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ALQUIMIA ESPAGÍRICA - RUBELLUS PETRINUS

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A espagíria é a aplicação da arte da alquimia na preparação de tinturas
vegetais e metálicas e, bem assim, na de compostos minerais, de espíritos e
de mênstruos. Ela consiste em provocar uma evolução da matéria para a
purificar e exaltar o que não é possível fazer sem longas e subtis operações
que alguns autores antigos nunca revelaram claramente.
Espagíria, na terminologia grega, significa separar, dividir e coligar ou
unir. A arte espagírica foi praticada desde os mais recuados tempos,
florescendo nos principais núcleos de civilização conhecidos.
As preparações espagíricas são baseadas em obras naturais da Geração
Universal, pelas quais se pode extrair da matéria a sua quinta-essência, cuja
constituição pode ser enobrecida de forma que possam ser assimiladas pelo
ser humano.
Qual é a diferença de uma vulgar tintura de uma planta e de uma
preparação espagírica? A tintura é uma simples maceração de uma planta
medicinal num meio alcoólico, normalmente a 60 graus. A preparação
espagírica abre a planta, isto é, separa alquimicamente os seus
componentes primordiais, Mercúrio, Enxofre e Sal e, depois, volta a uní-
los numa combinação íntima na Circulação.
Mas, o grande Arcano vegetal é o Primeiro Ser vegetal ou a volatilização
do Sal. Este é um dos segredos da espagíria vegetal que poucos artistas
conhecem e os que a conhecem, conforme a tradição, nunca o revelam em
linguagem clara. «Se não sois capazes de obter o Alkaest aprendei, ao
menos, a volatilizar o sal de tártaro...» Van Helmont.
Não nos referimos à teoria das correspondências planetárias adoptadas por
alguns autores modernos e até por alguns clássicos como Paraselso, que
diz: «E como a medicina não deve produzir efeito sem a participação do
céu, esta deve fazer-se sob a sua influência.» Muitos autores clássicos e
mesmos alguns contemporâneos não perfilham esta opinião, limitando-se a
descrever as suas preparações alquimicamente.
A espagíria metálica ou mineral, como já dissemos, é a preparação de
tinturas a partir de minerais ou metais. A espagíria vegetal é praticamente
inócua se não se trabalhar com plantas tóxicas. O mesmo não acontece com
a espagíria metálica. Esta só deverá ser praticada por artistas com muita
experiência nas manipulações laboratoriais porque alguns compostos
metálicos são tóxicos.
Rubellus Petrinus
LABORATÓRIO ESPAGÍRICO ALQUÍMICO
Para instalardes o vosso laboratório de espagíria alquímica, necessitareis,
em primeiro lugar, um sítio adequado bem ventilado e iluminado para
trabalhardes em sossego. Às vezes, num apartamento, não é nada fácil
consegui-lo. 
É importante que todas as matérias e utensílios estejam fora do alcance das
crianças, não só pelo perigo que pode advir ao partir-se acidentalmente um
vaso de vidro como também do manuseamento de algumas substâncias
tóxicas. Rotulai sempre os frascos de produtos químicos para saberdes o
seu conteúdo e não haver engano.
Precisareis de uma mesa ou uma bancada de preferência em madeira com
tampo de fórmica e algumas prateleiras para arrumar o material. Colocai,
também, uma tomada de corrente perto da mesa.
A primeira coisa que tereis de arranjar é uma ou mais fontes de calor. Sem
fogo não há transformação da matéria. O fogo é o espírito transformador
da alquimia.
Antigamente, os mestres usavam, quase exclusivamente, o carvão como
fonte de energia térmica. Não existiam, como hoje, outras formas de
energia mais cómodas e mais fáceis de regular. Imaginai o incómodo que
seria se tivésseis na vossa casa um fogão a carvão aceso permanentemente.
Ireneu Filaleto, no seu livro A Entrada Aberta ao Palácio Fechado do Rei,
descreve com grande pormenor a construção de um forno ou Athanor
alimentado a carvão.
Como não é prático nem cómodo trabalhar com o carvão, muitos artistas
optaram pelo gás, também ele um elemento natural extraído da terra. É
mais prático, mais limpo e mais fácil de regular.
Outra fonte de calor actualmente usada também, é a energia eléctrica. Há
uma grande controvérsia quanto à utilização da electricidade nas operações
alquímicas. Alguns afirmam que é uma energia artificial e, por isso, os
resultados poderão ser alterados.
Não somos da mesma opinião. É certo que uma corrente eléctrica aplicada
a uma resistência metálica provoca um campo electromagnético que,
provavelmente, até nem terá influência nas reacções químicas, pois não há
certeza disso.
Por outro lado, sabe-se que a corrente eléctrica, embora produzida
artificialmente, é proveniente de um fenómeno natural. O campo
electromagnético de um alternador é produzido pela corrente da excitatriz,
corrente esta gerada pela rotação mecânica e pelo magnetismo
remanescente e natural dos polos do estator.
Por isso, em nossa opinião, a corrente eléctrica tem origem num fenómeno
natural e não será prejudicial, porque o calor é produzido por um metal
incandescente.
A corrente eléctrica tem uma grande vantagem sobre outras fontes de
energia. A temperatura pode ser regulada com bastante precisão e os fornos
são geralmente pequenos e leves relativamente aos de gás.
Além disso, poderão estar ligados permanentemente sem haver a
preocupação de se acabar o gás ou a boca do fogão se apagar por qualquer
razão e o gás não ser queimado, podendo dar lugar a uma explosão com as
suas funestas consequências. Para certas operações, poder-se-á usar, no
entanto, um pequeno fogão a gás "camping", com uma escudela com banho
de areia.
Em vez do "camping", pode-se utilizar um pequeno fogão portátil de uma
ou duas bocas, alimentado por uma botija de gás butano. No entanto, em
destilações, digestões e circulações, recomendamos um forno eléctrico, por
ser mais fácil de instalar, mais limpo e, sobretudo, por poder estar ligado
durante muito tempo. 
Há digestões e circulações que demoram uma semana ou mais a fazer, por
isso, o forno terá de estar todo esse tempo ligado. É claro que pode haver
uma falha de energia e a operação vir a ser interrompida.
Isso seria grave tratando-se da Terceira Obra de uma via alquímica, porque
a obra perder-se-ia irremediavelmente. No entanto, na maior parte dos
casos, não tem importância, porque a operação interrompida poderá
prosseguir logo que a energia seja reposta. Além disso, não são frequentes
os cortes de energia.
Noutros textos, vos explicaremos como construir diferentes fornos
eléctricos, a partir de materiais simples e fáceis de encontrar. É evidente
que há casos em que se tem de usar, exclusivamente, fornos a gás. É o caso
da via seca, propriamente dita. Neste caso, a temperatura do forno terá de
atingir cerca de mil graus para operar. Por isso, o forno terá de ser instalado
no exterior, num local apropriado.
ALAMBIQUE DE 2 OU 3 LITROS
O alambique é dos utensílios (enseres) mais importantes quer nos trabalhos
espagíricos ou alquímicos.
Sem este aparelho não há espíritos, que são tão importantes na nossa Arte.
Actualmente não é fácil encontrar um mestre vidreiro que possa fazer um
alambique tal como os que eram usados pelos nossos antigos Mestres.
Em certos casos podereis usar um alambique de cobre, mas quando se trata
da destilação de espíritos ácidos o alambique terá de ser de bom vidro
Pirex.
As retortas para 2 ou 3 litros são muito volumosas e é ainda mais difícil
encontrá-las. 
Por isso tereis, inevitavelmente, de procurar um mestre vidreiro que vos
possa fabricar um alambique de vidro.
Alambique de 2 litros com forno eléctrico
Como cucúrbita normalmente é usado um balão de fundo plano ou cónico
conhecido por Erlenmeyer ou um esférico de 2 ou 3 litros com colo curto.
O capitel é um pouco mais difícil de fazer. O mestre vidreiro usa um balão
de vidro Pirex esférico, aquece-o junto ao colo e empurra-o para dentro
criando, assim uma concavidade onde os líquidos condensados se
depositam. Para uma cucúrbita de 3 litros o balão do capitel deverá ser de1,5 litros. 
Depois adaptam um tubo cónico "corno" de 25 cm de comprimento na
concavidade do balão para que o líquido condensado e depositado nessa
concavidade possa escorrer para o exterior. Na ponta desse tubo cónico é
feita uma rodagem a esmeril de IN19 mm macho.
No colo do balão do capitel é adaptada uma rodagem macho IN45 mm e na
cucúrbita uma rodagem fêmea também de IN45 mm. Se a cucúrbita for de
maior capacidade a rodagem deverá ser de IN70 mm. Por vezes é aqui é
que está a dificuldade. É necessário uma máquina apropriada para fazer
estas rodagens a esmeril que muito artistas não têm.
O vaso receptor (rematero) ideal será feito de um balão esférico de 2 litros
com um colo curto e uma rodagem fêmea de IN29 mm. Como a ponta do
corno do alambique é de 19 mm terá de ser feito um adaptador que permita
a conexão entre os dois. Este adaptador terá numa extremidade uma
rodagem fêmea de 19 mm e na outra um macho de 29 mm.
O balão receptor deverá de ter na pança um tubo respirador pequeno, sem o
qual o alambique explodiria por excesso de pressão no seu interior.
Há quem diga que somos demasiado conservadores por usarmos aparelhos
semelhantes aos dos nossos antepassados, mas a verdade é que ainda não
encontrámos substitutos adequados que possam fazer o mesmo trabalho
nas quantidades necessárias.
Quem o conseguir, que nos diga o processo usado, porque se for viável
poupar-nos-á muito dinheiro.
O mesmo acontece com os circuladores ou incubadores. Actualmente são
constituídos por dois vasos. O vaso inferior tanto pode ser um balão de
vidro Pirex com fundo plano, como um Erlenmeyer de 1 litro com
rodagem fêmea de IN29 mm. O vaso superior normalmente tem a metade
da capacidade do inferior ou seja 500 ml com colo alto e uma rodagem
macho de IN29 mm.
Este vaso convém ter na sua parte superior um respirador capilar para
evitar que com a pressão interior o vaso superior salte e se parta. Uma
circulação leva dias e às vezes meses a fazer, por isso é conveniente ter
dois ou três circuladores disponíveis.
