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#3 Scarless & Sacred - Bethany-Kris

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Bethany-Kris 
#3 Scarless & Sacred 
Série The Chicago War 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Scarless & Sacred Copyright © 2015 Bethany-Kris 
~ 3 ~ 
SINOPSE 
Segredos e guerras deixam as cicatrizes mais profundas. 
Evelina Conti sempre usou uma máscara. Ela é uma princesa da 
Outfit, respeitada e admirada. Ela não tinha permissão para ser outra 
coisa. Seu pai passou de um marido de luto para o Chefe da Outfit, e 
agora que Riley lidera a família, Eve está mais sufocada do que nunca. 
Não importa o quanto ela odeia isso, a princesa Conti ainda tem um 
papel a desempenhar. Um pouco de atenção de Theo DeLuca parece 
bastante inocente, mas nada é quando se trata dele. E certamente não 
quando todo mundo acredita que Theo está querendo matá-la. 
Theo DeLuca tem um alvo em suas costas. Seu maior problema é 
descobrir quem o colocou lá quando todo mundo está apontando para 
ele. Ele não precisa de uma mulher lhe causando problemas, mas a 
princesa Conti continua aparecendo nos piores momentos, e ele é o 
único a salvá-la. Entre os homens que o rodeiam, que Theo não pode 
confiar, e o passado que ele não pode fugir, Evelina pode ser a única 
coisa que ele não tem que questionar. Mas quando Riley decide usar 
Eve como seu próximo movimento, nem mesmo Theo pode ser capaz de 
salvá-la. 
A guerra em Chicago não está sequer perto de terminar. Este jogo 
é mortal. Cada mão cortada deixa outra marca em outra pessoa. O 
Chefe da Outfit está lutando enquanto os homens ao seu redor estão se 
reunindo. Enquanto a contagem de corpos continua a subir, as famílias 
continuam a perder. 
Sacrifícios são uma parte da guerra. Ninguém sai disso sem 
cicatrizes. 
 
*** 
 
ATENÇÃO: Scarless & Sacred não deve ser lido como um 
autônomo nesta série. É o terceiro livro da série e deve ser lido após os 
primeiros dois livros. Aviso: Scarless possui violência gráfica e cenas de 
abuso. 
~ 4 ~ 
A SÉRIE 
Série The Chicago War - Bethany-Kris 
 
