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~ 1 ~ ~ 2 ~ Bethany-Kris #3 Scarless & Sacred Série The Chicago War Scarless & Sacred Copyright © 2015 Bethany-Kris ~ 3 ~ SINOPSE Segredos e guerras deixam as cicatrizes mais profundas. Evelina Conti sempre usou uma máscara. Ela é uma princesa da Outfit, respeitada e admirada. Ela não tinha permissão para ser outra coisa. Seu pai passou de um marido de luto para o Chefe da Outfit, e agora que Riley lidera a família, Eve está mais sufocada do que nunca. Não importa o quanto ela odeia isso, a princesa Conti ainda tem um papel a desempenhar. Um pouco de atenção de Theo DeLuca parece bastante inocente, mas nada é quando se trata dele. E certamente não quando todo mundo acredita que Theo está querendo matá-la. Theo DeLuca tem um alvo em suas costas. Seu maior problema é descobrir quem o colocou lá quando todo mundo está apontando para ele. Ele não precisa de uma mulher lhe causando problemas, mas a princesa Conti continua aparecendo nos piores momentos, e ele é o único a salvá-la. Entre os homens que o rodeiam, que Theo não pode confiar, e o passado que ele não pode fugir, Evelina pode ser a única coisa que ele não tem que questionar. Mas quando Riley decide usar Eve como seu próximo movimento, nem mesmo Theo pode ser capaz de salvá-la. A guerra em Chicago não está sequer perto de terminar. Este jogo é mortal. Cada mão cortada deixa outra marca em outra pessoa. O Chefe da Outfit está lutando enquanto os homens ao seu redor estão se reunindo. Enquanto a contagem de corpos continua a subir, as famílias continuam a perder. Sacrifícios são uma parte da guerra. Ninguém sai disso sem cicatrizes. *** ATENÇÃO: Scarless & Sacred não deve ser lido como um autônomo nesta série. É o terceiro livro da série e deve ser lido após os primeiros dois livros. Aviso: Scarless possui violência gráfica e cenas de abuso. ~ 4 ~ A SÉRIE Série The Chicago War - Bethany-Kris ~ 5 ~ Prólogo Festas deveriam trazer felicidade. Evelina Conti sentia de tudo, menos felicidade, enquanto observava os convidados em seu aniversário de dezoito anos com bebidas em uma das mãos, risos em abundância, e todos os olhos sobre ela. Ela sabia o que eles estavam pensando. A princesa Conti. Finalmente com idade, pronta para a Outfit, e apenas esperando o sobrenome certo para acompanhar. Evelina encontrou a mãe e o pai no meio da multidão. Seus pais haviam dado a maior festa que a Outfit tinha visto este ano. Eles tinham ido ao topo com o aniversário de Evelina. Mia ficou ao lado de seu marido com um sorriso honesto para a multidão e um olho em seu marido. Deus sabia que se ela não ficasse de olho nele, Riley correria para o primeiro pedaço de bunda de boa aparência que pudesse encontrar. Suspirando, Evelina se encostou à parede e tentou evitar ser notada. Foi difícil, já que a festa era para ela, e ela deveria estar na primeira fila e no centro para todas as pessoas. Quando se tratava destas famílias, os Trentini, Rossi, DeLuca, a dela própria, os Conti, nada nunca era real. Era tudo show. A Outfit sempre tinha sido assim. Quem tinha a maior parte do que, quem estava tentando passar por cima de quem, e quem poderia ficar no topo por mais tempo. Claro, eles tinham um bom jogo e faziam bonito na mesa de jantar como todas as boas famílias mafiosas fazem, mas o ciúme, ganância e violência estavam sempre ao virar da esquina. Evelina sentiu como se seu aniversário fosse nada mais do que outro dia. Só que desta vez, ela era o prêmio de sua família. Ela era sua coisa para mostrar. A única filha, uma filha perfeita. Ela estava em uma idade primordial para seu pai começar a procurar alguém para casá- la. Ela poderia ser o caminho da família Conti para o topo da Outfit, ou de outro Sindicato do crime em outro lugar. Seu futuro era incerto. ~ 6 ~ Este não era um dia feliz. — Ei, — disse Adriano, deslizando ao lado de Evelina. Ela deu ao seu irmão mais novo um sorriso falso. — Ei. — Eu estava lá fora admirando suas novas rodas, pelo menos papai escolheu uma boa marca. — Eu acho que sim. Riley tinha entregado a Evelina as chaves de um belo BMW azul elétrico de dois lugares naquela manhã. O carro ostentava um enorme laço rosa no capô e couro branco no interior com destaques azuis. Ele era impressionante. Era também outra maneira de seu pai controlá-la. O carro não significava liberdade quando Riley poderia facilmente levá-lo embora. Ele provavelmente tinha mandado instalar rastreadores nele. Fazer dezoito anos não significava absolutamente nada, enquanto ela ainda estivesse sob o polegar de seu pai. — Mamãe parece feliz, — Adriano observou. — Enquanto papai mantém as mãos e o olhar nela, com certeza. Adriano riu estupidamente. — Verdade. Onde está a sua amiga? — Hmm? — Lily. Ela não deveria estar aqui? Lily DeLuca tinha sido a melhor amiga de Evelina durante o tempo que ela conseguia se lembrar. As duas foram às mesmas escolas particulares crescendo sempre perto. Mas a formatura tinha vindo e as meninas tinham deixado o colégio interno para voltar à vida. Evelina foi a única a voltar para Chicago. — Não, ela não está aqui, — disse Evelina. Adriano franziu a testa. — Onde diabos ela está? — Dino a deixou ir para o exterior. Ela está mochilando. Viajando. Sendo livre, se divertindo, e ficando longe daqui. Evelina amava a amiga, mas estava com ciúmes dela também. As circunstâncias de Lily não eram as mesmas que as de Evelina. Os dois irmãos mais velhos de Lily ficaram do lado dela enquanto Evelina foi forçada a voltar para a casa e escolher uma faculdade em Chicago, fazer ~ 7 ~ seu dever como filha de seu pai. O irmão mais velho de Lily, Dino, tinha criado sua irmã livre para fazer o que quisesse. — Ela vai voltar, — disse Adriano, encolhendo os ombros. — Você não pode ficar longe da família por muito tempo. Evelina duvidava. Lily odiava a Outfit por deixá-la órfã. — De qualquer forma, — disse Evelina, se empurrando da parede. — Eu vou dar uma volta. — Não vá muito longe. Claro. Porque seu pai ainda gostaria de exibi-la, tanto quanto podia. — Meu pai estava falando sobre ter uma dança com você mais tarde ou qualquer outra coisa, — seu irmão acrescentou. Evelina atirou a Adriano um olhar de soslaio e o manteve em seu irmão. Adriano parecia mais velho do que seus dezesseis anos. Mas isso não era o que Evelina mais tinha notado sobre seu irmão. Ele parecia cansado do dia, dos convidados, da festa. Desde que ela havia retornado para casa da escola, ela também notou que Adriano estava começando a mergulhar seus dedos no negócio da família. Essa era a coisa sobre a máfia. Uma vez que você molha seus dedos, eles te empurraram de cabeça na piscina. Evelina não podia deixar de se perguntar se alguém tinha dado a seu irmão uma escolha no assunto. Adriano tinha entrado em la famiglia porque quis, ou porque seu pai o tinha empurrado para isso? Ela esperava que ele fosse melhor do que isso e melhor do que eles. Ela esperava que Adriano fosse melhor do que fazer sua esposa chorar, querer ou desejar qualquer coisa. Melhor do que sua mãe e seu pai. — Não seja como o nosso pai, — disse Evelina. A sobrancelha de Adriano atirou para o alto. — Hmm? — Você me ouviu. Não seja como ele, ela queria dizer novamente. Não seja um idiota. Não traia sua esposa. Não coloque suas crianças em evidência para este jogo estúpido que todos eles desempenham. Seja melhor do que Riley Conti. ~ 8 ~ — Seja um bom homem, Adriano, — Evelina disse calmamente. Adriano sorriu. — Estou tentando. — Espero que sim. Me cubra se o pai vir me procurar? — Claro, Eve. Evelina escorregou para longe da multidão quando tinha certeza de que ninguém notaria. Ela não perdeu tempo em correr para a garagem anexa para uma pausa longe das pessoas.A garagem deveria estar vazia, exceto pelos veículos de seus pais, mas não estava. Ela esbarrou em uma disputa gritante entre dois homens. Dino DeLuca estava frente a frente com seu irmão, Theo. Havia uma diferença de idade de cinco anos entre os dois irmãos com Theo sendo o irmão mais novo, com apenas vinte e três. Ambos tinham um braço e uma perna dentro da Outfit, considerando que seu tio Ben DeLuca era o subchefe do Chefe para a operação do lado DeLuca das coisas e tinha uma grande quantidade de poder. Evelina poderia contar em uma mão a quantidade de vezes que tinha testemunhado os dois irmãos DeLuca compartilharem uma conversa. Normalmente, eles estavam em lados opostos da sala, faziam negócios de passagem, e conversavam muito pouco entre si. Ela não sabia por que eles não eram próximos, mas não conseguia se lembrar de uma época em que eles tivessem brigado publicamente também. — Cristo, Theo, — Dino sussurrou, dando um passo mais perto de seu irmão mais novo com os punhos cerrados ao lado do corpo. — Você acabou de se tornar um maldito homem feito e já sai fodendo com tudo. Eu não posso limpar todas as bagunças para você, ok? Não mais. Você está com a família, você resolve seus próprios problemas. Mas use a cabeça. E isso não significa correr para membros de outra família, especialmente não os Trentini. Jesus. Theo bufou, não recuando por um segundo. — É sobre os negócios ou outra coisa? — Não tome esse caminho, Theo. — Eu acho que eu quero esse caminho. Os olhos de Dino se estreitaram. — Não se esqueça de onde você veio, irmãozinho. Não se esqueça o que tornou possível para que você ~ 9 ~ entrasse na Outfit, mantenha o seu sobrenome e tenha orgulho disso. Não foda isso para nós, Theo. — Por que diabos você está tão focado no que eu estou fazendo, hein? Você não dava a mínima antes, Dino. — Fique do lado DeLuca dos negócios, Theo. Serpentes como Joel Trentini só irão mordê-lo quando você não