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Introdução a Ciência do Solo- Minerais de Argila | Kamilla Cornel Minerais de Argila I Minerais Secundários Página 1 de 8 AULA 24/08 1. Estrutura cristalina 2. Composição Na rocha existem determinados minerais que são denominados minerais primários por estarem contidos no material de origem e posteriormente ao processo de intemperismo desses minerais, a intemperização ocasiona algumas alterações no mineral da rocha e sua posterior transformação nos minerais secundários. Entre eles estão os minerais mais importantes dos minerais secundários que estão na fração argila. A capacidade de retenção de nutrientes se dá pelas cargas elétricas que serão projetadas nas superfícies dos minerais. Como os minerais conseguem reter nutrientes, elementos químicos, iônicos, catiônicos ou aniônicos (cargas positivas ou negativas)? Basicamente porque as argilas (também a própria matéria orgânica do solo) contém cargas elétricas. CONSTITUIÇÃO DO SOLO -> fases de solução líquida sólida e gasosa (líquida fica junto com a gasosa retida no solo, à medida que a água vai sendo drenada é usada pelo solo, os espaços vazios vão sendo preenchidos por gases). Sólida- mineral (ocupa a maior parte da proporção do solo) e orgânica (agrupamentos orgânicos, humus do solo) MINERAL (pode ser subdividida em três frações de tamanho, se diferenciam apenas pelo tamanho)- areia (maior fração), silte (fração intermediária, menor do que a areia mas muito maior que a argila, um solo com silte, é parecido com apertar talco molhado, possui uma sebosidade, solos com composições de silte possuem muita erosão) e argila (detentora de propriedade que as outras frações não possuem, principalmente por ser uma estrutura já transformada quimicamente, um material já secundário, possui cargas elétricas sendo manifestada na superfície, nos solos brasileiros em maior o caráter negativo, mais facilidade em reter elementos de cargas positivas. Se na superfície da argila se tem elementos com cargas negativas, pela diferenciação em potencial de carga existe uma retenção mesmo que temporária desse elemento físico na superfície) DIFERENÇAS APENAS NO TAMANHO: Na fração argila, as transformações já não são mais físicas, mas sim químicas, os minerais são dissolvidos e transformados em outros minerais, isso só acontece na própria fração argila. Uma partícula de argila é impossível de ser observado a olho nu, e a composição e continuação já não são mais materiais primários (como o quartzo por exemplo, que não chega na fração argila, não consegue se diminuir em uma partícula menor) então para produzir a fração argila se necessita de mudanças químicas pois são matérias secundárias. Se trata de um refinamento. Quanto a argila quanto a matéria orgânica vai desempenhar grande parte dos nutrientes do solo (de água a acidez). As partículas de argila sempre quando vistas, estão em empilhamento, se assemelham a um cristal maior (se assemelha pelo conjunto, porém não é um cristal) mas na verdade são pequenas partículas que se unem umas as outras. Para formar essas estruturas de minerais principalmente da função argila, se tem duas unidades básicas, peças do quebra cabeça: Introdução a Ciência do Solo- Minerais de Argila | Kamilla Cornel Minerais de Argila I Minerais Secundários Página 2 de 8 A primeira dessas unidades básicas é chamada de tetraedro de cilício, é como se fosse uma pirâmide, onde a bolinha preta indica um silício, que por sua vez se liga em 4 oxigênios (oxigênio basal). Essas estruturas não acontecem sozinhas na natureza, acontecem juntas umas às outras fazendo ligações químicas por exemplo, um desses oxigênios pode pertencer a dois tetraedros (duas pirâmides), isso pode acontecer com casa um deles pois vão se juntando um ao lado do outro, tanto que o oxigênio acima da pirâmide tem a função de se ligar com o de cima. Isso forma uma folha de tetraedro de silício, há constituição de silício lá dentro do mineral, e esse silício é organizado dentro de uma pirâmide formada por 4 oxigênios. Temos uma outra estrutura que é chamada de octaedro, esses oito lados nada mais são que um alumínio ligado a seis oxigênios. Não é o número de oxigênio que determina o número de lados e sim a forma como a figura assume o espaço. No octaedro de alumínio, 