Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Centro Universitário Leonardo da Vinci Curso Bacharelado em Serviço Social DAYANE PORTELA LOPES 3484/SES A ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NO ENFRENTAMENTO DO ABUSO SEXUAL INTRAFAMILIAR, CONTRA CRIANÇAS E ADOLESCENTES. PARNAÍBA 2021 CIDADE DAYANE PORTELA LOPES A ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NO ENFRENTAMENTO DO ABUSO SEXUAL INTRAFAMILIAR CONTRA CRIANÇAS E ADOLESCENTES. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à disciplina de TCC – do Curso de Serviço Social – do Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI, como exigência parcial para a obtenção do título de Bacharel em Serviço Social. Nome do Tutor – Gessya Gleycia Barbosa Andrade. PARNAÍBA 2021 A ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NO ENFRENTAMENTO DO ABUSO SEXUAL INTRAFAMILIAR, CONTRA CRIANÇAS E ADOLESCENTES. DAYANE PORTELA LOPES Trabalho de Conclusão de Curso aprovado do grau de Bacharel em Serviço Social, sendo-lhe atribuída à nota “______” (_____________________________), pela banca examinadora formada por: ___________________________________________ Presidente: Prof. Gessya Gleycia Barbosa Andrade - Orientador Local ____________________________________________ MEMBRO: Claudete Gonzalez Sampaio Coello Magalhães - Assistente Social ____________________________________________ Membro: Cleane da Silva Carvalho - Assistente Social - Assistente Social PARNAÍBA 2021 DEDICATÓRIA Antes de concluir este Trabalho de Conclusão de Curso - TCC, ficava pensando na parte da dedicatória, quem ao longo dessa jornada me incentivou na construção e conclusão do mesmo, a pessoa mais importante da minha vida. Assim, na minha mente em meu coração, ao apresentar e entregar este trabalho, dedico com muito amor e de forma muito especial, in memoriam à minha mãe, Maria Helena Silva Sousa, meu pilar de sustentação em toda a minha trajetória de vida, meu exemplo a seguir, meu exemplo de força e perseverança, sem esse estímulo este percurso seria certamente mais árduo. Esta conquista é sua! E não há nada pra comparar. Para poder lhe explicar. Como é grande o meu amor por você. Nem mesmo o céu nem as estrelas. Nem mesmo o mar e o infinito. Nada é maior que o meu amor. Nem mais bonito. (Roberto Carlos - Como é grande o meu amor por você) Tudo em nós está em nosso conceito do mundo; modificar o nosso conceito do mundo é modificar o mundo para nós, isto é, é modificar o mundo, pois ele nunca será, para nós, senão o que é para nós. (Fernando Pessoa) LISTA DE ABREVIATURAS CREAS - Centro de Referência Especializado de Assistência Social SUAS - Sistema Único de Assistência Social ECA - Estatuto da Criança e do Adolescentes TCC - Trabalho de Conclusão de Curso SGD - Sistema de Garantias de Direitos PSE - Proteção Social Especial PNAS - Política Nacional de Assistência Social CFESS - Conselho Federal de Serviço Social PI - Piauí MP - Ministério Público CT - Conselho Tutelar AGRADECIMENTOS O presente estudo como parte importante de minha trajetória pessoal e Profissional, expressa gratidão primeiramente à Deus, que me propiciou atravessar este caminho com perseverança, me dando forças na hora do desespero e das angústias. Foi Ele, que segurou em minhas mãos nas horas mais difíceis e pôs serenidade em meu coração, pois: “Posso todas as coisas Naquele que me fortalece” (Filipenses, 4:13). Agradeço de forma especial, in memoriam minha Mãe Maria Helena Silva Sousa, tive a honra de ter ao meu lado, sempre me deu forças, me deu apoio irrestrito, em todos os momentos da minha vida. Agradeço, Samara, Amauri, Maysa, Abda, Ylana, Emily e Lucas, pela confiança com que sempre depositaram em mim e pelo incentivo, meu afilhado Juninho, que a espontaneidade de uma criança, alimenta uma energia especial, sonhos e expectativas . Para além dessas, agradeço a Professora, Márcia Félix, pelo apoio, por me acalmar nos momentos de angústia, todas as vezes que eu pensava em desistir, com sua resiliência, me impulsionava a prosseguir e me fez acreditar nesse sonho. Motivou-me significativamente na conclusão desse trabalho. Agradeço a Assistente Social, Cleane Carvalho, pela amizade pautada em momentos de superação. É uma honra contar com você, na apresentação do meu TCC. Agradeço as Professoras, Claudete Gonzalez Sampaio Coello Magalhães e Gessya Gleycia Barbosa Andrade, por me proporcionar ricas contribuições teóricas, éticas e políticas, sobretudo, na finalização desta pesquisa. Agradeço aos Profissionais do Centro de Referência Especializado de Assistência Social - CREAS, do Município de Parnaíba/PI, que me acolheram, em especial a Coordenadora, Mary Lannes, e minha Supervisora de Campo, Camila Lima de Almeida, pelo compromisso em me supervisionar na disciplina Estágio Supervisionado em Serviço Social III, proporcionando-me ricas reflexões críticas, sobre a prática Profissional do Serviço Social. Este processo de busca pelo conhecimento e aprimoramento, não se constrói de forma individual, mas conta com a participação de pessoas importantes, que contribuíram neste percurso. É preciso amor pra poder pulsar, é preciso paz pra poder sorrir, é preciso chuva para florir. Todo mundo ama um dia, todo mundo chora. Um dia a gente chega e o outro vai embora. Cada um de nós compõe a sua história, cada ser em si carrega o dom de ser capaz e ser feliz. (Almir Sater e Renato Teixeira - Tocando em frente). RESUMO O Trabalho de Conclusão de Curso - TCC apresenta um estudo sobre a atuação Profissional, do Assistente Social, no Centro Especializado de Assistência Social - CREAS, no enfrentamento do Abuso Sexual Intrafamiliar contra crianças e adolescentes, no Município de Parnaíba/PI. Portanto, o objetivo desse trabalho, é refletir criticamente acerca da atuação do Assistente Social, no enfrentamento do abuso sexual intrafamiliar, contra a crianças e adolescentes. Possibilitar a discussão sobre a rede de proteção, que compõe o CREAS, no enfrentamento do abuso sexual; analisar as expressões da questão social, que contribuem para a vitimização de crianças e adolescentes, em situação de abuso sexual intrafamiliar; identificando as estratégias de enfrentamento em rede; analisando as potencialidades e limitações de forma crítica, a fim de dar contribuições sólidas acerca do enfrentamento do Abuso Sexual, contra crianças e adolescentes. Considerando os antagonismos, que compõem a atuação nesse setor. A metodologia utilizada para a pesquisa, foi de caráter qualitativo por meio de levantamento bibliográfico; pesquisas realizadas e manuais disponibilizados Centro de Referência Especializado de Assistência Social - CREAS do Município de Parnaíba/PI, a partir de entrevistas semiestruturadas, realizadas com Assistentes Sociais do respectivo Município. A Lei Orgânica de Assistência Social - LOAS e o Sistema Único de Assistência Social - SUAS, possibilitaram a incorporação da Assistência Social neste sistema, sendo o CREAS como equipamento de referência. Assim, a proposta é voltar o olhar para a prática profissional, do Assistente Social inserido na Assistência Social, frente à demanda específica de crianças e adolescentes vítimas de abuso sexual intrafamiliar. PALAVRAS-CHAVE: AbusoSexual. Crianças e Adolescentes. CREAS. Assistente Social. RESUME The Course Conclusion Paper - TCC presents a study on the Professional performance of the Social Worker at the Specialized Center for Social Assistance - CREAS, in the fight against Intra-family Sexual Abuse against children and adolescents, in the city of Parnaíba/PI. Therefore, the objective of this work is to critically reflect on the role of the Social Worker in confronting intrafamily sexual abuse against children and adolescents. Enable the discussion on the Protection Networks, which make up the CREAS, in the fight against sexual abuse; analyze the expressions of the social issue, which contribute to the victimization of children and adolescents, victims of intra-family sexual abuse. Identifying coping strategies in networks; critically analyze the potentials and limitations in order to provide solid contributions to the fight against Sexual Abuse against children and adolescents. Considering the antagonisms that make up the performance in this sector. The methodology used for the research was qualitative through a bibliographic survey; surveys carried out and manuals made available Specialized Reference Center for Social Assistance - CREAS in the Municipality of Parnaíba/PI, based on semi- structured interviews carried out with Social Workers of the respective Municipality. The Organic Law of Social Assistance - LOAS and the Unified Social Assistance System - SUAS, enabled the incorporation of Social Assistance in this system, with CREAS as a reference equipment. Thus, the proposal is to look back to the professional practice of the Social Worker inserted in Social Assistance, facing the specific demand of children and adolescents victims of intrafamily sexual abuse. KEYWORDS: Sexual Abuse. Children and Adolescents. CREAS. Social Worker. LISTAS DE APÊNDICE Figura 1 Questionário aplicado na pesquisa, 2021....................................................... LISTA DE ANEXO Figura 01 .............................................Representativo da ficha de Identificação, 2021 Figura 02.............................................Fluxograma da ficha de Visita Domiciliar, 2021 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................12 2 APRESENTAÇÃO DO TEMA ................................................................................14 3 PROBLEMATIZAÇÃO DO TEMA E A RELAÇÃO COM A QUESTÃO SOCIAL .....................................................................................................................16 4 JUSTIFICATIVA .....................................................................................................18 CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA NO CAMPO DE ESTÁGIO.................................18 5 OBJETIVOS DA PESQUISA...................................................................................18 OBJETIVOS..............................................................................................................18 5.1 Objeivo Geral 5.2 objetivos específicos 6 METODOLOGIA DE PESQUISA............................................................................24 7 ANÁLISE DOS DADOS DA PESQUISA.................................................................24 7.1. APRESENTAÇÃO DOS DADOS........................................................................25 7.2. ANÁLISE DOS DADOS.......................................................................................31 7.3. RESULTADOS....................................................................................................32 7.4. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS.....................................................................32 8 CONCLUSÃO.........................................................................................................37 REFERÊNCIA............................................................................................................39 APÊNDICES............................................................................................................... ANEXOS.................................................................................................................... 14 14 1 INTRODUÇÃO O presente estudo está circunscrito no campo da intervenção profissional do Assistente Social, com enfoque para atuação desse profissional junto às manifestações do abuso sexual intrafamiliar contra crianças e adolescentes, no Centro de Referência Especializado de Assistência Social - CREAS, do Município de Parnaíba/PI. Nesse sentindo, através da aproximação com o Município supracitado, desenvolveu-se o estudo no qual constituíram-se como sujeitos da pesquisa, Assistentes Sociais, que atuam neste espaço sócio-ocupacional realizando intervenções em diferentes expressões da questão social. Diante disso, o trabalho apresentado procurou conhecer a intervenção do Assistente Social, no enfrentamento do abuso sexual, a partir da incidência desse fenômeno junto à população infanto-juvenil e suas famílias. Nessa perspectiva, o interesse acerca da intervenção profissional em situações de violência, partiu da constatação da complexidade do fenômeno, que tal demanda representa para o Serviço Social no campo das Políticas Públicas, em um contexto adverso à efetivação dos Direitos Fundamentais. Conforme Iamamoto, 2001 pg.20 ao analisar os desafios da atuação do Assistente Social, menciona: “(...) um dos maiores desafios que o Assistente Social vive no presente é desenvolver sua capacidade de decifrar a realidade e construir propostas de trabalho criativas e capazes de preservar e efetivar direitos, a partir de demandas emergentes no cotidiano. Ser um profissional propositivo e não só executivo”. (2001pg.20) Evidência-se, a importância da consolidação do Projeto Ético Político, através da prática, identificando os limites e alternativas acerca das atividades, possibilitando caminhos diferentes da rotina mecanizada das bases estruturantes já existentes. De acordo com o Estatuto da Criança e do adolescente - ECA de 1990 dispõe: 15 15 Art. 227: É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária. Diante disso, o Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA, é uma das legislações mais avançadas no nível Mundial em termos de proteção dos direitos da criança e do adolescente. Dentro do cenário de efetivações e garantias de direitos a criança e adolescentes, passa a ser prioridade para seu desenvolvimento. Garantindo assim de maneira integral com absoluta prioridade a proteção das crianças e adolescentes. Porém, a realidade de algumas crianças e adolescentes, não tem esse direito não é efetivado em seu seio familiar. A metodologia da pesquisa, constitui-se na análise qualitativa com revisão bibliográfica sobre o tema, e pesquisa de campo constituída de entrevista semi estruturada, com Assistentes Sociais do CREAS. Possibilitando a discussão sobre a rede de Proteção que compõe o Sistema de Proteção, no enfrentamento do abuso sexual; analisando as expressões da questão social, que contribuem para a vitimização de crianças e adolescentes, vítimas de abuso sexual intrafamiliar. Identificando as estratégias de enfrentamento em redes; dessa forma, buscou-se, analisar as potencialidades e limitações de forma crítica, a fimde dar contribuições sólidas acerca do enfrentamento do Abuso Sexual contra crianças e adolescentes. Considerando os antagonismos, que compõem a atuação nesse setor. Diante das atribuições do Assistente Social, nesse campo de atuação, está o atendimento e encaminhamento das vítimas de violência sexual para Instituições, Programas e Projetos, que prestam serviços para esse público. As demandas trazidas ao Centro de Referência Especializado de Assistência Social - CREAS, são encaminhadas pelo Poder Judiciário, Conselho Tutelar - CT, Secretaria de Saúde, Ministério Público - MP, Disque 100 ou denúncia espontânea. A pesquisa apresentada, tem como objetivo geral, refletir criticamente acerca da atuação do Assistente Social, no enfrentamento do abuso sexual intrafamiliar contra a crianças e adolescentes; possibilitando uma discussão sobre a rede de Proteção que compõe o Sistema de Proteção, no enfrentamento do abuso sexual; Analisando as expressões da questão social, que contribuem para a vitimização de crianças e adolescentes, em situação de abuso sexual intrafamiliar. Identificando as estratégias de enfrentamento em rede; Analisando as potencialidades e limitações de forma 16 16 crítica, a fim de dar contribuições sólidas acerca do enfrentamento do Abuso Sexual contra crianças e adolescentes. Considerando os antagonismos, que compõem a atuação nesse setor. Os objetivos específicos, categorizar acerca da intervenção do Assistente Social, para o enfrentamento da violência, identificando limites e possibilidades da ação profissional; categorizar a importância da atuação do Sistema de Garantia de Direitos, da Rede de Proteção no enfrentamento do abuso sexual contra crianças e adolescentes. Com o intuito de contribuir com a discussão, que condicionados a condições subjetivas e objetivas, corroboram para a construção de uma dada particularidade da atuação do Assistente Social, no campo sócio ocupacional, a que influem sobre os avanços e retrocessos da prática Profissional no enfrentamento do abuso sexual. 