estiver olhando. — Com quem eu faço negócios não é da sua conta, mano. Dino zombou. — Certo. Continue pensando assim. Com essas palavras, Dino passou por seu irmão e abriu a porta lateral da garagem que o levaria para o exterior. Ele bateu a porta com tanta força que a parede estremeceu. As pernas de Evelina finalmente foram apanhadas por seu cérebro e ela se virou para voltar para dentro da casa. A voz grossa de Theo DeLuca a deteve. — Será que ninguém te ensinou que espionar as pessoas pode colocar você em problemas, princesa? Evelina fez uma careta quando encontrou o olhar castanho de Theo sobre seu ombro. — Não me chame assim. — O que, isso ofende sua sensibilidade, princesa? — Pare, — Evelina advertiu. — Bem, é isso? — Não, mas parece que eu estou usando uma coroa? — Princesas usam tiaras. Coroas são destinadas à rainhas, querida. — Theo sorriu maliciosamente, seu olhar passou a partir dos saltos em seus pés para o vestido que terminava apenas acima dos joelhos. — Mas está tudo bem, também. Evelina engoliu o caroço se formando em sua garganta. — Por quê? — Rainhas seguem todas as regras, elas não conseguem se divertir muito. Droga. Evelina se enervou sob o olhar de Theo. O cara nunca tinha prestado muita atenção a ela quando passaram um tempo perto um do ~ 10 ~ outro. Ele era o irmão mais velho de Lily, com certeza, mas ele estava preso à sua própria família e Evelina presa a dela. Além disso, ele era cinco anos mais velho que ela. Eles nunca tiveram nada além de Lily para conversar e ele não parecia interessado em conversas sobre sua irmã para Evelina. — Você é sempre tão quieta? — perguntou Theo. — Não. — Você pode falar mais do que algumas palavras de cada vez? Evelina olhou nos olhos dele. — Você é um idiota. Theo sorriu. — Nem sempre. Ela não gostou de como seu divertimento fez suas características escurecerem, como se algo mal estivesse bem na ponta da língua. Isso só contribuiu para a sensualidade que Theo parecia ostentar ao lado de sua atitude distante e língua rápida. Com maçãs do rosto afiadas, um sorriso infalível, uma mandíbula reta, e olhos castanhos que eram quase pretos, Theo era francamente lindo pra caralho. Havia histórias suficientes sobre Theo DeLuca e suas mulheres, na medida do que ela sabia. Evelina não queria ser uma delas, mas não podia negar que algo em Theo era interessante. Isso era um problema. Evelina não podia se dar ao luxo de sequer considerar se misturar com alguém como Theo. Por um lado, porque a ela não era permitida. Namorar não tinha chance com as regras de seu pai, nem qualquer tipo de comportamento que trouxesse vergonha a sua família. Dois, porque Theo irritava Evelina. De uma boa maneira. Apenas ali o vendo observá-la, Evelina tinha ficado curiosa, ansiosa e incomodada. Todos os tipos de incomodada. Ela gostou. — Eu deveria voltar. — Para dentro? — Theo interrompeu com as sobrancelhas franzidas. — Sim. — Feliz aniversário, a propósito. Evelina esboçou um sorriso. — Obrigada. ~ 11 ~ — Dezoito, certo? — Como se você já não soubesse, — disse ela. — Oh, eu sei. — Theo atirou o queixo em direção a ela, sorrindo daquele jeito dele. — Faculdade no outono? — Esse é o plano. — Um dormitório? Evelina se remexeu no local, sem saber onde Theo queria chegar. — Espero que sim. Theo enfiou as mãos nos bolsos da maneira mais despreocupada que Evelina já tinha visto. Ele atravessou o comprimento da garagem e deu um passo ao lado Evelina na porta. Sua figura, sua forma alta pressionando a dela contra o batente da porta, sem sequer tentar. Ele era alto o suficiente para que ela tivesse que olhar um pouco para cima para ver seus olhos. — Certifique-se de conseguir um dormitório, — disse Theo. — Não importa o que você precise fazer para sair debaixo do polegar de seu pai, faça. Evelina assentiu. — Estou tentando. — Lily sempre disse que você nunca teve nenhum tipo de diversão. Ela não tinha uma resposta para isso porque era a verdade. Aparentemente, Theo não estava esperando uma. — Mesmo no internato, onde Riley não podia ver você, ela disse que você seguia as regras. — Você não é uma menina, — disse Evelina. Theo riu. — Não. — E você não é filho de Riley Conti. — Ainda bem. — Por quê? — Porque isso tornaria tudo realmente estranho, — Theo murmurou, ainda olhando para ela como se ela pudesse fugir a qualquer momento. — Consiga o dormitório, Evelina. ~ 12 ~ — Eve. Theo mostrou seus dentes brancos num sorriso pecaminoso. — Vá. Se divirta. Seja inteligente sobre isso. — Que tipo de diversão? — O tipo ruim. É o único tipo de diversão que existe. — Princesas ficam com toda a diversão, não é? — ela perguntou. — Sempre que o rei não está olhando, querida. — a mão direita de Theo deixou o seu bolso, e antes de Evelina percebesse o que aconteceu, ele tocou o lábio inferior com a ponta de seu polegar. — E me faça um favor. Evelina pegou o olhar dele e segurou, tentando descobrir o jogo de Theo. — O que seria? — Me dê um telefonema depois de você ter saído e se divertido. Você sabe, uma vez que você já tenha tido o bastante. — O bastante de quê? O polegar de Theo percorreu o lábio dela antes que ele deixasse cair a mão e deu um passo para dentro da casa. — Evelina! O grito de seu pai ecoou pela casa quando Theo DeLuca desapareceu no corredor. — Bastante de quê? — ela perguntou novamente. Theo girou um dedo no ar e parou. — De agir como uma princesa. ~ 13 ~ Capítulo um Família é tudo. Theo deixou essas palavras girar e bater em seus pensamentos, enquanto observava o Chefe Conti beijar sua noiva nos degraus de uma igreja familiar. A igreja onde o irmão mais velho de Theo havia sido morto apenas alguns meses antes. O ensaio do casamento de Riley Conti tinha sido aparentemente pequeno. Theo continuou a verificar antes que ele pudesse dizer a si mesmo parasair dessa. Ele sabia melhor do que ser pego mantendo um olho sobre o Chefe, mas sua desconfiança o levou a fazer coisas como esta muito ultimamente. Deixando seu olhar vaguear, Theo ainda podia ver alguns dos efeitos posteriores remanescentes da bomba que explodiu o carro de Dino. Sombras, pontos em tijolos onde a explosão tinha atingido. Danos na esquina do estacionamento onde o teto do Bentley tinha voado e batido com tanta força no chão que abriu um buraco na calçada. Onde havia existido lindos arbustos de rosas plantados ao longo da cerca de tijolos, agora descansava sujeira já que era início de Dezembro, flocos de neve ocasionais já tinham começado a cair. Mas, principalmente, o local parecia normal. Exceto para Theo, ele não poderia ser normal novamente. Família nem sempre foi tudo para Theo, mas ele levou muito tempo para perceber seus erros. Ele tinha descoberto muito desde então. Família eram as pessoas que o protegem, mesmo quando você não dá a mínima para eles. Era o sangue compartilhado, o nome em comum, e as memórias de um longo tempo passado. Faltava o que poderia ter sido e que deveria ter sido, mas mantinha perto o que você era. Família era o ponto fraco. Não era um pilar de segurança e proteção. Não era um conforto e promessa de algo bom. Era a ansiedade deslizando através de suas ~ 14 ~ veias e a preocupação do que poderia ir embora. Ele estava se segurando firme, porque quando você deixa ir, não pode voltar. Família era a bomba pronta para explodir aquele que você não viu chegando, até que fosse tarde demais. Era sangue no chão e seu coração em sua garganta. Era aterrorizante. Às vezes família doía. Às vezes era a familiaridade se infiltrando em um coração frio. Porque você nunca quer perder algo que não pode ser substituído. Família não deveria ter sido qualquer uma dessas coisas, mas ainda assim era. Família era sagrada. Algo puro, algo que deveria ter sido mantido perto e protegida a todo custo. Algo intocável; algo amado. Theo DeLuca tinha chegado à conclusão de que sua família tinha sido quebrada muito antes que ele pudesse mantê-la segura. E, de repente, sem aviso, sua família tinha sido rasgada novamente como tinha quando era mais jovem. Alguém - mais de um - tinha entrado no solo sagrado de sua família e derramado seu sangue sem nenhuma preocupação. Eles tinham matado seu irmão. Há muito tempo atrás, tinham tomado a sua mãe e seu pai também. Família fazia isso. A Outfit sempre tinha sido a família para os DeLuca, depois de tudo. Doía na alma, mas ardia em seu coração ainda mais. Quando o nome DeLuca que sua família trabalhou tão duro para manter no poder, para não ser manchado de novo com os erros do passado, se tornou tão fraco? Quando sua família tinha se transformado na porra de um alvo fácil? Quando sua família tinha se transformado em algo ruim? Theo se sentia há um milhão de milhas de distância da Outfit e tinha sentido isso por um longo tempo. A Outfit tinha deixado muitas cicatrizes nas pessoas que chamavam de família, Theo incluído. Todos tinham marcas para mostrar. Ninguém nesta vida caminhava por aí sem cicatrizes. * * * ~ 15 ~ — Você não está comendo. Theo olhou para cima do bife com batatas em seu prato para encontrar os olhos castanhos familiares de sua irmã o observando atentamente. O marido dela estava sentado na outra ponta da mesa, cortando o bife em seu prato, quieto como sempre. Damian Rossi não sabia como ser ruidoso. — Theo, — disse Lily. — Você vai comer ou deixar a sua comida ficar fria? — Eu estou comendo, — Theo respondeu. — Não, você está empurrando a comida ao redor no prato e olhando para ela. Droga. Lily era muito observadora para seu próprio bem. Quando ela era criança, Theo costumava pensar que essa percepção seria uma coisa boa para ela. Mas cinco anos separava os dois irmãos com Theo sendo o mais velho aos vinte e sete, então ele sempre