Também uma retorta de 500 ml com tubuladura vos será indispensável para
fazerdes certas tinturas metálicas e o primeiro ser vegetal que não poderá
ser feito noutro vaso.
Normalmente nas retortas a ponta do corno não tem rodagem. É
conveniente mandar colocar uma de IN19 mm e depois usar um adaptador
para o vaso receptor que, neste caso, poderá ser um balão esférico de 500
ml com colo curto e com rodagem fêmea IN29 com um pequeno respirador
na pança.
Como fonte de calor tendes duas alternativas. A mais económica seria um
forno eléctrico com temperatura regulável como os usados nos laboratórios
de química.
Também poderá ser usado um pequeno fogão a gás. Neste caso tereis de
usar uma panela de ferro esmaltado com banho de areia. Escolhei uma
panela suficientemente larga, mas não em excesso, na qual deitareis areia
fina peneirada e bem lavada. 
Colocai primeiro uma camada de areia no fundo da panela. Depois colocai
a cucúrbita e, só depois é que deitareis a restante areia de forma que esta
atinja a altura de dois ou três centímetros acima do fundo da cucúrbita.
Também convém colocar uma folha de alumínio fina à volta da parte da
cucúrbita que sobressair da panela, para evitar que esta se parta por
diferença de temperatura e também para evitar a condensação nas paredes
e, assim, encaminhar para o capitel a maior parte do vapor emanado da
matéria. 
Necessitareis, também, um suporte apropriado para o balão receptor do
alambique como os usados nos laboratórios de química.
Tereis, assim, um alambique completo, que vos permitirá destilar os
espíritos de que necessitareis para os vossos trabalhos.
O ideal seria terdes também um alambique idêntico de 6 litros pois para
destilardes 50 litros de vinho ou de vinagre e óleo essencial de uma planta
num alambique de 3 litros não é muito prático.
 Desenho.
http://tpissarro.com/alquimia/alemb2drw.jpg
FORNOS PARA ALAMBIQUES DE 2 LITROS
Quanto ao forno para alambiques de 2 litros podereis utilizar, com
vantagem, uma fritadeira eléctrica mais pequena, seguindo as mesmas
normas de montagem do forno para alambiques de 6 litros.
Quando adquirirdes a fritadeira eléctrica levai um balão ou Erlenmeyer de
2 litros para verificar se estes entram facilmente na fritadeira.
Podereis, também, optar pela seguinte solução. Adquiri uma panela de
alumínio forte com um diâmetro interior de 17 cm e 15 cm de altura.
Adquiri, também, numa casa de electrodomésticos, um pequeno fogão
eléctrico portátil, sem comutador de temperatura, de 1 KW, que seja, de
preferência, do antigo modelo, isto é, com suporte com pernas. A caixa
metálica redonda onde está instalado o molde refractário com a resistência,
não deverá ter mais de 13 cm de diâmetro.
Neste modelo de fogão, depois de desmontada a parte metálica superior
que contém o molde de cerâmica refractário com a resistência, esta fica
separada do suporte metálico que é a base do fogão. A referida caixa, está
presa ao conjunto por um parafuso com porca.
Antes de o desmontar, desligai os fios da resistência dos terminais de
ligação, anotando o seu posicionamento.
Com um berbequim eléctrico, fazei um furo no centro do fundo da panela
com diâmetro suficiente para permitir que o parafuso passe folgado.
Provisoriamente, colocai a caixa metálica no fundo da panela, introduzindo
o parafuso no respectivo furo e marcai o sítio por onde saiem os fios da
caixa metálica que contém a resistência e, nesse lugar, fazei dois furos na
panela para que esses dois fios possam passar para o exterior.
Agora, colocai novamente a caixa no fundo da panela, de modo a
introduzir o parafuso no orifício central e no suporte metálico, tendo o
cuidado de fazer passar os fios da resistência pelos orifícios abertos na
panela para o efeito.
Segurando com uma das mãos a caixa metálica com placa refractária e a
resistência, colocai uma anilha no parafuso e enroscai a respectiva porca,
tendo o cuidado de verificar se os fios da resistência ficam em posição de
ser apertados nos parafusos da placa de ligação.
Apertai bem a porca nessa posição. Verificai se os fios que saem da caixa
metálica estão bem isolados, isto é, se o isolamento cobre completamente
os fios. Enrolai as pontas nos respectivos parafusos como estavam
anteriormente e apertai as porcas. Verificai, ainda, se os fios não ficam
encostados ao suporte ou à panela. Verificai, também, se o cabo eléctrico
que vinha com o fogão fica ligado no mesmo lugar em que estava
anteriormente.
Colocai a tampa inferior no suporte metálico e apertai o parafuso de
fixação. O forno estará pronto para trabalhar.
Forno eléctrico para alambiques de 2 litros
Tende cautela para que nenhum dos fios faça contacto acidental com a
panela ou com o suporte, pois se isso acontecer, podereis apanhar um
choque eléctrico quando ligardes o forno.
Se puderdes conseguir só o molde de cerâmica com a respectiva resistência
numa casa da especialidade, tanto melhor porque vos ficará mais barato,
mas isso implica que tenhais os conhecimentos necessários para a
instalardes na panela.
Na imagem junta podereis observar um forno desse tipo onde se pode ver
perfeitamente a placa refractária com a resistência.
Neste caso, como a resistência está sem a protecção metálica como nos
fornos, será necessário usardes por cima uma placa Ceran Shott 135x135
mm à qual mandareis cortar os cantos num mestre vidreiro para que possa
entrar na panela e ser aplicada por cima do molde de cerâmica. Esta placa
protegerá a cucúrbita do contacto directo com o metal incandescente da
resistência. 
Nestes fornos não será permitido o banho de areia porque iria deteriorar a
resistência.
Também este forno não poderá ser ligado directamente à rede de 220 V,
mas sim, através de um regulador electrónico de tensão como já foi
referido.
Aqueles que não quiserem estarcom este trabalho poderão comprar uma
manta eléctrica própria para laboratório de química a qual permitirá regular
a temperatura em cada caso. 
O alambique a utilizar com este forno, para destilações e rectificações de
espíritos ácidos, poderá ser constituído por duas cucúrbitas: uma feita de
um balão de excelente vidro Pirex com fundo plano, e a outra cónica
(Erlenmeyer), de 2 litros, com um IN45 fêmea. O capitel poderá ser de 1
ou 1,5 litros, com IN45 macho com um corno recto de 30 cm de
comprimento, terminando num IN19 macho. O recipiente poderá ser um
balão esférico de 2 litros com respirador capilar na pança e IN29 fêmea.
Tal como anteriormente, o adaptador do recipiente para o capitel será um
redutor IN19 fêmea para IN29 macho com goteira. 
Para circulações, deverá ser usado um capitel cego, feito com um balão
esférico de 1 ou 1,5 litros, com IN45 macho e com um respirador capilar
no topo.
Recomendamos cobrir sempre a parte exposta da cucúrbita que fica fora do
forno com uma folha de alumínio muito fina, não só para melhorar a 
destilação, como também, para evitar que uma corrente de ar possa parti-la.
Convém aplicar sempre silicone em todas as junturas cada vez que usar o 
alambique.
FORNO PARA DESTILAÇÃO COM RETORTAS 
DE 500 ml e CIRCULAÇÕES
Vamos, agora, ver como se faz o terceiro e último forno. Este forno, é
também indispensável, pois sem ele, não vos será possível fazer a
destilação do Primeiro Ser e a volatilização do sal, as digestões e
circulações em matrases ou circuladores de 500 ml. 
Para vasos de 1 litro podereis fazer um forno um pouco maior mas com o
mesmo material empregue na construção deste como podereis observar na
respectiva imagem.
Procurai, numa casa da especialidade, uma tigela de barro vidrado ou não,
que tenha um diâmetro interno de 10,5 cm e 7 ou 8 cm de altura.
Se tiver menos de 10,5 cm, os matrases (balões) de 500 ml não entram e, se
tiver muito mais, fica muito espaço livre para uma retorta de 250 ml, o que
é um inconveniente. A medida certa será entre 10,5 e 11 cm. Não vos será
difícil consegui-la.
Medi internamente 6 cm a partir do bordo da tigela e fazei aí uma marca
com uma caneta de feltro. Medi, agora, o diâmetro interno neste lugar na
tigela. Terá, mais ou menos, 10 cm.
Procurai, numa casa da especialidade uma placa de cerâmica refractária
para fogões eléctricos que tenha, aproximadamente, o mesmo diâmetro. As
casas que vendem fogões eléctricos poderão ter esta peça completa já com
a resistência, com cerca de 500 W. Caso contrário tereis de fazê-la vós
mesmo ou, então, mandar fazê-la a quem saiba.
Provisoriamente, colocai a placa dentro da tigela. Marcai o nível exacto a
que fica a parte superior da placa e depois retirai-a. Dois centímetros acima
desta linha, com um berbequim eléctrico e com uma broca de 5 mm
apropriada, fazei dois furos na tigela, separados 2,5 cm horizontalmente
um do outro. Metei nesses furos pelo lado de dentro da tigela 2 parafusos
de latão de 4 mm por 2 cm de comprimento com duas anilhas e duas
porcas cada.
Marcai o centro do fundo da tigela e fazei aí um furo de 6 mm de diâmetro.
Adquiri um parafuso de latão de 5 mm de diâmetro, com porca e anilha,
com o comprimento suficiente para prender a placa no fundo da tigela.
Metei este parafuso no furo da placa e colocai-a dentro da tigela, tendo o
cuidado de encaminhar o parafuso no respectivo furo. Verificai, também, se
os fios da resistência ficam do lado dos parafusos laterais e para cima, fora
da placa. Metei uma anilha no parafuso central e apertai nele uma porca até
ajustar bem, sem apertar demasiado, caso contrário, podereis partir a tigela.
Pegai num dos fios da resistência e enrolai-o, com duas voltas, por baixo
da cabeça de um dos parafusos laterais. Fazei a mesma coisa com outro fio,
enrolando-o no outro parafuso. Apertai, por cima das anilhas, uma porca
em cada parafuso.
Adquiri um cabo eléctrico que tenha num dos extremos uma ficha para
ligar à tomada de corrente eléctrica, ou então, adquiri 1,5 m de cabo
eléctrico apropriado e colocai-lhe uma ficha macho para 6 A. Separai os
fios da outra extremidade, desnudai as pontas e torcei cada um dos fios.
Enrolai as pontas do fio aos parafusos, colocai as anilhas e apertai as outras
duas porcas. 
