2016). Figura 12 – Eflorescência e lixiviação em encontro de vigas Fonte: Souza, 2008 38 • Bolor ou mofo Conforme Alucci et al. (1988), o desenvolvimento de bolor ou mofo em edificações pode ser considerado como um grande problema com grandeza econômica e ocorrência comum em regiões tropicais. A Figura 13 ilustra a presença de mofo na face inferior de uma laje. Figura 13 – Mofo em Laje Fonte: Pinto e Aguiar, 2016 Essa patologia provoca alteração na superfície, exigindo na maioria das vezes a recuperação ou até mesmo a necessidade de se refazer revestimentos, gerando gastos dispendiosos. O crescimento de bolor está diretamente ligado à existência de umidade (ALUCCI; FLAUZINO; MILANO, 1988). De acordo com Souza (2008) “o emboloramento nada mais é do que uma alteração que pode serconstatada macroscopicamente na superfície de diferentes materiais, sendo consequência do desenvolvimento de micro-organismos pertencentes ao grupo dos fungos”. Assim como todos os organismos vivos, os fungos possuem seus desenvolvimentos afetados com as condições ambientais, sendo a umidade um fator essencial. Os fungos precisam sempre de um teor de umidade elevado no material onde se desenvolvem ou uma umidade relativamente elevada no ambiente (SOUZA, 2008). 39 2.6.2 Manifestações patológicas originárias do processo construtivo, que podem provocar o rompimento ou danos à impermeabilização. • Trincas e fissuras As trincas são definidas como o estado em que um objeto se encontra ao estar separado em partes, e por representar a ruptura dos elementos, podem diminuir a segurança de componentes estruturais de um edifício (SANTOS, 2013). De acordo com Santos (2013) as fissuras são aberturas finas e alongadas, geralmente superficiais, que não comprometem, necessariamente, a segurança das construções. A ABNT NBR 8802/2013 (ABNT, 2013) faz a seguinte diferenciação entre fissura e trinca: a) Fissura: ruptura presente no material com abertura de até 0,5 mm; b) Trinca: ruptura com abertura superior a 0,5 mm. De acordo com Storte (2012), as fissuras e trincas são importantes manifestações patológicas, pois podem ser avisos de um eventual problema estrutural ou estado perigoso. No entanto, são responsáveis por provocar o comprometimento da estanqueidade da edificação e o constrangimento psicológico dos usuários. A Figura 14 traz exemplos de fissuras e trincas. Figura 14 – Fissuras e trincas Fonte: Mapa da obra, 2016 40 Storte (2012) explica que as causas responsáveis pelo aparecimento de trincas e fissuras são: • Variações térmicas; • Teor de umidade dos materiais; • Sobrecargas; • Deformação excessiva do concreto armado; • Recalques diferenciais; • Retração hidráulica; • Ninhos e falhas de concretagens; • Recobrimento das armaduras; • Chumbamento de peças. 2.7 Manutenção De acordo com a ABNT NBR 5674/2012 (ABNT, 2012) manutenção é um conjunto de atividades a serem realizadas para conservar ou recuperar a capacidade funcional da edificação e de suas partes constituintes de atender as necessidades e segurança dos seus usuários. 2.7.1 Manutenção preventiva A ABNT NBR 5674/2012 (ABNT, 2012) declara que a manutenção preventiva está relacionada às responsabilidades do proprietário a respeito dos cuidados e prevenções que devem ser executados no decorrer do uso da habitação. O mesmo deve estar ciente de suas responsabilidades com a manutenção do imóvel e deve ainda, observar o estabelecido nas normas técnicas e no manual de operação técnico de uso e manutenção de sua edificação. De posse das informações dos projetos, materiais e produtos utilizados e da execução da obra, deve ser produzido por profissional habilitado, devidamente contratado pelo contratante, um manual de utilização, inspeção e manutenção. Esse manual deve especificar, de forma clara e sucinta, os requisitos básicos para a utilização e a manutenção preventiva, necessários para garantir a vida útil prevista para a estrutura, conforme indicado na ABNT NBR 5674 (ABNT NBR 6118/2014, 2014, p. 206). 