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1 Natália Wink Princípios do apoio matriarcal → Tratado de Medicina de Família e Comunidade – Gusso – Capítulo 34 Apoio Matriarcal É uma proposta de interação entre: → Equipes de referência: responsáveis pela atenção direta e continuada de uma população definida → Apoiadores especializados: profissionais com conhecimentos e habilidades complementar aos da equipe de referência. O modelo original de equipes de referência com apoio matriarcal agrega componentes de teorias da administração, educação permanente, resolução de conflitos e planejamento de intervenções. → O apoio matriarcal serve de apoio para auxiliar na resolução de casos mais complexos. Existe vasta literatura internacional sobre estratégias de cuidados colaborativos ou compartilhados de atenção primaria (depressão, dependência química ou diabetes). As melhores evidencias sobre cuidados colaborativos são na saúde mental, com resultados positivos no processo de cuidado, na adesão e satisfação dos usuários e em alguns desfechos de saúde, e impactos contraditórios em qualidade de vida e utilização do sistema. A ênfase da proposta brasileira em uma equipe de referência pressupõe interdependência entre os profissionais. → Para implementação de mudanças efetivas e duradouras na interface entre atenção primária e especializada, é necessária uma reforma simultânea dos aspectos clínicos, estruturais e financeiros da atenção, por meio de suporte institucional, envolvimento de médicos de família e especialistas na implementação das intervenções, atividades colaborativas e comunicação facilitada entre profissionais. → Os núcleos de apoio à saúde da família (NASF) são compostos por profissionais de diversas especialidades vinculados a um conjunto de ESF, são, hoje, uma abrangente política pública com base no referencial teórico e metodológico do apoio matriarcal. O nome apoio matriarcal faz uso da concepção de organizações matriarcais, derivada de teorias do campo da administração. Uma estrutura matriarcal ideal aumentaria a adaptabilidade da organização para lidar com um ambiente instável e pouco previsível, incentivando a coordenação entre especialidades funcionais e fazendo melhor uso dos recursos humanos. → cuida da coordenação e administração da USF. O apoio matriarcal pode ser chamado de matriciamento, por se referir aos pontos de contato entre os profissionais como reuniões de matriciamento. Este termo poderia ser definido como a construção dos momentos relacionais em que se estabelece troca de saberes e que se fazem combinações entre os profissionais dos serviços envolvidos no cuidado dos usuários. → “Cuidados colaborativos” ORGANIZAÇÃO DO APOIO MATRICIAL O apoio matricial pretende oferecer retaguarda assistencial e suporte técnico-pedagógico às equipes de referência. A composição profissional das equipes de apoio matricial é variável, assim como a responsabilidade pelos atendimentos especializados. Para operacionalizar as diretrizes de aumento da vinculação, corresponsabilização, negociação e integração na relação entre as equipes de saúde, o apoio matricial busca personalizar os 2 Natália Wink sistemas de referência e contrarreferência, facilitando o contato direto entre o profissional encarregado de um determinado caso e especialista de apoio → ex: indivíduo da barra é paciente do médico da barra, passa a fazer tratamento na fundação, porém, continua sendo paciente da barra, apenas usufruindo das instalações da fundação. → A ampliação e singularização da oferta de intervenções e recursos terapêuticos NÃO devem ser confundidas com diluição da responsabilidade sobre os casos. → Quando uma pessoa utiliza de ação ou serviço ofertado na forma de apoio matricial, deve manter o vínculo com sua equipe de referência na atenção primária mesmo que a maior parte das intervenções aconteça em outros serviços. → No apoio matricial os gestores devem ter importante papel de sensibilização das equipes, mediando conflitos, garantindo pactos e manejando situações imprevistas, inclusive com oferta de soluções gerenciais e processos formativos. Prática do apoio matricial → O contato entre a equipe primária e o apoiador → Programada com encontros regulares e periódicos para a discussão de casos. → Situações urgentes ou imprevistas, não podendo esperar o encontro programado com o apoiador. → Como acionar o apoio nos encontros programáticos (critérios de risco e vulnerabilidade, prioridades de atendimento especializado) e de formas de contato em casos imprevistos ou urgentes). Os apoiadores podem construir um grande leque de ofertas clínicas e educativas, como discussões de caos, atendimentos compartilhados, intervenções coletivas e atendimentos específicos. → treinamentos breves com autonomia e