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AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL Ricardo Jimenez , 2 SUMÁRIO 1 FUNDAMENTOS DE AUTOMAÇÃO ........................................................... 3 2 SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO EM PROCESSOS INDUSTRIAIS .................... 13 3 O USO DOS SENSORES NOS SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO ....................... 37 4 SISTEMAS SUPERVISÓRIOS .................................................................... 57 5 REDES INDUSTRIAIS ............................................................................... 66 6 PROJETO DE AUTOMAÇÃO .................................................................... 82 , 3 1 FUNDAMENTOS DE AUTOMAÇÃO Apresentação Neste bloco, o aluno aprenderá sobre os fundamentos necessários para conhecer o sistema de automação industrial. 1.1 Introdução à Automação Industrial A palavra automation foi inventada pelo marketing industrial de equipamentos na década de 1960. O emprego dessa nova palavra, que é sem dúvida sonora, procurava frisar o uso dos computadores no controle da produção industrial (MORAES; CASTRUCCI, 2017). A automação industrial tem como principal função auxiliar na produtividade. Dessa forma, estima-se a evolução de um sistema otimizado, capaz de proporcionar o aumento da quantidade e da qualidade, a redução dos custos e do tempo necessário gasto para a produção. Portanto, pode-se perceber que a automação industrial não almeja apenas a substituição do trabalho braçal humano por máquinas e robôs. Dito de outro modo, ela encontra-se ligada aos sistemas de qualidade, uma vez que é através dela que se assegura a manutenção e com alta produtividade, permitindo ganhos na produção através da agregação de distintas tarefas com a elaboração de projetos, com o gerenciamento e com a produção visando atender o cliente em menores prazos, com preço competitivo e com um produto de qualidade (MORAES; CASTRUCCI, 2017). A automação industrial pode ser compreendida como uma tecnologia que integra três áreas: a eletrônica, incumbida pelo hardware; a mecânica, representada pelos dispositivos mecânicos (atuadores); e a computação, responsável pelo software que controlará e supervisionará o sistema. Assim, para garantir os projetos na área, exige- se uma gama de conhecimentos, capacitação e diversificação dos projetistas, ou então, uma equipe coordenada com perfis interdisciplinares. , 4 Fonte: Autoria Própria. Figura 1.1 − Componentes da Automação Industrial. Na automação industrial, como visto na Figura 1.1, há a presença de processos, sensores, controladores e atuadores. Esses itens serão explorados com mais detalhes mais adiante, mas, por enquanto, a seguir, se apresenta uma visão geral de cada um deles: Processos: fabricação mecânica, produção farmacêutica, produção alimentícia, mineração, petroquímica, e outros; Sensores: capacitivo, indutivo, magnético, encoder, óptico, de pressão, de fluxo, e outros; Controladores: CLP (controlador lógico programável), inversores de frequências, e outros; Atuadores: pneumáticos, hidráulicos, elétricos e mecânicos. SAIBA MAIS Aqui você conhecerá um pouco sobre Processo de Estampagem: <https://www.youtube.com/watch?v=BkAK2a1r7xk>. Acesso em: abr. 2020. E aqui você visualizará algumas aplicações da automação: <https://www.youtube.com/watch?v=s-yne8xTNM0>. Acesso em: abr. 2020. https://www.youtube.com/watch?v=BkAK2a1r7xk https://www.youtube.com/watch?v=s-yne8xTNM0 , 5 1.2 História da Automação A evolução da automação industrial começa desde a Pré-História, em que o homem vem desenvolvendo invenções e mecanismos com o objetivo de reduzir os esforços físicos e ajudar na realização de atividades. Como exemplo, é possível citar a roda para movimentação de cargas e para exercer os trabalhos que exigiam esforços excessivos. No século XVIII, com o início da Revolução Industrial, em razão do novo modo de produção, o homem começou a produzir mercadorias em maior escala. Com o objetivo de aumentar a produtividade, diversas inovações tecnológicas foram elaboradas e projetadas na época (CAPELLI, 2013): Máquinas modernas, aptas para produzir com precisão e rapidez se comparadas com o trabalho braçal; Novas formas de fontes energéticas, como o vapor, para substituir a energia muscular e/ou hidráulica. O primeiro controlador automático com realimentação usado em um processo industrial foi o regulador de esferas de James Watt, desenvolvido em 1769 para controlar a velocidade de um motor a vapor. Esse dispositivo, como mostra a Figura 1.2, mede a velocidade do eixo de saída e utiliza o movimento das esferas para controlar a quantidade de vapor que é inserida no motor através da válvula. O eixo de saída do motor a vapor é ligado por meio de conexões mecânicas e engrenagens cônicas ao eixo do regulador. Conforme a velocidade do eixo de saída do motor se eleva, os pesos esféricos aumentam e a válvula de vapor se fecha, de modo que o motor desacelera. O processo contrário acontece quando a velocidade do eixo de saída diminui. , 6 Fonte: adaptado de Costa (2011). Figura 1.2 − Regulador de fluxo de vapor de Watt. A partir do século XIX, em razão das pesquisas com energia elétrica realizadas pelo gênio Nikola Tesla, apresentado na Figura 1.3, o motor elétrico de corrente alternada e a energia se tornaram realidades e passaram a ser amplamente utilizadas. O setor de comunicação passou por avanços tecnológicos com as invenções do telégrafo e do telefone. O setor de transportes progrediu com a ampliação das locomotivas a vapor, das estradas de ferro e do crescimento da indústria naval. Outra importante invenção que aconteceu nesse mesmo período foi o motor a explosão (CAPELLI, 2013). Assim, começava a 2ª Revolução Industrial. Fonte: Pixabay. Figura 1.3 − Nikola Tesla. https://www.britannica.com/biography/Nikola-Tesla , 7 No século XX, controladores programáveis, computadores e servomecanismos passaram a fazer parte da automação. Para se atingir os computadores que são utilizados atualmente, avanços foram alcançados ao longo do tempo, desde o uso de ábacos, passando pela régua de cálculo no século XVII, pelos cartões perfurados e pelas lógicas de relés no século XIX. Ainda durante o século XIX, George Boole desenvolveu a álgebra booleana, que são os princípios binários aplicados nas operações internas de computadores e processadores (CAPELLI, 2013). Os computadores constituem a base da tecnologia contemporânea e exemplos de sua aplicação estão em todas as áreas. 1.3 Arquitetura da Automação Industrial A automação industrial é responsável por realizar inúmeras funções. A Figura 1.4 é a representação desse sistema robusto, chamada de Pirâmide da Automação. Essa estrutura mostra os diferentes níveis de automação que podem ser encontrados em uma planta industrial. Fonte: adaptado de Capelli (2013). Figura 1.4 − Pirâmide da Automação Industrial. • Gerenciamento corporativo Nível 5 • Planejamento e coordenação geral da produção Nível 4 • Supervisão e controle operacional Nível 3 • Controle direto do processo Nível 2 • Monitoração e atuação no processo Nível 1 , 8 A seguir, é possível ter uma breve descrição dos níveis presentes na Figura 1.4 (MORAES; CASTRUCCI, 2017; CAPELLI, 2013): Nível 1: é o nível das máquinas, dispositivos e componentes (chão de fábrica). Exemplo: máquinas de embalagem, linha de montagem ou manufatura; Nível 2: é o nível dos controladores digitais, lógicos e de algum modelo de supervisório associado ao processo; Nível 3: este nível permite o controle do processo produtivo da planta. São gerados bancos de dados com informações essenciais para a qualidade do processo. Exemplo: avaliação e controle de qualidade em processo alimentício; Nível 4: é o nível responsável pelaprogramação e pelo planejamento da produção. Exemplo: controle de suprimentos e estoques em função da sazonalidade e da distribuição geográfica; Nível 5: é o nível responsável pela gestão administrativa, operacional, vendas e financeira de todo o sistema. Na Figura 1.5, é representado o modelo de Pirâmide de Automação que é, tipicamente, encontrado na indústria. Fonte: adaptado de Camargo (2014). Figura 1.5 − Níveis típicos de automação na indústria. , 9 SAIBA MAIS Recomenda-se a leitura do Capítulo 1 (da página 22 a 26) do livro “Elementos de automação”, do autor Valter Luís Arlindo de Camargo. (Disponível na Biblioteca Virtual – Minha Biblioteca). E também a leitura do Capítulo 1 da (página 13 a 15) do livro “Engenharia de automação industrial” dos autores Cícero Couto de Moraes e Plínio de Lauro Castrucci. (Disponível na Biblioteca Virtual – Minha Biblioteca). 