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NOTAS DE AULA COMPLETAS - DIR CONST I - COMPILADAS_91805c9235656d6c8415c97e0b417fa5

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Direito Constitucional I – Nota de aula 
Prof. Diego Sabóia1 
 
1 – INTRODUÇÃO AO DIREITO CONSTITUCIONAL 
 
- Direito Constitucional I: disciplina referente à teoria geral do Direito Constitucional 
 
* Noção inicial 
 
- Ramo do Direito hierarquicamente superior a todos os demais (as normas 
infraconstitucionais), que se ocupa do disciplinamento político-jurídico do Estado, 
tratando sobremaneira de sua estruturação (forma de Estado, forma de governo, sistema 
de governo), funções/Poderes (Legislativo, Executivo e Judiciário), assim como de um 
sistema de direitos e garantias fundamentais. 
- Em razão da hierarquia constitucional, caso uma norma infraconstitucional (normas que 
são hierarquicamente inferiores) fira a Constituição, esta deverá, na maior medida 
possível, ser interpretada conforme os mandamentos constitucionais ou, não sendo 
possível a compatibilização hermenêutica, faz-se imperiosa intervenção legislativa, seja 
alterando a norma seja excluindo-a do ordenamento jurídico. 
- Natureza jurídica (o que o caracteriza, ou seja, o que o distingue dos demais): Direito 
público fundamental, vale dizer, confere o fundamento de validade da integralidade do 
ordenamento jurídico, devendo todo este ao Direito Constitucional se submeter. 
- Objeto: estudo sistematizado das Constituições (elementos essenciais; se democrática 
ou ditatorial; se analítica ou sintética; se rígida ou flexível; se histórica ou dogmática etc.). 
- Direito Constitucional ≠ Constituição (esta é o objeto de estudo daquele). 
 
1 Doutor em Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Doutor em Ciência 
Política pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Mestre em Direito pela Universidade 
Federal de Santa Catarina (UFSC). Pós-graduado, lato sensu, nível de especialização, em Direito 
Tributário pelas Faculdades Integradas de Jacarepaguá (FIJ/RJ). Bacharel em Direito pela 
Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA). Professor do Curso de Direito da Faculdade 
Luciano Feijão. Procurador jurídico do quadro efetivo do município de Forquilha/CE. Advogado 
(OAB/CE nº 21.221). E-mail: diegosaboiaesilva@gmail.com 
mailto:diegosaboiaesilva@gmail.com
 
* Espécies de Direito Constitucional 
- Direito Constitucional Especial (ou Positivo): objetiva o estudo das normas de uma 
determinada Constituição específica; 
- Direito Constitucional Comparado: visa o estudo comparativo de mais de uma 
Constituição, podendo cotejar as sucessivas Constituições de um dado Estado ou mesmo 
confrontar as Constituições de diferentes Estados; 
- Direito Constitucional Geral: sistematiza uma série de princípios, conceitos e 
instituições que se façam presentes em diversos ordenamentos constitucionais, para 
classificá-los e produzir uma sistematização única (ex.: temas tipicamente 
constitucionais, tais como estruturação do Estado, Poderes e direitos e garantias 
fundamentais). 
 
* Constitucionalização do Direito 
- Expressão cunhada, segundo a doutrina majoritária, na Alemanha, especialmente sob a 
égide da Lei Fundamental de 1949; 
- A “filtragem” constitucional (releitura de institutos à luz da CF); 
- Necessidade de todos os ramos jurídicos realizarem os valores constitucionais; 
- Condicionamento da interpretação da legislação infraconstitucional; 
- Casuística (exemplos concretos de como ocorre a constitucionalização do Direito): 
a) Direito de pedir alimentos dos parentes, cônjuges e companheiros. Fundamento legal: 
art. 1.694 do Código Civil. E quanto à possibilidade de pedir alimentos nas relações 
homoafetivas? A lei (o Código Civil isoladamente) não dispõe a esse respeito. No entanto, 
torna-se possível a partir do instante em que se interpreta o Código Civil de acordo com 
os valores constitucionais, em especial o princípio da dignidade da pessoa humana (CF, 
art. 1º, “III”), da isonomia (CF, art. 5º, caput); 
b) Processo Penal. Art. 21, par. ún., do CPP (incomunicabilidade do indiciado). 
Possibilidade, caso se analise apenas o dispositivo do CPP (A incomunicabilidade, que 
não excederá de três dias, será decretada por despacho fundamentado do Juiz, a 
requerimento da autoridade policial, ou do órgão do Ministério Público...). No entanto, 
ao interpretá-lo em consonância com o art. 136, “IV”, da CF, que mesmo ao tratar de um 
estado excepcional, que é o estado de sítio, no qual alguns direitos e garantias 
fundamentais podem ser relativizados, veda (proíbe) a incomunicabilidade do preso, 
percebe-se que se nem mesmo em um estado excepcional a incomunicabilidade não é 
permitida, o que dirá de um estado de normalidade. 
c) Lei de identificação criminal (lei nº 12.037/2009). No art. 5º, par. ún., desta legislação, 
tem-se expressa previsão, para fins de identificação criminal, coletar material biológico 
do indivíduo para a obtenção do perfil genético (DNA), ainda que contra sua vontade, 
quando essencial às investigações policiais. Ocorre que tal dispositivo afronta o direito 
de o imputado não produzir prova contra si próprio (CF, art. 5º, “LVIII”). 
d) Art. 306, § 1º, “II”do CTB: 
Conduzir veículo automotor com capacidade psicomotora alterada em 
razão da influência de álcool ou de outra substância psicoativa que 
determine dependência Penas - detenção, de seis meses a três anos, 
multa e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação 
para dirigir veículo automotor. 
§ 1o As condutas previstas no caput serão constatadas por: 
II - sinais que indiquem, na forma disciplinada pelo Contran, alteração 
da capacidade psicomotora. 
Aqui o CTB permitiu à autoridade, com base em critérios subjetivos aferir se o 
condutor estava sob a influência de álcool ou outra substância psicoativa que determine 
dependência. E mais: ao atribuir ao CONTRAN o direito de disciplinar quais seriam esses 
“sinais”, este o fez por meio da resolução nº 432/2013, no anexo II, item VI (sonolência, 
olhos avermelhados, vômito, soluços, desordem nas vestes, odor de álcool no hálito, 
arrogância etc. 
O entendimento do STF, por reiteradas vezes, é que o indivíduo não está obrigado 
a produzir prova contra si próprio (vide HC nº 77.135 e HC nº 83.096). 
- É boa ou ruim a constitucionalização do Direito? 
 
* Estrutura dogmática da disciplina Direito Constitucional I 
- Princípios fundamentais: arts. 1º a 4º; 
- Direitos e garantias fundamentais: 
. Direitos e deveres individuais e coletivos: art. 5º; 
. Direitos sociais: art. 6º a 11; 
. Direitos de nacionalidade: art. 12; 
. Direitos políticos: art. 14 a 16; 
. Partidos políticos: art. 17. 
---------------------------------------------------------------------------------------------------------- 
Questões 
01) (Juiz de Direito/SP – VUNESP) A expressão “constitucionalização do Direito” tem, de modo 
geral, sua origem identificada pela doutrina 
 
a) na Constituição Federal brasileira de 1988, com seu conteúdo analítico e casuístico. 
b) nos julgamentos dos MI 712/PA, 670/ES e 708/DF, pelo Supremo Tribunal Federal, alterando 
entendimento anterior para reconhecer sua competência para editar texto normativo diante da 
omissão legislativa, a fim de concretizar previsão constitucional. 
c) nos EUA, com o precedente firmado no julgamento do caso Marbury v. Madison, em 1803. 
d) na Alemanha, especialmente sob a égide da Lei Fundamental de 1949. 
 
02) (Defensor Público/ES – FCC) Em relação ao fenômeno da “constitucionalização” do Direito, 
impactando as diversas disciplinas jurídicas, como, por exemplo, o Direito Civil, o Direito 
Processual Civil, o Direito Penal etc., e a força normativa da Constituição, considere: 
 
I. A nova ordem constitucional inaugurada em 1988 tratou de consolidar a força normativa e a 
supremacia da Constituição, muito embora mantida a centralidade normativo-axiológica do 
Código Civil no ordenamento jurídico brasileiro. 
II. Em que pese parte da doutrina atribuir forçanormativa à Constituição, ainda predomina, 
sobretudo na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, o entendimento de que a norma 
constitucional possui natureza apenas programática. 
III. No âmbito do Direito Privado, a eficácia entre particulares (ou vertical) dos direitos 
fundamentais é um exemplo significativo da força normativa da Constituição e da 
“constitucionalização” do Direito Civil. 
IV. Não obstante a força normativa da Constituição e o novo rol de direitos fundamentais 
consagrado pela Constituição Federal de 1988, o ordenamento jurídico brasileiro ainda se 
encontra assentado normativamente em um paradigma ou tradição liberal-individualista. 
V. A “despatrimonialização” do Direito Civil, conforme sustentada por parte da doutrina, é 
reflexo da centralidade que o princípio da dignidade da pessoa humana e os direitos fundamentais 
passam a ocupar no âmbito do Direito Privado, notadamente após a Constituição Federal de 1988. 
 
Está correto o que se afirma APENAS em 
a) V. 
b) I e III. 
c) III, IV e V. 
d) II e III. 
e) III e V. 
 
