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Trabalho_de_Fim_de_Curso_JOHAR_MUCUSSETE_2017

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Universidade São Tomás de Moçambique 
Faculdade de Ética, Ciências Humanas e Jurídica 
Licenciatura em Psicologia Clínica 
 
Acompanhamento Psicológico De Um Adolescente Com Perturbação 
Fonológica 
 Estudo de Caso: Infantário da Matola 
 
 
 
 
 Johar Ali Mucussete 
 
 
 
 
Maputo 
2017 
 
II 
 
Johar Ali Mucussete 
Licenciatura em Psicologia Clínica 
Acompanhamento Psicológico De Um Adolescente Com Perturbação 
Fonológica 
Estudo de Caso: Infantário da Matola 
 
 
 
Relatório de estágio apresentado a Faculdade de Ética, 
Ciências Humanas e Jurídicas, como culminação de curso e 
requisito parcial para obtenção do grau de Licenciada em Psicologia 
Clínica 
 
 Supervisores: Jossyel Mac Tacula (USTM) 
 Célia Monjane (Infantário da Matola) 
 
 
 
 
 
Maputo 
 2017 
 
III 
 
Dedicatória 
Dedico este Trabalho á memória da minha mãe Ancha Muzé Sebo e a minha avó 
Amina Saíde Omar duas pessoas que gostaria que estivessem fisicamente presentes para 
partilhar comigo este momento da minha vida. 
 
IV 
 
 Agradecimento 
Agradeço ao meu amado esposo Vali Issufo, pelo apoio e paciência constante. Pelo 
acolhimento em momentos difíceis desta trajetória, pelo amparo, amor e confiança sempre 
depositada. 
Aos meus restantes familiares, avós, tios, primos, cunhados, sogra e sobrinhos que 
não deixaram de contribuir para a minha formação com o seu apoio moral e por vezes 
material. 
Um agradecimento especial vai ao meu orientador Jossyel Tacula pelo seu apoio e 
acompanhamento incondicional em todos os momentos da realização deste trabalho. 
Agradeço também a todos que de alguma forma contribuíram para tornar essa 
construção possível, em especial as minhas colegas e amigas da faculdade de curso de 
Psicologia, que partilharam comigo alegrias e algumas dificuldades desde o primeiro ano até 
a culminação do curso. Agradeço pelo apoio moral e científico prestado durante os estudos e 
para a realização deste trabalho. Particularmente á Sandra David, Camila Rodrigo, Sílvia 
Munguambe, Vitalina Paulino e Carol Tembe, que a nossa amizade não termine na faculdade. 
Por fim agradeço a equipa que acolheu o estágio e que auxiliaram enormemente na 
concretização dos objectivos do mesmo, trazendo uma contribuição, positiva para o campo de 
Psicologia. 
 
 
 
 
V 
 
Resumo 
O presente relatório retrata o estágio curricular da Licenciatura em Psicologia Clínica 
da Universidade São Tomás de Moçambique realizado no ano lectivo 2015, no Centro do 
Infantário da Matola, o qual teve uma duração de 3 meses. 
 O estágio é um processo de aprendizagem indispensável para os profissionais estarem 
preparados para enfrentar os desafios da profissão. Neste âmbito, o estágio curricular teve 
como objectivo dar, à estudante finalista, a oportunidade de aplicar os conhecimentos teóricos 
adquiridos, ao longo do curso, contribuir para a aquisição de experiência e competências 
profissionais, reflectir sobre as práticas e as aprendizagens, no contacto com a realidade, e 
promover a formação ética alicerçada na componente teórica. 
Este relatório encontra-se organizado em Cinco capítulos: o primeiro capítulo abarca 
a descrição do local e a descrição do estágio; O segundo Capítulo apresenta aspectos 
metodológicos seguidos na realização do presente trabalho; O terceiro Capítulo apresenta a 
fundamentação teórica da patologia em estudo; O quarto Capítulo consiste na Descrição do 
estudo de Caso enquanto o quinto Capítulo apresenta as considerações finais advindas do 
estágio, recomendações, referências bibliográficas e, por último, são apresentados os anexos. 
 
 
 
 
VI 
 
Índice 
Dedicatória III 
Agradecimento IV 
Resumo V 
Índice de Tabelas IX 
Siglas e Abreviaturas XI 
Introdução 1 
Capitulo 1 3 
1. Descrição do local de Estágio 3 
1.1. Historial da instituição e seu funcionamento actual ......................................... 3 
1.2. Dificuldades do infantário ................................................................................ 6 
1.3. Pessoal Beneficiário ......................................................................................... 6 
1.4. Pessoal funcionário e sua ordenação Hierárquica ............................................ 6 
1.5. Estágio Integral ................................................................................................ 7 
1.6. Objectivos do Estágio....................................................................................... 7 
1.6.1. Geral ............................................................................................................. 7 
1.6.2. Específicos .................................................................................................... 7 
1.7.1. Geral ............................................................................................................. 8 
1.7.2. Específicos .................................................................................................... 8 
1.8. Descrição da Observação de actividades no contexto do estágio .................... 8 
1.9. Avaliação das Necessidades ........................................................................... 10 
1.10. Acompanhamento e supervisão do estágio ................................................. 11 
Capítulo 2 12 
2. Metodologia 12 
2.1. Método ........................................................................................................... 12 
2.2. Técnicas .......................................................................................................... 12 
2.3. Objecto de Estudo .......................................................................................... 14 
Capítulo 3 15 
3. Fundamentação teórica ................................................................................... 15 
3.1. Evolução Histórica do conceito Perturbação Fonológica ................................. 15 
3.2. Natureza da Perturbação.................................................................................... 16 
3.3. Perturbações dos Sons e da Fala (PSF) ............................................................. 16 
3.4. A perturbação Especifica da Articulação (PA) ......................................... 16 
3.5. Perturbação Fonológica (PF) ............................................................................. 16 
 
VII 
 
3.6. Modelos Explicativos da Perturbação de fonológica ........................................ 18 
3.6.1. Teoria Behaviorista ........................................................................................ 18 
3.6.2. Teoria Estruturalista ....................................................................................... 18 
3.6.3. Teoria Biológica ............................................................................................. 19 
3.6.4. Teoria da Fonologia Natural .......................................................................... 19 
3.7. Avaliação ........................................................................................................... 20 
3.8. Componente da avaliação para perturbação fonológica .................................... 20 
Classificação Segundo CID-10 ................................................................................ 22 
Classificação Segundo DSM-IV-TR ........................................................................ 22 
Características Especificas da Cultura e do Género ................................................. 22 
Prevalência ............................................................................................................... 224.1. Diagnostico Multiaxial ................................................................................... 23 
5.0. Psicoterapia .................................................................................................... 24 
5.1. Modelos de Intervenção Terapeuta ................................................................ 24 
5.2. Descrição dos testes usados no estudo de Caso ............................................. 28 
5.2.1. Testes projectivos ....................................................................................... 28 
5.2.2. HTP- (Casa, Arvore, Pessoa) ...................................................................... 28 
5.2.3. Escala do Comportamento Adaptativo ....................................................... 28 
Capitulo 4 30 
6.0. Descrição do Estudo de Caso 30 
6.1. Descrição da Criança e do seu Meio .............................................................. 30 
6.2. Dados de identificação ................................................................................... 30 
6.3. Problema apresentado .................................................................................... 30 
6.4. História do problema actual ........................................................................... 30 
6.5. História social ................................................................................................. 31 
6.6. Dinâmica do paciente ..................................................................................... 31 
6.7. Critérios do DSM- IV- TR ............................................................................. 32 
6.9. Diagnóstico diferencial para a Perturbação Fonológica ................................. 33 
6.10. Prognóstico ................................................................................................. 33 
6.11. Perfil Intra-Individual ................................................................................. 34 
6.12. Resultados Obtidos pelo Teste de HTP ...................................................... 35 
6.13. Avaliação do Funcionamento Adaptativo .................................................. 36 
6.14. Plano de Intervenção .................................................................................. 38 
 
VIII 
 
Capítulo 5 41 
7.0. Análise geral do processo como um todo 41 
7.1. Perspectiva profissional.................................................................................. 42 
8.0. Conclusão 43 
8.1. Recomendações .............................................................................................. 45 
9.0. Referências Bibliográfica 46 
9.1. Documentos electrónico ................................................................................. 47 
10.0. Anexos 49 
10.1. Escala de Comportamento Adaptativo ....................................................... 49 
10.2. Entrevista (Anamnese) ............................................................................... 49 
11.0. Apêndices 50 
11.1. Teste HTP ................................................................................................... 50 
11.2. Desenho livre (Metaphon) .......................................................................... 50 
11.3. Diário do Estágio ........................................................................................ 50 
 
 
 
IX 
 
Índice de Tabelas 
Tabela 1 Principais Actividades no Infantário ............................................................... 9 
Tabela 2 Diagnóstico Multiaxial .................................................................................. 23 
Tabela 3 Modelos de Intervenção ................................................................................ 25 
Tabela 4 Perfil Intra- individual do caso de estudo ..................................................... 34 
Tabela 5 Análise do desenho HTP (Casa) ................................................................... 35 
Tabela 6 Análise do Desenho HTP (Pessoa) ............................................................... 36 
Tabela 7 Síntese do funcionamento adaptativo do caso em estudo ............................. 37 
Tabela 8 Objectivos Terapêuticos ............................................................................... 38 
Tabela 9 Plano de Intervenção Psicológico ................................................................. 39 
 
 
 
X 
 
Índice de Figuras 
Figura 1 prevalência das Perturbações Fonológicas .................................................... 17 
 
 
 
 
 
XI 
 
Siglas e Abreviaturas 
APA- Associação dos Psicólogos Americanos 
BR - Nome fictício do Paciente 
ECA- Escala de Comportamento Adaptativo 
HTP - House, Tree, Person (Casa, Árvore e Pessoa) 
USTM- Universidade São Tomas de Moçambique 
PA- Perturbação Articular 
PF - Perturbação Fonológica 
PSF- Perturbação dos Sons e da Fala 
PACT - Parent and Children Together 
TF - Terapeuta de Fala 
 
 
XII 
 
RELATÓRIO DO ESTÁGIO INTEGRADO 
Tipo do Estágio: Estágio Integral do Curso de Psicologia Clínica 
Local de Estágio: Centro de Infantário da Matola 
Período de realização do estágio: Maio a Agosto de 2015 
Supervisores do estágio: Dr. Inácio Jorge Jússa (USTM) e a Psicóloga Célia Monjane 
(Infantário da Matola). 
 
