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PRÁTICAPRÁTICA CONTÁBILCONTÁBIL Me. Francisco Freire Duarte IN IC IAR introdução Introdução Nesta unidade, serão discutidos os principais elementos que norteiam a contabilidade tributária. Nosso país tem complexidades quanto aos tipos de tributos, sua classi�cação, diferenciação, destinação. Iniciaremos apresentando os principais tipos de tributos dentro do Sistema Tributário Nacional. Em seguida, aplicaremos aquilo que mais é exigido aos contadores: a apuração do imposto de renda devido das companhias, em que há diferenciação para de�nir a forma de reconhecimento de receita pelo método real ou pelo presumido. Discutiremos, também, sobre importantes tributos indiretos que são mais onerosos à sociedade, por contemplarem a categoria regressiva na tributação dos contribuintes, seja na forma de contribuição ou de impostos, que são fonte importante de receita das unidades federativas. Neste capítulo, veremos como está ordenado o Sistema Tributário Nacional, quais são os princípios que regem a base deste sistema e quais são os tributos que ensejam que as empresas devem atentar quanto à hipótese de incidência. O Sistema Tributário Nacional O Sistema Tributário Nacional está disposto conforme Emenda Constitucional nº 18 de 1965, além de consecutivas leis complementares, resoluções aprovadas pelo Senado Federal e demais instrumentos legais no escopo de competência de cada esfera federal, estadual ou municipal. A Lei nº 5.172 de 1966 aprovou o Código Tributário Nacional (CTN), em conjunto com as alterações posteriores, como a Lei Complementar nº 118 de 2005. Foram estabelecidos regramentos no Sistema Tributário Nacional e de�nição das Normas Gerais de Direito Tributário Aplicáveis aos entes federativos. Princípios e conceitos sobre aPrincípios e conceitos sobre a contabilidade tributária: ocontabilidade tributária: o Sistema Tributário Nacional,Sistema Tributário Nacional, Princípios ConstitucionaisPrincípios Constitucionais Tributários e Espécies de TributosTributários e Espécies de Tributos A Legislação Tributária contempla não apenas as leis emitidas, mas também quaisquer convenções ou tratados internacionais, como também possíveis decretos dispositivos como normas regulamentares que ensejem em seu escopo os diversos tributos e relações a serem estabelecidas. O Código Tributário Nacional também estabelece que compete exclusivamente à Lei os tributos: criar ou extinguir; aumentar ou reduzir; de�nir fato gerador da obrigação principal; �xar a alíquota e base de cálculo; de�nir punições; e estabelecer quando é permitida a exclusão, suspensão ou extinção de créditos. A Constituição Federal de 1988 solidi�cou o STN ao atribuir as diretrizes que fundamentassem os órgãos executivos e �scalizadores na cobrança de tributos, ou seja, a Carta Magna prevê os princípios constitucionais, as competências e limitações para tributação das esferas de poder e como se divide a arrecadação entre os entes federativos. Na legislação tributária, deve-se veri�car a existência de hierarquia quanto aos dispositivos legais disponíveis, de forma que não haja sobreposição ou interferência nas publicações passíveis de questionamento quanto a inconstitucionalidade. Diante disso, estão listadas a seguir algumas de�nições: 1. Constituição Federal: contempla o nível máximo normativo que aponta a fundamentação das demais leis e parâmetros de tributação. 2. Lei Complementar: aponta a hipótese de incidência, base de cálculo, fato gerador, alíquota, obrigações principais e acessórias. 3. Lei Ordinária: estabelece aquilo não de�nido na legislação ou normatização complementar. Principal instrumento do legislativo municipal para criação de tributos municipais. 4. Decreto-lei: promulga a regulamentação dos tributos nas esferas federais e estaduais já de�nidos na Constituição Federal. 5. Portaria, Instrução Normativa e Resolução: preenche e resolve lacunas de legislação, como defasagens de pagamento, entregas exigidas e formato de arquivos. Princípios Constitucionais Tributário Os princípios jurídicos contemplam as regras necessárias no estado puro de direito para que a legislação emitida e vigente possa ser acreditada, ou seja, tenha validade. A seguir, serão listados os principais princípios que estão vinculados ao direito tributário, previstos na Constituição Federal (BRASIL, 1988). Legalidade: é obrigatório que entes federativos exijam ou aumentem quaisquer tributos (alíquota ou base de cálculo) somente por via de lei. Isonomia Tributária: não é permitido tratamento desigual a contribuintes em situação semelhante, como técnica, funcional ou pro�ssional, independentemente da renda ou posse. Retroatividade Tributária: está vedado aos entes federativos que seja cobrado tributo sobre fatos geradores que tenham de fato ocorrido em momento anterior ao início da vigência da lei que os tenha criado ou majorado. Dessa forma, não está permitido que a lei retroaja a fatos anteriores ao seu estabelecimento. Anterioridade: não é possível que entes federativos criem tributos no mesmo exercício da publicação da lei que os instituiu ou majorou. No entanto, é preciso que seja destacado que a Constituição Federal (BRASIL, 1988, on-line) de�niu algumas exceções quanto a este princípio: I. Alteração de alíquota para impostos da União: são as alíquotas referentes à incidência sobre importações; exportações; produtos industrializados e operações �nanceiras; e II. Contribuições sociais: a exigência para este tipo de tributo deve decorrer, necessariamente, após noventa dias da publicação da lei que tenha o criado ou o alterado. Noventena: a Emenda Constitucional nº 42 de 2003 estabeleceu que houvesse ampliação do poder de tributar sobre os entes federativos, com vistas a garantir maior parcimônia no poder de estado destes para com o contribuinte. Dessa forma, �cou estabelecido que não é possível a cobrança de qualquer tributo antes que tenham sido passados noventa dias da publicação da lei que criou ou majorou, sempre observando o princípio da anterioridade. O que se observa, é que, caso seja necessária a instituição ou aumento de tributo no início de determinado ano �scal, há a exigência de que a data máxima para que passe a sua vigência se dê no próximo exercício: 1º de outubro, com exceção de contribuições sociais e de intervenção de domínio econômico. Reserva de Lei Complementar: a Lei Complementar tem uma exigência