41 A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC, 2014) pauta pontos importantes a respeito da manutenção preventiva, os quais são dispostos a seguir: • Ser necessário um plano de manutenção específico, que atenda às diretivas da ABNT NBR 5674/2012, às especificações dos fabricantes e às normas específicas do sistema, quando houver; • Em caso de a impermeabilização sofrer danos, não deve ser executado reparos com materiais e sistemas diferentes aos aplicados originalmente; isso pode comprometer o desempenho do sistema em caso de incompatibilidade; • Quando a impermeabilização necessitar de reparos, deve-se contatar uma empresa especializada. 2.7.2 Manutenção corretiva Segundo Lourenço e Mendes (2011) “a manutenção corretiva geralmente tem caráter emergencial e é empregada para permitir a recuperação da estrutura gravemente avariada, quando normalmente já existe impossibilidade de uso”. A manutenção corretiva costuma ser a mais comum, e é caracterizada por serviços de manutenção realizados quando a manifestação patológica já está aparente (HELENE, 1992 apud CASTRO; MARTINS, 2014). De acordo com o IBAPE (2012) as falhas de um edifício podem ser causadas a partir de vários aspectos: planejamento, execução, operacional e gerencial. Por estas diversas causas, é possível que as manutenções não solucionem todos os problemas, quando não eliminam as causas reais e sim os efeitos. No caso de infiltração, quando constatada com o imóvel já em uso, os gastos com a correção podem chegar a 10% do custo total da obra, e dependendo do padrão de acabamento interno os prejuízos podem ser ainda maiores, afirma o IBI. 42 3 METODOLOGIA As diretrizes utilizadas para a concepção deste trabalho são apresentadas a seguir: • Pesquisa e levantamento de informações que pudessem auxiliar na compreensão do tema; • Elaboração da revisão bibliográfica com base em pesquisas em livros, artigos, revistas, normas técnicas, teses e dissertações; • Realização de estudo de caso Primeiramente selecionou-se um edifício residencial multifamiliar, localizado na cidade de Aparecida de Goiânia, que apresentasse manifestações patológicas de impermeabilização. O critério de escolha da edificação se deu por meio de relatos de pessoas ligadas ao ambiente, sobre o número expressivo de manifestações patológicas localizadas no edifício. Com base nisso, foi feito uma vistoria inicial do local para escolha do ambiente a qual será estudado. A partir daí, definiu-se que o painel de lajes do subsolo seria o mais adequado, pois apresenta uma quantidade significativa de manifestações patológicas decorrentes do insucesso na impermeabilização. Posteriormente, realizou-se uma visita técnica ao edifício escolhido onde foram consultados os funcionários, analisou-se o histórico do condomínio e obtiveram-se registros escritos e fotográficos. A partir das informações coletadas e com base na revisão bibliográfica foi possível estabelecer as causas e origens mais prováveis para o aparecimento das manifestações patológicas presentes. Por último, foi proposta a alternativa mais adequada para solucionar o caso, considerando o tipo de sistema impermeabilizante a ser utilizado e seu respectivo método executivo. 43 4 ESTUDO DE CASO O painel de lajes em estudo faz parte do edifício residencial multifamiliar localizado na cidade de Aparecida de Goiânia – GO, cuja identificação não será exposta por motivos de ética profissional. O edifício possui cerca de 40 m de altura, 13 pavimentos tipo com 4 apartamentos residenciais por andar, garagens no térreo e subsolo, sendo as lajes desse pavimento o alvo do estudo de caso deste trabalho. O edifício foi construído em 2006 com o sistema construtivo convencional de lajes, vigas e pilares em concreto armado. Há 2 anos houve a necessidade de correção no sistema de impermeabilização, porém não resolveu o problema, agravando-o ainda mais. A Figura 15 apresenta o corte esquemático do edifício e indica o painel de lajes a ser estudado. Figura 15 – Corte Esquemático Fonte: Autoras, 2018 44 4.1 Descrições das manifestações patológicas Para o estudo de caso foi realizada uma visita técnica no imóvel para identificar os danos no sistema de impermeabilização. O local em estudo é um painel de lajes de estacionamento (Figura 16) localizado no subsolo