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Pobreza: Um Fenômeno Multidimensional

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GRUPO VULNERÁVEL: POBREZA 
•  A pobreza é um fenômeno 
multidimensional, relacionado 
ao aspecto econômico, mas 
que também engloba fatores 
não econômicos (condições de 
emprego, de habitação, de 
moradia, entre outros). 
•  É importante perceber que a 
pobreza não atinge apenas o 
corpo do indivíduo. Alcança seu 
ser mais íntimo, sua alma, sua 
psique, sua dignidade. 
O QUE É POBREZA? 
•  Aliada a questão da pobreza, surge outra: a 
exclusão social. Devemos pensar o que 
leva uma pessoa ou um grupo social a ser 
excluído socialmente (ou como ainda se 
afirma, ser incluído de forma perversa no 
contrato social)? Essa exclusão (ou inclusão 
perversa) leva à situações de pobreza, de 
desigualdade . A desigualdade, outro 
aspecto que se relaciona com a concepção 
de pobreza, é um elemento correlacional. 
Isto é, só podemos afirmar que há uma 
s i t u a ç ã o d e d e s i g u a l d a d e q u a n d o 
confrontada com outra. 
•  Para a lém da exclusão socia l e da 
desigualdade, devemos atentar para mais 
um elemento que se liga ao conceito de 
pobreza: a privação de bens materiais ou 
imateriais, de serviços etc. Mas veja, ver-se 
privado de comprar determinado carro de 
p r i m e i r a g a m a n ã o q u e r d i z e r q u e 
necessariamente se esteja em situação de 
pobreza. 
O QUE É POBREZA? 
TIPOS DE POBREZA 
•  São analisados os tipos de pobreza de forma dialética: pobreza objetiva/
subjetiva; pobreza tradicional/nova pobreza; pobreza urbana/rural; 
pobreza temporária/duradoura. Assim vejamos: 
•  A) – os indicadores apontam que um indivíduo é 
pobre por estar em certa condição. 
•  B) – a própria pessoa se representa como em 
situação de pobreza. 
TIPOS DE POBREZA 
•  C) – Relaciona-se à pobreza objetiva. Significa que o indivíduo 
possui menos do que o mínimo objetivo, posicionando-se na linha de corte (isto é, 
encontra-se abaixo da linha da pobreza). Este indicador leva em conta um conjunto de 
necessidades básicas (rendimentos capital) e é correlata ao aspecto global. 
Liga-se à ideia de subsistência e refere-se aos casos mais extremos. 
•  D) – Relaciona o indivíduo com a sociedade na qual está inserido. 
•  E) – Historicamente ligada ao mundo rural. 
•  F) - Oposta à anterior e correlaciona-se ao modelo neoliberal 
•  G) e – Relaciona-se à localidade em que o 
indivíduo está inserido: meio rural ou urbano. 
•  H) – Refere-se com o tempo de 
duração da entrada e saída de fluxos de capitais no tempo. 
LINHA DE POBREZA 
•  A linha de pobreza é um instrumento de medição e análise deste 
fenômeno. 
•  Segundo o Banco Mundial, está em situação de pobreza extrema quem 
vive com menos de um dólar por dia. Este critério é bastante limitador e 
deixa de fora o aspecto multifacetado da pobreza. 
•  Para seu estabelecimento, leva-se em conta tanto a pobreza absoluta 
quanto a relativa, bem como contemplando ambas vertentes (linha híbrida 
de pobreza). 
•  Toda a análise desta conjuntura promove a implementação de políticas 
públicas 
CONCEPÇÕES DESENVOLVIDAS A PARTIR DO 
SÉCULO XX 
•  Foras desenvolvidas três concepções: sobrevivência, necessidades 
básicas e privação relativa. 
•  
•  Predominou nos séculos XIX e XX até a década de 50 e teve origem no 
trabalho de nutricionistas inglesas no qual afirmavam que a renda dos 
mais pobres era insuficiente para a aquisição de suprimentos para sua 
manutenção física. 
•  Esta concepção foi utilizada posteriomente pelo Banco Internacional para 
a Reconstrução e o Desenvolvimento (BIRD) e deu ensejo ao primeiro 
modelo de proteção social para o Estado de Bem-Estar. 
CONCEPÇÕES DESENVOLVIDAS A PARTIR DO 
SÉCULO XX 
•  
•  Esta segunda concepção surge a partir dos anos 70, ampliando o patamar 
para além da sobrevivência e incluindo as necessidades básicas como água 
potável, saneamento básico, saúde, educação e cultura. Esta visão passou a 
ser adotada pela Organização das Nações Unidas (ONU). 
•  
•  A partir dos anos 80 surge este novo enfoque que amplia ainda mais a 
questão. Assim, “sair da linha de pobreza significava obter: um regime 
alimentar adequado, um certo nível de conforto, o desenvolvimento de papéis 
e de comportamentos socialmente adequados. Ao mesmo tempo, porém, 
contrapondo-se a este conceito, floresceu a tese, muito apreciada pelas 
instituições multilaterais de crédito sediadas na capital norte- americana, de 
que, com o bom funcionamento dos mercados, as economias se tornariam 
prósperas, e a riqueza gerada acabaria por beneficiar os pobres. Essa tese 
ficou conhecida como “Consenso de Washington” (Crespo e Gurovitz). 
CONCEPÇÕES DESENVOLVIDAS A PARTIR DO 
SÉCULO XX 
•  Ser pobre não significa apenas não possuir recursos materiais, conforme 
explicita Amartya Sen. É uma privação das capacidades básicas e que se 
refere à capacidade de escolha (optar por fazer jejum não é o mesmo de não 
ter o que comer). 
•  Há fatores que se relacionam diretamente com esta capacidade, como idade, 
localização, condições epidemiológicas entre outros e que podem dificultar as 
condições da pessoa auferir renda, sem contar na possível necessidade de 
renda maior que outras. Imagine um idoso que precise tomar uma série de 
medicamentos, ou um deficiente físico que necessite de próteses. 
•  Assim, a pobreza como inadequação da capacidade e baixo nível de renda 
estão absolutamente interrelacionados e a identificação do primeiro elemento 
pode minorar o problema da segunda, por meio da adequada política pública. 
PESQUISA DE DEEPA NARAYAN 
•  Deepa Narayan realizou uma pesquisa ao redor do mundo na qual entrevistou pesssoas 
consideradas pobres, analisando os vários setores da pobreza, suas causas e fatores 
limitadores das oportunidades e verificou que a pobreza é sentida basicamente como 
falta de recursos que levam à fome, à doença, à privação física, à insegurança, à falta de 
poder, valorizando “mais os ativos do que a renda e associam sua falta de ativos físicos, 
humanos, sociais e ambientais à sua vulnerabilidade e exposição ao risco.” (Crespo e 
Gurovitz). 
•  O Índice de Pobreza Humana (IPH), criado pelo 
P r o g r a m a d a s N a ç õ e s U n i d a s p a r a o 
Desenvolvimento (PNUD), em 1997, é um dos 
indicadores existentes e pondera três variáveis: 
expectativa de vida, nível de educação elementar e 
acessibilidade aos recuros públicos e privados 
como saúde, água potável e recursos nutricionais. 
•  No Brasil, o Instituto de Pesquisa Econômica 
Aplicada (Ipea) lançou um estudo intitulado 
"Pobreza multidimensional no Brasil", no qual 
propôs uma nova forma de cálculo do índice de 
pobreza, tendo por base as informações obtidas 
pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 
(Pnad),do Instituto Brasileiro de Geografia e 
Estatística (IBGE). 
•  O cálculo é feito para cada família, podendo-se 
assim avaliar o grau de pobreza de cada região e 
microreggião brasileira, bem como dos diversos 
grupos sociais individualizados (por raça, faixa 
etária, grau de escolaridade). 
INDICADORES 
INDICADORES 
•  As dimensões, componentes e indicadores a seguir foram extraídas do site do IPEA (
/www.ipea.gov.br/desafios/index.php?option=com_content&view=article&id=1132:reportagens-materias&Itemid=39) 
Componentes: fecundidade, atenção e cuidados com crianças, adolescentes e jovens, atenção e cuidados especiais 
com idosos, dependência demográfica e a presença da mãe. 
•  Indicadores: a presença de criança ou idosos na família e a existência de criança no domicílio cuja mãe já tenha 
morrido ou que não viva com a mãe, entre outros. Para os pesquisadores, investigar a presença da mãe é 
particularmente importante, já que, caso as crianças sejam criadas por terceiros, existe uma probabilidade de 
desproteção maior,de exposição a trabalho em atividades extenuantes, de estarem fora da escola ou doentes sem 
atendimento médico adequado. 
Componentes: analfabetismo,nível de escolaridade formal e qualificação profissional. 
•  Indicadores: presença de adulto analfabeto na família,ausência de adulto com secundário completo e ausência de 
trabalhador com qualificação média ou alta, entre outros. 
INDICADORES 
•  As dimensões, componentes e indicadores a seguir foram extraídas do site do IPEA 
(/www.ipea.gov.br/desafios/index.php?option=com_content&view=article&id=1132:reportagens-materias&Itemid=39) 
 
