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1 HISTÓRIA DA ARTE 1 Sumário NOSSA HISTÓRIA .......................................................................................... 3 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 4 ARTE NA PRÉ-HISTÓRIA ............................................................................... 5 Período Paleolítico ....................................................................................... 5 Paleolítico Inferior ........................................................................................ 6 Paleolítico Superior ...................................................................................... 6 Período Neolítico .......................................................................................... 7 ARTE NA ANTIGUIDADE ................................................................................ 9 Mesopotâmia ................................................................................................ 9 A Arte no Egito ........................................................................................... 11 A Arte Grega .............................................................................................. 14 A Arte Romana ........................................................................................... 19 A Arte Cristã Primitiva ................................................................................ 22 A arte das Catacumbas .............................................................................. 22 A arte e o Cristianismo Oficial .................................................................... 23 O Cristianismo e a Arte .............................................................................. 24 A Arte Bizantina ......................................................................................... 24 ARTE MEDIEVAL .......................................................................................... 27 Arte Medieval Românica ............................................................................ 28 Arte Medieval Gótica .................................................................................. 29 ARTE RENASCENTISTA .............................................................................. 30 ARTE PRÉ-COLOMBIANA ............................................................................ 33 ARTE NA CHAMADA "IDADE CONTEMPORÂNEA" .................................... 35 Neoclassicismo .......................................................................................... 36 Características do Neoclassicismo ......................................................... 36 Arquitetura Neoclassicista ...................................................................... 36 Literatura Neoclassicista......................................................................... 37 Pintura Neoclassicista ............................................................................ 38 2 Escultura Neoclassicista ......................................................................... 38 Neoclassicismo Brasileiro ....................................................................... 38 Romantismo ............................................................................................... 39 Principais Características ....................................................................... 40 Oposição ao Clássico ............................................................................. 41 Nacionalismo .......................................................................................... 42 Sentimentalismo Romântico ................................................................... 43 Impressionismo .......................................................................................... 43 Pintura impressionista ............................................................................ 43 Obras impressionistas ............................................................................ 44 Características do Impressionismo ......................................................... 46 Principais artistas do Impressionismo .................................................... 46 Mulheres Impressionistas ....................................................................... 47 Impressionismo no Brasil........................................................................ 47 Literatura Impressionista ........................................................................ 48 Impressionismo e Fotografia .................................................................. 48 Impressionismo e Pós-Impressionismo .................................................. 49 Pós-Impressionismo ................................................................................... 50 Artistas importantes do pós-impressionismo .......................................... 52 VANGUARDAS EUROPEIAS ........................................................................ 54 ARTE PÓS-MODERNA ................................................................................. 67 História da Arte no Brasil ............................................................................... 69 REFERÊNCIAS ............................................................................................. 71 3 NOSSA HISTÓRIA A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós- Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 4 INTRODUÇÃO A história da arte é vista como uma área do conhecimento que aborda as diversas manifestações artísticas do ser humano ao longo de sua trajetória no planeta. Podemos dizer que tais manifestações se dão por meio da dança, música, teatro, artes visuais e outras expressões que têm a intenção de transmitir emoções, ideias e visões de mundo. A arte está relacionada às primeiras formas de expressão humana e, dependendo do local e momento histórico, se manifestou de diferentes maneiras. Importante ressaltar também que esse campo do saber está em constante construção, não sendo algo estático, mas sim arquitetado a todo momento pelas diversas demonstrações artísticas que surgem na sociedade. Antropólogos e historiadores utilizam a arte como uma poderosa ferramenta para o entendimento dos povos, culturas e organizações sociais. Para tornar seu estudo e compreensão mais acessíveis, a arte foi então organizada por períodos, movimentos e vertentes. 5 ARTE NA PRÉ-HISTÓRIA Ainda no período pré-histórico, ou seja, antes da invenção da escrita, o ser humano já produzia a arte pré-histórica. Tudo o que sabemos sobre essas civilizações foi descoberto por pesquisadores através da análise de objetos e pinturas desses povos. Esse período da humanidade foi bastante longo e, portanto, dividido em 3 fases: PaleolíticoInferior (500 mil a.C.); Paleolítico Superior (30 mil a.C.) e Neolítico (10 mil a.C.). Foi na época do Paleolítico Superior que se descobriu as primeiras expressões artísticas, como a arte rupestre das cavernas de Lascaux (França) e Altamira (Espanha). Período Paleolítico O Paleolítico é também conhecido como Idade da Pedra Lascada. Esse nome é decorrente de uma habilidade desenvolvida pelos primeiros seres humanos na produção de ferramentas e instrumentos de trabalho. Nessa fase, a arte era realizada nas cavernas ou próximas delas, as quais eram chamadas de arte parietal e arte rupestre. A arte parietal recebe esse nome pois está relacionada com o suporte em que foi desenvolvida, ou seja, as paredes das cavernas. Já a arte rupestre era realizada fora das cavernas e das grutas. Nesse período, as pinturas eram feitas nas rochas e sua principal característica era o naturalismo. Pintura rupestre encontrada na Argélia (África) 6 Além de figuras abstratas, foram desenvolvidas figuras de animais e homens. Geralmente, demostravam imagens de caça. Ademais da arte representada nas paredes das cavernas, foram desenvolvidos os primeiros instrumentos e ferramentas com pouca sofisticação: facas, machados, arpões, lanças, arcos, flechas, anzóis. As técnicas de produção eram simples e os materiais utilizados eram pedra, madeira, ossos, chifres e peles de animais. Nessa época, também foram produzidas esculturas, geralmente figuras femininas. Vale lembrar que o homem do paleolítico (caçador e coletor) era nômade, ou seja, vivia em busca de comida e abrigo, portanto, não se fixavam nos territórios. Paleolítico Inferior (2,5 milhões de anos a 250 mil anos a.C.) É o período mais antigo da Pré-História. Os primeiros hominídeos eram dependentes do meio em que viviam e precisavam se adaptar para poder sobreviver. Usavam pedras lascadas para fabricar objetos necessários para o seu cotidiano. A caça era uma prática corriqueira, e a carcaça dos animais era consumida na sua totalidade. A carne matava a fome, e a pele servia de cobertor para os dias mais frios. Os ossos eram usados como amuletos ou como instrumentos de corte. Nesse período aconteceu a primeira divisão do trabalho da História. Os homens eram responsáveis pela caça, pesca e a segurança dos grupos, enquanto as mulheres cuidavam das crianças e da coleta de vegetais e frutos. Paleolítico Superior (50 mil anos a 12 mil anos a.C.) Vênus de Willendorf (11 cm). Encontrada na Áustria, essa escultura data do período paleolítico 7 As experiências adquiridas nos períodos anteriores deram aos hominídeos conhecimento sobre o ambiente em que viviam, o que tornou suas ações mais eficientes. A caça continuava uma prática corriqueira, e os hominídeos conseguiam construir armadilhas e capturar animais de grande porte, como o mamute. As mudanças climáticas desse período motivaram transformações na vida dos hominídeos. A glaciação fez com que esses grupos ficassem mais tempo nas cavernas. A luz do fogo iluminava o seu interior e aquecia do frio. Foi nesse momento que a pintura rupestre tornou-se prática corriqueira. Período Neolítico O Período Neolítico (de 8000 a.C. até 5000 a.C.), também chamado de Idade da Pedra Polida é o segundo da pré-história e tem como principal característica o desenvolvimento das sociedades agropastoris. A arte no período neolítico já pode ser vista fora das cavernas. Com um clima mais ameno, o homem do neolítico começa a viver próximo dos rios. Esse período marcou o sedentarismo da raça humana, que deixa de ser nômade e passa a construir vilas. A agricultura e a criação de animais foram as principais características desse período. Embora também fossem desenvolvidas com pedras, tal qual no Paleolítico, nota-se nesse período a evolução da arte, que apresentava um cuidado maior, como o polimento do material. Também destacam-se os objetos feitos de cerâmica e a confecção de tecidos de lã e linho, em substituição aos trajes confeccionados com peles de animais. 