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UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS CAMPUS PALMAS CURSO DE ADMINISTRAÇÃO GEANCHARLE ALVES FILHO RESUMO COMPARATIVO DOS LIVROS: O LEVIATÃ; O CONTRATO SOCIAL; O SEGUNDO TRATADO SOBRE O GOVERNO CIVIL E O ESPÍRITO DAS LEIS Teoria da Ciência Politica Prof. Edi Augusto Benini Palmas – TO 2021 2 1 LEVIATÃ E O CONTRATO SOCIAL Das quatro obras, os textos de “Leviatã” de Thomas Hobbes e “O contrato Social” de Jean-Jacques Rousseau, são considerados textos primordiais em suas áreas de atuação, dessa forma destacam-se algumas semelhanças, assim como grandes diferenças no modo de pensar e na concepção de homem de visto por cada um destes filósofos. Hobbes defende o poder absolutista, justificando-se no fato de que os homens tem a necessidade de entregarem seu direito à liberdade a um soberano; porem, já Rousseau, é a favor da democracia, ele acredita que esta é a forma mais favorável de governo, não admitindo a escravidão como necessidade natural de pessoas que são incapazes de governarem suas próprias vidas. Para Hobbes os homens são todos iguais em relação a sua natureza, contradizendo os pensamentos de Rousseau que questionam esta necessidade natural. Os dois pensadores concordam que o ser humano tem o direito de preservar a si mesmo, de preservar a sua vida, mas se convergem quando Hobbes acredita em meios soberanos para tal fim, e Rousseau aposta que as medidas democráticas são mais justas e próximas da liberdade, o soberano não é o mais forte e o mais forte não precisa exercer os direitos dos mais fracos; conforme os pensamentos de Rousseau, pois suas forças encontram-se de tal maneira externas a si mesmo, elas nascem do direito adquirido ao direito de outros. Porem sendo contra as ideias de Rousseau, Hobbes acredita que por meio da coerção ou não, se um estado está instituído, não é possível que se volte atrás de um poder que já fora consentido pela vontade da maioria. Apesar destas duas teorias discutidas serem diferentes, acredita-se que não existe ainda dentro do homem a força de partir em busca de tudo aquilo que lhe é conveniente; que é principalmente, lutar para enfrentar a si mesmo e os poderes exteriores a si no caminho em busca da própria felicidade. 2 CONTRATOS 2.1 THOMAS HOBBES Na visão de Thomas Hobbes, como sugerido pela clássica passagem “O homem é o lobo do homem.”, o estado de natureza no qual o homem vive é essencialmente composto por guerras e disputas, uma vez que a para ele o homem tem o direito fundamental à vida e para isso a de se valer de qualquer coisa para garanti-la, sendo “mal” por natureza. 3 Resumindo, o indivíduo vive em constante estado preventivo, o que leva o mesmo a contínuas disputas e segundo ele “...a vida do homem é solitária, miserável, sórdida, brutal e curta”, O estado de natureza, conforme exposto, é marcado pela constante insegurança e não é dotado da ideia de justiça ou propriedade privada, uma vez que a humanidade só está na posse de algo na medida em que tem a capacidade mantê-lo. Dessa forma, em segundo momento, o principal motivo para que os indivíduos pactuem para a formação do Estado seria sua função básica de segurança, embora cite outras funções do estado, este é o meio necessário para que se crie uma unidade soberana, indivisível e irredutível. O contrato para Hobbes consistiria nos indivíduos abrirem mão de sua liberdade por um princípio de precaução de sua própria conservação, como forma de sair do ambiente caótico que viviam, assim como na passagem: “A causa final, finalidade e desígnio dos homens (que amam naturalmente a liberdade e o domínio sobre outros), ao introduzir aquela restrição sobre si mesmos sob a qual os vemos viver em repúblicas, é a precaução com a sua própria conservação e com uma vida mais satisfeita. Quer dizer, o desejo de sair daquela mísera condição de guerra, que é a consequência necessária (conforme se mostrou) das paixões naturais dos homens, quando não há um poder visível capaz de os manter em respeito e os forçar, por medo do castigo, ao cumprimento dos seus pactos e à observância das leis de natureza que foram expostas nos capítulos XIV e XV.” (Hobbes, 1651). Assim, pressupõe-se que o indivíduo transmitiria seus direitos a alguém que iria personificar o Estado, o Leviatã, o soberano, sendo instituído de diversas formas que iria manter sua ordem por meios coercitivos se necessário, pois o Estado para o autor não poderia em qualquer momento ser questionado, sob pena de não mais ser soberano e retornar ao estado de natureza, instaurando dessa forma o Estado de Sociedade. 