(representa a oportunidade que uma pessoa tem de usar sua capacidade produtiva) 
Componentes: disponibilidade de trabalho, qualidade e produtividade dos postos de trabalho disponíveis,entre outros. 
Indicadores: verificação se há ausência de uma pessoa ocupada no setor formal, ausência de trabalhador que esteja há mais de seis meses no 
trabalho atual e ausência de ocupado com rendimento superior a um salário mínimo. De acordo com o estudo,dotar as famílias de meios sem 
garantir que elas possam efetivamente utilizá-los para a satisfação de suas necessidades não é uma política eficaz,pois tão importante quanto 
assegurar que elas tenham acesso aos meios de que necessitam é dar-lhes a chance de usá-los. 
 (na composição do índice a renda também tem papel fundamental, já que a grande maioria das 
necessidades básicas de uma família pode ser satisfeita por meio de bens e serviços) 
Componentes e indicadores: a Pnad traz uma série de indicadores que apontam a insuficiência de renda de uma família. Por exemplo, 
verificação se a renda per capita é inferior à linha de extrema pobreza, se a renda familiar per capita é inferior à linha de pobreza ou ainda se a 
maior parte da renda familiar vem de programas de transferências. 
INDICADORES 
•  As dimensões, componentes e indicadores a seguir foram extraídas do site do IPEA 
•  (/www.ipea.gov.br/desafios/index.php?option=com_content&view=article&id=1132:reportagens-materias&Itemid=39) 
 