1.4 Processos industriais e suas variáveis A automação industrial pode ser dividida em dois modelos em relação aos tipos de processos: processos industriais e processos contínuos. Os processos industriais são aqueles em que há ampla movimentação mecânica. O exemplo clássico desse modelo é a indústria automobilística. Na linha de montagem, há robôs soldadores, esteiras transportadoras e outros sistemas. Nos processos industriais, as grandezas físicas mais comuns são: força, aceleração, velocidade e deslocamento. Ao contrário dos processos industriais, os processos contínuos são característicos pela pouca movimentação mecânica. Uma estação de tratamento de água é um exemplo no qual esses processos contínuos estão presentes. As grandezas físicas mais comuns nesses processos são temperatura, vazão e pressão. Existem fábricas em que os processos devem funcionar em conjunto, por exemplo, a indústria de bebidas, na qual há processos contínuos na produção do líquido e processos industriais no seu envase e transporte. SAIBA MAIS Conheça a linha de montagem da BMW: Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=wJ4ubZR64EU>. Acesso em: abr. 2020. https://www.youtube.com/watch?v=wJ4ubZR64EU , 10 1.5 Classificação da Automação Industrial Classificações vistas para os sistemas automatizados de produção estão associadas ao grau de flexibilidade, sendo definidos três tipos básicos: automação fixa, automação programada e automação flexível. A categorização dos três tipos de automação são os diferentes volumes e variedades dos produtos, como mostra a Figura 1.6. Na sequência, é explicado cada tipo básico de automação. Fonte: adaptado de Camargo (2014). Figura 1.6 − Relação entre a quantidade produzida e a variedade de produtos conforme o tipo de automação. Automação fixa: este tipo de automação ainda é adequado quando se deseja fabricar continuamente uma grande quantidade de um único tipo de produto. A vantagem é que o investimento neste tipo de automação é menor que nos demais, por ser mais simples. No entanto, por produzir um produto específico, há a desvantagem de poder tornar-se obsoleto, caso o ciclo de vida do produto chegue ao fim, o que exigiria mudanças de projeto ou modelo. Portanto, apresenta altas taxas de produção e inflexibilidade do equipamento na acomodação da variedade de produção. , 11 Automação programável: o equipamento de produção é projetado com a capacidade de diversificar a sequência de operações de modo a manter diferentes configurações de produtos, sendo controlado por um programa que é representado pelo sistema. Diversos programas podem ser explorados para fabricar produtos novos. Este tipo de automação é utilizado quando o volume de produção dos itens é baixo. Automação flexível: reúne algumas das características da automação fixa e outras da automação programável. O equipamento deve ser programado para fabricar uma gama de produtos com configurações diferentes, mas a variedade dessas características é mais limitada que aquela permitida pela automação programável. SAIBA MAIS Recomenda-se a leitura do Capítulo 1 (da página 22 a 26) do livro “Elementos de automação”, do autor Valter Luís Arlindo de Camargo. (Disponível na Biblioteca Virtual – Minha Biblioteca). Conclusão Neste bloco, noções essenciais sobre a automação industrial de processos de produção foram estudados. Primeiro, estudamos a história das tecnologias como a máquina a vapor, o controle de processos, os sistemas de comunicação e a tecnologia de informação, entre outros, que permitiram o desenvolvimento e a evolução dos sistemas de automação utilizados atualmente. Além de entendermos as arquiteturas de automação industrial, identificamos os diversos tipos de processos industriais e suas variáveis. Conhecemos as características dos processos industriais e dos processos contínuos (os quais diferem quanto a grandezas físicas utilizadas e suas partes mecânicas em movimentação). Por fim, vimos as classificações do sistema de automação industrial. , 12 REFERÊNCIAS CAMARGO, V. L. A. Elementos de automação. 1. ed. São Paulo: Érica. 2014. CAPELLI, A. Automação industrial: controle do movimento e processos contínuos. 3. ed. São Paulo: Érica, 2013. COSTA, L. A. Especificando sistemas de automação industrial. 1. ed. Biblioteca24horas, 2011. MORAES, C. C.; CASTRUCCI P. L. Engenharia de automação industrial. 2. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2017. , 13 2 SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO EM PROCESSOS INDUSTRIAIS Apresentação O objetivo deste bloco é entender o funcionamento, as aplicações e o acionamento de contatores, relés, motores de corrente contínua, motores de passo e eletroválvulas pneumáticos e hidráulicos. Além disso, pretende-se conhecer o CLP e sua principal linguagem de programação. Por fim, será possível desenvolver sistemas para automatização de processos industriais. 2.1 Comandos elétricos A princípio, o estudo da eletricidade é dividido em três grandes áreas: a geração, a distribuição e a utilização. Diante desse contexto, os comandos elétricos são estudados, com foco maior, em instalações elétricas de alta potência ou industriais, mas esse não é o foco desta disciplina. Eles são responsáveis pelo controle ou manobra, comumente utilizada em motores elétricos, que se trata da instalação e da condução, ou da intervenção na corrente elétrica em condições normais e de sobrecarga (FILHO, 2018; MOHAN, 2012; JUNIOR, 2006). Os principais modelos de motores são, conforme Silva (2006): motores de Indução, conhecidos como motores de corrente alternada (C.A.) ou de bobina; servomotores; motores de corrente contínua (C.C.); motores síncronos; motores de passo. Segundo Silva (2006), os servomotores e motores de passo têm um driver, conhecido também como dispositivo de parametrização, próprio para o seu acionamento e controle de velocidade, rotações e acelerações, de modo que tais conceitos fogem do escopo desta disciplina. Entre os demais motores apresentados, os de maior aplicabilidade industrial são os motores de indução trifásicos, porque em comparação , 14 com os motores de corrente contínua, de mesma potência, eles têm tamanho menor, são mais leves e exigem menos manutenção (MOHAN, 2012; JUNIOR, 2006; SILVA, 2006). Clique no link para visualizar um motor de indução trifásico típico.< https://www.researchgate.net/figure/Figura-1-Vista-em-corte-de-um-motor-de- inducao-trifasico-Fonte-WEG_fig1_310502963>. O motor de indução tem características específicas de funcionamento, que são relevantes ao entendimento dos comandos elétricos. Um dos princípios fundamentais para o conhecimento dos comandos elétricos, conforme afirma Silva (2006), é a noção de que “os objetivos principais dos elementos em um painel elétrico são: a) proteger o operador; e b) propiciar umalógica de comando” (NASCIMENTO, 2011; SILVA, 2006). Tendo como base princípio da proteção do operador, uma sequência genérica dos elementos necessários à partida e manobra de motores é vista na Figura 2.1. Nela é possível diferenciar os seguintes elementos (FILHO, 2018; SILVA, 2006): Fonte: Autoria Própria. Figura 2.1 − Sequência genérica para o acionamento de um motor. https://www.researchgate.net/figure/Figura-1-Vista-em-corte-de-um-motor-de-inducao-trifasico-Fonte-WEG_fig1_310502963 https://www.researchgate.net/figure/Figura-1-Vista-em-corte-de-um-motor-de-inducao-trifasico-Fonte-WEG_fig1_310502963 https://www.researchgate.net/figure/Figura-1-Vista-em-corte-de-um-motor-de-inducao-trifasico-Fonte-WEG_fig1_310502963 , 15 A. Seccionamento: só é capaz de ser operado sem carga. É utilizado durante a manutenção e análise do circuito. B. Proteção contra curto-circuito: tem como objetivo a proteção dos condutores no terminal do circuito. C. Proteção contra sobrecarga de corrente: tem como objetivo a proteção do enrolamento do motor. D. Aparelhos de manobra: têm como objetivo o controle de liga e desliga do motor de forma segura, ou seja, sem a necessidade do contato do operador no circuito de potência, no qual transita a maior corrente. É importante no estudo de comandos elétricos ter em mente a cadeia mostrada como na Figura 2.1, porque ela consiste na base para o projeto de qualquer circuito (FILHO, 2018; NASCIMENTO, 2011; SILVA, 2006). Lembre-se de que na proteção, nas manobras (ou partidas de motores) convencionais, existem dois modelos, segundo a norma IEC 60947 (1998): Coordenação do tipo 1: nenhum perigo oferecido para as pessoas e instalações, ou seja, desligamento seguro da corrente de curto-circuito. Porém, podem existir danos ao relé de sobrecarga e ao contator. Coordenação do tipo 2: nenhum perigo oferecido para as pessoas e instalações. Não podem existir danos ao relé de sobrecarga e/ou em outras partes, exceto leve fusão dos contatos do contator e estes permitem uma fácil separação sem danos significativos. Existe um elemento simples que é chamado de contato que é trabalhado frequentemente tanto em lógica quanto nos comandos elétricos. Existem dois tipos de contatos que serão explicados a seguir (FILHO, 2018; SILVA, 2006): 1. Contato Normalmente Aberto (NA): não há corrente elétrica na posição de repouso, vide a Figura 2.2a. Dessa forma, não conduz o dispositivo ou a carga, assim não será acionado. , 16 2. Contato Normalmente Fechado (NF): há corrente elétrica, como pode ser observado na Figura 2.2b. Dessa forma, conduz o dispositivo ou a carga, assim será acionado. Fonte: Autoria Própria. Figura 2.2 − Representação de NA e NF. Os contatos, acima citados, podem ser ligados conforme a necessidade do projeto para atingir o que é desejado ao se acionar o dispositivo, como por exemplo, fazer com que uma carga seja acionada somente quando dois deles estiverem ligados. A seguir, serão exploradas as principais associações entre contatos. SAIBA MAIS Recomenda-se a leitura dos capítulos 5 (Motor CC), 7 (Motores Monofásicos CA), 8 (Outros Motores ligados à Rede Monofásica), 10 (Motores Trifásicos de Indução CA), 11 (Motor Síncrono) e 12 (Motores de Passo e Servomotores) do livro “Máquinas Elétricas − Teoria e Ensaios”, de Geraldo Carvalho do Nascimento Junior. (Disponível na Biblioteca Virtual − Minha Biblioteca) 2.1.1 Associações de contatos Existem dois tipos de associação: em série (Figura 2.3a) e em paralelo (Figura 2.3b). , 17 Fonte: Autoria Própria Figura 2.3 − Associação dos contatos. Pode-se notar que, na associação em série, a carga estará acionada somente quando os dois contatos estiverem acionados simultaneamente, e por isso é denominada de “Lógica E”. Ao contrário, na combinação em paralelo, qualquer um dos contatos acionados a uma carga é denominada de “Lógica OU”. As associações são comumente ligadas a uma tabela contendo todas as combinações possíveis entre os contatos. Ela é denominada “Tabela Verdade” ou “Tabela da Verdade”. As Tabelas 2.1a e 2.1b referem-se às associações em série e paralelo, respectivamente. Tabela 2.1 – Associação de Contatos Fonte: Autoria Própria. , 18 Cada elemento em um circuito de comando elétrico tem sua representação gráfica específica. A numeração dos contatos e a sua representação têm um padrão a ser adotado, de acordo com as normas NBR 5280 ou a IEC 113.2 (NBR5280, 1983). No entanto, a numeração dos contatos auxiliares segue conforme o seguinte padrão: 1 e 2 = Contato normalmente fechado (NF), sendo 1 a entrada, e 2 a saída; 3 e 4 = Contato normalmente aberto (NA), sendo 3 a entrada, e 4 a saída. Os relés e contatores adotam A1 e A2 para os terminais da bobina. Os contatos auxiliares desses dispositivos seguem um modelo especial de numeração, pois o número é composto por dois dígitos, sendo: Primeiro número: indica o número do contato a que pertence; Segundo número: indica se os contatos são do tipo NF (1 e 2) ou NA (3 e 4). 