Identificação do estudante 
Estagiária: Johar Ali Mucussete – Código: 201121059 
Disciplina: Estágio Final e Supervisionado 
Endereço: telemóvel – 821317694 ou 840160255; correio electrónico: 
joaria.aly@gmail.com 
Local de estágio: Infantário da Matola 
Como parte integrante das obrigações do Estágio Integral e para obtenção do título de 
Licenciatura em Psicologia Clínica pela Universidade São Tomás de Moçambique 
(USTM), o relatório foi elaborado sob orientação do Dr. Jossyel Mac Tacula. 
 
Introdução 
O presente relatório insere-se no âmbito do estágio curricular de Licenciatura em 
Psicologia Clínica na Universidade São Tomás de Moçambique realizado no ano lectivo 
2015, no Centro do Infantário da Matola. Este relatório é parte da longa etapa de uma 
caminhada de aprendizagem construída durante os quatro anos do curso. O estágio curricular 
é um componente fundamental, na medida em que permite aplicar todos os conhecimentos 
adquiridos, contribuindo, de igual modo, como dimensão para o desenvolvimento pessoal e 
profissional. 
Durante o período do estágio fez se o acompanhamento de várias crianças internadas 
no infantário incluindo a participação nas actividades quotidianas da instituição. Especial 
destaque vai para o paciente descrito no relatório com problemas de perturbação na fala onde 
realizaram-se testes, relacionados a perturbação na fala, que culminaram com uma proposta 
de intervenção com vista ao acompanhamento psicológico adequado. 
Os objectivos do estágio foram assegurados através do plano padrão da disciplina de 
estágio. Este plano foi facultado a estagiária no início do estágio e a partir dos objectivos 
traçados pela disciplina, foram desenvolvidas, pelos estagiários, actividades como assistência 
medicamentosa e assistência educacional, ambas contempladas no relatório. 
Na perspectiva de motivação pessoal, o estágio curricular teve como objectivos 
aplicar os conhecimentos teóricos adquiridos ao longo do curso, contribuir para a aquisição 
de experiência e competências profissionais, reflectir sobre as práticas e aprendizagens, no 
contacto com a realidade, e promover a formação ética alicerçada na componente teórica. 
Relativamente às preocupações das famílias que convivem com crianças com perturbações 
Fonológicas, o objectivo da estagiária era de ir ao encontro das necessidades Educativas 
Especiais das crianças que apresentam esta patologia, mediante um estudo baseado na prática, 
de modo a prestar uma colaboração efectiva às instituições que atendem este tipo de 
patologia, através da descrição das características principais da perturbação. 
No que tange à sua estrutura,o presente relatório está organizado em Cinco capítulos: 
o primeiro capítulo abarca a descrição do local e do estágio; o segundo Capítulo apresenta 
aspectos metodológicos seguidos na realização do presente trabalho; O terceiro Capítulo 
apresenta a fundamentação teórica da patologia em estudo; O quarto Capitulo descreve o 
 
2 
 
estudo de Caso, enquanto o quinto Capítulo apresenta as considerações finais advindas do 
estágio, recomendações, referências bibliográficas, Por último, são apresentados os anexos. 
 
 
 
 
 
3 
 
Capitulo 1 
1. Descrição do local de Estágio 
1.1.Historial da instituição e seu funcionamento actual 
O Infantário da Matola, antigamente chamado Aldeia das crianças, criado na década 
de 60 por um casal de nacionalidade portuguesa que se encantou em cuidar de dois irmãos 
gémeos filhos de um casal moçambicano. Após a independência, a referida aldeia passou a 
ser uma instituição do estado e foi baptizada pelo nome Infantário Viveiro da revolução 
tendo como objectivo principal acolher crianças órfãs, privilegiando as deslocadas e 
traumatizadas de guerra. 
A designação” Infantário viveiro da revolução” caiu em desuso, devido às 
transformações sociopolíticas, passando a antiga Aldeia das Crianças a ser chamada 
Infantário da Matola, tendo como propósito, o atendimento de crianças órfãs necessitando dos 
primeiros cuidados maternos, bem como as crianças expostas à vulnerabilidade e a 
marginalização, com idades compreendidas entre três (3) e catorze (14) anos de idade. No dia 
11 de Julho de 2005, o infantário foi reabilitado, ampliado e equipado pela cooperação 
portuguesa e mais tarde mantido através de financiamento moçambicano do Ministério do 
Trabalho e da solidariedade social (comunidade, artistas e demais figuras públicas). O 
infantário conta também com o apoio do programa de cooperação existente no Ministério da 
Mulher e Acção social. 
Na altura em que se designava infantário viveiro da revolução, as crianças nele 
acomodadas vinham transferidas do infantário 1º de Maio, a partir dos 3 anos, e quando 
atingissem os seus 14 anos eram transferidos do infantário da Matola para outros centros 
como é o caso do centro educacional de Chiango, localizada na cidade de Maputo, centro de 
acolhimento Artes e Ofícios da Moamba e a casa do Gaiato, no distrito de Boane. 
De 2003 a 2005, o infantário 1º de Maio passou a transferir grande parte das crianças 
com deficiência, o que alterou o funcionamento normal do infantário da Matola, isto é, este 
passou a ter um tratamento igual ao de uma escola especial, confrontando-se com o princípio 
de que o infantário deve ser um local onde as crianças permanecem transitoriamente. O 
infantário da Matola tem como objectivos dar assistência e protecção a crianças desprovidas 
de ambiente familiar; proporcionar, às crianças, a pré-escolarização e assegurar que as 
mesmas tenham acesso à formação socioprofissional, dependendo da capacidade física e 
 
4 
 
mental das crianças; Dar conhecimentos e ensinamentos que lhes proporcionem um 
crescimento saudável e harmonioso; Defender e fazer respeitar os direitos fundamentais da 
criança, bem como promover a reposição dos direitos que foram violados (por seus 
progenitores ou pessoas desconhecidas). 
O infantário da Matola é uma unidade social tutelada pela Delegação Provincial do 
Instituto Nacional da Acção Social, cujo funcionamento é assegurado pelo orçamento do 
estado, contando também actualmente com parceiros de cooperação como: Unicef, ICDP, 
HANDICAP internacional, Bombas Engen da Matola-Rio, Transportes Lalgy, Millennium 
Bim, Darling e pessoas singulares, sendo de destacar o músico Stewart Sukuma. 
O infantário da Matola tem uma capacidade instalada para 80 crianças e, actualmente, 
atende 70 crianças de idades compreendidas entre 2 e 35 anos de idade, dos quais, 33 são de 
sexo masculino e 37 do sexo feminino. Cerca de 90% são adolescentes e jovens com 
necessidades especiais, por isso há necessidade de se construir um centro especializado para 
atender crianças com necessidades especiais, contando também com um profissional 
especializado na área. Presentemente, as crianças são assistidas por 43 funcionários e agentes 
do estado, dos quais 7 são de sexo masculino e 36 do sexo feminino, designadamente 2 
técnicos profissionais de acção social, 1 profissional de administração pública, 1 responsável 
pedagógico, 2 agentes de educação de infância, 7 auxiliares técnicos de educação de infância, 
5 assistentes técnicos, 19 agentes de serviços, 4 auxiliares administrativos, 2 psicólogas, uma 
das quais é permanente e a outra dá assistência nas sextas-feiras, 1 carpinteiro, 1 jardineiro e 
3 cozinheiras. 
A Direcção Provincial de Saúde alocou, no infantário da Matola, uma enfermeira, que 
trabalha a tempo inteiro, uma psicóloga, uma terapeuta ocupacional, um fisioterapeuta e um 
psiquiatra os quais apoiam o infantário regularmente. Contudo, devido o carácter de trabalho 
que se desenvolve, há défice de pessoal. No infantário da Matola, são realizadas seguintes 
actividades: Reintegração de crianças em suas famílias; participação no processo de adopção 
e tutela; assistência médica e medicamentosa; realização de visitas de acompanhamento pós- 
reintegração familiar; realização de actividades educativas, participação nos processos de 
registos civil; adopção de estratégias visando a participação da comunidade circunvizinha nas 
actividades do infantário e passeios, aos finais de semana, de modo que a criança conheça o 
mundo exterior, para além do local onde se encontra inserida. 
 