8 Importante destacar ainda a construção de monumentos megalíticos, que são grandes pedras dispostas em composições únicas. Acredita-se que o objetivo dessas construções era para a realização de rituais e celebrações. Principais características do período Neolítico A descoberta e o controle do fogo marcaram a transição do Paleolítico para o Neolítico. Logo após o período em que os primeiros grupos humanos se adaptaram ao ambiente em busca da sobrevivência, o uso do fogo aperfeiçoou as ações desses grupos. Dessa forma, eles puderam caçar à noite, aquecer-se do frio e cozinhar os alimentos. Essas mudanças originadas pelo uso do fogo permitiram aos hominídeos explorar o meio ambiente a seu favor. No Neolítico, os grupos humanos deixaram de ser nômades, ou seja, mudar constantemente de lugar em busca de melhores condições de sobrevivência, e se transformaram em sedentários. Os hominídeos se fixaram em um determinado lugar. Isso possibilitou o desenvolvimento da agricultura. O plantio e a colheita das sementes fizeram com que esses grupos explorassem a terra onde moravam. A produção agrícola era armazenada em objetos de cerâmica para o consumo posterior ou para a troca com outros grupos. Exemplar de peça de cerâmica do período neolítico Cromeleque de Almendres, Évora, Portugal. Monumento megalítico importante na Península Ibérica https://brasilescola.uol.com.br/geografia/agricultura-5.htm 9 ARTE NA ANTIGUIDADE A partir da invenção da escrita, temos a Antiguidade, que vai até as primeiras expressões da arte cristã. Nessa época, as civilizações eram bastante marcadas pela simbologia. Esse período foi marcado pela Arte Mesopotâmica, Arte Egípcia, Arte Celta e Germânica, Arte Egeia, Arte Fenícia, Arte Etrusca, Arte Grega, Arte Romana, Arte Paleocristã ou Cristã Primitiva. Mesopotâmia A arquitetura da Mesopotâmia empregou nos seus estágios iniciais tijolos de barro cozido, maleáveis, mas pouco resistentes, o que explica o alto grau de desgaste das construções encontradas. As obras mais representativas da construção na Mesopotâmia os zigurates ou templos em forma de torre são da época dos primeiros povos sumérios e sua forma foi mantida sem alteração pelos assírios. Na realidade, tratava-se de edificações superpostas que formavam um tipo de pirâmide de faces escalonadas, dividida em várias câmaras. O zigurate da cidade de Ur é um dos que se conservaram em melhor estado, graças a Nabucodonosor II, que ordenou sua reconstrução depois que os acádios o destruíram. O templo consistia em sete pavimentos e o santuário ficava no terraço. A escultura etrusca Loba Capitolina foi feita em torno dos séculos XI e XII e o tema é a criação 10 Acredita-se que na reconstrução tentou-se copiar a famosa Torre de Babel, hoje destruída. O acesso ao último pavimento era feito por escadarias intermináveis e estreitas que rodeavam os muros. O templo era dedicado ao deus Nannar e à esposa do rei Nabucodonosor, Ningal. A arquitetura monumental aquemênida retomou as formas babilônicas e assírias com a monumentalidade egípcia e o dinamismo grego. Os primeiros palácios de Pasárgada, de Ciro, o Grande (559 a.C. – 530 a.C.), possuíam salas de fileira dupla de colunas acaneladas com capitéis em forma de cabeça de touro, de influência jônica. Para centralizar o poder, Dario (522 a.C. – 486 a.C.) transformou Susa e Persépolis respectivamente em capitais administrativa e religiosa. Seus palácios, obras do renascimento oriental, foram as últimas testemunhas da arquitetura oriental antiga. No que se refere às tumbas, os monarcas aquemênidas, que não seguiram a tradição zoroástrica de expor seus cadáveres às aves de rapina, mandavam escavar suntuosos monumentos funerários nas rochas de montanhas sagradas.Uma das tumbas mais conhecidas é a de Dario I, na encosta do monte Hussein-Kuh. Sua fachada imita o portal de um palácio e é coroada com o disco do deus Ahura Mazda. Este foi o modelo seguido posteriormente nas necrópoles. As primeiras esculturas descobertas na Mesopotâmia datam de 5000 a.C. e são em sua maioria figuras que lembram muito as Vênus pré-históricas encontradas no restante da Europa. No milênio seguinte reflete-se uma estilização das formas tendentes ao naturalismo e são encontradas peças de mármore, tais como bustos, estelas comemorativas e relevos. A mais importante é a estelas encontrada em Langash, não apenas por ser considerada a mais antiga do mundo, como também porque é nela que aparece pela primeira vez a representação de uma batalha. As estátuas mais características são figuras de homem ou mulher em pé, chamadas de oradores, trajados com túnicas amplas, com as mãos postas na altura 11 do peito, sendo o rosto a parte mais chamativa do conjunto, devido ao superdimensionamento dos olhos, normalmente elaborados com incrustações de pedra. Quanto aos relevos, sua importância é indubitavelmente fundamental para a compreensão da história, da iconografia religiosa e do cerimonial dos povos mesopotâmicos. Existiam vários tipos, entre eles os esculpidos em pedra e os realizados sobre ladrilhos esmaltados, como é o caso dos poucos restos encontrados da famosa “Porta dos Deuses” (o que, na verdade, significa Babilônia) e os de argila. Dependendo do povoado e da cidade, os temas e os estilos variavam: durante as dinastias acádia e persa, a temática era a narração da vitória dos reis, enquanto na época dos babilônios a preferência era pelas representações das divindades ou das tarefas cotidianas do povo. A Arte no Egito A arte egípcia estava intimamente ligada à religião, por isso era bastante padronizada, não dando margens à criatividade ou à imaginação pessoal, pois a obra devia revelar um perfeito domínio das técnicas e não o estilo do artista. A arte egípcia caracteriza-se pela representação da figura humana sempre com o tronco desenhado de frente, enquanto a cabeça, as pernas e os pés são colocados de perfil. O convencionalismo e o conservadorismo das técnicas de criação voltaram a produzir esculturas e retratos estereotipados que representam a aparência ideal dos seres, principalmente dos reis, e não seu aspecto real. 12 Após a morte de Ramsés II, o poder real tornou-se muito fraco. O Egito foi invadido sucessivamente pelos etíopes, persas, gregos e, finalmente, pelos romanos. A sua arte, que influenciada pela dos povos invasores, vai perdendo suas características. A pintura egípcia teve seu apogeu durante o império novo, uma das etapas históricas mais brilhantes dessa cultura. Entretanto, é preciso esclarecer que, devido à função religiosa dessa arte, os princípios pictóricos evoluíram muito pouco de um período para outro. Contudo, eles se mantiveram sempre dentro do mesmo naturalismo original. Os temas eram normalmente representações da vida cotidiana e de batalhas, quando não de lendas religiosas ou de motivos de natureza escatológica. As figuras típicas dos murais egípcios, de perfil mas com os braços e o corpo de frente, são produto da utilização da perspectiva da aparência. Os egípcios não representaram as partes do corpo humano com base na sua posição real, mas sim levando em consideração a posição de onde melhor se observasse cada uma das partes: o nariz e o toucado aparecem de perfil, que é a posição em que eles mais se destacam; os olhos, braços e tronco são mostrados de frente. Essa estética manteve-se até meados do império novo, manifestando-se depois a preferência pela representação frontal. Um capítulo à parte na arte egípcia é representado pela escrita. Um sistema de mais de 600 símbolos gráficos, denominados hieróglifos, desenvolveu-se a partir do ano 3300 a.C. e seu estudo e fixação foi tarefa dos escribas. O suporte dos escritos era um papel fabricado com base na planta do papiro. A escrita e a pintura estavam estreitamente vinculadas por sua função religiosa. As pinturas murais dos hipogeus e as pirâmides eram acompanhadas de textos e fórmulas mágicas dirigidas às divindades e aos mortos. É curioso observar que a evolução da escrita em hieróglifos mais simples, a chamada escrita hierática, determinou na pintura uma evolução semelhante, traduzida em um processo de abstração. Essas obras menos naturalistas, pela sua 13 correspondência estilística com a escrita, foram chamadas, por sua vez, de Pinturas Hieráticas. Do império antigo conservam-se as famosas