2.1.2 Os principais elementos compostos em comandos elétricos Estudados os principais modelos de contatos, o próximo passo é entender os componentes encontrados nos painéis elétricos. A seguir, há a lista de componentes mais utilizados nos comandos elétricos, conforme é explicado por Silva (2006): A. Botoeira ou Botão: dispositivo com a principal tarefa de liberar o fluxo de corrente elétrica para o acionamento de um equipamento ou outro dispositivo, tendo características diferentes de acionamentos, seja com travamento no acionamento ou sendo pulsador, como pode ser visto nestes links: <https://slideplayer.com.br/slide/14205377/> (slide 48) <https://2.bp.blogspot.com/- yF8fLKz8Tm0/WP9UUpwf43I/AAAAAAAAGBY/iPRQlwivHWcOf- uywQQCxC5kZk6fBSJJgCLcB/s1600/home.jpg> B. Relés: têm a função de manobrar as cargas elétricas, assim permitindo a combinação de lógicas no comando entre os contatos e seu acionamento, e https://slideplayer.com.br/slide/14205377/ https://2.bp.blogspot.com/-yF8fLKz8Tm0/WP9UUpwf43I/AAAAAAAAGBY/iPRQlwivHWcOf-uywQQCxC5kZk6fBSJJgCLcB/s1600/home.jpg https://2.bp.blogspot.com/-yF8fLKz8Tm0/WP9UUpwf43I/AAAAAAAAGBY/iPRQlwivHWcOf-uywQQCxC5kZk6fBSJJgCLcB/s1600/home.jpg https://2.bp.blogspot.com/-yF8fLKz8Tm0/WP9UUpwf43I/AAAAAAAAGBY/iPRQlwivHWcOf-uywQQCxC5kZk6fBSJJgCLcB/s1600/home.jpg , 19 permitindo separar os circuitos de potência (mais de 10 A) e comando (até 10 A). Vide a Figura 2.4. Fonte: Autoria Própria. Figura 2.4 − Esquema, Simbologia e Relés comerciais. C. Contatores: são semelhantes aos relés. A diferença se encontra na estrutura física, que nos contadores é mais robusta e flexível, conforme pode ser visto na Figura 2.5. A desvantagem da utilização deles é a geração de faíscas, causando risco à saúde do usuário. Fonte: Autoria Própria. Figura 2.5 − Esquema, Simbologia e Contator comercial. , 20 D. Fusíveis: são amplamente conhecidos (Figura 2.6) devido ao uso doméstico e sua principal função é a proteção contra curto-circuito. A súbita elevação da corrente gera calor ao dispositivo e, consequentemente, rompendo-o devido ao efeito Joule. Fonte: Autoria Própria. Figura 2.6 − Simbologia e Fusíveis comerciais. E. Disjuntores: sua função é proteger também de curto-circuito (exemplos na Figura 2.7). A vantagem que encontramos em relação ao fusível é a possibilidade de religar o dispositivo. Para projetar qual disjuntor utilizar, é imprescindível encontrar os valores nominais de tensão, corrente e frequência, temperatura e altitude. Pode ser consultado também o catálogo de informações do fabricante. Fonte: Autoria Própria. Figura 2.7 − Esquema de ligação, Simbologia e Disjuntores Comerciais. (Monofásico, Bifásico e Trifásico). , 21 F. Relé térmico ou de sobrecarga:a proteção contra corrente de sobrecarga era feita por relé térmico, conforme Filho (2018) e Silva (2006). O dispositivo composto por juntas metálicas, quando aquecido devido à sobrecarga de corrente por um longo tempo, é acionado para assegurar o sistema. Hoje os disjuntores englobam essa função, e sendo assim, os relés de sobrecarga caíram em desuso. 2.1.3 Simbologia gráfica dos comandos elétricos – NBR 5280 No comando elétrico, atualmente, para saber como esses dispositivos são ligados entre si, há necessidade de se verificar um desenho cujo nome é esquema elétrico no qual cada um dos elementos é apresentado através de símbolos gráficos. A simbologia é padronizada através das normas NBR, DIN e IEC. Na Tabela 2.2, apresentam-se símbolos referentes aos elementos estudados anteriormente. No entanto, essa norma foi cancelada em junho de 2011 devido à falta de atualização da formatação, mesmo assim os elementos são utilizados amplamente nos projetos. Tabela 2.2 − Principais elementos de circuito elétrico Fonte: NBR5280 (1983). , 22 2.1.4 Manobras tradicionais para os motores elétricos Para entendermos os acionamentos de dispositivos pneumáticos, hidráulicos e elétricos, os estudos dos componentes de comandos elétricos são de extrema importância. Por isso, é importante esclarecer qualquer dúvida relativa a esses dispositivos. Nesta seção, serão apresentadas as principais manobras nos motores elétricos, conforme Filho (2018), Nascimento (2011) e Silva (2005): Partida direta: a principal função é para acionar e interromper o funcionamento de um motor de indução trifásico em um determinado sentido de rotação. A ligação dos elementos é mostrada na Figura 2.8, onde pode-se averiguar a presença dos circuitos de potência e comando. Os componentes necessários para essa manobra, normalmente, são: 1 disjuntor tripolar (Q1), 1 disjuntor bipolar (Q2), 1 relé térmico (F2), 1 contator (K1), 1 botoeira NF (S0), 1 botoeira NA (S1), 1 motor trifásico (M1), 1 lâmpada verde (H1), 1 lâmpada amarela (H2), 1 lâmpada vermelha (H3). Fonte: Autoria Própria. Figura 2.8 – Comando e Potência da Partida Direta de Motor Trifásico. , 23 Partida com reversão: como o próprio nome diz, o objetivo é a possibilidade de reversão da velocidade de rotação. Para fazer isso, trocam-se duas fases através dos contatores. É importante lembrar que os dois contatores não podem funcionar de forma simultânea. Para isso, existe o circuito de intertravamento. Os componentes necessários a essa manobra, normalmente, são: 1 disjuntor tripolar (Q1), 1 disjuntor bipolar (Q2), 1 relé térmico (F2), 2 contatores (K1 e K2), 1 botoeira NF (S0), 2 botoeiras NA (S1 e S2), 1 motor trifásico (M1). Fonte: Autoria Própria. Figura 2.9 − Comando e Potência do sistema de reversão do motor trifásico. Partida estrela-triângulo (Υ/∆): a princípio, os motores necessitam, durante a sua partida, de uma corrente maior que 5 ou 7 vezes o valor de sua corrente nominal. Essa característica é extremamente indesejável, pois, além de exigir um superdimensionamento dos cabos, ainda causa quedas no fator de potência da rede, possibilitando multas , 24 da concessionária de energia elétrica. Assim, uma das estratégias adotada para evitar isso é a partida estrela-triângulo, cujo princípio é o de acionar o motor em estrela, reduzindo a carga e posteriormente comutá-lo para triângulo, atingindo sua potência nominal. Os circuitos de comando e de potência são mostrados na Figura 2.10. Os componentes utilizados para essa partida são: 1 disjuntor tripolar (Q1), 1 disjuntor bipolar (Q2), 3 contatores (K1, K2 e K3), 1 relé térmico (F1), 1 botoeira (NF), 1 botoeira (NA), 1 relé temporizador (K6). Fonte: Autoria Própria. Figura 2.10 − Potência e Comando da Partida Estrela-Triângulo do Motor Trifásico. SAIBA MAIS Recomenda-se a leitura dos capítulos 5 (sobre Motor CC), 7 (sobre Motores Monofásicos CA), 8 (sobre Outros Motores ligados à Rede Monofásica), 10 (sobre Motores Trifásicos de Indução CA), 11 (sobre Motor Síncrono) e 12 (sobre Motores de Passo e Servomotores) do livro “Máquinas Elétricas − Teoria e Ensaios”, de Geraldo Carvalho do Nascimento Junior. (Disponível na Biblioteca Virtual − Minha Biblioteca) , 25 Do mesmo autor, recomenda-se a leitura da parte ‘Fechamento e Testes de Motores Elétricos’ do Livro “Comandos Elétricos: Teoria e Atividades”. 2.2 Cadeia de Comandos Para entender o funcionamento dos sistemas industriais de processos, é fundamental conhecer os seus componentes, e assim construir com eficiência e qualidade a estrutura física e lógica. A cadeia de comando consiste em otimizar a construção do sistema, conforme pode se ver na Figura 2.11. Fonte: Autoria Própria. Figura 2.11 − Cadeia de Comando. 1. Elementos de trabalho: são os componentes que farão toda a ação no sistema. Exemplos: atuadores elétricos, motores, atuadores pneumáticos etc. 2. Elementos de comando: são os componentes que comandarão as funções do elemento de trabalho. Exemplos: drive, inversor de frequência, válvulas pneumáticas, solenoides etc. 3. Elementos de processamento de sinais: são os elementos lógicos do processo e neles será implementada a lógica do desenvolvedor. Exemplos: CLP, comandos elétricos, válvula com lógica AND ou OR etc. 4. Elementos de sinais: são aqueles que mandarão o estímulo para os elementos de processamento de sinais e comandos. Sua principal função é dar o comando. Exemplos: botões, sensores, IHM etc. , 26 Os elementos apresentados são comumente utilizados em qualquer estrutura na automação industrial, sendo comandados por circuitos elétricos ou Controladores Lógicos Programáveis. Essa arquitetura nos ajuda na estruturação do projeto da máquina ou processo, evitando quaisquer problemas e descaracterização durante o desenvolvimento. Outra forma de representar a cadeia de comando é através de fluxograma para o entendimento da máquina, do equipamento, do processo, conforme pode ser visto na Figura 2.12. Figura 2.12 − Fluxograma de processo industrial. 