de um edifício residencial. Os pontos com ocorrência de manifestações patológicas foram verificados, fotografados e localizados no croqui do painel de lajes apresentado na Figura 17.Figura 16 – Painel de lajes estudado Fonte: Autoras, 2018 Figura 17 – Croqui do painel de lajes com os pontos críticos Fonte: Autoras, 2018 4 4 45 Os nove pontos críticos do sistema de impermeabilização são analisados a seguir, especificando os tipos de manifestações patológicas presentes na face superior e inferior da laje de cada ponto, além de apontar suas possíveis causas. • Ponto 1 – Face superior da laje A face superior da laje, no ponto 1, possui fissuras e trincas na membrana impermeabilizante por não resistir aos esforços de deformação, devido a falhas na execução e/ou mau uso do produto. A Figura 18 mostra as fissuras e trincas na membrana. Figura 18 – Fissuras e trincas na parte superior da laje no ponto 1 Fonte: Autoras, 2018 • Ponto 1 – Face inferior da laje A face inferior da laje, localizada no ponto 1, possui manchas de umidade, mofo e bolhas na pintura, assim como o ilustrado na Figura 19. Esses problemas foram causados pela infiltração de água através das fissuras e trincas presentes na face superior. 46 Figura 19 – Face inferior da laje no ponto 1 Fonte: Autoras, 2018 • Ponto 2 – Face superior da laje A Figura 20 mostra a face superior da laje no ponto 2, no qual localiza-se uma junta de dilatação com descolamento da membrana impermeabilizante e desgaste superficial precoce. Isso ocorreu devido à execução deficiente dos detalhes construtivos do sistema impermeabilizante. Figura 20 – Face superior da laje no ponto 2 Fonte: Autoras, 2018 47 • Ponto 2 – Face inferior da laje A face inferior da laje no ponto 2 possui trincas, descobrimento e corrosão da armadura, assim como mostrado na Figura 21. O descolamento da membrana impermeabilizante da junta de dilatação permitiu a passagem de água, provocando assim o aparecimento das manifestações patológicas nesse ponto. Figura 21 – Face inferior da laje no ponto 2 Fonte: Autoras, 2018 • Ponto 3 – Face superior da laje A face superior da laje no ponto 3 apresenta fissuras, trincas e descolamento da impermeabilização, assim como ilustrado na Figura 22. As causas prováveis para o aparecimento desses problemas são: má execução da impermeabilização; uso de materiais ou métodos de baixa qualidade. 48 Figura 22 – Face superior da laje no ponto 3 Fonte: Autoras, 2018 • Ponto 3 – Face inferior da laje A Figura 23 ilustra a face inferior da laje no ponto 3, que possui mofo, eflorescência e estalactites. Essas manifestações patológicas foram causadas pela infiltração de água através das fissuras e trincas presentes na face superior da laje. Figura 23 – Face inferior da laje no ponto 3 Fonte: Autoras, 2018 49 • Ponto 4 – Face superior da laje As falhas presentes na face superior da laje no ponto 4, ilustradas pela Figura 24, são: fissuras, trincas e descolamento da membrana impermeabilizante. A retenção de água no piso é consequência da declividade pouco significativa no local. Tudo isso se deu devido à má execução do sistema impermeabilizante e da inexistência de um projeto específico para a impermeabilização. Figura 24 – Face superior da laje no ponto 4 Fonte: Autoras, 2018 • Ponto 4 – Face inferior da laje A face inferior da laje, no ponto 4, apresenta eflorescência e manchas avermelhadas que indicam corrosão da armadura conforme ilustrado na Figura 25. Isso ocorreu devido à penetração de água através das fissuras e trincas presentes na face superior. 50 Figura 25 – Face inferior da laje no ponto 4 Fonte: Autoras, 2018 • Ponto 5 – Face superior da laje No ponto 5 está localizado um ralo coletor de água pluvial, e seu entorno apresenta trincas na membrana impermeabilizante, assim como mostrado na Figura 26. Verificou-se que foi feita uma manutenção corretiva de selamento das trincas que não foi suficiente para resolver o problema. Figura 26 – Face superior da laje no ponto 5 Fonte: Autoras, 2018 51 • Ponto 5 – Face inferior da laje As manifestações patológicas presentes na face inferior do ponto 5 são mofo e manchas de umidade. A causa disto está ligada às fissuras e erros de execução da impermeabilização do ralo presente na face superior. A Figura 27 ilustra o local com os problemas citados. Figura 27 – Face inferior da laje no ponto 5 Fonte: Autoras, 2018 • Ponto 6 – Face superior da laje No ponto 6 localiza-se uma junta de dilatação com o mástique exposto devido ao descolamento da membrana impermeabilizante, como ilustrado na Figura 28. A causa está relacionada à má execução da junta e à falta de um projeto específico para os detalhes construtivos da impermeabilização. 