03) Em linhas gerais, em que consiste o Direito Constitucional? 
04) O que significa a hierarquia constitucional? Caso uma legislação infraconstitucional 
contrarie a Constituição, quais as possíveis consequências? 
05) O que se entende por constitucionalização do Direito? Exemplifique. 
06) A constitucionalização do Direito é algo benéfico ou maléfico? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Direito Constitucional I – Nota de aula 
Prof. Diego Sabóia2 
 
2 – O MOVIMENTO CONSTITUCIONALISTA 
 
* Noção inicial 
 
- A atual ideia de Constituição como consequência do constitucionalismo, produto da 
Modernidade, inspirada no Iluminismo, e das revoluções liberais burguesas dos séculos 
XVII e XVIII, ocorridas na Inglaterra, Estados Unidos e França; 
- Documento supremo estruturante do Estado e limitador deste por meio do 
estabelecimento de direitos e garantias fundamentais; 
- Origens formais do constitucionalismo: Constituição dos EUA (1787) e da França 
(1791); 
- Embora as Constituições dos Estados Unidos (1787) e França (1791) sejam consideradas 
os marcos do constitucionalismo, NÃO possuem força normativa similar. A dos EUA 
pretende exercer a supremacia de seu ordenamento jurídico (protagonismo do Judiciário), 
ao passo que a da França pretendia atribuir o protagonismo do processo constitucional ao 
Poder Legislativo, que teoricamente encarna a soberania e é visto como um garantidor 
mais confiável dos direitos que o Poder Judiciário. Isso levou, na prática, a que a 
Constituição acabasse desempenhando o papel de proclamação política, que deveria 
inspirar a atuação legislativa, mas não de autêntica norma jurídica, que pudesse ser 
invocada pelos litigantes nos tribunais; 
- Características marcantes do constitucionalismo: a) supremacia da Constituição; b) 
maior reconhecimento de direitos às pessoas; c) limitação ao poder do Estado; 
 
2 Doutor em Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Doutor em Ciência 
Política pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Mestre em Direito pela Universidade 
Federal de Santa Catarina (UFSC). Pós-graduado, lato sensu, nível de especialização, em Direito 
Tributário pelas Faculdades Integradas de Jacarepaguá (FIJ/RJ). Bacharel em Direito pela 
Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA). Professor do Curso de Direito da Faculdade 
Luciano Feijão. Procurador jurídico do quadro efetivo do município de Forquilha/CE. Advogado 
(OAB/CE nº 21.221). E-mail: diegosaboiaesilva@gmail.com 
mailto:diegosaboiaesilva@gmail.com
- Exemplos na CF brasileira: art. 5º, XI (inviolabilidade do domicílio), e art. 5º, LIV 
(devido processo legal); 
- Teorização jurídica com o propósito de atribuir direitos e deveres aos indivíduos e 
limitar o poder do Estado; 
- Reação aos Estados absolutistas da Idade Moderna; 
- Constituição enquanto diploma orientador comissivo (atuação, por exemplo, o direito 
de greve, no art. 7º da CF) e omissivo (abstenção, vedação ao retrocesso, como, por 
exemplo, cláusulas pétreas, no art. 60, § 4º, IV, da CF) dos poderes públicos: eficácias 
positiva e negativa da CF; 
- Necessidade de Constituições escritas; 
- O “embrião” do constitucionalismo moderno. 
* A supremacia constitucional à luz da experiência brasileira 
- Ficção necessária à existência do ordenamento jurídico; 
- Elemento de contenção; 
- Níveis normativos hierárquicos no Brasil: 
. 1º: Normas constitucionais originárias e derivadas (emendas à Constituição); tratados 
internacionais sobre direitos humanos aprovados por votos de 3/5 dos membros da 
Câmara dos Deputados e do Senado Federal, em 2 turnos de votação, conforme art. 5º, § 
3º, da CF); 
. 2º: Leis complementares, leis ordinárias, leis delegadas, medidas provisórias, decretos 
legislativos e resoluções (CF, art. 59, “II” a “VII”); 
. 3º: Decretos e regulamentos. 
- A situação dos tratados internacionais no Brasil: 
a) Tratados internacionais sobre direitos humanos aprovados por votos de 3/5 dos 
membros da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, em 2 turnos de votação: status 
de emenda à Constituição (CF, art. 5º, § 3º); 
b) Tratados internacionais sobre direitos humanos aprovados por votos da maioria 
simples (maioria dos votos, presente a maioria absoluta dos membros: art. 47 da CF) dos 
membros da Câmara dos Deputados e do Senado Federal: status supralegal, ou seja, acima 
das leis e abaixo da CF; 
c) Tratados internacionais (que não versem sobre direitos humanos): status de lei 
ordinária. 
 
* Modelos de constitucionalismo 
a) O constitucionalismo garantista 
- Características: 
. Modelo normativo de limites e vínculos; 
. Revisão da teoria de validade das normas (a legitimação se dá pela legalidade, na qual a 
moral até pode estar presente, mas em uma fase pré-Direito Positivo); 
. Separação entre Direito e Moral. 
 
b) O constitucionalismo principialista (ou neoconstitucionalismo) 
- Constituições pós-2ª Guerra Mundial, na Europa, destacando-se a da Alemanha, de 1949 
(Lei Fundamental de Bonn) e o Tribunal Constitucional Federal (1951); a da Itália, de 
1947 e a instalação da Corte Constitucional (1956); a de Portugal (1976) e a da Espanha 
(1978); 
- Traços comuns das Constituições neoconstitucionalistas: enfoque na perspectiva de 
redemocratização e Estado Democrático de Direito. No Brasil, o neoconstitucionalismo 
está presente desde a CF/1988; 
- Efetivação de um Direito justo a partir de juízos de moralidade; 
- Sobrelevação dos princípios (justificava-se na Alemanha do contexto de meados do 
século XX, com a Jurisprudência dos Valores), ou força normativa dos princípios, e não 
apenas das regras; 
- Ideia central: priorização dos valores constitucionais (aproximação dos ideais de 
justiça); 
- Incorporação de valores ao texto constitucional (alta densidade axiológica), sobretudo 
na promoção da dignidade da pessoa humana e dos direitos fundamentais; 
- Força normativa dos princípios; 
- Sobreinterpretação constitucional: 
. Necessidade de interpretação ampliativa da CF; 
. Extração de normas implícitas (ex.: proporcionalidade, ponderação); 
. Regulação constitucional integral da vida social e política. 
 
- O desvirtuamento do neoconstitucionalismo no Brasil: 
. A equivocada percepção de neoconstitucionalismo pelo Judiciário brasileiro e o ativismo 
judicial como consequência (ex.: as nomeações de Lula e Cristiane Brasil para ministros 
de Estado); 
. O local dos juízos axiológicos (valorativos) no Direito; 
. Possíveis consequências da adoção de juízos de moralidade em casos concretos: 
arbitrariedades judiciais (ex.: posicionamentos mutáveis do STF sobre o início do 
cumprimento da pena após condenação em segundo grau de jurisdição; inviolabilidade 
do domicílio cada vez mais “violável” etc.). 
----------------------------------------------------------------------------------------------------------Questões 
01) (Procurador do Estado/RS – FUNDATEC) O movimento do constitucionalismo surgiu 
 
a) no final do século XVIII, com a elaboração das primeiras constituições escritas, com o objetivo 
de assegurar direitos e coibir o arbítrio, mediante a separação dos poderes. 
b) no início do século XX, com a emergência das constituições sociais, com o objetivo de 
assegurar a igualdade social, em face do flagelo da 1ª Guerra Mundial. 
c) em meados do século XX, com a emergência do pós-positivismo, com o objetivo de assegurar 
o princípio da dignidade humana e a proteção de direitos. 
d) no final do século XX, com a emergência das constituições pós-sociais, com o objetivo de 
reduzir o alcance do Estado, em nome do princípio da eficiência. 
e) no final do século XVII, com a elaboração das primeiras constituições escritas, com o objetivo 
de assegurar liberdades e coibir o arbítrio, mediante a cláusula federativa. 
 
 
02) (Procurador da Fazenda Nacional/PGFN – ESAF) Sobre “neoconstitucionalismo”, é correto 
afirmar que se trata: 
 
a) de expressão doutrinária, de origem inglesa, desenvolvida com a série de julgados da Câmara 
dos Lordes, que retém competência legislativa e judicante. 
b) de expressão doutrinária, que tem como marco histórico o direito constitucional europeu, com 
destaque para o alemão e o italiano, após o fim da Segunda Guerra mundial. 
c) do novo constitucionalismo de expressão doutrinária, que tem origem e marco histórico no 
direito brasileiro com a redemocratização e as inovações constantes da Constituição de 1946. 
d) de expressão doutrinária, de origem anglo-saxã, desenvolvida na Suprema Corte dos Estados 
Unidos à época em que John Marshall era seu presidente, caracterizada pelo amplo ativismo 
judicial. 
e) de expressão doutrinária atribuída ao constitucionalista argentino Bidart Campos e tem como 
marco histórico a reforma constitucional de 1957. 
 
03 (Defensor Público/PA – FMP) É correto afirmar que o neoconstitucionalismo, que pode ser 
entendido tanto como uma teoria do Direito, quanto como uma teoria do Estado, na primeira das 
acepções apresenta como uma de suas características essenciais: 
 
a) a sobreinterpretação constitucional, forma de integração constitucional, assim entendida como 
uma interpretação extensiva da constituição, de forma que de seu texto se possam extrair normas 
implícitas de molde a se afirmar que ela regula todo e qualquer aspecto da vida social e política, 
disso resultando a inexistência de espaços vazios de normatização constitucional relativamente 
aos quais a atividade legislativa estaria previamente regulada ao nível constitucional. 
b) a sobreinterpretação constitucional, que permite pelo raciocínio da subsunção, a aplicação 
direta de toda e qualquer norma constitucional aos casos concretos, fazendo desnecessária 
qualquer forma de interposição entre aquelas e os fatos da vida. 
c) a sobreinterpretação constitucional, forma de integração constitucional, assim entendida como 
uma interpretação extensiva da constituição, de forma que de seu texto se possam extrair normas 
implícitas de molde a se afirmar que ela regula todo e qualquer aspecto da vida social e política, 
disso resultando a existência de espaços vazios de normatização constitucional relativamente aos 
quais a atividade legislativa não estaria previamente regulada ao nível constitucional. 
d) a sobreinterpretação constitucional, a qual pressupõe uma interpretação literal do texto 
constitucional. 
e) a sobreinterpretação constitucional, identificada com a atuação do legislador 
infraconstitucional no preenchimento dos espaços normativos do sistema jurídico com 
discricionariedade política fundada no princípio democrático. 
 
 
04) (Defensor Público da União – CESPE) Com referência ao conceito de Constituição, julgue o 
item abaixo. 
 