2.3 Controladores lógicos programáveis (CLPs) Controladores lógicos programáveis são membros da família de computador que utilizam circuitos integrados em vez de dispositivos eletromecânicos para implementar funções de controle. No link, está a representação de um modelo de CLP. < https://new.siemens.com/br/pt/produtos/automacao/sistemas- automacao/industrial/plc/simatic-s7-300.html> https://w3.siemens.com.br/automation/br/pt/automacao-e-controle/automacao-industrial/simatic-plc/s7-cm/s7-300/pages/default.aspx https://new.siemens.com/br/pt/produtos/automacao/sistemas-automacao/industrial/plc/simatic-s7-300.html https://new.siemens.com/br/pt/produtos/automacao/sistemas-automacao/industrial/plc/simatic-s7-300.html , 27 Os CLPs são capazes de armazenar instruções, como sequência de tempo, contagem, aritmética, manipulação de dados e comunicação, para controlar máquinas e processos industriais. 2.3.1 Evolução dos controladores lógicos programáveis A evolução dos controladores programáveis, segundo Moraes e Castrucci (2017), Capelli (2013), Silva (2006), é: GERAÇÃO EVENTO 1ª Programação em linguagem Assembly. Era importante conhecer o hardware do equipamento, ou seja, a eletrônica por trás do projeto do CLP. 2ª Apareceram as linguagens de programação de nível intermediário. Foi apresentado o “Programa Monitor” que convertia para linguagem de máquina o programa inserido pelo desenvolvedor ou projetista. 3ª Os Controladores Lógicos Programáveis começam a ter uma entrada de programação que era através de um teclado, ou chamado de programador portátil, conectado no mesmo. 4ª É nesta geração que a entrada para comunicação serial é introduzida, e a programação passa a ser feita através de microcomputadores.Com este aparecimento, surgiu a possibilidade de testar o programa antes de o mesmo ser transferido ao módulo do CLP. 5ª Os CLPs de quinta geração vêm com padrões de protocolo de comunicação para simplificar a interface com equipamentos de outros fabricantes, e também com Sistemas Supervisórios e Redes Administrativas para comunicação. Com o avanço da tecnologia e a consolidação da aplicação dos CLPs no controle de sistemas automatizados, é frequente o desenvolvimento de novos recursos para eles, por exemplo, o Web Server (servidor web), que permite acesso remoto de qualquer lugar para a visualização e interação com um processo. 2.3.2 Composição dos controladores programáveis Segundo Moraes e Castrucci (2017), os controladores lógicos programáveis são modulares e são compostos por: 1. Fonte de alimentação; 2. CPU (Unidade de Processamento Central); , 28 3. Memória; 4. Módulos de entradas e saídas; 5. Linguagens de programação; 6. Dispositivos de programação; 7. Módulos de comunicação; 8. Módulos especiais (opcionais). Fonte: Autoria Própria. Figura 2.13 − Estrutura em blocos simplificada de um CLP. O programa do usuário fica na memória e a fonte de alimentação (bateria) garante a permanência da lógica de programação, mesmo na ausência de alimentação do sistema, já que esta memória é uma RAM (memória de acesso aleatório, do inglês Random Access Memory) e têm a característica de volatilidade (perde as informações armazenadas se desligada). Os CLPs podem oferecer memórias não voláteis (EPROM, EEPROM ou flash) para o armazenamento do programa do usuário. Nessa conformidade, se houver falhas na alimentação do sistema, ao ser reenergizado, o programa é recuperado por essa memória não volátil. O sistema operacional utilizado em CLP é desenvolvido especificamente para o dispositivo, isto é, compilado com funções específicas do processador, o que indica que cada modelo de CLP tem o seu sistema operacional único. Esses sistemas , 29 operacionais são restritos, assim possuindo recursos limitados para cada operação de controle e automação. 2.3.3 Características gerais de um CLP Um CLP apresenta as características relacionadas a seguir (MORAES; CASTRUCCI, 2017; CAPELLI, 2013): hardware e/ou dispositivo de controle de rápida e fácil programação ou reprogramação, evitando interrupção na produção; possibilidade de trabalhar em ambiente industrial sem o apoio de equipamentos ou hardware específico; sinalizadores de estado e módulo com modelo de plug-in para fácil manutenção e substituição; hardwares otimizados para espaço reduzido e baixo consumo de energia; monitoração e operação do processo ou sistema, através da comunicação com os computadores ou interface Homem-Máquina; compatibilidade com diversos tipos de sinais de entrada e saída; possibilidade de alimentar, de forma contínua ou chaveada, dispositivos que consomem correntes até 2A (Ampere); hardware de controle que permite a expansibilidade com os diversos modelos de módulos, de acordo com a necessidade do projeto; custo de compra e instalação de forma competitiva em relação aos sistemas de controle convencionais; capacidade de expansão da memória. SAIBA MAIS Recomenda-se a leitura do Capítulo 1 (da página 20 a 27) do livro “Elementos de automação”, do autor Valter Luís Arlindo de Camargo. (Disponível na Biblioteca Virtual – Minha Biblioteca). , 30 E também a leitura do Capítulo 1 da (página 23 a 33) do livro “Engenharia de automação industrial” dos autores Cícero Couto de Moraes e Plínio de Lauro Castrucci. (Disponível na Biblioteca Virtual – Minha Biblioteca). 2.4 Introdução à linguagem de programação Segundo Roggia e Fuentes (2016), para que o dispositivo (hardware) possa efetuar a função desejada, o CLP precisa de um programa (software) que informe a sequência de tarefas que devem ser realizadas. Esse programa deve ser gravado na memória do CLP, procedimento realizado através da comunicação via serial ou o dispositivo de conexão com um computador ou através do próprio CLP. Esse programa pode ser composto por diferentes linguagens de programação, vide a Figura 2.14, as quais possibilitam ao programador manifestar as relações entre as entradas e saídas do CLP por meio de comandos, blocos, símbolos ou figuras. Devido à diversificação dessas linguagens que podem ser apresentadas pelo projetista, a lógica de programação é, também, diversificada. Fonte: Autoria Própria. Figura 2.14 − Esquema e comparação do CLP com Comandos Elétricos. Atualmente, os CLPs são empregados com linguagens de alto nível, as quais possuem uma série de instruções de programação predeterminadas pelos desenvolvedores (ROGGIA; FUENTES, 2016). Isso aproxima as linguagens de alto nível da linguagem humana, permitindo o trabalho do programador eficiente e acessível. As chamadas linguagens de programação de baixo nível ou linguagens de máquina exigem maior , 31 habilidade do programador, o qual necessita de boa compreensão do hardware do equipamento, porém demanda um menor tempo de processamento e, consequentemente, há uma profundidade maior do desenvolvedor em relação ao equipamento e limitações do mesmo (ROGGIA; FUENTES, 2016). A seguir, serão apresentados com mais detalhes e exemplos as três principais linguagens de programação utilizadas em CLPs (MORAES; CASTRUCCI, 2017; ROGGIA; FUENTES, 2016): lista de instruções, diagrama de blocos e diagrama de contatos (ladder). Lista de instruções (STL – statement list): segundo Roggia e Fuentes (2016), [...] é uma linguagem de programação do tipo textual e não emprega símbolos gráficos. Mas não se tem a visão rápida do funcionamento do programa e requer muito tempo do programador para a pesquisa de falhas dentro do programa. É praticamente a linguagem de máquina, ou seja, usa diretamente as instruções do microcomputador. (ROGGIA; FUENTES, 2016, p. 86) A Tabela 2.3 e Figura 2.15 mostram um exemplo da linguagem escrita, contendo linhas de instruções alfanuméricas e padronizadas conforme a norma IEC 1131-3. Tabela 2.3 − Comparação das Listas de Instruções Fonte: Autoria Própria. IEC 1131-3 Mitsubishi OMRON Siemens Operação Diagrama Ladder LD LD LD A Carrega o valor no registrador Começa com contato aberto LDN LDI LD NOT NA Carrega o valor negativo no registrador Começa com contato fechado AND AND AND A Lógica "E" Contato aberto em série ANDN ANI AND NOT NA Lógica não "E" Contato fechado em série OR OR OR O Lógica "OU" Contato aberto em paralelo ORN ORI OR NOT ON Lógica não "OU" Contato fechado em paralelo ST OUT OUT Armazena o resultado Saída , 32 Fonte: Autoria Própria. Figura 2.15 − Comparação do Diagrama Ladder e Lista de instruções. Diagrama de blocos (FB – Function Block): segundo Roggia e Fuentes (2016), [...] é uma linguagem composta de símbolos gráficos clássicos da lógica combinatória, utilizada na eletrônica digital semelhante aos comandos elétricos. A representação gráfica é feita através de portas lógicas. (ROGGIA; FUENTES, 2016, p. 87) A Figura 2.16 mostra um exemplo da linguagem, a qual desempenha a mesma função do exemplo da Figura 2.15. Fonte: Autoria Própria. Figura 2.16 – Lógica de programação em FB. Diagrama de contatos (Ladder): segundo Roggia e Fuentes (2016), [...] é a linguagem de programação mais utilizada em CLPs, sendo semelhante a um esquema elétrico apresentado nesta disciplina. Também é conhecida como diagrama de relés, diagrama escada ou diagrama Ladder. (ROGGIA; FUENTES, 2016, p. 87) , 33 A Figura 2.17 mostra um exemplo da linguagem. Essa linguagem de programação será estudada em detalhes mais adiante. Fonte: Autoria Própria. Figura 2.17 − Lógica de programação em Ladder. 