 
~ 5 ~ 
Prólogo 
Festas deveriam trazer felicidade. Evelina Conti sentia de tudo, 
menos felicidade, enquanto observava os convidados em seu aniversário 
de dezoito anos com bebidas em uma das mãos, risos em abundância, e 
todos os olhos sobre ela. Ela sabia o que eles estavam pensando. 
A princesa Conti. 
Finalmente com idade, pronta para a Outfit, e apenas esperando 
o sobrenome certo para acompanhar. 
Evelina encontrou a mãe e o pai no meio da multidão. Seus pais 
haviam dado a maior festa que a Outfit tinha visto este ano. Eles 
tinham ido ao topo com o aniversário de Evelina. Mia ficou ao lado de 
seu marido com um sorriso honesto para a multidão e um olho em seu 
marido. Deus sabia que se ela não ficasse de olho nele, Riley correria 
para o primeiro pedaço de bunda de boa aparência que pudesse 
encontrar. 
Suspirando, Evelina se encostou à parede e tentou evitar ser 
notada. Foi difícil, já que a festa era para ela, e ela deveria estar na 
primeira fila e no centro para todas as pessoas. 
Quando se tratava destas famílias, os Trentini, Rossi, DeLuca, a 
dela própria, os Conti, nada nunca era real. Era tudo show. 
A Outfit sempre tinha sido assim. Quem tinha a maior parte do 
que, quem estava tentando passar por cima de quem, e quem poderia 
ficar no topo por mais tempo. Claro, eles tinham um bom jogo e faziam 
bonito na mesa de jantar como todas as boas famílias mafiosas fazem, 
mas o ciúme, ganância e violência estavam sempre ao virar da esquina. 
Evelina sentiu como se seu aniversário fosse nada mais do que 
outro dia. Só que desta vez, ela era o prêmio de sua família. Ela era sua 
coisa para mostrar. A única filha, uma filha perfeita. Ela estava em uma 
idade primordial para seu pai começar a procurar alguém para casá-
la. Ela poderia ser o caminho da família Conti para o topo da Outfit, ou 
de outro Sindicato do crime em outro lugar. 
Seu futuro era incerto. 
~ 6 ~ 
Este não era um dia feliz. 
— Ei, — disse Adriano, deslizando ao lado de Evelina. 
Ela deu ao seu irmão mais novo um sorriso falso. — Ei. 
— Eu estava lá fora admirando suas novas rodas, pelo menos 
papai escolheu uma boa marca. 
— Eu acho que sim. 
Riley tinha entregado a Evelina as chaves de um belo BMW azul 
elétrico de dois lugares naquela manhã. O carro ostentava um enorme 
laço rosa no capô e couro branco no interior com destaques azuis. Ele 
era impressionante. Era também outra maneira de seu pai controlá-la. 
O carro não significava liberdade quando Riley poderia facilmente 
levá-lo embora. Ele provavelmente tinha mandado instalar rastreadores 
nele. Fazer dezoito anos não significava absolutamente nada, enquanto 
ela ainda estivesse sob o polegar de seu pai. 
— Mamãe parece feliz, — Adriano observou. 
— Enquanto papai mantém as mãos e o olhar nela, com certeza. 
Adriano riu estupidamente. — Verdade. Onde está a sua amiga? 
— Hmm? 
— Lily. Ela não deveria estar aqui? 
Lily DeLuca tinha sido a melhor amiga de Evelina durante o 
tempo que ela conseguia se lembrar. As duas foram às mesmas escolas 
particulares crescendo sempre perto. Mas a formatura tinha vindo e as 
meninas tinham deixado o colégio interno para voltar à vida. Evelina foi 
a única a voltar para Chicago. 
— Não, ela não está aqui, — disse Evelina. 
Adriano franziu a testa. — Onde diabos ela está? 
— Dino a deixou ir para o exterior. Ela está mochilando. Viajando. 
Sendo livre, se divertindo, e ficando longe daqui. 
Evelina amava a amiga, mas estava com ciúmes dela também. As 
circunstâncias de Lily não eram as mesmas que as de Evelina. Os dois 
irmãos mais velhos de Lily ficaram do lado dela enquanto Evelina foi 
forçada a voltar para a casa e escolher uma faculdade em Chicago, fazer 
~ 7 ~ 
seu dever como filha de seu pai. O irmão mais velho de Lily, Dino, tinha 
criado sua irmã livre para fazer o que quisesse. 
— Ela vai voltar, — disse Adriano, encolhendo os ombros. — Você 
não pode ficar longe da família por muito tempo. 
Evelina duvidava. Lily odiava a Outfit por deixá-la órfã. 
— De qualquer forma, — disse Evelina, se empurrando da 
parede. — Eu vou dar uma volta. 
— Não vá muito longe. 
Claro. Porque seu pai ainda gostaria de exibi-la, tanto quanto 
podia. 
— Meu pai estava falando sobre ter uma dança com você mais 
tarde ou qualquer outra coisa, — seu irmão acrescentou. 
Evelina atirou a Adriano um olhar de soslaio e o manteve em seu 
irmão. Adriano parecia mais velho do que seus dezesseis anos. Mas isso 
não era o que Evelina mais tinha notado sobre seu irmão. Ele parecia 
cansado do dia, dos convidados, da festa. 
Desde que ela havia retornado para casa da escola, ela também 
notou que Adriano estava começando a mergulhar seus dedos no 
negócio da família. Essa era a coisa sobre a máfia. Uma vez que você 
molha seus dedos, eles te empurraram de cabeça na piscina. 
Evelina não podia deixar de se perguntar se alguém tinha dado a 
seu irmão uma escolha no assunto. Adriano tinha entrado em la 
famiglia porque quis, ou porque seu pai o tinha empurrado para 
isso? Ela esperava que ele fosse melhor do que isso e melhor do que 
eles. Ela esperava que Adriano fosse melhor do que fazer sua esposa 
chorar, querer ou desejar qualquer coisa. 
Melhor do que sua mãe e seu pai. 
— Não seja como o nosso pai, — disse Evelina. 
A sobrancelha de Adriano atirou para o alto. — Hmm? 
— Você me ouviu. 
Não seja como ele, ela queria dizer novamente. Não seja um 
idiota. Não traia sua esposa. Não coloque suas crianças em evidência 
para este jogo estúpido que todos eles desempenham. Seja melhor do que 
Riley Conti. 
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— Seja um bom homem, Adriano, — Evelina disse calmamente. 
Adriano sorriu. — Estou tentando. 
— Espero que sim. Me cubra se o pai vir me procurar? 
— Claro, Eve. 
Evelina escorregou para longe da multidão quando tinha certeza 
de que ninguém notaria. Ela não perdeu tempo em correr para a 
garagem anexa para uma pausa longe das pessoas.A garagem deveria 
estar vazia, exceto pelos veículos de seus pais, mas não estava. Ela 
esbarrou em uma disputa gritante entre dois homens. 
Dino DeLuca estava frente a frente com seu irmão, Theo. Havia 
uma diferença de idade de cinco anos entre os dois irmãos com Theo 
sendo o irmão mais novo, com apenas vinte e três. Ambos tinham um 
braço e uma perna dentro da Outfit, considerando que seu tio Ben 
DeLuca era o subchefe do Chefe para a operação do lado DeLuca das 
coisas e tinha uma grande quantidade de poder. Evelina poderia contar 
em uma mão a quantidade de vezes que tinha testemunhado os dois 
irmãos DeLuca compartilharem uma conversa. Normalmente, eles 
estavam em lados opostos da sala, faziam negócios de passagem, e 
conversavam muito pouco entre si. 
Ela não sabia por que eles não eram próximos, mas não 
conseguia se lembrar de uma época em que eles tivessem brigado 
publicamente também. 
— Cristo, Theo, — Dino sussurrou, dando um passo mais perto 
de seu irmão mais novo com os punhos cerrados ao lado do corpo. — 
Você acabou de se tornar um maldito homem feito e já sai fodendo com 
tudo. Eu não posso limpar todas as bagunças para você, ok? Não 
mais. Você está com a família, você resolve seus próprios 
problemas. Mas use a cabeça. E isso não significa correr para membros 
de outra família, especialmente não os Trentini. Jesus. 
Theo bufou, não recuando por um segundo. — É sobre os 
negócios ou outra coisa? 
— Não tome esse caminho, Theo. 
— Eu acho que eu quero esse caminho. 
Os olhos de Dino se estreitaram. — Não se esqueça de onde você 
veio, irmãozinho. Não se esqueça o que tornou possível para que você 
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entrasse na Outfit, mantenha o seu sobrenome e tenha orgulho disso. 
Não foda isso para nós, Theo. 
— Por que diabos você está tão focado no que eu estou fazendo, 
hein? Você não dava a mínima antes, Dino. 
— Fique do lado DeLuca dos negócios, Theo. Serpentes como Joel 
Trentini só irão mordê-lo quando você não estiver olhando. 
— Com quem eu faço negócios não é da sua conta, mano. 
Dino zombou. — Certo. Continue pensando assim. 
Com essas palavras, Dino passou por seu irmão e abriu a porta 
lateral da garagem que o levaria para o exterior. Ele bateu a porta com 
tanta força que a parede estremeceu. As pernas de Evelina finalmente 
foram apanhadas por seu cérebro e ela se virou para voltar para dentro 
da casa. 
A voz grossa de Theo DeLuca a deteve. — Será que ninguém te 
ensinou que espionar as pessoas pode colocar você em problemas, 
princesa? 
Evelina fez uma careta quando encontrou o olhar castanho de 
Theo sobre seu ombro. — Não me chame assim. 
— O que, isso ofende sua sensibilidade, princesa? 
— Pare, — Evelina advertiu. 
— Bem, é isso? 
— Não, mas parece que eu estou usando uma coroa? 
— Princesas usam tiaras. Coroas são destinadas à rainhas, 
querida. — Theo sorriu maliciosamente, seu olhar passou a partir dos 
saltos em seus pés para o vestido que terminava apenas acima dos 
joelhos. — Mas está tudo bem, também. 
Evelina engoliu o caroço se formando em sua garganta. — Por 
quê? 
— Rainhas seguem todas as regras, elas não conseguem se 
divertir muito. 
Droga. 
Evelina se enervou sob o olhar de Theo. O cara nunca tinha 
prestado muita atenção a ela quando passaram um tempo perto um do 
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outro. Ele era o irmão mais velho de Lily, com certeza, mas ele estava 
preso à sua própria família e Evelina presa a dela. Além disso, ele era 
cinco anos mais velho que ela. Eles nunca tiveram nada além de Lily 
para conversar e ele não parecia interessado em conversas sobre sua 
irmã para Evelina. 
— Você é sempre tão quieta? — perguntou Theo. 
— Não. 
— Você pode falar mais do que algumas palavras de cada vez? 
Evelina olhou nos olhos dele. — Você é um idiota. 
Theo sorriu. — Nem sempre. 
Ela não gostou de como seu divertimento fez suas características 
escurecerem, como se algo mal estivesse bem na ponta da língua. Isso 
só contribuiu para a sensualidade que Theo parecia ostentar ao lado de 
sua atitude distante e língua rápida. Com maçãs do rosto afiadas, um 
sorriso infalível, uma mandíbula reta, e olhos castanhos que eram 
quase pretos, Theo era francamente lindo pra caralho. Havia histórias 
suficientes sobre Theo DeLuca e suas mulheres, na medida do que ela 
sabia. Evelina não queria ser uma delas, mas não podia negar que algo 
em Theo era interessante. 
Isso era um problema. 
Evelina não podia se dar ao luxo de sequer considerar se misturar 
com alguém como Theo. Por um lado, porque a ela não era 
permitida. Namorar não tinha chance com as regras de seu pai, nem 
qualquer tipo de comportamento que trouxesse vergonha a sua 
família. Dois, porque Theo irritava Evelina. 
De uma boa maneira. 
Apenas ali o vendo observá-la, Evelina tinha ficado curiosa, 
ansiosa e incomodada. Todos os tipos de incomodada. Ela gostou. 
— Eu deveria voltar. 
— Para dentro? — Theo interrompeu com as sobrancelhas 
franzidas. 
— Sim. 
— Feliz aniversário, a propósito. 
Evelina esboçou um sorriso. — Obrigada. 
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— Dezoito, certo? 
— Como se você já não soubesse, — disse ela. 
— Oh, eu sei. — Theo atirou o queixo em direção a ela, sorrindo 
daquele jeito dele. — Faculdade no outono? 
— Esse é o plano. 
— Um dormitório? 
Evelina se remexeu no local, sem saber onde Theo queria 
chegar. — Espero que sim. 
Theo enfiou as mãos nos bolsos da maneira mais despreocupada 
que Evelina já tinha visto. Ele atravessou o comprimento da garagem e 
deu um passo ao lado Evelina na porta. Sua figura, sua forma alta 
pressionando a dela contra o batente da porta, sem sequer tentar. Ele 
era alto o suficiente para que ela tivesse que olhar um pouco para cima 
para ver seus olhos. 
— Certifique-se de conseguir um dormitório, — disse Theo. — Não 
importa o que você precise fazer para sair debaixo do polegar de seu 
pai, faça. 
Evelina assentiu. — Estou tentando. 
— Lily sempre disse que você nunca teve nenhum tipo de 
diversão. 
Ela não tinha uma resposta para isso porque era a verdade. 
Aparentemente, Theo não estava esperando uma. — Mesmo no 
internato, onde Riley não podia ver você, ela disse que você seguia as 
regras. 
— Você não é uma menina, — disse Evelina. 
Theo riu. — Não. 
— E você não é filho de Riley Conti. 
— Ainda bem. 
— Por quê? 
— Porque isso tornaria tudo realmente estranho, — Theo 
murmurou, ainda olhando para ela como se ela pudesse fugir a 
qualquer momento. — Consiga o dormitório, Evelina. 
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— Eve. 
Theo mostrou seus dentes brancos num sorriso pecaminoso. — 
Vá. Se divirta. Seja inteligente sobre isso. 
— Que tipo de diversão? 
— O tipo ruim. É o único tipo de diversão que existe. 
— Princesas ficam com toda a diversão, não é? — ela perguntou. 
— Sempre que o rei não está olhando, querida. — a mão direita 
de Theo deixou o seu bolso, e antes de Evelina percebesse o que 
aconteceu, ele tocou o lábio inferior com a ponta de seu polegar. — E 
me faça um favor. 
Evelina pegou o olhar dele e segurou, tentando descobrir o jogo de 
Theo. — O que seria? 
— Me dê um telefonema depois de você ter saído e se 
divertido. Você sabe, uma vez que você já tenha tido o bastante. 
— O bastante de quê? 
O polegar de Theo percorreu o lábio dela antes que ele deixasse 
cair a mão e deu um passo para dentro da casa. 
— Evelina! 
O grito de seu pai ecoou pela casa quando Theo DeLuca 
desapareceu no corredor. 
— Bastante de quê? — ela perguntou novamente. 
Theo girou um dedo no ar e parou. — De agir como uma princesa. 
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Capítulo um 
Família é tudo. 
Theo deixou essas palavras girar e bater em seus pensamentos, 
enquanto observava o Chefe Conti beijar sua noiva nos degraus de uma 
igreja familiar. A igreja onde o irmão mais velho de Theo havia sido 
morto apenas alguns meses antes. 
O ensaio do casamento de Riley Conti tinha sido aparentemente 
pequeno. Theo continuou a verificar antes que ele pudesse dizer a si 
mesmo parasair dessa. Ele sabia melhor do que ser pego mantendo um 
olho sobre o Chefe, mas sua desconfiança o levou a fazer coisas como 
esta muito ultimamente. 
Deixando seu olhar vaguear, Theo ainda podia ver alguns dos 
efeitos posteriores remanescentes da bomba que explodiu o carro de 
Dino. Sombras, pontos em tijolos onde a explosão tinha atingido. Danos 
na esquina do estacionamento onde o teto do Bentley tinha voado e 
batido com tanta força no chão que abriu um buraco na calçada. Onde 
havia existido lindos arbustos de rosas plantados ao longo da cerca de 
tijolos, agora descansava sujeira já que era início de Dezembro, flocos 
de neve ocasionais já tinham começado a cair. 
Mas, principalmente, o local parecia normal. Exceto para Theo, 
ele não poderia ser normal novamente. 
Família nem sempre foi tudo para Theo, mas ele levou muito 
tempo para perceber seus erros. Ele tinha descoberto muito desde 
então. 
Família eram as pessoas que o protegem, mesmo quando você 
não dá a mínima para eles. Era o sangue compartilhado, o nome em 
comum, e as memórias de um longo tempo passado. Faltava o que 
poderia ter sido e que deveria ter sido, mas mantinha perto o que você 
era. 
Família era o ponto fraco. 
Não era um pilar de segurança e proteção. Não era um conforto e 
promessa de algo bom. Era a ansiedade deslizando através de suas 
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veias e a preocupação do que poderia ir embora. Ele estava se 
segurando firme, porque quando você deixa ir, não pode voltar. 
Família era a bomba pronta para explodir aquele que você não viu 
chegando, até que fosse tarde demais. Era sangue no chão e seu 
coração em sua garganta. Era aterrorizante. 
Às vezes família doía. 
Às vezes era a familiaridade se infiltrando em um coração 
frio. Porque você nunca quer perder algo que não pode ser 
substituído. Família não deveria ter sido qualquer uma dessas coisas, 
mas ainda assim era. 
Família era sagrada. Algo puro, algo que deveria ter sido mantido 
perto e protegida a todo custo. Algo intocável; algo amado. 
Theo DeLuca tinha chegado à conclusão de que sua família tinha 
sido quebrada muito antes que ele pudesse mantê-la segura. E, de 
repente, sem aviso, sua família tinha sido rasgada novamente como 
tinha quando era mais jovem. Alguém - mais de um - tinha entrado no 
solo sagrado de sua família e derramado seu sangue sem nenhuma 
preocupação. 
Eles tinham matado seu irmão. Há muito tempo atrás, tinham 
tomado a sua mãe e seu pai também. Família fazia isso. A Outfit sempre 
tinha sido a família para os DeLuca, depois de tudo. 
Doía na alma, mas ardia em seu coração ainda mais. Quando o 
nome DeLuca que sua família trabalhou tão duro para manter no 
poder, para não ser manchado de novo com os erros do passado, se 
tornou tão fraco? Quando sua família tinha se transformado na porra 
de um alvo fácil? Quando sua família tinha se transformado em algo 
ruim? 
Theo se sentia há um milhão de milhas de distância da Outfit e 
tinha sentido isso por um longo tempo. A Outfit tinha deixado muitas 
cicatrizes nas pessoas que chamavam de família, Theo incluído. Todos 
tinham marcas para mostrar. 
Ninguém nesta vida caminhava por aí sem cicatrizes. 
 