2. APRESENTAÇÃO DO TEMA Diante da gama de possibilidades de discussão a respeito do abuso sexual intrafamiliar contra crianças e adolescentes, foi realizado um recorte de cunho metodológico, no qual optou-se pela aproximação da categoria do Assistente Social, a partir do campo da criança e adolescente, tendo em vista a particularidade da pesquisa apresentada. Portanto, é necessário compreender a dinâmica do cotidiano dos profissionais que trabalham no CREAS, do Município de Parnaíba/PI, e como se articula a relação com a rede de proteção; rede que constitui o Sistema de Garantia de Direitos dos Direitos, e no conhecimento sobre o ECA e suas funções como defensores, fiscalizadores e promotores dos Direitos da criança e adolescente. Nessa perspectiva, a Constituição Federal, o Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA e a Lei Orgânica de Assistência Social - LOAS, constituem o Sistema legal, sobre o qual pauta o Sistema Único de Assistência Social - SUAS, no atendimento a crianças e adolescentes em situações de direitos violados. Nessa perspectiva, esse serviço que faz parte de um conjunto de ações, circunscritas no espaço da Política Nacional de Assistência Social - PNAS. Problematizando os enfrentamento do abuso sexual intrafamilar contra crianças e adolescentes, a atuação dessa especialização no enfrentamento de expressões da 17 17 violência, apresentadas como demanda no Serviço de Enfrentamento da Violência Contra Criança e Adolescente. Conforme preconiza o Artigo 2°do Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA, considera-se criança, com idade entre 0 e 12 anos incompletos e adolescente com 12 anos até 18 anos completos. Entende-se, que o processo de intervenção nesse campo, pressupõe reconhecer a complexidade da demanda, numa perspectiva de totalidade e os desafios sobre o qual as ações profissionais se desenvolvem. Portanto, a construção das respostas profissionais do Assistente Social, frente às expressões da violência, é determinada pela qual estes profissionais apreendem a realidade, orientada por meio de uma teoria social, pelas finalidades projetadas, pela escolha e habilidades na utilização de técnicas e instrumentos de trabalho, e a permanente reflexão; não apenas dos resultados e a intervenção profissional, mas sobretudo de seu processo de trabalho. Contudo, algumas violências praticadas contra o público infanto-juvenil, ocorre no ambiente familiar, local de proteção e acolhimento, porém, mostra espaço privilegiado para a ocorrência de violências. Trata-se, de um problema social encontrado em diferentes culturas e que ultrapassa as barreiras socioeconômicas. Nesse sentindo, um dos fatores que dificulta o enfrentamento diante de qualquer violência, se dá no fato de existir vínculo familiar, entre a vítima e abusado. Portanto, o abusador sexual, não tem um perfil homogêneo ou tipo específico, mas um aspecto recorrente é a proximidade com a criança ou adolescente na convivência cotidiana. Percebe-se, que os casos de violência ocorridas no seio familiar normalmente são acompanhados no silêncio, por se tratarem de parentesco, o que é um dos fatores mais preponderantes nos baixos índices de denúncias formatizados ao Poder Público. Diante desse contexto, o espaço de atuação do Assistente Social, proporcionado pelo Centro de Referência Especializado de Assistência Social - CREAS, é amplo e denso no que tange as variadas possibilidades de atuação com a Rede de Proteção, composta pela pelas Políticas Públicas. Cotidianamente os Assistentes Sociais são desafiados a intervir em questões complexas e contraditórias. Tais questões que se apresentam no campo da 18 18 imediaticidade, são mediadas por determinações que exigem do profissional o seu deciframento. Dentre tais questões, múltiplas expressões da violência (manifestadas de diferentes formas e níveis de complexidade), se apresentam aos assistentes sociais, em seus diversos espaços sócio ocupacionais. (NUNES, 2011, p.52) Conforme a autora, no cotidiano profissional aparecem situações emergenciais para os profissionais, situações estas que irão exigir uma intervenção imediata, como os casos de violência. Diante desse contexto, evidencia-se a responsabilidade do profissional por garantir os Direitos. Faz-se necessário, ainda que maneira aparente evidenciar, que a dinâmica do grupo familiar, encontra-se como uma das possibilidades de instrumento técnico operativo do Serviço Social. Nessa perspectiva, mesmo diante das mudanças na garantia por Direitos Humanos, das diferentes formas e estratégias de enfrentamento das expressões da questão social, e em especial da criança e do adolescente, é necessário continuar lutando por avanços, culturais, políticos e judiciário, para que seja efetivados os direitos prol da população infantoJuvenil. Assim, o Profissional de Serviço Social, precisa ter todo um aparato teórico- metodológico, técnico-operativo e ético-político, para enfrentar os desafios que surgem no cotidiano. Portanto, é necessário que o Assistente Social reflita sobre a atuação e sobre seu espaço de trabalho, tendo como base o projeto ético-político profissional, para poder buscar alternativas e possibilidades, que sejam capazes de exercer a profissão e materializar os Direitos Sociais. 3. PROBLEMATIZAÇÃO DO TEMA E A RELAÇÃO COM A QUESTÃO SOCIAL. Um dos temas relevantes da atualidade, é o abuso sexual contra crianças e adolescentes, e manifesta-se sob diferentes formas e dimensões, esse trabalho discute a atuação do Assistente Social nessa demanda com o apoio do Sistema de Garantia de Direito e o trabalho em rede, para o enfrentamento dessa Questão Social. Diante das responsabilidades da família, sociedade e Estado no sentido de assegurar à população infantojuvenil seus direitosfundamentais, desafios são desenhados no campo das Políticas Sociais na perspectiva de conferir proteção à criança e ao adolescente. 19 19 A violência contra crianças e adolescentes em toda a sua complexidade e seus nexos causais leva necessariamente à construção de intervenções que superam o isolamento de políticas setoriais e inclui outras perspectivas e saberes que conformam e formatam várias áreas de políticas públicas. (LOPES, 2008, p.36) Quando uma demanda é identificada e cujo atendimento a essa criança, ou adolescente, ultrapassa as competências dos profissionais, e quando estes verificam que essa demanda precisa de apoio da rede sócio assistencial para ser resolvida em sua totalidade, as mesmas são encaminhadas para outros serviços para que esses usuários tenham acesso aos seus direitos. Considera-se, que o Assistente Social ocupa espaço privilegiado no campo das Políticas Sociais, esse profissional é desafiado a oferecer respostas qualificadas diante de distintas expressões da Questão Social, que atinge a população infanto- juvenil e diferentes manifestações da violência. Evidencia-se, que no espaço da Política Social o Assistente Social desenvolve o processo de trabalho, e em circunstâncias o objeto imediato de sua ação profissional apresenta-se por meio de situações de violações de Direitos. Tanto o objeto quanto o próprio processo de trabalho do Assistente Social, é atravessado por múltiplas determinações, sendo no espaço dinâmico da Política Social que sistematiza dados da realidade, constrói e reconstrói o objeto de intervenção, define os objetivos profissionais e seus instrumentos de trabalho. Nessa perspectiva, este processo de trabalho envolve dimensões teórico- metodológicas, ético-políticas e técnico-operativas, a partir das quais são construídas as respostas profissionais frente às requisições, que são demandadas a este Profissional. A questão social entendida como base de fundação sócio histórica do Serviço Social, assume um caráter também contraditório, o que permite reconhecer as dimensões contraditórias das demandas postas à profissão, uma vez que a questão social é afetada por forças decorrentes tanto do movimento do capital quanto dos direitos, valores e princípios que fazem parte do ideário dos trabalhadores (Iamamoto, 2008). Conforme a autora, o Serviço Social é inserido nesse processo como mediador, obtendo legitimidade no conjunto de mecanismos reguladores, no âmbito das 20 20 Políticas Socioassistenciais, desenvolvendo atividades e objetivos, que lhe são atribuídos socialmente. Nessa perspectiva, o/a Assistência Social, com base na Constituição Federal e Lei Orgânica da Assistência Social- LOAS, tem como uma de suas diretrizes a centralidade na família para concepção e implementação dos benefícios, serviços, programas e projetos. Nesse sentido, um dos objetivos desta Política é assegurar que as ações no âmbito da Assistência Social mantenham a centralidade na família, e que garantam a convivência familiar e comunitária dos indivíduos. Novas configurações, arranjos ou diferentes formas de organização familiar ganharam visibilidade, especialmente nas grandes metrópoles, e hoje, sem dúvida, é cada vez maior a aceitação de famílias que apresentam outras composições, como as monoparentais, formadas por parceiros homossexuais, ou, até, as que se mantêm como família mesmo sem haver coabitação com o parceiro amoroso. Os arranjos familiares hoje se constituem em uma resposta às novas demandas colocadas pela modernidade, mas a forma como a família as assume no plano do real ainda é entendida como a divergente, e não a possível (TOLEDO, 2008, p. 30). Ao considerar-se, a violência sexual contra crianças e adolescentes, mais especificamente o abuso sexual intrafamiliar, enquanto fenômeno relacionado às diversas expressões da questão social, que interferem no cotidiano da família desses sujeitos de direitos. Evidencia-se, que dentre as mais variadas interferências, diz respeito às diversas mudanças que vêm ocorrendo com este grupo social, tornando essas famílias, vulneráveis no cumprimento de suas funções. Além disso, e considerando vários profissionais de diferentes áreas do conhecimento, que atuam no âmbito familiar, de forma direta ou indireta e que necessitam fazer uma leitura mais atenta e crítica a respeito das mudanças e transformações que irão acontecendo nos novos arranjos familiares, para que propostas de intervenção possam também ser condizentes com as diferentes realidades familiares, torna-se necessário a compreensão de que a “família tem um significado único para cada um, a partir disso que, como profissionais, nos posicionamos diante da família objeto de estudo, reflexão e atuação Profissional” (SOUZA, 1997, p. 20). 