2.5Linguagem de Programação por Programa de Contato (LADDER) Os diagramas de contatos são uma forma de programação de CLPs por meio de símbolos gráficos, conforme já visto, representando contatos e bobinas (MORAES; CASTRUCCI, 2017; ROGGIA, FUENTES, 2016). Os diagramas são compostos por duas linhas verticais e de linhas horizontais, sob as quais são colocadas as instruções a serem executadas (ROGGIA; FUENTES, 2016) [...] O exemplo está na Figura 2.17. Essas instruções podem ser representadas por contatos, bobinas, temporizadores, contadores etc. Cada uma das linhas horizontais são as lógicas de programação que o desenvolvedor está projetando conforme sua necessidade, as entradas são representadas com linhas em paralelas e localizadas na extrema esquerda. Importante recordar que podem existir associações entre as entradas, sendo em paralelo ou em série. As saídas são representadas pela extrema direita da programação, e como simbologia podem ser vistas como parênteses. Essas representações estão indicadas na Tabela 2.4, além disso, são comparadas com as representações dos diagramas elétricos que foram estudados. , 34 Tabela 2.3 − Principais elementos dos diagramas de contatos Elementos Básicos da Simbologia Ladder Tipo Símbolo Diagrama Elétrico Contato Aberto Contato Fechado Saída Fonte: Autoria Própria As ligações são os “fios” de interconexão entre as lógicas em ladder. Podem-se ter ligações na horizontal e na vertical dependendo da lógica (MORAES; CASTRUCCI, 2017; ROGGIA; FUENTES, 2016). Existem diversas funções específicas no momento de utilizar os diagramas de contatos (MORAES; CASTRUCCI, 2017; ROGGIA; FUENTES, 2016; CAPELLI, 2013). Algumas dessas funções são apresentadas a seguir: Função SET: tem o propósito de manter acionada a bobina de saída através de estímulo da entrada, caso esteja na mesma lógica. Função RESET: tem o propósito de desacionar a bobina, acionada pela função SET, desabilitando a energização da saída do CLP. Temporizadores: têm o objetivo de acionar ou desligar uma memória ou uma saída de acordo com um tempo predeterminado: o No temporizador com retardo na energização, por exemplo, uma saída será ligada após ocorrido um tempo determinado; o No temporizador com retardo na desenergização, uma saída será desligada após passado um tempo determinado a partir do acionamento do temporizador. Esses dispositivos são utilizados, por exemplo, em chaves de partida de motores de indução, como a partida estrela-triângulo (ROGGIA; FUENTES, 2016). , 35 Contadores: têm o propósito de contar através do estímulo da bobina, só funcionarão caso haja um pulso. Um contador pode ser crescente ou decrescente, ou ter ambas as funções. Conclusão Este bloco abordou os princípios básicos e necessários do comando elétrico, os seus componentes para o entendimento do dispositivo que irá controlá-los de forma eficiente, como o Controlador Lógico Programável (CLP) devido à sua eficiência e flexibilidade durante o projeto. Foram vistos também a estrutura (hardware) do CLP, a função dos elementos internos e os algoritmos. Com relação ao programa (software) que informa o processo das tarefas a serem executadas, três linguagens de programação foram estudadas, as quais são chamadas de: lista de instruções, diagrama de blocos e diagrama ladder. Por fim, a arquitetura, funções básicas e funções específicas da linguagem de programação ladder mais utilizadas em CLPs foram aprofundadas. REFERÊNCIAS ABNT. Associação Brasileira de Normas e Técnicas. NBR IEC 60947. Dispositivo de manobra e comando de baixa tensão. Rio de Janeiro, set. 1998. ABNT. Associação Brasileira de Normas e Técnicas. NBR 5280. Símbolos literais de identificação de elementos de circuito. Rio de Janeiro, 1983. CAPELLI, A. Automação industrial: controle do movimento e processos contínuos. 3. ed. São Paulo: Érica, 2013. FILHO, J. M. Instalações elétricas industriais. 9. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2018. JUNIOR, G. C. N. Máquinas elétricas: teoria e ensaios. 4. ed. São Paulo: Érica, 2006. MOHAN, N. Máquinas elétricas e acionamentos: curso introdutório. São Paulo: LTC, 2012. , 36 MORAES, C. C.; CASTRUCCI P. L. Engenharia de Automação Industrial. 2. ed. São Paulo: LTC, 2017. NASCIMENTO, G. Comandos elétricos: teoria e atividades. 1. ed. São Paulo: Érica, 2011. ROGGIA, L.; FUENTES, R. C. Automação industrial. Santa Maria – RS: Colégio Técnico Industrial. UFSM, 2016. Disponível em: <http://professor.pucgoias.edu.br/SiteDocente/admin/arquivosUpload/18451/materia l/arte_automacao_industrial.pdf>. Acesso em: nov. 2019. SILVA, M. E. Automação industrial. Fundação Municipal de Ensino de Piracicaba (FUMEP): Piracicaba, 2005. SILVA, M. E. Apostila de comandos elétricos. Fundação Municipal de Ensino de Piracicaba (FUMEP): Piracicaba, 2006. SILVA, M. E. Controlador Lógico programável. Fundação Municipal de Ensino de Piracicaba (FUMEP): Piracicaba, 2006. http://professor.pucgoias.edu.br/SiteDocente/admin/arquivosUpload/18451/material/arte_automacao_industrial.pdf http://professor.pucgoias.edu.br/SiteDocente/admin/arquivosUpload/18451/material/arte_automacao_industrial.pdf , 37 3 O USO DOS SENSORES NOS SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO Apresentação No estudo da automação em sistemas industriais, é necessário definir as condições do sistema e obter os valores das variáveis físicas do ambiente a ser monitorado. Essa é a função dos sensores, conforme Roggia e Fuentes (2016). Os sensores são dispositivos sensíveis a alguma forma de energia do ambiente (energia cinética, sonora, térmica, entre outras), que relaciona informações sobre uma grandeza física que precisa ser medida, como temperatura, pressão, vazão, posição e corrente (MORAES; CASTRUCCI, 2017; ROGGIA; FUENTES, 2016). Um sensor é necessário quando falamos de sistema de controle em malha fechada. Nesse sistema, encontramos o sensor como o dispositivo essencial para verificar se existem erros nas grandezas físicas medidas. De acordo com a natureza do sinal de saída, os sensores podem ser classificados em: sensores digitais (discretos) e sensores analógicos (contínuos) (CAMARGO, 2014): Sensores digitais: são utilizados para monitorar a ocorrência ou não de um determinado evento. Apresentam em sua saída apenas dois estados distintos, como ligado (on) ou desligado (off), ou a presença ou ausência de determinada grandeza elétrica. Sensores analógicos: são utilizados para monitorar uma grandeza física em uma faixa contínua de valores estabelecidos entre os limites mínimo e máximo. Apresentam em sua saída um sinal de tensão, corrente proporcional à grandeza física. 3.1 Principais sensores e a suas simbologias gráficas Neste tópico, serão apresentados diferentes tipos de tecnologias de sensores que comumente são utilizados em aplicações industriais, incluindo princípios de funcionamento e suas simbologias. , 38 3.1.1 Sensores indutivos Os sensores indutivos possuem em seu interior um oscilador composto por uma bobina enrolada em um seminúcleo de ferrite. A bobina gera um campo magnético de alta frequência que se estabelece na região frontal do sensor (zona ativa), conforme pode ser visto na Figura 3.1 (CAMARGO, 2014). Fonte: Autoria Própria. Figura 3.1 – Funcionamento e Simbologia de Sensor Indutivo. Ao se introduzir um condutor elétrico nesse campo, ele retira energia do campo magnético, o que provoca uma diminuição na amplitude do sinal de saída do oscilador. O sinal de saída passa por um comparador (Schmidt Trigger) que compara sua amplitude com níveis preestabelecidos. Se a saída do oscilador estiver abaixo do nível, a saída do sensor é acionada. Caso contrário, a saída é desacionada. A saída do comparador comanda oestágio de saída, que é responsável pela comutação da carga (CAPELLI, 2013). Para exemplificar o funcionamento serão apresentadas, na Figura 3.2, algumas aplicações industriais para esse sensor. , 39 Fonte: adaptado de Moraes e Castrucci (2017). Figura 3.2 − (a) análise de rotação do motor pelos dentes das engrenagens; (b) contagem de rotação; (c) sensor de fim de curso para transporte. 3.1.2 Sensores Capacitivos Segundo Roggia e Fuentes (2016), [...] os sensores capacitivos são dispositivos eletrônicos que detectam proximidade de materiais orgânicos, plásticos, pós, líquidos etc., sem a necessidade de contato. Seu princípio de funcionamento baseia-se na geração de um campo elétrico por um oscilador controlado por capacitor [semelhante à estrutura do sensor indutivo]. O capacitor é formado por duas placas metálicas montadas na face sensora, de forma a projetar o campo elétrico para fora do sensor [conforme pode ser visto na Figura 3.3 (CAMARGO, 2014)]. Quando um material se aproxima do sensor, o dielétrico do meio se altera, alterando a capacitância. Essa alteração aciona o estágio de saída. (ROGGIA; FUENTES, 2016) A capacitância pode ser calculada assim: 𝑪 = 𝜺 × 𝑨 𝒅 Onde: C – Capacitância; 𝜀 – Constante dielétrico; A – Área das placas; d – Distância entre as placas. , 40 Figura 3.3 − Funcionamento do sensor capacitivo. Para ajustar a sensibilidade do sensor capacitivo, manipula-se um parafuso localizado no sensor, conforme indica a Figura 3.4(a). A Figura 3.4(b) mostra a simbologia e a Figura 3.4(c) aplicações de sensores capacitivos (ROGGIA; FUENTES, 2016). Fonte: Autoria Própria. Figura 3.4 − (a) ajuste de sensibilidade; (b) simbologia; e (c) detecção de nível e objetos. 