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Estado Democrático de Direito Licensed to MARCELO FRUGOLI DOS SANTOS - marcelofrugoli@gmail.com - 103.683.318-65 SST Sinflório, D.; Estado Democrático de Direito / Débora Sinflório Ano: 2020 nº de p.: 10 páginas Copyright © 2020. Delinea Tecnologia Educacional. Todos os direitos reservados. Licensed to MARCELO FRUGOLI DOS SANTOS - marcelofrugoli@gmail.com - 103.683.318-65 Estado Democrático de Direito 3 Apresentação Nesta Unidade, iremos estudar os elementos que compõem o Estado Democrático de Direito, que é a democracia ligada às questões do Direito. Na democracia em si é importante destacar que a compreensão do conceito de democracia é crucial para que seja possível entender as formas do regime democrático. Assim, entender os mecanismos democracia é de suma importância na construção do conceito que estamos iniciando o debate, ou seja, o Estado Democrático de Direito. Formas de democracia Democracia direta O poder soberano e as questões políticas do Estado são exercidos pelo povo. Sobre esse tema, convém ressaltar que é comum encontrar doutrinadores que defendam a ação popular prevista na Constituição Federal brasileira de 1998, artigo 5ª, inciso LXXIII (qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência), como instrumento de participação de democracia direta. • Democracia indireta ou representativa: as funções soberanas administrativas do Estado são realizadas pelo povo por meio de seus representantes eleitos para representá-los por determinado prazo legal. • Democracia semidireta ou mista: o povo delega ou exerce parte do poder. Ainda sobre tal tipo de democracia, Licensed to MARCELO FRUGOLI DOS SANTOS - marcelofrugoli@gmail.com - 103.683.318-65 4 convém destacar que o povo dispõe de instrumentos democráticos, quais se destacam: • Plebiscitos: a população é convocada para opinar sobre determinado assunto que esteja em debate para que opine antes que qualquer medida tenha sido adotada. A opinião popular apurada será a base para elaboração de lei posterior. • Referendo: após o Congresso ter discutido e inicialmente aprovado uma lei, convocam- se os cidadãos para que expressem opinião favorável ou contrária à nova legislação. • Iniciativa Popular: outro instrumento de participação cidadã no qual os cidadãos constitucionalmente têm o direito de apresentar projetos de lei. No caso do Brasil, os projetos devem ser apresentados ao Congresso Nacional mediante a coleta de assinaturas de pelo menos 1% do eleitorado nacional, e que estejam os moradores assinantes localizados em pelo menos cinco estados brasileiros. • Veto popular: ao cidadão é concedido o direito de vetar qualquer projeto de lei, independente das fases que tenha passado no processo legislativo. Não é admitido no Brasil. • Recall: mediante voto popular, qualquer decisão judicial pode ser anulada. Adotada nos Estados Unidos. Licensed to MARCELO FRUGOLI DOS SANTOS - marcelofrugoli@gmail.com - 103.683.318-65 5 Há participação do povo na democracia Fonte: Plataforma Deduca (2020) E você sabe quais são as formas do regime democrático adotadas no Brasil? Segundo a Nina Raniere (2019, p.325): Estado Democrático de Direito é a modalidade do Estado constitucional e internacional de direito que, com o objetivo de promover e assegurar a mais ampla proteção dos direitos fundamentais, tem na dignidade humana o seu elemento nuclear e na soberania popular, na democracia e na justiça social os seus fundamentos. Nessa definição, a democracia acentua, por sua própria dinâmica (o exercício da soberania popular), a atualização do Estado. O Direito, de outra parte, representa o seu elemento conservador, de tal forma que os fins e objetivos estatais, assim como a sua forma de realização, são determinados pela via do livre processo político, sob a ordem jurídica. A Constituição Federal de 1988 e o Estado Democrático de Direito A Constituição Federal brasileira de 1988 prevê que o Brasil é um Estado Democrático de Direito, fato esse comprovado no caput do artigo 1º da Constituição, que assim dispõe: “A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito […]”. Licensed to MARCELO FRUGOLI DOS SANTOS - marcelofrugoli@gmail.com - 103.683.318-65 6 Convém destacar que, ao elaborarem a Constituição de 1988, os legisladores somaram a expressão Democrático ao Estado de Direito outrora utilizado pelo país em constituições anteriores. Segundo Miguel Reale (2005, p. 149): […] o Estado deve ter origem e finalidade de acordo com o Direito manifestado livre e originariamente pelo próprio povo, excluída, por exemplo, a hipótese de adesão a uma Constituição outorgada por uma autoridade qualquer, civil ou militar, por mais que ela consagre os princípios democráticos. Poder-se-á acrescentar que o adjetivo “Democrático” pode também indicar o propósito de passar-se de um Estado de Direito, meramente formal, a um Estado de Direito e de Justiça Social, isto é, instaurado concretamente com base nos valores fundantes da comunidade. “Estado Democrático de Direito”, nessa linha de pensamento, equivaleria, em última análise, a “Estado de Direito e de Justiça Social”. A meu ver, esse é o espírito da Constituição de 1988. Não concordo, por conseguinte, com os juristas que consideram sinônimos os termos “Estado de Direito” e “Estado Democrático de Direito”. Considerando os dias atuais e a falta da ética política e social, é alarmante perceber que o objetivo de um Estado democrático de Direito, ou seja, de proteger os direitos fundamentais, tendo na dignidade humana o seu elemento nuclear e na soberania popular, na democracia e na justiça social os seus fundamentos têm tornado-se utópicos, pois a ética, a moral e o respeito estão sendo suprimidos na sociedade, cada vez mais corrompida. A busca pela felicidade que outrora estava associada à virtude e valores, bem como à ética e à moral, na atualidade, tem sido associada à conquista de bens e prestígio, na