52 Figura 28 – Face superior da laje no ponto 6 Fonte: Autoras, 2018 • Ponto 6 – Face inferior da laje A face inferior da laje no ponto 6 possui mofo e eflorescência, assim como mostrado na Figura 29. O descolamento da membrana impermeabilizante da junta de dilatação permitiu a passagem de água, provocando assim o aparecimento das manifestações patológicas. Figura 29 – Face inferior da laje no ponto 6 Fonte: Autoras, 2018 53 • Ponto 7 – Face superior da laje A face superior da laje no ponto 7 apresenta fissuras e trincas, assim como ilustrado na Figura 30. As causas do aparecimento desses problemas são: má execução da impermeabilização; uso de materiais ou métodos de baixa qualidade. Figura 30 – Face superior da laje no ponto 7 Fonte: Autoras, 2018 • Ponto 7 – Face inferior da laje A face inferior da laje no ponto 7 apresenta mofo e eflorescência, conforme ilustrado na Figura 31. Isso ocorreu devido à penetração de água através das fissuras e trincas presentes na face superior da laje, resultando na formação de bolhas e descolamento da pintura. 54 Figura 31 – Face inferior da laje no ponto 7 Fonte: Autoras, 2018 • Ponto 8 – Face superior da laje A face superior da laje, localizada no ponto 8, apresenta fissuras, trincas e descolamento da membrana impermeabilizante, assim como mostrado na Figura 32. As causas responsáveis pelo aparecimento desses problemas são: má execução da impermeabilização e uso de materiais de baixa qualidade. Figura 32 – Face superior da laje no ponto 8 Fonte: Autoras, 2018 55 • Ponto 8 – Face inferior da laje As manifestações patológicas presentes na face inferior do ponto 8 são: manchas de umidade, mofo e estalactites. Estas falhas foram ocasionadas pela penetração de água através das fissuras e trincas presentes na face superior. A Figura 33 ilustra o local com os problemas citados. Figura 33 – Face inferior da laje no ponto 8 Fonte: Autoras, 2018 • Ponto 9 – Face superior da laje No ponto 9 encontra-se fissuras, trincas e uma junta de dilatação com descolamento da membrana impermeabilizante, como mostrado na Figura 34. A causa foi a falha na execução do detalhe construtivo devido à falta de mão de obra qualificada. 56 Figura 34 – Face superior da laje no ponto 9 Fonte: Autoras, 2018 • Ponto 9 – Face inferior da laje A Figura 35 ilustra a face inferior da laje no ponto 9, na qual apresenta mofo e eflorescência como consequência da infiltração da água por entre as falhas da face superior. Figura 35 – Face inferior da laje no ponto 9 Fonte: Autoras, 2018 57 4.2 Proposta de solução O local a ser impermeabilizado é um painel de lajes de estacionamento sujeito a movimentações estruturais em função de variações térmicas e da sobrecarga, e aos desgastes provocados pela rodagem dos carros e por manobras de pneus. Diante disso, recomenda-se o sistema impermeabilizante com manta asfáltica.Ferreira (2012) afirma que a manta asfáltica é um dos métodos de impermeabilização mais utilizados no Brasil. É um sistema de impermeabilização flexível, industrializado e pré-fabricado. Pode ser fabricada por diversos fornecedores e comercializada em rolos, geralmente com 1 m de largura e 10 m de comprimento, tendo espessura variável (conforme especificação) de 3 a 5 mm. Para escolha do sistema impermeabilizante levou-se em consideração alguns aspectos diferenciais da manta asfáltica: boa resistência à abrasão e à tração; facilidade de execução e mão de obra eficaz por ser um sistema bastante consolidado; confiabilidade por garantir a estanqueidade total, mesmo com a quantidade de interferências identificadas no local. 