pinturas Ocas de Meidun e do império novo merecem menção os murais da tumba da rainha Nefertari, no Vale das Rainhas, em Tebas. A pirâmide foi criada durante a dinastia III, pelo arquiteto Imhotep, e essa magnífica obra lhe valeu a divinização. No início as tumbas egípcias tinham a forma de pequenas caixas; eram feitas de barro, recebendo o nome de mastabas (banco). Foi desse arquiteto a idéia de superpor as mastabas, dando-lhes a forma de pirâmide. Também se deve a Imhotep a substituição do barro pela pedra, o que sem dúvida era mais apropriado, tendo em vista a conservação do corpo do morto. As primeiras pirâmides foram as do rei Djeser, e elas eram escalonadas. As mais célebres do mundo pertencem com certeza à dinastia IV e se encontram em Gizé: Quéops, Quéfren e Miquerinos, cujas faces são completamente lisas. A regularidade de certas pirâmides deve-se aparentemente à utilização de um número áureo, que muito poucos arquitetos conheciam. Outro tipo de construção foram os hipogeus, templos escavados nas rochas, dedicados a várias divindades ou a uma em particular. Normalmente eram divididos em duas ou três câmaras: a primeira para os profanos; a segunda para o faraó e os nobres; e a terceira para o sumo sacerdote. A entrada a esses templos era protegida por galerias de estátuas de grande porte e esfinges. Quanto à arquitetura civil e palaciana, as ruínas existentes não permitem recolher muita informação a esse respeito. A escultura egípcia foi antes de tudo animista, encontrando sua razão de ser na eternização do homem após a morte. Foi uma estatuária principalmente religiosa. A representação de um faraó ou um nobre era o substituto físico da morte, sua cópia em caso de decomposição do corpo mumificado. Isso talvez pudesse justificar o exacerbado naturalismo alcançado pelos escultores egípcios, principalmente no império antigo. 14 Com o passar do tempo, a exemplo da pintura, a escultura acabou se estilizando. As estatuetas de barro eram peças concebidas como partes complementares do conjunto de objetos no ritual funerário. Já a estatuária monumental de templos e palácios surgiu a partir da dinastia XVIII, como parte da nova arquitetura imperial, de caráter representativo. Paulatinamente, as formas foram se complicando e passaram do realismo ideal para o amaneiramento completo. Com os reis ptolemaicos, a grande influência da Grécia revelou-se na pureza das formas e no aperfeiçoamento das técnicas. A princípio, o retrato tridimensional foi privilégio de faraós e sacerdotes. Com o tempo estendeu se a certos membros da sociedade, como os escribas. Dos retratos reais mais populares merecem menção os dois bustos da rainha Nefertite, que, de acordo com eles, é considerada uma das mulheres mais belas da história universal. Ambos são de autoria de um dos poucos artistas egípcios conhecidos, o escultor Thutmosis, e encontram-se hoje nos museus do Cairo e de Berlim. Igualmente importantes foram as obras de ourivesaria, cuja maestria e beleza são suficientes para testemunhar a elegância e a ostentação das cortes egípcias. Os materiais mais utilizados eram o ouro, a prata e pedras. As joias sempre tinham uma função específica (talismãs), a exemplo dos objetos elaboradospara os templos e as tumbas. Os ourives também colaboraram na decoração de templos e palácios, revestindo muros com lâminas de ouro e prata lavrados contendo inscrições, dos quais restaram apenas testemunho. A Arte Grega Dos povos da antiguidade, os que apresentaram uma produção cultural mais livre foram os gregos, que valorizaram especialmente as ações humanas, na certeza de que o homem era a criatura mais importante do universo. Assim, o conhecimento, através da razão, esteve sempre acima da fé em divindades. Enquanto os egípcios procuravam fazer uma figura realista de um homem, o escultor grego acreditava que uma estátua que representasse um homem não deveria ser apenas semelhante a um homem, mas também um objeto belo em si 15 mesmo. Seus reis não eram deuses, mas seres inteligentes e justos, que dedicavam ao bem-estar do povo e a democracia. Podem-se distinguir quatro grandes períodos na evolução da arte grega: o geométrico (séculos IX e VIII a.C.), o arcaico (VII e VI a.C.), o clássico (V e IV a.C.) e o helenístico (do século III ao I a.C.). No chamado período geométrico, a arte se restringiu à decoração de variados utensílios e ânforas. Esses objetos eram pintados com motivos circulares e semicirculares, dispostos simetricamente. A técnica aplicada nesse trabalho foi herdada das culturas cretense e micênica. Passado muito tempo, a partir do século VII a.C., durante o denominado período arcaico, a arquitetura e a escultura experimentaram um notável desenvolvimento graças à influência dessas e outras culturas mediterrâneas. Também pesaram o estudo e a medição do antigo megaron, sala central dos palácios de Micenas a partir da qual concretizaram os estilos arquitetônicos do que seria o tradicional templo grego. Entre os séculos V e IV a.C., a arte grega consolida suas formas definitivas. Na escultura, somou-se ao naturalismo e à proporção das figuras o conceito de dinamismo refletido nas estátuas de atletas como o Discóbolo de Miron e o Doríforo de Policleto. Na arquitetura, em contrapartida, o aperfeiçoamento da óptica (perspectiva) e a fusão equilibrada do estilo jônico e dórico trouxe como resultado o Partenon de Atenas, modelo clássico por excelência da arquitetura dessa época. No século III, durante o período helenístico, a culturagrega se difunde, principalmente graças às 16 conquistas e expansão de Alexandre Magno, por toda a bacia do Mediterrâneo e Ásia Menor. A pintura grega encontrou uma forma de realização na arte da cerâmica, os vasos gregos são conhecidos não só pelo equilíbrio de sua forma, mas também pela harmonia entre o desenho, as cores e o espaço utilizado para a ornamentação. No começo, os desenhos eram simplesmente formas geométricas elementares de onde se originou a denominação de geométrico conferida a esse primeiro período (séculos IX e VIII a.C.) que mal se destacavam na superfície. Com o passar do tempo, elas foram gradativamente se enriquecendo, até adquirir volume. Surgiram então os primeiros desenhos de plantas e animais guarnecidos por adornos chamados de meandros. Numa etapa próxima, já no período arcaico (séculos VII e VI a.C.), começou a ser incluída nos desenhos a figura humana, que apresentava um grafismo muito estilizado. E, com o aparecimento de novas tendências naturalistas, ela passou a ser cada vez mais utilizada nas representações mitológicas, o que veio a aumentar sua importância. As cenas eram apresentadas em faixas horizontais paralelas que podiam ser visualizadas ao se girar a peça de cerâmica. Com a substituição do cinzel pelo pincel, os traçados se tornaram mais precisos e ricos em detalhes. As peças de cerâmica pintadas começam a experimentar uma perceptível decadência durante o classicismo (séculos IV e V a.C.). No entanto, passado um bom tempo, elas acabaram ressurgindo triunfantes no período helenístico (século III), totalmente renovadas, cheias de cor e ricamente decoradas. As primeiras esculturas gregas (século IX a.C.) não passavam de pequenas figuras humanas feitas de materiais muito brandos e fáceis de manipular, como a argila, o marfim ou a cera. Essa condição só se alterou no período arcaico (séculos VII e VI a.C.), quando os gregos começaram a trabalhar a pedra. Os motivos mais comuns das primeiras obras eram simples estátuas de rapazes (kouros) e moças (korés). 17 As figuras esculpidas apresentavam formas lisas e arredondadas e plasmavam na pedra uma beleza ideal. Essas figuras humanas guardavam uma grande semelhança com as esculturas egípcias, as quais, obviamente, lhes haviam servido de modelo. Com o advento do classicismo (séculos V e IV a.C.), a estatuária grega foi assumindo um caráter próprio e acabou abandonando definitivamente os padrões orientais. Foi o consciencioso estudo das proporções que veio oferecer a possibilidade de se copiar fielmente a anatomia humana, e com isso os rostos obtiveram um ganho considerável em expressividade e realismo. Mais tarde introduziu-se o conceito de contrapposto posição na qual a escultura se apoiava totalmente numa perna, deixando a outra livre, e o princípio do dinamismo tomou forma nas representações de atletas em plena ação. Entre os grandes artistas do classicismo estão: Policleto,(que criou a regra do “belo ideal” que divide o corpo humano em 8 partes iguais. Essa regra é utilizada até hoje nas aulas de desenho.)Miron, Praxíteles e Fídias. Contudo, não se pode tampouco deixar de mencionar Lisipo, que, nas suas tentativas de plasmar as verdadeiras feições do rosto, conseguiu acrescentar uma inovação a esta arte, criando os primeiros retratos. Durante o período helênico (século III a.C.), verificou-se uma ênfase nas formas herdadas do classicismo, e elas foram se sofisticando. O resultado disso foi o surgimento de obras de inigualável monumentalidade e beleza, como O Colosso de Rodes, de trinta e dois metros de altura. É interessante esclarecer que, tanto por sua função religiosa quanto pela sua importância como elemento decorativo, a escultura estava estreitamente ligada à arquitetura. Isso se evidencia nas estátuas trabalhadas nas fachadas, colunas e interiores dos templos. Na arquitetura, não resta dúvida de que o templo foi um dos legados mais importantes da arte grega ao Ocidente. Suas origens devem ser procuradas no megaron micênico. Este aposento, de morfologia