superior para sua aprovação, a presença da maioria absoluta (incide sobre a base do total de membros da Câmara dos Deputados e do Senado Federal). Assim, este dispositivo apresenta maior relevância quanto à abrangência prevista pela Constituição Federal. As normas gerais previstas de competência da Lei Complementar são: de�nir tributos e espécies; estabelecer contribuintes, base de cálculo e fato gerado dos impostos da Constituição Federal; as obrigações; créditos; lançamentos; decadência e prescrição; tratamento tributário de cooperativas; tratamento diferenciado às microempresas e às de pequeno porte, como regimes especiais ou simpli�cação. Reserva de Lei para Renúncia Fiscal: somente o ente federativo competente previsto para arrecadar seu tributo poderá determinar a renúncia �scal, ou seja, os subsídios, reduções ou isenção da base de cálculo; créditos presumidos; remissão ou anistia. Imunidade de Impostos: não é permitido aos entes federativos estabelecer impostos, tornando-os imunes ao seu patrimônio e renda, assim como: sobre templos de cultos; partidos políticos; entidades sindicais de trabalhadores; entidades de educação e assistência social; periódicos, livros, jornais e os papéis para sua impressão. Capacidade Produtiva: a Constituição Federal recomenda preferência aos impostos terem caráter pessoal e privilegiarem a capacidade contributiva do contribuinte a ser analisada pela administração tributária. Dessa forma, seria privilegiada a introdução de tributos progressivose diretos. Princípio da Não Cumulatividade: está vinculado aos impostos ICMS e IPI que não poderão ser cumulativos, os quais devem ser compensados em cada etapa posterior de cadeia produtiva com relação aos montantes cobrados anteriormente. Dessa forma, aos seguintes da etapa de circulação de bens e serviços é permitido o abatimento dos impostos recolhidos nas operações anteriores. Princípio da Seletividade: por meio de tributos como ICMS e IPI, os entes federativos podem de�nir alíquotas mais elevadas para aqueles bens entendidos como supér�uos e, naqueles de maior essencialidade, as alíquotas podem ser reduzidas até zero. Espécies de Tributos Os tributos têm como característica a sua compulsoriedade, ou seja, não é opcional, mas impositivo ao contribuinte que deverá liquidá-lo por meio de moeda em espécie. A incidência poderá ser sobre a renda, o consumo ou o patrimônio, sem que seja instituído para punição, diferenciando-o de multas. No Sistema Tributário Brasileiro (BRASIL, 1966) estão previstas cinco espécies de tributos com as respectivas competências: A. Impostos, Taxas e Contribuição de melhoria (União, estados e municípios); B. Contribuições Sociais, Econômicas e Especiais (União); C. Empréstimos Compulsórios (União). Conforme Pegas (2017, p. 30), os tributos podem apresentar outra distinção, por serem vinculados ou não à arrecadação ou à destinação: i) Taxas e Contribuições Especiais: apresentam vínculo ao serviço que foi realizado pelo ente federativo ou a destinação da arrecadação é direcionada; ii) Impostos não têm vínculo à atividade proferida pelo ente federativo, não serão destinados a �m especí�co. É possível distinguir os tributos quanto à incidência da base de cálculo: a. Renda: manifestação do capital e trabalho, como o Imposto de Renda ou a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido. b. Patrimônio: incidência sobre a propriedade tanto de pessoas físicas ou jurídicas, como o Imposto Territorial Predial Urbano, Imposto de Transmissão de Bens Imóveis ou Imposto de Propriedade de Veículos Automotores. c. Consumo: vinculados à incidência nas diversas etapas ou passagens de operações entre agentes econômicos, tais como Imposto sobre Produtos Industrializados, Impostos sobre Circulação de Mercadorias e Serviços, Imposto de Importação; PIS, COFINS, CIDE, IOF e ISSQN. d. Encargos Sociais: correspondentes às diversas contribuições sociais incidentes sobre a folha de pagamento, a exemplo de INSS, FGTS, Salário Educação, Sistema S. A seguir, será realizada a caracterização de cada tipo de tributo. Impostos: têm a peculiaridade de que o fato de geração é um evento que não exige contraprestação da entidade federativa, é apenas uma obrigação exigida, imposta, ao contribuinte. Ou seja, pagar IPVA não obriga ao estado que use os recursos para melhoria nas estradas. Sua competência é exclusiva de União, Estados e Municípios. Taxas: são cobradas pela prestação de serviços estatais, como poder de polícia, ou seja, quando são realizadas �scalizações de segurança, higiene, tranquilidade pública, boa ordem. Ainda, é possível que sejam cobradas do contribuinte em função do seu uso ou de ter sido posto à sua disposição algum tipo de serviço capaz de ser divisível ou especi�cado. Contribuições de Melhoria: são decorrentes dos custos oriundos de obras realizadas por entes federativos que tenham garantido a valorização dos imóveis dos contribuintes. Contribuições Sociais: são tributos destinados diretamente à seguridade social (previdência, assistência e saúde), como o INSS, PIS/COFINS e CSLL; ou outras distribuições com �nalidade social (PIS/PASEP para o Fundo de Amparo ao Trabalhador; ou demais direcionadas ao Sistema S: SENAC, SESI SEBRAE). Contribuições Econômicas e Especiais: correspondem aos tributos vinculados aos sindicatos ou aos órgãos de pro�ssões regulamentadas, ou a CIDE. Empréstimos Compulsórios: são de competência exclusiva federal, têm a sua instituição apenas para atendimento a despesas inesperadas de eventos adversos (calamidades, guerras) ou para atender a investimentos públicos urgentes e de extrema relevância ao interesse soberano. ti reflitaRe�ita O imposto sobre o valor agregado poderia ser a solução para reduzir burocracias vinculadas às operações de compra e venda de mercadorias entre países; no entanto, poderia limitar a soberania e o federalismo �scal. praticar Vamos Praticar O Sistema Tributário Nacional brasileiro apresenta uma série de regramentos, normas e especi�cidades que exigem dos pro�ssionais da área contábil uma constante atualização e monitoramento das regulamentações que possam ser publicadas. São previstas pela Constituição Federal espécies de tributos. Assinale a alternativa que caracteriza corretamente o tributo previsto na norma brasileira vigente. a) As taxas apresentam a vantagem de não serem direcionadas. b) As contribuições de melhoria são tributos que melhoram a renda e