Embora o termo Constituição seja utilizado desde a Antiguidade, as condições sociais, políticas 
e históricas que tornaram possível a universalização, durante os séculos XIX e XX, da ideia de 
supremacia constitucional surgiram somente a partir do século XVIII. 
 
( ) CERTO 
 
( ) ERRADO 
 
 
05) Quais as características mais marcantes do Movimento Constitucionalista? 
06) O que significa afirmar ser a Constituição hierarquicamente superior às demais 
normas jurídicas? 
07) Em que consiste o constitucionalismo garantista? 
08) O que se entende por neoconstitucionalismo (ou constitucionalismo principialista)? 
Como você percebe a sua adoção pelo Judiciário pátrio? 
09) Quais as potenciais consequências que de um julgamento baseado em aspectos de 
ordem puramente moral podem decorrer? Por quê? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Direito Constitucional I – Nota de aula 
Prof. Diego Sabóia3 
 
 
3 – O ESTUDO DA CONSTITUIÇÃO 
 
* Noção geral 
- O diploma normativo conhecido como Constituição deve materializar os seguintes 
elementos, de acordo com José Joaquim Gomes Canotilho, destacado constitucionalista 
português: 
. Estruturação do Estado; 
. Divisão das funções estatais; 
. Sistema de garantias da liberdade; 
. Adoção da forma escrita. 
 
* Objeto 
- Variação conforme o contexto; 
- Adoção de conteúdos tipicamente constitucionais e conteúdos não tipicamente 
constitucionais; 
- Normas materialmente (tipicamente) constitucionais: estrutura do Estado, funções 
estatais e direitos e garantias fundamentais; 
- Normas formalmente (ou não tipicamente) constitucionais. Ex.: Direito Ambiental (CF, 
art. 225), Direito Administrativo (CF, art. 37). 
 
 
3 Doutor em Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Doutor em Ciência 
Política pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Mestre em Direito pela Universidade 
Federal de Santa Catarina (UFSC). Pós-graduado, lato sensu, nível de especialização, em Direito 
Tributário pelas Faculdades Integradas de Jacarepaguá (FIJ/RJ). Bacharel em Direito pela 
Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA). Professor do Curso de Direito da Faculdade 
Luciano Feijão. Procurador jurídico do quadro efetivo do município de Forquilha/CE. Advogado 
(OAB/CE nº 21.221). E-mail: diegosaboiaesilva@gmail.com 
mailto:diegosaboiaesilva@gmail.com
* O fundamento da Constituição 
- O que legitima, o que torna válida uma Constituição; 
- Variação conforme o prisma de análise. 
- Perspectivas/concepções: 
 
a) Concepção sociológica (Ferdinand Lassale) 
. Fundamento: reais fatores de poder (grupos políticos fortes o suficiente para fazer valer 
os seus interesses à luz da cogência da norma jurídica); 
. A Constituição como uma “folha de papel”: segundo Lassale, há “duas Constituições”: 
uma real e outra “escrita”. A real diz respeito aos fatores de poder, ao passo que a “escrita” 
é aquela que existe formalmente. A escrita só teria validade a partir do instante em que 
houvesse correspondência com a real, ou seja, se expressar a realidade social e o poder 
que a comanda; caso contrário, seria apenas uma mera “folha de papel”; 
. Nesse sentido a Constituição escrita ficaria reduzida ao papel de legitimar os interesses, 
por vezes escusos, dos reais fatores de poder; 
. Os problemas constitucionais não são problemas do Direito, mas de poder, daí 
“sociológica”. 
. Em suma, para Lassale, “de nada serve o que se escreve numa folha de papel se não se 
ajusta à realidade, aos reais fatores de poder.” Ou seja, a Constituição seria a coma dos 
reais fatores de poder que regem uma determinada nação. 
 
b) Concepção política (Carl Schmitt) 
. Fundamento: vontade política do soberano, ou seja, a vontade política concreta que 
antecede a Constituição; 
. A Constituição seria a decisão política fundamental sem a qual não se organiza ou se 
funda um Estado; 
. Visa a dois focos estruturais básicos: organização do Estado e uma efetiva proteção dos 
direitos fundamentais; 
. Clara divisãoentre Constituição e lei constitucional: na Constituição se encontrariam as 
matérias constitucionais, a saber, a organização do Estado e a garantia dos direitos 
fundamentais, sempre com o objetivo de limitar o poder (normas materialmente 
constitucionais). A seu turno, as leis constitucionais seriam aqueles assuntos tratados na 
Constituição, mas que materialmente não teriam natureza de norma constitucional 
(normas formalmente constitucionais), ou seja, apenas são consideradas normas 
constitucionais pelo fato de estarem alocadas na Constituição (porque estão “dentro” do 
texto constitucional). 
 
c) Concepção jurídica ou formal (Hans Kelsen) 
. Fundamento: seria a dimensão jurídica, e não a sociológica ou política; 
. Representação do ordenamento jurídico por meio de uma pirâmide (teoria da construção 
escalonada do ordenamento jurídico: a Constituição encontra-se no ápice, e as demais 
normas retiram seu fundamento de validade desta); 
. Pelo fato de estar no topo da pirâmide, a Constituição está fundamentada na 
normatividade jurídica, e não em outros fatores; 
. Submissão de todas as outras normas (as infraconstitucionais) às normas constitucionais, 
devendo ser compatíveis com estas (compatibilidade vertical). 
 
d) Constituição como dotada de força normativa (Konrad Hesse) 
. Nítida postura de resistência a Lassale; 
. Fundamento: assim como Kelsen, entende que o elemento legitimador da Constituição 
é a própria dimensão jurídica, mas atribui grande importância ao condicionamento 
recíproco, ou seja a relação de coordenação entre a Constituição real (os reais fatores de 
poder) e a Constituição escrita (a jurídica); 
. Força interna mínima (exemplos): limitações materiais (cláusulas pétreas), conforme art. 
60, § 4º da CF/88; 
. Constituição com eficácias positiva e negativa, obrigando os poderes públicos a agirem 
ou a se omitirem para se efetivar a “vontade” da Constituição. 
 
e) Concepção culturalista ou em sentido total (Peter Häberle/Paulo Bonavides) 
. Fundamento: condicionamento das normas constitucionais pela cultura total e, ao 
mesmo tempo, o condicionamento desta por aquelas; 
. Constituição como resultado da expressão histórica (costumes de um povo); 
. Visão sistêmica: a Constituição, em toda a sua complexidade, possui elementos diversos 
(econômicos, sociológicos, jurídicos, filosóficos etc.), a fim de abranger o seu conceito 
em uma perspectiva unitária; 
. Até que ponto os costumes de um povo possuem força para influenciar a Constituição? 
O case “farra do boi” e a noção de costume contra legem. 
---------------------------------------------------------------------------------------------------------- 
Questões 
 
01) (Juiz de Direito/MS – VUNESP) Considerando os diferentes conceitos de Constituição, 
abordados sob a ótica peculiar de diversos doutrinadores, analise as seguintes manifestações sobre 
o tema: 
 
I. Constituição é a soma dos fatores reais de poder que regem uma determinada nação. 
II. Constituição é a decisão política fundamental sem a qual não se organiza ou funda um Estado. 
 
Assim, é correto afirmar que os conceitos I e II podem ser atribuídos, respectivamente, a 
 
a) Ferdinand Lassale e Hans Kelsen. 
b) Hans Kelsen e Konrad Hesse. 
c) Konrad Hesse e Carl Schimitt. 
d) Ferdinand Lassale e Carl Schimitt. 
e) J.J. Canotilho e Hans Kelsen. 
 
02) (Promotor de Justiça/BA – MPE) As diferentes formas de se compreender o direito acabam 
por produzir diferentes concepções de constituição, conforme o prisma de análise. (…). 
(NOVELINO, Marcelo. Direito Constitucional, 3 ed., Editora Método, 2009, p.101). 
 
Tendo como norte conceitual a doutrina do autor acima, observe a seguinte formulação, realizada 
pelo mesmo, acerca do fundamento de uma constituição: 
“(...) surge a ideia de constituição total, com aspectos econômicos, sociológicos, jurídicos e 
filosóficos, a fim de abranger o seu conceito em uma perspectiva unitária (...)”. 
 
Trata-se da: 
 
a) Concepção sociológica. 
b) Concepção jurídica. 
c) Concepção política. 
d) Concepção culturalista. 
e) Estão incorretas todas as alternativas anteriores. 
 
 
 
03) (Juiz de Direito/MG – FUNDEP) Sobre o conceito de Constituição, assinale a 
alternativa CORRETA. 
 
a) É o estatuto que regula as relações entre Estados soberanos. 
b) É o conjunto de normas que regula os direitos e deveres de um povo. 
c) É a lei fundamental e suprema de um Estado, que contém normas referentes à estruturação, à 
formação dos poderes públicos, direitos, garantias e deveres dos cidadãos. 
d) É a norma maior de um Estado, que regula os direitos e deveres de um povo nas suas relações. 
 
04) Discorra sobre os pontos de divergência entre Ferdinand Lassale e Konrad Hesse quanto ao 
fundamento da Constituição, ou seja, quanto ao elemento de validade desta. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Direito Constitucional I – Nota de aula 
Prof. Diego Sabóia4 
 
4 – CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES 
 
- Temática que não fica circunscrita a meras celeumas doutrinárias; 
- Projeção de efeitos práticos, a depender do enquadramento em uma ou outra 
classificação; 
- Variação conforme o prisma de análise (critério) utilizado; 
- Uma mesma Constituição pode se inserir em várias classificações, pois os critérios 
utilizados são distintos, mas não excludentes entre si. 
 
a) Quanto ao conteúdo 
- Formal: 
. Diploma dotado de supremacia; 
. Consequências: a) hierarquia e alteração por meio de procedimentos (formalidades) 
especiais (vide art. 60 da CF); b) traz em seu texto também normas que não possuem 
conteúdo estritamente constitucional; c) adoção da forma escrita. 
. Exemplo: Constituição do Brasil de 1988. 
- Material: 
. Constituição composta exclusivamente por normas tipicamente (ou materialmente) 
constitucionais; 
. Pode ou não adotar a forma escrita. 
. Exemplo: Constituição dos EUA e da Inglaterra. 
 