21 21 Evidencia-se, a preocupação não apenas quanto à situação de violação de direitos do segmento infanto-juvenil, mas sobretudo, do grupo familiar ao qual pertence a criança e o adolescente. Por este serviço estar circunscrito no âmbito da Política de Assistência Social - PAS, nota-se outras refrações da questão social, se colocam como demanda do trabalho do Assistente Social, uma vez que uma parcela significativa dos usuários do serviço, vivenciam situações concretas de dificuldades ao acesso a condições materiais de existência. Nessa perspectiva, permite apontar que o rol de violação de direitos, que se apresenta neste campo de atuação, não se limita ao plano das relações interpessoais, mas compõe um mosaico de condicionantes que constituem quadros de diluição de direitos de diferentes naturezas. De tal modo, uma concepção linear acerca da violência que afeta os destinatários deste serviço não dá conta de apreender a complexidade, que envolve as questões que atravessam as demandas que se põem neste campo de atuação Profissional. 3.1 FLUXO DE ATENDIMENTO O motivo mais provável para uma criança ou adolescente entrar em contato com o Sistema Judiciário, se dá quando ocorre uma denúncia de abuso sexual da qual os mesmos são as próprias vítimas. Assim, irão percorrer um longo itinerário, visto que diferentes profissionais se intercalarão na escuta. Nesse percurso, cita-se alguns profissionais, Juízes, Promotores, Assistentes Sociais, Psicólogos, Delegados, Policiais e Conselheiros Tutelares. No Brasil as campanhas destinadas a chamar atenção para a importância da denúncia de casos de violência sexual infanto-juvenil, vem aumentando. Em 05 de Janeiro de 2000, o Governo promulgou a Lei Nº 10.498, que dispõe sobre a obrigatoriedade da notificação para os estabelecimentos de saúde, educação e segurança pública, dos casos em que haja suspeita ou confirmação de maus tratos contra crianças e adolescentes. Portanto, em 25 outubro de 2001 foi publicado pelo Ministério da Saúde no Diário Oficial da União, a Portaria 1968, estabelecendo a 22 22 obrigatoriedade da notificação compulsória para os profissionais dos estabelecimentos do Sistema Único de Saúde - SUS (Brasil, 2001). Nesse sentido, todas as ações a favor da criança e adolescente nas esferas de Governo, são instrumentos fundamentais para o processo de conhecimento e visibilidade do enfrentamento do abuso sexual nos Municípios e nos Estados da Federação. Portanto, além de colaborar com os trabalhos de pesquisa, proporcionam melhoria na qualidade dos programas de intervenção. Contudo, faz-se necessário descrever a trajetória percorrida pelas crianças e adolescentes, na revelação do abuso sexual a quem foram submetidos, para compreender a discussão e o desconforto, instaurando entre muitos profissionais. Diante do problema social alarmante, que é o padrão hegemônico de respostas da sociedade e dos dispositivos, de Segurança Pública e de Justiça. De acordo com Ajurianguerra e Marcelli 1998, destaca que a avaliação da criançaou adolescente submetida à violência depende de quão rápido seja a intervenção dos Serviços. Isto significa que, para o desempenho adequado no entendimento a essa vítima deve ser considerada a execelência do trabalho desenvolvidos pelos Órgãos de Proteção. 3.2 A ATUAÇÃO DO SISTEMA DE GARANTIA DE DIREITOS DA REDE DE PROTEÇÃO SOCIAL, NO ENFRENTAMENTO AO ABUSO SEXUAL COM CRIANÇAS E ADOLESCENTES. O Dia Nacional de Enfrentamento ao Abuso e a Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes 15 de Maio, foi criado devido ao caso “ARACELI”. Esse fato brutal ocorreu na cidade de Vitória no Espírito Santo, no ano de 1973. Araceli Cabrera Crespo tinha oito anos de idade, quando aconteceu o crime. A criança foi raptada da escola, drogada, estuprada, morta e carbonizada, com o corpo completamente desfigurado com ácido. O corpo foi encontro seis dias após em um terreno baldio. O massacre chocou, que a data passou a representar o dia de mobilização ao enfrentamento do abuso da exploração sexual contra crianças e adolescentes. 23 23 Para atuar na proteção de crianças e adolescentes vítimas de violência sexual, é imprescindível conhecer as diferentes formas de expressão dessa violação, as características e consequências, como os contextos de ocorrência. Em relação às denúncias, existe um fluxograma de enfrentamento da violência e exploração sexual de crianças e adolescentes. A articulação entre os órgãos e entidades do Sistema de Garantia de Direitos, pontua os papéis desempenhados, na busca da efetivação dos direitos da criança e do adolescente. Assim, a reflexão será em torno do importante papel do Assistente Social no enfrentamento ao abuso sexual intrafamiliar com crianças e adolescentes e a atuação junto a Rede de Proteção. É indispensável ressaltar, que os casos comprovados de violência sexual infantojuvenil e as denúncias realizadas pela Rede de Proteção: Conselho Tutelar, CREAS, Delegacia, Ministério Público e demais órgãos, que compõem a sociedade civil precisam ser notificados e registrados. Registrar estes casos auxilia na emissão de informações aos Conselhos Tutelares e às Varas da Infância e da Juventude, acerca de maus-tratos realizados contra crianças e adolescentes. Essas emissões são de suma importância para inibir o referido tipo de violência, porque propicia meios para compreender os casos que emergem e ter um controle de como está se expressando socialmente. (ANDI, 2003 apud HAYECK, 2009). Ressalta-se, a importância do Assistente Social, em articulação com a rede de proteção social no enfrentamento a violência sexual contra crianças e adolescentes, porque viabiliza com maior atenção a assistência às crianças e adolescentes, que tem seus direitos violados, por uma ação coletiva com a participação inclusiva de todas as esferas sociais. Cada instituição dispõe de estratégias discursivas para trabalhar sobre assuntos de seu domínio. Diante disso, para a efetivação da proteção integral das crianças e adolescentes, com foco na defesa, promoção e controle, faz-se necessário uma articulação entre os órgãos e entidades do Sistema de Garantia de Direitos - SGD: Conselhos Municipais dos Direitos da Criança e do Adolescente - CDMDCA, Conselhos Estaduais dos Direitos da Criança e do Adolescente - CEDCA, Conselhos Tutelares, Ministério Público, Centro de Referência Especializado de Assistência Social - CREAS, Centro de Referência da Assistência Social - CRAS, Delegacia da Infância e Vara da Infância e da Juventude. 