bastante simples, apesar de ser a acomodação principal do palácio do governante, nada mais era do que uma sala retangular, à qual se tinha acesso através de um pequeno pórtico (pronaos), e quatro 18 colunas que sustentavam um teto parecido com o atual telhado de duas águas. No princípio, esse foi o esquema que marcou os cânones da edificação grega. Foi a partir do aperfeiçoamento dessa forma básica que se configurou o templo grego tal como o conhecemos hoje. No princípio, os materiais utilizados eram o adobe para as paredes e a madeira para as colunas. Mas, a partir do século VII a.C. (período arcaico), eles foram caindo em desuso, sendo substituídos pela pedra. Essa inovação permitiu que fosse acrescentada uma nova fileira de colunas na parte externa (peristilo) da edificação, fazendo com que o templo obtivesse um ganhono que toca à monumentalidade. Surgiram então os primeiros estilos arquitetônicos: o dórico, ao sul, nas costas do Peloponeso, e o jônico, a leste. Os templos dóricos eram em geral baixos e maciços. As grossas colunas que lhes davam sustentação não dispunham de base, e o fuste tinha forma acanelada. O capitel, em geral muito simples, terminava numa moldura convexa chamada de equino. As colunas davam suporte a um entablamento (sistema de cornijas) formado por uma arquitrave (parte inferior) e um friso de tríglifos (decoração acanelada) entremeado de métopas. A construção jônica, de dimensões maiores, se apoiava numa fileira dupla de colunas, um pouco maisestilizadas, e apresentava igualmente um fuste acanelado e uma base sólida. O capitel culminava em duas colunas graciosas, e os frisos eram decorados em altos-relevos. Mais adiante, no período clássico (séculos V e IV a.C.), a arquitetura grega atingiu seu ponto máximo. Aos dois estilos já conhecidos veio se somar um outro, o coríntio, que se caracterizava por um capitel típico cuja extremidade era decorada por folhas de acanto. As formas foram se estilizando ainda mais e acrescentou-se uma terceira fileira de colunas. O Partenon de Atenas é a mais evidente ilustração desse brilhante período arquitetônico grego. Na época da hegemonia helenística (século III a.C.), a construção, que conservou as formas básicas do período clássico, alcançou o ponto máximo de suntuosidade. As colunas de capitéis ricamente decorados sustentavam 19 frisos trabalhados em relevo, exibindo uma elegância e um trabalho dificilmente superáveis. Assim, a história da arte grega está ligada às épocas da vida desse povo. O pré-helenismo foi um longo período, no qual a arte estava se afirmando. Na época arcaica , a arte tomou formas definidas. A época clássica, foi o momento da plenitude e da perfeição artística e cultural dos gregos. O helenismo foi o momento em que os gregos já haviam chegado à plenitude e passaram a espalhar sua arte pelo Egito, pela Ásia Menor, pela Síria e por Roma. A Arte Romana A arte romana sofreu duas grandes influências: a da arte etrusca, popular e voltada para a expressão da realidade vivida, e a da grego-helenística, orientada para a expressão de um ideal de beleza mesmo com toda influência e admiração nas concepções helenísticas a respeito da arte, os romanos não abdicaram de um interesse muito próprio: retratar os traços particulares de uma pessoa. O que acabou ocorrendo foi uma acomodação entre a concepção artística romana e a grega. A arte dos romanos revela-nos um povo possuidor de um grande espírito prático: por toda parte em que estiveram, estabeleceram colônias, construíram casas, templos, termas, aquedutos, mercados e edifícios governamentais. Embora não haja dúvida de que as obras arquitetônicas romanas tenham resultado da aplicação das proporções gregas à arquitetura de abóbadas dos etruscos, também é certo que lhes falta um caráter totalmente próprio, um selo que as distinga. 20 Para começar, a partir do século II a.C., os arquitetos da antiga Roma dispunham de dois novos materiais de construção. Um deles, o opus cementicium uma espécie de concreto armado era um material praticamente indestrutível.Do outro lado estava o opus latericium, o ladrilho, que permitia uma grande versatilidade. Combinado com o primeiro material, ele oferecia a possibilidade de se construírem abóbadas de enormes dimensões e, apesar disso, muito leves.Os romanos também modificaram a linguagem arquitetônica que haviam recebido dos gregos, uma vez que acrescentaram aos estilos herdados (dórico, jônico e coríntio) duas novas formas de construção: os estilos toscano e composto. A evolução da arquitetura romana reflete-se fundamentalmente em dois âmbitos principais: o das escolas públicas e o das obras particulares. As primeiras (por exemplo, templos, basílicas, anfiteatros, arcos de triunfo, colunas comemorativas, termas e edifícios administrativos) eram obras que apresentavam dimensões monumentais e quase sempre formavam um conglomerado desordenado em torno do fórum ou praça pública das cidades. Por outro lado, as segundas, como os palácios urbanos e as vilas de veraneio da classe patrícia, se desenvolveram em regiões privilegiadas das cidades e em seus arredores, com uma decoração faustosa e distribuídas em torno de um jardim. A plebe, ao invés disso, vivia em construções de vários pavimentos chamados de insulae, muito parecidos com nossos atuais edifícios, com portas que davam acesso a sacadas e terraços, mas sem divisões de ambiente nesses recintos. Seus característicos tetos de telha de barro cozido ainda subsistem em pleno século XX. A engenharia civil merece um parágrafo à parte. Além de construir caminhos que ligavam todo o império, os romanos edificaram aquedutos que levavam água limpa até as cidades e também desenvolveram complexos sistemas de esgoto para dar vazão à água servida e aos dejetos das casas. O conceito de grande urbe que tinham os romanos definitivamente era muito semelhante ao que existe em nossos dias. A pintura romana sempre esteve estreitamente ligada à arquitetura, e sua finalidade era quase exclusivamente decorativa. Já no século II a.C., na época da 21 república, disseminou-se entre as famílias patrícias, empenhadas em exibir sua riqueza, o peculiar costume de mandar que se fizessem imitações da opulenta decoração de templos e palácios, tanto na casa em que viviam quanto naquela em que passavam o verão. Graças a um bem-sucedido efeito ótico, chegavam a simular nas paredes portas entreabertas que davam acesso a aposentos inexistentes.Com o tempo, aproximadamente na metade do império, esse costume deixou de ser moda e foi se atenuando, até que as grandes pinturas murais acabaram tendo reduzidas suas dimensões, para transformarem-se finalmente em pequenas imagens destinadas a obter efeitos decorativos o mosaico foi o outro grande favorito na decoração de interiores romana. Os temas prediletos para a aplicação dessa complicada e minuciosa técnica foram, por um lado, o retrato, que podia ser bem pessoal ou apresentar um caráter familiar, e, por outro, as onipresentes cenas mitológicas, além das paisagens rurais ou das marinhas, com sua fauna e flora. Os romanos costumavam dedicar especial apreço pelas obras totalmente naturalistas, dinâmicas e proporcionadas da estatuária grega. Diante da impossibilidade de transportar as obras mais valiosas de Fídias, Policleto ou Praxítenes, eles tomavam providências no sentido de que seus próprios escultores as copiassem. Isso fez com que surgissem importantes escolas de copistas. Pode-se dizer que quase todas elas logo atingiram um excelente nível de realização. Desse modo, a arte estatuária do Império compensou com quantidade sua falta de originalidade. Encontrando na escultura a maneira ideal de perpetuar a história e seus protagonistas, proliferaram no âmbito dessa arte romana os bustos, retratos de corpo inteiro e estátuas equestres de imperadores e patrícios, os quais passaram desse modo à posteridade, alçados praticamente à categoria de deuses. Cláudio, por exemplo, fez-se esculpir com os atributos de Júpiter, e Augusto se fez retratar com seus galões militares, afundado numa armadura que deixava entrever os músculos do Doríforo de Policleto. 22 Os imperadores romanos começaram a enfrentar tanto lutas internas pelo poder quanto a pressão dos povos bárbaros que, cada vez mais, investiam contra as fronteiras do império. Era o começo da decadência do Império romano que, no século V, perde o domínio do seu território do Ocidente para os germânicos. A Arte Cristã Primitiva Após a morte de Jesus Cristo, seus discípulos passaram a divulgar seus ensinamentos. Inicialmente, essa divulgação restringiu-se à Judéia, província romana onde Jesus viveu e morreu, mas depois, a comunidade cristã começou a dispersar- se por várias regiões do Império Romano. No ano de 64, no governo do Imperador Nero, deu-se a primeira grande perseguição aos cristãos. Num espaço de 249 anos, eles foram perseguidos mais nove vezes; a última e a mais violenta dessas perseguições ocorreu entre 303 e 305, sob o governo de Diocleciano. A arte das Catacumbas Por causa dessas perseguições, os primeiros cristãos de Roma enterravam seus mortos em galerias subterrâneas, denominadas catacumbas. Dentro dessas galerias, o espaço destinado a receber o corpo das pessoas era pequeno. Os mártires, porém, eram sepultados em locais maioresque passaram a receber em seu teto e em suas paredes laterais as primeiras manifestações da pintura cristã. 