2.2 JOHN LOCKE Já para John Locke, diferente de Hobbes, o Estado de natureza possui certos reconhecimentos, dentre eles o direito à vida, a propriedade privada reconhecida ante seus membros e a figura do poder punitivo proporcional a ser exercido contra aquele que usurpar a propriedade privada, sendo que o mesmo introduz a ideia de Leis, sendo as da natureza e a de Deus, segundo ele, o homem não é “mal” por natureza, mas se encontra em uma neutralidade, que pressupõe que ele seja bom. Com essa afirmação, acredita-se que levaram determinados indivíduos a fazerem o pacto para a formação de um Estado são absolutamente diversos dos de Hobbes, uma vez 4 que o homem, no contexto daquele, não vivem em constante conflito e não tem a necessidade de sobreviver a qualquer custo, pois sua propriedade privada é, em tese, reconhecida e respeitada pelos outros. Ainda sobre essa linha de pensamento, tem-se que o homem busca o pacto de um contrato pois no estado de natureza ele não é livre de fato, na medida em que as Leis da Natureza e as Leis de Deus são submetidas a eles sem qualquer influência ou consentimento, ou seja, de forma obrigatória, sendo assim, para que o homem seja livre e faça a manutenção dessa liberdade por algum meio, no caso o Estado, este deve participar da criação de suas próprias leis, sendo elas estabelecidas, reconhecidas e aprovadas por meio do consentimento, ou seja, participar da criação das leis as quais serão submetidos. Nota-se ainda, que ao contrário de Hobbes, para Locke o consentimento é algo primordial para que se instaure o Estado, não havendo espaço para um exercício total por meio de uma figura estatal personificada como o Leviatã, mas no consenso geral, pressupondo a ideia de eleições e separação dos poderes, como conhecidos atualmente, o executivo, legislativo e federativo. No mesmo tocante, embora no estado de natureza exista a legitimidade de um poder punitivo, faltam juízes imparciais que balizam e proporcionam tal poder punitivo e a criação do Estado poderia garantir o exercício de tal jurisdição. Dessa forma o Estado só tem o papel de garantir a boa vida que o indivíduo já tinha no estado de natureza, quando necessário, tendo um viés bem menos intervencionista no âmbito privado que o proposto por Hobbes, sendo ele criador do Estado Liberal Clássico. 2.3 JEAN-JACQUES ROUSSEAU Para Rousseau o desenvolvimento do estado para se tornar algo bom se dá com uma etapa a mais, que seria o chamado Contrato Social. Tal fato se apresenta após o Estado de Sociedade, tendo assim o Estado de Natureza, Estado de Sociedade e o Contrato Social como algo que viria a ser bom ante a impossibilidade de o indivíduo retornar ao estado de natureza, pois o mesmo, diferente dos dois autores anteriores, considera o homem bom em sua essência. Em sua visão, o homem no seu estado de natureza é bom e não é um ser sociável, pois viveria em teoria, isoladamente, entretanto, na medida em que houve um crescimento populacional e uma consequente inserção do homem na sociedade, havendo o acréscimo 5 em suas relações sociais, a sociedade o corrompe e este passa a vislumbrar necessidades maiores ambições. Na medida em que essas necessidades artificiaissurgem advém dela a ideia de propriedade privada, o que considera ser o cerne da desigualdade, pois a partir desse momento o indivíduo passaria a olhar para o caso concreto e deixar seus princípios de lado, cobiçando o alheio. Após tais ideias, define-se que o Estado de Sociedade é instaurado como forma de pacificar tal problemática, todavia adquire um viés supostamente igualitário, que na verdade estaria apenas perpetuando as diferenças entre as pessoas, pois prega uma espécie de igualdade absoluta de direitos. Para Rousseau a sociedade não é igual e seus indivíduos são gritantemente desiguais no quesito econômico, fato esse que apenas criaria uma falsa ideia de liberdade e igualdade entre os indivíduos, uma vez que os mesmos sempre estariam limitados pelo viés econômico, não só no exercício participativo da política. É justamente dessa falta de igualdade material que nasce a necessidade de se