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Não cometam erros de Português. Pesquisem em, ao menos, duas bibliografias para cada
questão.
1. Graciliano de Assis, brasileiro naturalizado, foi contratado pela Organização das Nações
Unidas para trabalhar no território nacional como motorista do representante residente da
Organização junto ao governo da República Federativa do Brasil. Após cinco anos de
relação empregatícia, Graciliano foi demitido e, por não concordar com as indenizações
laborais recebidas, apresentou reclamação à justiça do trabalho brasileira, pleiteando o
recebimento de horas extras e férias proporcionais. Diante disso, o advogado da
Organização invocou imunidade à jurisdição dos tribunais locais, valendo-se da distinção
entre “ato de império” e “ato de gestão”. Alegou, ainda, que o acordo de sede em vigor
outorgava imunidade para eventuais ações intentadas contra a Organização no Brasil. O
patrono do reclamante, por sua vez, lançou mão do disposto no art. 5.º, XXXV, da
Constituição Federal (“XXXV – a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou
ameaça a direito”), bem como do argumento de que tanto o ordenamento jurídico interno
quanto o internacional asseguram direitos e garantias fundamentais do ser humano, de que
“alimentos” são exemplo eminente. Julgue a questão.
2. O Chefe da Missão Diplomática da Alemanha na Espanha foi notificado pela Audiência
Nacional de Madrid para depor como testemunha num caso de terrorismo internacional em
território espanhol. Sabe-se que a Alemanha havia investigado o caso, de forma que o
embaixador alemão detinha informações de decisiva relevância para a condenação dos
arguidos. O Chefe da Missão decidiu que não iria testemunhar, comunicando esta posição
ao Juiz, não tendo comparecido no Tribunal. O Juiz espanhol voltou a notificá-lo,
informando-o que se não comparecesse voluntariamente teria de ser escoltado por agentes
da polícia até o Tribunal. O Juiz assim poderia proceder, caso o Chefe da Missão se
recusasse a comparecer novamente? Fundamente
RESPOSTA 1
A organização tem imunidade de jurisdição (parem non habet judicium), isto é, não pode ser
julgada pelos tribunais internos dos Estados, e imunidade de execução, ou seja, tribunais
internos não podem cobrar a execução de sentenças. Entretanto, a evolução do direito das
gentes - no sentido de limitar a imunidade gozada pelos Estados e Organizações
Internacionais, aplacando situações injustas que ficavam ao desabrigo de reparação -
fez-se perceber no Brasil por ocasião do julgamento do caso Genny de Oliveira vs.
República Democrática Alemã, em 1989, quando então o Supremo Tribunal Federal
revogou a imunidade de jurisdição de natureza trabalhista, que foi ajuizada com o advento
constitucional do art 114 § 1 da Constituição Federal.
Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar: I -
as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes
de direito público externo e da administração pública direta e
indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios;
Ademais, cabe ressaltar que, de acordo com o art 27 da CVDT, uma norma de direito
interno não revoga uma norma de direito internacional. O direito interno é “mero fato” diante
do DI. Sendo assim, o Ministro Francisco Rezek, afirma que a adaptação jurisprudencial do
STF, se dá a uma nova realidade da norma consuetudinária internacional da imunidade,
ocorreu com o desígnio de conceder a prestação jurisdicional aos interessados ou
postulantes, nas causas relacionadas com o direito do trabalho ou afetas ao domínio da
responsabilidade civil. Nesse sentido, as decisões prolatadas eram baseadas em uma
norma de direito consuetudinário da década de 70, onde os Estados renunciavam a
imunidade de jurisdição. Portanto, tendo em vista que o costume se apresenta como uma
fonte relevante do direito internacional público, esse sim seria o motivo da revogação da
imunidade de jurisdição de natureza trabalhista.
Diante dos fatos apresentados, Graciliano de Assis por não ter seus direitos trabalhistas
atendidos, apresentou reclamação à justiça do trabalho brasileira contra a ONU, logo após,
a organização alegou imunidade de jurisdição. Entretanto, o Juiz não aceitará, tendo em
vista as exceções clássicas, como a Lex Fori sobre relações trabalhistas, baseado na
norma de direito internacional consuetudinário e no art 114 da CF no direito interno do
Brasil.
Graciliano, por sua vez, está respaldado perante o art 7 da CF:
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além
de outros que visem à melhoria de sua condição social: XVII -
gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um
terço a mais do que o salário normal.
E do art 59 da CLT:
O artigo 59 da CLT determina que a duração normal do
trabalho poderá ser acrescida de horas extras, caso
necessário, em número não excedente de 2 (duas), mediante
acordo escrito entre empregador e empregado, ou mediante
contrato coletivo de trabalho.