23 Inicialmente essas pinturas limitavam-se a representações dos símbolos cristãos: a cruz – símbolo do sacrifício de Cristo; a palma – símbolo do martírio; a âncora – símbolo da salvação; e o peixe – o símbolo preferido dos artistas cristãos, pois as letras da palavra “peixe”, em grego (ichtys), coincidiam com a letra inicial de cada uma das palavras da expressão lesous Chrastos, Theou Yios, Soter, que significa “Jesus Cristo, Filho de Deus, Salvador” Essas pinturas cristãs também evoluíram e, mais tarde, começaram a aparecer cenas do Antigo e do Novo Testamento. Mas o tema predileto dos artistas cristãos era a figura de Jesus Cristo, o Redentor, representado como o Bom Pastor. É importante notar que essa arte cristã primitiva não era executada por grandes artistas, mas por homens do povo, convertidos à nova religião. Daí sua forma rude, às vezes grosseira, mas, sobretudo muito simples. A arte e o Cristianismo Oficial As perseguições aos cristãos foram aos poucos diminuindo até que, em 313, o Imperador Constantino permitiu que o cristianismo fosse livremente professado e converteu-se à religião cristã. Sem as restrições do governo de Roma, o cristianismo expandiu-se muito, principalmente nas cidades, e, em 391, o Imperador Teodósio oficializou-o como a religião do Império. Começaram a surgir então os primeiros templos cristãos. Externamente, esses templos mantiveram as características da construção romana destinada à administração da justiça e chegaram mesmo a conservar o seu nome – basílica. Já internamente, como era muito grande o número de pessoas convertidas à nova religião, os construtores procuraram criar amplos espaços e ornamentar as paredes com pinturas e mosaicos que ensinavam os mistérios da fé aos novos cristãos e contribuíam para o aprimoramento de sua espiritualidade. Além disso, o espaço interno foi organizado de acordo com as exigências do culto. A basílica de Santa Sabina, construída em Roma entre 422 e 432, por exemplo, apresenta uma nave central ampla, pois aí ficavam os fiéis durante as cerimônias religiosas. Esse espaço é limitado nas laterais por uma sequência de colunas com capitel coríntio, combinadas com belos arcos romanos. 24 A nave central termina num arco, chamado arco triunfal, e é isolada do altar- mor por uma abside, recinto semicircular situado na extremidade do templo. Tanto o arco triunfal como o teto da abside foram recobertos com pinturas retratando personagens e cenas da história cristã. O Cristianismo e a Arte Toda essa arte cristã primitiva, primeiramente tosca e simples nas catacumbas e depois mais rica e amadurecida nas primeiras basílicas, prenuncia as mudanças que marcarão uma nova época na história da humanidade. Como vimos, a arte cristã que surge nas catacumbas em Roma não é feita pelos grandes artistas romanos, mas por simples artesãos. Por isso, não tem as mesmas qualidades estéticas da arte pagã. Mas as pinturas das catacumbas já são indicadoras do comprometimento entre a arte e a doutrina cristã, que será cada vez maior e se firmará na Idade Média. A Arte Bizantina Em 395, o Imperador Teodósio dividiu em duas partes o imenso território que dominava: o Império Romano do Ocidente e o Império Romano do Oriente 25 O Império Romano do Ocidente, que ficou com a capital em Roma, sofreu sucessivas ondas de invasões bárbaras até cair completamente em poder dos invasores, no ano de 476, data que marca o fim da Idade Antiga e o início da Idade Média. Já o Império Romano do Oriente, apesar das contínuas crises políticas que sofreu, conseguiu manter sua unidade até 1453, quando os turcos tomaram sua capital, Constantinopla. Teve início então um novo período histórico: a Idade Moderna. Constantinopla foi fundada pelo Imperador Constantino, em 330, no local onde ficava Bizâncio, antiga colônia grega. Por causa de sua localização geográfica entre a Europa e a Ásia, no estreito de Bósforo, esta rica cidade foi palco de uma verdadeira síntese das culturas greco-romana e oriental. Entretanto, o termo bizantino, derivado de Bizâncio, passou a ser usado para nomear as criações culturais de todo o Império do Oriente, e não só daquela cidade. O Império Bizantino – como acabou sendo denominado o Império Romano do Oriente – alcançou seu apogeu político e cultural durante o governo do Imperador Justiniano, que reinou de 527 a 565. A afirmação do cristianismo coincidiu historicamente com o momento de esplendor da capital do Império Bizantino. Por isso, ao contrário da arte cristã primitiva, que era popular e simples, a arte cristã depois da oficialização do cristianismo assume um caráter majestoso, A Arte bizantina tinha um objetivo: expressar a autoridade absoluta do imperador, considerado sagrado, representante de Deus e com poderes temporais e espirituais. Para que a arte atingisse melhor esse objetivo, uma série de convenções foram estabelecidas, tal como na arte egípcia. Uma delas foi a frontalidade, pois a postura rígida da figura leva o observador a uma atitude de respeito e veneração pelo personagem representado. Por outro lado, quando o artista reproduz frontalmente as figuras, ele mostra um respeito pelo observador, que vê nos soberanos e nas personagens sagradas 26 seus senhores e protetores. Além da frontalidade, outras regras minuciosas foram estabelecidas pelos sacerdotes para os artistas, determinando o lugar de cada personagem sagrado na composição e indicando como deveriam ser os gestos, as mãos, os pés, as dobras das roupas e os símbolos. Enfim, tudo que poderia ser representado estava rigorosamente determinado. As personalidades oficiais e os personagens sagrados passaram também a ser retratados de forma a trocar entre si seus elementos caracterizadores. Assim, a representação de personalidades oficiais sugeria que se tratava de personagens sagrados. O Imperador Justiniano e a Imperatriz Teodora, por exemplo, chegaram a ser representados na igreja de São Vital com a cabeça aureolada, símbolo usado para caracterizar as figuras sagradas, como Cristo, os santos e os apóstolos. Os personagens sagrados, por sua vez, eram reproduzidos com as características das personalidades do Império. Cristo, por exemplo, aparecia como um rei e Maria como uma rainha. Da mesma forma, nos mosaicos, a procissão de santos e apóstolos aproximava-se de Cristo ou de Maria de forma solene, como ocorria na realidade com o cortejo do Imperador nas cerimônias da corte. Esse caráter majestoso da arte bizantina pode ser observado também na arquitetura como nos mosaicos e nas pinturas que decoram o interior das igrejas. As igrejas que revelam uma arte mais madura são as da época de Justiniano. A combinação perfeita de arcos, colunas e capitéis fornece os elementos de uma arquitetura adequada para apoiar mármores e mosaicos que, com seu rico colorido, fazem lembrar a arte do Oriente. 27 Depois da morte do Imperador Justiniano, em 565, aumentaram as dificuldades políticas para que o Oriente e o Ocidente se mantivessem unidos. O Império Bizantino sofreu períodos de declínio cultural e político, mas conseguiu sobreviver até o fim da Idade média, quando Constantinopla foi invadida pelos turcos. ARTE MEDIEVAL Pintura medieval de 1308. Têmpera sobre madeira A arte medieval foi produzida durante a Idade Média, entre os séculos V e XV. Nesse período, a Igreja Católica ditava as regras na Europa e toda a produção artística estava ligada à religiosidade. Está associada à religiosidade, uma vez que nesse período a Igreja tinha grande poder e influência na vida das pessoas. Assim, o teocentrismo (Deus como centro do mundo) foi a principal característica da cultura medieval. A Idade Média teve início coma queda do Império romano do Ocidente, em 476. Seu fim foi marcado com a tomada de Constantinopla pelos turcos em 1453. Na Idade Média (ou medievo), poucas pessoas sabiam ler. Essa atividade era exclusiva dos membros da Igreja (clero) e dos nobres. Portanto, a arte religiosa da Idade Média tinha o intuito de aproximar as pessoas da religiosidade e apresentar um caráter didático. 28 A principal organização político-administrativa desse período estava baseada no sistema feudal. Nessas grandes extensões de terra, a mobilidade social era inexistente. A sociedade feudal era exclusivamente rural e autossuficiente. A estrutura social era estamental e fixa, dividida em rei, clero, nobreza e povo. Foi nesse contexto que a arte medieval se desenvolveu em diversos campos, como a arquitetura, pintura, música, escultura e literatura. Dois estilos foram predominantes nesse período: o Estilo Românico e o Estilo Gótico. Arte Medieval Românica A arte românica recebe esse nome uma vez que está associada à cultura romana. O estilo românico foi desenvolvido durante o período denominado de Alta Idade Média (entre os séculos V e IX). Na arquitetura, temos castelos, igrejas e mosteiros que revelam o estilo mais “pesado” se comparado à arte gótica. Com poucas janelas, nesses locais a entrada de luz era escassa. Ou seja, na arquitetura românica as paredes das construções eram grossas, os quais revelavam o intuito principal de defesa. Nesse período prevaleceu as abóbadas e os arcos de volta perfeita. A horizontalidade das construções representou uma importante caraterística desse período. As plantas arquitetônicas eram construídas em forma de cruz e a horizontalidade da construção era evidente. Na pintura e escultura, os temas estavam essencialmente voltados para a religião. Essas manifestações artísticas eram encontradas nas igrejas e nos castelos e tinham o intuito de adornar, bem como de instruir as pessoas sobre os temas da religiosidade. Em relação ao estilo gótico, a decoração românica era mais simples. 