24 24 Diante dos casos de violência sexual contra crianças e adolescentes, a função designada ao Conselho Tutelar é de monitorar, coordenar e direcionar as ações realizadas pela rede de proteção. Com base nos estudos e pesquisas, afirmar-se que o Conselho Tutelar é a porta de entrada das denúncias: casos de violências físicas, psicológicas ou sexuais, abandono, trabalho infantil, exploração sexual, que ferem os direitos das crianças e dos adolescentes, que podem ser feitas por telefone, podendo ser anônimas, via ofício tratando-se de escolas e outras entidades, assim expresso no Art. 13 do ECA : Os Casos de suspeita ou confirmação de castigos físicos, de tratamento cruel ou degradante ou de maus-tratos contra criança ou adolescentes serão obrigatoriamente comunicados ao Conselho Tutelar da respectiva localidade, sem prejuízo de outras providencias legais. (BRASIL, 2019) Diante desse contexto, o Conselho Tutelar, atua na prevenção, fiscalização e mobilização, assegurando a proteção dos direitos das crianças e dos adolescentes. O Conselho Tutelar, deve receber a notificação de um possível crime, notificar de imediato ao Ministério Público, para que este tome as medidas cabíveis. Portanto, não é tarefa do Conselho Tutelar a realização de investigação policial. Sua tarefa é auxiliar no encaminhamento aos serviços municipais que podem intervir. Quanto ao Ministério Público, importante órgão do Sistema de Garantia de Direitos - SGD, cabe fiscalizar a gestão dos Conselhos Tutelares e o cumprimento do Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA. Quando se refere às atribuições, conforme o Artigo 201 do Estatuto da Criança e do Adolescente, aponta: a) expedir notificação pra colher depoimento ou esclarecimentos e, em caso de não comparecimento injustificado, requisitar condução coercitiva, inclusive pela polícia civil ou militar; b) requisitar informações, exames, perícias e documentos de autoridades municipais, estatais e federais, da administração direta ou indireta, bem como promover inspeções e diligências investigatórias ; c) requisitar informações e documentos a particulares e instituições privadas. Portanto, o Centro de Referência Especializado de Assistência Social - CREAS, como Instituição de referência quando o assunto é a Proteção de crianças e adolescentes vítimas de violência, visto que as ações são de extrema importância em relação a concretização dos Direitos assegurados na Constituição Federal de 1988 e no Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA. 25 25 Desse modo, o Centro de Referência Especializado de Assistência Social - CREAS é caracterizado por ser uma unidade pública estatal, com o objetivo de prestar serviços especializados e continuados a indivíduos e famílias, que tiveram os direitos violados, por meio de acompanhamento individualizado e especializado. Inserido na Proteção Social Especial - PSE de Média Complexidade, a Instituição executa serviços de média complexidade, devendo realizar a referência e contra referência com a Rede de Serviços Socioassistenciais, tanto na Proteção Social Básica - PSB quanto na Proteção Social Especial - PSE, articulando com as demais Políticas Públicas e Instituições, que compõem o Sistema de Garantia de Direitos. É necessário enfatizar, que o Centro de Referência Especializado Assistência Social - CREAS, ao identificar uma demanda que ultrapassa a sua competência, é necessário uma articulação com a rede para o atendimento ser realizado de forma ampla e eficaz, por meio do acesso a programas e benefícios da rede Socioassistencial e demais Políticas Públicas e Órgãos de defesa de Direitos. Percebe-se, que o Centro de Referência Especializado de Assistência Social - CREAS, enquanto equipamento da Política de Assistência Social, que atua diretamente nos casos de violação de direitos contra a criança e ao adolescente, dentro de suas competências, e em consonância com a Política Nacional de Assistência Social - PNAS e o Sistema Único de Assistência Social - SUAS, desenvolve um trabalho de fortalecer os vínculos e garantir os Direitos dos usuários, por meio dentre outros aspectos, dos instrumentos de trabalho que são utilizados pelos profissionais para a viabilização desses Direitos. Enquanto expressão da questão social, as diversas manifestações da violência têm exigido ações que vislumbremnão apenas a intervenção nos casos denunciados, mas, principalmente, ações que afirmem a prevenção da problemática em suas dimensões primária, secundária e terciária. 3.3 ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE: UM INSTRUMENTO NA CONSTRUÇÃO DOS DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. 26 26 Como reflexo de uma nova Constituição, que valoriza profundamente a infância e a juventude, o Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA entra em vigor como o maior ordenamento protetivo da história legislativa. O trabalho contempla uma atuação profissional baseada no interesse dos sujeitos de direitos, sendo indispensável aos profissionais orientar suas intervenções no preceito da Proteção Integral e nas diretrizes do Estatuto da Criança e Adolescente - ECA. O ECA instaura novas referências políticas, jurídicas e sociais na área da infância e da adolescência, traduz os direitos em forma de diretrizes detalhadas e embasa as políticas públicas nesta área (PEREZ; PASSONE, 2010; FALEIROS, 2011). Desse modo, o Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA, trata-se sobre a Doutrina da Proteção Integral, em seus primeiros Artigos reafirma a responsabilidade da família, comunidade, sociedade e do poder público em assegurar, com prioridade absoluta a efetivação e garantia dos direitos às crianças e aos adolescentes. De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA Lei nº. 8.069, 13 de Julho de 1990, surgiu para romper um histórico na esfera jurídica e social representada até então pelo Código de Menores. Assim, para que se consolidasse, foi necessário um significativo empenho de classes e instituições inconformadas e enternecidas com a causa. Para Guimarães 2014, p. 21, o Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA tem como base: [...] a proteção integral à criança e ao adolescente, sem discriminação de qualquer tipo. As crianças e os adolescentes são vistos como sujeitos de direitos e pessoas com condições peculiares de desenvolvimento. Esse é um dos polos para o atendimento destes indivíduos na sociedade. O ECA é um mecanismo de direito e proteção da infância e da adolescência, o qual prevê sanções e medidas de coerção àqueles que descumprirem a legislação. Portanto, o Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA, atua como o instrumento central de Proteção aos direitos da criança e adolescente, frente ao que recepciona os princípios Constitucionais da dignidade da pessoa humana e prioridade absoluta. Assegurar o Sistema de Garantias de Direitos, pressupõe enfrentar as mais diversas expressões da violência, que atinge este segmento geracional e famílias. A 27 27 Constituição Federal de 1988, por meio do Artigo 227, regulamentado com promulgação do Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA demarca: É dever da família, da sociedade, e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e a convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda a forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. Nesse sentindo, a peculiaridade do Serviço de Enfrentamento da Violência à Criança e Adolescente, exige esforços profissionais e Institucionais na proteção em situação de direitos violados, sobretudo, significativo empenho na potencialização das famílias de modo a garantir a convivência familiar e comunitária, conforme legalmente consagrado. Diante disso, é evidente a complexidade que envolve as respostas profissionais. E a partir dos desafios colocados pela própria realidade é que o profissional fará a escolha por seus instrumentos de trabalho. Com a Lei de Regulamentação da Profissão Lei nº 8662 de 07.06.1993, essa dicotomia foi formalmente superada no âmbito profissional, e expressa no Artigo 4º, Inciso II, que prevê a coordenação, execução, avaliação de planos, programas e projetos no âmbito de atuação do Serviço Social, Conselho Federal de Serviço Social - CFESS, 2002. Nessa perspectiva, as competências que requerem o domínio de um instrumental técnico-operativo, que possibilite a viabilização da intervenção profissional. Seja no âmbito da execução de Políticas Sociais, seja no âmbito da gestão ou coordenação dessas Políticas, os objetivos profissionais, formulados a partir de um leitura teórico-crítica da realidade, que irão determinar os instrumentos utilizados na prática profissional conferindo inteligibilidade. Observa-se, a importância da entrevista e visita domiciliar, como instrumento necessários à modificação das situações de violência, destacando os encaminhamentos para Instituições que faz parte da rede de proteção. 