meio que esperava que Lily tivesse algo dentro dela para mantê-la bem. Deus sabia que seus irmãos não seriam capazes de mantê-la segura para sempre. Dino já se foi, afinal de contas. O olhar de Theo se mudou para a direção de Damian. O homem não via nada além de sua esposa. Era a única coisa que consolava Theo ao longo dos últimos meses. Lily estava bem e, apesar de quão louco fosse seu casamento com Damian, funcionou a seu favor, ela tinha alguém que poderia mantê-la segura no furacão que era a Outfit. Sim. Um furacão. Era uma descrição apropriada para as suas vidas e a loucura em torno deles. — Theo, — Lily disse novamente, mais silenciosa na segunda vez. — O que, pequena? — perguntou Theo. — O que há com você? Muita coisa. Principalmente, fazia Theo se sentir estranho de dez maneiras diferentes sempre que ele entrava na casa de Dino. Seu irmão mais velho estava marcado em cada polegada. Isso lembrava Theo que ele passou muito tempo tentando ser outra pessoa que não fosse o irmão ~ 16 ~ de Dino DeLuca. Até o momento em que ele entendeu o que era importante, já era tarde demais. — Lily, vá pegar uma bebida para nós, ok? — perguntou Damian. Franzindo a testa, Lily acenou com a cabeça e empurrou sua cadeira. Uma vez que ela saiu da sala de jantar, Damian virou a sua atenção para Theo. Os olhos azuis do companheiro de Theo mal piscaram com qualquer emoção ou preocupação. Theo não se importava. Damian só se preocupava em mostrar emoção em direção a sua esposa. — Há uma diferença entre tristeza e raiva, — disse Damian. Theo se recostou na cadeira. — É mesmo? — Sim, mas é uma linha muito fina. — Então eu estou aprendendo. — Você já aprendeu que isso muitas vezes andam de mãos dadas? Theo riu secamente. — O que você é, o terapeuta residente, Fantasma? Damian sorriu. — Não, apenas o seu irmão através do casamento. Foi automático. Theo não conseguiu parar. Ele se encolheu ao ouvir a palavra irmão, mas Damian não disse nada. Theo queria mudar de assunto rapidamente. — Como a tripulação Rossi está indo? — Tediosa, — Damian respondeu. Essa era a vida como um Capo. Damian tinha finalmente conseguido o controle quando seu primo Tommas se afirmou como o chefe de frente da Outfit. Com ninguém mais familiarizado o suficiente para operar do lado Rossi das coisas na Outfit como um Capo adequado, Damian era o primeiro nome para ocupar o assento. — Eu nunca quis ser um Capo, — disse Damian, encolhendo os ombros. — Alguém sempre precisa de alguma merda. Alguém está sempre se lamentando sobre isso ou aquilo. E então você tem todo aquele bando de idiotas nas ruas testando sua paciência toda vez. ~ 17 ~ — Tome uma atitude, — Theo sugeriu. — Atitude? — Sim, castigue eles, D. Limpe e derrame um pouco de sangue. Deixe eles com medo. Assuste eles. Você conhece este jogo. Matar é a sua coisa, não é? Então vá em frente e faça o que você faz de melhor. Confie em mim, eles vão entender rápido o suficiente e ter bom senso. A expressão calma de Damian não se alterou. — Me livrar de alguns homens não é provável me fazer nenhum bem quando eu quero uma equipe forte, Theo. A menos, é claro, que você pense que mostrar meus números é uma boa coisa a fazer quando ainda há tanta agitação entre as famílias. Era uma preocupação válida. Havia pouco ou nenhum amor entre os três homens mais poderosos na Outfit atualmente. O Chefe, Riley, não conseguia fazer o seu chefe de frente e seu subchefe trabalharem em conjunto. Joel Trentini batia de frente com Tommas Rossi a cada chance que ele tinha. Tommas descartava Joel com sua indiferença habitual e desinteresse. Feito ruim para um Chefe quando ele não podia lidar com seus homens. — Maçãs podres irão infectar o resto, — Theo avisou. — Não há tal coisa como maçã podre. Ao curso da natureza, algo acontece e leva as descartadas. — Verdade. — Você já fez isso com os seus ao longo do caminho?— perguntou Damian. — O que isso quer dizer, D? — Eu acho que você sabe, Theo. — Vamos dizer foda-se aos rodeios e ir direto ao ponto de tudo, que tal? Além disso, eu não vim aqui para brincar de jogos de palavras com você, Damian. Eu vim aqui para jantar com a minha irmã. Damian riu. — Então por que você não está comendo? Antes que Theo pudesse responder, Lily voltou para a sala de jantar com duas garrafas de cerveja na mão. Ela colocou uma na frente ~ 18 ~ de Theo antes de dar a seu marido a outra e, em seguida, tomar seu assento. — Como você estava dizendo, — disse Theo, acenando para Damian. — Talvez você tenha deixado algumas das maçãs podres sangrarem através das suas boas. — Eu não sou um idiota. Há um monte de rumores sobre a morte de Dino. E eu certamente não tentei esconder o meu desprezo por Riley no que diz respeito a esse assunto. — Mas você não pode negar os rumores do envolvimento de outros homens, tampouco. Homens como Joel Trentini. Havia problemas com a morte de Dino e o possível envolvimento de Riley. O assassinato de Dino fez pouco para ajudar Riley a ganhar poder e posição que não fosse incitar o medo na Outfit. A morte de qualquer pessoa teria funcionado da mesma maneira. Não fazia sentido. Theo estava esperando pacientemente. Alguém era obrigado a foder. Alguém, em seu caminho para o topo, ia foder alguma coisa e preencher todos os espaços em branco. Ele estaria lá esperando quando eles o fizessem. — Você acha que eu sou estúpido, Damian? — perguntou Theo. Lily estalou a língua desaprovadoramente, mas os dois homens ignoraram o aviso silencioso. — Não, Theo. Não estúpido. Acho que você está de luto. A mandíbula de Theo cerrou. — Talvez sim, mas vamos ser realistas aqui. Diga o que você está mastigando aí. Damian deu à sua esposa uma olhada tranquila e, em seguida disse: — O que Dino costumava dizer quando éramos crianças e enfiávamos as mãos nos jogos de outras famílias? — Fique no nosso lado de Chicago e pare de brincar com serpentes, — disse Theo. — Sim, então talvez você deva fazer isso, Theo. — Eu vou. ~ 19 ~ Damian arqueou uma sobrancelha. — Artino. O rosto de Theo se contraiu enquanto ele tentava segurar sua irritação. Desde a morte de Dino, Walter Artino vinha tentando tomar o reino DeLuca mais e mais. Estava começando a ficar chato. Theo não podia deixar o nome DeLuca ser manchado por causa de Artino. Simples assim. — O que tem ele? — perguntou Theo. — Ele não. A família. O grupo inteiro. — Mais uma vez, você acha que eu sou estúpido, Damian? Os lábios de Damian se achataram em uma linha sombria. — Você precisa ter cuidado, Theo. Ninguém está lá fora para ajudá-lo agora. Depois que as pessoas entram, você não pode tirá-las. Theo riu, ignorando o comentário e o olhar curioso de sua irmã. — Há sempre uma maneira de tirá-los, Damian. É chamada de bala. — E essa rixa que seus rapazes têm com o pessoal Conti, — acrescentou Damian. — Eu não sei do que você está falando. Damian zombou. — Certo. — Eu mostro tributo. Eu dou a Riley suas cotas. Eu sigo as regras de merda, D. — E você continua deixando o sangue derramar durante todo o tempo. Pare com isso antes que tudo fique fora de controle de novo, Theo. — Eu não sou o único que luta com o pessoal dos Conti. — Theo, — Lily disse suavemente. — As coisas estão tranquilas com as famílias agora. Deixe elas desse jeito. — As coisas nunca foram tranquilas, — Damian respondeu antes que Theo pudesse. — Muito tem sido deixado de dizer para as famílias ficarem quietas, querida. Lily franziu a testa, mas não respondeu. — De onde vem isso, afinal? — perguntou Theo. ~ 20 ~ Damian cortou um pedaço de seu bife e manteve os olhos em seu prato. — Um amigo de um amigo, Theo. Além disso, você me conhece. Eu cuido do que é meu. A família é importante. Certo. Exceto o fato de Damian ser um Rossi. — Que família é essa? — perguntou Theo. — A única que importa, é claro. Isso respondia tudo, não é? — Você vai ao casamento amanhã? — perguntou Lily. Theo fez uma careta. — Não. — Mas... — Riley Conti não precisa de mim em seu casamento, Lily. Walter vai, de qualquer maneira. Isso é o suficiente para o nosso lado das coisas. — Ele é o único que vai? — perguntou Damian. — Sim, — respondeu Theo. — Você está fazendo uma afirmação bastante ousada, Theo. O mundo não gira em torno de Riley Conti. — Adriano... Theo ergueu a mão, parando Damian antes que ele pudesse dizer outra palavra. — Eu não estou preocupado com a pequena rixa de Adriano Conti com alguns membros do pessoal DeLuca. Eu disse a ele na noite em que Riley se tornou Chefe que eu não queria nada com ele. — As ações dos seus homens na rua dizem coisa diferente, — disse Damian. — São os meus homens, não eu, — Theo respondeu friamente. — Seus ou os de Walter? — Exatamente. Damian não se moveu enquanto ponderava a declaração. — Eu acho que você não é tão cego como eu pensava. ~ 21 ~ — Eu gosto disto, porém, — disse Theo. — Assumir a culpa pela vingança de Walter por causa da morte de seu filho? Theo riu sombriamente. — Não, deixar Riley desconfortável. Ele provavelmente está se perguntando quando eu irei atacá-lo. — Você vai? — Eu ainda não decidi, — Theo respondeu honestamente. — E se eu te dissesse que Riley não ordenou o assassinato de Dino? — disse Damian. — Não faria diferença. — Por que não? — Porque agora, é mais do que apenas por Dino. E mesmo que fosse apenas sobre ele, existem apenas alguns homens para quem eu posso apontar o dedo. Eles estão todos muito no alto agora, Damian. — Seu ponto? — perguntou Damian. — Às vezes você tem que eliminar a parte superior e esperar o resto se desintegrar sozinho. É a única maneira de sair limpo. Theo não queria ser o Chefe. Não era sobre nada disso. As pessoas podiam acreditar no que quisessem. A guerra não tinha acabado. Não estava nem