29 Arte Medieval Gótica A arte gótica é posterior à arte românica, e foi desenvolvida no período denominado Baixa Idade Média (século X ao XV). Diferente da arte românica, a arte gótica revelou maior leveza e abertura. Ou seja, se compararmos a arquitetura dos dois períodos, notamos que na arte gótica, as construções não possuíam paredes tão grossas. Além disso, as entradas (seja das igrejas ou dos mosteiros) já incluíam mais aberturas, desde janelas e portas. Devemos lembrar que as janelas da arte românica eram muito estreitas, enquanto na arte gótica as janelas já são maiores e em maior número, permitindo assim, a entrada da luz. Nesse período prevaleceu os arcos de volta-quebrada e as ogivas. Ainda na arquitetura, a arte gótica utilizou os vitrais para a entrada da luz. A maioria deles com temas religiosos. Uma das características mais relevantes da arquitetura gótica era verticalidade. Ou seja, as construções eram muito elevadas, as quais revelam a força da religiosidade. Quanto mais alto, mais perto de Deus estavam. Da mesma maneira que na arte românica, as pinturas e esculturas góticas tinham como principal tema a religião. Os vitrais foram muito comuns nesse período. Eram feitos de vidro e repleto de cores. Geralmente representavam temas religiosos, no entanto, há aqueles em formato arredondados, tal qual as rosáceas e mosaicos. 30 ARTE RENASCENTISTA O nascimento de Vênus (1483), de Sandro Botticelli é uma pintura renascentista O Renascimento (ou Renascença, Renascentismo) foi, ao mesmo tempo, um período histórico e um movimento cultural, intelectual e artístico surgido na Itália, entre os séculos XIV e XVII, e atingiu seu ápice no século XVI. Como sabemos, renascimento significa, literalmente, nascer novamente. Por isso, esse termo foi utilizado para indicar o movimento de retomada da cultura clássica greco-romana. Embora a Itália, especialmente Florença, sejam consideradas o berço da Renascença, ela se expandiu para outras regiões europeias, tais como Alemanha, Flandres e o norte dos Alpes. Vejamos alguns acontecimentos históricos que contribuíram para o seu desenvolvimento. O Renascimento está situado num período de transição entre a Idade Média e a Modernidade, o que corresponde ao final do Feudalismo e início do Capitalismo. Naquele momento, uma importante mudança no modo de perceber o mundo estava ocorrendo: passava-se de um pensamento predominantemente teocêntrico onde tudo se explica a partir de uma origem divina - para uma visão de mundo antropocêntrica, onde o homem assume papel central em relação ao universo. Tais pensamentos resultaram no surgimento do Humanismo, um movimento intelectual que se dedicou a valorizar a condição humana e suas múltiplas possibilidades de realizações e descobertas em variados campos do saber, tais como a ciência, a literatura e as artes. 31 Os italianos daquela época identificaram esses ideais na poderosa Roma Antiga e, com o intuito de reviver esse período, buscaram retomar os seus valores, hábitos, literatura e mitologias. Para isso, os artistas renascentistas estabeleceram como parâmetros para as suas produções as antigas obras clássicas greco-romanas, consideradas, por eles, o que de melhor havia sido produzido em termos artísticos até então. Ao fato de reviver os padrões da antiga Arte Clássica, tais como realismo, simetria e beleza, é que consideramos o Renascimento como o segundo momento da Arte Clássica na história da arte. Durante o Renascimento houve um grande desenvolvimento naval, comercial e urbano, o que resultou em um significativo crescimento econômico, que deu origem a uma nova classe social, a burguesia. Em virtude dessa ascensão social de uma parcela da população, surgiu um modo diferente de relação entre a arte e a sociedade: o mecenato. O mecenas foi uma figura de extrema importância nesse contexto, pois costumava patrocinar os artistas e suas obras, auxiliando assim na expansão de múltiplos talentos. Sem esse cenário econômico favorável, talvez o Renascimento não encontrasse condições para se desenvolver. A arquitetura foi a primeira das artes a ser influenciada pelos ideais renascentistas. Inspirado nos modelos arquitetônicos clássicos, o arquiteto Filippo Brunelleschi, projetou a cúpula da catedral de Florença, Santa Maria del Fiore (c.1420-1436) com formas simétricas e harmoniosas. Brunelleschi influenciou enormemente outros arquitetos daquele período e dos séculos seguintes. Leon Allberti, na elaboração da fachada, à maneira romana, da Igreja de S. Andrea (c.1460), em Mântua, é um exemplo da influência exercida por Brunelleschi sobre seus contemporâneos. Nas letras, vale destacar a produção de Dante Alighieri, Francesco Petrarca e Giovanni Boccaccio. Podemos identificar as primeiras características da pintura renascentista a partir do século XIV, na produção de Giotto di Bondone. Em pinturas como A Lamentação (c.1305), Giotto rompeu com o estilo artístico de sua época, caracterizado por formas rígidas, ao inserir, em sua pintura, figuras mais realistas e sensação de profundidade na paisagem ao fundo, por meio da perspectiva. Tais princípios de perspectiva foram ainda mais desenvolvidos no século XV, com Masaccio e sua perspectiva matemática, o que pode ser observada na pintura A Santíssima Trindade (c.1420). 32 O Renascimento foi repleto de inovações técnicas no campo artístico. A observação direta da realidade é um deles. Assim, os artistas costumavam desenhar exaustivamente para melhor representarem em suas pinturas e esculturas aquilo que estava diante deles. Outras invenções importantes foram a pintura de cavalete (com a utilização de uma tela colocada sobre esse suporte), e o aprimoramento e uso popularizado da tinta a óleo (misturade pigmentos com óleos vegetais), pois permitiram tanto o deslocamento e comercialização das obras, quanto uma maior vivacidade nas cores e efeitos mais realistas nas pinturas. Além disso, os artistas, antes anônimos, passaram a ser valorizados pela sociedade. Com isso, teve início a prática do autorretrato, que podemos comparar, em menores proporções, com as atuais selfies. O curto período chamado de Renascimento Pleno (1500-1520) foi responsável pelo surgimento das obras dos três mais conhecidos artistas desse período: Leonardo da Vinci, Michelangelo Buonarroti e Rafael Sanzio. O interesse de Da Vinci por variados campos do saber contribuiu para sua fama de “artista completo”, tão valorizada durante a Renascença. Podemos notar sua inventividade nos projetos para a construção de aeronaves, nos desenhos anatômicos realizados a partir de cadáveres etc. Na sua pintura mais famosa, a Mona Lisa (1503-1506), estão presentes os ideais renascentistas de serena harmonia. A suave transição dos tons mais escuros para os mais claros são o resultado de uma técnica criada pelo próprio artista, e chamada de sfumato (fumaça, em italiano). Embora não se considerasse um pintor e sim um escultor, não podemos deixar de nos impressionar com a força das imagens presentes nos afrescos (técnica que consiste na realização de pinturas sobre o gesso ainda úmido) realizados por Michelangelo no teto da Capela Sistina, em Roma (o processo de realização dessas pinturas pode ser compreendido através do filme Agonia e Êxtase, de 1965). Essa mesma força está presente na obra Davi (1501-1504), uma estátua de aproximadamente quatro metros de altura, que representa a determinação, e as belas formas, do jovem herói bíblico em sua batalha contra o gigante Golias. É frequente mencionar o mais jovem desses três artistas, Rafael, como a síntese dos talentos dos outros dois. Em Triunfo da Galateia (c.1512-1514), a mitologia é o tema para a execução de uma pintura linear, em que predominam os contornos. Tudo nesta pintura, como em muitas outras do Renascimento, é 33 extremamente nítido e claro, não existem áreas sombrias. Simbolicamente, nada existe que seja oculto ao homem renascentista. Não há nada que permaneça nas trevas do desconhecimento, pois através dos seus inúmeros saberes culturais e científicos, ele é capaz de lançar luz a todos os mistérios do mundo. Eis um ideal renascentista que, em breve, não mais se sustentaria. ARTE PRÉ-COLOMBIANA Exemplares de arte pré-colombiana expostos no Museu de Arte-Pré colombiana, no Chile A arte pré-colombiana é definida como a produção artística e cultural dos primeiros povos da América espanhola antes da chegada de Cristóvão Colombo no continente, em 1492. Considera-se manifestações artísticas dos povos ameríndios as peças com funções religiosas ou decorativas, além de expressões arquitetônicas. Através do estudo da arte pré-colombiana foi possível classificar e distinguir os povos que viveram na América Latina e compreender suas culturas específicas e também de modo geral. Essas expressões artísticas foram a Arte Inca, Arte Asteca e Arte Maia. Arte Asteca 34 - Na pintura, os artistas astecas utilizaram cores fortes e retrataram, principalmente, cenas do dia-a-dia. Essas pinturas eram feitas, principalmente, nas paredes de pirâmides, de templos e em túmulos. - Na arquitetura, os astecas se destacaram, principalmente, na construção de pirâmides e templos. Também foram muito eficientes no planejamento urbano. - Já no campo da escultura, os astecas se caracterizaram pela expressão de realismo e representação de questões religiosas (referências ao mundo espiritual), crenças e deuses. Arte Inca - Na pintura, a arte inca caracterizou-se pela representação de temas religiosos, principalmente, nos murais. Destaque também para os mantos pintados (arte têxtil) com muitas cores e figuras geométricas. - A escultura caracterizou-se pelos vasos de cerâmica, decorados com pinturas, e estatuetas de divindades (principalmente de ouro e prata). - Na arquitetura, os incas construíram, utilizando pedras e muito conhecimento matemático, templos religiosos, muralhas, canais de água, casas, etc. Arte Maia - Pinturas marcadas por cores fortes e grande sofisticação. Como os maias possuíam um sistema de escrita, muitas pinturas possuíam textos explicativos. As pinturas retratavam deuses, mitos, cenas agrícolas e pessoas importantes. - Na arquitetura, destacaram-se na construção de templos e pirâmides. Nessas construções, os artistas maias faziam relevos para decorar os ambientes. A suntuosidade foi uma das principais características da arquitetura maia. - Na escultura, podemos destacar vasos de cerâmica decorativos, esculturas de divindades e as máscaras funerárias. 