4 Doutor em Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Doutor em Ciência 
Política pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Mestre em Direito pela Universidade 
Federal de Santa Catarina (UFSC). Pós-graduado, lato sensu, nível de especialização, em Direito 
Tributário pelas Faculdades Integradas de Jacarepaguá (FIJ/RJ). Bacharel em Direito pela 
Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA). Professor do Curso de Direito da Faculdade 
Luciano Feijão. Procurador jurídico do quadro efetivo do município de Forquilha/CE. Advogado 
(OAB/CE nº 21.221). E-mail: diegosaboiaesilva@gmail.com 
mailto:diegosaboiaesilva@gmail.com
 
b) Quanto à estabilidade (ou quanto ao processo de reforma) 
- Rígida: 
. Requer procedimentos especiais definidos pela CF para ser modificada. Ex.: CF/88, art. 
60: 
Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta: 
 
I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal; 
 
II - do Presidente da República; 
 
III - de mais da metade das Assembléias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-
se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros. 
 
§ 1º A Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal, de estado de 
defesa ou de estado de sítio. 
 
§ 2º A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, 
considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros. 
 
§ 3º A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do 
Senado Federal, com o respectivo número de ordem. 
 
§ 4º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: 
I - a forma federativa de Estado; 
II - o voto direto, secreto, universal e periódico; 
III - a separação dos Poderes; 
IV - os direitos e garantias individuais. 
 
§ 5º A matériaconstante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada não pode 
ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa. 
 
. Há ainda quem defenda ser a CRFB/88 como super-rígida, pelo fato de em alguns 
pontos poder ser alterada por meio de procedimentos mais dificultosos, e outros temas 
não poderem ser abolidos (até podem ser reduzidos direitos, desde que não implique em 
perda), como no caso das cláusulas pétreas (art. 60, § 4º). 
 
- Flexível: 
. Não necessita de procedimentos especiais para ser emendada, ou seja, a Constituição 
não os traz, e por isso mesmo pode ser alterada via lei ordinária; 
. Exemplo: Constituição da Inglaterra, à exceção da temática de direitos humanos. 
- Semirrígida (ou semiflexível): 
. Contém uma parte rígida e uma outra flexível; 
. A parte rígida fica reservada às normas tipicamente constitucionais, ao passo que a 
flexível às normas formalmente constitucionais; 
. Nesse sentido, observa-se uma hierarquia entre normas constitucionais, o que vai na 
contramão do constitucionalismo moderno, que inadmite esse tipo de pensamento. 
. Exemplo: Constituição do Império brasileiro de 1824. 
 
- Fixa: 
. Somente pode ser alterada pelo poder que a criou (o Poder Constituinte Originário); 
. Exemplo: Constituição da Espanha de 1876. 
 
- Imutável (granítica): 
. Não prevê qualquer tipo de processo de modificação de seu texto; 
. Essas Constituições possuem pouco apelo prático, em razão da necessidade de adaptação 
por meio de processos também legislativos, e não apenas interpretativos, para fazerem 
frente às novas exigências das sociedades, mutáveis por excelência. 
 
c) Quanto à forma 
- Escrita: 
. Reduzida a termo, em documento único, no qual se radica o Direito Positivo; 
. Típica de Estados cuja tradição jurídica é de Civil Law (de Direito escrito); 
. Ex.: CRFB/88 (Constituição da República Federativa do Brasil de 1988). 
 
- Não escrita: 
. Elaborada em documentos esparsos, ou seja, não há um “documento” chamado 
Constituição, mas o conjunto de leis de um determinado País que trata de temas 
constitucionais é que será considerada “Constituição”; 
. Típica de Estados cuja tradição jurídica é de Common Law (Direito costumeiro); 
. Ex.: Constituição inglesa. 
 
d) Quanto ao modo de elaboração 
- Dogmática: 
. Escrita e sistematizada em dogmas, ou seja, aquela cujo texto reflete as ideias das forças 
políticas dominantes em determinado contexto de espaço e tempo, a exemplo da 
CRFB/88. 
- Histórica: 
. Elaborada de forma esparsa, costumeira e, logo, não escrita. 
 
e) Quanto à origem 
- Promulgada: 
. Dotada de legitimidade popular; 
. Tendência democrática; 
. Exemplos: Constituições brasileiras de 1891, 1934, 1946 e 1988. 
 
- Outorgada: 
. Sem legitimidade popular; 
. O povo não participa nem mesmo de forma indireta; 
. Exemplos: Constituições brasileiras de 1824, 1937 e 1967. 
 
- Cesarista: 
. Não há participação popular; 
. Posterior sujeição a referendo; 
. Consulta puramente formal, na tentativa de conferir contornos de legitimidade popular, 
mas independentemente da vontade do povo, permanecem os dogmas estabelecidos pelo 
poder político dominante; 
. Aproximação das outorgadas; 
. Exemplos, Constituição francesa (de Napoleão) de 1799 e chilena (de Pinochet) de 1980 
(esta última ainda continua vigente, embora com uma série de reformas a partir dos anos 
1990 e principalmente após 2005, quando os principais aspectos antidemocráticos foram 
eliminados). 
 
f) Quanto à extensão 
- Analítica (ou prolixa): 
. Constituição dotada de normas (regras e princípios) que tratam dos assuntos 
pormenorizadamente; 
. Irrestrição a temas constitucionais; 
. Exemplos: CRFB/88, Portugal (1976), Espanha (1978). 
 
- Sintética (ou sucinta): 
. Constituição sucinta, expressando-se basicamente por meio de normas princípios, de 
caráter diretivo; 
. Principiológicas; 
. Em tese, são mais propícias à mutação constitucional (processo informal de alteração 
das normas por meio da interpretação); 
. Restrita a temas tipicamente constitucionais; 
. Exemplo: Constituição dos EUA. 
 
g) Quanto à finalidade 
- Garantia (ou abstencionista ou negativa): 
. Possui um “olhar para o passado”, no sentido de preservar os direitos adquiridos; 
. Eficácia negativa (CF, art. 60, § 4º: Não será objeto de deliberação a proposta de 
emenda tendente a abolir: I - a forma federativa de Estado; II - o voto direto, secreto, 
universal e periódico; III - a separação dos Poderes; IV - os direitos e garantias 
individuais.); 
. Vedação ao retrocesso (parte da ideia que não se pode, por meio de normas ou políticas 
públicas, piorar a condição das pessoas, ou seja, direitos devem ser ampliado, e não 
reduzidos); 
. Verdadeira limitação ao poder do Estado. 
 
- Balanço: 
. Possui um “olhar para o presente”; 
. Manutenção do status quo; 
. Típica de regimes socialistas; 
 
- Dirigente (ou compromissória ou programática ou diferida ou positiva): 
. Possui um “olhar para o futuro”, expressando um conjunto de intenções do Estado; 
. Típica do “Estado Social”; 
. Busca atingir as finalidades do Estado (Ex.: art. 3º da CRFB/88: Constituem objetivos 
fundamentais da República Federativa do Brasil: I - construir uma sociedade livre, justa 
e solidária; II - garantir o desenvolvimento nacional; III - erradicar a pobreza e a 
marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; IV - promover o bem de 
todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de 
discriminação.); 
. Eficácia positiva (impõe dever de agir ao Estado). Ex.: art. 5º, inciso LXXI, da CRFB/88: 
conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne 
inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas 
inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania.; 
. Impõe, pois, ao Estado dever de implementar políticas públicas, em especial para 
efetivar direitos sociais; 
. Efetivação de um Direito mais justo, influenciado por ideias neoconstitucionalistas. 
 
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Questões 
01) (Analista Judiciário/TRF4 – FCC) A Constituição da República Federativa do Brasil (1988), 
pode ser classificada quanto ao seu conteúdo, seu modo de elaboração, sua origem, sua 
estabilidade e sua extensão, como 
 
a) formal, histórica ou costumeira, promulgada, flexível e sintética. 
b) material, dogmática, outorgada, rígida e sintética. 
c) formal, dogmática, promulgada, super-rígida e analítica. 
d) material, pragmática, outorgada, semi-rígida e sintética. 
e) formal, histórica ou costumeira, outorgada, flexível e analítica. 
 
02) (Ministério das Relações Exteriores/Assistente de Chancelaria – ESAF) A Constituição que 
é votada por uma Assembléia composta de representantes do povo e que admite ser modificada, 
exigindo porém um processo legislativo mais solene e dificultoso do que aquele seguido para a 
edição de leis ordinárias é chamada de: 
 
a) Constituição promulgada e rígida. 
b) Constituição flexível e dogmática. 
c) Constituição dogmática e semi-rígida. 
d) Constituição promulgada e semi-rígida. 
e) Constituição outorgada e rígida. 
 
03) (Analista Judiciário/TRE-PB – FCC) O princípio da supremacia da Constituição em face das 
demais normas que compõem o ordenamento jurídico estatal, é característico das Constituições 
 
a) sintéticas. 
b) rígidas. 
c) flexíveis. 
d) costumeiras. 
e) analíticas. 
 
04) (Analista Judiciário/TRE-MA – CESPE) Acerca da classificação das constituições, assinale 
a opção correta. 
 
a) Constituições históricas são aquelas concisas, veiculadoras apenas dos princípios fundamentais 
e estruturais do Estado, sem estabelecer muitos detalhes. 
b) Constituição analítica é aquela constituição fruto do trabalho de uma assembleia nacional 
constituinte eleitadiretamente pelo povo, para, em nome dele, atuar. 
c) Constituições semirrígidas (ou semiflexíveis) são as que exigem, para a sua alteração, um 
processo legislativo mais árduo, mais solene, mais dificultoso que o processo de alteração das 
normas não-constitucionais. 
d) Classificam-se como consuetudinárias as constituições formadas por um conjunto de regras 
sistematizadas e organizadas em um único documento, estabelecendo as normas fundamentais de 
um Estado. 
e) Constituições outorgadas são constituições impostas, de maneira unilateral, pelo agente 
revolucionário (grupo ou governante), que não recebeu do povo a legitimidade para atuar em 
nome dele. 
 