5 
 
 Das crianças do Infantário da Matola, 13 estão em idade escolar, nas quais 9 são de 
sexo feminino e 4 masculino, todos frequentando o ensino inclusivo na Escola Primária da 
Matola C na cidade da Matola e Escola inclusiva Eduardo Mondlhane no Distrito da Macie, 
na província de Gaza. 
Para melhorar a sua sustentabilidade o Infantário e reforçar a receita o infantário 
promove a implementação de projectos de geração de rendimento como por exemplo: criação 
de frangos, produção e vendas de ovos, produção de hortícolas e carpintarias; 
No âmbito da melhoria contínua da qualidade do seu quadro de pessoal, o infantário 
promove cursos de capacitação regular e de curta duração para os trabalhadores bem como a 
divulgação da legislação que protege as crianças e os trabalhadores. 
Quanto ao seu espaço físico, o infantário da Matola é uma instituição constituída por 
um refeitório, onde são feitas as refeições diárias das crianças, nomeadamente o pequeno-
almoço, às 8:00,o almoço, às 12:00, e, mais tarde, as crianças têm o direito ao lanche e ao 
jantar. O infantário é constituído por 6 casas, no total, designadamente 3 dormitórios, e 3 
casas onde as crianças praticam as suas actividades. Em cada casa, existem 3 mães, excepto a 
casa 3, que tem quatro mães, pelo facto de se tratar de crianças bebés que necessitam de 
cuidados especiais. Outras infra-estruturas do infantário são a carpintaria, campo de jogos, 
uma lavandaria, capoeira, uma machamba, onde é feita a produção agrícola, um posto de 
saúde, onde se faz a assistência medica e medicamentosa, um espaço administrativo 
(secretarias), um pátio, onde as crianças possam brincar, no momento da socialização e 
tomarem banho de sol, um jardim. A casa 8 é onde são ministradas as formações, pelas 
educadoras do local e onde estas realizam reuniões. 
O infantário da Matola é uma instituição que acolhe crianças que padecem de vários 
tipos de deficiências, sejam elas físicas ou mentais tais como a Microcefalia e a, Hidrocefalia. 
De referir que recebe também crianças portadoras do HIV. 
 
 
6 
 
1.2.Dificuldades do infantário 
As principais dificuldades que o infantário apresenta são: 
 A falta de um centro especializado para atendimento de crianças com 
necessidades especiais; 
 Falta de pessoalcom formação específica, na área de deficiência; falta de 
transporte destinado a passeios e fins escolares; falta de matéria-prima para 
operacionalização da carpintaria; falta de medicamentos, principalmente para 
crianças que sofrem de epilepsia. Outra dificuldade do Infantário da Matola e a 
necessidade de mais cadeiras adaptadas para os seus doentes, facto revelado 
pela Directora da instituição, Laura Francisco Machanguane. O centro tem 12 
crianças com deficiências profundas e que, neste momento, ajeitam-se em 
cadeiras sem condições adequadas. 
1.3. Pessoal Beneficiário 
Os beneficiários do infantário da Matola são as 70 crianças que lá vivem, das quais, 
33 são do sexo masculino e 37 do sexo feminino. Durante o estágio, a autora deste relatório 
teve oportunidade de assistir à reintegração de uma criança de sexo masculino, que estava 
perdida, e ao falecimento de uma das crianças da casa 3, que sofria de deficiências múltiplas. 
1.4.Pessoal funcionário e sua ordenação Hierárquica 
As crianças acima referidas são assistidas por 43 funcionários e agentes do estado, dos 
quais 7 são do sexo Masculino e 36 do sexo feminino, sendo 2 técnicos profissionais de acção 
social, 1 técnico profissional de Administração pública, 2 agentes de educação de infância, 7 
auxiliares técnicos de educação de infância, 5 assistentes técnicos, 19 agentes de serviço, 4 
auxiliares administrativos e 3 auxiliares. 
A Directora do infantário da Matola é responsável pela dinâmica do infantário. 
O Director pedagógico é o responsável pela qualidade de ensino das crianças, e tem a 
missão de criar um projecto pedagógico, organização da direção e controle do infantário. 
A assistente Social tem como responsabilidade amparar as crianças perdidas que, de 
alguma forma, foram abandonadas pelo seus progenitores, ou seja, está voltada para a 
promoção do bem-estar físico e psicológico das crianças perdidas. A Psicóloga Célia é 
responsável pelo bem-estar Psicológico e social das crianças e, como se trata de crianças com 
 
7 
 
necessidades educativas especiais, faz o acompanhamento psicológico das crianças, 
restabelecendo o equilíbrio mental e emocional destas. A técnica de enfermaria é responsável 
pelos cuidados intensivos e o bem-estar das crianças. 
O técnico de psiquiatria é responsável pela medicação das crianças, para equilibrar a 
dinâmica da criança, de modo que as mesmas não tenham recaídas e vivam em harmonia. 
A Fisioterapeuta é responsável pela reabilitação da capacidade física e funções 
motoras das crianças portadoras de deficiência física, buscando a qualidade de vida e 
autoestima. As educadoras não só são responsáveis pela higiene e alimentação como também 
promovem a motivação e alegria das crianças demostrando o seu afecto, cuidando delas como 
se fossem seus próprios filhos. Essas Educadoras ensinam as crianças a saudar, pintar, 
desenhar, pintar, dançar e a cantar. A este respeito, interessa sublinhar que a Direcção 
Provincial de Saúde afectou uma enfermeira que trabalha a tempo inteiro, mais uma 
Psicóloga, uma terapeuta Ocupacional, um Fisioterapeuta e um Psiquiatra, os quais apoiam o 
Infantário, regularmente. 
1.5.Estágio Integral 
O estágio enquadra-se no plano curricular do curso de Psicologia Clínica e realizou-se 
na perspectiva de que os estudantes entrem em contacto com o mundo técnico – profissional, 
permitindo, assim, que possam aliar os conhecimentos teóricos adquiridos, ao longo dos 4 
anos, com técnicas e procedimentos práticos que a profissão de psicólogo clínico exige, de 
modo que os estudantes tenham a noção da realidade profissional e adquiram experiência 
adequada. 
1.6.Objectivos do Estágio 
1.6.1. Geral 
Outorgar aos estudantes uma aprendizagem prática da Psicologia Clínica usando 
instrumentos terapeutas como a psicanálise, terapia de grupo, comportamental, e prestar 
serviços psicoterapeutas à comunidade. 
1.6.2. Específicos 
 Aplicar e aprofundar as teorias de intervenção psico-clínica para a obtenção de 
conhecimento e expandir competências de avaliação e intervenção clínica; 
 
8 
 
 Aprofundar o conhecimento sobre a teoria escolhida cientificamente adequada 
ao estudo de um caso; 
1.7.Objectivos do Estudo de Caso 
1.7.1. Geral 
No que tange ao trabalho realizado (caso de estudo), teve como objectivo o 
diagnóstico do paciente seguido de uma proposta de acompanhamento psicológico do 
mesmo. 
1.7.2. Específicos 
 Identificar os possíveis diagnósticos para o paciente designado; 
 Enumerar as possíveis abordagens de acompanhamento psicológico, a luz da 
literatura corrente, para a patologia identificada; 
 Propor um modelo de intervenção para o paciente designado. 
1.8. Descrição da Observação de actividades no contexto do estágio 
No princípio, fez-se uma apresentação do local, pela assistente social, de modo que a 
estagiária tivesse o conhecimento do local. De seguida, a estagiárias teve oportunidade de 
conhecer um pouco sobre a história de algumas crianças. As actividades tiveram início no dia 
13 de Maio de 2015 e o seu fim no dia 14 de Agosto de 2015. De notar que as actividades 
tiveram uma duração de 88 horas, subdivididas em 8 horas diárias, com uma periodicidade de 
3 vezes por semana. 
Durante o estágio, a estagiária teve a oportunidade de observar e fazer parte da 
dinâmica e equipe do trabalho. No percurso do estágio, foram realizados as seguintes 
actividades: 
No primeiro dia, fez-se uma apresentação da instituição, dos funcionários, educadoras 
e as estagiárias tiveram o primeiro contacto com crianças, de modo a conhecer o 
funcionamento do Infantário. 
No segundo dia, houve uma divisão de grupos de quatro elementos, em cada casa, os 
quais eram supervisionados pelas educadoras. Em seguida, as estagiárias fizeram o 
acompanhamento das refeições das crianças, nomeadamente o pequeno-almoço das 8:00 às 
9:00. A partir do terceiro dia, foram apresentadas as actividades de rotina tais como a 
 
9 
 
participação na assistência alimentar e na medicação das crianças, onde a estagiária dava de 
comer as crianças que tinham dificuldade de comer sozinhas, ajudava as mães no 
deslocamento das crianças para as casas (dentro do centro) onde exerciam as suas 
actividades, e algumas das crianças eram levadas ao pátio para apanhar raios solares. A 
participação alimentar era feita duas vezes, no horário do pequeno-almoço, às 8:00, e do 
almoço, às 12:00 horas. 
Tabela 1 Principais Actividades no Infantário 
Actividade Descrição 
Canto e dança A dança é um factor de motivação, nas actividades, sendo considerada a 
actividade que as crianças mais gostam, e também um factor de 
desenvolvimento de capacidades físicas e integração das crianças que 
participam. Apenas alguns meninos não demonstravam interesse nas 
actividades realizadas com música, dança, porque estavam mais 
interessado em jogar futebol etc. enquanto as meninas mostram-se mais 
interessadas em músicas coreografadas e actividades lúdicas com 
música. Assim, pode-se perceber que a dança traz benefícios para as 
crianças especiais, no centro infantário. 
Machamba A machamba era feita uma vez por semana, com a duração de 30 
minutos, de modo que as crianças não ficassem muito tempo expostas ao 
sol, e a sua finalidade era de estimula-las a conhecer os produtos 
alimentares que elas consomem. 
 