mesmo perto. * * * — Aqui, me deixe te ajudar, — disse Theo, pegando a pilha de pratos que sua irmã estava equilibrando. Lily sorriu e o deixou pegar os pratos sujos. — Cavalheiro, hein? Não admira que existam todos esses rumores sobre você e uma dúzia de mulheres diferentes. Elas não podem dizer não para o seu charme, Theo. Você deve colocar isso em uso para encontrar alguém para sossegar. ~ 22 ~ Theo mal reteve o escárnio. Ele não era um cavalheiro. Um pouco áspero talvez. Frio de coração. Sedento de sangue nas ruas. DeLuca nascido e criado. DeLucas não faziam bonito, não tinham conversas de travesseiro ou eram homens de toque suave. Uma boa e dura foda suja com certeza o deixava satisfeito. Certo. Mas, ser um cavalheiro não se enquadrava nessa categoria. Theo desejava que sua irmã não ouvisse nada sobre suas atividades no quarto. Lily não precisava ser consciente de com quem ele estava ou não fodendo. Ele não era desagradável o suficiente para dizer a ela para cuidar de sua própria vida, no entanto. — Não, mas você é minha irmã e tudo mais, — Theo resolveu dizer. — Então, talvez você devesse me incomodar para manter o meu apartamento de solteiro limpo e não com quem eu deveria preenchê-lo. — Ei, eu só estava dizendo. — Eu não preciso que você faça isso, Lily. Lily cantarolou baixinho como se não acreditasse nele. — Seja como for, Theo. Alguém virá e você não vai nem mesmo vê-la chegando. — Nem todo mundo quer alguém, Lily. — Continue se dizendo isso. Ele iria. A última coisa que Theo precisava era de alguma fêmea se inserindo em sua vida e o colocando em uma bagunça que ele não podia limpar. Ele tinha o suficiente acontecendo com a Outfit e suas ruas, não importava sua família. Mulheres? Não tão cedo. Theo seguiu Lily para a cozinha, depositado os pratos onde ela indicou, e então ele começou a ajudar Lily a enxaguá-los antes de encher a lava-louças. Os doisirmãos ficaram quietos enquanto trabalhavam. Damian se desculpou depois do jantar dizendo que tinha telefonemas para fazer. — É a casa, não é? — Lily perguntou em voz baixa. ~ 23 ~ Ela não tirava os olhos da máquina de lavar louça enquanto apertava os botões. Ela tinha deixado seu copo de vinho de cristal no balcão para lavar as mãos. — O que tem a casa, pequena? — Ela lembra Dino. Certo? Theo se mexeu inquieto, se recostando contra o armário. — Porque você pensaria isso? — Você não vem muito aqui. — Eu não vinha muito quando Dino estava vivo. Era verdade. Theo havia passado muitos anos tentando se afastar do nome de Dino. Ele não queria ser apenas o irmão mais novo de Dino DeLuca. Ele queria seu próprio nome sendo carregado pelas ruas e pelos homens na Outfit. Ele teve seu desejo concedido. De todas as formas erradas. Antes de Theo perceber todo o bem que seu irmão tinha feito realmente dando aos DeLucas uma boa posição, um local seguro na Outfit, tinha ido embora. E junto com Dino. Theo sentiu o gelo deslizar em suas veias como um amigo íntimo dando a ele conforto. Ele não iria desistir agora. — Você estava se achegando um pouco mais, — disse Lily. — Como qualquer bom irmão faria. Dino estava morto. Os irmãos nunca tiveram a chance de consertar as suas pontes queimadas. — É melhor deixar o cão onde ele está do que acordá-lo e vencê- lo, — disse Theo a sua irmã. Lily franziu os lábios como se ela não estivesse satisfeita com sua resposta, mas, felizmente, ela não o forçou a mais nada. — Bem. Você vai ficar um pouco? — Não, eu preciso ir. Amanhã é um grande dia e tudo mais. — Eu pensei que você não iria ao casamento. ~ 24 ~ Theo sorriu. — Eu não vou. Isso não significa que eu não vá estar por perto, Lily. Riley Conti não era o único homem que Theo tinha que manter um olho, afinal. — Obrigada por me ajudar com a louça, Theo. — Claro. Se afastando do balcão, o olho de Theo avistou uma garrafa familiar de vinho tinto. Ele a trouxe para a irmã porque sabia que ela gostava de vinho tinto com bife. Além disso, ele não era bom em aparecer na casa de alguém sem trazer algum tipo de presente. — Essa não é a marca que você gosta? — perguntou Theo, pegando a garrafa para ler o rótulo. — Do que você está falando? — O vinho, Lily. Os olhos de Lily se arregalaram quando ela percebeu o frasco em suas mãos. — Merda, eu me esqueci de esconder isso. Por quê? Theo olhou para a garrafa novamente. Esta era a marca de Lily, cerca de 40 anos especialmente importado da Sicília. Era caro como o inferno, mas sua irmã valia o dinheiro. — Poupando ou algo assim? — perguntou Theo, divertido. Os dentes de Lily morderam o lábio inferior, e Theo soube então que uma mentira estava na ponta da língua dela. Ela não era boa em mentir e seus irmãos sempre sabiam quando ela ia dizer uma. — Lily, — Theo disse calmamente: — você estava bebendo um copo de vinho hoje à noite. — Sim. Em um copo de cristal de cor azul e ainda sobre o balcão. — Não é o vinho que eu trouxe. Lily suspirou. — Deus, por que não você não pode deixar as coisas pra lá? ~ 25 ~ — Porque você é minha irmã e eu me preocupo, — Theo respondeu. — Sobre que tipo de vinho eu bebo? — Não, sobre por que você queria que eu pensasse que você estava bebendo este vinho. Se você não queria, você poderia ter... — Eu não posso beber vinho, Theo, e eu não queria ser rude. A sobrancelha de Theo atirou para o alto. — O quê? — Eu não posso beber vinho. Não por mais oito meses. Demorou um tempo para Theo perceber o que sua irmã estava dizendo. Até que o olhar passou entre o vinho em suas mãos e o sorriso nos lábios de Lily. — Nós não estamos prontos para começar a contar às pessoas, Theo, — Lily adicionou mais suave. — Há muita infelicidade entre as famílias e problemas acontecendo. Além disso, Adriano e Alessa acabaram de anunciar sua gravidez há algumas semanas e isso ainda está sendo assimilado. — Sim, mas vocês dois são casados e não estavam se esgueirando pelas costas dos seus familiares, — disse Theo, tentando descobrir como Adriano Conti e a gravidez de Alessa Trentini fazia qualquer diferença para sua irmã. — Eu sei disso, — Lily respondeu. — O fato é que eles não devem passar vergonha mais do que eles já estiveram que passar pela Outfit, Theo. É um bebê, as pessoas devem ficar felizes. Eles vão se casar no próximo mês. Está tudo resolvido. Eu não sou o tipo de mulher que iria exibir minha gravidez para que outros possam usá-la e dizer que é assim que deve ser, não como aconteceu com eles. Theo esfregou sua testa enquanto colocava a garrafa de vinho de volta no balcão. — Os sussurros não vão parar depois de eles se casarem, Lily. — Talvez não, mas eu ainda acho que eles devem ser capazes de aproveitar esse tempo e ter um pouco de felicidade só para eles. — Menina altruísta. — Ela é, — disse Damian da entrada da cozinha. ~ 26 ~ Theo tentou não reagir à súbita presença de seu cunhado. Damian fazia essa merda com frequência demais. — Parabéns então, eu acho. — Obrigada, — disse Lily, sorrindo. — Não demoraram muito tempo vocês dois. — Theo! Damian riu, mas ficou quieto. Theo deu de ombros. — Apenas dizendo. — Sinto muito por ter mentido sobre o vinho, mas eu vou colocá- lo na adega. Piscando, Theo beliscou sua irmã no queixo. — Faça isso, — disse ele, — e no dia em que minha sobrinha ou sobrinho nascer, vamos tirá-lo de lá e comemorar. Eu vou até me esgueirar com ele no seu quarto de hospital. Lily sorriu largamente. — Vai? — Absolutamente. — Isso é terrível, — disse Damian sob a respiração. — Eu vou fingir que vocês dois não estão planejando algo parecido. Theo mostrou o dedo médio a seu cunhado. O bebê podia levar o nome Rossi por causa de seu pai, mas ainda era metade DeLuca. Família era tudo. A única coisa que Theo sabia que deveria manter perto. Ele aprendeu essa lição da maneira mais difícil. ~ 27 ~ Capítulo dois Evelina enfiou a cabeça na porta de entrada da sala de estar para encontrar Alessa vasculhando outra sacola de roupas de bebê ainda com etiquetas. — Adriano deixou isso aqui mais cedo? Alessa olhou para cima, sorrindo. — Sim. Era bonitinho. Adriano não parecia estar surtando sobre o fato de que seria pai em apenas poucos meses. Os dois estavam preparados. — Mas ele só foi buscá-las para mim, ele não ficou louco de novo, — informou Alessa. Sua voz era suave e tranquila enquanto ela falava. Não era incomum. Alessa Trentini, que em breve seria uma Conti quando se casasse com Adriano em pouco mais de um mês, não era uma pessoa faladora. Ela tendia a se manter em sua própria bolha, mantendo um perfil discreto, e era uma pessoa muito feliz, mesmo em seus dias ruins. — Eim? — perguntou Evelina. — Abriella comprou algumas roupas, eu acho. Oh. — E Adriano teve que bancar o atravessador e buscá-las com alguém pelo que eu entendi. Alessa assentiu. — Ela passou para Tommas e ele ligou para Adriano. Evelina não queria deixar Alessa triste ao reconhecer o fato de que Abriella não tinha permissão para passar um tempo com sua irmã. As duas eram próximas, mas desde a derrocada de Alessa e Adriano com a gravidez, Joel Trentini agia como se sua irmã mais nova não existisse. Como se ele estivesse tentando apagar a vergonha. Não havia muito para se envergonhar. Era um bebê com pais jovens que precisavam de apoio e amor nesta nova etapa de suas vidas. Além disso, a gravidez tinha feito muito por Joel. Depois de tudo o que Joel havia feito ao pai de Evelina, Riley, o cara devia ter sido ~ 28 ~ morto pelos padrões da Outfit. Em vez disso, para se desculpar pelos erros que o filho de Riley tinha cometido com a irmã de Joel, a Joel foi dada uma posição elevada, o respeito de ter a posição de subchefe da Outfit, e mais controle do que ele precisava. Riley estavapedindo para ter problemas fazendo isso. — Se