05) (Defensor Público/SP – FCC) "A Constituição tem compromisso com a efetivação de seu 
núcleo básico (direitos fundamentais), o que somente pode ser pensado a partir do 
desenvolvimento de programas estatais, de ações, que demandam uma perspectiva não teórica, 
mas sim concreta e pragmática e que passe pelo compromisso do intérprete com as premissas do 
constitucionalismo contemporâneo." 
Este enunciado diz respeito à 
a) implementação de políticas públicas e ao neoconstitucionalismo. 
b) desconstitucionalização dos direitos sociais e à interpretação aberta da sociedade de Häberle. 
c) petrificação dos direitos sociais e à interpretação literal de Savigny. 
d) ilegitimidade do controle jurisdicional e ao ativismo judicial em direitos sociais. 
e) constituição reguladora de Juhmann e ao método hermenêutico clássico. 
 
06) (Técnico Judiciário/TRE-MG – CESPE) Quanto ao conceito e às classificações de 
constituição, assinale a opção correta. 
 
a) A constituição de determinado país constitui sua lei fundamental, a qual prevê normas relativas 
a: estruturação do Estado, formação dos poderes, forma de governo, aquisição do poder, 
distribuição de competências, direitos, garantias e deveres dos cidadãos. Portanto, para ser 
considerado como constituição, é imprescindível que haja um único documento escrito contendo 
tais regras. 
b) As constituições rígidas não podem, em nenhuma hipótese, serem alteradas. 
c) A constituição material contém um conjunto de regras escritas, constantes de um documento 
solene estabelecido pelo chamado poder constituinte originário. 
d) A constituição de determinado país pode não ser escrita, já que tem por fundamento costumes, 
jurisprudência, leis esparsas e convenções, cujas regras não se encontram consolidadas em um 
texto solene. 
e) As constituições outorgadas decorrem da participação popular no processo de elaboração. 
 
07 (Procurador do Estado/AL – CESPE) Analise o seguinte dispositivo, reproduzido da CF. 
 
Art. 242. O princípio do art. 206, IV (gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais), 
não se aplica às instituições educacionais oficiais criadas por lei estadual ou municipal e 
existentes na data da promulgação desta Constituição, que não sejam total ou 
preponderantemente mantidas com recursos públicos. 
 
§ 1.º - O ensino da História do Brasil levará em conta as contribuições das diferentes culturas e 
etnias para a formação do povo brasileiro. 
 
§ 2.º - O Colégio Pedro II, localizado na cidade do Rio de Janeiro, será mantido na órbita federal. 
 
Diante do dispositivo constitucional acima e acerca do conceito e das concepções de constituição, 
bem como da classificação das constituições, assinale a opção correta. 
 
a) As normas contidas no dispositivo acima transcrito podem ser caracterizadas como 
materialmente constitucionais, porquanto traduzem a forma como o direito social à educação será 
implementado no Brasil. 
b) Os dispositivos constitucionais relativos à composição e ao funcionamento da ordem política 
exprimem o aspecto formal da Constituição. 
c) A distinção entre o que é constitucional só na esfera formal e aquilo que o é em sentido 
substancial só se produz nas constituições escritas. 
d) O parágrafo 2.º do art. 242 da CF, por trazer comando típico de legislação infraconstitucional, 
poderá ser alterado por meio do mesmo procedimento legislativo utilizado para a alteração das 
leis ordinárias, uma vez que a CF é classificada, quanto à estabilidade, como semirrígida. 
e) O dispositivo constitucional em destaque demonstra que a CF pode ser classificada, quanto à 
extensão, como prolixa. Diante disso, é correto concluir que, no Brasil, há uma maior estabilidade 
do arcabouço constitucional que em países como os Estados Unidos da América. 
 
08) Analise o trecho da obra transcrito abaixo, e ao final responda ao que for indagado. 
Ao meio-dia de 11 de setembro de 1973, depois de meses de tensão crescente 
nas ruas de Santiago, no Chile, jatos Hawker Hunter de fabricação britânica 
mergulharam em rasantes, lançando bombas sobre La Moneda, o palácio 
presidencial neoclássico no centro da cidade. Enquanto as bombas 
continuavam a cair, o edifício ardeu em chamas. O presidente Allende, eleito 
três anos antes como líder de uma coalizão de esquerda, estava entrincheirado 
no palácio. Ao longo do seu mandato, o Chile estivera tomado pela 
inquietação social, a crise econômica e a paralisia política. Allende dissera 
que não abandonaria o posto até ter cumprido seu dever – mas agora chegara 
o momento da verdade. Sob o comando do general Augusto Pinochet, as forças 
armadas chilenas estavam tomando o controle do país. De manhã cedo 
naquele dia fatídico, Allende propôs palavras de desafio num pronunciamento 
em cadeia nacional de rádio, esperando que seus muitos apoiadores fossem às 
ruas em defesa da democracia. Mas a resistência nunca se materializou. A 
polícia militar que guardava o palácio o abandonara; seu pronunciamento foi 
recebido com silêncio. Em poucas horas, Allende estava morto. E, desse modo, 
também a democracia chilena. 
É assim que tendemos a pensar na morte de democracias: nas mãos de homens 
armados. Durante a Guerra Fria, golpes de Estado foram responsáveis por 
quase três em cada quatro colapsos democráticos. As democracias em países 
como Argentina, Brasil, Gana, Grécia, Guatemala, Nigéria, Paquistão, Peru, 
República Dominicana, Tailândia, Turquia e Uruguai morreram dessa 
maneira. Mais recentemente, golpes militares derrubaram o presidente 
egípcio Mohamed Morsi em 2013 e a primeira-ministra tailandesa Yingluck 
Shinawatra em 2014. Em todos esses casos, a democracia se desfez de maneira 
espetacular, através do poder e da coerção militares. 
Porém, há outra maneira de arruinar uma democracia. É menos dramática, 
mas igualmente destrutiva. Democracias podem morrer não nas mãos de 
generais, mas de líderes eleitos – presidentes ou primeiros-ministros que 
subvertem o próprio processo que os levou ao poder. Alguns desses líderes 
desmantelam a democracia rapidamente, como fez Hitler na sequência do 
incêndio do Reichstag em 1933 na Alemanha. Com mais frequência, porém, 
as democracias decaem aos poucos, em etapas que mal chegam a ser visíveis. 
(LEVITSKY, Steven; ZIBLATT, Daniel. Como as democracias morrem. Tradução Renato 
Aguiar. Rio de Janeiro: Zahar, 2018, p. 10) 
Considerando o texto acima, assim como a temática da classificação das Constituições, em 
particular quanto à origem (promulgada, outorgada, cesarista), responda ao que segue: 
a) Ainda é necessário elaborar uma nova Constituição para que se implante um regime ditatorial? 
Por quê?; 
b) Formalmente falando, como tradicionalmente é classificada a Constituição Federal de 1988 do 
Brasil quanto à origem? Por quê? 
 
 
 
 
 
 
 
Direito Constitucional I – Nota de aula 
Prof. Diego Sabóia5 
 
5 – EVOLUÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS 
 
* A Constituição do Império, de 1824 
- Propósito: legitimar forma de governo monárquico, altamente centralizado, 
supostamente idôneo a desenvolver uma unidade nacional. 
- “Contramão” do Movimento Constitucionalista, pois neste reduziu-se o poder do Estado 
e aumentaram os direitos das pessoas. 
- Influência francesa (apenas no que dizrespeito à necessidade da criação de uma 
Constituição). 
- Viés liberal: intervencionismo estatal mínimo (Constituição típica do 
constitucionalismo liberal) 
- Características: 
. Outorgada; 
. Separação do Poder em 4 funções estatais: 
a) Poder Moderador: 
. Constitucionalização do absolutismo; 
. Observação crítica: é absurdo pensar que duas palavras que são excludentes entre si, a 
saber, “constitucionalização” e “absolutismo” estão em uma mesma frase. No entanto, 
essa foi a realidade brasileira, contrariando a essência do Movimento Constitucionalista. 
. Poder superior aos demais, que eram iguais. Concentração de poder no imperador: podia 
suspender magistrados, dissolver a Câmara, nomear senadores; 
 
5 Doutor em Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Doutor em Ciência 
Política pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Mestre em Direito pela Universidade 
Federal de Santa Catarina (UFSC). Pós-graduado, lato sensu, nível de especialização, em Direito 
Tributário pelas Faculdades Integradas de Jacarepaguá (FIJ/RJ). Bacharel em Direito pela 
Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA). Professor do Curso de Direito da Faculdade 
Luciano Feijão. Procurador jurídico do quadro efetivo do município de Forquilha/CE. Advogado 
(OAB/CE nº 21.221). E-mail: diegosaboiaesilva@gmail.com 
mailto:diegosaboiaesilva@gmail.com
b) Poder Legislativo (membros vitalícios no Senado nomeados pelo imperador, 
escolhidos em lista tríplice enviada por cada província); 
c) Poder Executivo (possuía por chefe o imperador); 
d) Poder “Judicial” (composto por “Supremo” Tribunal de Justiça, Tribunais de Relação 
nas províncias e juízes de Direito). 
. Declaração de direitos políticos e civis. Incongruência?; 
. Estabelecimento de religião oficial (o catolicismo, embora fossem permitidos outros 
cultos, desde que domésticos ou de cunho particular); 
. Inexistência de controle de constitucionalidade e cláusulas pétreas; 
. Semirrígida (apenas as matérias propriamente constitucionais − e assim apontadas pelo 
texto constitucional − exigiam modificação com as formalidades inerentes à rigidez 
constitucional, ficando as demais matérias ao alcance da lei comum); 
. Constituição mais duradoura: 67 anos. 
 