Para além da concretização das actividades mínimas exigidas pelo Regulamento de 
estágio, surgiu a possibilidade das estagiárias de participarem noutras actividades 
institucionais as quais proporcionaram um maior enriquecimento ao estágio, caracterizado de 
seguinte forma: 
 Discussão colectiva dos casos clínicos: dos métodos e técnicas do 
psicodiagnóstico e de melhor conduta a ser tomada, em cada caso. (aqui era 
apresentado pelo estudante, o resumo do perfil sintomatológico e psicológico, as 
hipóteses diagnósticas e as técnicas terapêuticas do caso). 
 Participação na Formação:“ Crianças Deficientes” que tinha com objectivo 
proporcionar aos participantes uma aquisição de conhecimento e capacidades, de 
 
10 
 
modo a actuarem de forma adequada quando confrontados, na sua vida 
profissional, com situações de Suspeitas de crianças com Deficiências. 
1.9.Avaliação das Necessidades 
O período de observação, como referimos, permitiu que se fizesse um levantamento 
de necessidades, no contexto institucional. Embora o presente estágio contemplasse, 
principalmente, o acompanhamento dos casos clínicos (observação, avaliação e intervenção), 
de igual modo envolveu as estagiárias em toda a dinâmica do serviço na qual nos inserimos. 
A fase de observação foi distribuída por cerca de três meses e, durante esse período, 
existiu a oportunidade de se observar diferentes aspectos, tais como as condições do espaço 
físico, as relações de serviços/ departamentos, o contexto ao qual o serviço de Psicologia está 
vinculado ou presta apoio. Ainda que não nos tenha sido possível entrevistar a Direcção ou 
Coordenação de serviço (psicologia e psiquiatria), para a obtenção de dados para efeitos de 
uma posterior intervenção, foi-nos permitido fazer um diagnóstico de necessidades baseado 
numa aproximação à realidade. 
Através desse diagnóstico fez-se o levantamento de informações ou dados que nos 
mostraram quais as necessidades a colmatar, no serviço, facilitando a escolha de alternativas 
ou soluções exequíveis. 
A identificação das necessidades, resultou da análise efectuada a documentos 
relativos ao Departamento de Psicologia, das reuniões informais com a orientadora do estágio 
e da observação do funcionamento do serviço de Psicologia, no contexto da própria 
instituição. Considerando a observação realizada um instrumento de avaliação formal e 
informal, assim como os contactos e reuniões estabelecidas, no local do estágio, e possível 
destacar-se algumas das necessidades de serviços de Psicologia, nomeadamente: 
 Necessidade de programas de intervenção em grupos direccionados para a promoção 
da saúde e prevenção de doenças (Crianças Seropositivas); 
 Ausência de apoio formal aos pais ou familiares com determinadas patologias 
(Dificuldades na Aprendizagem, epilepsia, Hidrocefalias, hiperactividade entre 
outras), consideramos útil contribuir com formações de carácter informativo e/ou 
preventivo de modo a melhorar a interacção entre a criança e os seus familiares mais 
próximo. 
 
11 
 
1.10. Acompanhamento e supervisão do estágio 
O acompanhamento e supervisão do estágio foram garantidos pelos profissionais 
afectos ao Infantário da Matola. Os estudantes tinham um supervisor directo e as sessões de 
supervisão, eram nas sextas-feiras, dirigidas pela psicóloga do sector. 
Para além das discussões dos casos que ocorriam com o supervisor directo (Dr. 
Jussa), também ocorriam sessões de supervisão colectiva onde eram apresentadas e discutidas 
as histórias clínicas dos casos em seguimento, pelos estudantes. 
 
 
12 
 
Capítulo 2 
2. Metodologia 
Neste capítulo, será feita uma abordagem sobre os aspectos metodológicos seguidos 
na realização do presente trabalho, bem como os seus objectivos e, por fim, aludir-se-ão as 
técnicas utilizadas para a recolha de dados e os respectivos instrumentos. 
2.1.Método 
O método de investigação utilizado neste trabalho, focalizado no Estudo de Caso, é o 
Método Descritivo-Analítico. Esse método visa explorar o caso, descrevendo a ocorrência 
dos factos, avaliar o fenómeno em estudo, e por fim, propor um tipo de intervenção que possa 
contribuir para a melhoria do sujeito em estudo. 
Ponte (2006) considerou que o Estudo de Caso é uma metodologia de investigação 
que se debruça deliberadamente sobre uma situação específica, particular ou especial, pelo 
menos em certos aspectos, procurando descobrir o que há nela de mais essencial e 
característico e, desse modo, contribuir para a compreensão global de um certo fenómeno de 
interesse e de actualidade. Por conseguinte, a estagiária pensa que, para este Estudo de Caso, 
o método Descritivo-Analítico é o mais apropriado pois torna possível a planificação de 
estratégias e técnicas com vista a melhorar a qualidade de vida do sujeito. 
2.2.Técnicas 
Neste estudo foram utilizadas técnicas de recolha e tratamento de dados que podem 
ser divididas em dois grupos: técnicas documentais e técnicas não documentais. As técnicas 
documentais são todos os registos documentais já existentes sobre o sujeito em estudo e 
portanto, foi utilizado o processo clínico do paciente. Este processo clínico continha os 
resumos diários das suas consultas de psicologia e os desenhos feitos pelo menino. Quanto às 
técnicas não documentais, Coutinho e Chaves (2002) referem que estas podem ainda se 
subdividir em dois grupos, que são: o Inquérito, que pode ser oral (Entrevista) ou escrito 
(Questionário). No caso em estudo, empregou-se as técnicas de entrevista, nas formas não 
estruturada e observação participante. 
 
 
 
13 
 
a) Entrevista clínica 
A entrevista psicológica é utilizada em todas as áreas da psicologia, em especial, na 
psicologia clínica e na psicologia organizacional. 
A entrevista é definida por Bleger (1991), citado por Sousa (2011), como um 
instrumento de investigação, um dos procedimentos que o profissional, no caso, o psicólogo, 
dispõe, no seu trabalho, a fim de alcançar objectivos como investigação de um problema ou 
elaboração de diagnóstico. 
b) Entrevista não Estruturada 
Optou-se também por se trabalhar com a entrevista não estruturada e não dirigida que 
Marconi, Lakatos (2005, p.199) definem como entrevista não estruturada, em que o 
entrevistador tem a liberdade de desenvolver cada situação, em qualquer direção que 
considere a adequada, de modo que possa explorar, de forma mais ampla, as questões. Desta 
forma, os métodos utilizados durante a realização do estágio foram selecionados com o 
intuito de interferir, o menos possível, na rotina diária do infantário. 
c) Ludoterapia 
Podemos definir a Ludoterapia como: 
 Uma relação interpessoal dinâmica entre a criança e um 
terapeuta treinado em Ludoterapia que providencia a esta um conjunto 
variado de brinquedos e uma relação terapeuta segura de forma que 
possa que possa expressar e explorar plenamente o seu Self 
(Sentimentos, pensamentos, comportamentos e experiencia). 
(landreth,2002, p.16) 
 O objectivo central da escolha desta abordagem é de proporcionar o brincar, como 
acção pela qual a criança apresenta suas vivências, evoca experiências significativas, 
estrutura a sua realidade externa e interna e toma consciência de si como ser actuante, no 
mundo. Segundo Maluf (2003) O brincar promove a construção do conhecimento pois o 
brinquedo apresenta uma função social, uma vez que permite o processo de apreensão, 
análise, síntese, expressão e comunicação da criança sobre si mesma e o mundo que o rodeia 
criando um sentimento e uma identidade pessoal e social de pertencer e interagir em uma 
determinada realidade. 
 
14 
 
2.3.Objecto de Estudo 
Neste trabalho, o objecto de estudo é um paciente de 14 anos, do sexo masculino, com 
a hipótese diagnóstica de Perturbação na Fala e na Linguagem. Para além deste, participaram 
também no processo as educadoras e a psicóloga do paciente. 
Instrumentos de Recolha de dados 
Para a realização deste Estudo de Caso, recorreu-se ao uso dos seguintes 
instrumentos: 
 Escala de Comportamento Adaptativo Vineland1; 
 DSM-IV-TR; 
 Papel A4, lápis de cores, borracha, lápis; 
 HTP (House, Tree and Person) 
 
 
 
 
 
 
 
1 Trata-se de uma entrevista dirigida preferencialmente aos pais da criança, mas também pode ser feita 
a qualquer educador que esteja familiarizado com a criança. Ver o anexo 1 
 
15 
 
Capítulo 3 
3. Fundamentação teórica 
Neste capítulo, serãofeitas abordagens teóricas sobre áreas de conhecimento 
relacionadas com o fenómeno em estudo. As perturbações dos sons, da fala, bem como 
aspectos relevantes com os quais estão relacionados, tais como a evolução e a clarificação 
desse mesmo conceito. Estendendo-se as definições de perturbações articulatórias e 
perturbações Fonológicas. 
Criança 
E um sujeito social e histórico que faz parte de uma organização familiar que esta inserida 
numa sociedade, com uma determinada cultura, em um determinado momento histórico 
(RCNEI, 1998, p.21) 
Adolescente 
Segundo a organização mundial de saúde, adolescência é definida como um período de 
biopsicossocial, em que ocorrem modificações corporais e de adaptação a novas estruturas 
psicológicas e ambientais, que conduzem o individuo da infância á idade adulta. (Ferreira& 
Nelas, Sd.) 
3.1.Evolução Histórica do conceito Perturbação Fonológica 
No passado, todas as perturbações eram consideradas Perturbações Articulares (PA), 
o que não contribuía para um diagnóstico e uma intervenção adequada, a cada caso. A 
avaliação das alterações da fala era feita através de uma análise fonética de produção dos 
sons, sendo somente contemplado o aspecto motor articulatório. Contudo, ao longo do tempo, 
os métodos de avaliação e de intervenção das PSF foram sofrendo modificações, passando a 
haver maior consideração pelos aspectos linguísticos que fazem parte dessas mesmas 
perturbações (Antunes e Rocha, 2009: Rabelo, 2010). 
 