você vir Abriella, — disse Alessa, — diga a ela que eu estou agradecida. — Você vai vê-la amanhã no casamento, — Evelina respondeu. — Diga a ela, então. — Joel vai estar lá. — Não deixe que ele te envergonhe em um canto como se você tivesse uma grande letra escarlate pintada em sua testa, Lissa. Alessa suspirou e deixou cair o pimpão verde dentro do saco de presentes. — Ouça, não é sobre Joel, trata-se de Adriano. Eu não dou a mínima para o meu irmão, mas eu não quero causar nenhum problema a Adriano fazendo barulho. Abriella me liga quando pode, às vezes, nos vemos aqui e ali, e assim está bom. Eu também não quero causar problemas para a minha irmã. Eu sei o como Joel é, Eve. — Sim, você me disse. Joel era um idiota. Uma cobra manipuladora seria muito parecida com ele. — Então assim será. Até que Joel sinta que todos nós já pagamos o suficiente por embaraçá-lo... Evelina soltou uma gargalhada, interrompendo Alessa. — Ele tem feito o suficiente sozinho, querida. Mesmo Alessa esboçou um sorriso malicioso. — Eu sei. — De qualquer forma, eu entendo. Vou passar a mensagem diretamente amanhã, mas você deve realmente fazer isso sozinha. Dane-se Joel, ele provavelmente vai estar muito ocupado procurando atenção como o novo subchefe. Alessa bufou. — Sim. Típico de Joel. — Onde está o meu irmão? — perguntou Evelina. — Trabalhando. ~ 29 ~ Alessa não ofereceu qualquer outra coisa, e Evelina sabia que não devia pressionar para obter mais informações. Adriano era sigiloso sobre sua posição e trabalho na Outfit. Ele tentava como um condenado não trazer o trabalho para casa. Evelina teve que admitir que estava orgulhosa de seu irmão mais novo. Adriano não saiu como Riley Conti, afinal de contas. Ele era melhor do que seu pai. Um homem melhor; mais amoroso e atencioso. Ele vai estar de volta em breve? — perguntou Evelina. Alessa deu de ombros. — Hoje à noite, talvez. — Você quer visitar Lily comigo para que você não fique sozinha? — Não, eu estou bem, obrigada. — Alessa acenou para as sacolas cheias de coisas de bebê. — Prioridades, você sabe. — Bem, pelo menos você sabe quais são as suas. O resto de nós não tem uma fodida ideia. Alessa riu. — É triste como você está certa. * * * Evelina reconheceu o Stingray vermelho cereja estacionado na garagem de Lily Rossi no segundo em que colocou os olhos nele. Lily não tinha dito nada sobre seu irmão mais velho Theo aparecer. Riley tinha deixado claro para Evelina que era para evitar Theo a todo custo. Seu pai não tinha dado uma razão para isso, exceto que tinha havido algumas questões não resolvidas entre os DeLuca e os Conti após Riley se tornar Chefe. Independentemente disso, Evelina não se importava de seguir a demanda de seu pai de manter certa distância. Enquanto o temperamento de Riley tinha melhorado ao longo do último par de meses desde que se tornou Chefe, Evelina não conseguia afastar a lembrança de que seu pai não era o homem que aparentava ser. Ela ainda se recusava a voltar para casa porque Riley não permitiria que ela voltasse para seu dormitório. Então, ela ficou com seu irmão. Seu pai concedeu. Não mudou nada para Evelina. Riley Conti poderia usar a fantasia que quisesse, mas para Evelina, ele era apenas um rei com ~ 30 ~ uma coroa roubada. Quanto tempo seu pai seria capaz de ser o Chefe da Outfit antes que alguém mais percebesse isso também? Evelina estacionou seu BMW ao lado do Stingray, saiu, e tirou os sacos plásticos do banco de trás. Ela estava quase na metade do caminho em frente a entrada pavimentada antes que a porta da frente da casa abrisse. Theo apareceu na porta com Damian Rossi. Nenhum dos homens notou Evelina a apenas alguns metros de distância. Theo DeLuca não parecia ter mudado. Assim como no dia do aniversário de dezoito anos de Evelina quando ela acidentalmente tropeçou nele discutindo com seu irmão, ele estava parado com uma confiança e indiferença que escorria arrogância e petulância aprendidas. As feições do homem ainda eram tão marcantes como nunca, com as maçãs do rosto afiadas, uma mandíbula forte e o cabelo que parecia que alguma mulher tinha envolvido as mãos e puxado os fios loiros. A sombra de um sorriso mantinha o canto da boca de Theo torcido para cima, mesmo com a tristeza escurecendo seu olhar castanho. Evelina supôs que o homem tivesse muito para estar triste agora. Seu irmão tinha sido assassinado e seu tio também. Até mesmo sua irmã tinha sido tomada dele de certa forma com seu casamento com um Rossi. A família Rossi estava mais perto dos DeLucas do que do resto, mas Lily ainda estava se acertando em sua nova vida. Quem foi deixado para Theo? Ele mesmo. Seus homens, considerando que ele era Capo com Dino DeLuca morto. A Outfit... talvez. Evelina suspeitava que Theo culpasse a Outfit pela maioria do que estava acontecendo com a sua família. Quem não iria? Talvez fosse por isso que seu pai exigiu que ela ficasse longe dele. Um homem de luto era um homem perigoso. — Você tem uma convidada, Fantasma. Theo passou uma olhada em Evelina. Seu olhar era quase de desprezo por natureza, como se ele a tivesse levado para dentro e depois empurrado a imagem dela de volta para fora novamente. — Sim, Lily e roupas, você sabe. O casamento, — Damian murmurou. — Eu diria que o veria amanhã e tudo, mas nós dois sabemos que você não vai estar lá. — Não. ~ 31 ~ Com isso, Theo enfiou as mãos nos bolsos e se afastou da porta para descer os degraus da frente. Seus passos eram suaves e rápidos, e ele manteve a cabeça baixa como se estivesse olhando em volta, mas ninguém podia ver seus olhos. Isso fez Evelina pensar que talvez Theo gostasse de ter as pessoas se perguntando sobre ele e nunca realmente saber nada. Mas quem era ela para dizer? — Eve, — Theo murmurou quando passou. Cordial. Educado. Estressado. Tenso. Evelina ouviu tudo isso quando seu nome saiu de sua boca. Ela também notou seus olhos castanhos a olhando de novo e da forma como o seu sorriso se aprofundou. Ela não gostava de como um olhar parecia dar um tapa em sua pele sem ele nunca ter levantado a mão. A memória sangrou em sua mente com lentidão. — Você nunca me deu aquele telefonema, princesa, — disse Theo. Evelina franziu os lábios, saboreando o vinho em seu copo enquanto as pessoas circulavam na festa de retorno a casa da amiga. Lily DeLuca sorriu e conversou com os convidados, mas ela estava chateada como o inferno. Evelina sabia disso. Afinal, quem queria se casar obrigada com um homem que você não conhecia? Mesmo que o homem fosse meio decente. — Não me chame assim, Theo, — Evelina advertiu. Theo riu. — Ainda magoada com isso? Ele a chamava de princesa em todas as chances que tinha, maldição. Sim, incomodava. — Não, mas eu não sou uma princesa, então pare com isso. — O que eu disse a você, hein? — perguntou Theo, virando seu ombro para a parede para que pudesse olhá-la enquanto ela observava a multidão. ~ 32 ~ Evelina sorriu, incapaz de se conter. Não podia negar o fato de que gostava da atenção de Theo. Ele era condenadamente lindo, especialmente vestindo um terno sob medida que acentuava o fato de que ele estava em forma, e cada polegada dele exalava vibrações perigosas. Ele era alto, pele morena e sexy e ele sabia disso, porra. Essa era a pior parte. — Você está sorrindo, — disse Theo presunçosamente. — Isso significa que você gosta de mim. — Você é louco. — Já está cansada de agir como uma princesa? Evelina tomou outro gole de vinho e o engoliu. — Eu já liguei para você? — Estou começando a pensar que mulheres como você precisam de um empurrãozinho, — disse Theo, sorrindo. Oh, Cristo. Evelina praticamente podia sentir os olhos de seu pai observando-a onde quer que estivesse na sala. Riley Conti estava sempremantendo um olho nela, ou ele tinha outra pessoa para fazer isso. — Você vai me causar problemas com essa merda, — disse Evelina a Theo calmamente. — Por ter uma conversa? — Por me paquerar, Theo. Theo riu. — Isso não é paquera. Contudo… Evelina o olhou de lado. — O quê? Ele deu um passo mais perto. Perto o suficiente para ela sentir o cheiro fresco de sua colônia amadeirada. A língua de Theo molhou seu lábio inferior, onde o polegar estava tocando quando ele se aproximou novamente. Seu braço roçou seu peito e ela jurou que cada músculo saltou sob o simples toque. Evelina lutou contra o arrepio quente fazendo seu caminho em sua espinha quando Theo alcançou e arrastou a ponta de seu polegar em seu braço. Ele parou no vinco dentro de seu cotovelo. Ela nem sequer percebeu até que ele apertou o polegar em sua pele de novo, mas o seu dedo estava molhado de seus lábios e ele tinha feito uma trilha em seu braço. Sentia-se quase sensível ao abrigo dessa carícia. Porque, sem dúvida, não era inocente de maneira nenhuma. ~ 33 ~ — Agora isso, — Theo sussurrou, — pode ser considerado paquerar. As bochechas de Evelina se aqueceram. — Que jogo está jogando hoje à noite, DeLuca? — O que você quer dizer? — Eu não sou uma conquista para você levar para a cama, Theo. Theo arqueou uma sobrancelha. — Eu não persigo mulheres, Eve. — Engraçado. Isso não é o que eu ouço. — Talvez você não devesse acreditar em tudo que ouve, — ele respondeu calmamente. Evelina sentiu o polegar varrer o vinco no interior de seu cotovelo novamente. — Eu não corro atrás de mulheres, — Theo repetiu. — Elas vêm para mim ou não vêm. Eu não saio perseguindo cada buceta que eu puder para adicionar novos nomes à lista. — Então o que diabos você está fazendo agora? — perguntou Evelina. — Boa pergunta. — O quê? — Há algo sobre você, Eve. Algo que me faz querer descobrir o que é. — Como uma perseguição, — disse ela. — Bem desse jeito. — Por quê? — ela perguntou. — Por que você