O forno está pronto para ser utilizado. Este forno será colocado em cima de
um pequeno tripé de metal que tenha um anel de 10 cm o qual podereis
encontrar numa casa de artigos para laboratório de química.
Como o anterior, também este forno não poderá ser ligado directamente à
rede eléctrica, mas sim, através de um regulador electrónico de tensão, o
qual vos permitirá regular convenientemente a temperatura do forno em
todos os casos.
Este forno servirá para fazerdes destilações com retortas de vidro Pirex de
250 ou 500 ml, digestões e circulações com matrases também de 250 ou
500 ml dependendo do diâmetro da tigela com que o forno foi feito.
Forno eléctrico para retortas de 500 ml
Para este forno recomendamos, para destilações e rectificações uma retorta
de 500 ml de bom vidro Pirex, com tubuladura esmerilada IN19 e com um
corno direito de 25 cm de comprimento, terminando num esmerilado IN19
macho. O recipiente poderá ser constituído por um balão esférico de 500
ml, com respirador na pança e com uma boca esmerilada IN24 fêmea. A
adaptação do balão ao bico do recipiente far-se-á com um redutor IN19/24
com goteira. Também podereis usar uma retorta com o bico curvo.
Actualmente, não é fácil encontrar estas retortas indispensáveis, por isso,
tereis de mandar fazê-las a um mestre vidreiro.
Tanto quanto sabemos, os mestres vidreiros têm a tendência de fazê-las
com balões esféricos de 250 ou 500 ml, deixando o colo demasiado alto, o
que dificulta imenso a destilação. Recomendai-lhe para não deixar
nenhuma corcova e colocar o colo o mais baixo possível.
Para circulações e digestões, poderá ser usado um matrás cónico de 500 ml
ou um matrás esférico de fundo plano, com esmerilado IN29 fêmea. O
vaso de reencontro poderá ser um balão de 250 ml esférico com IN29
macho e um tubo capilar no topo.
Os circuladores deverão ser feitos de acordo com as vossas necessidades
tendo sempre em conta o tamanho do forno onde irão ser colocados.
Em todas as junturas deverá sempre ser aplicado silicone não só para
facilitar a desmontagem dos vasos como também para melhorar a vedação.
FORNO E ALAMBIQUE DE 6 LITROS
Seguidamente, iremos explicar-vos como se constroem três fornos
eléctricos. O primeiro e maior, para cucúrbitas (balões) de 6 litros, o
segundo para 2 ou 3 litros e o outro mais pequeno, para matrases e retortas
de 500 ml.
O primeiro forno é feito com uma fritadeira eléctrica de 1 ou 2 KW que
será muito fácil conseguir numa casa de electrodomésticos. Destina-se às
destilações de óleos essenciais, do vinho e do vinagre. Este forno é
imprescindível, pois estas destilações não poderão ser feitas em cucúrbitas
de menor capacidade.
Antes de comprar a fritadeira eléctrica, adquiri um balão de vidro Pirex de
boa qualidade, de 6 litros, com fundo plano. Só então, devereis comprar a
fritadeira, tendo o cuidado de verificar se o balão entra bem nela.
Atenção! Nunca devereis ligar o vosso forno directamente à tomada de
corrente da rede eléctrica. O termóstato instalado na fritadeira não serve
para regular convenientemente a temperatura necessária às destilações.
Necessitareis de instalar, entre o forno e a tomada de corrente, um
regulador electrónico de tensão para 1 kW Este regulador poderá ser
adquirido numa casa da especialidade ou mandado fazer a um técnico de
electrónica competente.
O referido regulador permitir-vos-á regular a tensão da rede entre 0 e 220
V, de forma a obterdes no forno a temperatura adequada para cada caso. Só
assim podereis fazer a destilação dos óleos essenciais, do vinho e do
vinagre.
Quanto ao outro forno para cucúrbitas de 2 ou 3 litros,aconselhamo-vos,
em princípio, a fazê-lo para 2 litros. Mais tarde, podereis construir outro
para 3 litros, se disso tiverdes necessidade.
O primeiro forno, será utilizado com um alambique composto por uma
cucúrbita de 6 litros, um capitel de 2 e um recipiente também de 2 litros.
No balão com fundo plano (cucúrbita), de 6 litros que já adquiristes,
mandai fazer a um mestre vidreiro competente, uma rodagem a esmeril
fêmea, IN70 mm. Mandai, também, colocar na cucúrbita lateralmente e na
parte superior do colo, um pequeno tubo de vidro roscado, para aí ser
introduzido um termómetro de 0-150 graus.
Tereis de mandar executar, também, um capitel com a capacidade de 2
litros com rodagem a esmeril macho IN70, com um corno de 30 cm de
comprimento, terminando em ponta curva, com um IN19 macho, tal como
podereis observar na fotografia.
O recipiente ou matrás receptor, será constituído por um balão de vidro
Pirex de fundo plano, de 2 litros com IN29 fêmea. Para adaptar o
recipiente ao capitel, utilizareis um redutor IN29 fêmea, para IN29 macho,
com goteira e um pequeno respirador colocado no corpo do adaptador,
entre as duas rodagens.
Podereis também, mandar fazer um capitel com um "corno" direito
terminando num bico com rodagem macho IN19. Neste caso só
necessitareis de um adaptador IN19-29 sem respirador porque este será
instalado na pança do balão receptor. 
O respirador é absolutamente necessário. Muita atenção! Nunca se deve
destilar para um recipiente sem respirador, pois quando a pressão dentro do
alambique aumentar e se não tiver um escape para sair lentamente, este
explodirá.
Com a devida precaução, de uma placa de amianto de 1,5 mm de
espessura, com uma tesoura forte, cortai duas tiras de 50 cm de
comprimento por 5 cm de largura e pregai-as no centro em cruz, com um
grampo de metal. Colocai a "cruz" no fundo do forno, de forma que as tiras
fiquem na posição vertical, encostadas à parede lateral.
Assentai, também, no fundo do forno, por cima das tiras em cruz, uma
rodela de amianto, do diâmetro do fundo da fritadeira. Desta forma, a
cucúrbita ficará isolada das paredes do forno e manterá uma caixa de ar
entre elas, evitando, assim, que o vidro faça contacto directo com o metal.
Depois de colocada a cucúrbita dentro do forno, fazei um cone de amianto
ou de alumínio fino para cobri-la, tendo o cuidado de deixar no lugar
devido duas aberturas, uma, para o colo da cucúrbita e, a outra, para o
termómetro. Só, então, é que poreis o capitel com o recipiente, tendo o
cuidado de, antes, aplicar silicone em todas as junturas. 
Para circulações, recomendamos um capitel cego, feito de um balão
esférico de 2 litros, com IN70 macho e um respirador capilar no topo.
 Forno e alambique de 6 litros e Desenho
http://tpissarro.com/alquimia/alemb6drw.jpg
http://tpissarro.com/alquimia/alembic6.jpg
ESPÍRITO DE VINHO
Temos verificado que alguns espagiristas frequentemente recomendam usar
na preparação das tinturas e outras preparações espagíricas álcool
comercial ou, então, destilado do brandy ou de outras bebidas espirituosas.
Essas bebidas, além do álcool cuja proveniência se desconhece, contêm
outros produtos como corantes, conservantes, etc.
Não há dúvida de que quimicamente um álcool seja ele qual for, destilado
de cana, do açúcar ou de beterraba e até de frutos fermentados é
quimicamente um etanol.
Espagiricamente há uma diferença abissal entre um etanol comercial ou
mesmo adquirido numa farmácia e do espírito de vinho natural. 
Vou dar-vos um exemplo da qualidade que tem um bom espírito de vinho.
Adquiri uma garrafa de bom espírito de vinho com pelo menos 25 anos de
permanência num tonel de carvalho francês ou mesmo português, tal como
a que vos mostramos na imagem.
Deitai um pouco num copo de vidro apropriado e agitai-o circularmente.
Bebei lentamente esse néctar precioso. Depois cheirai o que resta no copo.
Sentireis um cheiro adocicado incomparável, muito agradável, semelhante
ao do mel e com "bouquet". Como foi possível semelhante transformação
do espírito de vinho envelhecido ao longo de 25 anos?
A explicação que encontramos só pode ser atribuída à essência do vinho.
Será desnecessário dizer-vos que não seria nada económico destilar este
"néctar" para lhe extrair o espírito, dado o seu elevado preço.
Também ao famoso vinho do Porto, na sua fabricação lhe é adicionado
espírito de vinho da melhor qualidade, para atingir a graduação alcoólica
de 18%. 
É expressamente proibido por lei utilizar outro espírito que não seja puro
espírito de vinho. Daí a sua alta qualidade. 
Isto foi apenas para vos dar um exemplo, porque o espírito que
necessitareis para os vossos trabalhos espagíricos poderá ser extraído do
vinho do ano que é relativamente barato.
Temos verificado também de que há certa dificuldade para elevar a
graduação do espírito de vinho até 98% ou mais. Isto não é difícil se
usardes o equipamento adequado e não é necessário destiladores a vácuo
ou vasos complicados. Basta um alambique com uma extensão que
dificulte o acesso da água contida no espírito de vinho a 90% e cal viva na
percentagem indicada no nosso escrito sobre o espírito de vinho.
Nunca tivemos qualquer dificuldade com o equipamento que usamos para
obter um espírito de vinho pelo menos a 98%.
Porquê espírito de vinho e não um qualquer álcool? O espírito de vinho na
escala da evolução vegetal é o mais perfeito dos mercúrios vegetais. Ele
não só contém álcool etílico, como também o óleo essencial das uvas
conforme as castas.
Além disso, destilando as sumidades floridas de uma planta que contenha
óleo essencial, ele fará parte integrante do mercúrio dessa planta porque o
arrasta consigo na destilação.
É certo também que o mercúrio de uma planta poderá ser obtido por
fermentação da mesma sem adição de fermentos ou de açúcar.
Para uma planta como a Melissa ou outras semelhantes que contenham
muita água, essa operação não é assim tão difícil, mas era necessária uma
grande quantidade de plantas para obter um álcool por fermentação que
posteriormente permitisse a rectificação até 98%. Juntar açúcar à planta
para fermentação é um erro grosseiro sob o ponto de vista espagírico,
porque o que se vai obter na destilação é um álcool proveniente da
fermentação do açúcar e não o mercúrio da planta. 