6 oxigênios ligados formam um plano com o alumínio no meio, (sempre um oxigênio nas extremidades para se ligar com as outras estruturas). Assim como no tetraedro essas estruturas também não acontecem sozinhas, precisam estar juntos e ocorrem na forma de folha de octaedro. A partir dessas duas estruturas a maior parte dos minerais que conhecemos e são importantes para a dinâmica de funcionamento do solo, a partir de suas diferentes composições dessas duas estruturas que vão formar diferentes minerais. AS FOLHAS DE TETRAEDROS E OCTAEDROS PODEM SE UNIR: Em alguns casos, os octaedros de alumínio, ao invés de ter alumínio dentro de sua estrutura, terão ferro+2 ou mg+2. Isso vai originar determinadas modificações das estruturas do octaedro. Em alguns casos dentro do tetraedro de silício, pode ter um tetraedro de alumínio no meio. Isso irá acontecer em alguns processos de formação do solo que acabam se modificando (ocorrem erros), origina uma grande quantidade de cargas. O primeiro mecanismo físico químico que consegue produzir cargas elétricas na superfície das argilas é chamado de substituição isomórfica. É uma substituição pois é entra um elemento em determinada estrutura, que não deveria ser o ideal. SUBSTITUIÇÃO ISOMÓRFICA Basicamente essas cargas elétricas são projetadas de forma estrutural, não dependem de PH pois estão dentro dos minerais e fazem parte da estrutura dos minerais. Pode estar ácida, básica ou neutra, essa carga elétrica sempre estará lá. É uma carga produzida pela substituição chamada isomórfica (iso=igual, mórfica=forma). É quando um íon que tem um tamanho, uma forma iônica parecida com a qual deveria estar ali dentro da estrutura, toma o lugar. Isso produz um déficit de carga. Mineral de argila do tipo 1:1 (caulinita) e óxidos são os mais encontrados no brasil, o intemperismo pode modificar a argila e a envelhecer. Minerais (argilas) 2:1 estão mais na campanha meridional gaúcha, possuem quase nada de óxidos por isso nossa região não tem coloração mais viva, amarelada ou avermelhada na superfície. Solos com pouco óxido são mais cinzentos e esbranquiçados. Elas retêm muita água e mais nutrientes por serem mais novas. ENFATIZANDO A SUBSTITUIÇÃO O ideal é que tenhamos dentro dos tetraedros de silício+4, o próprio silício. O ideal é que tenhamos dentro da estrutura dos octaedros, o alumínio +3. Mas durante o processo de montagem do mineral, ou seja, processo de estruturação do mineral, alguns erros podem acontecer devido ao caos na formação ou transformação do mineral. No caso das lâminas de tetraedro de silício, temos uma substituição do silício pelo alumínio, e ao contrário do silício que tem +4 de carga, o alumínio tem +3. Introdução a Ciência do Solo- Minerais de Argila | Kamilla Cornel Minerais de Argila I Minerais Secundários Página 3 de 8 Essa diferença de +4 para +3 provoca um balanço dentro das cargas elétricas e isso produz um potencial de carga negativa, que é manifestado na superfície do mineral. No caso da lâmina de octaedros, ao invés de entrar um alumínio +3 de carga, entra um íon de um tamanho parecido (ferro ou magnésio) e que tem carga +2. Então de +3 diminui a carga para +2, essa substituição que acontece nas lâminas dos octaedros, também produz um potencial de carga negativa. Quando essa substituição acontece nos tetraedros, temos essa carga elétrica acontecendo na superfície só superior ou só inferior da estrutura, seria somenteuma “casca”. A carga aqui é mais forte, mas ela se condensa em um espaço menor. Quando essa substituição ocorre no octaedro, nós temos essa carga, diferença de potencial, se projetando na superfície superior e na inferior. A carga é menor, mas a área que essa carga ocupa é muito maior. Essa substituição estrutural (isomórfica) não depende da carga de PH, e só acontece nos minerais (argila) 2:1. A partir do momento que existe essa substituição teremos a produção de uma carga negativa de íons. Temos uma outra forma de formação de cargas: A chamada quebra de arestas. SUBSTITUIÇÃO POR QUEBRA DE ARESTAS É basicamente quando temos os oxigênios terminais (extremidades) que quando não tem outro tetraedro para se ligar (com oxigênios), vão acabar se ligando aos hidrogênios. Sempre um oxigênio se liga a outra face de tetraedro, porém pode chegar um momento que o oxigênio