Que protegem respectivamente seu direito ao recebimento do salário em relação a férias e
horas extras.
Tanto o ordenamento jurídico interno quanto o internacional asseguram direitos e garantias
fundamentais do ser humano. Reconhecem que o salário tem a característica de
subsistência para o trabalhador, merecendo ampla proteção legal, sendo impenhorável e
irrenunciável, além de irredutível. O princípio da dignidade da pessoa humana previsto no
inciso III do art. 1º da Carta Magna é a fonte primária para que sejam protegidos os
alimentos propriamente ditos e o salário em sua necessidade e utilidade. A falta de
subsistência do alimentado ou empregado que se utiliza do salário para sua subsistência
degrada qualquer princípio de humanidade e afronta os mais básicos direitos do ser
humano.
No entanto, em regra geral, a renúncia de imunidade de jurisdição não gera
automaticamente a renúncia da imunidade de execução, especialmente quando a questão é
relacionada a atos administrativos. Somente questões de âmbito penal exigem que a
renúncia de uma imunidade implique na renúncia da outra. Essa regra ficou definida nos
artigos 32, §4°, e 31, §1°, da Convenção de Viena de 1961 sobre relações diplomáticas.
Todavia, caso a ONU se recuse a cumpri-la, sua execução torna-se tormentosa, uma vez
que diante do princípio da soberania o Brasil não pode obrigar nenhum Estado estrangeiro
ou Organismo Internacional que aqui tenha sede, que cumpra o determinado pelas
sentenças proferidas pelos tribunais.
Assim, corre-se o enorme risco do Graciliano ter seus direitos trabalhistas boicotados pelos
entes de direito público externo que não quiserem cumprir o pactuado em acordos e
tratados internacionais.
RESPOSTA 2
As imunidades são privilégios atribuídos a certas pessoas, em vista dos cargos ou funções
que exercem. Imune quer dizer isento, livre; assim, a pessoa estrangeira que gozar de
imunidade, ficará isenta do cumprimento da lei nacional, quanto aos seus atos pessoais. A
imunidade dos agentes diplomáticos é de relevante necessidade, pois segundo tal
ensinamento um representante diplomático não pode exercer suas funções se não estiver
livre de toda ameaça bem como se não estiver plenamente independente do Estado
receptor.
A CVRD estabelece uma série de disposições sobre a inviolabilidade dos agentes
diplomáticos. Dentre elas, o art. 29 e o art. 31.
Art. 29: A pessoa do agente diplomático é inviolável, Não
poderá ser objeto de qualquer forma de detenção ou prisão. O
Estado acreditador tratá-la-á com o devido respeito e adotará
todas as medidas adequadas para impedir qualquer ofensa à
sua pessoa, liberdade ou dignidade.
Art. 31:
1. O agente goza de imunidade de jurisdição penal do Estado
acreditador. Goza também de imunidade da sua jurisdição civil
e administrativa, salvo se trata de:
a) Uma ação real sobre imóvel privado situado no território do
Estado acreditador, salvo se o agente diplomático o possuir
por conta do Estado acreditante para os fins da missão;
b) Uma ação sucessóriana qual o agente diplomático figura, a
título privado e não em nome do Estado, como executor
testamentário, administrador, herdeiro ou legatário;
c) Uma ação referente a qualquer atividade profissional ou
comercial exercida pelo agente diplomático no Estado
acreditador fora das suas funções oficiais.
2. O agente diplomático não é obrigado a prestar depoimento
como testemunha.
3. O agente diplomático não está sujeito a nenhuma medida
de execução, a não ser nos casos previstos nas alíneas a), b)
e c) do parágrafo 1 do art. 31 e desde que a execução possa
realizar-se sem afetar a inviolabilidade de sua pessoa ou
residência.
4. A imunidade de jurisdição de um agente diplomático no
Estado acreditador não o isenta da jurisdição do Estado
acreditante.
Pode-se observar, em especial, o disposto no artigo 31º § 4º, que prescreve que o agente
diplomático poderá estar imune da jurisdição do país acreditado, mas poderá responder por
sua conduta no país acreditante. Dessa forma, o Chefe da Missão Diplomática da
Alemanha, tinha o direito de não ir testemunhar, pois o mesmo já havia prestado
depoimento para o seu país de origem, Alemanha.
Ao notificá-lo novamente, o Juiz não só feriu o art. 31º § 4º, como também o art. 29, que
configura que a pessoa do agente diplomático é inviolável, e não pode ser objeto de
qualquer forma de detenção ou prisão. Portanto, mesmo que o Chefe de Estado se
recusasse novamente a comparecer, o Juiz não poderia proceder de tal forma.

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