Actualmente a destilação só por fermentação da planta seria quase
impossível, por isso a solução mais viável é a destilação do espírito de
vinho juntamente com as sumidades floridas da planta escolhida.
Falemos pois, da destilação do espírito de vinho. Para isso tereis de destilar
vinho de boa qualidade e, para obterdes 750ml de espírito de vinho a 45%
tereis de destilar, pelo menos, 5 litros de vinho a 12%.
Para nós países Mediterrânicos (Portugal, Espanha, França, Itália e Grécia)
onde se produz vinho de alta qualidade e a preço módico, isso é muito fácil
porque o vinho é relativamente barato e não é necessário vinho de alta
qualidade para o efeito, pois basta o vinho do ano que custa pouco mais de
1 Euro por litro.
E, para finalizar vos digo que não há álcool que se compare ao espírito de
vinho. Por isso os nossos Mestres o aconselham para as preparações
espagíricas e não tenteis fazer as vossas preparações com outras espécies
de álcool porque não terão a mesma virtude. 
DESTILAÇÃO DO ESPÍRITO DE VINHO
A fermentação alcoólica do açúcar contido no mosto das uvas é a principal
e única origem do espírito de vinho. 
O vinho contém, além da água e do álcool etílico outras matérias que não
são voláteis às temperaturas em que os dois líquidos se vaporizam. Por
isso, quando o vinho se destila a uma temperatura inferior a 100º C, as
primeiras porções que se recolhem no recipiente, contém simplesmente
álcool e uma pequena porção de água.
O espírito de vinho puro é um líquido incolor,límpido, muito móvel; tem
cheiro penetrante e agradável, mas causa embriaguez. É volátil e, à pressão
ordinária da atmosfera, ferve a 78º C.
O álcool puro mesmo aquoso, dissolve muitas substâncias, tanto
inorgânicas como orgânicas. É um excelente dissolvente de muitas
matérias orgânicas que são insolúveis na água, tais como resinas, óleos
essenciais, etc.
Em termos alquímicos, o álcool é o mercúrio do vinho.
Adquiri, pelo menos, 50 litros de bom vinho tinto a 11 ou 12º. Colocai a
cucúrbita do alambique de 6 litros no forno e deitai-lhe 5 litros de vinho.
Colocai o termómetro e o cone protector e, por fim, o capitel e um
recipiente de 2 litros, tendo a cautela de, antes, aplicar silicone nas
junturas.
Deixai uma ou duas horas em digestão a 40º C, depois, destilai a 80º C, o
máximo.
Alambique de 6 litros com forno eléctrico
Quando tiverdes destilado 1 litro para o recipiente, parai a destilação.
Rejeitai a fleuma que fica na cucúrbita, ou então, deitai-a num garrafão de
plástico de 5 litros. Depois de terdes destilado todo o espírito do vinho, se
quiserdes, podereis destilar esta fleuma e extrair o sal das fezes. Para isso,
tereis de as calcinar numa escudela, com fogo muito forte, num fogão a gás
e, depois, por lixiviação, extrair o seu sal.
O espírito recolhido no recipiente terá, aproximadamente, 45º. Vertei-o
num garrafão de vidro e tapai muito bem com uma rolha de borracha. 
Da mesma maneira, destilai os restantes 45 litros de vinho e juntai todos os
espíritos destilados.
Quando tiverdes destilado os 50 litros de vinho, tereis 10 litros de espírito a
45º, medidos no alcoómetro.
Teoricamente, no final da destilação dos 50 litros de vinho, teríeis 5 litros
de espírito a 100º. Na prática, não é assim, por causa das perdas.
Lavai a cucúrbita e deitai-lhe 5 litros de espírito a 45º. Colocai o capitel e o
recipiente, como anteriormente, e destilai de novo, a uma temperatura de
80º C. Quando tiverdes 2 litros de espírito destilado, parai. O espírito terá
cerca de 90º.
Deitai os restantes 5 litros, como antes. Juntai, depois, estes 2 litros de
espírito ao anterior da mesma graduação. Deitai os 4 litros de espírito na
cucúrbita e juntai-lhe 10% do seu volume (40 g) de cal viva recente.
Agora, colocai um prolongamento de 40 cm de comprimento e 45 mm de
diâmetro, na vossa cucúrbita e, por cima, o capitel. O prolongamento
destina-se a dificultar o acesso da água ao capitel e permitir, assim, um
destilado mais forte.
Destilai à temperatura de 78º C, medidos no termómetro, até que passem
para o recipiente 2 litros de espírito. Se a esta temperatura o espírito não
destilar devido ao prolongamento do colo da cucúrbita, aumentai-a um
pouco mais até que comece a destilar gota a gota.
Despejai esse espírito num garrafão de vidro e continuai a destilação, para
que passe para o recipiente mais 1,8 litros. Parai a destilação. Se seguirdes
exactamente ao pé da letra o que vos dissemos, tereis destilado um espírito
de vinho muito próximo dos 100º, medidos no alcoómetro. Se não o
conseguirdes à primeira vez, repeti a fase final e destilai um pouco menos
de espírito.
Guardai-o em garrafas de vidro, bem fechadas, para evitar que a humidade
do ar o altere. O álcool a 100º é muito ávido de água.
Este espírito de vinho canónico, ser-vos-á muito útil em muitas operações
espagíricas, principalmente na preparação de tinturas vegetais e metálicas.
DESTILAÇÃO DO ESPÍRITO DE VINAGRE
Sabe-se desde as épocas mais remotas de que há notícia histórica, que o
vinho, em certas circunstâncias e debaixo de condições particulares, azeda
e se converte em vinagre, termo que indica esta mesma particularidade,
pois é a contracção de vinho agre.
Nesta transformação, o álcool desaparece completamente e em seu lugar
encontra-se ácido acético.
Adquiri, pelo menos, 50 litros de bom e puro vinagre de vinho tinto a 10%.
Rejeitai qualquer vinagre industrial, porque normalmente, contém produtos
químicos.
Arranjai quatro garrafas de plástico de 1,5 litros de água mineral ou dos
refrigerantes muito em uso actualmente.
Deitai o vinagre nas garrafas, sem as encher completamente, deixando,
pelo menos, o espaço de uma mão travessa de vazio.
Colocai as garrafas numa arca congeladora ou no congelador do frigorífico,
inclinadas, de forma que o líquido não chegue a tocar na tampas das
garrafas.
Deixai congelar bem o vinagre. Quando estiver todo completamente
congelado, tirai a tampa de uma das garrafas e colocai-a de boca para
baixo, num frasco de boca larga, de 1 litro de capacidade. Deixai escorrer
somente 500 ml de vinagre para o frasco. Depois, mudai a garrafa para
outro frasco igual e vazio, para que escorram outros 500 ml. Restar-vos-á
na garrafa apenas gelo descorado, que contém só água que rejeitareis.
O primeiro vinagre que escorreu terá cerca de 4º Baumé. O restante, terá
apenas, 1 ou 2º. Um densímetro graduado de 0-10º Baumé, ser-vos-á de
grande utilidade.
Juntai num garrafão de plástico, de 5 litros, todo o vinagre da mesma
graduação. Repeti o mesmo processo com todo o vosso vinagre disponível.
Enchei, agora as garrafas com o vinagre menos graduado e fazei da mesma
maneira, congelando como anteriormente, para obter um vinagre de 4º.
Juntai-o ao outro da mesma graduação. Repeti sempre o mesmo processo
até obterdes, por congelamento, um vinagre de, pelo menos, 8 a 9º. É um
trabalho muito moroso, mas eficaz, para o qual necessitareis muita
paciência e perseverança.
Quando tiverdes todo o vinagre com esta graduação, procedei à sua
destilação. Para o efeito, utilizareis o alambique e o mesmo forno que foi
usado para a destilação do espírito de vinho.
Deitai na cucúrbita 5 litros de vinagre, a 8 ou 9º. Destilai a fogo lento cerca
de 2,5 litros e os restantes com um calor mais forte. O primeiro espírito a
sair, é um espírito de uma bela cor de limão, e terá apenas, 1 ou 2º. O outro
será mais graduado. Restará no fundo da cucúrbita um líquido escuro
espesso como mel, que guardareis num recipiente separado. Colocai, à
parte, o espírito destilado de diferentes graduações.
Vertei na cucúrbita mais 5 litros de vinagre e repeti o processo anterior, até
terdes destilado toda a vossa provisão de vinagre.
Voltai a encher as garrafas com o espírito destilado e congelai, como
anteriormente, separando sempre o espírito de diferentes graduações. Por
congelamento do vinagre destilado na arca frigorífica ou no congelador do
frigorífico, ser-vos-á muito difícil ir mais além dos 5 ou 6º.
Quando tiverdes todo o espírito a 5 ou 6º Baumé, deitai-o na cucúrbita,
depois de a terdes lavado muito bem com uma solução de soda cáustica, e
destilai da mesma maneira, dando calor mais fraco no início. O espírito que
sai primeiro é sempre o mais fraco e o que restar na cucúrbita aproximar-
se-á de 9 a 10º.
Repeti o processo até terdes todo o vosso espírito a 10º. Com esta
graduação, o espírito de vinagre contém mais de 80% de ácido acético
natural, o qual dissolverá a maior parte dos óxidos metálicos. Ao tacto é
untuoso como o óleo de tártaro.
Isto, só por si, é um verdadeiro trabalho de Hércules, que poucos artistas
saberão fazer correctamente.
Quanto ao mel que vos restou da destilação do vinagre, introduzi-o na
cucúrbita e destilai com calor muito forte. Sairá um espírito mais corado de
empireuma mas altamente graduado que juntareis ao outro. Restar-vos-á,
no fundo da cucúrbita as fezes, que retirareis com uma colher de madeira
com cabo longo e calcinareis numa escudela de barro ou numa sertã de
ferro, num forno a gás com fogo muito forte. Depois de bem calcinadas e
quando já não restar mais material combustível, lixiviai-as com água da
chuva e coagulai o sal, como manda a Arte.
Este sal, se for coagulado e, depois, bem calcinado, é muito deliquescente,
razão pela qual, deverá ser guardado num frasco de vidro de boca larga.É
um verdadeiro sal de tártaro, que vos será muito útil em diversas operações
espagíricas.
EXTRACÇÃO DO SAL DAS PLANTAS
Colhei, 5kg ou mais, de Alecrim (Rosmarinus Officinalis) ou de outra
planta que vos aprouver e secai-a ao Sol. 