* * * 
 
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— Você não está comendo. 
Theo olhou para cima do bife com batatas em seu prato para 
encontrar os olhos castanhos familiares de sua irmã o observando 
atentamente. O marido dela estava sentado na outra ponta da mesa, 
cortando o bife em seu prato, quieto como sempre. Damian Rossi não 
sabia como ser ruidoso. 
— Theo, — disse Lily. — Você vai comer ou deixar a sua comida 
ficar fria? 
— Eu estou comendo, — Theo respondeu. 
— Não, você está empurrando a comida ao redor no prato e 
olhando para ela. 
Droga. 
Lily era muito observadora para seu próprio bem. Quando ela era 
criança, Theo costumava pensar que essa percepção seria uma coisa 
boa para ela. Mas cinco anos separava os dois irmãos com Theo sendo o 
mais velho aos vinte e sete, então ele sempre meio que esperava que Lily 
tivesse algo dentro dela para mantê-la bem. Deus sabia que seus irmãos 
não seriam capazes de mantê-la segura para sempre. 
Dino já se foi, afinal de contas. 
O olhar de Theo se mudou para a direção de Damian. O homem 
não via nada além de sua esposa. Era a única coisa que consolava Theo 
ao longo dos últimos meses. Lily estava bem e, apesar de quão louco 
fosse seu casamento com Damian, funcionou a seu favor, ela tinha 
alguém que poderia mantê-la segura no furacão que era a Outfit. 
Sim. Um furacão. Era uma descrição apropriada para as suas 
vidas e a loucura em torno deles. 
— Theo, — Lily disse novamente, mais silenciosa na segunda vez. 
— O que, pequena? — perguntou Theo. 
— O que há com você? 
Muita coisa. 
Principalmente, fazia Theo se sentir estranho de dez maneiras 
diferentes sempre que ele entrava na casa de Dino. Seu irmão mais 
velho estava marcado em cada polegada. Isso lembrava Theo que ele 
passou muito tempo tentando ser outra pessoa que não fosse o irmão 
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de Dino DeLuca. Até o momento em que ele entendeu o que era 
importante, já era tarde demais. 
— Lily, vá pegar uma bebida para nós, ok? — perguntou Damian. 
Franzindo a testa, Lily acenou com a cabeça e empurrou sua 
cadeira. Uma vez que ela saiu da sala de jantar, Damian virou a sua 
atenção para Theo. Os olhos azuis do companheiro de Theo mal 
piscaram com qualquer emoção ou preocupação. Theo não se 
importava. Damian só se preocupava em mostrar emoção em direção a 
sua esposa. 
— Há uma diferença entre tristeza e raiva, — disse Damian. 
Theo se recostou na cadeira. — É mesmo? 
— Sim, mas é uma linha muito fina. 
— Então eu estou aprendendo. 
— Você já aprendeu que isso muitas vezes andam de mãos 
dadas? 
Theo riu secamente. — O que você é, o terapeuta residente, 
Fantasma? 
Damian sorriu. — Não, apenas o seu irmão através do casamento. 
Foi automático. Theo não conseguiu parar. Ele se encolheu ao 
ouvir a palavra irmão, mas Damian não disse nada. Theo queria mudar 
de assunto rapidamente. 
— Como a tripulação Rossi está indo? 
— Tediosa, — Damian respondeu. 
Essa era a vida como um Capo. 
Damian tinha finalmente conseguido o controle quando seu primo 
Tommas se afirmou como o chefe de frente da Outfit. Com ninguém 
mais familiarizado o suficiente para operar do lado Rossi das coisas na 
Outfit como um Capo adequado, Damian era o primeiro nome para 
ocupar o assento. 
— Eu nunca quis ser um Capo, — disse Damian, encolhendo os 
ombros. — Alguém sempre precisa de alguma merda. Alguém está 
sempre se lamentando sobre isso ou aquilo. E então você tem todo 
aquele bando de idiotas nas ruas testando sua paciência toda vez. 
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— Tome uma atitude, — Theo sugeriu. 
— Atitude? 
— Sim, castigue eles, D. Limpe e derrame um pouco de 
sangue. Deixe eles com medo. Assuste eles. Você conhece este 
jogo. Matar é a sua coisa, não é? Então vá em frente e faça o que você 
faz de melhor. Confie em mim, eles vão entender rápido o suficiente e 
ter bom senso. 
A expressão calma de Damian não se alterou. — Me livrar de 
alguns homens não é provável me fazer nenhum bem quando eu quero 
uma equipe forte, Theo. A menos, é claro, que você pense que mostrar 
meus números é uma boa coisa a fazer quando ainda há tanta agitação 
entre as famílias. 
Era uma preocupação válida. Havia pouco ou nenhum amor entre 
os três homens mais poderosos na Outfit atualmente. O Chefe, Riley, 
não conseguia fazer o seu chefe de frente e seu subchefe trabalharem 
em conjunto. Joel Trentini batia de frente com Tommas Rossi a cada 
chance que ele tinha. Tommas descartava Joel com sua indiferença 
habitual e desinteresse. 
Feito ruim para um Chefe quando ele não podia lidar com seus 
homens. 
— Maçãs podres irão infectar o resto, — Theo avisou. 
— Não há tal coisa como maçã podre. Ao curso da natureza, algo 
acontece e leva as descartadas. 
— Verdade. 
— Você já fez isso com os seus ao longo do caminho?— 
perguntou Damian. 
— O que isso quer dizer, D? 
— Eu acho que você sabe, Theo. 
— Vamos dizer foda-se aos rodeios e ir direto ao ponto de tudo, 
que tal? Além disso, eu não vim aqui para brincar de jogos de palavras 
com você, Damian. Eu vim aqui para jantar com a minha irmã. 
Damian riu. — Então por que você não está comendo? 
Antes que Theo pudesse responder, Lily voltou para a sala de 
jantar com duas garrafas de cerveja na mão. Ela colocou uma na frente 
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de Theo antes de dar a seu marido a outra e, em seguida, tomar seu 
assento. 
— Como você estava dizendo, — disse Theo, acenando para 
Damian. 
— Talvez você tenha deixado algumas das maçãs podres 
sangrarem através das suas boas. 
— Eu não sou um idiota. Há um monte de rumores sobre a morte 
de Dino. E eu certamente não tentei esconder o meu desprezo por Riley 
no que diz respeito a esse assunto. 
— Mas você não pode negar os rumores do envolvimento de 
outros homens, tampouco. 
Homens como Joel Trentini. 
Havia problemas com a morte de Dino e o possível envolvimento 
de Riley. O assassinato de Dino fez pouco para ajudar Riley a ganhar 
poder e posição que não fosse incitar o medo na Outfit. A morte de 
qualquer pessoa teria funcionado da mesma maneira. Não fazia 
sentido. Theo estava esperando pacientemente. Alguém era obrigado a 
foder. Alguém, em seu caminho para o topo, ia foder alguma coisa e 
preencher todos os espaços em branco. 
Ele estaria lá esperando quando eles o fizessem. 
— Você acha que eu sou estúpido, Damian? — perguntou Theo. 
Lily estalou a língua desaprovadoramente, mas os dois homens 
ignoraram o aviso silencioso. 
— Não, Theo. Não estúpido. Acho que você está de luto. 
A mandíbula de Theo cerrou. — Talvez sim, mas vamos ser 
realistas aqui. Diga o que você está mastigando aí. 
Damian deu à sua esposa uma olhada tranquila e, em seguida 
disse: — O que Dino costumava dizer quando éramos crianças e 
enfiávamos as mãos nos jogos de outras famílias? 
— Fique no nosso lado de Chicago e pare de brincar com 
serpentes, — disse Theo. 
— Sim, então talvez você deva fazer isso, Theo. 
— Eu vou. 
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Damian arqueou uma sobrancelha. — Artino. 
O rosto de Theo se contraiu enquanto ele tentava segurar sua 
irritação. Desde a morte de Dino, Walter Artino vinha tentando tomar o 
reino DeLuca mais e mais. Estava começando a ficar chato. Theo não 
podia deixar o nome DeLuca ser manchado por causa de Artino. 
Simples assim. 
— O que tem ele? — perguntou Theo. 
— Ele não. A família. O grupo inteiro. 
— Mais uma vez, você acha que eu sou estúpido, Damian? 
Os lábios de Damian se achataram em uma linha sombria. — 
Você precisa ter cuidado, Theo. Ninguém está lá fora para ajudá-lo 
agora. Depois que as pessoas entram, você não pode tirá-las. 
Theo riu, ignorando o comentário e o olhar curioso de sua 
irmã. — Há sempre uma maneira de tirá-los, Damian. É chamada de 
bala. 
— E essa rixa que seus rapazes têm com o pessoal Conti, — 
acrescentou Damian. 
— Eu não sei do que você está falando. 
Damian zombou. — Certo. 
— Eu mostro tributo. Eu dou a Riley suas cotas. Eu sigo as regras 
de merda, D. 
— E você continua deixando o sangue derramar durante todo o 
tempo. Pare com isso antes que tudo fique fora de controle de novo, 
Theo. 
— Eu não sou o único que luta com o pessoal dos Conti. 
— Theo, — Lily disse suavemente. — As coisas estão tranquilas 
com as famílias agora. Deixe elas desse jeito. 
— As coisas nunca foram tranquilas, — Damian respondeu antes 
que Theo pudesse. — Muito tem sido deixado de dizer para as famílias 
ficarem quietas, querida. 
Lily franziu a testa, mas não respondeu. 
— De onde vem isso, afinal? — perguntou Theo. 
~ 20 ~ 
Damian cortou um pedaço de seu bife e manteve os olhos em seu 
prato. — Um amigo de um amigo, Theo. Além disso, você me 
conhece. Eu cuido do que é meu. A família é importante. 
Certo. 
Exceto o fato de Damian ser um Rossi. 
— Que família é essa? — perguntou Theo. 
— A única que importa, é claro. 
Isso respondia tudo, não é? 
— Você vai ao casamento amanhã? — perguntou Lily. 
Theo fez uma careta. — Não. 
— Mas... 
— Riley Conti não precisa de mim em seu casamento, Lily. Walter 
vai, de qualquer maneira. Isso é o suficiente para o nosso lado das 
coisas. 
— Ele é o único que vai? — perguntou Damian. 
— Sim, — respondeu Theo. 
— Você está fazendo uma afirmação bastante ousada, Theo. 
O mundo não gira em torno de Riley Conti. 
— Adriano... 
Theo ergueu a mão, parando Damian antes que ele pudesse dizer 
outra palavra. — Eu não estou preocupado com a pequena rixa de 
Adriano Conti com alguns membros do pessoal DeLuca. Eu disse a ele 
na noite em que Riley se tornou Chefe que eu não queria nada com ele. 
— As ações dos seus homens na rua dizem coisa diferente, — 
disse Damian. 
— São os meus homens, não eu, — Theo respondeu friamente. 
— Seus ou os de Walter? 
— Exatamente. 
Damian não se moveu enquanto ponderava a declaração. — Eu 
acho que você não é tão cego como eu pensava. 
~ 21 ~ 
— Eu gosto disto, porém, — disse Theo. 
— Assumir a culpa pela vingança de Walter por causa da morte 
de seu filho? 
Theo riu sombriamente. — Não, deixar Riley desconfortável. Ele 
provavelmente está se perguntando quando eu irei atacá-lo. 
— Você vai? 
— Eu ainda não decidi, — Theo respondeu honestamente. 
— E se eu te dissesse que Riley não ordenou o assassinato de 
Dino? — disse Damian. 
— Não faria diferença. 
— Por que não? 
— Porque agora, é mais do que apenas por Dino. E mesmo que 
fosse apenas sobre ele, existem apenas alguns homens para quem eu 
posso apontar o dedo. Eles estão todos muito no alto agora, Damian. 
— Seu ponto? — perguntou Damian. 
— Às vezes você tem que eliminar a parte superior e esperar o 
resto se desintegrar sozinho. É a única maneira de sair limpo. 
Theo não queria ser o Chefe. Não era sobre nada disso. As 
pessoas podiam acreditar no que quisessem. A guerra não tinha 
acabado. 
Não estava nem mesmo perto. 
 