4.2.1 Método executivo O processo de reimpermeabilização é composto pelas seguintes etapas: preparação; imprimação; aplicação da manta asfáltica; teste de estanqueidade; execução da junta de dilatação; camada separadora; proteção mecânica. • Preparação A preparação é a primeira etapa a ser executada, e consiste em: a) Demolição do piso de concreto em todas as faixas de rodagem, adentrando entre 0,80 m e 1,5 m para as áreas de garagem coberta do térreo; b) Demolição de todo o sistema de impermeabilização existente sobre a laje (pista de rodagem). 58 Após a demolição da impermeabilização será feita a camada regularizadora para que sejam garantidos os caimentos de 1%, além de evitar partes soltas no revestimento, assim como ilustrado na Figura 36. Dessa forma, a integridade da base de assentamento da manta é garantida, resultando numa perfeita aderência da camada impermeabilizante e correto fluxo de água. Figura 36 – Regularização da laje Fonte: Busian, 2013 Em seguida, fazem-se os preparos para a posterior execução dos detalhes construtivos, que são: a) Abertura de canaletas de no mínimo 2 cm x 2 cm a pelo menos 20 cm acima do piso acabado por todo o perímetro da área a ser impermeabilizada; b) Execução dos rebaixos ao redor dos ralos com 1 cm em uma área de aproximadamente 40 cm x 40 cm para a posterior colocação do reforço de manta; c) Execução de meia-cana de no mínimo 3 cm de altura em todo o perímetro da área a ser executada e nos encontros da estrutura para melhor aderência da manta. d) Ao término desses serviços, a superfície da laje deve ser limpa, seca e isenta de óleos e quaisquer partículas soltas e/ou pontiagudas de qualquer natureza. 59 • Imprimação Após a preparação da base, toda a superfície a qual será aplicada a manta deve receber imprimação, garantindo assim a aderência entre a superfície e a manta. Essa aplicação pode ser feita com pincel, pistola ou rolo de lã de carneiro respeitando o consumo mínimo projetado, conforme mostra a Figura 37. Em seguida, deve-se aguardar pela secagem pelo período indicado pelo fabricante. Figura 37 – Imprimação Fonte: Minerato, 2013 • Aplicação da manta asfáltica A aplicação da manta asfáltica é feita por empresas dos mais variados portes – muitas construtoras utilizam mão de obra própria para realizar a impermeabilização, por exemplo, ao mesmo tempo em que existem pequenas empresas que também utilizam o sistema. Essa é uma das partes mais críticas no que diz respeito ao risco de falhas na impermeabilização. Por isso, todo cuidado é pouco ao escolher a empresa para realizar este serviço, que deve ser especializada e qualificada. A execução da manta asfáltica inicia-se pelos pontos críticos como os ralos e tubos passantes, conforme detalhado no item 2.5, seguindo no sentido das extremidades de maneira a obedecer ao escoamento da água. Por último é 60 realizada a impermeabilização no rodapé, assim como especificado no item 2.5 obedecendo o transpasse mínimo de 10 cm. Para a fixação da manta utiliza-se asfalto a quente ou maçarico. Durante a colagem, deve-se atentar para que não haja superaquecimento do material e o aparecimento de bolhas de ar embaixo da manta. As emendas devem ter transpasse mínimo de 10 cm, executando o selamento das emendas com roletes, espátulas ou colher de pedreiro de pontas arredondadas. A Figura 38 mostra a impermeabilização de uma laje com manta asfáltica. Figura 38 – Aplicação da manta asfáltica com maçarico Fonte: Revista Fundações, 2018 • Teste de estanqueidade O teste de estanqueidade deve ser realizado após a colagem de toda a manta para verificar o êxito da aplicação. Devem-se encher os locais impermeabilizados com uma lâmina d’água de 10 cm, conforme mostra a Figura 39. Após o tempo mínimo de 72 horas é feita a leitura do nível, comparando com a lâmina inicial para constatar se houve falha. Se forem constatadas falhas de colagem da manta, deve-se reparar e executar novamente o teste de estanqueidade. 