a qualidade de vida dos contribuintes. c) As contribuições especiais são aquelas destinadas ao Sistema S. d) Os empréstimos compulsórios podem ser instituídos em situações de calamidade pública. e) Os impostos são tributos vinculados, ou seja, a arrecadação do IPVA é direcionada exclusivamente para melhoria de estradas. Conforme destacam Oliveira et al. (2015), o Código Tributário Nacional prevê que o fato material de incidência do Imposto de Renda (IR), cuja competência é da União, é a quantidade de recursos econômicos de renda oriundos do produto do capital ou do trabalho. A hipótese de incidência do IR se manifesta sobre a disponibilidade econômica e jurídica dos contribuintes, ou seja, quando se tornam auferidos bens ou demais valores, através de títulos ou créditos que tenham liquidez e que proporcionem aquisição de renda. Como apontam Oliveira et al. (2015), há três modalidades para tributação incidente sobre a renda das companhias: lucro real, presumido ou arbitrado. A tributação para IR e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) apresentam três formas para tributação sobre o resultado no regime tributário brasileiro: lucro real, lucro presumido e lucro arbitrado. O Lucro Real Tributos sobre Lucros dasTributos sobre Lucros das Empresas: Imposto de Renda eEmpresas: Imposto de Renda e Contribuição Social sobre o LucroContribuição Social sobre o Lucro LíquidoLíquido Pegas (2017) ressalta que é de�nido o lucro real de uma companhia aquele oriundo da diferença do lucro contábil às exclusões e consecutivas adições e eventuais compensações provindos do Livro de Apuração do Lucro Real, também denominado LALUR, em que estão dispostos os ganhos impedidos de tributação e perdas não dedutíveis, além de compensações oriundas de prejuízos tributários. O lucro real calculado servirá de base de cálculo para alíquota de 15% de Imposto de Renda adicionado de 10% sobre o valor que exceder do múltiplo mensal a incidir sobre R$ 20.000,00 conforme o período de apuração (3 X para trimestral ou 2 X para semestral). De�nir o regime tributário faz parte do planejamento tributário de uma companhia, ao garantir maior controle sobre os gastos incorridos e apuração de receitas, além da geração de alguns reportes que permitem ao gestor acompanhar o desempenho. As principais contas, quanto à representatividade nos custos das empresas, são passíveis de deduzir do lucro líquido para base de cálculo, sendo permitidos aqueles cuja obtenção tenha sido necessária para produção de receitas da atividade operacional; caso contrário, serão direcionadas à parte A do LALUR. Quanto às deduções do valor do imposto trimestral, Oliveira et al. (2015) elencam: os incentivos �scais limitados à legislação; o tributo que tenha sido retido na fonte ou já pago; os valores de impostos pagos indevidamente em exercício anterior ou pago em montante maior que devido. Oliveira et al. (2015, p. 192) destacam quais são os principais itens a serem considerados a contemplarem a receita bruta: O produtoda venda de bens nas operações de conta própria; O preço da prestação de serviços em geral; O resultado auferido nas operações de conta alheia; Demais receitas da atividade ou objeto principal da pessoa jurídica. Conforme Lei nº 12.973/14 (BRASIL, 2014), determina-se a receita líquida por meio de reduções previstas sobre a receita bruta: tributos sobre receita; vendas canceladas ou devolvidas; ajustes sobre o valor presente de operações que tenham relação com a receita bruta; descontos que foram concedidos de forma incondicional. Conforme Lei nº 9.718/1998, são obrigadas a apuração do Lucro Real as seguintes pessoas jurídicas: a. as com receita total superior a R$ 48 milhões ou proporcional quando aberta em período inferior a 12 meses no ano calendário anterior; b. as vinculadas ao sistema �nanceiro nacional e autorizadas pelo Banco Central do Brasil para funcionamento; c. com lucro, rendimento ou ganho de capital no exterior. Oliveira et al. (2015, p. 194) apontam que, conforme a atividade aplicada pela pessoa jurídica que gera a receita bruta, tem base de cálculo através da aplicação de determinado percentual sobre o faturamento, para o pagamento mensal, conforme abaixo: revenda de combustíveis derivados de petróleo, etanol e gás natural: 1,6%; venda de mercadoria/produto, exceto combustíveis: 8%; transporte de cargas: 8%; demais serviços de transporte: 16%; serviços em geral: 32%; serviços em geral de companhias com receita bruta de até R$ 120.000, à exceção de pro�ssões regulamentares, transportes e vinculadas à atividade hospitalar: 16%; instituições �nanceiras e equiparadas: 16%. Oliveira et al. (2015) apontam um exemplo para apuração de Imposto de Renda para uma empresa que tenha optado pelo recolhimento mensal por estimativa e consecutiva apuração do efetivo lucro real no ano. Supondo-se que no mês de novembro de 20XX as receitas da companhia Alfa estejam descritas no Quadro 4.1. Vendas de mercadorias Prestação de serviços Receitas brutas 500.000 60.000 Deduções das receitas brutas Imposto sobre produtos industrializados 50.000 Imposto sobre circulação de mercadorias 81.000 Imposto sobre serviços 3.000 Vendas canceladas e devoluções 15.000 Descontos incondicionais 4.000 Total de deduções 150.000 3.000 Receitas líquidas 350.000 57.000 Quadro 4.1 – Receita bruta companhia Alfa Fonte: Oliveira et al. (2015, p. 195). Dessa forma, com a Demonstração do Resultado do Exercício, é possível apurar o valor do imposto de renda por estimativa, conforme o Quadro 4.2 a seguir. Ganhos de capital no mês Lucro na venda de ativo imobilizado 30.000 Receita com locação de imóvel 2.000 Rendimentos auferidos nas operações de mútuo com coligadas 6.000 Total de ganhos de capital 38.000 Imposto de Renda retido na fonte sobre os ganhos de capital 50 Vendas de mercadorias Prestação de serviços Receitas brutas 500.000 60.000 Deduções para apuração da base de cálculo Imposto sobre produtos industrializados 50.000 Vendas canceladas e devoluções 15.000 Descontos incondicionais 4.000 Total das deduções 69.000 Receitas líquidas para efeito da apuração da base de cálculo 431.000 60.000 Aplicação do percentual sobre a receita bruta 8% 32% Lucro estimado = receitas líquidas x o percentual 34.480 19.200 Quadro 4.2 – Apuração do Imposto de Renda Anual Fonte: Oliveira et al. (2015, p. 195). Pelo Quadro 4.1, são identi�cados os valores da receita bruta auferida, além dos ganhos de