* * * 
 
— Aqui, me deixe te ajudar, — disse Theo, pegando a pilha de 
pratos que sua irmã estava equilibrando. 
Lily sorriu e o deixou pegar os pratos sujos. — Cavalheiro, 
hein? Não admira que existam todos esses rumores sobre você e uma 
dúzia de mulheres diferentes. Elas não podem dizer não para o seu 
charme, Theo. Você deve colocar isso em uso para encontrar alguém 
para sossegar. 
~ 22 ~ 
Theo mal reteve o escárnio. Ele não era um cavalheiro. Um pouco 
áspero talvez. Frio de coração. Sedento de sangue nas ruas. 
DeLuca nascido e criado. 
DeLucas não faziam bonito, não tinham conversas de travesseiro 
ou eram homens de toque suave. Uma boa e dura foda suja com certeza 
o deixava satisfeito. Certo. Mas, ser um cavalheiro não se enquadrava 
nessa categoria. 
Theo desejava que sua irmã não ouvisse nada sobre suas 
atividades no quarto. Lily não precisava ser consciente de com quem ele 
estava ou não fodendo. Ele não era desagradável o suficiente para dizer 
a ela para cuidar de sua própria vida, no entanto. 
— Não, mas você é minha irmã e tudo mais, — Theo resolveu 
dizer. — Então, talvez você devesse me incomodar para manter o meu 
apartamento de solteiro limpo e não com quem eu deveria preenchê-lo. 
— Ei, eu só estava dizendo. 
— Eu não preciso que você faça isso, Lily. 
Lily cantarolou baixinho como se não acreditasse nele. — Seja 
como for, Theo. Alguém virá e você não vai nem mesmo vê-la chegando. 
— Nem todo mundo quer alguém, Lily. 
— Continue se dizendo isso. 
Ele iria. 
A última coisa que Theo precisava era de alguma fêmea se 
inserindo em sua vida e o colocando em uma bagunça que ele não podia 
limpar. Ele tinha o suficiente acontecendo com a Outfit e suas ruas, não 
importava sua família. 
Mulheres? 
Não tão cedo. 
Theo seguiu Lily para a cozinha, depositado os pratos onde ela 
indicou, e então ele começou a ajudar Lily a enxaguá-los antes de 
encher a lava-louças. Os doisirmãos ficaram quietos enquanto 
trabalhavam. Damian se desculpou depois do jantar dizendo que tinha 
telefonemas para fazer. 
— É a casa, não é? — Lily perguntou em voz baixa. 
~ 23 ~ 
Ela não tirava os olhos da máquina de lavar louça enquanto 
apertava os botões. Ela tinha deixado seu copo de vinho de cristal no 
balcão para lavar as mãos. 
— O que tem a casa, pequena? 
— Ela lembra Dino. Certo? 
Theo se mexeu inquieto, se recostando contra o armário. — 
Porque você pensaria isso? 
— Você não vem muito aqui. 
— Eu não vinha muito quando Dino estava vivo. 
Era verdade. 
Theo havia passado muitos anos tentando se afastar do nome de 
Dino. Ele não queria ser apenas o irmão mais novo de Dino DeLuca. Ele 
queria seu próprio nome sendo carregado pelas ruas e pelos homens na 
Outfit. 
Ele teve seu desejo concedido. 
De todas as formas erradas. 
Antes de Theo perceber todo o bem que seu irmão tinha feito 
realmente dando aos DeLucas uma boa posição, um local seguro na 
Outfit, tinha ido embora. E junto com Dino. 
Theo sentiu o gelo deslizar em suas veias como um amigo íntimo 
dando a ele conforto. Ele não iria desistir agora. 
— Você estava se achegando um pouco mais, — disse Lily. 
— Como qualquer bom irmão faria. 
Dino estava morto. Os irmãos nunca tiveram a chance de 
consertar as suas pontes queimadas. 
— É melhor deixar o cão onde ele está do que acordá-lo e vencê-
lo, — disse Theo a sua irmã. 
Lily franziu os lábios como se ela não estivesse satisfeita com sua 
resposta, mas, felizmente, ela não o forçou a mais nada. — Bem. Você 
vai ficar um pouco? 
— Não, eu preciso ir. Amanhã é um grande dia e tudo mais. 
— Eu pensei que você não iria ao casamento. 
~ 24 ~ 
Theo sorriu. — Eu não vou. Isso não significa que eu não vá estar 
por perto, Lily. 
Riley Conti não era o único homem que Theo tinha que manter 
um olho, afinal. 
— Obrigada por me ajudar com a louça, Theo. 
— Claro. 
Se afastando do balcão, o olho de Theo avistou uma garrafa 
familiar de vinho tinto. Ele a trouxe para a irmã porque sabia que ela 
gostava de vinho tinto com bife. Além disso, ele não era bom em 
aparecer na casa de alguém sem trazer algum tipo de presente. 
— Essa não é a marca que você gosta? — perguntou Theo, 
pegando a garrafa para ler o rótulo. 
— Do que você está falando? 
— O vinho, Lily. 
Os olhos de Lily se arregalaram quando ela percebeu o frasco em 
suas mãos. — Merda, eu me esqueci de esconder isso. 
Por quê? 
Theo olhou para a garrafa novamente. Esta era a marca de Lily, 
cerca de 40 anos especialmente importado da Sicília. Era caro como o 
inferno, mas sua irmã valia o dinheiro. 
— Poupando ou algo assim? — perguntou Theo, divertido. 
Os dentes de Lily morderam o lábio inferior, e Theo soube então 
que uma mentira estava na ponta da língua dela. Ela não era boa em 
mentir e seus irmãos sempre sabiam quando ela ia dizer uma. 
— Lily, — Theo disse calmamente: — você estava bebendo um 
copo de vinho hoje à noite. 
— Sim. 
Em um copo de cristal de cor azul e ainda sobre o balcão. 
— Não é o vinho que eu trouxe. 
Lily suspirou. — Deus, por que não você não pode deixar as 
coisas pra lá? 
~ 25 ~ 
— Porque você é minha irmã e eu me preocupo, — Theo 
respondeu. 
— Sobre que tipo de vinho eu bebo? 
— Não, sobre por que você queria que eu pensasse que você 
estava bebendo este vinho. Se você não queria, você poderia ter... 
— Eu não posso beber vinho, Theo, e eu não queria ser rude. 
A sobrancelha de Theo atirou para o alto. — O quê? 
— Eu não posso beber vinho. Não por mais oito meses. 
Demorou um tempo para Theo perceber o que sua irmã estava 
dizendo. Até que o olhar passou entre o vinho em suas mãos e o sorriso 
nos lábios de Lily. 
— Nós não estamos prontos para começar a contar às pessoas, 
Theo, — Lily adicionou mais suave. — Há muita infelicidade entre as 
famílias e problemas acontecendo. Além disso, Adriano e Alessa 
acabaram de anunciar sua gravidez há algumas semanas e isso ainda 
está sendo assimilado. 
— Sim, mas vocês dois são casados e não estavam se esgueirando 
pelas costas dos seus familiares, — disse Theo, tentando descobrir 
como Adriano Conti e a gravidez de Alessa Trentini fazia qualquer 
diferença para sua irmã. 
— Eu sei disso, — Lily respondeu. — O fato é que eles não devem 
passar vergonha mais do que eles já estiveram que passar pela Outfit, 
Theo. É um bebê, as pessoas devem ficar felizes. Eles vão se casar no 
próximo mês. Está tudo resolvido. Eu não sou o tipo de mulher que iria 
exibir minha gravidez para que outros possam usá-la e dizer que é 
assim que deve ser, não como aconteceu com eles. 
Theo esfregou sua testa enquanto colocava a garrafa de vinho de 
volta no balcão. — Os sussurros não vão parar depois de eles se 
casarem, Lily. 
— Talvez não, mas eu ainda acho que eles devem ser capazes de 
aproveitar esse tempo e ter um pouco de felicidade só para eles. 
— Menina altruísta. 
— Ela é, — disse Damian da entrada da cozinha. 
~ 26 ~ 
Theo tentou não reagir à súbita presença de seu 
cunhado. Damian fazia essa merda com frequência demais. — Parabéns 
então, eu acho. 
— Obrigada, — disse Lily, sorrindo. 
— Não demoraram muito tempo vocês dois. 
— Theo! 
Damian riu, mas ficou quieto. 
Theo deu de ombros. — Apenas dizendo. 
— Sinto muito por ter mentido sobre o vinho, mas eu vou colocá-
lo na adega. 
Piscando, Theo beliscou sua irmã no queixo. 
— Faça isso, — disse ele, — e no dia em que minha sobrinha ou 
sobrinho nascer, vamos tirá-lo de lá e comemorar. Eu vou até me 
esgueirar com ele no seu quarto de hospital. 
Lily sorriu largamente. — Vai? 
— Absolutamente. 
— Isso é terrível, — disse Damian sob a respiração. — Eu vou 
fingir que vocês dois não estão planejando algo parecido. 
Theo mostrou o dedo médio a seu cunhado. 
O bebê podia levar o nome Rossi por causa de seu pai, mas ainda 
era metade DeLuca. Família era tudo. A única coisa que Theo sabia que 
deveria manter perto. Ele aprendeu essa lição da maneira mais difícil. 
~ 27 ~ 
Capítulo dois 
Evelina enfiou a cabeça na porta de entrada da sala de estar para 
encontrar Alessa vasculhando outra sacola de roupas de bebê ainda 
com etiquetas. — Adriano deixou isso aqui mais cedo? 
Alessa olhou para cima, sorrindo. — Sim. 
Era bonitinho. Adriano não parecia estar surtando sobre o fato de 
que seria pai em apenas poucos meses. Os dois estavam preparados. 
— Mas ele só foi buscá-las para mim, ele não ficou louco de novo, 
— informou Alessa. 
Sua voz era suave e tranquila enquanto ela falava. Não era 
incomum. Alessa Trentini, que em breve seria uma Conti quando se 
casasse com Adriano em pouco mais de um mês, não era uma pessoa 
faladora. Ela tendia a se manter em sua própria bolha, mantendo um 
perfil discreto, e era uma pessoa muito feliz, mesmo em seus dias ruins. 
— Eim? — perguntou Evelina. 
— Abriella comprou algumas roupas, eu acho. 
Oh. 
— E Adriano teve que bancar o atravessador e buscá-las com 
alguém pelo que eu entendi. 
Alessa assentiu. — Ela passou para Tommas e ele ligou para 
Adriano. 
Evelina não queria deixar Alessa triste ao reconhecer o fato de 
que Abriella não tinha permissão para passar um tempo com sua 
irmã. As duas eram próximas, mas desde a derrocada de Alessa e 
Adriano com a gravidez, Joel Trentini agia como se sua irmã mais nova 
não existisse. Como se ele estivesse tentando apagar a vergonha. 
Não havia muito para se envergonhar. Era um bebê com pais 
jovens que precisavam de apoio e amor nesta nova etapa de suas 
vidas. Além disso, a gravidez tinha feito muito por Joel. Depois de tudo 
o que Joel havia feito ao pai de Evelina, Riley, o cara devia ter sido 
~ 28 ~ 
morto pelos padrões da Outfit. Em vez disso, para se desculpar pelos 
erros que o filho de Riley tinha cometido com a irmã de Joel, a Joel foi 
dada uma posição elevada, o respeito de ter a posição de subchefe da 
Outfit, e mais controle do que ele precisava. 
Riley estavapedindo para ter problemas fazendo isso. 
— Se você vir Abriella, — disse Alessa, — diga a ela que eu estou 
agradecida. 
— Você vai vê-la amanhã no casamento, — Evelina respondeu. — 
Diga a ela, então. 
— Joel vai estar lá. 
— Não deixe que ele te envergonhe em um canto como se você 
tivesse uma grande letra escarlate pintada em sua testa, Lissa. 
Alessa suspirou e deixou cair o pimpão verde dentro do saco de 
presentes. — Ouça, não é sobre Joel, trata-se de Adriano. Eu não dou a 
mínima para o meu irmão, mas eu não quero causar nenhum problema 
a Adriano fazendo barulho. Abriella me liga quando pode, às vezes, nos 
vemos aqui e ali, e assim está bom. Eu também não quero causar 
problemas para a minha irmã. Eu sei o como Joel é, Eve. 
— Sim, você me disse. 
Joel era um idiota. Uma cobra manipuladora seria muito parecida 
com ele. 
— Então assim será. Até que Joel sinta que todos nós já pagamos 
o suficiente por embaraçá-lo... 
Evelina soltou uma gargalhada, interrompendo Alessa. — Ele tem 
feito o suficiente sozinho, querida. 
Mesmo Alessa esboçou um sorriso malicioso. — Eu sei. 
— De qualquer forma, eu entendo. Vou passar a mensagem 
diretamente amanhã, mas você deve realmente fazer isso 
sozinha. Dane-se Joel, ele provavelmente vai estar muito ocupado 
procurando atenção como o novo subchefe. 
Alessa bufou. — Sim. Típico de Joel. 
— Onde está o meu irmão? — perguntou Evelina. 
— Trabalhando. 
~ 29 ~ 
Alessa não ofereceu qualquer outra coisa, e Evelina sabia que não 
devia pressionar para obter mais informações. Adriano era sigiloso 
sobre sua posição e trabalho na Outfit. Ele tentava como um condenado 
não trazer o trabalho para casa. Evelina teve que admitir que estava 
orgulhosa de seu irmão mais novo. Adriano não saiu como Riley Conti, 
afinal de contas. Ele era melhor do que seu pai. Um homem melhor; 
mais amoroso e atencioso. 
Ele vai estar de volta em breve? — perguntou Evelina. 
Alessa deu de ombros. — Hoje à noite, talvez. 
— Você quer visitar Lily comigo para que você não fique sozinha? 
— Não, eu estou bem, obrigada. — Alessa acenou para as sacolas 
cheias de coisas de bebê. — Prioridades, você sabe. 
— Bem, pelo menos você sabe quais são as suas. O resto de nós 
não tem uma fodida ideia. 
Alessa riu. — É triste como você está certa. 
 