Depois de bem seca, incinerai-a sobre uma chapa de ferro. Recolhei as
cinzas e colocai-as dentro de uma sertã grande de ferro num fogão a gás.
Calcinai-as com fogo muito forte durante umas horas, remexendo com uma
colher de aço inoxidável, para que fiquem bem calcinadas de cor cinza
claro.
Num frasco de boca larga de 1 litro, deitai 750ml de água da chuva e
lançai-lhe, por fracções sucessivas, as cinzas ainda quentes. Se virdes que a
água não é suficiente para lixiviar convenientemente todas as cinzas,
acrescentai-a até o conseguirdes. Se um frasco não for suficiente, dividi as
cinzas por dois ou três. É necessário que a água fique mais de uma mão
travessa acima das cinzas. Mexei bem com uma vareta de vidro e deixai
repousar umas horas.
Noutro frasco igual ao anterior, colocai um funil de plástico ou de vidro
com um tampão de algodão.
Se as cinzas ficaram calcinadas como manda a Arte, a água da lixiviação
será clara e transparente, caso contrário, ficará cor de chá.
Por decantação, deitai a água da lixiviação no funil, e quando tiver
escorrido toda, deitai também as cinzas, com uma colher de aço inoxidável.
Quando todo o líquido tiver escorrido, vertei em cima das cinzas um pouco
de água da chuva para esta arrastar consigo algum sal que tenha ficado
ainda nelas.
Deitai o líquido numa cápsula de porcelana grande e coagulai o sal em
banho de areia num fogão eléctrico.
Quase no final da coagulação (cristalização), o líquido espesso criará uma
película superficial a qual impedirá a evaporação da água.
Por isso, quando a solução chegar a este ponto, recomendamos mexer bem
com uma vareta de vidro, para desfazer a capa superficial do sal. O sal
coagulado deverá ser tão branco como a neve.
Se não ficar branco, tereis de voltar a calciná-lo numa escudela de aço
inoxidável, a fogo muito forte e voltar a dissolvê-lo em água da chuva
como anteriormente.
O segredo para extrair o sal branco à primeira vez, é a calcinação das
cinzas. Não tenhais pressa em executar esta operação, porque se ficar bem
feita, poupar-vos-á muito trabalho.
Sal das plantas
Conhecemos pessoalmente um artista cuja pretensão e arrogância se
sobrepõe à humildade que caracteriza os verdadeiros alquimistas pois,
certa ocasião, tivemos oportunidade de lhe mostrar um sal de plantas
branco como a neve e coagulado segundo a Arte. Quando lhe dissemos que
tinha sido extraído da primeira calcinação, não acreditou, porque ele, a
pesar da sua proclamada sabedoria da Arte, nunca o tinha conseguido fazer
logo à primeira cristalização.
Quando lhe divulgámos o modus operandi, contestou-nos, que desta
maneira, queimávamos o enxofre do sal! Sem comentários, porque esta
resposta demonstra uma ignorância crassa da Arte Espagírica. 
Este sal fixo é, basicamente, um carbonato de potássio, mas também
contém, em pequena quantidade, sais de outros compostos minerais que se
acham em dissolução nas plantas e, provavelmente, alguns oligoelementos.
O sal desta planta, servir-vos-á, também, para preparar o primeiro ser da
referida planta, depois de lhe terdes extraído o enxofre ou óleo essencial. 
Se pretenderdes obter, exclusivamente, carbonato de potássio ou sal de
tártaro, como também era conhecido antigamente, então, recomendamos
incinerar grande quantidade de vides, de acácia, de fetos ou de carvalho, os
quais são ricos em sais de potássio.
Podereis, ainda, calcinar o tártaro bruto dos tonéis de vinho de cujas
cinzas, extraireis, pelo mesmo processo aqui descrito, um belo sal de
tártaro canónico muito puro.
Guardai este sal num frasco de vidro de boca larga, bem fechado, para
evitar que absorva a humidade do ar e se altere. O sal de tártaro bem
calcinado é muito deliquescente.
TINTURAS VEGETAIS
Existem vários métodos de preparação das tinturas vegetais, mas o mais
corrente, é a maceração alcoólica.
As tinturas de plantas medicinais são macerações num líquido, geralmente
álcool etílico (espírito de vinho) a 60º.
Há quem prefira fazer as tinturas com plantas secas, a quente, num
aparelho apropriado, chamado Soxhlet, o qual permite obter as tinturas em
algumas horas. Sempre que seja possível, nós preferimos fazê-las a frio,
em maceração alcoólica, com plantas frescas, colhidas na ocasião, por
terem mais virtude.
Para maceração, a proporção média entre plantas secas e líquido é,
geralmente, de 1:5, ou seja, para preparar 1000 ml de tintura, são
necessários 200 g de plantas secas.
Colhei, na época própria, as plantas que vos aprouvera, raízes flores ou
frutos, conforme o que for indicado para cada caso, e das quais desejais
fazer a tintura.
Se forem raízes, lavai-as muito bem com água e secai-as com um pano de
algodão, bem limpo.
Cortai as plantas em pedacinhos ou moei-as numa máquina eléctrica de
cozinha. Seguidamente, deitai-as num frasco de vidro, com boca larga e
com a capacidade de 1 litro.
As plantas não deverão ultrapassar 3/4 da altura do frasco. Calcai-as
ligeiramente. Deitai-lhe, por cima, espírito de vinho, bem rectificado a 60º,
de forma que o espírito fique 4 ou 5 cm acima do nível das plantas.
Fechai bem o frasco e deixai macerar durante 10 dias. Se não necessitardes
logo da tintura, deixai macerar 20 ou 30 dias. Como as plantas frescas
contém água, a graduação do espírito baixará ligeiramente, por isso, será
preferível, que o espírito de vinho tenha um pouco mais de 60º.
Decorrido esse tempo, por decantação, vertei a tintura para outro frasco
igual. Depois de escorrido o líquido todo, retirai as plantas ainda
embebidas em espírito de vinho e colocai-as num pano de algodão bem
limpo. Espremei muito bem a tintura que ainda resta nas plantas para um
recipiente largo, de forma que as plantas fiquem quase secas.
Deitai esta tintura em cima da outra. Agora, colocai no primeiro frasco um
funil de vidro, com um tampão de algodão. Vertei, pouco a pouco, a tintura
no funil, à medida que ela for passando. Cerrai bem o frasco que contém a
tintura. Retirai os resíduos que ficaram no algodão do funil e juntai-os às
plantas.
Secai-as ao Sol. Quando estiverem bem secas, deita-as numa sertã de ferro
e incinerai-as. Esta operação deverá ser feita no exterior, pela quantidade
de fumo que exala.
Recolhei as cinzas, deitai-as numa pequena escudela de aço inoxidável e
colocai-a num fogão a gás, com fogo muito forte.
Deixai-as calcinar muito bem, pelo menos uma hora, ou mais, até ficarem
cor de cinza muito clara.
Agora, com as cinzas cindas quentes, lançai-as, por fracções sucessivas
dentro da vossa tintura e tapai o frasco. Deixai ficar uma semana, tendo a
cautela de agitar o frasco circularmente, uma vez por dia.
Ao fim deste período, filtrai para outro frasco, através de um funil de vidro,
com um tampão de algodão.
O resíduo que ficar no funil, voltai a calciná-lo, como anteriormente, e
deitai-o, ainda quente, sobre a tintura. Repeti o processo mais uma vez. Na
última filtragem, rejeitai o caput que resta no fundo do frasco.
A tintura, agora, será corpulenta e perfumada. Guardai-a num frasco
escuro, bem fechado, ao abrigo da luz.
Circulador
Se quiserdes aumentar o seu valor curativo, tereis de circulá-la num vaso
apropriado, chamado vaso de circulação, o que podereis fazer, logo no
início, quando deitardes a primeira vez as cinzas na tintura.
Antigamente, os mestres usavam, para este efeito, um vaso muito especial,
chamado pelicano. Hoje, infelizmente, não será possível conseguirdes um
pelicano, por isso, tereis de usar um circulador composto de um matrás de
fundo plano ou Erlenmeyer de 1 litro, com outro de reencontro, esférico de
500 ml, com rodagem macho IN29.
Acirculação far-se-á, também, durante uma semana, com calor suave (40-
50º C), num pequeno forno eléctrico, com temperatura controlada.
Mesmo a esta temperatura, o espírito de vinho volatiliza-se e condensa-se
no balão superior, voltando a cair em gotas no balão inferior, fazendo,
assim, uma circulação. Se a temperatura for demasiada, correreis o risco
de, com a pressão interior, fazer saltar o balão superior, com a sua
consequente perda. Para o evitar, podereis mandar colocar um tubo capilar
no topo do balão de reencontro.
Esta tintura poderá ser tomada em gotas ou, então, em dose homeopática.
Dinamização Homeopática. A dinamização homeopática é mais
conhecida que a circulação, porque a homeopatia faz amplo uso dela.
A dinamização não é uma simples dissolução, como dizem alguns mas sim,
uma potencialização. Com a dinamização, as potência terapêuticas são,
deliberadamente, quase desmaterializadas. A substância material, quanto
mais "diluída" é, mais enérgica se torna.
Actualmente, fazem-se dois tipos de dinamização: a decimal e a
centesimal.
Dinamização decimal. Num frasco de vidro, de 100 ml, bem lavado com
água destilada, deitai 90 ml de álcool diluído a 30º com água destilada.
Com uma seringa graduada, bem lavada com água destilada, retirai do
frasco da tintura mãe (TM), 10 ml e deitai-os no frasco, por cima do álcool
a 30º.
Fechai o frasco e fazei, pelo menos, 100 sucessões verticais e enérgicas.
Em vez disso, podereis, também, deitar num frasco mais pequeno, bem
lavado, 90 gotas de álcool e 10 de TM. Agitai como anteriormente, pelo
menos 100 vezes. Terei, assim, a primeira dinamização ou D1.
Voltai a deitar noutro frasco, bem lavado com água destilada, mais 90 ml
de álcool a 30º. Como anteriormente, deitai-lhe 10 ml de D1. Fazei mais
100 sucussões verticais. Terei, agora, uma dinamização D2. Repeti sempre
o mesmo processo, até obterdes a dinamização que pretenderdes.