ainda está agindo como uma princesa? — perguntou ele de volta. — Você não me conhece, Theo, não se você acha isso. — Evelina olhou por entre a multidão de novo, procurando por seu pai. — Você vai me causar problemas. — Baby, eu sou um homem terrivelmente cuidadoso. É o meu trabalho ser cuidado. Caso contrário, eu estaria morto. ~ 34 ~ Droga. Evelina não queria mostrar como suas palavras a afetaram, então ela baixou o olhar para o vinho em seu copo. — É assim mesmo? — Sim. — Hmm. — Terça-feira, — disse Theo. — Dia 30. — O que tem terça-feira? — Giselle. O ballet. Venha comigo. Evelina apertou a haste de sua taça de vinho um pouco mais forte. Não havia nenhum pestanejar em seus olhos, nenhuma afetação no sorriso em seus lábios. Nada que sugerisse que era uma opção ou uma piada. Na verdade, Theo a observou como se estivesse esperando que ela fugisse. Ela tinha notícias para ele, ela não era uma corça assustada. Mas era muito cuidadosa. — Você está falando sério, — disse Evelina, tomando um segundo. — Muito. Venha comigo. — Eu não dei o telefonema que você queria, Theo. — Eu estou te dando um empurrão, Eve. — Por que eu? — perguntou Evelina. Theo deu de ombros. — Eu disse a você, há algo sobre você que eu quero saber. — Isso não é uma resposta muito boa. — Então me dê uma melhor. Evelina se empurrou de volta para o presente, ao som da batida da porta do carro. Ela se virou apenas a tempo suficiente para ver Theo sorrindo quando acelerou o motor. Ela estava em pé na frente de seu carro, bloqueando o seu caminho para virar o carro e sair, e não podia dar ré com o carro dela bloqueando a entrada da garagem. Evelina olhou para o para-brisa, ~ 35 ~ chamando a atenção de Theo. Seu rosto era passivo se não fosse o sorriso arrogante que ele usava, mas um fogo ainda brilhava na escuridão de sua íris. Talvez ele ainda não a tivesse perdoado por faltar a seu encontro um tempo atrás. Ela não queria, mas seu pai exigiu que ela fosse para o jantar no restaurante Rossi. E, em seguida, sua mãe foi assassinada em um tiroteio no mesmo dia. — Ei, — Evelina sussurrou. Ela não queria que Theo pensasse que ela estava ignorando ele. Ele nunca realmente perguntou por que ela cancelou esse encontro, mas ela imaginou que ele soubesse com a morte de sua mãe e tudo. Não era um segredo que ela tinha estado no jantar também. A sombra de um sorriso enfeitou a boca de Theo antes de desaparecer. O frio estava de volta em um piscar de olhos, endurecendo suas belas feições. Evelina não pôde deixar de notar como Theo parecia mais velho do que seus vinte e sete anos, sentado em seu carro, olhando para ela. — Mova-se, — Theo murmurou. — Agora. Evelina inclinou seu queixo, o desafiando. Ela não sabia por que, mas Theo sempre a irritava dessa forma. Ele a fez querer ir para trás. Não havia muitas pessoas que poderiam mexer com ela como Theo fazia. Era uma pena que ela nunca teve a chance de explorá-lo. Theo acelerou seu carro novamente, o motor rugindo alto o suficiente para fazer Evelina estremecer. Ela se moveu. * * * — Você viu Theo lá fora? — perguntou Lily. Evelina limpou a garganta e jogou os sacos de roupa sobre a parte inferior da cama. — Sim, mas ele não disse muito. Lily franziu a testa e passou a olhar para a porta do quarto. Evelina seguiu o olhar de sua amiga para encontrar Damian ali ~ 36 ~ de pé, mas ele se afastou. Ele não disse uma palavra para sua esposa ou para Evelina antes de ir, tampouco. Evelina gostava de seu primo. Damian era um homem muito descontraído, mas calmo. Ele não gostava de fazer barulho e adorava sua esposa. Isso era evidente. Mas havia também o lado negro de Damian Rossi, que muitas pessoas não conseguiam ver. — O que há com ele? — Evelina perguntou a Lily. — Damian? — Sim. Lily deu de ombros e apalpou os sacos de roupa, tomando seu tempo para abrir cada um e espreitar. — A visita de Theo o deixou inquieto, eu acho. — Ele é seu irmão, Lily. — Estou ciente. — Damian deve se acostumar a ele estar por perto. Lily riu, endireitando para olhar para Evelina. — Não é que ele não goste de Theo. São amigos desde que eram crianças, lembra? — Eu sei. — Damian está preocupado que seu amigo esteja fazendo algo louco por causa de toda a porcaria que ele tem passado por estes últimos meses, — disse Lily. — Oh. — Evelina suspirou. — Meu pai? — Em parte, mas há outras coisas também. Eu acho, de qualquer maneira. Com Theo, é difícil dizer. Às vezes você acha que ele não sabe nada sobre qualquer coisa em torno dele e, então, outras vezes, ele abre a boca e choca a todos com o que aprendeu. Eu apenas… — O quê? — Evelina pressionou. — Esse não é Theo. Essa pessoa calada e fria. Não é Theo. Ele é feliz e barulhento. Ele é completamente encantador. — É verdade. Lily levantou uma sobrancelha. — E como você sabe? Merda. ~ 37 ~ Evelina pegou o primeiro que conseguiu alcançar e abriu, querendo experimentar e distrair a amiga de se aprofundar muito em sua afirmação. — Eu só estou dizendo, Lily. Nós todos sabemos como Theo gosta de suas mulheres. — Na verdade, eu acho que meu irmão gosta de deixar que as pessoas acreditem no que querem acreditar. Dizer que ele é um santo? Não, mas ele nunca foi muito de se abrir, também. — Possivelmente, — Evelina concordou. Deixe assim, Lily, Evelina implorou silenciosamente. Lily suspirou baixinho, pegando um saco para si mesma. — E como você está indo? — Bem. — Tem certeza? — perguntou Lily. — Sim. — Seu pai vai se casar com uma mulher só dois anos mais velha que você amanhã, Eve. Nem isso, na verdade. Evelina forçou a não fazer careta sobre sua opinião sobre Courtney, a nova e muito jovem noiva de seu pai, e puxou o vestido preto para fora do saco. Parecia bom e apropriado. — Oh, meu Deus, — disse Lily, rindo. — Porfavor, me diga que você não trouxe só vestidos pretos para escolher para vestir amanhã. Bem, Evelina considerou. Preto era apropriado. Amanhã ela se sentiria como em um funeral em vez de um casamento. — Eu não gosto dela, — murmurou Evelina, sem tirar os olhos de cima do vestido. — Courtney? — Quem mais? Lily puxou o vestido, atraindo a atenção de Evelina. — Ela é jovem. — Ela é mimada, — Evelina atirou de volta. — Ela é irritante e manhosa. Toda vez que vou lá, ela fica ainda mais pegajosa com meu pai, ela acha que eu dou a mínima para eles e ela tem ser compensada por isso. E ela é desagradável, Lily. ~ 38 ~ Lily bufou. — Você pode lidar com ela. — Eu posso. E Evelina tinha, repetidamente. Isso não significava que ela gostasse Courtney Calabrese. — Ela não é a meia-irmã de Matteo Calabrese da família de New York? — perguntou Lily. — Sim, ela é a filha de Carl do seu segundo casamento. Ela estava aqui para estudar. A família dela aqui é uma espécie de abaixo do baixo do pessoal Rossi ou algo assim, mas eles estão misturados na Outfit. — Huh, — Lily disse fracamente. Evelina não estava surpresa que sua amiga não conhecesse muitas das pessoas conectadas em Chicago. Lily tinha sido sempre protegida por seus irmãos dessa maneira. Evelina desejou que tivesse sido também, mas com o chefe de frente como pai, ela teve o melhor assento da casa dia após dia. — Fale comigo, — disse Lily, trazendo Evelina para fora de seus pensamentos. — Eu vou ficar bem. — Quer dizer que você vai engessar um sorriso, ir em frente e fazer a coisa certa amanhã. — Essencialmente, — disse Evelina. — Então me diga como você se sente realmente. Evelina mordeu o interior da bochecha antes de sussurrar: — Minha mãe só está morta por alguns meses e ele já está se casando de novo, Lily. Ele não dá a mínima. Meu pai não se importa com ninguém, além de si mesmo. Mas isso é como é, certo? Esta é a forma como a Outfit funciona e nós apenas seguimos as regras. — O Chefe precisa de uma esposa, — Lily respondeu, tristeza colorindo o tom dela. — Ele precisa. Então me ajude a escolher um vestido. Eu posso ir para o casamento do meu pai amanhã, fingir que eu dou a mínima para ele e sua mimada esposa, e não parecer que eu estou indo para um funeral ao mesmo tempo. ~ 39 ~ Lily assentiu. — Eu posso fazer isso. Melhores amigas. Lily tinha razão meses atrás, Evelina percebeu. As duas mulheres escorregaram de volta para sua velha rotina, sem mesmo um pio. Quanto tempo levaria antes que elas fossem dilaceradas novamente pelo desejo de outra pessoa de subir na Outfit? Nesta vida, a paz era um mito maldito. * * * — Sorria, — Lily disse a Evelina quando parou ao lado da amiga. Evelina tentou o máximo não olhar para seu pai e sua noiva quando os dois se beijaram na escadaria da igreja na frente dos convidados. Luzes piscavam e o som das câmeras clicando repetidamente quando as fotos do dia foram capturadas para a porra do casal feliz. — Eu estou sorrindo, — disse Evelina. — Com um morra-morra-morra em seus olhos, — Lily respondeu, rindo. Evelina avistou Adriano enquanto saía da igreja com Alessa ao seu lado. Como de costume, a mão de seu irmão mais novo estava firmemente ligada à barriga ligeiramente arredondada de Alessa e toda a sua atenção estava sobre ela. Adriano acenou com a cabeça na direção de seu pai quando ele sussurrou no ouvido de Alessa e abraçou sua noiva apertado. Era doce. Um amor muito mais doce, mais honesto do que Riley e Courtney mostravam. Evelina se perguntou há quanto tempo seu pai vinha realmente se envolvendo com a menina. Provavelmente um tempo. Talvez até mesmo quando sua mãe estava viva. Isso queimou como se ácido estivesse sendo derramado em suas veias. Suspirando, Evelina sacudiu o aborrecimento. — As pessoas estão falando sobre Alessa e Adriano de novo, — Lily observou. ~ 40 ~ Evelina ouviu os sussurros. Ela se sentou ao lado de seu irmão e Alessa durante toda a cerimônia, querendo