* * * 
 
Evelina reconheceu o Stingray vermelho cereja estacionado na 
garagem de Lily Rossi no segundo em que colocou os olhos nele. Lily 
não tinha dito nada sobre seu irmão mais velho Theo aparecer. Riley 
tinha deixado claro para Evelina que era para evitar Theo a todo 
custo. Seu pai não tinha dado uma razão para isso, exceto que tinha 
havido algumas questões não resolvidas entre os DeLuca e os Conti 
após Riley se tornar Chefe. 
Independentemente disso, Evelina não se importava de seguir a 
demanda de seu pai de manter certa distância. Enquanto o 
temperamento de Riley tinha melhorado ao longo do último par de 
meses desde que se tornou Chefe, Evelina não conseguia afastar a 
lembrança de que seu pai não era o homem que aparentava ser. Ela 
ainda se recusava a voltar para casa porque Riley não permitiria que ela 
voltasse para seu dormitório. Então, ela ficou com seu irmão. Seu pai 
concedeu. 
Não mudou nada para Evelina. Riley Conti poderia usar a 
fantasia que quisesse, mas para Evelina, ele era apenas um rei com 
~ 30 ~ 
uma coroa roubada. Quanto tempo seu pai seria capaz de ser o Chefe 
da Outfit antes que alguém mais percebesse isso também? 
Evelina estacionou seu BMW ao lado do Stingray, saiu, e tirou os 
sacos plásticos do banco de trás. Ela estava quase na metade do 
caminho em frente a entrada pavimentada antes que a porta da frente 
da casa abrisse. Theo apareceu na porta com Damian Rossi. Nenhum 
dos homens notou Evelina a apenas alguns metros de distância. 
Theo DeLuca não parecia ter mudado. Assim como no dia do 
aniversário de dezoito anos de Evelina quando ela acidentalmente 
tropeçou nele discutindo com seu irmão, ele estava parado com uma 
confiança e indiferença que escorria arrogância e petulância 
aprendidas. As feições do homem ainda eram tão marcantes como 
nunca, com as maçãs do rosto afiadas, uma mandíbula forte e o cabelo 
que parecia que alguma mulher tinha envolvido as mãos e puxado os 
fios loiros. A sombra de um sorriso mantinha o canto da boca de Theo 
torcido para cima, mesmo com a tristeza escurecendo seu olhar 
castanho. 
Evelina supôs que o homem tivesse muito para estar triste 
agora. Seu irmão tinha sido assassinado e seu tio também. Até mesmo 
sua irmã tinha sido tomada dele de certa forma com seu casamento 
com um Rossi. A família Rossi estava mais perto dos DeLucas do que do 
resto, mas Lily ainda estava se acertando em sua nova vida. 
Quem foi deixado para Theo? Ele mesmo. Seus homens, 
considerando que ele era Capo com Dino DeLuca morto. A Outfit... 
talvez. 
Evelina suspeitava que Theo culpasse a Outfit pela maioria do 
que estava acontecendo com a sua família. Quem não iria? Talvez fosse 
por isso que seu pai exigiu que ela ficasse longe dele. 
Um homem de luto era um homem perigoso. 
— Você tem uma convidada, Fantasma. 
Theo passou uma olhada em Evelina. Seu olhar era quase de 
desprezo por natureza, como se ele a tivesse levado para dentro e depois 
empurrado a imagem dela de volta para fora novamente. 
— Sim, Lily e roupas, você sabe. O casamento, — Damian 
murmurou. — Eu diria que o veria amanhã e tudo, mas nós dois 
sabemos que você não vai estar lá. 
— Não. 
~ 31 ~ 
Com isso, Theo enfiou as mãos nos bolsos e se afastou da porta 
para descer os degraus da frente. Seus passos eram suaves e rápidos, e 
ele manteve a cabeça baixa como se estivesse olhando em volta, mas 
ninguém podia ver seus olhos. Isso fez Evelina pensar que talvez Theo 
gostasse de ter as pessoas se perguntando sobre ele e nunca realmente 
saber nada. 
Mas quem era ela para dizer? 
— Eve, — Theo murmurou quando passou. 
Cordial. Educado. 
Estressado. 
Tenso. 
Evelina ouviu tudo isso quando seu nome saiu de sua boca. Ela 
também notou seus olhos castanhos a olhando de novo e da forma 
como o seu sorriso se aprofundou. Ela não gostava de como um olhar 
parecia dar um tapa em sua pele sem ele nunca ter levantado a mão. 
A memória sangrou em sua mente com lentidão. 
 
— Você nunca me deu aquele telefonema, princesa, — disse Theo. 
Evelina franziu os lábios, saboreando o vinho em seu copo 
enquanto as pessoas circulavam na festa de retorno a casa da 
amiga. Lily DeLuca sorriu e conversou com os convidados, mas ela 
estava chateada como o inferno. Evelina sabia disso. Afinal, quem 
queria se casar obrigada com um homem que você não conhecia? Mesmo 
que o homem fosse meio decente. 
— Não me chame assim, Theo, — Evelina advertiu. 
Theo riu. — Ainda magoada com isso? 
Ele a chamava de princesa em todas as chances que tinha, 
maldição. Sim, incomodava. 
— Não, mas eu não sou uma princesa, então pare com isso. 
— O que eu disse a você, hein? — perguntou Theo, virando seu 
ombro para a parede para que pudesse olhá-la enquanto ela observava a 
multidão. 
~ 32 ~ 
Evelina sorriu, incapaz de se conter. Não podia negar o fato de que 
gostava da atenção de Theo. Ele era condenadamente lindo, 
especialmente vestindo um terno sob medida que acentuava o fato de que 
ele estava em forma, e cada polegada dele exalava vibrações 
perigosas. Ele era alto, pele morena e sexy e ele sabia disso, 
porra. Essa era a pior parte. 
— Você está sorrindo, — disse Theo presunçosamente. — Isso 
significa que você gosta de mim. 
— Você é louco. 
— Já está cansada de agir como uma princesa? 
Evelina tomou outro gole de vinho e o engoliu. — Eu já liguei para 
você? 
— Estou começando a pensar que mulheres como você precisam de 
um empurrãozinho, — disse Theo, sorrindo. 
Oh, Cristo. 
Evelina praticamente podia sentir os olhos de seu pai observando-a 
onde quer que estivesse na sala. Riley Conti estava sempremantendo 
um olho nela, ou ele tinha outra pessoa para fazer isso. 
— Você vai me causar problemas com essa merda, — disse Evelina 
a Theo calmamente. 
— Por ter uma conversa? 
— Por me paquerar, Theo. 
Theo riu. — Isso não é paquera. Contudo… 
Evelina o olhou de lado. — O quê? 
Ele deu um passo mais perto. Perto o suficiente para ela sentir o 
cheiro fresco de sua colônia amadeirada. A língua de Theo molhou seu 
lábio inferior, onde o polegar estava tocando quando ele se aproximou 
novamente. Seu braço roçou seu peito e ela jurou que cada músculo 
saltou sob o simples toque. Evelina lutou contra o arrepio quente fazendo 
seu caminho em sua espinha quando Theo alcançou e arrastou a ponta 
de seu polegar em seu braço. Ele parou no vinco dentro de seu 
cotovelo. Ela nem sequer percebeu até que ele apertou o polegar em sua 
pele de novo, mas o seu dedo estava molhado de seus lábios e ele tinha 
feito uma trilha em seu braço. Sentia-se quase sensível ao abrigo dessa 
carícia. Porque, sem dúvida, não era inocente de maneira nenhuma. 
~ 33 ~ 
— Agora isso, — Theo sussurrou, — pode ser considerado 
paquerar. 
As bochechas de Evelina se aqueceram. — Que jogo está jogando 
hoje à noite, DeLuca? 
— O que você quer dizer? 
— Eu não sou uma conquista para você levar para a cama, Theo. 
Theo arqueou uma sobrancelha. — Eu não persigo mulheres, Eve. 
— Engraçado. Isso não é o que eu ouço. 
— Talvez você não devesse acreditar em tudo que ouve, — ele 
respondeu calmamente. 
Evelina sentiu o polegar varrer o vinco no interior de seu cotovelo 
novamente. 
— Eu não corro atrás de mulheres, — Theo repetiu. — Elas vêm 
para mim ou não vêm. Eu não saio perseguindo cada buceta que eu 
puder para adicionar novos nomes à lista. 
— Então o que diabos você está fazendo agora? — perguntou 
Evelina. 
— Boa pergunta. 
— O quê? 
— Há algo sobre você, Eve. Algo que me faz querer descobrir o que 
é. 
— Como uma perseguição, — disse ela. 
— Bem desse jeito. 
— Por quê? — ela perguntou. 
— Por que você ainda está agindo como uma princesa? — 
perguntou ele de volta. 
— Você não me conhece, Theo, não se você acha isso. — Evelina 
olhou por entre a multidão de novo, procurando por seu pai. — Você vai 
me causar problemas. 
— Baby, eu sou um homem terrivelmente cuidadoso. É o meu 
trabalho ser cuidado. Caso contrário, eu estaria morto. 
~ 34 ~ 
Droga. 
Evelina não queria mostrar como suas palavras a afetaram, então 
ela baixou o olhar para o vinho em seu copo. — É assim mesmo? 
— Sim. 
— Hmm. 
— Terça-feira, — disse Theo. — Dia 30. 
— O que tem terça-feira? 
— Giselle. O ballet. Venha comigo. 
Evelina apertou a haste de sua taça de vinho um pouco mais 
forte. Não havia nenhum pestanejar em seus olhos, nenhuma afetação 
no sorriso em seus lábios. Nada que sugerisse que era uma opção ou 
uma piada. Na verdade, Theo a observou como se estivesse esperando 
que ela fugisse. 
Ela tinha notícias para ele, ela não era uma corça assustada. Mas 
era muito cuidadosa. 
— Você está falando sério, — disse Evelina, tomando um segundo. 
— Muito. Venha comigo. 
— Eu não dei o telefonema que você queria, Theo. 
— Eu estou te dando um empurrão, Eve. 
— Por que eu? — perguntou Evelina. 
Theo deu de ombros. — Eu disse a você, há algo sobre você que eu 
quero saber. 
— Isso não é uma resposta muito boa. 
— Então me dê uma melhor. 
 