capital e imposto retido. Já no Quadro 4.2, é possível realizar a aplicação dos percentuais sobre os tipos de atividade (venda de mercadorias ou prestação de serviços), para estimar o lucro, acrescentar os ganhos de capital, de forma a evidenciar a base de cálculo do imposto. Sobre esse montante, deve ser aplicada alíquota de 15%, e sobre o montante que Total do lucro estimado 23.680 Acréscimo dos ganhos de capital 38.000 Base de cálculo do imposto mensal 91.680 Cálculo do Imposto de Renda devido no mês por estimativa Alíquota normal = 15% de $ 91.680,00 13.752 Adicional de 10% sobre o excesso do lucro estimado $91.680,00 em relação ao limite mensal de $20.000,00 = 10% de $71.680,00 7.168 Imposto de Renda a pagar 20.920 superar o equivalente a R$ 20 mil mensais, o percentual adicional de 10%, chegando-se no valor total de R$ 20.920 de imposto de renda a pagar. Desse valor a pagar, é possível que a companhia tenha abatimentos referentes a incentivos �scais. Para isso, Oliveira et al. (2015) supuseram gastos com o PAT (limitado a 4% do tributo e dedução de até R$ 550,08). Além disso, deve ser abatido o valor do tributo já recolhido e apresentado no Quadro 4.1. Assim, o valor total a recolher será o deduzido do incentivo �scal e do retido na fonte: R$ 20.920 (-) R$ 550,08 (-) R$ 50,00 = R$ 20.319,92. Oliveira et al. (2015) destacam que é possível a dedução do prejuízo �scal apurado em exercícios anteriores (trimestre ou ano) no lucro real, sob o limite máximo de até 30% do valor do lucro líquido ajustado pelas exclusões e adições previstas na legislação, destacando-se que não há prazo para que essa compensação prescreva. Pegas (2017) ressalta que tanto custos como despesas também podem ser utilizadas para dedução na base de cálculo para apuração do lucro real, desde que sejam considerados como operacionais, vitais para que as atividades da companhia sejam realizadas. Ou seja, podem ser utilizadas como redutores os gastos com: compra de insumos, materiais tidos como secundários e de consumo imediato, mercadorias a revenda, encargos de depreciação/amortização/exaustão, custo dos pro�ssionais vinculados à atividade produtiva. Lucro Presumido Este regime de tributação prevê a apuração do Imposto de Renda de Pessoa Jurídica (IRPJ) de forma mais simples, a partir da incidência e um percentual (15%) a ser aplicado sobre a receita bruta da companhia, seguido dos acréscimos oriundos de ganhos de capital e receitas diversas. De forma consecutiva, essas empresas devem realizar o recolhimento da CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido). Conforme destaca Sousa (2018), deve ser identi�cado o que está contemplado no conceito de Receita Bruta: valores originados pela venda de bens das operações de conta própria, como roupas de uma loja de departamentos; valores dos serviços prestados, como o preço do serviço de um sapateiro; resultado percebido nas operações de conta alheia, como os recursos cobrados por revendedor. Deve-se atentar, conforme destaca Sousa (2018), que não estão contemplados alguns itens na Receita Bruta, como as vendas canceladas, os descontos incondicionais e os tributos não cumulativos, como o IPI e o ICMS- ST (substituição tributária). Ressalta-se, ainda, que os tributos incidentes sobre as vendas e os ajustes a valor presente devem ser considerados (os valores de receita �nanceira não devem ser considerados). Como destaca Pegas (2017), as companhias cuja receita bruta total do ano calendário anterior tenha sido de até R$ 78 milhões de reais ou de R$ 6,5 milhões para cada mês em atividade, caso inferior a 12 meses, estão habilitadas para apurar seu imposto de renda pelo lucro presumido. Devem manifestar intenção no pagamento da cota de recolhimento no primeiro período, no �m do primeiro trimestre. Ressalta-se que as apurações se dão trimestralmente, sempre ao �nal de março, junho, setembro e dezembro de cada ano, recolhendo-se os tributos até o último dia do mês seguinte (antecipa-se pagamento caso o último dia seja não útil). Destaca-se que estão afastadas de usar essa regra as instituições �nanceiras autorizadas ao funcionamento pelo Banco Central; as que perceberam receita do exterior; tenham benefício de isenção ou redução de alíquotas; tenham pago em algum mês por regime de estimativa; não prestem serviços de assessoria, análise de riscos e factoring. Sousa (2018) aponta que, inicialmente, deve-se aplicar um percentual sobre areceita bruta já deduzida de descontos incondicionais, vendas canceladas e devoluções. Esse percentual é distinto para cada ramo de atividade destinado à prática da companhia, conforme Quadro 4.3 a seguir. Quadro 4.3 – Percentual de presunção do Lucro Fonte: Elaborado pelo autor. Caso a empresa preste unicamente serviços em geral (não hospitalares, nem transporte, nem de atividades que sejam regulamentadas legalmente) e tenha uma receita bruta de até R$ 120 mil, reduz-se o percentual de 16% a ser aplicado sobre a receita bruta. Sobre a parcela do lucro que for além do saldo resultante do número de meses do período de apuração pelo valor de R$ 20 mil, haverá a incidência de alíquota adicional de 10%. Ramo de Atividade Percentual de presunção do Lucro Comércio de varejo ou atacado 8% Revenda varejo combustível petróleo, etanol e gás natural 1,6% Indústria 8% Serviços em geral 32% Transporte de carga 8% Transportes, exceto carga 16% Intermediação negócios 32% Administração, locação e móveis, imóveis e direitos 32% Serviços hospitalares 8% Considere o exemplo a seguir para a Companhia Muito Sono Comércio de Colchões Ltda., em que se apurou receita com a venda de colchões no valor de R$ 2 milhões no trimestre inicial de 20X0. O valor a pagar de IRPJ será veri�cado a seguir. 