3.1.3 Sensores Magnéticos Os sensores magnéticos podem ser ativados pela proximidade de um campo magnético produzido por um ímã, conforme explicam Roggia e Fuentes (2016), e são constituídos de dois contatos elétricos (formando o contato normalmente aberto) dentro de uma ampola de vidro com gás inerte e esses contatos se fecham mediante a presença de um campo magnético apresentando uma corrente de comutação de até , 41 500 mA (vide a Figura 3.5), podendo, assim, atuar diretamente em cargas maiores. São economicamente mais viáveis que os eletrônicos (MORAES; CASTRUCCI, 2017). Fonte: Autoria Própria. Figura 3.5 − (a) Funcionamento; (b) Estrutura real; (c) Simbologia. Os chamados sensores eletrônicos são compostos por um CI (circuito integrado), conforme a Figura 3.6(a), que possui internamente quatro sensores magneto-resistivos que alteram os seus valores de resistência quando expostos a campos magnéticos, como pode ser visto na Figura 3.6(b). O circuito eletrônico identifica a variação desses sensores, e quando eles atingem o ponto de comutação, isso faz com que a saída seja acionada. Fonte: Autoria Própria. Figura 3.6 − (a) Estrutura Real; (b) 4 Sensores Magneto-Resistivos. , 42 A Figura 3.7 mostra a comparação entre as tecnologias utilizadas para o acionamento do contato, sendo eletrônico ou seco (reed switch), assim facilitando o entendimento. Devido à viabilidade econômica, o tipo reed switch é mais comumente utilizado. Fonte: Autoria Própria. Figura 3.7 – Comparação das tecnologias. Os modelos de sensores reed switch são geralmente utilizados como finais de cursos de atuadores pneumáticos devido ao êmbolo ser magnético, como pode ser visto na Figura 3.8. , 43 Fonte: Autoria Própria. Figura 3.8 − Aplicações do sensor magnético. 3.1.4 Sensores Ópticos Esses sensores manipulam a luz para detectar a presença de um material acionador. Os sensores possuem um emissor e um receptor de luz infravermelha, invisível ao olho humano (MORAES; CASTRUCCI, 2017; ROGGIA; FUENTES, 2016; CAMARGO, 2014; CAPELLI, 2013; NATALE, 2008). O emissor envia um feixe de luz através de um diodo emissor de luz e o receptor, composto por um fotodiodo ou fototransistor, e é capaz de detectar o feixe emitido. Observe um exemplo na Figura 3.9: , 44 Fonte: Autoria Própria. Figura 3.9 − Funcionamento do Fototransistor. Os sensores ópticos são divididos em retrorreflexivo, por reflexão difusa e barreira. Será explicada cada tecnologia a seguir: Sensor de retrorreflexão (Retro-Reflective Sensors): segundo Roggia e Fuentes (2016, p. 26), o corpo desse sensor também é dotado do elemento emissor e receptor, Figura 3.10. O emissor envia o feixe de luz que é refletido em refletor e retorna ao receptor. Quando o objeto intercepta esse feixe, o sensor comuta. A distância máxima é de até 2.000 mm (2m). O tamanho do refletor está diretamente relacionado com a distância de detecção. Fonte: Autoria Própria. Figura 3.10 − (a) Funcionamento; (b) Aplicações; (c) Simbologia. , 45 Sensor por reflexão difusa (Diffuse Sensor): segundo Roggia e Fuentes (2016, p. 26), o corpo desse sensor é dotado do elemento emissor e receptor. O emissor emite um feixe de luz infravermelho modulado, Figura 3.11. O objeto detectado reflete uma parte do feixe, ativando o receptor, e assim, comutando a saída. A distância máxima é de 600 mm (0,6 m). A distância de detecção está diretamente relacionada com o tipo de superfície do objeto detectado. Pode-se encontrar na tecnologia com fibra óptica. Fonte: Autoria Própria. Figura 3.11 − (a) Funcionamento; (b) Aplicações; (c) Simbologia. Sensor de barreira (Through Beam Sensors): segundo Roggia e Fuentes (2016, p. 27), o emissor e o receptor são duas peças distintas. O emissor envia o feixe de luz ao receptor, e quando interrompido, o sensor comuta (Figura 3.12). Para se obter a detecção perfeita, o objeto deve ser mais largo que o feixe de luz. A distância máxima é de 6.000 mm (6 m). Como o sensor de reflexão difusa, esse sensor é encontrada na tecnologia de fibra óptica. , 46 Fonte: Autoria Própria. Figura 3.12 − (a) Funcionamento; (b) Aplicações; (c) Simbologia. 3.2 Sensores de Pressão Nestes sensores, a armadura móvel, ao sofrer uma variação de pressão, altera o valor da capacitância, a qual está associada à distância física entre o diafragma e a parte fixa. Isso pode ser medido através de um circuito eletrônico, o qual gera um sinal proporcional à pressão aplicada (ROGGIA; FUENTES, 2016). Estes sensores são para analisar a pressurização do sistema ou do dispositivo que gostaria de movimentar, e assim controlar posicionamento e força aplicada nos sistemas. A Figura 3.13(a) mostra os detalhes construtivos de um sensor de pressão capacitivo. Na Figura 3.13(b), mostra-se o detalhe de um diafragma sensor, que é composto por um eletrodo fixo (2), disposto entre uma camada fina e flexível de material dielétrico acima (1) e uma camada rígida de material dielétrico abaixo (3). O eletrodo possui em sua superfície cavidades uniformes (4), cuja função é fazer com que a camada flexível se deforme para seu interior quando submetida a uma determinada pressão. , 47 Fonte: Autoria Própria. Figura 3.13 − (a) Estrutura; (b) Funcionamento e (c) Simbologia. Segundo Thomazini e De Albuquerque (2011), o tubo de Bourdon consiste em traduzir a pressão do fluido em um deslocamento a fim de fornecer um sinal elétrico proporcional à pressão. O tubo de Bourdon, conforme a Figura 3.14, é formado por um tubo metálico de seção transversal elíptica, tendo uma de suas extremidades em contato com a fonte medida. Existe também o sensor secundário para a conversão de unidades como o sensor do tipo transformador diferencial (LVDT) para verificar a posição e, assim, verificar sua corrente ou tensão. É importante lembrar que esse sensor é conhecido como manômetro. Dependendo do modelo, é utilizada glicerina para evitartrepidações. , 48 Fonte: Autoria Própria. Figura 3.14 − Sensor de pressão com tubo de Bourdon em forma de “C” e LVDT. Na Figura 3.15, estão expostas aplicações e locais em que são utilizados os sensores de pressão em sistemas de automação industrial. Conforme explicado anteriormente, os sistemas são verificados através dos displays, assim categorizando se o sistema está com a pressão acima ou abaixo do nominal. A figura abaixo ilustra a coloração e localização adequada. , 49 Fonte: Autoria Própria. Figura 3.15 − Aplicações dos sensores de pressão. 3.3 Sensores de Vazão Os sensores de fluxo funcionam de acordo com o princípio de medição de fluxo térmico. Internamente, possuem resistores de lâmina de platina dispostos em paralelo no sentido do escoamento do fluxo, conforme a Figura 3.16. , 50 Fonte: Autoria Própria. Figura 3.16 − Funcionamento do medidor de vazão/ fluxo. Na Figura 3.16, o resistor aquecido 3 é cercado pelo fluido, e dessa maneira, arrefecido. Um controlador 5 garante que essa temperatura seja mantida constante. O resistor 2 funciona como referência para se determinar a temperatura do fluido. Conforme a velocidade do fluxo aumenta, a corrente 4 também aumenta, elevando a temperatura do resistor. Existe outro modelo de sensor conhecido como rotâmetro, conforme Figura 3.17. Ele é constituído de uma seção de tubo colocado verticalmente na tubulação, e de um corpo flutuador (boia), também chamado de peão, que se move verticalmente no tubo cônico. O flutuador pode ter o perfil de vários modos e tem um diâmetro um pouco menor que o diâmetro mínimo do tubo. No corpo do transdutor, pode-se encontrar o visor com a unidade litro por minuto (lpm) ou galão por minuto (gpm). (THOMAZINI; DE ALBUQUERQUE, 2011) , 51 Fonte: Thomazini e De Albuquerque (2011). Figura 3.17 – Rotâmetro. A diferença de temperatura entre os dois resistores resulta no valor de vazão do fluido. Na Figura 3.18, pode ser vista a aplicação do sensor no ambiente industrial. Fonte: Autoria Própria. Figura 3.18 − Aplicações de sensores de vazão. , 52 As indicações acima são os pontos onde o fluido passará, assim objetivando na unidade desejada pelo projetista facilitar a visualização do fluxo do sistema. Nesses dispositivos, há botões que podem configurar, semelhante ao sensor de pressão, o valor nominal de vazão. Além disso, há os valores na unidade desejada, conforme o Sistema Internacional de Unidades (S.I.). 3.4 Sensores Resistivos ou Potenciométricos O sensor de deslocamento linear ou angular pode ser determinado através da variação da resistência de um potenciômetro, como afirmam Roggia e Fuentes (2016), conforme a configuração de sensor mostrado nas Figuras 3.19(a) e 3.19(b). A Figura 3.19(b) mostra o símbolo representativo dos potenciômetros apresentados. Figura 3.19 − Sensores potenciométricos linear (a) e angular (b). Existem aplicações e modelos como o tacogerador e transdutor estroboscópico. Conforme Moraes e Castrucci(2017), a velocidade angular pode ser medida usando-se lâmpadas estroboscópicas; assim, elas piscam a uma frequência ajustável constante. Um exemplo de sensores para verificar a rotação via tacogeradores pode ser encontrado na Figura 3.20. , 53 Fonte: Moraes e Castrucci (2017). Figura 3.20 − Funcionamento do potenciômetro síncrono (tacogerador). O funcionamento é baseado na rotação do motor, onde o transdutor é conectado no eixo do motor, possibilitando a visualização da unidade de medida dada em rotação por minuto (rpm). 