dar a eles algum sentido de apoio na dureza insípida que poderia ser a Outfit e seu povo. — Sorria e diga a ela para comer a porra de seus corações, — disse Evelina, sorrindo friamente. — Metade deles está apenas com ciúmes que Adriano e Alessa conseguiram o que queriam no final - um ao outro. O resto só quer algo para fofocar porque estão entediados. — Verdade. — Lily murmurou, vasculhando o estacionamento da igreja. — Oh! — O quê? — Evelina seguiu o olhar de sua amiga para encontrar Theo encostado em seu Stingray vermelho cereja bem na borda do estacionamento. — Você não disse que ele não viria? — Theo disse que não estaria aqui, — Lily respondeu. — Ali está ele. Mas ele não parecia feliz. Na verdade, ele parecia feito de gelo, bonito e frio como cristal. Theo observou Riley Conti beijar sua noiva novamente. Evelina tinha um sentimento de o que quer que isso fosse... essa guerra, a luta que tinha se acalmado, e a paz que havia sido feita... estava quase pronta para explodir novamente. Ela não se importava. ~ 41 ~ Capítulo três Política. A máfia era tudo sobre a política. Theo considerou essas palavras enquanto observava a multidão na festa e os convidados do casamento de Riley Conti que inundavam os degraus da igreja. Pelo tamanho da multidão reunida, a maior parte da Outfit e as famílias ligadas tinha aparecido para dar seus bons desejos para o casal. A política da Outfit exigia que estas pessoas mostrassem a seu Chefe o respeito e seus melhores desejos, mesmo que odiassem o homem e não achassem que ele merecesse isso. Theo sabia que Riley estaria embarcando em uma viagem para fora da cidade com sua esposa por uma semana e meia, embora onde exatamente fosse era um mistério. Raiva queimou fortemente no intestino de Theo, como um veneno matando-o lentamente. Theo encontrou sua irmã no meio da multidão. Evelina Conti estava ao seu lado, conversando. Evelina sempre tinha sido meio que um enigma para Theo. Ela era mais jovem do que ele cinco anos e filha de um homem que ele odiava. Ela chamou sua atenção quando ele tinha vinte e três anos, e ela tinha acabado de voltar para a casa do colégio interno. Theo gostava de problemas naquela época. Evelina era doce, bem- humorada e seguia todas as regras. Ver se ele poderia fazê-la quebrá- las teria dado a ele todos os problemas que ele queria. Ela nem sequer piscou um olho para ele. Theo amava um bom desafio, mas quando a Outfit assumiu a sua vida, seu interesse nesse tipo de coisa desapareceu. Ela ainda estava lá no fundo de sua mente, no entanto. Em espera. Theo não sabia o que fazer sobre isso. Ele nunca tinha entendido sua curiosidade com a principesa Conti. Exceto, talvez, sua lealdade para com a vida e sua família, mesmo quando ela claramente não ~ 42 ~ estava feliz com eles, o lembrou do que a Outfit supostamente deveria ser. Sem divisões, ou famílias que trabalhavam uma contra a outra. Famiglia era mais importante. Mas Evelina não iria acontecer, não com Theo. Ele tinha dado a ela a chance meses atrás e ela não aceitou. Quando ele soube os detalhes sobre o assassinato de sua mãe e por que ela tinha cancelado seu encontro, a menina nunca entrou em contato com ele novamente. Theo não daria uma segunda chance e ela estava do outro lado da divisão. O ar gelado de dezembro mordeu o rosto de Theo e sua pele exposta. Enfiando as mãos nos bolsos, ele observou as pessoas por um pouco mais de tempo. Ele se perguntou o que iria prejudicar mais, como se ele tivesse sido ferido, mas na maior parte, ele se perguntou o que iria fazê-los mudar. O que iria fazê-los entender que eles já não eram la famiglia, que eram sujos e falsos? Sim, política. Siga as ordens. Faça dinheiro. Obedeça o Chefe. Faça dinheiro. Pague o Chefe. Faça mais dinheiro. Atenha-se às regras. Isso foi o suficientepara Theo. Ele estava cansado dessas pessoas. Cansado de seus jogos. Cansado da maldita política. A Outfit era mais do que apenas pessoas. E quando o povo se esqueceu da lealdade e honra, tudo isso foi à merda de qualquer maneira. Todos pensavam que ele era um fodido estúpido. Que ele era cego para seus truques. O jovem príncipe DeLuca que era incapaz de se levantar por conta própria ou segurar o seu lugar. Theo tinha novidades para eles. ~ 43 ~ * * * — Eu não vi você no casamento, — Walter murmurou ao redor da borda do copo cheio de uísque. Theo olhou para seu companheiro, esperando que sua expressão em branco fosse suficiente para fazer Walter deixar de lado o tema do casamento Conti. Fazia dois dias desde as núpcias e, tanto quanto Theo sabia, Riley estava fora da cidade com sua esposa em sua lua de mel onde quer que fosse. — Eu estou falando com você, — disse Walter, erguendo uma sobrancelha. — Eu estava por perto. Isso era o máximo que Theo daria ao Capo Artino. Theo não escondia seu desprezo pelo Chefe da Outfit, então não estava prestes a mostrar um pingo de apoio a ele também. Walter, por outro lado, tinha ido ao casamento em um terno, um falso sorriso grudado em seu rosto, e bons desejos rolando para fora da sua língua de cobra. Sim, Theo sabia. Walter jogava um grande jogo no que dizia respeito ao Chefe, especialmente considerando que seu filho Dean Artino tinha sido morto pelo filho de Riley, mas Walter era uma cobra do mesmo jeito. Deslizando para o lado de qualquer homem que pudesse mantê-lo lá e então mordia o rabo quando o cara não estava olhando. As cobras não podiam ser confiáveis. Walter rodou o scotch no copo, mantendo seu olhar sobre Theo durante todo o tempo. Sentados em frente um ao outro no escritório na casa de Walter, os Capos DeLuca deveriam estar discutindo negócios. Em vez disso, Walter continuou cutucando Theo sobre Riley. Theo não estava interessado. — As ruas estavam tranquilas nesta semana, — observou Walter. — Percebi. — Ouvi dizer que você tirou aquela coca sintética antes que os caras pudessem trabalhar com ela. — É perigoso. ~ 44 ~ — E coca real não é? — perguntou Walter, destacando com sarcasmo. — Ouça, Theo, é dinheiro fácil. Assim como você pode obter as mãos dos concessionários cheias dela, venda ela tanto quanto você puder, e faça algum dinheiro em vez de perder por se livrar dela. — É perigoso, — repetiu Theo simplesmente. Walter suspirou profundamente. — Ei... — Sete em cada dez pessoas tem overdose ou têm reações extremas com ela. Você realmente acha que esse é o tipo de atenção que a Outfit precisa agora? Você teria uma dúzia de diferentes oficiais em todas as ruas procurando os idiotas que colocaram essa merda lá fora e iriam chegar direto na Outfit. Nós não precisamos ser notícia para qualquer outra coisa este ano, Walter. Os lábios de Walter ficaram finos em sua frustração, mas o tolo ficou em silêncio. Este era o principal problema de Theo com o chefe da família Artino. Eles tinham trabalhado muito tempo com o lado dos DeLucas da Outfit, em especial Walter. Tendo em conta os laços familiares entre a esposa de Walter e o falecido tio de Theo, Ben, as duas famílias eram próximas. Walter tinha operado a tripulação DeLuca como um segundo Capo ao lado de Dino quando ele estava vivo. Theo trabalhava sob Dino, em sua maior parte. Mas agora, com Dino morto, Walter parecia pensar que tinha algum tipo de controle sobre Theo e a tripulação DeLuca. Era quase como se o homem pensasse que poderia assumir tudo e Theo apenas cegamente o seguiria. Era revoltante. — Você acha que eu sou um tolo? — perguntou Theo, em pé de sua cadeira. Walter colocou seu copo sobre a mesa e cruzou os braços. — Perdão? — Você acha que eu sou um tolo? É uma pergunta de sim ou não. — Eu acho que você é jovem, como o meu menino era, — disse Walter. Theo soltou uma gargalhada. — Dean não é comparável a mim, Walter. ~ 45 ~ Exceto, talvez, aos olhos de Walter. O pai nunca via nada de errado em seus filhos, especialmente seus filhos homens. E ao fazer isso, esses meninos se transformaram em fedelhos mimados e um pouco podres. O tipo que Dean Artino tinha sido. — Chama-se tripulação DeLuca por uma razão, Walter. — Eu estou ciente de que nome o meu pessoal tem. Meu pessoal. Ali. Assinado, selado e entregue, porra. Theo estava farto. — Eu não me importava tanto assim, você sabe, — disse Theo enquanto ele fechava os botões de seu terno. — Não se importava com o quê? — perguntou Walter. — Com toda a besteira que você estava fazendo e os problemas que você criou. Lá fora, nas ruas, eu quero dizer. Eu entendi, você estava chateado por Dean e queria algum tipo de ação, de modo que você tinha sussurrado nas ruas que Theo DeLuca estava a fim de confronto com o pessoal dos Conti. Compartilhando uma bala aqui, um homem ali... ninguém sabia realmente porque ninguém nunca viu, até que fosse tarde demais. E, claro, isso voltou para mim, porque eu sou o alvo fácil, Walter. — Eu... — Oh, cale-se, — Theo estalou. Walter piscou, raiva aquecendo seu olhar enquanto se levantava rapidamente. — Eu acho que é hora de você ir, Theo. Você claramente se esqueceu que Capo nesta sala é o mais alto entre nós e que um de nós tem as conexões para o trono. Theo sorriu, frio e lentamente. Erro número dois. — Você? — Você ouviu o que eu disse. — Riley Conti tem o trono e ele não olharia duas vezes para você, Walter. Walter cerrou os punhos. Pânico. O homem estava procurando uma desculpa aceitável. Ele já tinha dado muitas. Erro número três. ~ 46 ~ — Eu estava indo e voltando entre Joel também, nestes últimos meses, — informou Theo enquanto pegava as chaves do Stingray ao lado da escrivaninha de Walter. — Mas eu fui tão estúpido e preso em minha própria cabeça por causa de Ben e Dino terem sido assassinados que eu não conseguia me concentrar em qualquer outra coisa. Fazia