Na dinamização centesimal, o processo é semelhante. Em vez de
deitardes 90ml de álcool, deitai 99 e 1 ml de TM ou 99 gotas de álcool e
uma de TM. Ao fim da primeira dinamização, tereis um C1 ou CH1 e
assim, sucessivamente.
DESTILADOS VEGETAIS
Os destilados vegetais só serão possíveis obter por meio da destilação, com
espírito de vinho, das plantas que contenham óleo essencial.
Colhei, na época própria, as sumidades floridas das plantas que vos
aprouvera e que contenham óleo essencial. Seguidamente, cortai-as em
pedacinhos e enchei com elas a cucúrbita de um alambique de 6 litros,
igual ao que usastes para destilar o óleo essencial.
Deitai-lhe, por cima, 500 ml de espírito de vinho bem rectificado a 60º e
outro tanto de água.
Deixai digerir uma ou duas horas à temperatura de 40º. Destilai, primeiro,
com calor suave, depois mais forte, sem ultrapassar os 80º, para que destile
todo o espírito de vinho que foi introduzido.
O espírito de vinho arrastará consigo alguma água juntamente com o óleo
essencial da planta, o qual ficará inseparavelmente dissolvido no espírito
de vinho.
Depois de tudo destilado, desligai o forno e deixai arrefecer. Retirai o
capitel. Agora, com um gancho de arame grosso, retirai da cucúrbita todas
as plantas e secai-as ao Sol. Depois de secas, incinerai-as em cima de uma
chapa de ferro.
Calcinai-as numa sertã de ferro ou numa escudela de barro, num fogão a
gás, com fogo muito forte e extraí o sal como manda a Arte (ver Extracção
do Sal das Plantas).
Vertei o destilado num vaso de circulação. Seguidamente, deitai o vosso sal
bem calcinado e ainda quente no destilado, colocai o vaso de reencontro e
agitai circularmente, a fim de dissolvê-lo melhor.
Deixai circular durante 10 dias. A água contida no espírito de vinho,
dissolverá o sal. Se não se dissolver completamente, o restante ficará
cristalizado no fundo.
Este processo é semelhante à destilação dos óleos essenciais porque o óleo
encontra-se inseparavelmente dissolvido no espírito de vinho, mas
espagiricamente, é mais completo, por ter em dissolução o sal da planta.
Tal como o óleo essencial, o destilado poderá ser tomado simples em gotas
ou em dose homeopática.
Há artistas que fazem os destilados vegetais espagíricos fermentando a
planta escolhida em água com açúcar, dando assim, origem a um álcool,
que dissolve o óleo essencial da referida planta. Nunca usamos este
processo por considerarmos que na fermentação, se perde parte do óleo
essencial da planta. Além disso, pelo nosso processo, é o espírito de vinho
(mercúrio do vinho) que faz a extracção do óleo essencial.
DESTILAÇÃO DE ÓLEOS ESSENCIAIS
Para a destilação de óleos essenciais, tereis de usar um alambique de 6
litros com um recipiente de 2 litros com colo alto.
Será desnecessário dizer-vos que o óleo essencial só poderá ser destilado
de plantas que o possuam, tais como o Alecrim (Rosmarinus Officinalis),
Anis (Pimpenela Anisium), Cipreste (Cupressus Sempervirens), Camomila
(Anthemis Nobilis) Eucalipto (Eucaliyptus Globulos), Hortelã Pimenta
(Menta Piperita), Lavândula (Lavendula Officinalis), Poejos (Menta
Pulegium), Tomilho (Thymus Vulgaris), etc.
Para fazerdes a mão, recomendamos destilar o Eucalipto, não só por ser
muito fácil de encontrar, como também pela quantidade de óleo essencial
que contém. As folhas dos ramos adultos contém 1,2 a 3% de óleo
essencial.
Cortai alguns ramos de Eucalipto e retirai-lhe as folhas, uma a uma. Deitai-
as, inteiras, na cucúrbita do alambique, até que cheguem à altura do colo.
Colocai a cucúrbita no forno e, em seguida, vertei por cima das folhas 3
litros de água da fonte.
Colocai o termómetro, o cone de protecção e, por fim, o capitel, depois de
terdes aplicado silicone em todas as junturas. Adaptai ao bico o redutor
com respirador e, este, a um matrás com fundo plano (recipiente) e com
um colo de mais de uma mão travessa de altura.
Aquecei, primeiro, a uma temperatura moderada, de uns 50º C, pelo espaço
de uma hora e, só então, aumentareis a temperatura para cerca de 100º C.
Passado algum tempo, notareis, no interior da cabeça do capitel,
pequeninos glóbulos de óleo essencial, que escorrem pelo bico para o
recipiente, juntamente com a água destilada.
Continuai a destilar ininterruptamente, à mesma temperatura, mas tende a
cautela de verificar se o bico do capitel não aquece demasiado. Se aquecer
de forma a não poderdes colocar-lhe a mão em cima, reduzi a temperatura.
Óleo essencial
Quando o destilado atingir mais de metade da altura da pança do
recipiente, podereis observar uma fina camada oleosa por cima da água,
com a espessura de 2 ou 3 mm. Continuai a destilação até que o óleo
essencial atinja cerca de metade do colo. Então, desligai o forno. Com a
temperatura remanescente, o vosso destilado atingirá o cimo do recipiente.
Observai que o óleo essencial não ultrapassa o nível superior do matrás
receptor, pois, se isso acontecer, o óleo perder-se-á através do respirador do
adaptador.
Tereis destilado entre 20 e 30 ml de óleo essencial que retirareis do colo do
recipiente com uma seringa, o qual guardareis num frasco de vidro bem
fechado, ao abrigo da luz.
Em vez do recipiente de colo alto, podereis usar um separador para óleo
essencial.
Deixai arrefecer o vosso alambique e retirai o capitel. Tirai a cucúrbita do
forno e, com um gancho de arame bem forte, retirai todas as folhas de
eucalipto da cucúrbita.
Voltai a repetir o processo, usando a água destilada que ficou no recipiente,
sendo, apenas necessário, acrescentar mais 1 litro.
O mesmo processo aplicar-se-á a todas as outras plantas que contenham
óleo essencial. É evidente que nem todas as plantas têm a mesma
quantidade de óleo, por isso, o rendimento será diferente para cada planta,
porém, o processo de extracção será sempre o mesmo.
Tomai cautela, não deixeis esgotar a água na cucúrbita a fim de que as
plantas não se queimem. Se isso acontecesse, o óleo essencialsairia com
empireuma, o que seria muito desagradável. Se deitardes 3 litros de água
no alambique e destilardes 2, ficará ainda 1 litro na cucúrbita.
Evidentemente que há outros processos de destilação mais expeditos e que
dão maior rendimento, como seja: uma cucúrbita de aço inoxidável de 100
litros ou mais, equipada com uma coluna de refluxo refrigerada e um
separador para óleo, mas, este sistema, está fora do âmbito da nossa
espagíria e é só usado industrialmente.
PRIMEIRO SER VEGETAL 
E VOLATILIZAÇÃO DO SAL
O "Primeiro Ser Vegetal" é a união íntima dos três princípios alquímicos:
Enxofre (óleo essencial), Mercúrio (álcool) e Sal (carbonato de potássio).
Como se sabe, alquimicamente, na natureza existem quatro elementos: Ar,
Fogo, Terra e Água. Destes elementos, dois são afins e outros dois são
contrários. Também o azeite ou um óleo essencial e a água, são, como toda
a gente sabe, elementos, que quando aquecidos juntos, se repelem
violentamente impedindo a sua união.
Prestai muita atenção ao que acima vos dissemos, porque da sua boa
compreensão depende o êxito desta operação. 
Para que o sal de uma planta possa ser unido intimamente ao enxofre e ao
mercúrio terá de ser, antes de tudo, volatilizado.
A volatilização do sal é um dos grandes Arcanos vegetais, procurado por
muitos e que pouquíssimos artistas conhecem e, aqueles que o conhecem,
como nós, pela tradição, não o deverão revelar publicamente mas apenas
àqueles que o merecerem pela sua aplicação e estudo da Arte.
Volatilizar o sal fixo de uma planta (carbonato de potássio) e fazê-lo passar
pelo colo e pelo bico da retorta...JAMAIS! Dirão os homens da outra
ciência (químicos) ! E, no entanto, para nosso espanto e regalo dos olhos,
oh maravilha da nossa Arte, o sal passa pelo bico da retorta, volatilizado,
diáfano como gelo, escorrendo até ao recipiente, como podereis observar
na imagem.
Oh! Descrentes e detractores da alquimia, confrontai-vos com esta
realidade, e, certamente mudareis de opinião. E vós, os intelectuais que
filosofais sobre a nossa Arte, que direis? Ainda insistis em que ela é só
filosófica?
O segredo da volatilização do sal foi sempre ciosamente guardado pelos
alquimistas, por isso, bem contra a nosso desejo de ajudar os irmãos da
Arte, não o poderemos transmitir publicamente em linguagem clara, como
já vos dissemos.
Sem a chave (segredo) que se limita apenas a um "toque de mão",
baseando-se na atracção repulsão das matérias envolvidas, como acima vos
dissemos, ser-vos-á quase impossível volatilizar o sal, a não ser por
casualidade. Assim Deus vos ajude.
Caridosamente e dentro das nossas limitações, esforçámo-nos para vos
assinalar a chave e, se fordes suficientemente perspicazes e tiverdes os
conhecimentos necessários para a entender, então tereis êxito.
Se não o conseguirdes, lamentamo-lo, mas a tradição assim no-lo impõe.
Há dois processos para volatilizar o sal. Um mais longo e moroso, que nos
foi revelado por um irmão da Arte, e o outro, mais rápido e expedito, que
nós descobrimos experimentalmente. É este último que vamos a descrever.
Colhei, pelo menos, 5 kg de Alecrim (Rosmarinus Officinalis) e secai-o à
sombra ou ao sol. Se não conseguirdes encontrar esta quantidade de
Alecrim podereis extrair o sal de outra planta qualquer ou até mesmo o sal
de tártaro obtido a partir do tártaro bruto dos tonéis de vinho.
O ideal seria utilizardes o Alecrim, pois além do sal básico da planta, que é
um carbonato de potássio impuro, contém ainda outros sais e mesmo
alguns oligoementos.
Volatilização do sal
Adquiri, ou destilai 100 ou 150 ml de óleo essencial desta planta e deitai-o,
com a ajuda de um pequeno funil de vidro ou de plástico, pela tubuladura
de uma retorta de 250 ou 500 ml.