7 ANÁLISE DOS DADOS DA PESQUISA 28 28 O percurso metodológico foi alicerçado na pesquisa de natureza descritiva, de caráter exploratório, e elegeu como material empírico a ser estudada a narrativa dos Profissionais de Serviço Social. O estudo qualitativo permitiu aproximar da intervenção Profissional do Assistente Social, no campo de enfrentamento do abuso sexual, proporcionando uma visão geral acerca do tema. Dessa forma, possibilitou conhecer e problematizar a atuação Profissional no Centro de Referência Especializado de Assistência Social - CREAS no Município de Parnaíba/PI. Dessa forma, os eixos analíticos que estruturam esta pesquisa, sistematizam os resultados auferidos no que se refere à investigação, sobre a atuação da prática profissional, do Assistente Social e o Sistema de Garantia e Direitos, para o enfrentamento da violência. Todos os documentos, referenciais e dispositivos supracitados, se constituem em diretrizes metodológicas, teóricas e práticas, que representam avanços significativos na formulação de Políticas Públicas, para o enfrentamento do abuso sexual contra crianças e adolescentes. De acordo com Gil 2008, é um método utilizado por pesquisadores para explicar o porquê. O pesquisador é ao mesmo tempo o sujeito e objeto de pesquisas, sendo o principal objetivo do método a produção de informações aprofundadas e atualizadas, levando em consideração aspectos da realidade, centrando-se na dinâmica das relações sociais. Conforme o com Mynaio 2008, p.57: “O método qualitativo é adequado aos estudos da história, das representações e crenças, das relações, das percepções e opiniões, ou seja, dos produtos das interpretações que os humanos fazem durante suas vidas, da forma como constroem seus fatos materiais e a si mesmos, sentem e pensam” (MINAYO, 2008, p.57). Nesse trabalho, optou-se por utilizar pesquisa exploratória descritiva, para que se tenha mais proximidade com o tema abordado, utilizando-se de levantamentos bibliográficos, citações e entrevistas com os Profissionais. Desse modo, fazer uma análise descritiva do objeto de estudo, considerando o referencial teórico e os dados coletados através de entrevista semi estruturada, com questionário previamente elaborado, com intuito de trazer flexibilidade para confirmar as informações apresentadas. Nesse sentindo, o trabalho delimita o tema a ser abordado, descreve a problemática, define o objetivo geral e os objetivos específicos, justifica a escolha do 29 29 tema, assim, descreve o referencial teórico que dará a fundamentação teórica para este estudo; define a metodologia e descreve as técnicas utilizadas, caracteriza a organização estudada e os participantes da pesquisa, como os instrumentos e procedimentos utilizados para a coleta e análise dos dados; em seguida apresenta e discute os resultados. 7.1 APRESENTAÇÃO DOS DADOS Foi iniciado um questionário sobre a atuação do Assistente Social no enfrentamento do abuso sexual contra crianças e adolescentes e a Rede de Proteção. Quando é realizado o atendimento no CREAS, as criançase adolescentes que vivenciaram situações de abuso sexual são atendidas pelo Educador Social, Pedagogo, Assistente Social, Psicóloga e Advogado, segundo os dados colhidos. Os casos relatados pelos participantes da pesquisa, mostram que há uma sequência em relação ao atendimento as famílias. Na maioria dos casos, o primeiro atendimento é feito pelas Assistentes Sociais, que faz o acolhimento à mãe, à criança e ao adolescente a entrevista inicial. Porém, quando a necessidade de escuta individualmente a genitora, enquanto a Assistente Social a atende, a criança ou adolescente é atendido pela educadora social. O segundo atendimento é, geralmente, feito pela psicóloga, que atende inicialmente a criança ou o adolescente. Quando há a necessidade, atende a família, neste último caso, a criança ou o adolescente recebe atendimento da Educadora Social, enquanto a família é ouvida pela psicóloga. O terceiro atendimento é feito pela Assessora Jurídica, que orienta a mãe sobre como proceder legalmente em relação ao caso, e se a criança ou adolescente for prestar algum depoimento, a Assessora Jurídica, também, os orienta. Os dados entrevistados acerca dos Profissionais envolvidos no atendimento estão em conformidade com o que estabelece o Guia Operacional do CREAS (Brasil , 2006a) ao citar que a equipe, composta pelo Assistente Social, Advogado, Psicólogo, Educador Social, não deve atuar de maneira isolada, os atendimentos devem estar integrados e toda a equipe deve ter acesso aos procedimentos adotados por seus membros. 30 30 Composição da equipe Profissionais do Centro de Referência Composição das equipes profissionais que integram os Serviços de Enfrentamento da Violência contra a Criança e o Adolescente no Município de Parnaíba/Piauí. M unicípio A ssistentes Sociais P sicólogos P edagogos E ducador Social A dvogado T otal P arnaíba 04 02 01 0 2 0 1 1 0 Desse modo, foi realizado um levantamento de alguns critérios de seleção da amostragem, de modo que fosse a mais representativa possível do universo pesquisado. Gráfico 1. Origem das denúncias encaminhadas ao CREAS no período com base no período em análise. Fonte: Abuso Sexual CREAS/ 2021 Com base no período em análise, constata-se que para cada 75% houve encaminhamento, contra 29% dos casos em que, há registro de encaminhamento até o momento de conclusão do levantamento. (Gráfico 2) 31 31 Gráfico 2: Percentual dos encaminhamentos feitos pelo CREAS no período em análise. Fonte: Abuso Sexual CREAS/ 2021 Desses encaminhamentos a maioria 57% dos casos, foram atendidos pelos serviços internos do CREAS, e 29% foram encaminhados para vários serviços da rede socio-assistencial do Município; 14% foram encaminhados para outros serviços socio-assistenciais. Os discursos dos Profissionais, demonstram preocupação quanto às demandas institucionais não atendidas. O Assistente Social, pontua que os objetivos profissionais estão inscritos nos atendimento às famílias, a partir da viabilização de recursos às mesmas, visando à superação das situações da violência. Contudo, reconhece os limites, tanto Institucionais quanto profissionais, entre as demandas Institucionais e as demandas Profissionais. Por meio das entrevistas realizadas, observa-se o quão importante é a visão de um atendimento amplo realizado nos casos de violação de Direitos contra a criança e ao adolescente. Mas para que esses atendimentos tenham eficácia é necessário uma articulação entre os serviços existentes para enfrentar tais situações e que possam garantir a proteção aos usuários. Gráfico 3. Perfil das vítimas 32 32 Fonte: Abuso Sexual CREAS/2021 As vítimas, em sua maioria, enquadram-se nas faixas etárias de 14 a 17 anos 46%; de 10 a 13 anos 31% ; e por fim de 05 a 09 anos 23% dos casos. Gráfico 4. Percentual dos abusadores usuários de drogas registrados no CREAS período em análise. Fonte: Abuso Sexual CREAS/2021 33 33 Dentre os agressores os registros informam que 49% não fazem uso de drogas; em contrapartida 39% são usuários de drogas. As mais consumidas são o álcool, além do álcool, consomem outras drogas. Gráfico 5. Relação entre a vítima e o abusador sexual. Fonte: Abuso Sexual CREAS/2021 O abusador, em 41% dos casos, é o padrasto da vítima e em 33% é o pai mesma. Aparecem como outras categorias de abusadores: Tios e outros. Gráfico 6: Renda das famílias identificadas no período em análise. 34 34 Fonte: Abuso Sexual CREAS/ 2021 De acordo com os dados, 82% das vítimas são de famílias de Classe Baixa, com apenas 15% de Classe Média; 3% não foi informado a renda familiar. Gráfico 7. Organização familiar das vítimas. Os registros dos casos identificam as seguintes estruturas familiares das vítimas: de maneira predominante 41% são de família nuclear simples; são de família nuclear reconstituída 31%; 18% de família nuclear externo; são de família de genitores ausentes 10%. 35 35 7.2 ANÁLISE DOS DADOS A importância da atuação do Assistente Social e do Sistema de Garantia de Direitos, da Rede de Proteção ao Abuso Sexual e Exploração Sexual contra crianças. É indispensável, articulada para garantir a realização do atendimento adequado diante da situação de violência sexual com crianças e adolescentes. A pesquisa deve sempre contemplar uma atuação baseada no interesse superior dos sujeitos de Direitos, sendo indispensável aos profissionais orientar suas intervenções no preceito da proteção integral e nas diretrizes do Estatuto da Criança e Adolescente - ECA. Apesar do avanço em 1990, quando surgiu o ECA, muitas crianças e adolescentes continuam sendo vítimas das diferentes formas de violações de Direitos, em especial o abuso sexual intrafamiliar. O expressivo cenário de violências contra o público infantojuvenil demonstra a existência de lacuna entre os dispositivos legais e a efetivação dos seus Direitos. Portanto, enfrentar essas questões sociais, parece ser salutar a uma profissão que ocupa espaço importante da Política Social que, embora contraditória, pode assumir caráter estratégico na defesa dos Direitos Humanos e Sociais, e, portanto, capaz de enfrentar a violência. Nessa perspectiva, superar ações Profissionais que se limitam usuários/atendimento, fortalecendo iniciativas de coletivização das demandas apresentadas pelos destinatários deste Serviço, pode contribuir como uma contra-tendência à fragmentação que invade vário setores das Políticas Sociais. Certamente os atendimentos e encaminhamentos individuais são importantes, seja para captar a realidade vivenciada pelos sujeitos de Direitos, garantir um espaço de escuta e de promoção de reflexão ou viabilizar acessos a outros serviços, considerando a singularidade das necessidades demandadas por cada usuário. Todavia, a coletivização de certas demandas possibilita abrir espaços para potencializar e buscar o reconhecimento do sujeito a partir do outro. Assim, de acordo com as narrativas dos profissionais que compõe a Rede de Proteção Social Especial - PSE, supõe que o rompimento com a violência perpassa o acesso aos Direitos fundamentais, que embora assegurados por leis, contudo, 36 36 encontram desafios para serem efetivamente materializados. Tais considerações revelam o Serviço Social, como uma Profissão que se inscreve no campo de lutas em defesa e ampliação da cidadania, tem um papel importante no enfrentamento da violência e, portanto, no fortalecimento dos sujeitos sociais. 