da extremidade precisa se ligar a um hidrogênio. A depender da acidez do solo e do PH, ele vai se ligar principalmente nos hidrogênios. Isso se dá pois os tetraedros são estruturas finitas. E é por isso que os hidrogênios são um problema para quem trabalha com solos, pois eles normalmente vão ocupar essas cargas elétricas (não das estruturais e sim as das bordas e arestas dos minerais) e ocupando o lugar nos oxigênios, impedindo que ele possa segurar nutrientes. Então se o PH está muito baixo significa que tem muito hidrogênio disponível, e vamos ter basicamente a carga elétrica ligada a um hidrogênio. Quando fazemos a calagem (eliminação do hidrogênio), liberamos essas cargas elétricas que ficam disponíveis. É preciso saber que solos na sua fração de argila são compostos por essas cargas elétricas, pois é essa a diferença que mostra o quanto os solos arenosos são levados pela chuva, que é justamente por não possuírem argila e não terem as cargas elétricas. É a carga elétrica que segura os compostos, para não perder os nutrientes facilmente. Assim é possível se pensar o manejo em torno da acidez ou mesmo a retenção de nutrientes. ENTÃO EXISTEM DUAS CARGAS: Uma com a substituição isomórfica, que sua projeção é na superfície, mas a substituição é realizada dentro do mineral (não depende de PH e a carga é reduzida pela substituição de elementos dentro da estrutura dos tetraedros). Argilas 2:1 possuem então, uma enxurrada de carga negativa, que vai facilmente se ligar a moléculas positivas. SÓ OCORRE SUBSTITUIÇÃO ISOMÓRFICA NA ARGULA 2:1 A outra é o mecanismo de quebra de arestas que correspondem a os oxigênios que estão na porta dos minerais e que não tem outro tetraedro para se ligar (outra carga negativa). E essa carga negativa quando o solo está muito ácido, ela vai estar principalmente em interação com esses hidrogênios, e se esses hidrogênios estão ligados ao oxigênio, o oxigênio não terá carga disponível para segurar nutrientes (principalmente o cálcio já que o hidrogênio não é capaz de o segurar). Essa etapa sim é dependente do PH, e pode acontecer em qualquer mineral, tanto na argila 2:1, 1:1 e nos óxidos. ➔ Na argila 1:1 e nos óxidos como não existe substituição isomórfica, a única forma de se produzir carga é pela quebra de arestas dos oxigênios terminais pendentes. Introdução a Ciência do Solo- Minerais de Argila | Kamilla Cornel Minerais de Argila I Minerais Secundários Página 4 de 8 OS DIFERENTES MINERAIS: CAULINITA - material da folha de caderno, o mineral mais abundante nos solos no mundo inteiro, ocupa a maior proporção do mineral argila. São minerais do tipo 1:1, uma folha de tetraedro de silício ligada a uma filha de octaedro de alumínio. A aparência da caulinita é como se fossem folhas perfeitas empilhadas, como sanfonas (se apresentam quase como cristais mesmo não sendo). Quando o solo de caulinita é jovem, tem os ângulos bem retos, quanto mais vai envelhecendo ela vai ficando um pouco mais arredondada nas arestas, como se l tempo fosse a polindo. Os materiais sofrem muito o fator clima. ESSA IMAGEM SE TRATA DE UMA PARTÍCULA MUITO PEQUENA. A caulinita por ser mineral argiloso possui as partículas muito compactas entre si gerando um adensamento (forma natural). Se trata de um dos maiores problemas de operações de máquinas, que no manejo do solo esse processo é chamado de Compactação (forma feita pelo homem). Todos os solos contêm caulinita em maior ou menor proporção. Temos a caulinita ocupando a maior proporção da fração argila, dos materiais secundários que acontecem no solo. Latossolo Amarelo- óxido de ferro pinta a caulinita deixando com aspecto amarelo. Gleissolo- solo hidromórfico, não tem óxido de ferro pela remoção da água que é permanente. A coloração do solo vai constar quase que originalmente a coloração da caulinita (mais acinzentada, esbranquiçada). Latossolos Vermelhos- Cheios de hematita que são óxidos de ferro que dão a coloração vermelha, mas nesses solos que ficam no basalto catarinense, a maior proporção de argila é do tipo caulinita que estão pintadas pela hematita. Os óxidos de ferro vão pintando os minerais, por isso as diferenças de coloração. Dependendo da proporção de óxido de ferro e caulinita, se terá cores mais vivas ou menos vivas. ESMECTITA Ao contrário da caulinita, ela