 
 
16 
 
3.2.Natureza da Perturbação 
Segundo Wertzner et al. (2007), em relação à etiologia, pode-se falar em cinco 
grupos: 
 Atraso da fala genética (40% a 60% dos casos com transtornos de linguagem 
expressiva, entre os três e cinco anos); 
 Atraso de fala, devido aos episódios de otite média de repetição (grande prevalência 
na infância, decrescendo com a idade, sendo responsável por 30% dos problemas da 
fala; 
 Atraso de fala com apraxia da fala (5% dos atrasos da fala); 
 Atraso de fala envolvendo o desenvolvimento psicossocial (acontece em, menos de 
5% da população com transtornos fonológicos; 
 Erros residuais (distorções em fricativas e/ou liquidas, em crianças sem histórias de 
atraso de fala e transtorno de linguagem). 
3.3.Perturbações dos Sons e da Fala (PSF) 
A fala é descrita, actualmente como sendo uma actividade dinâmica e complexa, que se 
materializa através da articulação de palavras (e necessário uma programação motora e 
execução neuromuscular para que se produzam sons- fonemas), expressando a linguagem 
(Groulart 2002;Franco et al., 2003 Gomes et al., 2006). 
3.4.A perturbação Especifica da Articulação (PA) 
Segundo Lima (2008), no passado, as PA eram definidas pelo termo dislalia (do grego 
dys- dificuldade e lalein- falar). Actualmente, quando existem erros motores permanentes, 
fala-se em alterações fonéticas: o sistema fonológico está inalterado, ou seja, não há 
dificuldade na organização e/ou na representação fonológica. Nas PA, na maioria das vezes, 
há um erro motor, mas nem sempre existe lesão orgânica associada. 
3.5.Perturbação Fonológica (PF) 
A PF era, no passado, designada por perturbação articulatória funcional e, de acordo 
com esta terminologia, apenas se considerava que a criança apresentava dificuldades na 
produção de sons da fala, não havendo uma relação entre este tipo de perturbação e alterações 
na leitura e escrita, executando-se apenas uma terapia tradicional para a correcção desse 
problema (Browm.2012). Segundo a mesma autora, o termo PF não é unicamente “ um novo 
 
17 
 
nome para um problema antigo”, este novo conceito evidencia a influência da teoria 
psicolinguística na formação dos profissionais de saúde em Terapia da fala (TF). 
A Perturbação Fonológica (consciente) é utilizada quando a criança usa, para além 
dos processos fonológicos típicos, processos que não são frequentes no desenvolvimento 
linguístico normal (processos atípicos). Estas crianças apresentam desempenhos baixos em 
tarefas de consciência fonológica, de metalinguagem e de literacia e uma performance normal 
em tarefas oro-motoras e de planeamento motor na fala. Tendo em conta as características 
referidas, tem sido considerado que estas crianças apresentam uma perturbação -cognitivo 
linguística de abstração das regras fonológicas (Bradford e Dodd,1996; Dodd e Bradford, 
2000) 
Shriberg e Kwiatkwski (1994) estudaram a prevalência da perturbação fonológica, em 
crianças entre os 3 aos 11 anos de idade, e os resultados mostraram que 7.5% das crianças 
apresentavam alterações significativas dos sons. Deste grupo de crianças, 5% manifestavam 
erros do tipo articulatório (distorções de sons) e 2,5% apresentavam erros do tipo fonológico 
(substituições e omissões dos sons). Verificou-se, também, que 50% a 75% das crianças com 
perturbações fonológicas apresentava, simultaneamente, a perturbação de linguagem, 
conforme a figura abaixo: 
 
Figura 1 prevalência das Perturbações Fonológicas. Adaptado de Shriberg e kwiatkwoski (1994) 
Crianças dos 3 aos 11 anos
Perturbação articulatória ou 
fonológica (7.5%)
Erros de substituição e 
omissão (2.5%)
Linguagem normal 
(25%-50%)
Linguagem perturbada 
(50%-75%)
Compreensão normal 
(60%-90%)
Compreensão e 
expressão perturbadas 
(10%-40%)
Erros 
articulatórios/Distorção 
(5%)
Desenvolvimento 
fonológico normal (92.5%)
 
18 
 
Nas Perturbações Articulatórias considera-se que há dificuldades motoras que 
provocam modificações na produção de sons, havendo alteração na mecânica do som e um 
movimento atípico dos órgãos fono-articulatórios. Na perturbação fonológica, os erros 
ocorrem por falta de organização fonológica, ou seja, o sujeito apresenta dificuldades com o 
valor contractivo dos fonemas: inadequado conhecimento do som, alteração linguística e 
utilização inconsciente de fonemas (Goulart, 2002; Antunes e rocha, 2009). 
3.6.Modelos Explicativos da Perturbação de fonológica 
As características presentes num indivíduo com perturbações Fonológicas são 
explicadas por quatro modelos ou teorias. Abaixo são apresentadas as definições de cada uma 
das teorias e as dificuldades frequentemente manifestadas nos indivíduos. Estas teorias se 
complementam e juntas contribuem para a compreensão da perturbação fonológica. 
3.6.1.Teoria Behaviorista 
A teoria behaviorista foi introduzida por Mower (1952,1960) e adaptada por Murai 
(1963) e Olmsted (1971). Esta teoria realça a importância do reforço selectivo na aquisição 
fonológica. As Vocalizações infantis ajustam-se, gradualmente, aos padrões da fala dos 
adultos, através dos princípios clássicos do condicionamento e não pressupõe uma ordem de 
aquisição dos sons inata, sendo que os sons adquiridos dependem do reforço obtido através 
do ambiente linguístico (Bowen, 2008). 
3.6.2.Teoria Estruturalista 
Segundo Jakobson (1941/1968) caracteriza o balbucio e a fala com significado são 
considerados períodos distintos de produção. No balbucio, as produções não seguem uma 
sequência regular da aquisição, sendo muito diversificadas, enquanto na fala com significado, 
o repertório de sons produzidos é reduzido, relativamente ao período anterior, e os sons da 
fala têm de ser readquiridos como parte do sistema fonológico da língua materna da criança. 
Segundo a teoria Estruturalista a criança adquire: 
 Contrastes (traços distintivos) entre os sons em vez de sons individuais; 
 O contraste consoante/vogal, o contraste consoante nasal/ oral e o contraste labial/ 
alveolar. Deste modo, as crianças adquirem os contrastes que diferenciam oclusivas 
nasais antes dos que diferenciam fricativas, africadas e líquidas e adquirem as 
consoantes anteriores (labiais e alveolares) antes das posteriores (Bowen, 2009; Stol-
Gammon,1990). 
 
19 
 
3.6.3.Teoria Biológica 
Lock (1983) realça as semelhanças entre os padrões fonológicos, observados da fase 
final do balbucio,e os padrões observados no início da fala com significado, rejeitando a 
ideia de Jakobson, da descontinuidade entre o balbucio e a fala com significado. 
O modelo da Teoria Biológica propõe 3 premissas: 
 As vocalizações pré- linguísticas das crianças são muito semelhantes, em todos os 
ambientes linguísticos; 
 O repertório fonético e os padrões fonológicos da fala com significado são idênticos 
aos padrões observados na fase final do balbucio; 
 Quando ocorrem substituições, na produção da criança, os sons que ocorrem 
frequentemente. No período do balbucio (ou seja, africadas e liquidas) surgem neste 
período (Bowen,2009). 
3.6.4.Teoria da Fonologia Natural 
Os processos fonológicos são considerados simplificações da fala do adulto que a 
criança usa durante o desenvolvimento linguístico normal (processos fonológicos típicos ou 
naturais), (Bowen,2009; Grunwell,1987;smit,2004). 
De acordo com a teoria da Fonologia Natural, os erros que as crianças produzem, na 
fase inicial do desenvolvimento não são aleatórios, mas sim sistemáticos, sendo possível 
identificar os Padrões (BaKer,2006). 
A aplicação desta teoria, a nível clinico, permitiu observar que as crianças com atraso 
fonológico ou perturbações fonológicas também apresentam estes padrões de erro, para além 
da idade esperada (ou seja, quando as crianças com desenvolvimento linguístico normal já 
não os utilizam) e que a identificação destes Padrões e útil para o diagnóstico e para 
intervenção terapeuta (Bowen,2009; Crosbie, Holm e Dodd, 2005; Smit, 2004). 
 
 
20 
 
3.7.Avaliação 
Segundo Greenspaan e Wieder (2008), para permitir um tratamento preventivo, quer a 
nível individual como familiar, realizar uma planificação com acções educativas, dar atenção 
médica e efectuar a previsão de ajudas familiares e assistências é necessário fazer-se uma 
detecção precoce das perturbações globais do desenvolvimento, o que implica um processo 
de avaliação. 
3.8.Componente da avaliação para perturbação fonológica 
A utilização de determinadas componentes de avaliação é fundamental para que se 
obtenham informações mais detalhadas e pormenorizadas sobre as crianças com PSF, pelo 
que se passa a descrever as que se consideram relevantes (Skahan, Watson e Lof, 2007). 
A história clínica é uma componente fundamental da avaliação, pois é a base de um 
diagnóstico e de uma intervenção terapêutica adequados. Através dela, recolhem-se 
dados/informações pertinentes sobre a criança que se tem em acompanhamento, para que se 
possa efectuar, posteriormente, a melhor intervenção possível. Para além disto, através da 
história clínica, é possível realizar-se novos estudos e investigações sobre determinada 
problemática (Canepa e Canicoba, 2011). 
As provas de nomeação são fundamentais para a concretização de uma avaliação em 
PSF (Silva, 2009) e poderão ser realizadas através de provas formais e/ou informais de 
avaliação, como já foi mencionado, anteriormente. 
A avaliação do discurso espontâneo é fundamental e deve ser sempre incluída na 
avaliação, uma vez que revela as competências funcionais mais naturais da criança, as 
relações fonológicas entre palavras e a inteligibilidade da fala (Stackhouse e Wells, 1997; 
Hernandorena e Lamprecht cit. in Antunes e Rocha, 2009). Contudo, apesar de a recolha 
dever ser detalhada, nem sempre é fácil, pois a criança apresenta, muitas vezes, períodos 
curtos de atenção/concentração, vocabulário reduzido e evita certos fonemas que lhe trazem 
dificuldades (Antunes e Rocha, 2009). 
A prova de estimulação permite que crianças com um inventário fonético pobre 
consigam produzir um som de forma correcta. Para que tal aconteça, são-lhe fornecidas 
várias pistas visuais, auditivas e tácteis (Miccio e Rvachew cit. in Williams et al., 2010). Esta 
prova serve, também, para melhorar as competências perceptuais, pois apesar do foco desta 
 