1. Receita $2.000.000 2. Percentual lucro presumido 8% 3. Lucro Presumido (1 x 2) $160.000 4. Alíquota IRPJ 15% 5. Valor do IRPJ (3 x 4) $24.000 6. Percentual Adicional IRPJ 10% 7. Adicional IRPJ (‘3’ - $60.000) x 6 $10.000 8. IRPJ a recolher (‘5’ + ‘7’) $34.000 Contabilmente, deve ser lançado o valor de $34 mil a débito na Demonstração do Resultado como despesa com IRPJ e a crédito no Passivo Circulante. praticar Vamos Praticar É tarefa do pro�ssional contábil identi�car os valores referentes da base de cálculo, as alíquotas corretas e o prazo de recolhimento dos tributos que envolvem as atividades das empresas. No que se refere ao imposto de renda, assinale a alternativa correta. a) O fato gerador do imposto de renda restringe-se apenas às rendas percebidas em função de ganhos no mercado de capitais. b) Para ser passível da cobrança de imposto de renda, a companhia não pode transformar matérias-primas em bens por processo industrial e revender por preços superiores a seus custos. c) O imposto de renda é um tipo de tributo direto e de competência federal. d) Se companhia apresentou prejuízo há mais de dois anos, não será possível compensá-lo na base de apuração do lucro real. e) O lucro presumido é a alternativa mais complexa para apuração do lucro. Há duas contribuições que as entidades devem, de forma geral, realizar recolhimento mensal e destinar como arrecadação do governo federal: a destinada ao Programa de Integração Social (PIS), aquela ao Financiamento da Seguridade Social (COFINS) e a do Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (PASEP). Como destacam Ribeiro e Pinto (2014), os recursos arrecadados através do PIS e PASEP são destinados ao Fundo de Amparo ao Trabalhador, denominado FAT, com vínculo no Ministério do Trabalho, em que o governo aplica parte dos recursos à atividade de fomento ao desenvolvimento socioeconômico através do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social). A parte restante é direcionada ao pagamento do seguro- desemprego e do abono salarial a trabalhadores enquadrados como de baixa renda. Já a COFINS tem destinação especí�ca de seus recursos arrecadados direcionados ao �nanciamento da Seguridade Social. Ribeiro e Pinto (2014) apontam que a legislação vigente para esses tributos (PIS, COFINS e PASEP) estabelecem a existência de dois regimes de incidência: Contribuições Federais: PIS –Contribuições Federais: PIS – Programa de Integração Social–,Programa de Integração Social–, COFINS – Contribuição paraCOFINS – Contribuição para Financiamento da SeguridadeFinanciamento da Seguridade Social– e ContribuiçõesSocial– e Contribuições PrevidenciáriasPrevidenciárias Regime cumulativo: os valores apurados mensalmente pelas companhias conforme as alíquotas previamente determinadas pelo governo em bases �xadas, cujo recolhimento deve ser sempre no próximo mês de competência àquele em que se deu o fato gerador. Regime não cumulativo: as alíquotas e a base a serem aplicadas são distintas; além disso, as companhias podem realizar a compensação do montante dos valores devidos por outras entidades em virtude de operações realizadas entre elas. Regime Cumulativo Neste tipo de regime, as principais Leis que regulamentam as contribuições são a Lei nº 9715/98 e Lei nº 9718/98 e alterações e atualizações posteriores. Nesses dispositivos, está previsto, como destacam Ribeiro e Pinto (2014), que os contribuintes do PIS/PASEP são as entidades de direito privado, ou equiparadas, além das sociedades de economia mista, subsidiárias e empresas públicas, até mesmo as sociedades sem �ns lucrativos, fundações e, por �m, aquelas de direito público interno. Desse rol de companhias, nenhuma pode estar obrigada ao recolhimento pelo Lucro Real. Oliveira et al. (2015) apontam que, neste regime cumulativo, as alíquotas para COFINS são de 3,0% e para o PIS/PASEP é de 0,65%, em que a base de cálculo seja o faturamento das companhias anteriormente listadas. Além disso, os autores ressaltam que por faturamento entende-se apenas aquilo diretamente relacionado à atividade �m operacional da entidade, ou seja, estão descartadas rendas de transações �nanceiras, alienação de imobilizado ou resultado de equivalência patrimonial. Além disso, Ribeiro e Pinto (2014) elencam alguns elementos que devem ser desconsiderados, ou seja, excluídos da receita bruta para �ns de de�nição de base de cálculo: descontos incondicionais, cancelamento de vendas, IPI e ICMS oriundos de substituição tributária, reversões de provisões ou recuperação de perda com crédito. Exemplo: A Companhia Revenda de Carros Ltda. teve a receita bruta em março de XX das atividades operacionais de revenda de R$ 700.000 e pelos serviços prestados de R$ 300.000. Os recolhimentos dos tributos de PIS de 0,65% e de COFINS de 3,0% a serem provisionados são: PIS: 0,65% sobre R$ 1.000.000 = R$ 6.500 o Débito: PIS sobre faturamento o Crédito: PIS a recolher COFINS: 3% sobre R$ 1.000.000 = R$ 30.000 o Débito: COFINS sobre faturamento o Crédito: COFINS a recolher Regime Não Cumulativo Ribeiro e Pinto (2014) apontam que a Lei nº 10.637/02 e a Lei nº 10.833/03, com respectivas atualizações legais posteriores, são as normas que regem a regulamentação, o regime não cumulativo do PIS/PASEP e COFINS. Esses autores revelam que os contribuintes são todos aqueles que estão sob a égide da obrigação de recolhimento do Lucro Real. Sousa (2018) destaca que as alíquotas das contribuições no regime não cumulativo são distintas, sendo para o PIS/PASEP de 1,65% e para COFINS de 7,6%, cuja base de incidência será o faturamento mensal das rendas percebidas pelos contribuintes sem distinção da origem de tais recursos. Dessa forma, estão contemplados na base de cálculo todos os recursos oriundos de prestação de serviços, venda de bens ou mercadorias, além de qualquer outra fonte de recursos que geraram benefícios à entidade. Pegas (2017), no entanto, ressalva que lançamentos não devem ser considerados, ou seja, excluídos da base de cálculo, sejam eles: descontos do tipo incondicional, vendas que tenham sido canceladas, recuperações de perdas de crédito ou provisões que tenham sido revertidas, receita de alienação de algum ativo imobilizado. O autor destaca também o fato de que é possível compensar na base de cálculo os montantes referentes aos custos de aquisição de bens,mercadorias ou serviços. Exemplo: A Companhia Revenda Ltda. solicitou que fossem apurados os eventos no mês de fevereiro de XX, já que eram vitais na apuração dos tributos, uma vez que está sujeita ao regime não cumulativo do PIS/PASEP e COFINS. Dentre os fatos veri�cados: Aquisição à vista de bens à revenda de R$ 40.000 e ICMS de R$ 7.200. Venda de mercadorias à vista: R$ 100.000. Receita com aluguéis: R$ 20.000. Nas operações de compra de bens: Débito: Estoque R$ 29.100. Débito: ICMS a recuperar (18%) R$ 7.200. Débito: PIS/PASEP a recuperar (1,65%) R$ 660. Débito: COFINS a recuperar (7,6%) R$ 3.040. Crédito: Disponível R$ 40.000. Nas rendas percebidas: Débito: Disponível R$ 120.000. Crédito: Venda de Mercadorias R$ 100.000. Crédito: Aluguéis recebidos (ou ativos) R$ 20.000. Débito: ICMS