* A Constituição Federal de 1891 
- Antecedentes possibilitadores: 
. Ideias federalistas (descentralizadoras), republicanas e democráticas; 
. Manifestações separatistas; 
. Influência norte-americana (adoção do controle de constitucionalidade, de cunho 
difuso); 
. Revoluções liberais nos EUA e França; 
. “Menor” CF: 90 artigos e 9 ADCT’s. 
- Características: 
. Promulgada; 
. Forma de Estado: Federação; 
. Forma de Governo: República; 
. Sistema de Governo: Presidencialismo; 
. Indissolubilidade do pacto federativo; 
. Transformação das províncias em Estados (“Estados Unidos do Brasil”); 
. Repartição tripartite do Poder; 
. Criação do Supremo Tribunal Federal; 
. Estabelecimento do Poder Constituinte Derivado Decorrente; 
. Rol exemplificativo de direitos fundamentais; 
. Estado laico; 
. Constitucionalização do habeas corpus (inclusive a ressignificação que o STF deu ao 
instituto inspirou o mandado de segurança, inserido apenas na CF/1934. Isso ficou 
conhecido como “a doutrina brasileira do habeas corpus”); 
. Possibilidade de decretação de estado de sítio. 
 
* A Constituição Federal de 1934 
- Constitucionalismo social (o que a difere das duas anteriores, que eram liberais); 
- Disciplinamento da função social da propriedade. 
- Características: 
. Promulgada; 
. Manutenção das formas de Estado, de Governo e de sistema de Governo; 
. Influência da Constituição alemã de Weimar (1919): o federalismo cooperativo 
(competência legislativa concorrente); 
. Competência exclusiva da União alargada (tendência centralizadora, como, por 
exemplo, o direito processual, que era de competência estadual); 
. Manutenção da divisão tripartite dos Poderes; 
. Pioneirismo na constitucionalização do Ministério Público e dos Tribunais de Contas; 
. Manutenção do controle de constitucionalidade difuso (no entanto, houve o acréscimo 
da cláusula de reserva de plenário, assim como a competência do Senado para suspender 
a execução das normas declaradas inconstitucionais); 
. Possibilidade de intervenção federal nos Estados (art. 12 da CF 1934); 
. Variadas inovações em direitos fundamentais (não se deve olvidar que era uma CF 
social): a) mandado de segurança; b) ação popular; c) garantia da propriedade (atrelada à 
função social); d) direitos trabalhistas; e) incorporação do voto feminino ao texto da CF, 
embora o pioneirismo se deva ao Código Eleitoral de 1932. 
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Questões 
01) (Procurador de Contas/TCE-CE – FCC) A Constituição do Império do Brasil, de 1824, é 
considerada semirrígida porque 
 
a) apenas as matérias propriamente constitucionais − e assim apontadas pelo texto constitucional 
− exigiam modificação com as formalidades inerentes à rigidez constitucional, ficando as demais 
matérias ao alcance da lei comum. 
b) podia ser modificada por lei complementar. 
c) previa um especial mecanismo de modificação a meio caminho − em termos de complexidade 
e dificuldade − entre a lei ordinária e a emenda constitucional. 
d) permitia ao Poder Moderador a promulgação de emendas constitucionais sem o consentimento 
parlamentar. 
e) exigia referendo popular para cada emenda constitucional promulgada. 
 
02) (Analista Judiciário/TRT15/SP – FCC) Leia os artigos 98 e 99 da Constituição do Império do 
Brasil, outorgada em 1824: 
 
Art. 98. O Poder Moderador é a chave de toda a organisação Politica, e é delegado 
privativamente ao Imperador, como Chefe Supremo da Nação, e seu Primeiro Representante, 
para que incessantemente vele sobre a manutenção da Independencia, equilíbrio, e harmonia dos 
mais Poderes Politicos. 
 
Art. 99. A Pessoa do Imperador é inviolavel, e Sagrada: Elle não está sujeito a responsabilidade 
alguma. 
 
(Grafia original extraída de 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao24.htm) 
 
Conforme os artigos acima, o Poder Moderador era 
 
a) equivalente aos outros Poderes políticos, embora fosse delegado ao Imperador, que estava 
sujeito ao controle da Assembleia. 
b) uma forma de tutela política sobre os outros poderes, exclusiva ao Imperador, que não poderia 
ser submetido a nenhum controle constitucional ou jurídico. 
c) superior aos Poderes Políticos mas exclusivo ao Poder Executivo, devendo ser utilizado para 
resolver conflitos no seio do Império. 
d) um modelo de organização política que viabilizava a Independência, considerada sagrada pela 
Constituição, e que tinha como função prática substituir o Poder Judiciário. 
e) presidido pelo Imperador, que estava acima da constituição, e exercido de forma colegiada com 
os outros Poderes Políticos, visando a harmonia da organização política nacional. 
 
03) (Analista de Contas/MPC-MS – FCC) Marcante na evolução histórica da proteção dos direitos 
fundamentais no constitucionalismo brasileiro foi a construção interpretativa levada a efeito pelo 
Supremo Tribunal Federal em torno do significado do instituto do habeas corpus sob a vigência 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao24.htm
da Constituição de 1891. Tal orientação jurisprudencial, chamada de “doutrina brasileira 
do habeas corpus", 
 
a) consubstanciou a principal fonte de inspiração do mandado de segurança, writ introduzido no 
ordenamento brasileiro a partir da Constituição de 1934. 
b) reconhecia a legitimidade do uso de habeas corpus em face de lesão ou ameaça a qualquer dos 
direitos fundamentais constitucionalmente assegurados. 
c) foi inspirada nos ideais do neoconstitucionalismo. 
d) reconhecia a legitimidade do uso de habeas corpus emface de lesão ou ameaça a outras 
liberdades individuais, muito embora o texto constitucional original limitasse expressamente o 
alcance do writ apenas à liberdade de locomoção. 
e) caracterizou-se fundamentalmente por dotar o habeas corpus, ainda que sem base normativa, 
de elevado nível de informalidade processual, dispensando a exigência de representação por 
advogado devidamente constituído e reconhecendo a legitimidade de concessão ex officio pela 
autoridade judicial. 
 
04) (Titular de Serviços de Notas e de Registros/TJMS – IESES) São características da 
Constituição Federal de 1891. 
 
a) Instituição da forma federativa de Estado e da forma republicana de governo, instituição do 
habeas corpus. 
b) Poder moderador, eleições indiretas e censitárias. 
c) Eleição indireta para presidente da República, com mandato de seis anos. 
d) Incorporação da Justiça do Trabalho e do Tribunal Federal de Recursos ao Poder Judiciário. 
 
05) (Advogado da União/AGU – CESPE) A Constituição de 1934 disciplinou a subordinação do 
direito de propriedade ao interesse social. 
 
( ) Certo 
( ) Errado 
 
06) (Analista Judiciário/TRT3-MG – FCC) A Constituição Federal brasileira de 1934, que tratou 
pela primeira vez no Brasil de Direito de Trabalho (art.121), ao garantir a liberdade sindical, 
isonomia salarial e outros direitos ao trabalhador, foi influenciada 
 
a) pela doutrina marxista soviética. 
b) pelo anarco-coletivismo social. 
c) pela ideologia socialista alemã. 
d) pelo constitucionalismo social. 
e) pela ideologia europeia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Direito Constitucional I – Nota de aula 
Prof. Diego Sabóia6 
 
 
6 – EVOLUÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS (CONTINUAÇÃO) 
 
* A Constituição de 1937 (A CF “Polaca”) 
- O engodo histórico; 
- Simulação de revolta comunista: o Plano Cohen; 
- Rompimento de Getúlio Vargas com a CF de 1934; 
- Implantação de uma nova CF; 
- Início do “Estado Novo” 
- Características 
. Outorgada; 
. “Cópia” da CF polonesa; 
. Dissolução dos legislativos; 
. Fortalecimento do Executivo; 
. Supressão do mandado de segurança e da ação popular; 
. Garantia de direitos trabalhistas (sem greve e lock out); 
. Institucionalização de um estado de exceção perene (Art. 186 da CF de 1937); 
. Deposição de Vargas no pós-guerra; 
. Redemocratização. 
 
 
6 Doutor em Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Doutor em Ciência 
Política pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Mestre em Direito pela Universidade 
Federal de Santa Catarina (UFSC). Pós-graduado, lato sensu, nível de especialização, em Direito 
Tributário pelas Faculdades Integradas de Jacarepaguá (FIJ/RJ). Bacharel em Direito pela 
Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA). Professor do Curso de Direito da Faculdade 
Luciano Feijão. Procurador jurídico do quadro efetivo do município de Forquilha/CE. Advogado 
(OAB/CE nº 21.221). E-mail: diegosaboiaesilva@gmail.com 
mailto:diegosaboiaesilva@gmail.com
* A Constituição de 1946 
- Redemocratização; 
- Valorização dos direitos humanos. 
- Características 
. Promulgada; 
. Manutenção da estruturação do Estado. Exceção; 
. Federalismo bidimensional (União e Estados-membros, mas com autonomia para os 
municípios, através da eleição de prefeitos e vereadores, do reconhecimento de sua auto-
administração, do seu poder tributário próprio e de sua competência para a organização 
dos serviços públicos locais); 
. Retorno do Legislativo ao sistema bicameral; 
. Volta da figura do Vice-Presidente; 
. Vice-Presidente como Presidente do Senado Federal (mas só teria o voto de qualidade, 
ou seja, o de desempate); 
. Inserção da Justiça do Trabalho como integrante do Poder Judiciário, pois até então era 
órgão administrativo, pertencente ao Poder Executivo; 
. Garantias e vedações do Judiciário (CF/1946, arts. 95 e 96). Garantias: vitaliciedade, 
inamovibilidade, irredutibilidade de vencimentos. Vedações: exercício de outra função 
pública, salvo o magistério; receber vantagens nas causas em que atuasse; exercer 
atividade político-partidária); 
. Garantias aos direitos fundamentais (mandado de segurança, habeas corpus); 
. Constituição rígida. 
 