é um mineral do tipo 2:1, tem uma folha de tetraedro em cima, outra embaixo (como castas de pão) e a folha de octaedro de alumínio no meio, ou seja, duas folhas tetraedro pra uma de octaedro de alumínio. É um mineral 2:1, ou seja, tem substituição isomórfica. Esses minerais são duas lâminas de 2:1 (tetraedro de silício, octaedro de alumínio, tetraedro de silício), mas é importante saber que isso se repete uma em cima de outra. Pela grande quantidade de carga produzida pelas modificações e pelas substituições isomórficas, quando chove o mineral consegue ampliar seu espaço entre essas camadas e entra água ao meio. Quando seca, a água sai desse espaço e o mineral contrai, então na verdade a esmectita é como uma sanfona, se expande quando encharcada e se contrai quando seca. Esse processo é o que faz com que exista o processo de turbação, que é principalmente característico de uma outra classe de solos chamados verdes solos. São esses solos que quando há um período grande sem chuva, é possível observar rachaduras nele (fraturas). Introdução a Ciência do Solo- Minerais de Argila | Kamilla Cornel Minerais de Argila I Minerais Secundários Página 5 de 8 *Assim é preciso pensar no que se planta em determinada região, plantações com raízes sensíveis morrem com essas fraturas. As esmectitas não só conseguem reter uma quantidade enorme de nutrientes como também conseguem reter água, só que essa questão de reter água é o que transforma os solos tão plásticos, pegajosos e difícil de operacionalizar com máquinas, sobretudo pelo preparo convencional ou da própria semeadura. Solos plásticos se tem um limite para maquinar, e quando esses solos ficam muito encharcados, fica muito plástico e pegajoso, quando seco ele acaba ficando muito duro. Os dois extremos possuem problemas em ponto de vista de preparos, operações de máquinas e plantios. Nossos solos (RS) são uma grande mescla de caulinita com esmectita. Esmectita é um mineral 2:1 AULA 14-09 (CONT. MINERAIS DE ARGILA) ÓXIHIDRÓXIDOS DE FERRO GOETITA- confere cores amarelas aos solos, em gera sua fórmula química é FeOOH, ou seja, tem ferro, dois oxigênios e um hidrogênio em sua estrutura, o que chamamos de célula unitária (é a menor unidade de mineral cujo qual tem uma fórmula química bem definida. O mineral goetítico não vai apresentar somente isso em termos de presença de elementos, mas é uma repetição dessas fórmulas químicas. Inclusive o ferro, vai estar no lugar do alumínio, nos octaedros de alumínio. Mas por que ele nãoproduz carga por substituição isomórfica? Nesse caso em específico, temos o ferro com valência +3, não é o ferro +2. Como o alumínio também é +3, irá se substituir essa estrutura, mas não irá produzir um déficit de carga pelas duas produzirem carga +3. O déficit de carga só irá acontecer quando a quantidade de cargas de um elemento químico é diferente da quantidade de íons que deveriam estar ali ocupando aquele espaço. Então na goetita, assim como no caso da própria hematita, o ferro possui carga +3, não é o que acontece nas esmectitas, que quando ocorre substituição é com o ferro +2, que aí sim produz diferencial de carga e acaba produzindo o déficit de carga. Então Goetita confere cores amareladas, alaranjadas a depender da proporção em que esse óxido pode aparecer com outro óxido junto. Então existe um gradiente de cor, mas em geral fica com uma esfera alaranjada mais clara ou mais densa. Normalmente esse material está relacionado a alguns tipos de ambientes, em condições frias e úmidas, e possui elevado nível de matéria orgânica e concentrações ácidas. A primeira condição ambiental para que esse mineral se desenvolva dentro do solo (e esse solo só vai aparecer em solos de médio a elevado grau de desenvolvimento, então quanto mais velho é o solo, a depender de algumas condições ambientais, vamos ter esse mineral aparecendo em menor proporção, mas o solo precisa ter um estágio relativamente avançado de evolução, ou seja um solo mais novo não vai apresentar grandes proporções de goetita mas sim um solo mais velho. Isso acontece muito na classe dos latossolos (especificamente nos amarelos por exemplo) que cumpre um papel muito importante na definição de classe dos latossolos que são solos muito velhos (intemperados). Irão aparecer também em solos em regiões frias