Colocai a retorta num pequeno forno eléctrico ou a gás, em banho de areia,
com temperatura controlada, com um recipiente esférico de 250 ml com
um respirador capilar no adaptador ou na pança do matrás perto do colo
como podereis observar na imagem junta..
Com a ajuda de um funil de plástico maior que o anterior, deitai, pela
tubuladura da retorta, por fracções sucessivas e com uma pequena colher
de aço inoxidável, 30 g do sal da planta, devidamente coagulado e depois
tratado como manda a Arte, para que este se possa combinar com o óleo
essencial.
À medida que o sal entrar em contacto com o óleo, produzir-se-á uma
violenta reacção, por isso, é necessário deitá-lo por fracções sucessivas. O
óleo essencial ficará escuro como o café.
Destilai, fazendo ferver "docemente" o óleo essencial. Quando a maior
parte do óleo tiver passado para o recipiente e restar no fundo da retorta um
líquido espesso como o mel, parai a destilação e deixai arrefecer.
Depois, remetei pela tubuladura todo o óleo destilado. Repeti o processo
mais duas vezes e, à terceira, destilai quase até ao fim, aumentando um
pouco mais a temperatura.
Vereis, então, elevar-se do composto um vapor branco que se desloca da
matéria, no fundo da retorta e se solidifica como gelo no cimo (céu) e no
colo.
Remetei mais uma vez e destilai, até que o sal tenha saído, na maior parte
para o recipiente. Deitai, agora, um pouco de óleo essencial na retorta, para
que este, ao destilar, arraste consigo o sal que ainda se encontra depositado
no colo (corno).
Quando não houver mais sal no colo da retorta, deixai arrefecer e limpai as
fezes com essência de terbentina ou com outro solvente adequado para o
efeito.
Depois da retorta estar muito bem limpa, vertei pela tubuladura todo o óleo
essencial destilado com o sal incorporado.
Adicionai-lhe a mesma quantidade de um mercúrio vegetal extraído por
destilação das sumidades floridas de Alecrim com espírito de vinho,
soberanamente rectificado a cerca de 100% vol. de álcool.
Destilai a fogo lento e, no fim, um pouco mais forte. Então vereis passar o
sal como anteriormente, mas desta vez, muito mais cristalino.
Depois de tudo destilado, limpai novamente a retorta e repeti o processo
até não haver mais fezes no fundo.
Guardai os três princípios unidos intimamente, num frasco bem fechado,
ao abrigo da luz.
O "Primeiro Ser" de Alecrim actua em todas as afecções para que esta
planta está indicada. É um poderoso estimulante que recupera os doentes
com esgotamento físico e intelectual. Pode ser tomado em gotas, por via
sublingual, duas ou três de cada vez.
O "Primeiro Ser" é muitíssimo mais eficaz do que o simples óleo essencial,
por ter incorporado o sal volatilizado e o mercúrio vegetal.
Quanto ao sal volatilizado que incorpora o "Primeiro Ser", Van Helmont,
um famoso médio iatroquímico, convertido à alquimia, diz o seguinte: «O
sal de tártaro (carbonato de potássio) volatilizado, pode penetrar no corpo
humano até à quarta digestão, resolvendo e fazendo passar os humores
excrementosos e as coagulações contra-natura que se encontram nos vasos.
Este sal arrasta com ele todos os resíduos que se encontram nas veias,
resolve as obstruções as mais obstinadas, dissipando, assim, a causa
material das doenças...» 
O QUE DISTINGUE UMA 
TINTURA VEGETAL DO "PRIMUM ENS"?
Vem isto a propósito do que temos lido frequentemente em alguns livros de
"receitas" e também de "reputados" espagiristas.
Recentemente vimos no Compêndio de Processos Alquímicos publicado
por Kessinger Publishing Company, USA, página 100, "A Preparação do
Assim-Chamado Pimeiro Ser (ENS) de Cidreira ou Melissa officinalis".
Não sabemos exactamente quem foi o seu autor, mas seja quem for, o que
descreveu foi apenas a preparação de uma vulgar tintura de Cidreira feita
com óleo de tártaro como primeiro dissolvente e depois com espírito de
vinho, e não o Primeiro Ser.
Esta tintura de Cidreira, na nossa opinião, nem sequer pode ser considerada
como espagírica, porque uma tintura espagírica para ser considerada como
tal, terão de estar obrigatoriamente presentes os três "princípios"
fundamentaisda planta, ou seja, o Enxofre, o Mercúrio e o Sal. No caso
presente estão presentes apenas dois desses princípios, o Enxofre e o
Mercúrio. Por isso, trata-se apenas de uma vulgar tintura, tal como as
referidas nos antigos compêndios de medicina e não de um "PRIMUM
ENS". 
Então qual é a diferença que existe entre uma tintura espagírica e um
Primeiro Ser? Se lerdes o meu escrito sobre tinturas espagíricas vereis que
na sua preparação entram os três componentes essenciais da planta como já
acima referimos.
A propósito e para vos facilitar a compreensão, vamos referir,
precisamente, uma tintura de Cidreira. Podem usar-se dois processos: um,
tal como o foi relatado na receita, dissolvendo primeiro a planta em óleo de
tártaro e depois deitando por cima espírito de vinho, o qual retirará do óleo
de tártaro a respectiva tintura que por diferença de densidade sobrenadará o
dito óleo de tártaro.
Como dissemos no nosso escrito acerca das tinturas vegetais, nós
preferimos fazer a tintura numa maceração a frio da planta fresca com puro
espírito de vinho a 60% e não com um álcool qualquer do qual não se saiba
a sua proveniência.
Depois de alguns dias (pelo menos 10) de maceração num frasco de vidro
de boca larga bem fechado, filtra-se a tintura para outro frasco e incinera-se
o resíduo, para dele se extraírem as cinzas, que depois de bem calcinadas
poderão ser lançadas ainda quentes na tintura.
Procede-se depois à sua circulação e por último à sua filtragem ficando
esta pronta para usar. Querendo ir um pouco mais além, pode calcinar-se
novamente o resíduo, reduzindo-o a cinzas muito finas e bem calcinadas e
voltando a deitá-las na respectiva tintura, circulando-a de seguida, tal como
no processo anterior.
Nesta tintura espagírica estão contidos os três "princípios" fundamentais:
Enxofre, Mercúrio e o Sal contido nas cinzas.
Se em vez de optardes por fazer a tintura de Cidreira fizerdes um destilado
vegetal, as coisas passam-se de outra forma.
Destilareis a planta fresca com espírito de vinho puro pelo menos a 60% e
este na destilação, arrastará consigo o Enxofre da planta. Resta-vos
calcinar o resíduo da destilação, extrair por lixiviação o seu sal e juntá-lo
ao destilado na circulação. O Sal se não for em excesso dissolver-se-á tal
como aconteceu ao Sal contido nas cinzas.
Qual é pois, a diferença que existe entre esta tintura genuinamente
espagírica, o destilado vegetal e o Primeiro Ser?
Depois de terdes feito a vossa tintura espagírica de Cidreira, deitai-a numa
retorta com tubuladura e um recipiente com respirador e destilai até à
secura com um calor suave que não ultrapasse os 80 graus C. O destilado
será uma mistura inseparável de Enxofre e Mercúrio restando no fundo da
retorta um mel espesso que deitareis numa pequena escudela e calcinareis
bem, até que as cinzas sejam de cor cinzento claro. Lixiviai-as e coagulai.
O que encontrareis na coagulação? O Sal "cru" da planta ou seja um
carbonato de potássio.
Fazei o mesmo com o destilado. Este não deixará um "mel" como a tintura
mas sim o Sal que se estiver impuro podereis calcinar, lixiviar, filtrar e
coagular. O que tereis então? Apenas o Sal "cru" tal como no caso anterior.
Porquê?
O Sal não foi "volatilizado" e sim apenas dissolvido na água contida no
espírito de vinho a 60% e, assim, não se pode unir aos outros dois
"princípios". 
É fácil pois de ver que deste modo nunca tereis os três "princípios"
indissoluvelmente unidos como obrigatoriamente terão de estar num
Primeiro Ser.
Nas preparações que descrevemos apenas dois dos três princípios estão
indissoluvelmente unidos: o Enxofre e o Mercúrio. O Sal continua "cru",
por isso, como já dissemos, ele não se pode unir aos outros dois. Estas
preparações nunca poderão ser consideradas um Primeiro Ser, mas apenas
uma tintura e um destilado espagíricos de Cidreira.
São muitos aqueles que laboram neste erro grosseiro de considerar as
preparações acima referidas um "PRIMUM ENS". Mesmo alguns
"entendidos", conhecidos internacionalmente.
O que é, então, necessário para que uma preparação de Cidreira seja
considerada um Primeiro Ser? Que os três "princípios" Enxofre, Mercúrio
e Sal estejam indissoluvelmente unidos e para isso é necessário tornar o Sal
volátil para que ele se possa unir inseparavelmente aos outros dois. É aqui
que está a "chave" desta preparação que apenas alguns alquimistas já
conhecem por nosso intermédio.
Se destilardes numa retorta com uma temperatura moderada, um Primeiro
Ser de Cidreira, destilará primeiro o Enxofre e o Mercúrio
indissoluvelmente unidos tal como na tintura e no destilado mas agora,
arrastando consigo algum Sal volátil e, em vez de ficar no fundo da retorta
como um "caput" morto, volatizar-se-á em parte como gelo nas paredes
superiores da retorta e no seu corno. Basta deitar um pouco de espírito de
vinho na retorta e destilar com fogo suave para este o arrastar consigo para
o recipiente onde os três "princípios" ficarão indissoluvelmente unidos para
sempre.
Concluindo, o segredo do Primeiro Ser é a Volatilização do sal pelo
Enxofre e depois juntar-lhe o Mercúrio.
Isto sim, é um verdadeiro "PRIMUM ENS".
O Orvalho
O orvalho ou água celeste é a condensação atmosférica nocturna, sob a
influência da Lua, e, segundo a tradição alquímica, é o veículo privilegiado
do espírito universal. Os antigos alquimistas tinham a água celeste em
muito apreço. Nos países da Europa central, recomendavam recolher o
orvalho nos meses de Março a Maio, porque nessa altura, tem uma virtude
muito especial por estar impregnado do espírito universal. 