* A Constituição de 1967 
- Ditadura militar; 
- Alteração do nome do Estado Brasileiro de “Estados Unidos do Brasil” para “República 
Federativa do Brasil” 
- Características 
. Outorgada; 
. Manutenção da estruturação do Estado (a despeito da centralização de poderes na União 
e enfraquecimento dos demais entes estatais); 
. Extrema situação de dependência financeira dos municípios em relação à União; 
. Por influência religiosa o casamento continuava a ser indissolúvel (CF/1967, art. 167, § 
1º). O divórcio só foi legalmente possível com o advento da lei nº 6.515/77, cujo projeto 
foi de autoria do então senador Nelson Carneiro. P.S.: esse político foi inscrito no Livro 
dos Heróis e Heroínas da Pátria e da Liberdade, por meio da lei nº 13.852/2019. 
. Eleição indireta para Presidente da República; 
. Constituição rígida; 
. “Vida curta”. 
- Ato Institucional nº 5 (AI-5), de 13 de dezembro de 1968: 
. Rompimento com a ordem constitucional; 
. Alargamento da discricionariedade do Presidente da República: 
a) decretação de estado de sítio; 
b) intervenção federal sem os limites constitucionais; 
c) suspensão de direitos políticos (plebiscito, referendo, iniciativa popular); 
d) restrição ao exercício de qualquer direito público ou privado; 
e) cassação de mandatos eletivos (pelo Ceará os deputados federais Antônio Vieira e José 
Martins Rodrigues, ambos do Movimento Democrático Brasileiro – MDB); 
. Suspensão do habeas corpus para crimes políticos, contra a segurança nacional, a ordem 
econômica e social e a economia popular; 
. Recesso do Congresso Nacional, das Assembleias Legislativas e das Câmaras de 
Vereadores; 
. Exclusão de apreciação judicial dos atos praticados em desacordo com suas normas e 
atos complementares decorrentes; 
. Baixa eficácia da CF (somente seria cumprida quando conviesse ao poder: caso 
contrário, bastaria editar um novo ato institucional): aproximação da concepção 
sociológica, de Ferdinand Lassale; 
. O fim do AI-5 se deu em 13/10/1978, por meio da EC nº 11, em seu artigo 3º, que entrou 
em vigor em 01/01/1979. 
 
* A Constituição de 1969 (Emenda Constitucional nº 01/1969) 
- Formalmente emenda; 
- Materialmente uma nova Constituição (José Afonso da Silva). 
- Características 
. Outorgada; 
. Alteração no mandato do Presidente da República (para 5 anos; em 1977 foi ampliado 
para 6 anos); 
. Presidência do Congresso Nacional passa para o Presidente do Senado Federal (Quem 
exercia essa função anteriormente era o Vice-Presidente da República, consoante o art. 
79, § 2º da CF/1967); 
. Redução do número de deputados federais e relativização da imunidade material (direito 
de se expressar por meio de opiniões, palavras e votos) dos parlamentares durante o estado 
de sítio, por deliberação de 2/3 dos votos dos membros da Casa – parágrafo único do art. 
154 da CF/1967); 
. Dificultação de reforma da CF; 
. Retrocesso no sistema de direitos fundamentais. 
 
* A Constituição de 1988 (A “Constituição Cidadã”) 
- Características 
. Promulgada; 
. Pluralidade; 
. Alinhamento à redemocratização; 
. Ênfase no sistema de direitos e garantias fundamentais, inclusive transindividuais; 
. Autonomia aos entes federados (Não há hierarquia, mas predominância do interesse); 
. Controle de constitucionalidade concentrado e difuso. 
- Classificação 
. Formal, rígida, escrita, dogmática, promulgada, analítica, garantia e dirigente. 
---------------------------------------------------------------------------------------------------------- 
Questões 
1- Assinale a alternativa correta a respeito da CF/1946. 
a) A CF/1946 manteve a estruturação do Estado brasileiro em relação à CF/1937,sem exceções 
durante o período de existência daquela. 
b) O federalismo bidimensional cerceava a autonomia dos municípios. 
c) Dentre as vedações aos magistrados se encontravam a vitaliciedade e a inamovibilidade. 
d) A Justiça do Trabalho, até então pertencente ao Poder Executivo, passou a ser um órgão do 
Poder Judiciário com o advento da CF/1946. 
e) Ocorreu a volta do Vice-Presidente que, além de se dar em eleição separada da do Presidente, 
titularizava a chefia da Câmara dos Deputados, com direito apenas, no entanto, ao voto de 
qualidade. 
 
2 - Assinale a alternativa correta a respeito da CF/1967. 
a) Nela ocorreu o fortalecimento financeiro e administrativo dos Estados e dos Municípios. 
b) Com ela ocorreu a suspensão do habeas corpus para crimes políticos, contra a segurança 
nacional, a ordem econômica e social e a economia popular. 
c) Introduziu o instituto do divórcio no ordenamento jurídico brasileiro. 
d) Foi uma Constituição notabilizada pela força normativa. 
e) Foi uma Constituição destacada pela inafastabilidade do controle jurisdicional. 
 
3 - Assinale a alternativa correta a respeito dos reflexos constitucionais do Ato Institucional nº 5 
(o AI-5). 
a) Promoveu o fortalecimento da ordem constitucional vigente. 
b) Reduziu o âmbito de discricionariedade do Presidente da República. 
c) Como exemplos das atividades discricionárias do Presidente da República pode-se citar a 
possibilidade de decretação de estado de sítio e a cassação de mandatos eletivos. 
d) A despeito do caráter ditatorial do AI-5, a intervenção federal somente poderia ocorrer caso se 
fizesse presente alguma das hipóteses autorizadoras da medida, como, por exemplo, para manter 
a integridade nacional e pôr termo a grave comprometimento da ordem pública. 
e) Direitos como plebiscito, referendo e iniciativa popular mantiveram-se íntegros durante a 
vigência do Ato. 
4 - Assinale a alternativa correta a respeito da CF/1969 (EC nº 01/69). 
a) Alterou o tempo do mandato do Presidente da República para 8 (oito) anos. 
b) Era uma Constituição de fato e de direito. 
c) Promoveu avanço no âmbito dos direitos fundamentais. 
d) Manteve a presidência do Congresso Nacional com o Vice-Presidente da República. 
e) Manteve a imunidade material dos parlamentares, ainda que em estado de sítio. Neste caso 
(quando em estado de sítio), somente poderia ser relativizada por deliberação de 2/3 dos votos 
dos membros da Casa. 
 
5 - Assinale a alternativa incorreta a respeito da CF/1988. 
a) Direitos coletivos, como o que se refere a um meio ambiente ecologicamente equilibrado para 
as presentes e futuras gerações é presente no rol exemplificativo de direitos fundamentais da 
CF/88. 
b) A possibilidade de em um conflito de interesses envolvendo, de um lado, o direito à liberdade 
de expressão e, de outro, o direito à intimidade, com predominância para o primeiro direito, é um 
traço distintivo de uma Constituição que foi forjada em um contexto de redemocratização. 
c) Estão presentes, como formas de aferir a compatibilidade das normas integrantes do 
ordenamento jurídicos com as do Texto Maior os controles de constitucionalidade concentrado e 
difuso. 
d) Quanto à extensão, a CF/88 pode ser classificada como uma Constituição analítica. 
e) No que concerne às normas emanadas dos entes federados, tem-se que mesmo aquelas oriundas 
da União (as federais) não são hierarquicamente superiores às normas estaduais, mas que, em 
tese, possuem preferência, em razão da predominância do interesse. 
06 - Considere os trechos do Ato Institucional nº 5 (AI-5), e ao final responda ao que for indagado. 
São mantidas a Constituição de 24 de janeiro de 1967 e as Constituições 
Estaduais; O Presidente da República poderá decretar a intervenção nos 
estados e municípios, sem as limitações previstas na Constituição, suspender 
os direitos políticos de quaisquer cidadãos pelo prazo de 10 anos e cassar 
mandatos eletivos federais, estaduais e municipais, e dá outras providências. 
(...) 
CONSIDERANDO que, assim, se torna imperiosa a adoção de medidas que 
impeçam sejam frustrados os ideais superiores da Revolução, preservando a 
ordem, a segurança, a tranqüilidade, o desenvolvimento econômico e cultural 
e a harmonia política e social do País comprometidos por processos 
subversivos e de guerra revolucionária; 
 CONSIDERANDO que todos esses fatos perturbadores da ordem são 
contrários aos ideais e à consolidação do Movimento de março de 1964, 
obrigando os que por ele se responsabilizaram e juraram defendê-lo, a 
adotarem as providências necessárias, que evitem sua destruição, 
 Resolve editar o seguinte 
(...) 
Art. 2º - O Presidente da República poderá decretar o recesso do Congresso 
Nacional, das Assembléias Legislativas e das Câmaras de Vereadores, por Ato 
Complementar, em estado de sitio ou fora dele, só voltando os mesmos a 
funcionar quando convocados pelo Presidente da República. 
 § 1º - Decretado o recesso parlamentar, o Poder Executivo 
correspondente fica autorizado a legislar em todas as matérias e exercer as 
atribuições previstas nas Constituições ou na Lei Orgânica dos Municípios. 
(...) 
 Art. 3º - O Presidente da República, no interesse nacional, poderá decretar a 
intervenção nos Estados e Municípios, sem as limitações previstas na 
Constituição. 
(...) 
 Art. 4º - No interesse de preservar a Revolução, o Presidente da República, 
ouvido o Conselho de Segurança Nacional, e sem as limitações previstas na 
Constituição, poderá suspender os direitos políticos de quaisquer cidadãos 
pelo prazo de 10 anos e cassar mandatos eletivos federais, estaduais e 
municipais. 
 Parágrafo único - Aos membros dos Legislativos federal, estaduais e 
municipais, que tiverem seus mandatos cassados, não serão dados substitutos, 
determinando-se o quorum parlamentar em função dos lugares efetivamente 
preenchidos. 
 Art. 5º - A suspensão dos direitos políticos, com base neste Ato, importa, 
simultaneamente, em: 
 I - cessação de privilégio de foro por prerrogativa de função; 
 II - suspensão do direito de votar e de ser votado nas eleições sindicais; 
 III - proibição de atividades ou manifestação sobre assunto de natureza 
política; 
 IV - aplicação, quando necessária, das seguintes medidas de segurança: 
 a) liberdade vigiada; 
 b) proibição de freqüentar determinados lugares; 
 c) domicílio determinado. 
À luz do exposto, responda ao que segue: 
a) A que perspectiva clássica de Constituição se aproximou a CF/1967 após a edição do Ato 
Institucional nº 5? Por quê? 
b) Qual perspectiva de Constituição se contraporia à respondida no item “a”? Por quê? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Direito Constitucional I – Nota de aula 
Prof. Diego Sabóia7 
 
7 – PODER CONSTITUINTE 
 
- Noção geral: 
. Criação, reforma (alteração) e complementação da Constituição 
- Origem: 
. Surgimento das Constituições escritas (EUA/1787 e França/1791); 
. Contribuição do abade Emmanuel Sieyès: Constituição como uma nova ordem jurídica, 
que diferencia a criação (ou seja, a CF) dos atos subsequentes, legitimados pela 
Constituição e respeitando esta; 
- Titularidade: povo (Ex.: art. 1º, par. ún. da CF/88: “todo o poder emana do povo...”). 
Ressalva: para Sieyès, o titular seria a nação. 
 