qual o homem, em grande parte, ao invés de buscar a felicidade, busca no acúmulo de bens e na fama o sentido de ser feliz. E quanto à política e aos valores éticos que cada parlamentar deveria comprometer-se e zelar para assegurar que o voto lhe concedido democraticamente pelo povo seja utilizado para o bem, em realidade em sua grande maioria tem sido menosprezado em favorecimento de fins pessoais ou de terceiros, corrompendo os valores éticos, morais e a política, alimentando a rejeição pública sobre temas políticos. Licensed to MARCELO FRUGOLI DOS SANTOS - marcelofrugoli@gmail.com - 103.683.318-65 7 Os critérios dentro do conceito “democrático” Um regime político pode ser chamado de “democrático” se satisfizer, de forma substancial, três critérios básicos: inclusão, competitividade e institucionalização de direitos civis e políticos fundamentais. No regime político democrático há critérios básicos destinados à participação do povo Fonte: Plataforma Deduca (2020). • A inclusão refere-se ao fato de que as posições mais importantes nas áreas de autoridade executiva e legislativa são eletivas e a maior proporção possível de membros adultos da comunidade política pode participar dessas eleições. • A competitividade significa não só que as eleições são competitivas, mas, também, e isso é muito importante, que a oposição possa operar sem obstáculos entre as eleições. Licensed to MARCELO FRUGOLI DOS SANTOS - marcelofrugoli@gmail.com - 103.683.318-65 8 • Institucionalização de direitos civis: processo devido, associação, prática religiosa, liberdade de expressão e políticos fundamentais (votação, candidatura, etc.) sãoinstitucionalizações quando podem ser efetivamente exercidas, novamente, pela maior proporção possível de cidadãos. A qualidade de uma democracia pode flutuar ao longo dessas dimensões, que são variações ordinais, pois são baixo condicionantes. Exemplo: se as autoridades forem eleitas, se o sufrágio for universal, se as eleições forem competitivas, se a oposição for permitida aos que exercem o poder, se os direitos civis e políticos podem ser exercidos por todos ou apenas por elites, etc. Em geral o poder absoluto, mesmo quando baseado no consentimento dos cidadãos, é a negação da democracia. Os limites em questão podem ser consagrados em leis que determinam o que os governantes podem ou não fazer, ou podem ser baseadas em práticas consideradas legítimas por todos os importantes atores sociais e políticos. Em qualquer caso, essas leis e práticas são institucionalizadas quando efetivamente limitam o poder daqueles que exercem o poder executivo, ou seja, o presidente ou o primeiro-ministro, as democracias republicanas e plebiscitárias. A realidade é que, no caso brasileiro, por exemplo, a sociedade em geral não acredita na política e não consegue enxergar o paralelo ou a união entre a ética e política outrora defendida por pensadores como Aristóteles. Uma das principais razões pela desconfiança e o desprestigio é a corrupção no setor político. O surgimento de inumeráveis casos envolvendo políticos e partidos políticos em casos de corrupção fez com que expressiva parcela da população buscasse “limpar” o governo de indivíduos corruptos e antiéticos. Contudo, na realidade prática, a população acompanhou que o problema não era somente a violação dos valores éticos, morais e governamentais, mas também o companheirismo partidário político que impede que os seus sejam julgados e condenados por seus crimes. Licensed to MARCELO FRUGOLI DOS SANTOS - marcelofrugoli@gmail.com - 103.683.318-65 9 Casos de políticos investigados com malas de dinheiro, gravações comprometedoras, em diversos casos não foram suficientes para que determinados políticos e empresários fossem presos, demonstrando a face da corrupção no país e os entraves legais. Índice da corrupção mundial Fonte: Plataforma Deduca (2020). Segundo dados colhidos pela Organização Não-Governamental Transparência Internacional, entidade responsável por publicar dados estáticos do nível de corrupção mundial, comprovou-se que o Brasil, no ano de 2016, ocupava a posição de número 79 entre os países mais corruptos do mundo. Um dos países menos corruptos do mundo é a Dinamarca, ao contrário da Somália, que por dez anos seguidos segue ocupando a posição entre os países mais corruptos do mundo. Fechamento O art. 1º da Constituição Federal do Brasil apresenta como fundamento o Estado Democrático de Direito, onde há união entre a igualdade do povo (democracia) e as leis (direito). A democracia representa um governo do povo e para o povo, onde a lei é a base desta. O ser humano é dotado de valores éticos, os quais deverão possibilitar uma participação coerente e correta dentro da política, eliminando desvios de conduta ou postura. Licensed to MARCELO FRUGOLI DOS SANTOS - marcelofrugoli@gmail.com - 103.683.318-65 10 Referências DIAS, R. Ciência Política. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2013. FLAMARION, C. R.; MELO, R.; FRATESCHI, Y. Manual de Filosofia Política: para os cursos de teoria do estado e ciência política, filosofia e ciências sociais 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2018. LA TAILLE, Y. de. Moral e Ética: dimensões intelectuais e afetivas. Porto Alegre: Artmed, 2006. MONTESQUIEU, C. de S. O espírito das leis: as formas de governo, a federação, a divisão dos poderes. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2008. RANIERI, N.B.S. Teoria do Estado: do Estado de Direito ao Estado Democrático de Direito. Barueri, SP: Manole, 2019. REALE, M. O Estado democrático de direito e o conflito das ideologias. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2005. VANIER, J. Aristóteles para quem busca a felicidade: A resposta da filosofia para aquilo que todos nós buscamos. (s.c.): Kindle Edition, 2016. Licensed to MARCELO FRUGOLI DOS SANTOS - marcelofrugoli@gmail.com - 103.683.318-65
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