7.3 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS Este trabalho virá a contribuir em várias instâncias de redes de proteção infanto- juvenis, no sentido de garantir respaldo científico para ações intervencionistas,pretende exercer um olhar crítico sobre a realidade local. O Serviço de Enfrentamento à violência, assim como outros serviços inscritos no campo das Políticas Sociais, constituem um celeiro empírico riquíssimo, ao oferecer dados e informações valiosas da realidade. Nesse sentindo, um arranjo rigoroso, de tais dados e informações tem a capacidade de fundamentar ações e estratégias de lutas, contra práticas de violência que afetam os destinatários desse Serviço. É fundamental situar o Serviço Social, no processo de reprodução das relações sociais, o que remete à necessidade de compreensão do significado social da Profissão, que só pode ser entendida a partir de sua inserção neste modelo de sociedade. Nessa perspectiva, a Ética Profissional é mediada por posicionamentos, ações e práticas, que devem estar articuladas com atitudes de: competência, sigilo e compromisso. A ideia dessa pesquisa, é a análise da atuação Profissional, das discussões, dos resultados colhidos, das análises realizadas, dos limites e desafios superados, de novas propostas de intervenções, novos elementos apresentados, novos saberes adquiridos, da articulação dos saberes e acima de tudo, da ampliação do conhecimento a partir de uma prática Profissional sob a realidade de duas histórias, onde o singular ganha consciência crítica sobre o universal. Diante disso, face à todas as questões abordadas, é significativo que o Profissional no enfrentamento da questão da violência, em especial o abuso sexual com crianças e adolescentes, tenha como postura a busca pelo conhecimento, como funciona a Rede de Proteção da família e dos Serviços o qual subsidiarão as intervenções adotadas. Dessa forma Gueiros YASBEK, 2002.p. 119 confirma : 37 37 Não basta conhecer a família nos seus aspectos modernos e para qual muitas vezes o Assistente Social dirige sua prática profissional no cotidiano, é preciso compreender a inserção social e o papel que lhe é atribuído. Contudo, é necessário que haja recursos na esfera pública de forma universal que assegure Proteção Social para que a família e seus membros possam obter efetiva provisão de sua autonomia, respeitos em seus direitos sociais e civis. Nesse sentido, trabalhar com a família pressupõe compreender a complexidade da situação do abuso sexual ocorrida no âmbito familiar. É necessário é ter um plano de intervenção e novas estratégias de enfrentamento, significa que o profissional tenha, um olhar amplo na compreensão sócio histórica da tipologia de violência, e acima de tudo, uma escuta qualificada. Diante desse contexto, a escuta é um instrumento relevante em todo o processo de atendimento, mas é individual que se torna fundamental, pois ajuda organizar as intervenções, assim como avaliar como a demanda trazida, no acolhimento se expressa na realidade vivida, o que conduz buscar compreensão e aprofundamento teórico sobre a complexidade do abuso sexual intrafamiliar com crianças e adolescentes. Assim, todas as demandas trazidas, somente poderão ser confirmadas após diferentes ações, atendimentos e intervenções, porque é necessário conhecer a realidade das famílias e isso ocorre quando observa atentamente, todos os fatores que envolve o contexto familiar social e psicológicos. Entende-se que o processo de intervenção profissional nesse campo pressupõe reconhecer a complexidade da demanda numa perspectiva de totalidade e contraditório sobre o qual as ações Profissionais se desenvolvem. Trata-se de um problema social, encontrado em diferentes culturas ultrapassa as barreiras socioeconômicas. Um dos fatores que dificulta o manejo diante de qualquer das violências vivenciadas, dar-se pelo fato de existir vínculo familiar entre a vítima e violador. Os abusadores não possuem um perfil homogêneo ou um tipo específico, mas, um aspecto recorrente é a proximidade com a criança ou adolescente na convivência cotidiana no ambiente da familiar. Nesse sentindo, o espaço de atuação para o Profissional do Serviço Social proporcionado pelo Centro de Referência Especializado de Assistência Social - CREAS, é amplo nas possibilidades de atuação com a Rede de Proteção Social, 38 38 composta pela pelas Políticas Públicas setoriais. E amplo no que se refere à atuação envolvendo o núcleo familiar, como as respectivas relações familiares. Diante desse contexto, fica evidente a responsabilidade do Profissional por proteger e reivindicar Direitos. Faz-se necessário, que maneira aparente evidenciar que a metodologia do grupo multifamiliar, encontra-se como uma das possibilidades de instrumento técnico-operativo do Serviço Social. Superar toda forma de violência contra crianças e adolescentes e, em particular, superar a violência sexual, por tudo apresentado, não significa necessariamente extingui-la, mas consiste principalmente em criar mecanismos para promover a visibilidade aos direitos humanos e aos dispositivos de enfrentamento. 5. OBJETIVOS 5.1 OBJETIVO GERAL ✓ Refletir criticamente acerca da atuação do Assistente Social, no enfrentamento do abuso sexual intrafamiliar contra a crianças e adolescentes. 5.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ✓ Possibilitar a discussão sobre a Redes de Proteção que compõe o Sistema de Proteção, no enfrentamento do abuso sexual; ✓ Analisar as expressões da questão social, que contribuem para a vitimização de crianças e adolescentes, vítimas de abuso sexual intrafamiliar. Identificando as estratégias de enfrentamento em redes; ✓ Analisar as potencialidades e limitações de forma crítica, a fim de dar contribuições sólidas acerca do enfrentamento do Abuso Sexual contra crianças e adolescentes. Considerando os antagonismos, que compõem a atuação nesse setor. 39 39 8 CONCLUSÃO Os resultados da pesquisa apresentaram, que as competências e atribuições do Assistente Social no Centro de Referência Especializado de Assistência Social - CREAS, exigem dos Profissionais um trabalho em rede nas questões de violações de Direitos. Possibilitou-se, tecer algumas considerações. Evidentemente, não tem a pretensão de que tais considerações sejam conclusivas, mas tão somente sejam capazes de suscitar reflexões e incentivar a realização de novos estudos acerca do tema. O percurso realizado proporcionou uma aproximação com a prática 40 40 profissional do Assistente Social E o Sistema de Garantia de Direitos, diante do enfrentamento do abuso sexual intrafamilar, permitindo reafirmar a exigência de excelência em todo o seu processo de trabalho. Contudo, a objetivação de uma prática Profissional competente encontra desafios, visto que é mediada por determinações que a condicionam, conferindo limites e possibilidades à ação profissional. Neste sentido, buscou-se compreender a atuação do Assistente Social no enfrentamento ao Abuso Sexual intrafamiliar com Crianças e Adolescentes e a importância do Sistema de Garantia de Direitos, com a Rede de Proteção. Assim, o Centro de Referência Especializado de Assistência Social - CREAS e sua importância na garantia de Direitos. Pode-se, constatar que as situações de violação de Direitos são, sobremaneira, expressões da questão social, que se materializam nos espaços Institucionais e, portanto, matéria-prima e objeto de trabalho do Serviço Social, que refletem as desigualdades sociais