3.5 Sensores de Temperatura Os termopares se baseiam na propriedade de que dois metais diferentes unidos em uma junção, chamada de junta quente ou de medição (JM), geram uma força eletromotriz (tensão) de alguns milivolts na outra extremidade, chamada de junta fria ou de referência (JR), quando submetida a uma temperatura diferente da primeira junção (ROGGIA; FUENTES, 2016), como mostrado na Figura 3.21. , 54 Figura 3.21 − Princípio de funcionamento do termopar. A Tabela 3.5 apresenta os modelos e suas principais características funcionais para determinar as diferenças entre elas e adequação que é necessária ao sistema. Tabela 3.5 − Tipos de sensores e suas características. Fonte: Autoria Própria. , 55 Existem combinações de metais para obter termopares com características distintas, conforme visto na tabela anterior. Cada tipo de termopar corresponde a uma aplicação que envolve o ambiente e a faixa de temperatura em que será utilizado. A Figura 3.22 mostra curvas da relação entre força eletromotriz (FEM) e temperatura, com a junta de referência do termopar mantida a 0 ⁰C. Fonte: Roggia e Fuentes (2016). Figura 3.22 – Tensão (Força Eletromotriz) x Temperatura. Conclusão Neste bloco, foram apresentados diversos modelos de sensores, por exemplo, sensores indutivos, capacitivos, magnéticos, ópticos, ultrassônicos e potenciométricos. Foram estudados seus princípios de funcionamento e suas simbologias. É de grande importância o conhecimento das particularidades de cada sensor, bem como os tipos de materiais de que são feitos e o que conseguem detectar para que o engenheiro ou o projetista não tenham dúvidas na hora da escolha. Por fim, sensores são empregados para medição de grandezas como pressão, temperatura, nível e vazão. REFERÊNCIAS CAMARGO, V. L. A. Elementos de automação. São Paulo: Érica, 2014. , 56 CAPELLI, A. Automação industrial: controle do movimento e processos contínuos. 3. ed. São Paulo: Érica, 2013. MORAES, C. C.; CASTRUCCI P. L. Engenharia de automação industrial. 2. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2017. NATALE, F. Automação industrial. 10. ed. São Paulo: Érica, 2008. ROGGIA, L.; FUENTES, R. C. Automação industrial. Santa Maria – RS: Colégio Técnico Industrial. UFSM, 2016. Disponível em: <http://professor.pucgoias.edu.br/SiteDocente/admin/arquivosUpload/18451/materia l/arte_automacao_industrial.pdf>. Acesso em: nov. 2019. THOMAZINI, D.; DE ALBUQUERQUE, P. U. B. Sensores industriais: fundamentos e aplicações. 8. ed. rev. e atual. São Paulo: Érica, 2011. http://professor.pucgoias.edu.br/SiteDocente/admin/arquivosUpload/18451/material/arte_automacao_industrial.pdf http://professor.pucgoias.edu.br/SiteDocente/admin/arquivosUpload/18451/material/arte_automacao_industrial.pdf , 57 4 SISTEMAS SUPERVISÓRIOS Apresentação Neste bloco, você aprenderá sobre a tecnologia de supervisão em sistemas de automação industrial. As tecnologias a serem implementadas exigem o conhecimento da planta e dos dispositivos que estão conectados ao controlador, assim possibilitando a construção do desenho que será utilizado na interface entre o usuário (operador) e a máquina, conhecida também como IHM (Interface Homem-Máquina). Além disso, você conhecerá as principais ferramentas e terá noções para desenvolver um projeto. 4.1 Visão geral do sistema supervisório na indústria Nos processos industriais, de forma geral, existe a necessidade de centralizar as informações [...] Um sistema de supervisão é responsável pela verificação das variáveis de controle do sistema, com o principal objetivo de fornecer suporte ao operador para controlar ou monitorar um processo automatizado mais rapidamente, permitindo a leitura das variáveis em tempo real e o gerenciamento do processo. O sistema de supervisão, também conhecido como SCADA (Supervisory Control and Data Acquisition), coleta dados do processo através de determinados dispositivos industriais, principalmente controladores lógicos programáveis (CLP), [...] e os apresenta ao operador de várias maneiras. Os dados são capturados tanto em locais próximos, quanto locais distantes geograficamente(ROGGIA; FUENTES, 2016, p. 59). Com a evolução da tecnologia, aos computadores foi atribuído o papel de gestão na aquisição e tratamento de dados, permitindo sua visualização em um monitor e a geração de funções de controle complexas, cobrindo um mercado cada vez mais amplo (ROGGIA; FUENTES, 2016). As telas de visão geral de processo apresentam ao operador uma visão ampla de um processo ou planta. Nessas telas, são apresentados os dados mais significativos à operação, bem como os objetos que representam o processo, por exemplo, sensores e atuadores. Esses dados devem resumir os principais parâmetros a serem monitorados , 58 (e/ou controlados). A Figura 4.1 mostra um exemplo de tela de visão geral (ROGGIA; FUENTES, 2016). Figura 4.1 − Exemplo de tela de um supervisório. Como afirmam Roggia e Fuentes (2016, p. 60), as principais características que um sistema de supervisão deve possuir são: Interface amigável para o operador, ou seja, assegurar facilidade de visualização gráfica e de operação do sistema [...]; Automatização da geração de relatórios, com o controle estatístico do sistema. Esses relatórios podem ser impressos, salvos em arquivos ou enviados por e-mail; Histórico de tendências para acompanhamento das variáveis controladas em forma de gráficos ou tabelas; Facilidade para interação com outros softwares; Acesso a banco de dados; Acesso de forma compartilhada e remota; Conexão entre redes e/ou por meio de modem ou hub; Gerenciamento das condições de alarme, que são mensagens de sistema definidas pelo usuário ou desenvolvedor para alertar o operador sobre alguma situação específica. (ROGGIA; FUENTES, 2016, p. 60) Na indústria, atualmente, os sistemas de supervisão estão se tornando cada vez mais complexos. , 59 É importante garantir que as informações de um processo estejam seguras e disponíveis quando necessário, independentemente de sua localização. Assim, é fundamental desenvolver mecanismos de acessibilidade, segurança e tolerância a falhas para gerenciar de forma mais segura o sistema de supervisão. (ROGGIA; FUENTES, 2016, p. 61) Isso evita o mal uso de operadores, que necessitariam de treinamentos e orientações sobre o processo. 4.2 Elementos de sistema supervisório Os sistemas de supervisão são configuráveis, destinados para controlar, fazer aquisição de dados dos sensores e a própria supervisão. Devido à facilidade e o custo são populares nas indústrias. O hardware pode ser um simples computador, assim facilitando e otimizando os custos com os dispositivos (NATALE, 2008). No caso do chão fabril, ele necessita de velocidade no processamento dos dados e dos sinais que são recebidos; para isso, é preciso dispositivos e sistemas dedicados que serão apresentados mais adiante. Para um breve conhecimento, os elementos são SCADA, IHM, CLPs, sensores e atuadores. O funcionamento adequado, mesmo em um computador, deve utilizar software para o desenvolvimento da interface dos supervisórios e realização do controle. Um exemplo de arquitetura completa do supervisório é encontrado na Figura 4.2. Figura 4.2 − Exemplo de aplicação SCADA. , 60 Na maioria dos processos industriais, inclusive nos processos de supervisão existentes, há dois tipos básicos de variáveis: Digitais: quando as variáveis são interpretadas por apenas dois estados discretos, ou seja, ligado ou desligado. Exemplo: motor acionado ou não; lâmpada acesa ou apagada; motor em falha ou em funcionamento etc. Analógicas: quando as variáveis atingem uma determinada faixa estabelecida. Exemplo: fluxo de ar em uma tubulação pneumática; temperatura do forno; corrente do motor. Por outro lado, os sistemas supervisórios podem ser considerados pela complexidade, robustez e número de entradas e saídas que serão monitoradas. 4.3 IHM (Interface Homem-Máquina) / HMI (Human-Machine Interface) Conforme dito anteriormente, são comumente utilizados em automação no chão de fábrica. Uma característica desse ambiente é a agressividade devido a construções robustas, resistentes à umidade, temperatura e poeiras. Esses atributos são de acordo com o IP (grau de proteção). Algumas IHMs modernas têm incorporadas quantidades maiores de entradas e saídas. Além disso, têm processadores que podem controlar localmente algum processo com alta prioridade(CAMARGO, 2014). Clique no link para visualizar alguns modelos de IHMs.<https://new.siemens.com/br/pt/produtos/automacao/simatic- hmi/paineis/paineis-basicos.html> A localização desse dispositivo está próxima às máquinas ou no setor de gerenciamento e supervisão. É importante lembrar que a principal função é traduzir os sinais vindos dos controladores, CLPs ou DAQ (Data Acquisition), para sinais gráficos que sejam transparentes para o operador. A Figura 4.3 mostra o IHM de um CNC (Comando Numérico Computadorizado). https://new.siemens.com/br/pt/produtos/automacao/simatic-hmi/paineis/paineis-basicos.html https://new.siemens.com/br/pt/produtos/automacao/simatic-hmi/paineis/paineis-basicos.html https://new.siemens.com/br/pt/produtos/automacao/simatic-hmi/paineis/paineis-basicos.html , 61 Figura 4.3 − IHM do CNC. Com o CNC, se consegue automatizar fresadoras, tornos, retíficas, centros de usinagem, ou seja, qualquer máquina em que se necessita da alternação dos eixos. Nas máquinas automatizadas com o emprego de CNC, é fundamental o uso de IHMs dedicadas, pois há uma necessidade real de que o operador interaja diretamente nas máquinas nas situações seguintes: Referenciamento dos eixos que serão trabalhados; Adaptação de ferramentas; Programação da peça a ser usinada; Verificação da execução do programa enquanto a máquina está usinando; Parametrização dos servomotores acionados; Ajuste das velocidades de avanço das ferramentas na peça usinada; Atenção aos alarmes. Uma IHM é um hardware industrial composto por uma tela de cristal líquido e um conjunto de teclas para navegação ou integração de dados que necessita de um software proprietário para sua programação. Há inúmeras utilizações e aplicações em uma IHM (MORAES; CASTRUCCI, 2017): , 62 Visualização de alarmes apresentados por alguma condição inadequada do sistema; Visualização de dados dos dispositivos de uma linha de produção; Visualização de dados durante o processo da máquina; Alteração de parâmetros em tempo real do processo; Operação no modo manual de componentes; Modificações de configurações dos equipamentos. 