sobre faturamento (18%) R$ 18.000. Crédito: ICMS a recolher R$ 18.000. Débito: PIS sobre Faturamento (1,65% x $ 100.000) R$ 1.650. Débito: PIS sobre Outras Receitas (1,65% x $20.000) R$ 330. Crédito: PIS a recolher R$ 1.980. Débito: COFINS sobre faturamento (7,6% x $100.000) R$ 7.600. Débito: COFINS sobre Outras Receitas (7,6% x $20.000) R$ 1.520. Crédito: COFINS a recolher R$ 9.120. Os tributos ICM, PIS e COFINS devem ter suas contas patrimoniais ajustadas, tendo em vista que há saldos tanto a recuperar como a recolher, de forma que a conta com menor saldo deve ser transferida para a de maior valor, compensando-a. ICMS: o saldo de R$ 7.200 a recuperar é creditado, debitando-se o ICMS a recolher, tornando o saldo do passivo em R$ 10.800. COFINS: o saldo de $3.040 a recuperar é creditado, debitando-se o COFINS a recolher, que �ca com o saldo de R$ 6.080. PIS: o saldo de R$ 660 a recuperar é creditado, debitando-se PIS a recolher que �ca com saldo reduzido para R$ 1.320. praticar Vamos Praticar As contribuições federais PIS-PASEP e COFINS apresentam peculiaridades distintas quanto à incidência de alíquotas, muito embora tenham outros elementos comuns, saiba mais Saiba mais A briga tributária, ou guerra �scal, em que os estados têm a autonomia de de�nir suas alíquotas, pode acabar gerando migrações de grandes corporações dentro dos limites nacionais. Qual seria o limite para que isso não comprometesse a arrecadação de impostos com os benefícios dessas companhias? Para saber mais sobre o assunto, leia a monogra�a O ICMS e a Questão da Guerra Fiscal entre os Estados, de Patrícia de Quadros Borges. ACESSAR https://repositorio.ucs.br/xmlui/bitstream/handle/11338/1574/TCC%20Patricia%20de%20Quadros%20Borges.pdf?sequence=1&isAllowed=y que não se alteram em função do regime de incidência, cumulativo ou não cumulativo. Com relação às contribuições PIS-PASEP e COFINS, assinale a alternativa que as caracterize de forma correta. a) No regime cumulativo, é possível que haja a compensação dos valores devidos por outras entidades. b) No regime não cumulativo, o recolhimento deve ser realizado com base na alíquota de 3,0% da COFINS. c) Independentemente do regime escolhido (cumulativo ou não cumulativo), as alíquotas do PIS-PASEP são sempre iguais. d) A empresas contribuintes do regime não cumulativo são as mesmas que têm obrigação de recolhimento do imposto de renda pelo Lucro Real. e) As contribuições do PIS-PASEP, diferentemente da COFINS, não têm vinculação para destinação dos recursos arrecadados. Fabretti (2017) destaca que os tributos indiretos apresentam impacto relevante sobre a arrecadação pública, tendo em vista que participam de cada etapa do processo produtivo, sendo normalmente repassados aos preços �nais nos agentes econômicos. ICMS O Imposto sobre a Circulação de Mercadoria e Serviços, ICMS, é caracterizado como não cumulativo, ou seja, o valor incidente em cada etapa do processo de produção deve ser deduzido no valor a ser pago na etapa seguinte, permitindo que o contribuinte se credite do valor que fora cobrado. Fabretti (2017) aponta que, para isso, é necessário que os valores recolhidos estejam devidamente destacados no documento �scal por agente em posição adimplente junto à receita �scal, de forma que a escrituração esteja corretamente registrada em livro de Registro de Entradas. Além disso, Fabretti (2017) ressalta que os créditos de ICMS têm prazo prescricional de cinco anos da emissão do documento �scal, sendo que este crédito só poderá ser gerado se as mercadorias ou bens que deram entrada Tributos Indiretos: IPI – ImpostosTributos Indiretos: IPI – Impostos sobre Produtos Industrializados–,sobre Produtos Industrializados–, ICMS – Imposto sobre CirculaçãoICMS – Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços– e ISS –de Mercadorias e Serviços– e ISS – Impostos sobre ServiçosImpostos sobre Serviços forem destinados a revenda ou como entrada de insumos para transformação em outros bens que sejam postos à venda e sujeitos à tributação. Oliveira et al. (2015) apontam que é comum a existência de acúmulo de crédito de ICMS por algumas companhias que exportam seus bens, mercadorias ou serviços, que não têm incidência desse tributo, sendo que legislação complementar pode permitir que esses créditos sejam compensados em operações internas, por meio de comprovação de documentação e de escrituração corretas e em consonância à legislação pertinente. Conforme Fabretti (2017, p. 196) descreve, os fatos geradores do ICMS são: A saída de mercadoria do estabelecimento do contribuinte; Fornecimento de alimentação ou bebidas; Transmissão a terceiro de mercadoria depositada em armazém geral; Transmissão de propriedade de mercadoria; Início da prestação de serviço de transporte interestadual e intermunicipal; Ato �nal do transporte iniciado no exterior; Prestação onerosa de serviço de comunicação; Fornecimento de mercadoria com prestação de serviço; Desembaraço aduaneiro de bem importado; Recebimento pelo destinatário de serviço prestado no exterior; Entrada no território do Estado de lubri�cantes, derivados de petróleo, combustíveis e energia elétrica; Utilização por contribuinte de serviço cuja prestação tenha se iniciado em outro Estado e sem vínculo subsequente. Oliveira et al. (2015) lembram que o ICMS é um tributo estadual cujas alíquotas podem oscilar conforme legislação local. As operações interestaduais são reguladas pelo Conselho Nacional de Política Fazendária (CONFAZ), no qual são estabelecidas as alíquotas a seguir: De contribuintes do Norte, Nordeste, Centro Oeste ou do Espírito Santo: o Alíquota de 12% para qualquer destinatário. De contribuintes do Sul e Sudeste (exceção do Espírito Santo): o Alíquota de 12% entres esses estados. o Alíquota de 7% para destinatários do Norte, Nordeste, Centro Oeste e Espírito Santo. Oliveira et al. (2015, p. 200) destacam que o ICMS pode ter regime de substituição tributária, ou seja, que determinado contribuinte vinculado à cadeia de produção ou circulação de mercadoria ou serviço recolha o ICMS devido pelo contribuinte seguinte, ou do anterior, ou até mesmo dos dois, sendo denominado de contribuinte substituto. Esse tipo de procedimento visa, principalmente, à antecipação de tributo e assegura a arrecadação ao governo, tendo em vista a di�culdade de �scalização. Exemplo: Suponha que a Companhia ABC Ltda. tenha comprado R$ 100.00 de insumos para produção de