e econômicas latentes na sociedade. Violações essas que ao longo da pesquisa foram observadas no campo de Estágio Supervisionado em Serviço Social. Considerando-se, ser importante fazer essa constatação, para que em meio a estas expressões o/a Assistente Social empreende cotidianamente suas potencialidades Profissionais aprimorando o olhar crítico as singularidades sociais sobre as expressões da questão social e consequentemente a simplificaçãoda atuação Profissional. Constatou-se, que no espaço cotidiano do Centro de Referência Especializado de Assistência Social - CREAS, a execução das atividades Profissionais, pauta-se a partir dos instrumentos normativos, que norteiam as ações da Proteção Social Especial - PSE e da própria Profissão. Portanto, procurou-se evidenciar, a fim de que seja compreendido como se estabelece a atuação Profissional do/a Assistente Social no enfrentamento do abuso sexual. Não tem a intenção de esgotar o assunto com esta discussão e nem que as conclusões sejam imutáveis no universo da pesquisa. Tais demandas ao serem ressignificadas a partir da competência profissional, permitem o descortinamento dos nexos da questão social e a diferenciação entre as demandas profissionais e as demandas institucionais. De tal modo que essa 41 41 ressignificação de demandas são necessárias a uma prática Profissional emancipadora. Portanto, a ação Profissional não pode abster-se de uma postura investigativa, com condição necessária para ultrapassagem do aparente. Alinhada a esta perspectiva, uma dada expressão da violência apresentada como demanda da atuação do Assistente Social, constitui-se como ponto de partida e ponto de chegada da ação Profissional. REFERÊNCIAS Ajuriaguerra, J. & Marcelli, D 1998. Manual de psicopatologia infantil (5ª Ed. Porto Alegre: Artes Médicas. BATISTA, Miryan Veras. A investigação em Serviço Social. São Paulo: Veras: Ed. Lisboa Portugal, 2006. BRASIL, Estatuto da Criança e do Adolescente, 2009. 42 42 CFESS, Parâmetros para atuação de assistentes sociais na política de assistência social, 2011. Disponível em: http://www.cfess.org.br/arquivos/Cartilha_CFESS_Final_Gráfica.pdf. DESLANDES, Suely Ferreira; VIEIRA, Luiza Jane Eyre de Souza; CAVALCANTI, Ludmila Fontenele; SILVA, Raimunda Magalhães da. Atendimento à saúde de crianças e adolescentes em situação de violência sexual, em quatro capitais brasileiras. Interface, Botucatu, vol.20, n.59, p.865-877, 2016. FAHLBERG, V. (org). Textos Básicos, apostila da Disciplina “Capacitação para Entrevista de Revelação no Caso de Abuso Sexual”, Depto. de Serviço Social / PUC-Rio, 2001 (mimeo). FALEIROS, Eva T. Silveira. Repensando os conceitos de violência, abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes. Brasília: Thesaurus, 2000. FALEIROS, V. P., & Faleiros, E. T. S. (2001). Circuito e curtos-circuitos: atendimento, defesa e responsabilidade do abuso sexual contra crianças e adolescentes no Distrito Federal. São Paulo: Veras. GONÇALVES, H.S. Supervisão de Profissionais em Abuso Sexual. In: OLIVEIRA, A.C (org). Abuso Sexual de crianças e adolescentes: desafios na qualificação profissional. 2.ed.Rio de Janeiro: NOVA Pesquisa, 2004. p. 49-56. GIL, Antônio Carlos. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002. GUERRA, Viviane. Nogueira .de Azevedo. O conhecimento crítico na reconstrução das demandas profissionais contemporâneas. In: Myrian Veras Baptista; Odária Battini.. (Orgs.). A prática profissional do Assistente Social - teoria, ação, construção do conhecimento. São Paulo: Veras Editora, 2009, v. I, p. 79 - 106. http://www.cfess.org.br/arquivos/Cartilha_CFESS_Final_Gráfica.pdf 43 43 IAMAMOTO, Marilda Villela; CARVALHO, Raul de. Relações Sociais e Serviço Social no Brasil: Esboço de uma interpretação histórico-metodológica. 34. ed. São Paulo: Cortez, 2011. IAMAMOTO, Marilda Villela. A questão social no capitalismo. Temporalis: Revista da Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social. Brasília, v. 2, n. 3, p. 9-31, jan/jun. 2001. IAMAMOTO, M Vilela & CARVALHO, Raul. Relações Sociais e Serviço Social. São Paulo, Cortez, 1982. ______A Questão Social no Capitalismo. In: Revistas Temporalis, Ano 2, nº 3, Brasília, 2001. MATIAS, Delane Pessoa. Abuso sexual e sociometria: um estudo dos vínculos afetivos em famílias incestuosas. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S141373722006000200008& lang=pt>. MINAYO, Maria Cecília de Souza. Ciência, Técnica e Arte: O Desafio da Pesquisa Social. MINAYO, Maria Cecília de Souza (Org). Pesquisa Social: Teoria, Método e Criatividade. 6. ed. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 1994. LOPES, Márcia Helena Carvalho. Políticas Intersetoriais Integradas. Londrina: Universidade Estadual de Londrina – Uel, 2008. NUNES, Renata. A prática profissional do assistente social no enfrentamento da violência: a desafiadora (re) construção de uma particularidade. 2011. 156 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Serviço Social, Centro Sócio Econômico, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2011. 44 44 SOUZA, Anna Maria Nunes de. A família e seu espaço: uma proposta de terapia familiar. 2. ed. Rio de Janeiro: Agir, 1997. TORRES, Marck de Souza. Adolescência e abuso sexual intrafamiliar: avaliação dos impactos psicológicos e reajustes identitários-identificatórios com métodos projetivos. Disponível em: <http://repositorio.unb.br/bitstream/10482/18113/1/2014_MarckdeSouzaTorres.pdf>. YASEBEK, M C. Classe subalternas e assistência social. 3ª ed. São Paulo: Cortez, 1999. BOURGUIGNON, J.A; BARBOSA, M. T. Concepção de Rede de Proteção em Serviço Social. In: II CONGRESSO INTERNACIONAL DE POLÍTICA SOCIAL E SERVIÇO SOCIAL: DESAFIOS CONTEMPORÂNEOS; III SEMINÁRIO NACIONAL DE TERRITÓRIO E GESTÃO DE POLITICAS SOCIAIS; II CONGRESSO DE DIREITO À CIDADE E JUSTIÇA AMBIENTAL. Londrina, 2017. Disponível em: https://www.congressoservicosocialuel.com.br/anais/2017/assets/130665.pdf APÊNDICE APÊNDICE - QUESTIONÁRIO 1. Origem das denúncias encaminhadas ao CREAS no período com base no período em análise. Instituições denunciantes: Conselho Tutelar Vara da infância Serv. rede socio assistencial Denúncia espontânea 2. Percentual dos encaminhamentos feitos pelo CREAS no período em análise. ( ) Serviços internos do CREAS; ( ) Serviços da rede socio assistencial; ( ) Encaminhamentos para outros serviços. 3. Perfil das vítimas conforme a faixa etária. 5 a 9 anos 10 a 13 anos 14 a 17 anos 4. Percentual dos abusadores usuários de drogas registrados no CREAS período em análise. Não ( ) Sim ( ) Não informado ( ) 5. Relação entre a vítima e o abusador sexual. Padrasto Pai Tios Outros 6. Renda das famílias identificadas no período em análise. 47 Classe Social Baixa ( ) Média ( ) Alta ( ) 7. Organização familiar das vítimas. Família nuclear simples ) Família nuclear externa ( ) Família nuclear reconstituída ( ) Família de genitores ausentes ( ) . ANEXOS PREFEITURA MUNICIPAL DE PARNAÍBA SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO SOCIAL E CIDADANIA - SEDESC CENTRO DE REFERÊNCIA ESPECIALIZADO DA ASSISTÊNCIA SOCIAL – CREAS I- IDENTIFICAÇÃO Denúncia: Vítima: Idade: Agressor: Endereço: Parnaíba, _____de_____2021 ___________________________________ Assistente Social CREAS - Parnaíba/PI PREFEITURA MUNICIPAL DE PARNAÍBA SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO SOCIAL E CIDADANIA - SEDESC CENTRO DE REFERÊNCIA ESPECIALIZADO DA ASSISTÊNCIA SOCIAL – CREAS VISITA DOMICILIAR - (ASSISTENTE SOCIAL) 1. IDENTIFICAÇÃO DA FAMÍLIA:Nome do responsável pelas informações___________________________________________ Documento de identificação_____________________________________________________ Responsável pela família_______________________________________________________ Apelido_____________________________________________________________________ Endereço____________________________________________________________________ Bairro___________________________________CEP_______________________________ Ponto de Referência___________________________________________________________ Telefone para contato__________________________________________________________ Quantidade de pessoas na família___________________Quantos trabalham______________ Renda familiar_______________________________________________________________ NIS________________________________________________________________________ OBS:_______________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ COMPOSIÇÃO FAMILIAR Nome Completo Data de Nascimento Idade Livro e Fls MOTIVO DA VISITA ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________
Compartilhar