21 
 
componente de avaliação ser a produção, a percepção, enquanto resultado do treino de 
produção, melhora (Wolfe et al. cit. in Williams et al., 2010). 
A Avaliação da percepção/discriminação auditiva deve ser realizada, sempre que 
possível, pois as crianças com PSF, maioritariamente, apresentam dificuldades na execução 
desta prova. As actividades mais frequentemente realizadas nesta avaliação são de pares 
mínimos ou de pseudo- palavras (Antunes e Rocha, 2009). 
A observação em contexto natural é fulcral, dado que é possível fazer uma 
observação natural do comportamento humano no seu meio ambiente comum. Neste tipo de 
observação, o observador pode não interferir nas actividades que estão a ser realizadas (não 
participante) ou pode fazê-lo, não prejudicando a participação (participante). As observações 
em contexto natural evidenciam, tendencialmente, um comportamento mais natural, 
espontâneo e genuíno do que em contexto clínico (Guedes e Barros, 2010). 
A análise fonética e a análise fonológica estão intimamente relacionadas, pelo que 
se considera essencial efectuar, primeiramente, uma determinação do inventário fonético dos 
sons, para que se faça uma anotação de todos os sons da fala. Posteriormente, deverá realizar-
se a determinação dos processos fonológicos, uma vez que, através desta análise fonológica, 
se obtêm informações mais específicas sobre a natureza e o perfil dos desvios da fala, dado 
que estes normalmente não são aleatórios (Yavas et al. cit. in Antunes e Rocha, 2009). 
A avaliação de competências motoras orais pode envolver a concretização de tarefas não-
verbais e verbais. A realização de exercícios de diadococinésia, movimentos necessários para 
a alimentação e expressão facial são exemplos de algumas actividades não-verbais que 
podem ser concretizadas nesta avaliação. Para a avaliação de tarefas verbais, podem ser feitas 
provas de nomeação espontânea de imagens, repetição de fonemas isolados, sílabas, palavras, 
pseudo-palavras e frases (Antunes e Rocha, 2009). É importante, ainda, mencionar que 
Howell e Dean (cit. in Antunes e Rocha, 2009) e Lof (cit. in Skahan, Watson e Lof, 2007) 
afirmam que as competências motoras orais que usam tarefas não-verbais não estão afectadas 
em muitas crianças com perturbações fonológicas e, por esta razão, não é possível constatar 
uma relação de causa- efeito. 
 
 
22 
 
Classificação Segundo CID-10 
É representada pelo código F 80.0 do CID-10 é referida como a dificuldade que a 
criança apresenta para sua faixa etária, em utilizar correctamente os sons da fala. Mas sem 
evidenciar alterações de linguagem. De acordo com o CID-10, para se efectuar o diagnóstico, 
deve-se verificar se a PA está fora dos limites dos padrões normais, a linguagem está 
adequada à idade e as alterações articulatórias não estão relacionadas com alterações 
estruturais sensórias ou neurológicas. 
Classificação Segundo DSM-IV-TR 
Segundo o Manual de Diagnóstico e Estatística de transtornos Mentais (DSM-IV-TR, 
2002) a PF é caracterizada pela dificuldade que um individuo tem na utilização dos diversos 
sons da fala esperados para um determinado estágio de desenvolvimento e de acordo com a 
sua faixa etária. É de referir que, no passado, se designava transtorno no Desenvolvimento da 
articulação. Nos transtornos fonológicos podem ocorrer vários tipos de erros: omissões, 
substituições ou distorções de sons. Os primeiros são mais graves do que as substituiçõese 
estas mais severas do que as distorções. O rendimento escolar e profissional pode estar 
comprometido por estas dificuldades na produção dos sons da fala. 
Características Especificas da Cultura e do Género 
As avaliações do desenvolvimento das competências de comunicação devem ter em 
conta o contexto cultural e linguístico do sujeito, particularmente nos sujeitos que crescem 
em meios bilingues. A perturbação Fonológica é mais prevalente nos sujeitos do sexo 
masculino. 
Prevalência 
Segundo o Manual de diagnóstico e Estatísticas de Transtornos Mentais (DSM-IV-
TR,2002) Aproximadamente 2% das crianças entre 6 e os 7 anos apresentam perturbações 
fonológicas, moderadas e graves, apesar de a prevalência das formas mais ligeiras desta 
perturbação ser mais elevada. A prevalência diminui para 0.5% pelos 17 anos. 
 
 
 
 
23 
 
 
4.1. Diagnostico Multiaxial 
Tabela 2 Diagnóstico Multiaxial 
Eixo I 351.39 Perturbação Fonológica 
(Anteriormente Perturbação do 
desenvolvimento da Articulação) [80.0] 
Eixo II V 71.09 Sem Diagnostico [Z03.2] 
Eixo III Nenhum 
Eixo IV 
 
Nenhum 
Eixo V AGF=31 (No inicio da Avaliação) 
AGF= 40 (Actual) 
 
Este Sistema Multiaxial de classificação ajuda a planear e apresenta, além da 
codificação e denominação do DSM-IV-TR, a codificação do CID-10. No Eixo I, apresenta-
se a perturbação principal. O Eixo II ainda carece do diagnóstico dos problemas biológicos. A 
avaliação global de funcionamento (AGF), indica que o BR apresenta dificuldade na 
comunicação e em várias áreas adaptativas, embora actualmente estas dificuldades estejam 
em menor grau do que no início da avaliação. 
 
 
24 
 
5.0. Psicoterapia 
O termo psicoterapia (do grego psykhē - mente, e therapeuein - curar; refere-se a um 
processo dialéctico efectuado entre um profissional psicólogo/médico (o psicoterapeuta) e o 
cliente (o paciente). 
Por ser, definitivamente, da área da Saúde Mental, a psicoterapia é a principal linha de 
tratamento para qualquer assunto referente à mente e, para isso, faz uso de métodos, técnicas 
e intervenções psicológicas, cujos objectivos centrais são: 
 Restabelecer a qualidade de vida do paciente; 
 Equacionar os motivos da consulta (que variam desde pequenas dificuldades do dia-a-
dia até mesmo grandes psicopatologias); 
 Desenvolver os padrões de funcionamento mental do indivíduo e dos seus sistemas 
psíquicos (saúde orgânica, saúde mental, familiar, social, sexual, intelectual, 
financeiro, profissional, lazer e espiritual). 
5.1. Modelos de Intervenção Terapeuta 
Muito tem-se estudado e discutido, no âmbito das perturbações fonológicas. Diversos 
modelos de intervenção vêm sendo testados com diferentes objectivos e resultados, de acordo 
com o quadro clínico do paciente. BACELAR (2013) Discute os vários modelos de 
intervenção, seu objectivo, características, técnicas, entre outros. Salientar que esses modelos 
terapêuticos baseiam se na estrutura organizacional do sistema fonológico da criança para a 
correção dos sons da fala, ou seja, o som não é considerado como uma unidade isolada, mas 
sim como tendo valor contraste. Para o presente trabalho e de acordo com a patologia 
identificada, foram escolhidos e analisados cinco modelos, conforme a tabela síntese abaixo: 
 
http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Interven%C3%A7%C3%B5es_psicol%C3%B3gicas&action=edit&redlink=1
 
25 
 
Tabela 3 Modelos de Intervenção 
Modelo Proponente Objectivo Características Técnica 
 
 
Metaphon 
Proposto por 
Dean e Howell 
em 1986 
Realizar 
mudanças 
fonológicas na 
criança, através do 
aumento do seu 
conhecimento da 
língua e dos seus 
aspectos 
comunicativos 
Fazer a criança 
compreender que 
a linguagem serve 
para comunicar de 
forma tangível e 
transparente. 
Progresso 
dependente do 
feedbcak 
constante do 
adulto 
Manipulação de 
brinquedos e 
jogos 
correspondentes 
às propriedades 
fulcrais do 
sistema 
fonológico; 
Introduçã
o de pares 
mínimos e 
subsequente 
formação de 
frases complexas. 
 
 
Ciclos 
Modificado 
Proposto por 
Tyler, 
Edwards e 
Saxman em 
1987 
Eliminar 
processos 
fonológicos da 
fala da criança e 
concretizar, 
através da 
consciencialização 
das características 
do som-alvo 
operante naquele 
processo 
fonológico. 
A aplicação de 
ciclos de 10 a 15 
semanas, com 
duração de cerca 
de 60 minutos, 
durante os quais 
exercita-se uma 
componente 
específica, 
individualmente 
ou em grupo. 
O gravador é o 
melhor 
instrumento para 
este tipo de 
modelo, pois a 
criança pode 
ouvir as suas 
próprias 
produções (umas 
com e outras sem 
erros) e adquirir 
os sons ao mesmo 
tempo que os está 
a ouvir, podendo 
ouvir uma 
listagem de 
quinze ou vinte 
palavras, no 
início e no final 
da sessão de 
Terapia da Fala. 
 
26 
 
 
ABAB – 
Retirada e 
Provas 
Múltiplas 
Proposto por 
Tyler e 
Figursky, em 
1994 
Promover 
mudança no 
sistema 
fonológico da 
criança 
O ciclo é 
constituído por 
sessões realizadas 
duas vezes por 
semana, cada uma 
com a duração de 
quarenta e cinco 
minutos, durante 
cinco semanas. 
Inicia-se com a 
recolha de dados 
da fala, para se 
determinarem os 
traços distintivos 
alterados e 
seleccionarem os 
sons-alvo. As 
provas múltiplas 
incluem duas 
provas: uma de 
generalização 
(efectuada 
durante os 
períodos de 
retirada) e uma 
prova alvo básica 
(PAB), presente 
durante os ciclos 
de intervenção. 
 