Evelina se empurrou de volta para o presente, ao som da batida 
da porta do carro. Ela se virou apenas a tempo suficiente para ver Theo 
sorrindo quando acelerou o motor. 
Ela estava em pé na frente de seu carro, bloqueando o seu 
caminho para virar o carro e sair, e não podia dar ré com o carro dela 
bloqueando a entrada da garagem. Evelina olhou para o para-brisa, 
~ 35 ~ 
chamando a atenção de Theo. Seu rosto era passivo se não fosse o 
sorriso arrogante que ele usava, mas um fogo ainda brilhava na 
escuridão de sua íris. 
Talvez ele ainda não a tivesse perdoado por faltar a seu encontro 
um tempo atrás. Ela não queria, mas seu pai exigiu que ela fosse para o 
jantar no restaurante Rossi. E, em seguida, sua mãe foi assassinada em 
um tiroteio no mesmo dia. 
— Ei, — Evelina sussurrou. 
Ela não queria que Theo pensasse que ela estava ignorando 
ele. Ele nunca realmente perguntou por que ela cancelou esse encontro, 
mas ela imaginou que ele soubesse com a morte de sua mãe e 
tudo. Não era um segredo que ela tinha estado no jantar também. 
A sombra de um sorriso enfeitou a boca de Theo antes de 
desaparecer. O frio estava de volta em um piscar de olhos, endurecendo 
suas belas feições. Evelina não pôde deixar de notar como Theo parecia 
mais velho do que seus vinte e sete anos, sentado em seu carro, 
olhando para ela. 
— Mova-se, — Theo murmurou. — Agora. 
Evelina inclinou seu queixo, o desafiando. Ela não sabia por que, 
mas Theo sempre a irritava dessa forma. Ele a fez querer ir para 
trás. Não havia muitas pessoas que poderiam mexer com ela como Theo 
fazia. Era uma pena que ela nunca teve a chance de explorá-lo. 
Theo acelerou seu carro novamente, o motor rugindo alto o 
suficiente para fazer Evelina estremecer. 
Ela se moveu. 
 
* * * 
 
— Você viu Theo lá fora? — perguntou Lily. 
Evelina limpou a garganta e jogou os sacos de roupa sobre a parte 
inferior da cama. — Sim, mas ele não disse muito. 
Lily franziu a testa e passou a olhar para a porta do 
quarto. Evelina seguiu o olhar de sua amiga para encontrar Damian ali 
~ 36 ~ 
de pé, mas ele se afastou. Ele não disse uma palavra para sua esposa 
ou para Evelina antes de ir, tampouco. 
Evelina gostava de seu primo. Damian era um homem muito 
descontraído, mas calmo. Ele não gostava de fazer barulho e adorava 
sua esposa. Isso era evidente. Mas havia também o lado negro de 
Damian Rossi, que muitas pessoas não conseguiam ver. 
— O que há com ele? — Evelina perguntou a Lily. 
— Damian? 
— Sim. 
Lily deu de ombros e apalpou os sacos de roupa, tomando seu 
tempo para abrir cada um e espreitar. — A visita de Theo o deixou 
inquieto, eu acho. 
— Ele é seu irmão, Lily. 
— Estou ciente. 
— Damian deve se acostumar a ele estar por perto. 
Lily riu, endireitando para olhar para Evelina. — Não é que ele 
não goste de Theo. São amigos desde que eram crianças, lembra? 
— Eu sei. 
— Damian está preocupado que seu amigo esteja fazendo algo 
louco por causa de toda a porcaria que ele tem passado por estes 
últimos meses, — disse Lily. 
— Oh. — Evelina suspirou. — Meu pai? 
— Em parte, mas há outras coisas também. Eu acho, de qualquer 
maneira. Com Theo, é difícil dizer. Às vezes você acha que ele não sabe 
nada sobre qualquer coisa em torno dele e, então, outras vezes, ele abre 
a boca e choca a todos com o que aprendeu. Eu apenas… 
— O quê? — Evelina pressionou. 
— Esse não é Theo. Essa pessoa calada e fria. Não é Theo. Ele é 
feliz e barulhento. Ele é completamente encantador. 
— É verdade. 
Lily levantou uma sobrancelha. — E como você sabe? 
Merda. 
~ 37 ~ 
Evelina pegou o primeiro que conseguiu alcançar e abriu, 
querendo experimentar e distrair a amiga de se aprofundar muito em 
sua afirmação. — Eu só estou dizendo, Lily. Nós todos sabemos como 
Theo gosta de suas mulheres. 
— Na verdade, eu acho que meu irmão gosta de deixar que as 
pessoas acreditem no que querem acreditar. Dizer que ele é um 
santo? Não, mas ele nunca foi muito de se abrir, também. 
— Possivelmente, — Evelina concordou. 
Deixe assim, Lily, Evelina implorou silenciosamente. 
Lily suspirou baixinho, pegando um saco para si mesma. — E 
como você está indo? 
— Bem. 
— Tem certeza? — perguntou Lily. 
— Sim. 
— Seu pai vai se casar com uma mulher só dois anos mais velha 
que você amanhã, Eve. 
Nem isso, na verdade. Evelina forçou a não fazer careta sobre sua 
opinião sobre Courtney, a nova e muito jovem noiva de seu pai, e puxou 
o vestido preto para fora do saco. Parecia bom e apropriado. 
— Oh, meu Deus, — disse Lily, rindo. — Porfavor, me diga que 
você não trouxe só vestidos pretos para escolher para vestir amanhã. 
Bem, Evelina considerou. Preto era apropriado. Amanhã ela se 
sentiria como em um funeral em vez de um casamento. 
— Eu não gosto dela, — murmurou Evelina, sem tirar os olhos de 
cima do vestido. 
— Courtney? 
— Quem mais? 
Lily puxou o vestido, atraindo a atenção de Evelina. — Ela é 
jovem. 
— Ela é mimada, — Evelina atirou de volta. — Ela é irritante e 
manhosa. Toda vez que vou lá, ela fica ainda mais pegajosa com meu 
pai, ela acha que eu dou a mínima para eles e ela tem ser compensada 
por isso. E ela é desagradável, Lily. 
~ 38 ~ 
Lily bufou. — Você pode lidar com ela. 
— Eu posso. 
E Evelina tinha, repetidamente. Isso não significava que ela 
gostasse Courtney Calabrese. 
— Ela não é a meia-irmã de Matteo Calabrese da família de New 
York? — perguntou Lily. 
— Sim, ela é a filha de Carl do seu segundo casamento. Ela 
estava aqui para estudar. A família dela aqui é uma espécie de abaixo 
do baixo do pessoal Rossi ou algo assim, mas eles estão misturados na 
Outfit. 
— Huh, — Lily disse fracamente. 
Evelina não estava surpresa que sua amiga não conhecesse 
muitas das pessoas conectadas em Chicago. Lily tinha sido sempre 
protegida por seus irmãos dessa maneira. Evelina desejou que tivesse 
sido também, mas com o chefe de frente como pai, ela teve o melhor 
assento da casa dia após dia. 
— Fale comigo, — disse Lily, trazendo Evelina para fora de seus 
pensamentos. 
— Eu vou ficar bem. 
— Quer dizer que você vai engessar um sorriso, ir em frente e 
fazer a coisa certa amanhã. 
— Essencialmente, — disse Evelina. 
— Então me diga como você se sente realmente. 
Evelina mordeu o interior da bochecha antes de sussurrar: — 
Minha mãe só está morta por alguns meses e ele já está se casando de 
novo, Lily. Ele não dá a mínima. Meu pai não se importa com ninguém, 
além de si mesmo. Mas isso é como é, certo? Esta é a forma como a 
Outfit funciona e nós apenas seguimos as regras. 
— O Chefe precisa de uma esposa, — Lily respondeu, tristeza 
colorindo o tom dela. 
— Ele precisa. Então me ajude a escolher um vestido. Eu posso ir 
para o casamento do meu pai amanhã, fingir que eu dou a mínima para 
ele e sua mimada esposa, e não parecer que eu estou indo para um 
funeral ao mesmo tempo. 
~ 39 ~ 
Lily assentiu. — Eu posso fazer isso. 
Melhores amigas. Lily tinha razão meses atrás, Evelina 
percebeu. As duas mulheres escorregaram de volta para sua velha 
rotina, sem mesmo um pio. Quanto tempo levaria antes que elas fossem 
dilaceradas novamente pelo desejo de outra pessoa de subir na Outfit? 
Nesta vida, a paz era um mito maldito. 
 