fazer o chamado Contrato Social, como forma de proporcionar uma igualdade material para os indivíduos e ele se pauta em quatro preceitos que são : o indivíduo precisa se dar conta que não é livre; instaurar uma democracia direita e não representativa, participando diretamente da criação das leis; seguir a vontade geral, o que não é a vontade de todos, mas aquilo que é certo; ter a figura do legislador, que teria a capacidade de esclarecer à terceiros o que seria essa vontade geral baseada no que é certo. Baseado nesses conceitos Rousseau cria o conceito de soberania popular de forma o povo não mais irá transmitir ou ceder seus direitos a alguém que os represente, mas irá exercer seus direitos naturais de forma direita e participar sem que haja terceiros que os represente, desconstruindo também a ideia de Locke de separação dos poderes. 2.4 CHARLES DE MONTESQUIEU De acordo com Montesquieu, existem três formas de governos, sendo elas: Despotismo, Monarquia e Republica sendo que apenas o despotismo é essencialmente corrompido. Isso decorre devido ao fato que os déspotas tendem a empregam violência para se manterem no poder. A monarquia, por sua vez, é considerada por Montesquieu o mais efetivo governo por meio do exercício da autoridade com firmeza e honra pelo soberano. 6 Apesar disso, é fato é que a sua proposta de divisão em três poderes (Atualmente dividido em Executivo, Legislativo e o Judiciário) teve forte influência em grande medida os governos republicanos, inclusive os atuais. De qualquer forma, o equilíbrio delineado por Montesquieu funcionaria aproximadamente da mesma maneira tanto em uma monarquia quanto em uma república: o Executivo exerceria influência sobre as questões civis, o Legislativo criaria as leis mais apropriadas à sociedade e o Judiciário fiscalizaria as normas que regeriam determinado grupo humano. Nenhum destes poderes, entretanto, é mais poderoso do que outro, devendo agir para limitar caso outro membro da tríade vá além de suas prerrogativas. Além de representar uma poderosa reflexão sobre a natureza da raça humana, a obra de Montesquieu, Espírito das Leis, apresenta uma nova abordagem a respeito da necessidade de equilíbrio político que influenciou a futura sociedade democrática. Embora apresente certas considerações datadas, a obra ainda bastante relevante no que diz respeito ao entendimento das possíveis limitações de um governo republicano. Em seus questionamentos, Montesquieu acaba por concluir que a única lei a governar todos os povos humanos era a criada pela razão fornecida por Deus, o que os diferenciava dos demais animais e os estimulava a viver em sociedade em respeito às leis naturais de busca de paz, alimentos. Entretanto, o desenvolvimento da sociedade civil acabaria por gerar confrontos. Passaram a ser necessárias, portanto, o estabelecimento de leis, que variavam de acordo com cada sociedade necessita. 3 CONCLUSÃO Leviatã, Contrato social, Segundo tratado sobre o governo civil e o Espirito das leis são obras que revolucionaram seu tempo, demonstraram pensar na sociedade de forma individual e como um todo ao mesmo tempo, e de uma certa clareza, que o ser humano ainda se coloca e se acha também muito inferiorizado diante de tudo o que é novo, diante de tudo o que surge em sua vida; mas ainda, busca constantemente um poder (seja ele de qualquer origem) que oriente suas ações, ele precisa frequentemente de pessoas representativas que possam lhe guiar nesta interminável luta; nos mostrando, que as relações de poder; de alguma forma, são essenciais para a constituição da sociedade. 7 Os homens lutam, mas encontram-se cada vez mais longe de alcançar o que almejam. O desejo não pode ser conquistado sem o querer verdadeiro que se encontra latente em cada um nesta busca contínua. Entre os autores podemos notar de forma clara que a interferência estatal na sociedade, principalmente no tocante do exercício da soberania, é um ponto essencial para a compreensão de como Estado intervém na liberdade do indivíduo inserido dentro de tal artificialidade, assim como sua expressão ideal e seus mecanismos capazes de organizar a vida em sociedade, na medida em que os indivíduos passam a se organizar ao longo do tempo fora de um estado natural, sendo considerado impossível seu retorno, segundo Rousseau.
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