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ITU na Criança • O diagnóstico precoce da ITU na infância é essencial, uma vez que ajuda a prevenir e minimizar a formação e progressão da cicatriz renal, principalmente no neonato e lactente, mais suscetíveis à formação de cicatrizes que, como consequência, numa fase tardia poderão levar à hipertensão e/ ou insuficiência renal crônica. • Prevalência no sexo masculino é maior durante os 3 meses (até os 6 – SBP -2016) de vida e diminuem. • Prevalência no sexo feminino são mais altas nos primeiros 12 meses • O aumento da incidência ocorre entre três e cinco anos de idade, havendo outro pico na adolescência, muito provavelmente devido às alterações hormonais (que favorecem a colonização bacteriana) e, em alguns casos, início precoce de atividade sexual. Etiologia • O períneo e a zona uretral de neonatos e lactentes estão colonizados por: Escherichia coli, Enterobacteriaceae e Enterococus sp além de que o prepúcio de meninos não circuncidados é um reservatório para várias espécies de Proteus. • E.coli é responsável por 80-90% dos episódios agudos de pielonefrite adquirida na comunidade. • Bactérias menos comuns: Proteus mirabilis, Klebsiella sp. e Staphylococcussaprophyticus Apresentação Clínica • Os sinais e sintomas na criança dependem principalmente da idade do paciente. • Crianças menores apresentam sinais e sintomas mais inespecíficos. - Febre é o sintoma mais frequente no lactente. - Irritabilidade, recusa alimentar, icterícia, distensão abdominal e baixo ganho ponderal também podem estar presentes. • Após os 2 anos de idade aparecem sintomas mais relacionados ao TU inferior tais como: disúria, polaciúria, urge- incontinência, enurese (em crianças que já apresentavam controle esfincteriano prévio) e tenesmo, quadros clínicos típicos de cistite, mas que podem evoluir para pielonefrite. → Exame físico: • Pode ser inespecífico • Massa abdominal pode ser palpada devido a rim aumentado • Crianças mais velhas: palpação do flanco ou abdômen pode ser dolorosa • Bexiga palpável a palpação suprapúbica • Exame da genital externa e períneo: pode revelar a possível origem de sintomas como balanite, úlcera do meato ou vulvovaginite. • Região sacral: avaliar em todas as crianças. Pesquisa de sulcos, depressões (pits)ou uma almofada de gordura sacral, porque a presença desses sinais está associada à bexiga neurogênica. Diagnóstico • Condições a considerar para a investigação de infecção do trato urinário em crianças: - Qualquer criança ou adolescente com sintomas urinários; - Em qualquer criança, especialmente bebês, com febre inexplicada; - Em qualquer RN com sinais ou sintomas de bacteremia; - Em qualquer RN com bilirrubina sérica conjugada elevada - Em qualquer criança com atraso de crescimento. → Coleta de Urina • Principais métodos de coleta de urina incluem ‘‘clean catch’’, saco coletor, cateterização da bexiga e puncão suprapúbica (PSP) - Clean catch: recipiente estéril para a criança urinar dentro. Principalmente, para crianças treinadas a usarem o banheiro. Coletar urina de jato médio após assepsia prévia. - Saco coletor estéril: saco coletor estéril acoplado à genitália limpa. Alta taxa de falsos-positivos pela contaminação pela flora periuretral. - *Cateterização da bexiga: é uma opção a PSP. A urina terá sensibilidade de 95% e especificidade de 99% em comparação a PSP. - *Punção suprapúbica: mais sensível para obter amostra não contaminada. Qualquer contagem de colônias é considerada uma bacteriúria significativa. É recomendado para meninos com fimose grave, meninas com aderências labiais acentuadas, em caso de infecção genital externa ou presença de anormalidades do complexo genital. ÚNICO QUE A URINA NÃO PASSA PELA URETRA. • A escolha para não treinados a ir ao banheiro: cateterização da bexiga; sondagem vesical. → Cultura: • PADRÃO OURO PARA DIAGNÓSTICO DE ITU. • 100.000 unidades formadoras de colônia por ml é considerado o ponto de corte. • Punção suprapúbica: Qualquer contagem de colônias é considerada uma bacteriúria significativa, considerada ITU • Amostras colhidas por cateterização de bexiga: > 10.000 UFC/ML • Amostras por clean catch para crianças com controle esfincteriano: > 100.000 ufc/ml • Na criança que já apresenta controle esfincteriano deve-se coletar urina de jato médio, após assepsia prévia, sendo considerada positiva