35 ARTE NA CHAMADA "IDADE CONTEMPORÂNEA" A liberdade guiando o povo (1830), de Delacroix, é uma obra do romantismo que ilustra a Revolução Francesa A arte na Idade Contemporânea compreende-se no período entre a Revolução Francesa (1789) e o presente. Foi uma época caracterizada por revoluções e grandes transformações artísticas, demográficas, sociais, políticas, tecnológicas e econômicas. Neste contexto, a vanguarda artística surgiu, buscando uma nova linguagem estética consistente com a nova sociedade do século XX. A principal característica da arte na Idade Contemporânea é a liberdade de expressão e atitude provocante. Também o uso da linguagem e vocabulário que escandaliza e humoristicamente critica a cultura e os tempos. A arte abandona a imitação da natureza e se concentra no mundo interior dos personagens, no sensível, no conceitual e na linguagem das formas. Prevalece o inconsciente, a reconstrução mental do trabalho, exigindo do espectador uma nova atitude para com a obra. As pinturas e esculturas fogem da figuração e avançam em direção ao abstrato. Elas quebram com as linhas, com as cores tradicionais e com a perspectiva única. Criam desenhos geométricos e a visão simultânea de várias configurações de 36 um objeto. A arquitetura, por outro lado, abandona a simetria para dar lugar à assimetria. As vertentes artísticas que fizeram parte desse contexto em um primeiro momento, são: Neoclassicismo, Romantismo, Realismo, Impressionismo, Pós- Impressionismo. Neoclassicismo O Neoclassicismo (novo classicismo) representa um movimento artístico e cultural que envolveu a literatura, a pintura, a escultura e a arquitetura. Surgiu no século XVIII na Europa se espalhando pelo mundo, permanecendo até meados do século XIX. Recebe esse nome uma vez que esteve baseado nos ideais clássicos. Trata- se de um movimento de oposição aos exagero, rebuscamento e complexidades do Barroco. Ele surge após a Revolução Francesa (1789), o início da Revolução Industrial e no contexto do Iluminismo chamado de “Era da Razão”. Características do Neoclassicismo Valorização do passado histórico Influência da arte clássica (greco-romana) Baseado nos ideais iluministas Oposição ao Barroco e ao Rococó Temas mitológicos e cotidianos Racionalismo, academicismo e idealismo Harmonia e beleza estética Simplicidade e equilíbrio das formas Uso da Proporção e da clareza Imitação da natureza Arquitetura Neoclassicista 37 Panteão de Paris, França A arquitetura neoclássica foi fundamentada nos ideais clássicos e nas construções erigidas durante o período do Renascimento. O "Panteão de Paris" é um dos maiores exemplos da arquitetura desse período localizada na França. Além dele, o "Portão do Brandemburgo", em Berlim, demostra a forte presença desse estilo em outros países europeus. Literatura Neoclassicista O principal movimento literário alinhado aos ideais neoclassicistas foi oArcadismo. A literatura nesse período é revelada pela simplicidade na linguagem. Isso acontece através do uso de um vocabulário simples, bem como pela escolha dos temas associados ao cotidiano, à natureza e à mitologia. 38 Pintura Neoclassicista A pintura apresenta diversas características desse período, o qual buscava a pureza e a harmonia das formas. Inspirados na artes greco-romana e renascentista, o realismo, o racionalismo das obras e o equilíbrio das cores foram essenciais para disseminar esse estilo nas artes plásticas. Merecem destaque os pintores neoclássicos franceses: Jacques-Louis David (1748-1825) e Jean Auguste Dominique Ingres (1780-1867). Retrato de Mrs. Serizy, Jacques-Louis David Escultura Neoclassicista A Escultura Neoclássica vem unir diversos elementos baseados na escultura clássica, donde o uso do mármore é sua mais forte característica. Busca-se a harmonia das proporções e das formas com a exploração de temas relacionados a mitologia e personagens heroicos. Roma foi o grande e importante centro irradiador desse estilo com destaque para o escultor italiano: Antonio Canova (1757-1822). Neoclassicismo Brasileiro Eros e Psiquê, Antonio Canova 39 Interior da Casa França-Brasil, Rio de Janeiro No Brasil, o Neoclassicismo começa no século XIX. Ainda que não tenha tido tanta representatividade no país, alguns monumentos, artes plásticas e obras literárias demostram sua influência. A Casa França-Brasil é um dos exemplos arquitetônicos do desenvolvimento desse estilo no país. Os pintores europeus que estiveram no Brasil durante esse período apresentam obras com características neoclássicas, a saber: Rugendas (1802-1858), Taunay (1755-1830) e Debret (1768-1848). Na literatura, o arcadismo no Brasil teve como marco inicial a publicação de “Obras Poéticas”, de Cláudio Manuel da Costa (1729-1789), em 1768. Além dele destacam-se os escritores: Santa Rita Durão (1722-1784), Basílio da Gama (1741-1795) e Tomás Antônio Gonzaga (1744-1810). Romantismo O Romantismo foi um movimento artístico que surgiu na Europa no século XVIII e durou até meados do século XIX. Ele influenciou a literatura, a pintura, a música e a arquitetura. Oposto ao classicismo, racionalismo e Iluminismo, esse movimento chegou ao Brasil em finais do século XVIII. 40 Como escola literária, as bases do sentimentalismo romântico e do escapismo pelo suicídio foram estabelecidas pelo romance "Os sofrimentos do jovem Werther", de Goethe, publicado na Alemanha em 1774. Na Inglaterra, o Romantismo se manifesta nos primeiros anos do século XIX, com destaque para a poesia ultra-romântica de Lord Byron e para o romance histórico Ivanhoé, de Walter Scott. Também figuram entre as primeiras obras do início da revolução romântica na Europa os livros Manon Lescut, do árabe Prévost (1731), e a História de Tom Joses, de Henry Fielding (1749). O romance, contudo, já era utilizado no Império Romano, cuja palavra romano era aplicada para designar as línguas usadas pelos povos sob o seu domínio. Tais idiomas eram, na verdade, uma forma popular do latim. As composições de cunho popular e folclórico escritas em latim vulgar, em prosa ou em verso e que relatavam fantasias e aventuras, também eram chamadas de romance. E foi no século XVIII, que tomou o sentido atual, após passar pelas formas de "romance de cavalaria, romance sentimental, romance pastoral", na Europa. O romance pode ser considerado o sucessor da epopeia. Principais Características Na literatura, as principais características do romantismo são: Oposição ao modelo clássico; Estrutura do texto em prosa, longo; Desenvolvimento de um núcleo central; Narrativa ampla refletindo uma sequência de tempo; O indivíduo passa a ser o centro das atenções; Surgimento de um público consumidor (folhetim); Uso de versos livres e versos brancos; Exaltação do nacionalismo, da natureza e da pátria; Idealização da sociedade, do amor e da mulher; Criação de um herói nacional; https://www.todamateria.com.br/lord-byron/ https://www.todamateria.com.br/lord-byron/ 41 Sentimentalismo e supervalorização das emoções pessoais; Subjetivismo e egocentrismo; Saudades da infância; Fuga da realidade. Oposição ao Clássico No início, todos os movimentos em oposição ao clássico eram considerados românticos. Dessa maneira, os modelos da Antiguidade Clássica foram substituídos pelos da Idade Média quando surgiu a burguesia. A arte, que antes era de caráter nobre e erudita, passa a valorizar o folclórico e o nacional. Ela extrapola as barreiras impostas pela Corte e começa a ganhar a atenção do povo. A arte romântica, ao romper as muralhas da Corte e ganhar as ruas, liberta-se das exigências dos nobres que pagavam sua produção e passa a ter um público anônimo. É o surgimento do público consumidor, impulsionado no Brasil pelo folhetim, uma literatura mais acessível. Na prosa, o aspecto formal do Classicismo é deixado de lado. O mesmo ocorre com a poesia, com os versos livres, sem métrica e sem estrofação. A poesia também é caracterizada pelo verso branco, sem rima. Confira na tabela abaixo as diferenças entre o Classicismo e o Romantismo: 42 Nacionalismo Os românticos pregam o nacionalismo, incentivam a exaltação da natureza pátria, o retorno ao passado histórico e na criação do herói nacional. Na literatura europeia, os heróis nacionais são belos e valentes cavaleiros medievais. Na brasileira são os índios, igualmente belos, valentes e civilizados. A natureza também é exaltada no Romantismo. Está é vista como uma extensão da pátria ou refúgio à vida agitada dos centros urbanos do século XIX. A exaltação à natureza ganha contornos de prolongamento do escritor e de seu estado emocional. 