* * * 
 
— Sorria, — Lily disse a Evelina quando parou ao lado da amiga. 
Evelina tentou o máximo não olhar para seu pai e sua noiva 
quando os dois se beijaram na escadaria da igreja na frente dos 
convidados. Luzes piscavam e o som das câmeras clicando 
repetidamente quando as fotos do dia foram capturadas para a porra do 
casal feliz. 
— Eu estou sorrindo, — disse Evelina. 
— Com um morra-morra-morra em seus olhos, — Lily respondeu, 
rindo. 
Evelina avistou Adriano enquanto saía da igreja com Alessa ao 
seu lado. Como de costume, a mão de seu irmão mais novo estava 
firmemente ligada à barriga ligeiramente arredondada de Alessa e toda 
a sua atenção estava sobre ela. Adriano acenou com a cabeça na 
direção de seu pai quando ele sussurrou no ouvido de Alessa e abraçou 
sua noiva apertado. Era doce. Um amor muito mais doce, mais honesto 
do que Riley e Courtney mostravam. 
Evelina se perguntou há quanto tempo seu pai vinha realmente se 
envolvendo com a menina. Provavelmente um tempo. Talvez até mesmo 
quando sua mãe estava viva. Isso queimou como se ácido estivesse 
sendo derramado em suas veias. 
Suspirando, Evelina sacudiu o aborrecimento. 
— As pessoas estão falando sobre Alessa e Adriano de novo, — 
Lily observou. 
~ 40 ~ 
Evelina ouviu os sussurros. Ela se sentou ao lado de seu irmão e 
Alessa durante toda a cerimônia, querendo dar a eles algum sentido de 
apoio na dureza insípida que poderia ser a Outfit e seu povo. 
— Sorria e diga a ela para comer a porra de seus corações, — 
disse Evelina, sorrindo friamente. — Metade deles está apenas com 
ciúmes que Adriano e Alessa conseguiram o que queriam no final - um 
ao outro. O resto só quer algo para fofocar porque estão entediados. 
— Verdade. — Lily murmurou, vasculhando o estacionamento da 
igreja. — Oh! 
— O quê? — Evelina seguiu o olhar de sua amiga para encontrar 
Theo encostado em seu Stingray vermelho cereja bem na borda do 
estacionamento. — Você não disse que ele não viria? 
— Theo disse que não estaria aqui, — Lily respondeu. 
— Ali está ele. 
Mas ele não parecia feliz. Na verdade, ele parecia feito de gelo, 
bonito e frio como cristal. Theo observou Riley Conti beijar sua noiva 
novamente. 
Evelina tinha um sentimento de o que quer que isso fosse... essa 
guerra, a luta que tinha se acalmado, e a paz que havia sido feita... 
estava quase pronta para explodir novamente. 
Ela não se importava. 
~ 41 ~ 
Capítulo três 
Política. 
A máfia era tudo sobre a política. 
Theo considerou essas palavras enquanto observava a multidão 
na festa e os convidados do casamento de Riley Conti que inundavam 
os degraus da igreja. Pelo tamanho da multidão reunida, a maior parte 
da Outfit e as famílias ligadas tinha aparecido para dar seus bons 
desejos para o casal. A política da Outfit exigia que estas pessoas 
mostrassem a seu Chefe o respeito e seus melhores desejos, mesmo que 
odiassem o homem e não achassem que ele merecesse isso. 
Theo sabia que Riley estaria embarcando em uma viagem para 
fora da cidade com sua esposa por uma semana e meia, embora onde 
exatamente fosse era um mistério. Raiva queimou fortemente no 
intestino de Theo, como um veneno matando-o lentamente. 
Theo encontrou sua irmã no meio da multidão. Evelina Conti 
estava ao seu lado, conversando. 
Evelina sempre tinha sido meio que um enigma para Theo. Ela 
era mais jovem do que ele cinco anos e filha de um homem que ele 
odiava. Ela chamou sua atenção quando ele tinha vinte e três anos, e 
ela tinha acabado de voltar para a casa do colégio interno. 
Theo gostava de problemas naquela época. Evelina era doce, bem-
humorada e seguia todas as regras. Ver se ele poderia fazê-la quebrá-
las teria dado a ele todos os problemas que ele queria. Ela nem sequer 
piscou um olho para ele. Theo amava um bom desafio, mas quando a 
Outfit assumiu a sua vida, seu interesse nesse tipo de coisa 
desapareceu. 
Ela ainda estava lá no fundo de sua mente, no entanto. Em 
espera. 
Theo não sabia o que fazer sobre isso. Ele nunca tinha entendido 
sua curiosidade com a principesa Conti. Exceto, talvez, sua lealdade 
para com a vida e sua família, mesmo quando ela claramente não 
~ 42 ~ 
estava feliz com eles, o lembrou do que a Outfit supostamente deveria 
ser. 
Sem divisões, ou famílias que trabalhavam uma contra a 
outra. Famiglia era mais importante. 
Mas Evelina não iria acontecer, não com Theo. Ele tinha dado a 
ela a chance meses atrás e ela não aceitou. Quando ele soube os 
detalhes sobre o assassinato de sua mãe e por que ela tinha cancelado 
seu encontro, a menina nunca entrou em contato com ele 
novamente. Theo não daria uma segunda chance e ela estava do outro 
lado da divisão. 
O ar gelado de dezembro mordeu o rosto de Theo e sua pele 
exposta. Enfiando as mãos nos bolsos, ele observou as pessoas por um 
pouco mais de tempo. Ele se perguntou o que iria prejudicar mais, 
como se ele tivesse sido ferido, mas na maior parte, ele se perguntou o 
que iria fazê-los mudar. O que iria fazê-los entender que eles já não 
eram la famiglia, que eram sujos e falsos? 
Sim, política. 
Siga as ordens. 
Faça dinheiro. 
Obedeça o Chefe. 
Faça dinheiro. 
Pague o Chefe. 
Faça mais dinheiro. 
Atenha-se às regras. 
Isso foi o suficientepara Theo. Ele estava cansado dessas 
pessoas. Cansado de seus jogos. Cansado da maldita política. A Outfit 
era mais do que apenas pessoas. E quando o povo se esqueceu da 
lealdade e honra, tudo isso foi à merda de qualquer maneira. 
Todos pensavam que ele era um fodido estúpido. Que ele era cego 
para seus truques. O jovem príncipe DeLuca que era incapaz de se 
levantar por conta própria ou segurar o seu lugar. 
Theo tinha novidades para eles. 
 