a contagem bacteriana maior ou igual a 100.000ufc/ml ou mais de 50.000ufc/ml associada com a análise de urina demonstrando evidência de piúria. • O EAS não substitui a urocultura no diagnóstico de ITU, mas pode apresentar alterações que permitem iniciar precocemente o tratamento. → Exames de Imagem • Maioria das crianças é submetida a um ou mais estudos de imagem após a primeira ITU com o objetivo de identificar anormalidades, que aumentam o risco de ITU recorrente ou danos renais. • Ultrassonografia renal (USR) – primeira linha para malformações do trato urinário • Uretrocistografia miccional (UCM) • Exame com ácido dimercaptosuccínico (DMSA) – sensível para lesão aguda do parênquima, mas não diferencia de após ITU ou congênita. - Há ainda debates para estabelecer um protocolo de imagem para a abordagem de ITU na infância. • Há algumas diretrizes internacionais : Nenhuma recomenda exames de rotina de UCM ou DMSA, mas recomendam avaliação adicional se o ultrassom for anormal, se a criança estiver gravemente doente e não responder prontamente aos antibióticos e no caso de infecções recorrentes. • Debates são feitos devido a UCM ser muito invasiva e UCM e DMSA estarem relacionados com radiação significativa. OBS: é aconselhável uma USR abrangente por um radiologista treinado para todas as crianças que tiveram um episódio confirmado de ITU febril (SBP-2020) Tratamento • Os objetivos do manejo de crianças com ITU são: - Resolução dos sintomas agudos da infecção; - Reconhecimento imediato de bacteremia concomitante, principalmente em bebês com menos de 2 meses; - Prevenção de danos renais por erradicação do patógeno bacteriano, identificação de anormalidades do trato urinário e prevenção de infecções recorrentes. • O manejo clínico das ITUs em crianças deve ser adaptado de acordo com a idade do paciente, gravidade da apresentação e local da infecção (cistite X pielonefrite). • O tratamento inicial com antibióticos é empírico observando-se a idade e o estado geral do paciente. Sempre deve-se pedir urocultura, mas já se inicia o tratamento antes do resultado. • O tratamento nunca deve ser inferior a 7 dias, e preferencialmente por 10 dias contínuos (exceto nos casos em que o tratamento for parenteral). → Tratamento Parenteral • O tratamento parenteral deve ser reservado aos lactentes muito jovens e àqueles com acometimento do estado geral e com vômitos. → Tratamento Oral • < 3 meses: Antibioticoterapia intravenosa, inicialmente, pelo risco de urosepse e possibilidade de anomalia estrutural do trato urinário. - Cultura de sangue e líquor: negativas; sinais sistêmicos resolvidos; bebê afebril; -> COMPLETAR COM TERAPIA ORAL POR 7 A 14 DIAS. • > 3 meses com suspeita de pielonefrite (ITU febril): Antibioticoterapia oral para primeira ITU febril; 7 a 10 dias - Se incapaz de ingerir, optar por antibiótico intravenoso. - A escolha inicial da terapia antibacteriana é preferencialmente baseada no conhecimento dos uropatógenos predominantes na faixa etária do paciente, nos padrões de sensibilidade antibacteriana na área da prática, no estado clínico do paciente e na oportunidade para o seguimento do paciente de perto. OBS: Crianças com sintomas de disfunção das eliminações como incontinência, retenção urinária, constipação, fissura anal, etc. devem receber orientações quanto ao hábito urinário adequado (urinar ao acordar, urinar a cada três horas, urinar com pés apoiados), importância da ingesta hídrica e correção da obstipação. Profilaxia • Crianças com ITU de repetição com trato urinário normal e disfunção miccional com grau de refluxo maior ou igual ao de 3o grau, ou que já apresentam cicatriz renal, são candidatas à quimioprofilaxia, por período de 3 a 6 meses, até queestas disfunções sejam corrigidas. • Pacientes com processos obstrutivos devem ser colocados em profilaxia até que uma conduta para correção cirúrgica seja adotada. - Nitrofurantoína 1-2mg/kg/dia (ñ usar em menor de 2m); - Sultametoxazol-Trimetoprim 20mg/kg/dia; - Cefalexina 20-30mg/kg/dia (1a escolha para neonatos e menores de 2 meses). Graus de refluxo vésico-ureteral: • Crianças menores de 1 ano de idade; atraso no tratamento maior que 72hs; crianças com altos graus de refluxo; malformações com caráter obstrutivo e ITU recorrentes estão mais propensas à formação de cicatriz rena
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