Componentes: trabalho precoce,evasão escolar,atraso escolar e mortalidade infantil. 
Indicadores: presença de ao menos uma criança com menos de 14 anos trabalhando, presença de ao menos uma criança entre 
zero e 6 anos fora da escola e presença de pelo menos uma mãe que já teve um filho nascido morto,entre outros. 
 
•  Componentes: propriedade do imóvel, déficit habitacional, capacidade de abrigar do imóvel,acesso inadequado à elimiágua, 
acesso inadequado a esgoto sanitário, falta de acesso à coleta de lixo,falta de acesso à eletricidade e falta de acesso a bens 
duráveis. 
Indicadores: densidade do domicílio, se o material de construção é permanente e se a família possui fogão, geladeira, televisão, 
rádio ou telefone, entre outros itens. 
•  De acordo com o PNUD, desenvolvimento 
humano é o “processo de ampliação das 
escolhas das pessoas para que elas tenham 
capacidades e oportunidades para serem 
aquilo que desejam ser”. Nota-se assim que 
se vai além do aspecto eminentemente 
monetário, onde a “renda é importante como 
um dos meios de desenvolvimento, mas não 
seu fim”. 
•  Foi dentro desta visão que se desenvolveu o 
, que toma por re ferênc ia t rês 
dimensões básicas do desenvolvimento 
humano: renda, educação e saúde. 
•  O IDH surge em contraposição ao “Produto 
Interno Bruto (PIB) per capita, que considera 
a p e n a s a d i m e n s ã o e c o n ô m i c a d o 
desenvolvimento” (PNUD), tendo sido 
idealizado por Mahbub ul Haq e Amartya 
Sen. 
INDICADORES 
INDICADORES 
•  Outros indicadores colaboram com o IDH para parâmentros (informações retiradas na íntegra so site do PNUD - : http://
www.pnud.org.br/IDH/IDH.aspx?indiceAccordion=0&li=li_IDH 
 
 
•  O IDHAD leva em consideração a desigualdade em todas as três dimensões do IDH, subtraindo o valor médio de cada 
dimensão de acordo com seu nível de desigualdade. 
•  “Com a introdução do IDHAD, o IDH tradicional pode ser visto como um índice de desenvolvimento humano “potencial” e o 
IDHAD como um índice do desenvolvimento humano “real”. A “perda” no desenvolvimento humano potencial devido à 
desigualdade é dada pela diferença entre o IDH e o IDHAD e pode ser expressa por um percentual”. 
 
 
•  O Índice de Desigualdade de Gênero (IDG) reflete desigualdades com base no gênero em três dimensões – saúde 
reprodutiva, autonomia e atividade econômica. 
 