e úmidas, quando os latossolos acontecer em regiões de clima mais quentes e mais secas não é a goetita, que vai aparecer muito, mas sim a hematita que é o óxido vermelho. Goetita está presente também em solos em gerais com elevados teores de matéria orgânica, ou seja, quanto mais matéria orgânica (carbono) tiver no solo, justamente propiciado por regiões mais frias que retarda a decomposição da matéria orgânica e mantém o carbono por mais tempo no solo. Então o efeito da matéria orgânica também propicia o desenvolvimento desse mineral. Esses solos são ácidos, com PH abaixo de geralmente 5,5 ; 5, ou até menos chegando a 4; 4,5. Na sua estrutura, possui cristais na forma de partículas espinhadas. Nunca irá acontecer somente um mineral na fração argila, sempre será um compilado, as vezes se pode ter caulinita, esmectita e óxidos tudo junto. Mas a depender da proporção em que esses solos acontecem, é possível se ver a coloração bem delimitada. HEMATITA Hemo= hemoglobina= vermelha. A hemoglobina, assim como os óxidos de ferro desse nível, pois nossa proteína sanguínea também tem ferro desse nível. Possui um valor de ferro bastante apreciado, são responsáveis pela coloração vermelha nos solos. Introdução a Ciência do Solo- Minerais de Argila | Kamilla Cornel Minerais de Argila I Minerais Secundários Página 6 de 8 Sua estrutura é Fe203, ou seja, a hematita é o óxido de ferro que contém mais ferro em sua estrutura, pois ao invés de possuir íons de ferro+1, possui +2. Quanto mais ferro se tem em uma estrutura, mais ela terá sua coloração puxada para o vermelho. Quanto menor ferro (mas ainda com a presença do mesmo, haverá uma coloração mais sutil, é um gradiente). Estão nas estruturas de octaedros de ferro, quando substituem o alumínio. Assim como no caso do tetraedro, não possui formação de carga na sua substituição isomórfica. A hematita irá ocorrer em regiões quentes e úmidas com estação seca definida, ao contrário do que acontece na goetita. Se faz necessário uma região que chova pouco, por isso em geral, boa parte das missões jesuíticas do RS, possui solos com elevados números de óxidos de ferro do tipo hematita, que forma aqueles solos muito velhos, intemperizados, profundos e avermelhados. A hematita tinge de vermelho os demais minerais do solo. Nós também temos outro tipo de hidróxido de ferro, que são os hidróxidos de alumínio: GIBBSITA Não contém ferro em sua estrutura, possuem uma fórmula definida como Al (OH)3), esse alumínio também está dentro das estruturas dos octaedros, porém nesse caso não se tem produção de cor. Ocorrem em solos muito intemperizados, nos solos mais velhos que existem. A origem desse material se dá pela caulinita, ou seja, quando a caulinita se intemperiza e perde a sua única lâmina de tetraedro de silício, ela se converte a gibbsita que é a única coisa que sobra nela são os octaedros de alumínio, então por isso é produzido pela caulinita, se trata do que sobrou do processo de retirada do silício de minerais mais jovens. FORMAÇÃO DE CARGAS NEGATIVAS NOS COLÓIDES MINERAIS DO SOLO -SUBSTITUIÇÃO ISOMÓRFICA (estrutural, permanentes, não depende do PH) -QUEBRA DE ARESTAS (aquela que se formas nas bases e depende de PH) As cargas elétricas são o fenômeno cujo qual toda a retenção de nutrientes, inclusive a própria retenção de água, a forma como as partículas do solo se agrega também tem influência direta das cargas elétricas, então é um tema importante. O raio iônico das substituições geralmente só irá aceitar íons com geralmente no máximo 1 íon abaixo. Ex.: íon +4 só pode substituir por íon +3. ABSORÇÃO DE CÁTIONS PARA NEUTRALIZAR AS CARGAS: Exemplo de caulinita com cargas negativas a volta que não possui substituição isomórfica, então é por arestas, onde as bordas dos minerais começam a manifestar essas cargas negativas (os oxigênios que ficam no finalzinho do mineral, pode se observar que se tem vários elementos químicos e nutrientes. - Esmectita dura pouco pela grande quantidade de substituições isomórficas. Essas cargas elétricas que são produzidas na volta dos minerais são responsáveis pela retenção dos nutrientes, quando mais hidrogênio temos no solo mais alumínio +3 (não o que está dentro da estrutura) se terá livre na solução do solo, é esse alumínio tóxico pode ser absorvido e mata as