sentido para mim, jogar minha raiva em cima de Riley e me postar ao lado da única pessoa que eu pensei que iria dar a ele um desafio para o trono de Chefe. E você estava justamente lá também. Não estava? Walter engoliu em seco. — Você sabe que eu estava. Eu ainda estou. Qual é o seu ponto? — Ainda está, — Theo ecoou. — E daí? — Eu estava bem com isso, Walter. Eu não me importei de levar a culpa por sua vingança contra o pessoal Conti, em nome de seu filho. Eu não me importei que o meu nome estivesse sendo jogado na lama para deixar Riley no limite. Eu não me importei de ser o bode expiatório por um tempo. — Eu nunca... — Você é um mentiroso, então não se incomode nem mesmo em começar, — Theo o interrompeu. — Todo mundo pensa que eu sou muito jovem para lidar com uma tripulação do tamanho da dos DeLucas sozinho. Eles acham que eu sou muito selvagem porque não sabem porra nenhuma sobre mim. Todos pensam que eu tomo decisões com o coração. — Você tomou antes, — Walter apontou. Ele tinha e Theo aprendeu a lição. Seu coração e orgulho tinham colocado a distância exigida entre ele e seu irmão mais velho. O passado comum que eles tinham compartilhado crescendo com Ben e Carmela DeLuca depois do assassinato de seus pais foi esquecido. Todo aquele amor duro e as bundas chutadas por seu tio, porque eles não eram homens suficientes, e não eram suficientemente frios tinha sido deixado de lado. A maneira de Ben fazer com que os irmãos DeLucas cumprissem com o que ele queria tinha sido sempre física, violenta e sangrenta. Theo pensava com o coração na época. Dino acabou morto. Theo não repreendia seu coração com a cabeça. Ele não iria cometer esse erro novamente. ~ 47 ~ — Eu não posso ter você fodendo as coisas para mim, — disse Theo calmamente. As sobrancelhas de Walter subiram. — Eu? Theo, seu irmão foi morto bem debaixo do seu nariz sem vocêsaber de nada. Vocês dois estavam na igreja naquela manhã e nenhum de vocês notou ninguém colocar a bomba no Bentley. Você percebe o tipo de esforço que leva para um rádio temporizador de bomba assim ser instalado? Você está muito focado em tudo o mais para perceber que é mais do que apenas você. Talvez, se você tivesse prestado mais atenção, Dino ainda estaria vivo. Uma tripulação como a dos DeLucas não pode ser administrada por alguém como você, alguém jovem, imprudente e incapaz de deixar seu coração para trás. Theo só ouviu três palavras em toda essa diatribe: rádio temporizador de bomba... A raiva era um sentimento bonito. Era quase tão bom quanto estar chapado. Tinha o êxtase do sexo e a doçura do doce. Encheu Theo como nada mais. Ele a segurou com força e não soltou. — O que você acabou de dizer? A voz de Theo tinha mergulhado ameaçadoramente baixo. Ela pingava com um aviso que qualquer homem inteligente seria capaz de ouvir. Parado e tranquilo, Theo podia sentir sua raiva inundando cada polegada de seu corpo. — Sobre o quê? — perguntou Walter acentuadamente. — Radio temporizador de bomba, — disse Theo. — Radio. Temporizador. De. Bomba. — O que tem isso? Na Outfit, a confiança era um mito maldito. — Essas informações são inéditas, — disse Theo friamente. O frio estava de volta em um piscar de olhos. Reconfortante. Seguro. Bom. Theo gostou da frieza. Ela o mantinha vivo. Os olhos de Walter se arregalaram. — Eu... eu... — Continue resmungando e você pode encontrar uma desculpa adequada para explicar como você sabe dessas informações. Eu nunca disse a uma alma. Lily tem mantido silêncio sobre a bomba exata ~ 48 ~ usada, assim como seu marido. Ninguém sabe que tipo de temporizador de bomba foi usado para matar o meu irmão, Walter. Exceto que você sabe, pelo que vi. De alguma forma. Walter ficou atordoado e silencioso. Theo não se importava. Então, tão rápido quanto uma explosão de raios, Walter pegou algo sob sua mesa. Theo não tinha a menor dúvida de que o homem estava pegando uma arma. Antes que Walter pudesse chegar a sua arma, Theo retirou a magnum que gostava de manter enfiada em suas costas. Nunca guarde uma arma em você, Dino costumava dizer. Mantenha uma perto. Mantenha uma dúzia de armas perto, mas nunca mantenha uma em você. Às vezes, seu irmão estava certo e às vezes ele estava errado. Theo não costuma manter uma arma com ele. Mas ele o fazia em torno de homens como Walter Artino. Theo engatilhou a sua magnum e apontou, colocando uma bala diretamente na mesa de carvalho apenas polegadas da mão de Walter. Os braços de Walter voaram alto quanto ele se apoiou na parede com olhos assustados e a boca aberta. — Eu não errei, — Theo informou. Walter vagueou desajeitadamente, seus olhos fixos no cano da arma de Theo. — Eu não sabia, eu não sabia. Eu apenas disse... — Radio temporizador. Informação não divulgada, Walter. Não me trate como criança, eu tive o suficiente de besteiras. Rádio temporizador, seu filho da puta. Isso é o que você disse. Como você sabia disso? — J-Joel, — Walter gaguejou. — Joel. — Joel fez isso. — Por quê? — Eu não sei- Theo puxou o gatilho e observou como a bala entrou na mão erguida de Walter. Sangue escorreu e a dor iluminou as feições do ~ 49 ~ homem mais velho. Walter gritou, segurando a mão ao estômago e amaldiçoando obscenidades. Durante todo o tempo, Theo não disse nada. — Por quê? — perguntou Theo novamente. Lágrimas deixaram rastro pelo rosto inchado de Walter enquanto o homem segurava mais apertado a sua mão sangrando e olhava para Theo. As lágrimas eram uma visão repugnante. Fraqueza. Nunca chore. Nunca implore. Theo desejava que estivesse surpreso que Walter tivesse encontrado seu ponto de ruptura, mas não estava. — Você sabe o por quê, — Walter assobiou, fazendo saliva voar. — Ou você está muito focado em seu coração novamente, DeLuca? A raiva de Theo queimou novamente, mas ele a engoliu. Ele levou alguns segundos para perceber que Joel tinha conseguido que uma das famílias mais fortes da Outfit se alinhasse a ele eliminando o cabeça, o Capo. Dino tinha sido o sacrifício. Não era sobre os DeLucas serem um alvo fácil, afinal. Era sobre ganhar mais poder, sacrificando um homem. — Eu disse a ele para matar você no lugar de Dino. Theo sorriu maliciosamente. — Porque Dino estava indo para a prisão, certo? — Sim. — E você sabia que com ele fora e eu morto, não haveria ninguém para lutar com você pela tripulação DeLuca. Walter não respondeu. Ele não tinha que responder. — Onde está sua esposa, de qualquer maneira? — perguntou Theo. Walter engoliu em seco. — Foi para a Flórida visitar sua irmã. Ótimo. Theo deu um passo adiante, brincando com a ponta de sua arma. Walter o observou o tempo todo com cautela em seu olhar agoniado. Chegando ao canto da mesa de carvalho, Theo pegou o pesado peso de papel de bronze e bateu com ele no rosto de Walter antes que o homem tivesse a chance de reagir. O osso rangeu sob a ~ 50 ~ força, abafando o grito de Walter. O velho tentou revidar, mas ele não era páreo para a força de um homem mais jovem como Theo. Forçando o homem no chão, Theo agarrou a mão de Walter e a envolveu em torno de sua arma. Ele então virou o revolver para Walter e forçosamente envolveu o dedo do tolo ao redor do gatilho. Ensanguentado, quebrado, e parecendo como se tivesse sido espancado até o inferno, Walter olhou para o cano da arma com olhos lacrimejantes. O sangue escorria de sua boca machucada e seu rosto estava começando a inchar. — Vá para o inferno, Theo, — Walter cuspiu. Theo riu. — Eu já estou lá há um tempo. Em seguida, ele forçou Walter a manter a arma estável, apontando para o seu rosto já quebrado, e fez o homem puxar o gatilho. Theo levou o peso de papel e sua arma com ele quando saiu. * * * Theo apertou sua jaqueta de couro em torno de seu corpo enquanto caminhava através do bairro tranquilo de Wicker Park. Wicker Park era conhecido por sua aparência artística e por ser uma das partes mais seguras de Chicago. Ele manteve a cabeça baixa enquanto passeava pelas ruas, não querendo chamar a atenção para si mesmo por alguém que pudesse reconhecer seu rosto. Não seria incomum para ele estar em Wicker Park. A Outfit estava em todo lugar, não apenas em Melrose. Todos tinham negócios com outras pessoas. As razões de Theo estar lá poderiam ser desculpadas se necessário. Chegando ao parque infantil, onde as crianças, agasalhadas no ar de início de dezembro, brincavam e gritavam felizes, Theo se inclinou contra uma cerca de metal verde brilhante e observou. Theo desejava que pudesse se lembrar de uma época em sua infância que não fosse manchada por uma coisa ou outra. O assassinato de seus pais estava sempre na vanguarda, mas ele admitiu seus sentimentos há muito tempo sabendo que seu pai estava ligado à Outfit. A morte foi justificada. ~ 51 ~ Siga em frente. Theo preferia espaços abertos e estar ao ar livre geralmente lhe dava a liberdade que ele desejava. Lá fora, ele poderia pensar em Dino e não ser bombardeado por sua culpa inabalável de nunca mais ver seu irmão. Ou por não dar a Dino a confirmação de que ele se importava, que Theo sabia qual era a sensação de manter segredos, e que sentia muito que sua lealdade tivesse sido dada para as pessoas erradas. Pessoas como Ben DeLuca e Joel Trentini. Dino trabalhou duro quando estava vivo para manter seus irmãos seguros. Às vezes, isso incluía mandar Lily para longe para que ela não tivesse que passar pelas coisas que seus irmãos passavam às vezes, crescendo na casa de Ben DeLuca. Pensar nesse tempo, quando era um adolescente a beira de se tornar um homem, era difícil para Theo. Ben tinha sido um homem frio e duro. Ele tinha trancado seus sobrinhos, não importava a sua idade, quando pequenos,
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