•  O IPM identifica privações múltiplas em educação, saúde e padrão de vida nos mesmos domicílios. As dimensões de 
educação e saúde se baseiam em dois indicadores cada, enquanto a dimensão do padrão de vida se baseia em seis 
indicadores. Todos os indicadores necessários para elaborar o IPM para um domicílio são obtidos pela mesma pesquisa 
domiciliar. 
•  O Brasil em 2015, conforme o 
Relatório de Desenvolvimento 
Humano, ocupou a 75ª posição 
entre os países do mundo. 
•  Em primeiro lugar no ranking está 
a Noruega e em último o Níger. 
•  S ã o a s p o l í t i c a s p ú b l i c a s 
implementadas as responsáveis 
pelos avanços do Brasil 
•  G r á f i c o a o l a d o e x t r a í d o d o s i t e : h t t p : / /
alunosonline.uol.com.br/geografia/idh-brasil.html 
ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO - 
BRASIL - 2015 
ASPECTOS BRASILEIROS 
•  A marca distintiva da sociedade brasileira é a desigualdade, mais do que 
a pobreza em si. (Ribeiro e Menezes, 2008, p. 44) 
•  Nos anos 80, o grau de pobreza no Brasil atingiu valores máximos. 
Metade da população brasileira era considerada pobre, chegando a 33% 
da população no final do século XX, sendo que 21 milhões de brasileiros 
eram classificados como indigentes e 50 milhões como pobres, sendo a 
renda per capita e o grau de pobreza no Brasil superior a outros países 
do mundo com renda per capita semelhante, o que sugere a má 
distribuição de riquezas (Ribeiro e Menezes, 2008, p. 44). 
•  A desigualdade está na gênese da pobreza, sendo sobre elas que as 
políticas públicas devem incidir. 
MELHORA NO QUADRO DA DESIGUALDADE 
SOCIAL NO BRASIL 
•  Vários estudos revelam que a desigualdade, e por conseguinte a pobreza, 
declinaram no Brasil no início do século XXI, sobretudo pela “expansão 
das políticas públicas de transferências de renda aos domicílios mais 
pobres e nas regiões com menor grau de desenvolvimento 
socioeconômico do país”, tendo-se por base “conceitos objetivos das 
condições de vida, como a renda per capita, o consumo privado ou a 
infraestrutura domiciliar (Maia e Buainain, 2011). 
•  No entanto, muito ainda se deve avançar. De acordo com o Relatório da 
Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal, 2010), 
25% do povo ainda se encontrava na posição de pobreza no ano de 2009. 
ALGUMAS POLÍTICAS PÚBLICAS ADOTADAS 
PELO BRASIL PARA REDUÇÃO DA POBREZA 
•  O Brasil adotou uma política de parceria entre governo, setor privado e 
sociedade civil para o combate à pobreza no país. 
•  De acordo com Demian Fiocca, ex-presidente do Banco Nacional para o 
Desenvolvimento Social (BNDES), em 2005, “as ações públicas de 
transferência de renda aos pobres (programa assistência + Bolsa Escola) 
alcançaram R$ 14,0 bilhões em desembolsos”, sendo “40% maior do que 
o ano anterior”. 
ALGUMAS POLÍTICAS PÚBLICAS: CADASTRO 
ÚNICO 
•  Uma das políticas públicas para diminuição da pobreza que se pode 
mencionar foi o para Programas Sociais, como o 
Bolsa Família, destinadas às pessoas que, por razões de desigualdade 
social histórica, encontrava-se em situação de pobreza. 
•  É através dele que se seleciona e inclui as famílias carenciadas. 
•  A execução do Cadastro Único é de responsabilidade compartilhada entre 
o governo federal, os estados, os municípios e o Distrito Federal. 
ALGUMAS POLÍTICAS PÚBLICAS: BOLSA FAMÍLIA 
•  O é um programa de renda mínima à população, 
fazendo parte do Programa Fome Zero. 
•  Este programa possui três eixos centrais: complemento de renda, acesso 
a direitos (as famílias beneficiárias devem cumprir com algumas 
exigências, como inclusão e manutenção dos filhos na escola, vacinação 
etc.) e articulação com outras ações sociais. 
•  É um programa descentralizado e que abrange não só o governo federal, 
mas também os estados e municípios. 
OUTRAS POLÍTICAS PÚBLICAS ADOTADAS•  Pode-se mencionar: 
 
Programa Primeiro Emprego e criação de novos empregos dentro da economia 
formal. 
 
Programa Brasil Sem Miséria 
Programa da Tarifa Social de Energia Elétrica 
 
Programa Minha Casa Minha Vida 
 
Programa da Bolsa Verde 
CONCLUSÃO 
•  A pobreza é um fenômeno complexo que não abarca apenas a questão 
monetária. 
•  No Brasil, esse grupo em situação de vulnerabilidade social, luta para que 
cada vez mais políticas públicas de redução de pobreza sejam implementadas 
a seu favor, para além das que já vem sendo colocadas em prática. 
•  No entanto, não raras vezes, esses grupos sofrem gravemente com o 
processo de criminalização da pobreza. Ao invés de Estado social, entra em 
cena o Estado policial. 
•  Esta nossa história precisa continuar mudando, ampliando as esferas de 
participação popular para pressionar o Estado a diminuir as desigualdades e 
ampliar as oportunidades de escolha, bem como o espectro da cidadania a 
estes grupos. 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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