confiança da ESF e tornar de qualidade o encaminhamento. Interconsultas breves (presenciais ou telefone, prontuário eletrônico compartilhados – E SUS ) podem resolver situações sem a necessidade de reunião de atendimento especializado A discussão e planejamento de casos singulares são as atividades que participam os profissionais de referência (pode ser uma pessoa, família, grupo) e o apoiador ou equipe de apoia matricial. → o apoiador deve negociar a proposta e ajudar a equipe de referência para entender ofertas e seus desdobramentos. Casos mais complexos geralmente são os selecionados para esse tipo de discussão → Discutir o caso e criar projetos terapêuticos são grandes oportunidades de educação dos profissionais (são motivados pela situação concreta) Consulta conjunta com o psiquiatra → por exemplo: cria o cuidado personalizado e promove educação permanente ao médico. As prioridades que são levantadas podem mudar com o tempo e a agenda deve ser dinâmica e transparente (com gestão de apoio, execução de ações de cuidado compartilhado e resolução de conflitos). O aumento na comunicação é um princípio organizativo de serviços podendo melhorar o acesso de pessoas e ações mais adequadas a suas necessidades, para amenizar iniquidades num contexto de oferta ainda insuficiente de alguns serviços do âmbito do SUS → ex: usar redes sociais para marcar, consultar dados e tirar dúvidas em prontuários eletrônicos. A clínica compartilhada deve ser construída no próprio processo de manejo das demandas da atenção primária, nunca a parte desse, sob o risco de tornar-se irrelevante para as equipes apoiadas e para a população. 3 Natália Wink Implantação do apoio matricial → Os apoiadores necessitam ampliar e compartilhar seus conhecimentos e habilidades, adequar sua prática clínica à dinâmica da atenção primária, lidar com pressões por atendimentos e gerir uma agenda extremamente complexa. Todos precisam ampliar suas capacidades clínicas, educativas e de escuta, desenvolver habilidades de comunicação, de gestão e de trabalho colaborativo Os profissionais de referência precisam organizar a demanda espontânea, encontrar brechas para planejar ações e selecionar casos, refletir em equipe sobre os problemas e intervenções e coordenar projetos terapêuticos multiprofissionais. Os profissionais que fazem apoio também fazem assistência, ficando responsáveis pelos atendimentos específicos dos casos que ultrapassam a capacidade de resolução das ESF. Independente do modelo local, que varia como o serviço de onde é oferecido o apoio, que profissionais participam ou o grau de responsabilidade do apoiador por atendimentos específicos, as experiências nacionais de apoio matricial têm em comum o encontro presencial entre os profissionais, com utilização variável de interconsulta, atendimentos conjuntos e educação permanente, e a regulação do acesso, com definição de fluxos e prioridades para atendimento especializado. Contribuição das evidências sobre cuidados colaborativos para organização do apoio matricial → A literatura sobre o tema é muito vasta,com trabalhos entre saúde mental e doenças crônicas mais prevalentes. As ações compartilhadas entre médico de família e especialista cria vínculos e facilita o acesso da população a estes médicos, treina os médicos de família, e ameniza ou substitui os encaminhamentos. → A OMS recomenda a integração dos serviços de saúde mental aos ESF, trabalhos e cuidados colaborativos diminuem a dificuldade que os usuários têm ao acesso, acolhimento e efetivo cuidado frente as demandas psiquiátricas. Conforme estudos, a depressão é bem mais cuidada com cuidados colaborativos. • Suporte da gestão para a integração; • Ênfase em encontros presenciais e em atividades colaborativas; • Construção contínua dos papéis de cada profissional nos encontros; • Apoio direto às equipes; • Servem como uma boa síntese dos conhecimentos acumulados até o presente na área de organização de serviços integrados e colaborativos que utilizam os princípios do apoio matricial. → Estudos mostram que a interlocução entre atenção primaria e especializada com organização da demanda e elaboração de protocolos compartilhados com longitudinalidade fortalece esta primeira e reforça sua função de “filtro”. → A manutenção da atenção primária como coordenadora do cuidado ajuda, ainda, a proteger as pessoas de intervenções desnecessárias e medicalização excessiva, por meio da prevenção quaternária. Prevenção Primária → evita o adoecimento (prevenção) 4 Natália Wink Prevenção Secundária → trata a doença já instalada (medicação) Prevenção Terciária → tratamento mais a fundo (fisioterapia por exemplo) Prevenção Quaternária → prevenção desnecessária (exames desnecessários)
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