bens destinados posteriormente à venda e o ICMS seja de 18%. Registra-se: Débito: matéria-prima R$ 82.000 Débito: ICMS a recuperar: R$ 18.000 Crédito: disponível: R$ 100.000 IPI – Imposto sobre Produtos Industrializados O IPI está vinculado ao atacado, ou seja, produção industrial de bens ou importação de bens. É um tributo semelhante ao ICMS, sendo aplicado de forma indireta, em que, de acordo com Fabretti (2017), deve-se identi�car o estabelecimento industrial ou seu equiparado para realizar a cobrança e direcionar ao agente público de sua competência, a União. Fabretti (2017) aponta que na venda de um bem industrializado, sobre o valor acordado entre as partes, é a base de cálculoda alíquota do IPI cujo valor deve ser destacado em nota �scal e devidamente cobrado do comprador, o contribuinte de fato. Destaca-se que o valor do IPI destacado em nota e pago além do valor da mercadoria não pode ser apontado como custo ao vendedor, já que o ônus recai sobre quem compra. Pegas (2017) levanta a semelhança do IPI ao ICMS quanto à substituição tributária, mas no tributo federal, para este regime, é necessário que o contribuinte requeira sua inclusão como tal, ou seja, não é de�nido pelo órgão competente, sempre tendo que atender às exigências previamente estabelecidas pelo órgão �scalizador. Sousa (2018) destaca que é necessária a compreensão do que pode ser contemplado como atividade de industrialização prevista no Decreto nº 4.544/2002: a transformação de matéria-prima em novo bem; o bene�ciamento que altere a capacidade de um bem; a montagem que transforma um conjunto de bens em um novo; o acondicionamento que altera a forma de apresentação de um bem pela inclusão de estrutura com �nalidade única de transporte; e renovação que restaure bem anteriormente inutilizado. Fabretti (2017) apontou o que pode ser considerado como fato gerador deste tributo: o desembaraço de mercadoria estrangeira ou a saída de um bem industrializado ou equiparado da empresa. Ao contribuinte deste tributo é garantida a compensação, ou seja, creditar-se do valor pago se as saídas por esse tributo também forem realizadas. Esses créditos também têm prazo de prescrição de cinco anos. Os atacadistas de matérias-primas, intermediários ou embalagens, como destaca Fabretti (2017), são os denominados equiparados à indústria, caso por isso decidam optar, para que, dessa forma, tenham créditos de IPI quando estabelecimentos industriais comprem seus produtos. Exemplo: Se o preço de venda do bem for R$ 100.000 e houver incidência de 10% de IPI, a nota �scal terá o valor do bem por R$100.000 acrescido dos 10% de IPI R$ 10.000, ou seja, um total de R$ 110.000. Ressalta-se que o ICMS na nota incidirá apenas sobre o valor da mercadoria, sem IPI, ou seja, uma alíquota de 18% sobre os R$100.000, R$ 18.000. Exemplo IPI Conforme situação apresentada por Fabretti (2017, p. 227), em que uma companhia tenha vendido um produto por R$ 306.318 com incidência de IPI de alíquota de 10%, há na nota �scal a seguinte discriminação: 1 unidade do produto R$ 306.318 + IPI 10% R$ 30.632 Total R$ 336.960 O ICMS deverá ser calculado por dentro do valor do produto, ou seja, sem considerar a incidência do IPI. Supondo a alíquota do tributo estadual em 18%: ICMS 18% x R$ 306.318 = R$ 55.137 Os lançamentos a serem contabilizados no Diário podem ser veri�cados a seguir: Quadro 4.4 – Lançamentos a serem contabilizados no Diário Fonte: Elaborado pelo autor. Destaca-se que o valor do IPI não corresponde a qualquer valor de conta de despesa da companhia, sendo simples depositária do valor do tributo. Exemplo ICMS Pegas (2017, p. 201) traz um exemplo de duas companhias: a Cia. Balão (indústria) e a Cia. Bucha (supermercado) que têm suas sedes no mesmo estado, cuja alíquota é 12% para o produto analisado. A margem de lucro de�nida em Lei para �ns de substituição tributária será de 20%. Supondo que a Cia. Balão realize venda por R$ 2.000 para a Cia. Bucha, a primeira deverá recolher o ICMS próprio e o ICMS de Substituição Tributária Conta Débito Crédito Contas a Receber Duplicatas Mercantis Venda Conforme NFF nº X1 R$ 336.950 Receita Líquida Venda Vendas Idem R$ 306.318 Obrigações Fiscais IPI a recolher ref. NNF nº X1 R$ 30.632 R$ 336.950 R$ 336.950 (ICMS – ST). O valor do ICMS próprio será de R$ 240, ou seja, 12% dos R$ 2.000, considerando que esta empresa não detenha créditos do tributo. A existência do fato gerador suporta a obrigação da Cia. pagar, em função de realizar a venda da indústria para o comércio. Já o ICMS-ST deverá ser recolhido inclusive pela Cia. Balão pelo valor de R$ 48, conforme descrito a seguir: Base: R$ 2.000 x 1,20 = R$ 2.400 x 12% = R$ 288 (-) ICMS Próprio pago pela Cia. Balão = R$ 240 ICMS-ST = R$ 48 Na nota �scal de venda do produto da indústria para o comércio, deverá estar descrito o valor total de R$ 2.048, sendo que haverá destaque tanto do ICMS próprio (R$ 240) como o da Cia. Bucha de R$ 48, que foi retido e recolhido pela Cia. Balão. Os registros serão os seguintes: Para a Cia. Balão: Débito: Bancos R$ 2.048 Crédito: Receita de Vendas R$ 2.000 Crédito: ICMS ST a recolher R$ 48 Débito: ICMS sobre vendas R$ 240 Crédito: ICMS a recolher R$ 240 Na Cia. Bucha. Débito: Estoques R$ 2.048 Crédito: Bancos R$ 2.048 Conforme destaca Pegas (2017), a substituição tributária não provoca mudanças no resultado da operação de vendas. É apenas assumida a obrigação de ser o responsável pelo recolhimento do ICMS que seria responsabilidade do próximo contribuinte. Dessa forma, a Cia. Bucha não apresenta ICMS a recuperar. ISS – Imposto sobre Serviços O ISSQN, Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza, tem competência municipal e do Distrito Federal. Como destacam Oliveira et al. (2015), a Constituição Federal prevê uma banda de alíquotas mínimas e máximas a serem estabelecidas e �xadas pelos responsáveis. A Lei Complementar nº 116/03, ressalvam os autores, não �xou alíquota mínima, mas a máxima de 5%, além de uma extensa lista dos serviços preponderantes do prestador de serviços para determinação do fato gerador. Fabretti (2017) aponta que nos serviços que manifestem fornecimento de mercadorias não devem ensejar cobrança de ICMS, ressaltando exceções legais. Além disso, é incidente inclusive quando se veicular os serviços sobre bens ou serviços públicos autorizados ou permitidos, como pedágios em rodovias e demais tarifas. Além disso, Fabretti (2017) destaca