43 Sentimentalismo Romântico Entre as marcas principais do Romantismo estão o sentimentalismo, a supervalorização das emoções pessoais, o subjetivismo e egocentrismo. É dessa maneira que os poetas se colocavam como o centro do universo. Dentro de um universo particular, o poeta sente a derrota do ego, produz frustração e tédio. São características do movimento romântico: as fugas da realidade por meio do abuso de álcool e ópio, a idealização da mulher, da sociedade e do amor bem como a saudade da infância e a busca constante por casas de prostituição. Impressionismo O impressionismo foi uma tendência artística francesa com ênfase na pintura que ocorreu no momento da chamada "Belle Époque" (1871-1914). Essa vertente teve um papel muito importante para a renovação da arte do século XX, sendo a grande propulsora das chamadas vanguardas europeias. O termo "Impressionismo" é fruto da crítica a uma obra de Claude Monet, "Impressão, nascer do sol", de 1872. Pintura impressionista Os pintores da arte impressionista costumavam produzir suas telas ao ar livre. A intenção era capturar as tonalidades que os objetos refletiam segundo a iluminação solar em determinados momentos do dia. Impressão, nascer do sol (1872), de Claude Monet 44 Esse movimento foi um divisor de águas para a pintura. Seus artistas não se prendiam aos ensinamentos do realismo acadêmico. No entanto, foram influenciados pelas correntes positivistas da segunda metade do século XIX, as quais primavam pela precisão e o realismo. Esse novo estilo artístico concorria com produções acadêmicas. Para isso, havia locais fora dos circuitos tradicionais da arte, como era o caso dos Salons, onde os pintores impressionistas realizavam exposições exibindo suas telas. Vale citar que as orientações estéticas impressionistas estão presentes nas produções gráficas, na propaganda e noutrasformas de comunicação de massa. Até os dias atuais elas seguem influenciando novas estéticas. Obras impressionistas Selecionamos algumas obras que são ícones do movimento impressionista. Confira: 1. Almoço na Relva Esse é um quadro de Édouard Manet, finalizado em 1863. O título original é Le Déjeuner sur l'herbe. A cena causou estranheza e polêmica na época por exibir uma jovem nua entre dois homens. 45 2. Almoço dos barqueiros Essa é uma obra de Pierre-Auguste Renoir feita em 1881, e retrata um grupo de amigos. Seu título original é Le Déjeuner des canotiers. 3. Série de pintura Nenúfares Essa obra faz parte da série de telas que o pintor Claude Monet realizou entre 1914 e 1926 representando o jardim de sua casa. As pinturas foram feitas em seus últimos anos de vida. 46 Características do Impressionismo registro das tonalidades das cores que a luz do sol produz em determinados momentos; figuras sem contornos nítidos; sombras luminosas e coloridas; misturas das tintas diretamente na tela, com pequenas pinceladas. Os pintores impressionistas buscaram reproduzir as sombras de modo luminoso e colorido. O ponto de partida era a composição de efeitos visuais para a fixação do instante, tal qual a impressão visual que nos causam. Portanto, a tonalidade preta é evitada em obras impressionistas plenas. De modo semelhante, a presença dos contrastes e de transparências luminosas auxiliam no desvanecimento da forma, percebida agora sem contornos. Os impressionistas aboliram as temáticas históricas e mitológicas, bem como as religiosas, buscando momentos cotidianos fugazes. Ademais, procuravam uma expressão artística que estivesse focada nas impressões da realidade em detrimento da razão e da emoção. Como perceberam a fonte das cores nos raios solares, buscaram captar a mudança no ângulo dos mesmos e na implicação disso na alteração de cores. Procuravam também realizar as misturas cromáticas na própria tela, fixando as tintas em pequenas manchas de cor. Isso porque a luz para os impressionistas construía a forma, captava a mesma paisagem nos diversos momentos do dia e nas várias estações do ano. Principais artistas do Impressionismo No grupo original dos pintores impressionistas estavam: Édouard Manet (1832-1883) Alfred Sisley (1839-1899) Camille Pissarro (1830-1903) Edgar Degas (1834-1917) Auguste Renoir (1841-1919) Claude Monet (1840-1926) 47 Vale lembrar que o artista Manet é considerado também um pintor do chamado Realismo. Mulheres Impressionistas Apesar de pouco se falar sobre as mulheres na história da arte, algumas estavam também expressando-se artisticamente. No impressionismo, houve a presença feminina não apenas como modelos, mas também como pintoras. Podemos citar alguns nomes, como: Berthe Morisot (1841-1895) Mary Cassatt (1844-1926) Eva Gonzalès (1849- 1883) Lilla Cabot Perry (1848-1933) Impressionismo no Brasil Após se consagrar no exterior, o Impressionismo chega ao Brasil. Nesse momento, o nacionalismo está a constituir uma “Escola Brasileira de Artes", daí não ter surtido muito impacto a princípio. No Brasil, podemos citar como representante mais importante do impressionismo o italiano Eliseu Visconti (1866-1944), radicado no país. Atualmente, há também o pintor Washington Maguetas (1942). Também notamos tendências impressionistas nos trabalhos de Almeida Júnior (1850-1899), Anita Malfatti (1889- 1964), Georgina de Albuquerque (1885- 1962) e João Timóteo da Costa (1879- 1932). 48 Roupa estendida (1944), de Eliseu Visconti Literatura Impressionista A literatura impressionista focou na descrição de impressões e aspectos psicológicos das personagens. Assim, se acrescenta detalhes para constituir as impressões sensoriais de um incidente ou cena. A literatura impressionista tem como características a valorização das emoções e sensações, a importância da memória, com a busca por um tempo que não existe mais e o enfoque em sentimentos individuais. Destacam-se como escritores impressionistas o francês Marcel Proust (1871- 1922) e os brasileiros Graça Aranha (1868-1931) e Raul Pompeia (1863-1985). Impressionismo e Fotografia O advento da fotografia permitiu aos pintores se libertarem da função figurativa da imagem. Assim, passaram a experimentar novas técnicas, levando em conta os efeitos ópticos descobertos sobre a composição de cores e a formação de imagens na retina do observador. À esquerda, fotografia de Degas, (1896). À direita, Dançarina com leque (1879), também de Degas O francês Marcel Proust foi um escritor impressionista 49 Isso permitiu a exploração de novos parâmetros estéticos, dando ênfase na luz e no movimento. Além disso, os pintores também influenciaram-se pela linguagem fotográfica no que diz respeito ao enquadramento e à espontaneidade. E ainda havia alguns pintores que estavam experimentando também as técnicas fotográficas, como era o caso de Edgar Degas. A primeira exposição foi organizada em 1874 no ateliê do fotógrafo Maurice Nadar para expor as obras experimentais de jovens pintores. Impressionismo e Pós-Impressionismo O pós-impressionismo é uma tendência artística que surgiu em finais do século XIX, mais precisamente a partir de 1886 - quando ocorreu a última exposição impressionista - até o surgimento do cubismo. Tarde de domingo na Ilha da Grande Jatte (1884-1886), de Seurat. A tela exibe a técnica do pontilhismo Nessa exposição, participaram dois pintores - Georges Seurat (1859-1891) e Paul Signac (1863-1935) - com obras que apresentavam um novo tipo de pincelada. Essa maneira inovadora de pintar ficou conhecida como Pontilhismo, na qual a tinta é depositada na tela em pequenos pontos, fragmentando totalmente a imagem. Ainda que tenha se inspirado no impressionismo, a arte pós-impressionista revela preocupações com a subjetividade humana. Ou seja, as obras desse período expressam as emoções e sentimentos. 50 Essa arte é diferente da a arte impressionista, a qual é marcada pelo aspecto “superficial” de reprodução da realidade, deixando de lado olhares mais densos sobre a existência humana. Além disso, os pós-impressionistas buscavam outras maneiras de trabalhar a cor, a luz e os conceitos de tridimensionalidade. Na arte pós-impressionista merecem destaque os artistas: Cézanne, Gauguin, Van Gogh, Seurat, Signac e Toulouse-Lautrec. Pós-Impressionismo O pós-impressionismo foi uma tendência nas artes que ocorreu na França no final do século XIX e início do XX. Esse movimento inovador começa a despontar em 1880 e permanece até o surgimento do Cubismo, em 1907. Na realidade, essa corrente organiza-se de maneira espontânea, inspirando- se e ao mesmo tempo confrontando o chamado impressionismo. O termo pós-impressionismo foi utilizado pela primeira vez pelo crítico de arte britânico Roger Eliot Fry (1866-1934), para designar as obras expostas na Grafton Galleries, em Londres, em 1910. A exposição incluía pinturas de Paul Cézanne, Vincent van Gogh e Paul Gauguin. Ao lado do pintor francês Georges Seraut, eles foram os mais importantes representantes dessa nova tendência. 51 O Mar de Saint-Marie (1883), de Van Gogh é um exemplo de pintura pós-impressionista Os pós-impressionistas valorizavam a expressão do lado subjetivo, humano, emocional e sentimental. Dessa forma, o novo espírito que surgia se distanciava do impressionismo, na medida em que não buscava somente elementos técnicos, estudos da luz natural nos objetos e reprodução da realidade, como fizeram seus antecessores. De tal modo, ainda que tenham criado uma nova tendência, muitos artistas do pós-impressionismo fizeram parte do impressionismo, pois o novo movimento pode ser considerado uma extensão ou
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