raízes. A plasmólise celular evita que as raízes consigam ter elasticidade suficiente, elas estouram, existe extravasamento celular, que profissionais chamam de queima da raiz (se trata de um rompimento celular literalmente). Por isso no caso das cargas que são dependentes de PH se pode ajustar isso a partir da calagem e elimina tanto o problema do alumínio quanto o problema do hidrogênio ligado a essas cargas e a partir disso se tem mais cargas disponíveis para retenção de elementos cargas positivas. Introdução a Ciência do Solo- Minerais de Argila | Kamilla Cornel Minerais de Argila I Minerais Secundários Página 7 de 8 Quando se tem o processo de quebra de arestas, a carga negativa do oxigênio que é produzida no final do mineral (aquele que não tem mais onde se ligar pelo mineral ter acabado) ele irá pegar o hidrogênio do solo (que é muito pequeno), então quanto mais hidrogênio se tem no solo, maior é o bloqueio dessas cargas elétricas que poderiam estar disponíveis para por exemplo: potássio, cálcio, magnésio. Então se utiliza da técnica de calagem (aplicação de calcário) para elevar o PH eliminar o hidrogênio mesmo que temporariamente do sistema e deixar essa carga do oxigênio livre para que ela possa reter um outro nutriente. Nesse caso em geral, o processo de quebra de arestas vai originar cargas negativas nas argilas 1:1, origina comparativamente a substituição isomórfica (só dentro dos minerais jovens 2:1, minerais instáveis) uma baixa quantidade de cargas, e possuem uma fertilidade química menor, mais pobre se comparar com solos mais jovens, e dependentes de PH. Além das cargas,tanto de substituição isomórfica quanto as de quebra de arestas que são nos minerais, também temos cargas elétricas principalmente cargas elétricas negativas que são produzidas na matéria orgânica. Então a matéria orgânica, principalmente aquelas que estão nos primeiros centímetros concentrados no horizonte A, conseguem produzir uma quantidade muito grande de cargas elétricas negativas, principalmente pelos grupos hidroxílicos que são as hidroxilas fenólicas, ligadas a anéis aromáticos, já os coloides orgânicos irão produzir caráter carboxílico, ou seja, grupos que estão presentes nas estruturas dos ácidos orgânicos que compõem a matéria orgânica do solo. Essas cargas também são dependentes de PH então quanto adicionamos calcário também libera as cargas para ficarem disponíveis para reter potássio, cálcio e etc. (todos que tiverem carga positiva). A matéria orgânica também é responsável por uma parte muito expressiva das cargas elétricas negativas do solo, só que como temos muito menos matéria orgânica no solo do que temos de minerais de argila, pelo menos nos solos utilizados na agropecuária, a gente dá uma ênfase para os minerais, porém a matéria orgânica também é bem importante. Se perde a matéria orgânica (por erosão por exemplo) o solo perde sua capacidade de absorver nutrientes, e as cargas produzidas por ela vão embora também, sobrando só as cargas elétricas. FORMAÇÃO DE CARGAS POSITIVAS ÓXIDOS DE FERRO- É importante saber que não temos só cargas negativas no solo, também há positivas que são muito importantes. Em geral nossos, a maior parte das cargas elétricas, vão ser negativas, mas a depender do Ph do solo nós podemos ter a inversão da polaridade da carga. Quando temos muito hidrogênio no solo (ou seja, um ph muito baixo, é ácido. PH baixo solo ácido, PH mais alto solo menos ácido) nós temos as vezes dois hidrogênios que se ligam a um oxigênio final (oxigênio que produz a carga negativa, hidrogênio que produz carga positiva) e ao invés de ter só o bloqueio dessa carga negativa, nós devemos MUDAR a carga. Então a depender do PH ela pode ser uma carga positiva ou carga zero por estar bloqueada, ou até normalmente quando aplicamos calcário teremos a liberação desses hidrogênios, e teremos as cargas negativas novamente liberadas para reter nutrientes. Os óxidos de ferro de forma geral, ocupam um papel importante que é o de poderem apresentar cargas positivas, e essas cargas positivas que se ligam não são permanentes (são temporárias tanto no bom quanto no mal sentido), então chamamos de complexos de troca, pois os elementos ficam se trocando, uma hora tem nitrogênio, outra tem cálcio +2, sai e entra potássio e etc, são um complexo