que o próprio prestador é o contribuinte, o qual deve realizar o recolhimento em prazo �xado. É possível a determinação de terceiro ou responsável, desde que previamente apresentado em lei. O autor lembra ainda que há discussões, na esfera legal inclusive, sobre a qual município o imposto é devido quando a prestação do serviço for em local distinto da sede do prestador. A regra geral é que deverá ser recolhido no local onde está sediado o estabelecimento do prestador, sendo listadas as exceções na legislação pertinente. praticar Vamos Praticar O Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços, ICMS, é caracterizado como não cumulativo, ou seja, o valor incidente em cada etapa do processo de produção deve ser deduzido no valor a ser pago na etapa seguinte, permitindo que o contribuinte se credite do valor que fora cobrado. Com relação a este tributo, leia as assertivas a seguir. I. Saída de mercadoria do estabelecimento do contribuinte. II. Fornecimento de alimentação ou bebidas. III. Transformação de matéria-prima. IV. Prestação de serviço com fornecimento de mercadorias. Sobre os fatos geradores de ICMS, é correto o que se a�rma em: a) I e III, apenas. b) I e IV, apenas. c) II e III, apenas. d) I e II, apenas. e) III e IV, apenas. indicações Material Complementar LIVRO Direito Tributário ESAF – provas comentadas da ESAF João Marcelo Rocha Editora: Editora Ferreira ISBN: 858952115X Comentário: Este livro traz uma série de estudos de caso, aplicações práticas, exercícios resolvidos e comentados que garantem aos estudantes uma visão ampla do espectro que envolve os tipos de tributos brasileiros. As questões práticas auxiliam na compreensão, principais diferenças e importância que o sistema tributário brasileiro tem para �nanciar os entes públicos a realizarem suas atribuições econômicas e sociais. FILME Enron – Os Mais Espertos da SalaAno: 2006 Comentário: A Cia. Enron representava uma das maiores companhias de capital aberto dos Estados Unidos. Sua reputação sempre foi intocável pelos analistas de mercado. Com o avanço de companhias de tecnologia no mercado de capitais, sem as devidas regulamentações, uma bolha nos valores dessas empresas estaria prestes a explodir. Essas companhias violaram questões éticas, �scais e de governança. Para conhecer mais sobre o �lme, acesse o trailer disponível em: TRA ILER conclusão Conclusão Esta unidade tem grande importância para compreender como se dá a geração de riqueza do estado brasileiro. O governo tem nos tributos a sua principal fonte de arrecadação de recursos para viabilizar investimentos, obras, contratações e garantia dos serviços básicos à população. Realizamos uma revisão sobre o Sistema Tributário Nacional, o que nos permitiu diferenciar as espécies de tributos e compreender a repercussão que a criação de um tipo de imposto ou contribuição fará sobre os cofres de determinado ente federativo. Passamos pelos principais tipos de tributos e veri�camos que não é tarefa simples realizar a apuração, uma vez que há a necessidade de levantar possíveis exclusões da base de cálculo, veri�car se os contribuintes estão corretos, se o tributo atende aos critérios de regime cumulativo ou não. A importância da manutenção de notas, da escrituração correta e do monitoramento da legislação vigente garantem às empresas identi�carem oportunidades de obtenção de alíquotas menores, como também evitarem incorrer em multas por não atenderem às obrigações principais ou acessórias. referências Referências Bibliográ�cas BRASIL. Presidência da República. Subche�a para Assuntos Jurídicos. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. 05 de outubro de 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 12 set. 2019. BRASIL. Presidência da República. Subche�a para Assuntos Jurídicos. Lei nº 5.172. Dispõe sobre o Sistema Tributário Nacional e institui normas gerais de direito tributário aplicáveis à União, Estados e Municípios. 25 de outubro de 1966. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L5172.htm>. Acesso em: 12 set. 2019. BRASIL. Presidência da República. Subche�a para Assuntos Jurídicos. Lei nº 9.715. Dispõe sobre as contribuições para os Programas de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público – PIS/PASEP, e dá outras providências, de 25 de novembro de 1998. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9715.htm>. Acesso em: 12 set. 2019. BRASIL. Presidência da República. Subche�a para Assuntos Jurídicos. Lei nº 9.718. Altera a Legislação Tributária Federal, de 27 de novembro de 1998. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9718compilada.htm>. Acesso em: 12 set. 2019. BRASIL. Presidência da República. Subche�a para Assuntos Jurídicos. Lei nº 12.973. Altera a legislação tributária federal relativa ao Imposto sobre a Renda das Pessoas Jurídicas – IRPJ, à Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL, à Contribuição para o PIS/Pasep e à Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – Co�ns, de 13 de maio de 2014. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/Lei/L12973.htm>. Acesso em: 12 set. 2019. BRASIL. Presidência da República. Subche�a para Assuntos Jurídicos. Lei Complementar nº 118. Altera e acrescenta dispositivos à Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 – Código Tributário Nacional, e dispõe sobre a http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L5172.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9715.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9718compilada.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/Lei/L12973.htm interpretação do inciso I do art. 168 da mesma Lei. 09 de fevereiro de 2005. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/LCP/Lcp118.htm>. Acesso em: 12 set. 2019. FABRETTI, L. C. Contabilidade Tributária. 16. ed. São Paulo: Atlas, 2017. OLIVEIRA, L. M. et al. Manual de contabilidade tributária: textos e testes com as respostas. 14. ed. São Paulo: Atlas, 2015. PEGAS, P. H. Manual de Contabilidade Tributária. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2017. RIBEIRO, O. M.; PINTO, M. A. Introdução à Contabilidade Tributária. 2. ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2014. SOUSA, E. P. Contabilidade Tributária – Aspectos Práticos e Conceituais. São Paulo: Atlas, 2018. IMPRIMIR http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/LCP/Lcp118.htm
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