No centro e sul do nosso país, (Portugal) a melhor altura para recolher o
orvalho é nos meses de Março e Abril. Nos anos de pouca pluviosidade na
Primavera, no mês de Maio, a erva dos prados começa a secar,
dificultando, assim, a condensação. Além da condensação ser pouca e não
justificar o esforço dispendido, o orvalho recolhido nestas condições fica
cheio de impurezas como tivemos ocasião de verificar pessoalmente. 
Por vezes, nos seus livros, os nossos Mestres fazem referência à água
celeste por analogia quando há uma condensação de vapores num vaso ou
numa destilação.
Vimos um alquimista muito conhecido no seu país pelos livros que
escreveu sobre a sua "obra" alquímica, esboçar um sorriso incrédulo
quando lhe falámos da aplicação do orvalho na alquimia, demonstrando,
assim, um desconhecimento da realidade alquímica. 
Se perguntardes a um "desses" alquimistas como se recolhe e destila o
orvalho e como se extrai o seu sal, certamente não saberá responder-vos,
porque esse conhecimento não está ao alcance de todos, pois são muito
raros os livros onde esta operação é descrita. Nós aprendemo-lo num dos
livros de Solazaref. 
Na nossa Arte, esta água é usada geralmente como veículo no tratamento
dos sais filosóficos e não só.
A condensação do orvalho, faz-se durante a noite, perto da madrugada.
Para que haja uma condensação abundante, é necessário que o céu esteja
descoberto, sem nuvens, que não haja vento ou aragem, isto é, numa noite
tranquila.
O tempo apropriado para recolher o orvalho, como dissemos, é na
Primavera durante o quarto crescente até ao plenilúnio.
São poucas as noites que oferecem as condições ideais para a recolha do
orvalho, por isso, tereis de aproveitá-las o melhor possível.
Para recolher a água celeste, necessitareis, uma toalha de algodão de
tamanho médio, de preferência, muito usada, uma bacia de ferro esmaltada
de 10 litros, alguns garrafões de vidro muito bem lavados com água, um
funil grande de plástico e um pano fino bem limpo para servir de filtro.
No dia anterior, inspeccionai o campo aonde ireis, para verdes o melhor
caminho de acesso e outras condições que vos permitam identificar bem o
lugar à noite.
Escolhei um campo limpo,sem poluição, com erva curta, o máximo de um
palmo de altura e que esteja bem afastado do meio urbano.
Levantai-vos duas horas antes do amanhecer e, antes de vos deslocardes
para o local, verificai se o tejadilho dos automóveis que se encontram
estacionados na rua, em lugar aberto afastado dos edifícios, está coberta de
condensação. Isto é um bom sinal. Se não houver condensação no tejadilho
dos carros, é escusado sairdes de casa porque não há orvalho. Segui o
nosso conselho, porque nós sabemo-lo bem, por experiência própria.
Se houver condensação abundante, deslocai-vos para o sítio escolhido,
levando todo o vosso material. A toalha deverá ser previamente lavada em
água da chuva ou de nascente.
Quando chegardes ao local, desdobrai a toalha e estendei-a no chão, num
dos extremos do campo. Prendei-lhe uma corda fina nas duas pontas para a
poderdes arrastar pelo prado.
Arrastai a toalha bem estendida devagar, para que esta tenha tempo de
absorver a água celeste que se encontra na relva. Quando começardes,
notai bem o seu peso, porque à medida que se for impregnando de orvalho,
pesará mais. Quando virdes que está saturada, parai e espremei-a bem para
a bacia.
O orvalho, nesta época do ano, está a uma temperatura inferior a 5º ou
menos e, por isso, as vossas mãos ficarão muito frias.
Continuai, da mesma maneira, arrastando a toalha e, quando estiver
novamente saturada, parai e espremei-a bem para a bacia, até enchê-la.
Nessa altura, ide buscar um garrafão, colocai-lhe o funil com o pano para
filtrar e vazai o líquido para o garrafão.
Não vos esqueçais de levar uma lanterna eléctrica para poderdes ver, pois,
como vos dissemos, a recolha do orvalho deverá ser feita em plena
madrugada, antes do nascer do Sol.
Prossegui, até que os primeiros raios da aurora comecem a aparecer no
horizonte, então, parai. Guardai o vosso material e regressai a casa. Numa
noite, em boas condições, podereis recolher mais de 10 litros de água
celeste.
O orvalho recolhido, tem uma cor de chá, ligeiramente amarelada e é
inodoro.
A primeira vez que o observámos, pensámos que esta cor era devida à
poeira que estava na relva onde tinha sido recolhido e, para o confirmar, na
noite seguinte, quando os raios do Sol começaram a aparecer no horizonte
e havia boa visibilidade, com uma esponja muito bem limpa, recolhemos,
cuidadosamente, o orvalho depositado nas plantas que estavam bem limpas
e sem qualquer poluição. A cor era exactamente a mesma.
Chegados a casa, no escuro, despejai o líquido dos garrafões de 5 litros,
através de um funil com o pano de filtragem, para um garrafão de vidro de
20 litros e fechai-o bem com uma rolha de borracha. Arrumai o garrafão
numa cave, ao abrigo da luz.
Se tiverdes possibilidade, isto é, se viverdes no campo fora da zona
citadina, nas noites de lua cheia, despejai o orvalho numa bacia grande de
plástico e deixai-o, durante a noite, exposto à luz da Lua, para este se
carregar de espírito universal e, assim, aumentar a sua virtude. Recolhei-o
antes do nascer do dia.
Enchei, pelo menos, mais um garrafão de 20 litros, conforme as vossas
necessidades e deixai repousar na cave durante um mês. Ao cabo desse
tempo, retirai, com um tudo de plástico 5 litros de orvalho para um
garrafão. Fazei esta operação de noite, servindo-vos de uma pequena
lanterna eléctrica.
Durante esse tempo, o orvalho apodreceu e, por isso, todas as matérias em
suspensão, assentaram no fundo, deixando o líquido límpido e
transparente.
Deitai os 5 litros numa cucúrbita de 6 litros, igual à que usastes para
destilar o espírito de vinho e do vinagre, colocai-lhe o capitel e um
recipiente de 2 litros e destilai a fogo lento, não superior a 60º. Demorará
mais de uma semana a destilar tudo dependendo da abertura que tiver a
vossa cucúrbita. Não nos esqueçais que esta operação deverá ser feita no
escuro. Guardai o orvalho destilado em garrafões de vidro, ao abrigo da
luz.
Depois de tudo destilado, ficará, no fundo da cucúrbita, uma borra, que
recolhereis.
Destilai todo o vosso orvalho, da mesma maneira e recolhei sempre as
borras. Depois de terdes destilado 40 litros, deitai todas as borras na
cucúrbita e destilai até à secura. Retirai o caput e calcinai-o numa escudela
de barro, com fogo muito forte, num fogão a gás. Extraí o sal, por
lixiviação, com orvalho destilado. Obtereis umas 20 ou 30 g de sal.
Este sal de orvalho, ainda grosseiro sob o ponto de vista alquímico, contém
um nitro subtil que depois de devidamente tratado como manda a Arte, é
utilizado na via seca canónica.
A recolha e a destilação do orvalho, é um verdadeiro trabalho de Hércules,
que requer muita paciência e perseverança e, como já vos dissemos no
início, nem sempre vos será possível, dentro da época propícia, recolher o
orvalho que necessitareis, devido a condições adversas, como chuva, céu
encoberto com nuvens, vento, etc. 
O orvalho destilado ser-vos-á muito útil na preparação dos diversos sais
canónicos inerentes à nossa Arte.
Para certas operações mais correntes, podereis empregar em vez do orvalho
destilado, água da chuva bem limpa e filtrada, recolhida na Primavera, de
preferência em dias de trovoada. 
 
O ORVALHO (2)
A propósito da recolha do orvalho e por se terem levantado algumas
dúvidas sobre o processo que descrevemos, relemos o livro "L'Alchimie et
son Livre Muet" (Mutus Liber), Réimpression première et integrale de
l'edition originale de La Rochelle, 1677, Introdution et comentaires par
Eugène Canseliet F.C.H. disple de Fulcanelli, à Paris, chez Jean-Jacques
Pauvert.
Pelos comentários feitos por Canseliet neste livro, não só confirmámos o
que descrevemos como também o que suspeitávamos quando vimos pela
primeira vez estas figuras.
Página 87 - «Pois bem! Sim, o carneiro e o touro da imagem sobre a qual
nos debruçámos presentemente correspondem aos dois signos zodiacais,
isto é, aos meses primaveris durante os quais a operação tendo por
objectivo recolher a flor do céu é realizada exactamente tal como ela se
encontra definida neste lugar.»
«Trata-se sem dissimulação da maneira simples que já primeiramente por
nós mesmo utilizada e não há menos de meio século, salvo a diferença
quanto à instalação das peças de roupa branca sobre as estacas. Sistema
que pode explicar, na passagem de Altus, a secura do terreno, ainda que,
segundo um médico inglês, toda a substância colocada por cima do solo
"adquirirá mais orvalho durante uma noite bem calma, que uma substância
semelhante colocada sobre a erva". 
(1) Ensaio sobre o orvalho, Well (William-Charles. Essais sur la Rosée, traduit par
Aug. J. Tordeux, Maitre en Pharmacie, Paris, 1817, p 24.»
«Depois de muito tempo operámos diferentemente, passeando, de
preferência sobre os cereais verdes, os trevos, as luzernas e os sanfenos um
pano de linho cuidadosamente lavado várias vezes com água da chuva.
Convém que nenhum sal da lixívia e da lavagem se dissolva por pouco que
seja no licor generoso que será absorvido. Do mesmo modo deverá recear-
se que o vegetal portador não esteja desgraçadamente polvilhado ou
aspergido de qualquer adubo.»
Página 88 - «A prática é banal e consiste em torcer em seguida o tecido
embebido à saturação a fim de espremer e de recolher o orvalho como o
fazem o homem e a mulher que nós vimos em oração na segunda figura.»
Página 103 - «O leitor sério e atento não será surpreendido se nós lhe
dissermos que esta nossa figura não está no seu lugar e que a quarta figura
a deveria ter precedido. É fácil compreender que esta segunda parte da
preparação preliminar da obra se situa depois daquela recolha inicial a qual
nós observámos sobre a estampa número quatro.
O líquido precioso é agora submetido à acção do fluido universal,

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