Parents and 
Children 
Together 
(PACT) 
Não 
identificado 
A Educação 
parental visa 
fornecer modelos 
estruturais e 
estratégias para 
que as famílias 
trabalhem o 
melhor possível 
com as crianças 
(inclui apoio e 
motivação aos 
pais). 
 
Ocorrem uma vez 
por semana, 
durante dez 
semanas, e tem a 
duração 
aproximada de 50 
minutos. O tempo 
de sessão divide-
se em duas partes: 
30 a 40 minutos 
de intervenção 
directa entre TF e 
criança e o tempo 
restante (cerca de 
20 minutos) deve 
ser para o 
cuidador estar 
presente e 
participar na 
sessão, de forma 
activa, 
conjuntamente 
com o TF e a 
O TF frequenta o 
domicílio dos 
utentes, para que 
se observem 
comportamentos 
tanto dos 
cuidadores como 
das crianças, no 
seu contexto 
natural. 
 
27 
 
criança. Metade 
das actividades 
realizadas na 
terapia deverão 
ser auditivas e 
conceptuais e a 
outra parte será 
dedicada a 
actividades de 
produção 
Inter
venção 
Psicolinguíst
ica 
Proposto por 
Stackhouse e 
Wells em 
1997 
Compreender de 
que forma a 
linguagem da 
criança está 
alterada e 
encontrar a melhor 
forma de colmatar 
essas alterações 
São conciliadas 
várias abordagens, 
para que se crie o 
programa 
psicolinguístico, 
nomeadamente: 
linguística, 
médica, 
educacional e 
psicossocial. 
Apresenta-se, à 
criança, o 
reportório 
fonético e 
mostra-se como 
os segmentos são 
usados 
fonologicamente 
em sílabas, 
palavras e, por 
fim, no discurso 
espontâneo, 
fazendo, assim, 
com que ela 
obtenha uma 
comunicação 
funcional. 
 
 
 
28 
 
5.2. Descrição dos testes usados no estudo de Caso 
5.2.1. Testes projectivos 
São instrumentos menos estruturados que os testes psicométricos e, devido a essa 
característica, estimulam a projecção de vivências internas na realização das tarefas 
propostas. As produções do paciente, tanto verbais quanto gráficas, revelam seus conflitos, 
preocupações e dificuldades emocionais se houver de modo representativo e facilmente 
detectáveis (Pregnolato, 2007). 
5.2.2. HTP- (Casa, Árvore, Pessoa) 
 Buck (2003), define o H.T.P, como um teste projectivo que serve para obter informações 
de como uma pessoa experiência a sua individualidade em relação ao ambiente do lar e em 
relação a outras pessoas. É um instrumento sistematizado, que tem várias respostas. E como 
toda técnica projectiva,“ele estimula a projecção de elementos da personalidade e de áreas de 
conflito dentro da situação terapêutica e proporciona uma compreensão dinâmica das 
características e do funcionamento do indivíduo” (Buck, 2003). O instrumento é destinado a 
indivíduos maiores de oito anos e propõe a realização de três desenhos sequenciais - uma 
casa, uma árvore e uma pessoa, os quais devem ser desenhados em folhas separadas, 
utilizando lápis e borracha. A aplicação propõe, também, que se realize um inquérito acerca 
de características e descrições de cada desenho realizado (Buck, 2003). 
O HTP divide-se em quatro fases 
Primeira Fase não-verbal: consiste em convidar o individuo a fazer o desenho de uma casa, 
uma árvore e de uma pessoa. Segunda é a de um inquérito posterior ao desenho: é uma série 
de perguntas sobre os aspectos de cada desenho. Após terminar estas duas fases, o 
examinador pode ou não prosseguir para a terceira fase, que consiste em desenhar novamente 
uma casa, uma árvore e uma e uma ou duas pessoas. Na quarta fase, o examinador deverá 
fazer perguntas adicionais sobre os desenhos. A sua aplicação pode levar de 30 minutos a 
uma hora e meia. 
5.2.3. Escala do Comportamento Adaptativo 
A Escala de Comportamento adaptativo (ECA) foi criada por Lambert, Nihira e Leland, nos 
Estados Unidos em 1993. Esta escala consiste numa revisão das ECA elaboradas pela 
American association on Mental Retardacion (AAMR), de 1975 e de 1981. 
 
29 
 
A ECA tem como objectivo recolher informações precisas e pertinentes acerca do que se quer 
estudar, permitindo uma avaliação compreensiva da capacidade da criança em lidar com as 
condições do seu ambiente, mediante a análise de diversas condutas, situações e actividades 
diárias. 
Lambert et al. (1993), a nível prático-pedagógico, referem os seguintes objectivos 
específicos: discriminar as áreas fortes e fracas: identificar os indivíduos que se encontram 
abaixo da média em determinadas áreas do comportamento adaptativo comparativamente aos 
seus pares; permitir o acompanhamento da evolução resultante da intervenção; avaliar o 
comportamento adaptativo para estudos de pesquisa. Estes autores afirmam que os resultados 
da aplicação desta escala são facilitadores tanto a nível do diagnóstico, como na organização 
de programas comportamentais e de desenvolvimento de capacidade e habilidades (Cit. 
Santos& Morato,2002: Santos, 2007). 
 
 
 
30 
 
 Capitulo 4 
6.0. Descrição do Estudo de Caso 
Neste capítulo, pretende-se dar a conhecer o caso, através da descrição da paciente 
tendo em conta os aspectos sociais e culturais que a envolvem, assim como os seus aspectos 
evolutivos. À luz do quadro teórico, procurar-se-á explicar, detalhadamente, as características 
da perturbação que o paciente apresenta. 
6.1. Descrição da Criança e do seu Meio 
Os dados apresentados nesta secção foram obtidos através do processo clínico do 
paciente, de entrevistas às educadoras e a Psicóloga do Infantário e por via das entrevistas no 
primeiro capítulo do presente relatório. 
6.2. Dados de identificação 
Nome: BR 2 
Data de Nascimento: 13 de Setembro de 2001 
Residência: Infantário da Matola 
Idade Cronológica: 14 anos de Idade 
Raça: Negra 
Filiação: Desconhecida 
Lugar de Nascimento: Maputo 
6.3. Problema apresentado 
 É um paciente que não anda. Para se locomover precisa de uma cadeira de rodas, 
percebe o que os outros falam, mas não consegue articular bem as palavras. 
6.4. História do problema actual 
O BR é um paciente, hoje, dos seus 14 anos de idade, nascido no dia 13 de Setembro 
de 2001, com nacionalidade moçambicana, vive no infantário localizado na cidade da Matola, 
e encontra-se na casa 4, onde estão cerca de 17 crianças. É um paciente de aparência calma, 
 
2 Nome fictício, usado por questões éticas profissionais 
 
31 
 
com um ar alegre, gosta de estar com outras crianças. Vivia com os seus pais, mas aos 5 anos 
de idade foi abandonado pela sua mãe, no Hospital Central de Maputo, na área de 
fisioterapia. Os dados dos seus progenitores são desconhecidos, o que faz pensar que nenhum 
parente vem visita o menino, no infantário.Com a ajuda do terapeuta de fala, o BR consegue 
articular algumas palavras, apesar da dificuldade que ainda tem para emitir o som. Durante o 
estágio, a estagiária teve conhecimento que o BR tinha um irmão gémeo que vivia no 
infantário, esse irmão tinha a mesma deficiência e, mais tarde, acabou falecendo. 
6.5. História social 
O BR revela que tem amigos no infantário e que gosta muito dos jogos e das 
brincadeiras que faz com os outros meninos. Refere ainda que tem três amigos considerados 
os mais especiais, realçando que um desses amigos é como se fosse irmão, porque se dão 
muito bem. As educadoras referem-se que o menino BR só fica chateado quando está com 
fome ou quando uma das crianças lhe provoca. 
6.6. Dinâmica do paciente 
No dia 24 de Julho, numa sexta-feira feira, aconteceu o primeiro encontro da 
estagiária com o paciente BR, em que, primeiro, foi acompanhado ao pequeno-almoço, onde 
pôde-se observar alguns comportamentos como a maneira de comer e como se comporta na 
mesa com os seus amigos. Pude constatar que, apesar da sua deficiência física, ele consegue 
pegar a colher levando a comida à boca, sem precisar de ajuda dos outros, e comporta-se 
muito bem e sem nenhuma agitação na mesa. Depois do pequeno-almoço, a estagiária 
acompanho-o o BR para dar um passeio ao pátio e ele estava tranquilo e silencioso, enquanto 
passeávamos. 
 Durante o passeio a estagiária teve a oportunidade de conversar com ele, perguntando 
se gostava de passear, tendo ele respondido afirmativamente, perguntou os nomes de cada 
objecto que a estagiária tinha e ele conseguiu responder sem nenhuma hesitação. E, por fim, a 
estagiária perguntou ao menino BR se queria desenhar e o que ele queria desenhar, tendo este 
respondido que queria desenhar uma casa, e sobre a razão de querer desenhar uma casa 
respondeu “mama e papa”. De seguida, a estagiária deu, ao menino, um papel, lápis e lápis de 
cor e o BR teve uma atitude colaborativa, desde o início da prova, apesar de demostrar estar 
inquieto, devido ao cansaço que ele sentia. E, no final, a estagiária pediu que ele descansasse 
e disse a ele que continuariam noutro dia, e acompanhou-o para a casa das actividades. 
 