de troca que acontecem tanto para elementos de cargas positivas que vão ser retidos pelas cargas negativas, quanto também acontecem com elementos de carga negativas que vão ser retidos por cargas positivas. Então é bom se ter carga positiva no solo, pois tem determinadas espécies químicas que são detentoras de cargas negativas e precisam de cargas positivas para ficarem retidas e assim posteriormente serem disponibilizadas para as plantas ou micro-organismos da flora. Em geral nossos solos vão apresentar sempre muito mais cargas negativas, nossa capacidade de troca de cátions (retém carga negativa) é muito maior. Mas todos os solos apresentam em determinado momento também uma quantidade razoável de solos com carga positiva que vão ter capacidade de ter ânions que são íons com carga negativa (retém carga positiva) que é a capacidade de troca aniônica. CAPACIDADE DE TROCA ANIÔNICA - CTA Para ter a capacidade de troca aniônica, chamada de CTA, nós devemos ter cargas positivas nos minerais do solo. E quais são os minerais que são parte importante para se ter carga positiva? são os óxidos de ferro e de alumínio. Introdução a Ciência do Solo- Minerais de Argila | Kamilla Cornel Minerais de Argila I Minerais Secundários Página 8 de 8 Não veremos cargas positivas, mas esmectitas que são minerais 2:1, é quase que inexpressivo nos minerais 1:1 (caulinitas de forma geral), na matéria orgânica praticamente nada (só em alguns grupos aminados) não teremos cargas positivas. Realmente só se terá cargas positivas expressivas nos óxidos de ferro e alumínio em condições de extrema acidez. Essas cargas positivas dos minerais serão responsáveis por reter os grupos fosfáticos, sulfatos, cloro, enxofre, nitrogênio na forma de nitrato, todas as espécies químicas que são nutrientes. ROTAS DE FORMAÇÃO DE MINERAIS A mesma classe de minerais primários pode produzir mais tipos de minerais secundários. Não existe uma rota direta dizendo que tal mineral irá formar tal mineral secundário, a formação irá depender sempre dos climas, intemperismo e outros fatores de formação e são conjugados por eles. De acordo com o clima da região, já é possível saber o tipo de material que se irá encontrar. Os minerais que se encontram no solo, se originam da decomposição dos minerais primários, pelo processo de intemperismo. Os íons se transformam sempre em soluções do solo, pois são lixiviados por exemplo, e posteriormente absorvidos pelo solo (argilas). O solo tende sempre a empobrecer de nutrientes, por isso a importância da fertilização. A adubação é importante, mas as cargas elétricas são dependentes de Ph, então normalmente antes se ajusta o PH do solo pensando na disponibilização dessas cargas elétricas e depois se aplica os nutrientes na forma de adubação, sabendo que as cargas elétricas vão reter uma parte muito significa desses nutrientes. Por isso, do ponto de vista prático sempre se faz a calagem antes e depois da adubação, pois não adianta adubar se as cargas elétricas não estiverem disponíveis, muito se irá perder do adubo. CORES DO SOLO Solos de boa drenagem possuem alto teor de ferro por possui hematita (avermelhados), estão associados a climas quentes e úmidos com épocas de estiagem. Solo de má drenagem é um solo que possui ferro baixo ou reduzido por boa parte do ferro ter sido levado embora pelo lençol freático, pela saturação (solos de várzea), saiu do sistema. Solos com altos teores de matéria orgânica também associados a uma questão de drenagem ineficiente, que vai ter solos com a cor bem escura. Outros como espodossolos por exemplos, questões diferentes com conteúdo minerais completamente diferentes, teores de matéria orgânica diferentes. Há presença de compostos de baixa cristalinidade chamados antigamente de compostos amorfos principalmente no horizonte B espódico. No horizonte A há matéria orgânica, horizonte E é claro e B possui MO, Fe, Al. Outros solos também bem evoluídos, intemperizados, mas sobre condições de clima mais úmido e mais frio, com um pouco mais de matéria orgânica. Também se tem a presença de ferro no sistema em proporção significativa, mas nesse caso ao invés de formar hematita, teremos a formação da goetita. Sendo assim se tem um solo mais amarelado e mais hidratado.
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