~ 43 ~ 
* * * 
 
— Eu não vi você no casamento, — Walter murmurou ao redor da 
borda do copo cheio de uísque. 
Theo olhou para seu companheiro, esperando que sua expressão 
em branco fosse suficiente para fazer Walter deixar de lado o tema do 
casamento Conti. Fazia dois dias desde as núpcias e, tanto quanto Theo 
sabia, Riley estava fora da cidade com sua esposa em sua lua de mel 
onde quer que fosse. 
— Eu estou falando com você, — disse Walter, erguendo uma 
sobrancelha. 
— Eu estava por perto. 
Isso era o máximo que Theo daria ao Capo Artino. Theo não 
escondia seu desprezo pelo Chefe da Outfit, então não estava prestes a 
mostrar um pingo de apoio a ele também. 
Walter, por outro lado, tinha ido ao casamento em um terno, um 
falso sorriso grudado em seu rosto, e bons desejos rolando para fora da 
sua língua de cobra. Sim, Theo sabia. Walter jogava um grande jogo no 
que dizia respeito ao Chefe, especialmente considerando que seu filho 
Dean Artino tinha sido morto pelo filho de Riley, mas Walter era uma 
cobra do mesmo jeito. 
Deslizando para o lado de qualquer homem que pudesse mantê-lo 
lá e então mordia o rabo quando o cara não estava olhando. As cobras 
não podiam ser confiáveis. 
Walter rodou o scotch no copo, mantendo seu olhar sobre Theo 
durante todo o tempo. Sentados em frente um ao outro no escritório na 
casa de Walter, os Capos DeLuca deveriam estar discutindo 
negócios. Em vez disso, Walter continuou cutucando Theo sobre Riley. 
Theo não estava interessado. 
— As ruas estavam tranquilas nesta semana, — observou Walter. 
— Percebi. 
— Ouvi dizer que você tirou aquela coca sintética antes que os 
caras pudessem trabalhar com ela. 
— É perigoso. 
~ 44 ~ 
— E coca real não é? — perguntou Walter, destacando com 
sarcasmo. — Ouça, Theo, é dinheiro fácil. Assim como você pode obter 
as mãos dos concessionários cheias dela, venda ela tanto quanto você 
puder, e faça algum dinheiro em vez de perder por se livrar dela. 
— É perigoso, — repetiu Theo simplesmente. 
Walter suspirou profundamente. — Ei... 
— Sete em cada dez pessoas tem overdose ou têm reações 
extremas com ela. Você realmente acha que esse é o tipo de atenção que 
a Outfit precisa agora? Você teria uma dúzia de diferentes oficiais em 
todas as ruas procurando os idiotas que colocaram essa merda lá fora e 
iriam chegar direto na Outfit. Nós não precisamos ser notícia para 
qualquer outra coisa este ano, Walter. 
Os lábios de Walter ficaram finos em sua frustração, mas o tolo 
ficou em silêncio. 
Este era o principal problema de Theo com o chefe da família 
Artino. Eles tinham trabalhado muito tempo com o lado dos DeLucas da 
Outfit, em especial Walter. Tendo em conta os laços familiares entre a 
esposa de Walter e o falecido tio de Theo, Ben, as duas famílias eram 
próximas. Walter tinha operado a tripulação DeLuca como um segundo 
Capo ao lado de Dino quando ele estava vivo. 
Theo trabalhava sob Dino, em sua maior parte. Mas agora, com 
Dino morto, Walter parecia pensar que tinha algum tipo de controle 
sobre Theo e a tripulação DeLuca. Era quase como se o homem 
pensasse que poderia assumir tudo e Theo apenas cegamente o 
seguiria. 
Era revoltante. 
— Você acha que eu sou um tolo? — perguntou Theo, em pé de 
sua cadeira. 
Walter colocou seu copo sobre a mesa e cruzou os braços. —
Perdão? 
— Você acha que eu sou um tolo? É uma pergunta de sim ou não. 
— Eu acho que você é jovem, como o meu menino era, — disse 
Walter. 
Theo soltou uma gargalhada. — Dean não é comparável a mim, 
Walter. 
~ 45 ~ 
Exceto, talvez, aos olhos de Walter. O pai nunca via nada de 
errado em seus filhos, especialmente seus filhos homens. E ao fazer 
isso, esses meninos se transformaram em fedelhos mimados e um 
pouco podres. O tipo que Dean Artino tinha sido. 
— Chama-se tripulação DeLuca por uma razão, Walter. 
— Eu estou ciente de que nome o meu pessoal tem. 
Meu pessoal. 
Ali. 
Assinado, selado e entregue, porra. 
Theo estava farto. 
— Eu não me importava tanto assim, você sabe, — disse Theo 
enquanto ele fechava os botões de seu terno. 
— Não se importava com o quê? — perguntou Walter. 
— Com toda a besteira que você estava fazendo e os problemas 
que você criou. Lá fora, nas ruas, eu quero dizer. Eu entendi, você 
estava chateado por Dean e queria algum tipo de ação, de modo que 
você tinha sussurrado nas ruas que Theo DeLuca estava a fim de 
confronto com o pessoal dos Conti. Compartilhando uma bala aqui, um 
homem ali... ninguém sabia realmente porque ninguém nunca viu, até 
que fosse tarde demais. E, claro, isso voltou para mim, porque eu sou o 
alvo fácil, Walter. 
— Eu... 
— Oh, cale-se, — Theo estalou. 
Walter piscou, raiva aquecendo seu olhar enquanto se levantava 
rapidamente. — Eu acho que é hora de você ir, Theo. Você claramente 
se esqueceu que Capo nesta sala é o mais alto entre nós e que um de 
nós tem as conexões para o trono. 
Theo sorriu, frio e lentamente. Erro número dois. — Você? 
— Você ouviu o que eu disse. 
— Riley Conti tem o trono e ele não olharia duas vezes para você, 
Walter. 
Walter cerrou os punhos. Pânico. O homem estava procurando 
uma desculpa aceitável. Ele já tinha dado muitas. Erro número três. 
~ 46 ~ 
— Eu estava indo e voltando entre Joel também, nestes últimos 
meses, — informou Theo enquanto pegava as chaves do Stingray ao 
lado da escrivaninha de Walter. — Mas eu fui tão estúpido e preso em 
minha própria cabeça por causa de Ben e Dino terem sido assassinados 
que eu não conseguia me concentrar em qualquer outra coisa. Fazia 
sentido para mim, jogar minha raiva em cima de Riley e me postar ao 
lado da única pessoa que eu pensei que iria dar a ele um desafio para o 
trono de Chefe. E você estava justamente lá também. Não estava? 
Walter engoliu em seco. — Você sabe que eu estava. Eu ainda 
estou. Qual é o seu ponto? 
— Ainda está, — Theo ecoou. 
— E daí? 
— Eu estava bem com isso, Walter. Eu não me importei de levar a 
culpa por sua vingança contra o pessoal Conti, em nome de seu 
filho. Eu não me importei que o meu nome estivesse sendo jogado na 
lama para deixar Riley no limite. Eu não me importei de ser o bode 
expiatório por um tempo. 
— Eu nunca... 
— Você é um mentiroso, então não se incomode nem mesmo em 
começar, — Theo o interrompeu. — Todo mundo pensa que eu sou 
muito jovem para lidar com uma tripulação do tamanho da dos 
DeLucas sozinho. Eles acham que eu sou muito selvagem porque não 
sabem porra nenhuma sobre mim. Todos pensam que eu tomo decisões 
com o coração. 
— Você tomou antes, — Walter apontou. 
Ele tinha e Theo aprendeu a lição. Seu coração e orgulho tinham 
colocado a distância exigida entre ele e seu irmão mais velho. O 
passado comum que eles tinham compartilhado crescendo com Ben e 
Carmela DeLuca depois do assassinato de seus pais foi esquecido. Todo 
aquele amor duro e as bundas chutadas por seu tio, porque eles não 
eram homens suficientes, e não eram suficientemente frios tinha sido 
deixado de lado. 
A maneira de Ben fazer com que os irmãos DeLucas cumprissem 
com o que ele queria tinha sido sempre física, violenta e 
sangrenta. Theo pensava com o coração na época. Dino acabou 
morto. Theo não repreendia seu coração com a cabeça. Ele não iria 
cometer esse erro novamente. 
~ 47 ~ 
— Eu não posso ter você fodendo as coisas para mim, — disse 
Theo calmamente. 
As sobrancelhas de Walter subiram. — Eu? Theo, seu irmão foi 
morto bem debaixo do seu nariz sem vocêsaber de nada. Vocês dois 
estavam na igreja naquela manhã e nenhum de vocês notou ninguém 
colocar a bomba no Bentley. Você percebe o tipo de esforço que leva 
para um rádio temporizador de bomba assim ser instalado? Você está 
muito focado em tudo o mais para perceber que é mais do que apenas 
você. Talvez, se você tivesse prestado mais atenção, Dino ainda estaria 
vivo. Uma tripulação como a dos DeLucas não pode ser administrada 
por alguém como você, alguém jovem, imprudente e incapaz de deixar 
seu coração para trás. 
Theo só ouviu três palavras em toda essa diatribe: rádio 
temporizador de bomba... 
A raiva era um sentimento bonito. Era quase tão bom quanto 
estar chapado. Tinha o êxtase do sexo e a doçura do doce. Encheu Theo 
como nada mais. Ele a segurou com força e não soltou. 
— O que você acabou de dizer? 
A voz de Theo tinha mergulhado ameaçadoramente baixo. Ela 
pingava com um aviso que qualquer homem inteligente seria capaz de 
ouvir. Parado e tranquilo, Theo podia sentir sua raiva inundando cada 
polegada de seu corpo. 
— Sobre o quê? — perguntou Walter acentuadamente. 
— Radio temporizador de bomba, — disse Theo. — 
Radio. Temporizador. De. Bomba. 
— O que tem isso? 
Na Outfit, a confiança era um mito maldito. 
— Essas informações são inéditas, — disse Theo friamente. 
O frio estava de volta em um piscar de 
olhos. Reconfortante. Seguro. Bom. Theo gostou da frieza. Ela o 
mantinha vivo. 
Os olhos de Walter se arregalaram. — Eu... eu... 
— Continue resmungando e você pode encontrar uma desculpa 
adequada para explicar como você sabe dessas informações. Eu nunca 
disse a uma alma. Lily tem mantido silêncio sobre a bomba exata 
~ 48 ~ 
usada, assim como seu marido. Ninguém sabe que tipo de temporizador 
de bomba foi usado para matar o meu irmão, Walter. Exceto que você 
sabe, pelo que vi. De alguma forma. 
Walter ficou atordoado e silencioso. 
Theo não se importava. 
Então, tão rápido quanto uma explosão de raios, Walter pegou 
algo sob sua mesa. Theo não tinha a menor dúvida de que o homem 
estava pegando uma arma. Antes que Walter pudesse chegar a sua 
arma, Theo retirou a magnum que gostava de manter enfiada em suas 
costas. 
Nunca guarde uma arma em você, Dino costumava 
dizer. Mantenha uma perto. Mantenha uma dúzia de armas perto, mas 
nunca mantenha uma em você. 
Às vezes, seu irmão estava certo e às vezes ele estava errado. Theo 
não costuma manter uma arma com ele. Mas ele o fazia em torno de 
homens como Walter Artino. 
Theo engatilhou a sua magnum e apontou, colocando uma bala 
diretamente na mesa de carvalho apenas polegadas da mão de 
Walter. Os braços de Walter voaram alto quanto ele se apoiou na parede 
com olhos assustados e a boca aberta. 
— Eu não errei, — Theo informou. 
Walter vagueou desajeitadamente, seus olhos fixos no cano da 
arma de Theo. — Eu não sabia, eu não sabia. Eu apenas disse... 
— Radio temporizador. Informação não divulgada, Walter. Não me 
trate como criança, eu tive o suficiente de besteiras. Rádio 
temporizador, seu filho da puta. Isso é o que você disse. Como você 
sabia disso? 
— J-Joel, — Walter gaguejou. 
— Joel. 
— Joel fez isso. 
— Por quê? 
— Eu não sei- 
Theo puxou o gatilho e observou como a bala entrou na mão 
erguida de Walter. Sangue escorreu e a dor iluminou as feições do 
~ 49 ~ 
homem mais velho. Walter gritou, segurando a mão ao estômago e 
amaldiçoando obscenidades. 
Durante todo o tempo, Theo não disse nada. 
— Por quê? — perguntou Theo novamente. 
Lágrimas deixaram rastro pelo rosto inchado de Walter enquanto 
o homem segurava mais apertado a sua mão sangrando e olhava para 
Theo. As lágrimas eram uma visão repugnante. Fraqueza. Nunca chore. 
Nunca implore. Theo desejava que estivesse surpreso que Walter tivesse 
encontrado seu ponto de ruptura, mas não estava. 
— Você sabe o por quê, — Walter assobiou, fazendo saliva voar. — 
Ou você está muito focado em seu coração novamente, DeLuca? 
A raiva de Theo queimou novamente, mas ele a engoliu. Ele levou 
alguns segundos para perceber que Joel tinha conseguido que uma das 
famílias mais fortes da Outfit se alinhasse a ele eliminando o cabeça, o 
Capo. Dino tinha sido o sacrifício. Não era sobre os DeLucas serem um 
alvo fácil, afinal. Era sobre ganhar mais poder, sacrificando um homem. 
— Eu disse a ele para matar você no lugar de Dino. 
Theo sorriu maliciosamente. — Porque Dino estava indo para a 
prisão, certo? 
— Sim. 
— E você sabia que com ele fora e eu morto, não haveria ninguém 
para lutar com você pela tripulação DeLuca. 
Walter não respondeu. 
Ele não tinha que responder. 
— Onde está sua esposa, de qualquer maneira? — perguntou 
Theo. 
Walter engoliu em seco. — Foi para a Flórida visitar sua irmã. 
Ótimo. 
Theo deu um passo adiante, brincando com a ponta de sua 
arma. Walter o observou o tempo todo com cautela em seu olhar 
agoniado. Chegando ao canto da mesa de carvalho, Theo pegou o 
pesado peso de papel de bronze e bateu com ele no rosto de Walter 
antes que o homem tivesse a chance de reagir. O osso rangeu sob a 
~ 50 ~ 
força, abafando o grito de Walter. O velho tentou revidar, mas ele não 
era páreo para a força de um homem mais jovem como Theo. 
Forçando o homem no chão, Theo agarrou a mão de Walter e a 
envolveu em torno de sua arma. Ele então virou o revolver para Walter e 
forçosamente envolveu o dedo do tolo ao redor do gatilho. 
Ensanguentado, quebrado, e parecendo como se tivesse sido espancado 
até o inferno, Walter olhou para o cano da arma com olhos 
lacrimejantes. O sangue escorria de sua boca machucada e seu rosto 
estava começando a inchar. 
— Vá para o inferno, Theo, — Walter cuspiu. 
Theo riu. — Eu já estou lá há um tempo. 
Em seguida, ele forçou Walter a manter a arma estável, 
apontando para o seu rosto já quebrado, e fez o homem puxar o 
gatilho. Theo levou o peso de papel e sua arma com ele quando saiu. 
 
* * * 
 
Theo apertou sua jaqueta de couro em torno de seu corpo 
enquanto caminhava através do bairro tranquilo de Wicker 
Park. Wicker Park era conhecido por sua aparência artística e por ser 
uma das partes mais seguras de Chicago. Ele manteve a cabeça baixa 
enquanto passeava pelas ruas, não querendo chamar a atenção para si 
mesmo por alguém que pudesse reconhecer seu rosto. 
Não seria incomum para ele estar em Wicker Park. A Outfit estava 
em todo lugar, não apenas em Melrose. Todos tinham negócios com 
outras pessoas. As razões de Theo estar lá poderiam ser desculpadas se 
necessário. 
Chegando ao parque infantil, onde as crianças, agasalhadas no ar 
de início de dezembro, brincavam e gritavam felizes, Theo se inclinou 
contra uma cerca de metal verde brilhante e observou. Theo desejava 
que pudesse se lembrar de uma época em sua infância que não fosse 
manchada por uma coisa ou outra. O assassinato de seus pais estava 
sempre na vanguarda, mas ele admitiu seus sentimentos há muito 
tempo sabendo que seu pai estava ligado à Outfit. 
A morte foi justificada. 
~ 51 ~ 
Siga em frente. 
Theo preferia espaços abertos e estar ao ar livre geralmente lhe 
dava a liberdade que ele desejava. Lá fora, ele poderia pensar em Dino e 
não ser bombardeado por sua culpa inabalável de nunca mais ver seu 
irmão. Ou por não dar a Dino a confirmação de que ele se importava, 
que Theo sabia qual era a sensação de manter segredos, e que sentia 
muito que sua lealdade tivesse sido dada para as pessoas erradas. 
Pessoas como Ben DeLuca e Joel Trentini. 
Dino trabalhou duro quando estava vivo para manter seus irmãos 
seguros. Às vezes, isso incluía mandar Lily para longe para que ela não 
tivesse que passar pelas coisas que seus irmãos passavam às vezes, 
crescendo na casa de Ben DeLuca. Pensar nesse tempo, quando era um 
adolescente a beira de se tornar um homem, era difícil para Theo. 
Ben tinha sido um homem frio e duro. Ele tinha trancado seus 
sobrinhos, não importava a sua idade, quando pequenos,

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