32 
 
No dia 29, numa quarta-feira, o menino BR estava com ar triste e um pouco agitado e 
a estagiária perguntou o que acontecera e ele não respondeu. Às 8:30, a estagiária 
acompanhou o menino ao pequeno-almoço e fez uma observação em relação ao seu 
comportamento, tendo constatado que o menino continuava agitado devido à ansiedade pela 
hora do pequeno-almoço. Depois do pequeno-almoço, a estagiária levou o BR para dar um 
passeio no pátio onde este começou a melhorar o seu humor e a demostrar o seu ar de alegria. 
6.7. Critérios do DSM- IV- TR 
O DSM IV- TR é um sistema de classificação nosológica desenvolvido pela 
Associação Americana de Psiquiatria que utiliza, na descrição dos critérios da perturbação 
fonológica, as três características nucleares da perturbação. 
Pelas observações e entrevistas efectuadas, a criança em estudo apresenta 
comportamentos que satisfazem a descrição da Perturbação Fonológica (F.80). 
A interacção com o paciente permitiu validar, positivamente, os seguintes critérios 
associados à F.80: 
A. Incapacidade de utilizar sons da fala, esperados evolutivamente e próprios da idade e 
idioma (por exemplo, erros na produção, uso de representação ou organização dos 
sons, tais como substituição de um som por outro [uso de som/ t em vez de q/], ou 
omissões de sons tais como as consoantes finais). 
B. Apresenta dificuldades da produção de sons, o que interfere no rendimento laboral ou 
na comunicação social. 
C.Apresenta um défice motor da fala, ou um défice sensorial, ou uma privação 
ambiental, as dificuldades da fala são excessivas em relação às que estariam 
normalmente associadas com estes problemas. 
6.8. Classificação pela CID-10 
Foram tidos também em conta, nesta avaliação diagnóstica, os critérios de 
classificação da CID-10. A CID-10 é um manual de Classificação Estatística Internacional de 
Doenças e Problemas relacionados à Saúde, organizado pela Organização Mundial da Saúde 
(OMS) na sua décima edição, que utiliza as características nucleares patentes na Triad de 
Wing, tal como o DSM-IV-TR, variando apenas na designação do transtorno, que no caso da 
CID-10 é denominado por Transtorno especifico da articulação da fala, com o código F.80. 
Esta classificação CID-10, que é a classificação oficial utilizada no Sistema Nacional de 
 
33 
 
Saúde é compatível com a DSM-IV-TR, pois, os critérios de diagnóstico do DSM- IV-TR 
também servem para o CID-10. Existe uma relação entre os dois manuais, pois as equipas de 
trabalho dos dois sistemas trabalharam de forma a coordenar os seus reforços, resultando 
numa grande influência recíproca. Portanto, todos os códigos e terminologias fornecidos no 
DSM-IV-TR são totalmente compatíveis com a CID-10 (APA, 2002). 
6.9. Diagnóstico diferencial para a Perturbação Fonológica 
O diagnóstico diferencial deve ser estabelecido mediante a exclusão dos problemas 
limitados ao ritmo da fala ou da voz que são diagnosticados como gaguez ou perturbação da 
comunicação sem outra especificação. As crianças com dificuldades de fala devido à 
privação ambiental, podem melhorar rapidamente, uma vez ultrapassados os problemas. 
As dificuldades da fala podem estar associadas à Deficiência mental, défice auditivo, 
ou outro défice sensorial, défice motor da fala ou privação ambiental grave. A presença 
destes problemas pode ser verificada pelos testes de inteligência, provas audiométricas, 
exame neurológico e história clinica. Se as dificuldades da fala forem excessivas, em relação 
às que estão normalmente associadas com estes problemas, ou se interferirem com a 
capacidade de a criança ser entendida pelas pessoas que lhe são mais próximas, pode se fazer 
um diagnóstico simultâneo de Perturbação Fonológica. 
6.10. Prognóstico 
Mediante os dados recolhidos na avaliação, chegou-se à conclusão que o BR sofre de 
Perturbação Fonológica (F80.0) e o prognóstico leva a crer na necessidade de uma 
intervenção terapêutica. 
 
 
34 
 
6.11. Perfil Intra-Individual 
Tabela 4 Perfil Intra- individual do caso de estudo 
 Áreas Fortes Áreas fracas 
 
 
 Domínio Psicomotor 
Dissociação (capacidade de 
individualizar vários 
segmentos corporais 
utilizados na planificação e 
execução motora 
Coordenação motora 
Auto concentração 
 
 Domínio Cognitivo 
Atenção 
Comunicação 
 
Ficção 
Flexibilidade no pensamento 
Orientação Temporal 
 
Domínio Socioemocional 
Motivação 
Colaborante 
Instabilidade emocional 
 
Controlo de impulsos 
agressivos 
Competências sociais 
 
 
 
35 
 
 
6.12. Resultados Obtidos pelo Teste de HTP 
Em virtude dos métodos de aplicação não terem sido cumpridos, na íntegra, 
nomeadamente por os desenhos terem sido feitos na mesma folha A4, aspectos de avaliação 
como, a LOCALIZAÇÃO do desenho não pôde ser interpretada (de acordo com as regras 
estabelecidas para interpretação de Localização no teste HTP). 
Descrevem-se abaixo os elementos dos desenhos acompanhados de sua significação, 
em PAPEL e TAMANHO DAS FIGURAS, não serão classificados. 
 Análise do desenho da CASA3 surgido no teste de HT P para o participante BR: 
Tabela 5 Análise do desenho HTP (Casa) 
Caract
erística 
Análise 
Descrição A CASA representada é uma cabana, o que mostra o isolamento do 
paciente. 
O sentimento de perda afectiva e sua imaturidade para reagir aos 
estímulos ambientais. 
PAREDES Não apresenta linha representativa do solo. 
PAREDES maiores que o teto ou corpo da casa grande e teto 
pequeno, indicando a vida instintiva, com comportamento mais prático e 
voltado para a realidade concreta. 
PORTA Fechada. Sugere auto-defesa/defesa com o mundo; 
JANELA Nua e sem cortinas. Tendência a relacionamentos e contactos sociais 
directos, falta de tacto ou oposição. 
TELHADO Área da Fantasia. Foram terminados em pontas. Telhado 
ligeiramente afastado ou deslocado da parede, sombreado um com buraco, 
sugere Ansiedade, dificuldade de aprendizagem e ideias de fuga do 
ambiente. 
CHAMINÉ Ausência. Actualmente não é considerada importante, mas pode 
simbolizar falta de calor e afecto, no lar. 
 
 
3 Ver anexo 3 
 
36 
 
Pauta de análise do desenho da FIGURA HUMANA4 surgido no teste de HTP para o 
participante BR: 
Tabela 6 Análise do Desenho HTP (Pessoa) 
Característica Análise 
CABELO Ausente 
OLHOS São representados em tamanho muito pequenos e, por vezes, apenas 
traços, indicando deste modo introversão, insegurança, dúvida, imaturidade 
afectiva, não-aceitação do meio, dificuldades para enfrentar os problemas. 
NARIZ Ausente 
QUEIXO Redondo delicadeza 
BRAÇOS Encontram-se afastados para os lados ou pendentes ao longo do 
corpo e caídos, remetendo-nos a uma passividade, dificuldade para 
iniciativa ou incapacidade e dependência, ou sentimento de culpa 
PERNAS Encontram-se separadas, sugerindo falta de equilíbrio. 
Pés Os Pés apresentam o calcanhar muito acentuado, falta de base, 
dificuldades de evoluir. 
 
6.13. Avaliação do Funcionamento Adaptativo 
De acordo com APA (2002), pode ser enganador fazer uma média para obtenção de 
QI matemático, principalmente quando existe uma dispersão significativa nas pontuações dos 
sub-testes da criança, como é o caso do BR. Para tal, recorre-se à forma como esse indivíduo 
se adapta às demandas do seu meio. 
Sendo assim, para avaliação do comportamento adaptativo da criança em estudo, 
teve-se como base as actividades propostas pela escala vineland de comportamento 
adaptativo, complementadas pelas observações comportamentais, individuais e em grupo. 
Pelos aspectos inerentes à rotina da criança em forma de entrevista, através do cruzamento de 
todos estes instrumentos e tendo em conta, também, a idade cronológica do paciente, foi 
possível identificar que este apresenta atrasos no seu funcionamento, em diversas áreas 
adaptativas. 
 
4 Ver anexo3 
 
37 
 
Tabela 7 Síntese do funcionamento adaptativo do caso em estudo 
Área adaptativa Algumas manifestações 
 
Autonomia 
- Precisa de ajuda para tomar banho; 
-Não sabe dizer as horas ou dia corrente da 
semana; 
 
Saúde e segurança 
Dificuldades em descrever e reconhecer 
sintomas da doença 
 
 
 
Competências académicas 
Desenha significativamente abaixo da sua 
idade cronológica; 
Dificuldades em ler pequenas palavras 
funcionais (ex. ai, ia, au) 
Dificuldade em associar as letras aos seus sons 
 
 
Competências comunicativas 
Dificuldade em transmitir informações; 
Outras dificuldades descritas na avaliação da 
perturbação Fonológica 
 
Competências sociais/ interpessoais 
Dificuldade em ajudar os outros ou pedir ajuda 
Outras dificuldades descritas na avaliação da 
Perturbação Fonológica 
 
Como indica na tabela, o BR apresenta um comportamento adaptativo limitado, em 
vários aspectos. Os comportamentos adaptativos são, em geral, sintomas mais visíveis do que 
o valor do QI, e ajudam a estabelecer o perfil do paciente, um quadro com as suas 
potencialidades e fraquezas, pois reflecte melhor as capacidades dela (Ballone,2007). 
 
 
38 
 
6.14. Plano de Intervenção 
Tendo por base as informações acima recolhidas, foi elaborada uma proposta de plano 
de intervenção que incidiu, sobretudo, na redução e/ou eliminação dos aspectos que 
interferiam com o nível

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