4.4 SCADA O sistema denominado SCADA (Aquisição de Dados e Controle do Supervisório, do inglês Supervisory Control And Data Acquisition) foi construído, como o próprio nome diz, para o controle e supervisão de uma quantidade elevada de variáveis, sendo elas de entradas ou saídas (MORAES; CASTRUCCI, 2017). Hoje pode interpretar o sistema na indústria formado por IHM, CLP e Redes Industriais, que será abordado com mais detalhes mais adiante. Por fim, o conjunto estabelece a arquitetura do sistema SCADA. Um exemplo de aplicação pode ser encontrado em setores mais robustos, como o automobilístico, visto na Figura 4.4. Figura 4.4 − Aplicação no setor automobilístico. O principal motivo dessa arquitetura era substituir os sistemas chamados de SDCD (Sistemas Digitais de Controle Distribuído), devido ao custo ser elevado nesses , 63 ambientes. Hoje o SCADA tomou proporções elevadas nas indústrias, se popularizando. Além de a interface ser amigável para os operadores e supervisores, um benefício real gerado por essa estrutura é o fato de a IHM ser independente dos demais dispositivos (MORAES, 2017). Dependendo do modelo, pode se ter o controlador integrado, conforme foi dito anteriormente. Esse sistema utiliza doismodelos de comunicação: Comunicação por polling (Mestre/ Escravo): esta comunicação tem controle absoluto de todos os dispositivos, efetuando continuamente a leitura de dados. Existe uma limitação física do número de componentes conectados a cada CLP. É usual no ambiente industrial; Comunicação por interrupção (Produtor/ Consumidor): neste modelo, a estação é remota e monitora os valores de entradas e saídas quando necessária ou é gerada alguma interrupção, assim comunicando a estação central; Comunicação via internet: esta comunicação é a mais atual devido à indústria 4.0. O recurso de comunicação é a própria internet, facilitando os usuários a verificar a situação em tempo real, ou seja, em qualquer lugar. 4.5 Ferramentas e principais softwares Para construir ou desenvolver uma tela, são necessárias algumas etapas: Entendimento do processo; Variáveis de entradas e saídas que serão supervisionadas; Base de dados para não ultrapassar o processamento dos dados; Alarmes; Planejamento da navegação entre as telas; Design das telas; Gráficos; Segurança nos acessos; Padrão industrial. Após determinado o fluxo do desenvolvimento, é interessante entender a plataforma de desenvolvimento que será utilizada para o projeto. Nesta seção, serão , 64 apresentadas algumas das empresas que são pioneiras no ramo, como Siemens, Mitsubishi, Rockwell, entre outros: Factorytalk View SE (Empresa Rockwell): ambiente de desenvolvimento e integração de sistemas desenvolvido pela empresa de automação Rockwell. Visualize no link.< https://i.ytimg.com/vi/zVetrQRrNs0/maxresdefault.jpg> Tia Portal (Empresa Siemens): semelhante ao sistema da empresa Rockwell, a Siemens apresenta o Tia Portal para o desenvolvimento da interface SCADA com a integração dos sistemas de forma amigável, conforme a imagem do link < https://a2esystems.com/images/industrial-software/siemens-winCC.jpg> SCADABR: interface de desenvolvimento aberto (Open Source), importante para verificar a compatibilidade. Este sistema é interessante, pois pode ser utilizado com OPEN PLC e Arduino. A interface pode ser vista no link.< https://automacoes.files.wordpress.com/2011/09/5ac6a-figura1.png?w=513> Conclusão O tema deste bloco foi apresentar o sistema supervisório. Foram apresentadas tecnologias, arquiteturas e interfaces para o desenvolvimento desse sistema, lembrando que existem elementos essenciais para que funcione adequadamente. São de grande importância os modelos de IHM e SCADA que serão utilizados para cada aplicação, além da comunicação por polling, por interrupção e por internet. Portanto, o estudo da estrutura e dos elementos é relevante para desenvolver e aplicar na interfaces de desenvolvimento apresentadas, como a Factory Talk, Tia Portal e SCADABR. REFERÊNCIAS CAMARGO, V. L. A. Elementos de automação. 1. ed. São Paulo: Érica, 2014. MORAES, C. C.; CASTRUCCI P. L. Engenharia de automação industrial. 2. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2017. https://i.ytimg.com/vi/zVetrQRrNs0/maxresdefault.jpg https://i.ytimg.com/vi/zVetrQRrNs0/maxresdefault.jpg https://a2esystems.com/images/industrial-software/siemens-winCC.jpg https://a2esystems.com/images/industrial-software/siemens-winCC.jpg https://automacoes.files.wordpress.com/2011/09/5ac6a-figura1.png?w=513 https://automacoes.files.wordpress.com/2011/09/5ac6a-figura1.png?w=513 , 65 NATALE, F. Automação industrial. 10. ed. São Paulo: Érica, 2008. ROGGIA, L.; FUENTES, R. C. Automação industrial. Santa Maria – RS: Colégio Técnico Industrial. UFSM, 2016. Disponível em: <http://professor.pucgoias.edu.br/SiteDocente/admin/arquivosUpload/18451/materia l/arte_automacao_industrial.pdf>. Acesso em: nov. 2019. http://professor.pucgoias.edu.br/SiteDocente/admin/arquivosUpload/18451/material/arte_automacao_industrial.pdf http://professor.pucgoias.edu.br/SiteDocente/admin/arquivosUpload/18451/material/arte_automacao_industrial.pdf , 66 5 REDES INDUSTRIAIS Apresentação Neste bloco, serão apresentados para você os sistemas de redes industriais. Devido ao avanço tecnológico e a revolução industrial, essa tecnologia facilitou a comunicação entre as máquinas e os dispositivos encontrados no chão de fábrica. Possibilitou a diminuição de cabos, facilidade na manutenção, flexibilidade na configuração da rede e, consequentemente, diagnóstico rápido dos dispositivos. Também serão apresentadas as principais tecnologias encontradas no ambiente fabril. 5.1 O princípio das redes industriais na automação As redes digitais e os sistemas abertos permitem que se adquiram informações dos mais diversos tipos e finalidades de uma planta industrial, sendo interoperáveis. Com a tecnologia Fieldbus (Foundation Fieldbus, Profibus, Profinet, HART, DeviceNet, Asi etc.) pode-se transformar bits e bytes e obter também ganhos qualitativos do sistema. Não basta apenas pensar em barramento de campo, deve-se atentar aos benefícios gerais que o sistema de automação e controle possa proporcionar (NATALE, 2008). A flexibilidade e a capacidade de expansão da arquitetura do sistema aberto e digital é capaz de reconfigurações e expansões para atender a novas adaptações de processo sem altos reinvestimentos. Tecnologias modernas possibilitam respostas rápidas às alterações nas circunstâncias do mercado (MORAES; CASTRUCCI, 2017). A vantagem que se encontra nas redes industriais é a organização dos cabeamentos dos dispositivos, facilitando as identificações dos dispositivos conectados ao processo. A Figura 5.1 mostra o motivo de terem desenvolvido essa tecnologia. , 67 Figura 5.1 − Exemplo de rede mal dimensionada. A Figura 5.2 é um exemplo de projeto de redes industriais com os cabeamentos entre os dispositivos e os modelos que são adequados à rede. Figura 5.2 − Exemplo de projeto de rede industrial. Na área de automação industrial, há uma hierarquia bem estruturada, que pode ser dividida em cinco níveis. Na Figura 5.3, esses níveis estão apresentados:de um lado, as suas funções;de outro, modelos de redes que fazem a comunicação entre os níveis. , 68 Fonte: adaptado de Moraes e Castrucci (2017). Figura 5.3 − Pirâmide da Automação. , 69 Na pirâmide, cada protocolo está ligado ao nível em que é utilizado. Pode-se observar que a Ethernet vem crescendo sua aplicação em todos os níveis da automação. 5.2 Topologia da rede A topologia de rede é o modelo para que os instrumentos e as máquinas se comuniquem e façam a troca de dados, conforme a necessidade do processo. As conexões são representadas pelo layout e os meios físicos dos dispositivos, chamados de nós. O importante é lembrar que existem duas categorias de topologias (MORAES; CASTRUCCI, 2017; NATALE, 2008): Topologia Física: seria o modelo físico ou o cabo que faz a troca de dados entre os dispositivos compatíveis ao protocolo selecionado pelo desenvolvedor ou projetista; Topologia Lógica: refere-se à maneira como os sinais agem sobre os meios de rede, ou a maneira como os dados são transmitidos. São, normalmente, especificados pelo método e protocolos. Os dispositivos comuns para esse controle são os roteadores e switches. Outra característica da rede são as topologias básicas, conforme a Figura 5.4. Figura 5.4 − Topologia básica de rede. , 70 Como pode ser visto na Figura 5.4, existem as seguintes topologias: Peer-to-Peer (Ponto a Ponto) ou Linear: são conexões diretas, sem a necessidade de um servidor ou um roteador para comunicação entre dispositivos. Na indústria, é comum para diagnósticos de falhas ou desenvolvimento de novos códigos/ algoritmos; Barramento (Bus): os dispositivos são conectados por um barramento físico de dados. Essa estrutura exige os terminadores
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