* Poder Constituinte Originário (PCO) 
- Propósito: produção de uma nova CF; 
- O Brasil adotou a corrente positivista, de modo que o referido poder se revela ilimitado, 
apresentando natureza pré-jurídica; 
- Características: inicial, autônomo, ilimitação jurídica, incondicionado e permanente. 
- Natureza jurídica: híbrida, pois é, a um só tempo, poder de fato (funda a si e a sua obra, 
a saber, a Constituição) e poder de direito (vez que é anterior e superior a qualquer ordem 
jurídica); 
 
7 Doutor em Direitopela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Doutor em Ciência 
Política pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Mestre em Direito pela Universidade 
Federal de Santa Catarina (UFSC). Pós-graduado, lato sensu, nível de especialização, em Direito 
Tributário pelas Faculdades Integradas de Jacarepaguá (FIJ/RJ). Bacharel em Direito pela 
Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA). Professor do Curso de Direito da Faculdade 
Luciano Feijão. Procurador jurídico do quadro efetivo do município de Forquilha/CE. Advogado 
(OAB/CE nº 21.221). E-mail: diegosaboiaesilva@gmail.com 
mailto:diegosaboiaesilva@gmail.com
- Normas oriundas do PCO não são sujeitas a controle de constitucionalidade (Ex.: CF/88, 
art. 14, § 4º: inelegibilidade de inalistáveis e analfabetos). 
- A situação do PCO e dos direitos adquiridos: 
. Diferença entre direito adquirido (LINDB, art. 6º, § 2º: ex.: direito à aposentadoria, 
quando preenchidos os requisitos legais) e faculdade legal (não se incorpora ao 
patrimônio jurídico da pessoa. Ex.: lei de zoneamento); 
. Entendimento do STF em relação a direitos adquiridos frente ao PCO: não 
reconhecimento de direitos adquiridos que são contrários à nova CF. Fundamento: apenas 
o PCO pode criar regras de recepção, em razão de sua ilimitação jurídica; 
. Insegurança jurídica? 
 
* Poder Constituinte Derivado (PCD) 
- Subdivisão em Poder Constituinte Derivado Reformador (PCDR) e Poder Constituinte 
Derivado Decorrente (PCDD) 
- Poder Constituinte Derivado Reformador (PCDR) ou Evolutivo: 
. Necessidade de atualização da CF; 
. Mecanismos de alteração trazidos pelo PCO (O PCDR é limitado e condicionado); 
. Sujeição a controle de constitucionalidade; 
. Características: posterior (decorre do PCO), subordinado, limitado e condicionado; 
. Espécies: PCDR de Revisão (reforma geral da CF) e PCDR de Emenda (reforma pontual 
da CF); 
- Limites ao PCDR: 
a) Temporais (impede revisão, como, por exemplo, art. 3º do ADCT da CF/88: revisão 
apenas após 5 anos da entrada em vigor da CF); 
b) Circunstanciais (impede emenda, como por exemplo, no caso do art. 60, § 1º da CF/88: 
vedação de alteração em períodos de intervenção federal, de estado de defesa ou de estado 
de sítio); 
c) Formais/procedimentais (respeito aos mecanismos de alteração previstos): 
. Iniciativa (limitação formal subjetiva): art. 60, I, II e III; 
. Tramitação (limitação formal objetiva): art. 60, §§ 2º, 3º 3 5º; 
d) Materiais/substantivas (diz respeito ao conteúdo das normas): 
. Proibição de inserção de temas (Ex.: art. 5º, XLVII: penas de morte, perpétua, trabalhos 
forçados, banimento, cruéis); 
. Proibição de supressão de temas (Ex.: art. 60, § 4º: cláusulas pétreas). 
 
- Poder Constituinte Derivado Decorrente (PCDD): 
. Autonomia aos Estados-membros para fazerem as Constituições Estaduais em simetria 
com a Constituição Federal; 
. Características: posterior (decorre do PCO), subordinado, limitado e condicionado; 
. Limites de observância obrigatória: 
a) Princípios constitucionais sensíveis (CF, art. 34, VII); 
b) Princípios constitucionais estabelecidos (normas de elaboração e reforma das 
Constituições Estaduais); 
c) Princípios federais extensíveis (ex.: art. 1º, I a V; art. 3º, I a IV). 
 
* Poderes constituintes difuso e supranacional 
Parte da doutrina ainda traz a divisão entre poder constituinte difuso e supranacional. Em 
realidade, não são em si poderes constituintes. Aquele é um processo informal de 
mudança na CF, ou seja, via interpretação, sem intervenções legislativas (mutação 
constitucional), ao passo que o supranacional é vedado por nosso ordenamento, vez que 
propugna uma CF comum a vários Países. 
---------------------------------------------------------------------------------------------------------- 
Questões 
01) (Investigador Polícia Civil/BA – VUNESP) Imagine que 1/3 (um terço) dos membros da 
Câmara dos Deputados apresentou proposta de Emenda Constitucional com o objetivo de alterar 
o voto popular de secreto para aberto. Nesse caso, é correto afirmar que a proposta é: 
 
a) inconstitucional sob o prisma formal, pois a legitimidade para apresentação de proposta de 
emenda constitucional só pode ser apresentada por 1/3 (um terço) dos membros do Congresso 
Nacional, e não apenas de uma das casas. 
b) inconstitucional sob o prisma formal, pois a legitimidade para apresentação de proposta de 
Emenda Constitucional é reservada ao Senado, na qualidade de representante dos Estados 
Membros. 
c) inconstitucional sob o prisma material, pois a Constituição não poderá ser emendada para 
abolição do voto secreto. 
d) constitucional, tanto sob o prisma formal como o material, já que a Constituição assegura 
apenas o voto direto, universal e periódico. 
e) constitucional, tanto sob o prisma formal como o material, já que a Constituição não assegura 
o voto e a forma de seu exercício como cláusula imutável. 
 
 
2) (Delegado/PE – CESPE) Acerca do poder de reforma e de revisão constitucionais e dos limites 
ao poder constituinte derivado, assinale a opção correta. 
 
a) Além dos limites explícitos presentes no texto constitucional, o poder de reforma da CF possui 
limites implícitos; assim, por exemplo, as normas que dispõem sobre o processo de tramitação e 
votação das propostas de emenda não podem ser suprimidas, embora inexista disposição expressa 
a esse respeito. 
b) Emendas à CF somente podem ser apresentadas por proposta de um terço, no mínimo, dos 
membros do Congresso Nacional. 
c) Emenda e revisão constitucionais são espécies do gênero reforma constitucional, não havendo, 
nesse sentido, à luz da CF, traços diferenciadores entre uma e outra. 
d) Não se insere no âmbito das atribuições do presidente da República sancionar as emendas à 
CF, mas apenas promulgá-las e encaminhá-las à publicação. 
e) Se uma proposta de emenda à CF for considerada prejudicada por vício de natureza formal, ela 
poderá ser reapresentada após o interstício mínimo de dez sessões legislativas e ser apreciada em 
dois turnos de discussão e votação. 
 
3) (Analista Jurídico TCE/PR – CESPE) A respeito do poder constituinte, assinale a opção 
correta. 
a) O caráter ilimitado do poder constituinte originário não impede o controle de 
constitucionalidade sobre norma constitucional originária quando esta conflitar com outra norma 
constitucional igualmente originária. 
b) Se não houver ressalva expressa no seu próprio texto, a Constituição nova atingirá os efeitos 
pendentes de situações jurídicas consolidadas sob a égide da Carta anterior. 
c) O poder constituinte originário não desaparece com a promulgação da Constituição, 
permanecendo em convívio estreito com os poderes constituídos. 
d) As assembleias nacionais constituintes são as entidades que titularizam o poder constituinte 
originário. 
e) O poder constituinte originário é incondicionado, embora deva respeitar os direitos adquiridos 
sob a égide da Constituição anterior, ainda que esses direitos não sejam salvaguardados pela nova 
ordem jurídica instaurada. 
 
 
4) (Procurador do Estado/PA – UEPA) Sobre o Poder Constituinte, é correto afirmar que: 
a) para a Teoria Clássica do Poder Constituinte de Emmanuel Joseph SIEYÈS, o titular do Poder 
Constituinte seria o povo. 
b) a Constituição da República Federativa do Brasil, de 1988, foi elaborada por Assembleia 
Constituinte cujos membros foram eleitos especial e exclusivamente para esta tarefa. 
c) o processo de Revisão constitucional, previsto em nossa atual Constituição da República (art. 
3º, ADCT), difere-se do processo de Emenda por se tratar (a Revisão) de possibilidade de 
modificação geral do texto constitucional, bem como por ser um processo extraordinário, ainda 
que se trate de processo com regras formais similares ao processo de Emenda. 
d) pode ser citada como exemplo da teoria do poder constituinte evolutivo, a Emenda 
Constitucional nº 8, de 1977, que modificou o artigo 48,

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