61 Figura 39 – Teste de estanqueidade Fonte: Corsini, 2011 • Execução das juntas de dilatação A execução das juntas de dilatação consiste em: a) Preparar a superfície lixando e escovando até se tornar áspera, para garantir a total aderência do selante; b) Aplicar a fita adesiva nas duas laterais ao longo de toda a abertura antes de realizar a selagem, assim como mostrado na Figura 40, para que os restos do selante não manchem a superfície próxima à junta; Figura 40 – Aplicação de fita adesiva Fonte: Loureçon, 2011 62 c) Encaixar o mástique ao longo da abertura da junta a fim de impedir que o selante cole no fundo da abertura e, depois de seco, rasgue ou fissure, assim como ilustra a Figura 41. Esse produto deve se aderido apenas nas laterais, e a sua espessura deve ser pelo menos 25% maior do que a largura da junta, para que ele faça pressão sobre as paredes. Caso contrário, o produto pode vazar para o fundo da abertura; Figura 41 – Aplicação do mástique Fonte: Loureçon, 2011 d) Cortar o bico aplicador do selante em um ângulo de 45o, de modo que a altura do furo seja igual à largura da junta; e) Encaixar o tubo de selante na pistola aplicadora e pressionar o gatilho para aplicar o produto. • Camada separadora A camada separadora deve ser executada para evitar a aderência de outros materiais sobre a camada impermeável, além de impedir que os esforços de dilatação e contração da proteção mecânica danifiquem a impermeabilização. Podem ser utilizados: filme de polietileno, papel kraft ou manta geotêxtil. 63 A Figura 42 mostra a execução da camada separadora utilizando manta geotêxtil. Figura 42 – Manta geotêxtil Fonte: Bidim, 2004 • Proteção mecânica A proteção mecânica consiste na execução de piso de concreto de acordo com o especificado em projeto, com a finalidade de absorver e dissipar os esforços estáticos e dinâmicos atuantes no local, assim como ilustrado na Figura 43. Figura 43 – Proteção mecânica Fonte: Bidim, 2004 64 5 CONCLUSÃO Visando compreender as falhas da impermeabilização, neste trabalho foram analisadas e caracterizadas as manifestações patológicas de um painel de lajes de estacionamento em um edifício com 12 anos de uso. Apesar de ser uma edificação relativamente nova, há 2 anos fez-se uma intervenção corretiva que não foi suficiente para restabelecer a estanqueidade do local. Em decorrência da má execução do sistema impermeabilizante, da falta de projeto específico de impermeabilização, da deficiência do material utilizado e da falha nos detalhes construtivos observou-se que os problemas existentes foram agravados gerando transtornos e preocupações aos condôminos. As manifestações patológicas resultantes da ação deletéria da umidade estão presentes em todas as fases de uma edificação, desde o projeto até a manutenção, sendo a prevenção a melhor solução. Confirmou-se neste trabalho que a ausência de manutenção pode agravar quadros patológicos restando comoúnica alternativa a reconstituição total do componente. Para solucionar o caso foi sugerido uma nova impermeabilização com o sistema flexível de manta asfáltica, que é adequado para o local em estudo devido a alguns aspectos como: resistência aos esforços mecânicos, simplificação construtiva, consolidação e confiabilidade do sistema. Diante do exposto, pode-se inferir que a impermeabilização é de extrema importância e merece devida atenção em cada etapa, obedecendo às recomendações das normalizações específicas, às instruções do manual do fabricante, aos detalhes construtivos e à contratação de mão de obra qualificada. 65 REFERÊNCIAS ALMEIDA, R. Manifestações patológicas em prédio escolar: uma análise qualitativa e quantitativa. 2008. 202 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia civil) – Centro de Tecnologia da Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, 2008. ALUCCI, M. P.; FLAUZINO, W. D.; MILANO, S. Bolor em edifícios: causas e recomendações. São Paulo: Pini, 1988. ANTONELLI, G. R.; CARASEK, H.; CASCUDO, O. Levantamento das manifestações patológicas de lajes impermeabilizadas em edifícios habitados de Goiânia-Go. In: IX ENCONTRO NACIONAL DO AMBIENTE CONSTRUÍDO. Foz do Iguaçu, 2002. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15575: Edificações habitacionais – Desempenho. Rio de Janeiro, 2013. 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