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edições câmara Câmara dos Deputados LEGISLAÇÃO SOBRE MEIO AMBIENTE 6ª EDIÇÃO AMBIENTE URBANO, POLUIÇÃO E GESTÃO DE DESASTRES INCLUI Lei do Parcelamento do Solo Urbano Estatuto da Cidade Lei do Programa Minha Casa, Minha Vida Estatuto da Metrópole Lei dos Agrotóxicos Lei de Saneamento Básico Lei de Resíduos Sólidos Política Nacional de Segurança de Barragens Política Nacional de Proteção e Defesa Civil (PNPDEC) Câmara dos Deputados LEGISLAÇÃO SOBRE MEIO AMBIENTE 6ª EDIÇÃO AMBIENTE URBANO, POLUIÇÃO E GESTÃO DE DESASTRES Câmara dos Deputados 56ª Legislatura | 2019-2023 Secretaria-Geral da Mesa Leonardo Augusto de Andrade Barbosa Diretoria-Geral Sergio Sampaio Contreiras de Almeida Diretoria Legislativa Afrísio de Souza Vieira Lima Filho Consultoria Legislativa Rodrigo Hermeto Correa Dolabella Centro de Documentação e Informação André Freire da Silva Coordenação Edições Câmara dos Deputados Ana Lígia Mendes Coordenação de Organização da Informação Legislativa Frederico Silveira dos Santos Presidente Rodrigo Maia 1º Vice-Presidente Marcos Pereira 2º Vice-Presidente Luciano Bivar 1ª Secretária Soraya Santos 2º Secretário Mário Heringer 3º Secretário Fábio Faria 4º Secretário André Fufuca Suplentes de Secretário 1º Suplente Rafael Motta 2ª Suplente Geovania de Sá 3º Suplente Isnaldo Bulhões Jr. 4º Suplente Assis Carvalho edições câmara Câmara dos Deputados LEGISLAÇÃO SOBRE MEIO AMBIENTE 6ª EDIÇÃO AMBIENTE URBANO, POLUIÇÃO E GESTÃO DE DESASTRES Roseli Senna Ganem (organizadora) Ilidia da Ascenção Garrido Martins Juras Lívia de Souza Viana Rose Mirian Hofmann Atualizada até 22/5/2019 Editora responsável: Luzimar Gomes de Paiva Preparação de originais: Seção de Revisão Revisão: Danielle Ribeiro Projeto gráfico: Leandro Sacramento e Luiz Eduardo Maklouf Diagramação: Diego Moscardini Nota do editor: as normas legais constantes desta publicação foram consultadas no Sistema de Legis- lação Informatizada (Legin) da Câmara dos Deputados. Esta edição agrupou dois volumes da legislação sobre meio ambiente, a saber Legislação brasileira sobre meio ambiente: desenvolvimento urbano e regional e Legislação brasileira sobre meio ambiente: qualidade ambiental. Título até a 4ª edição: Legislação brasileira sobre meio ambiente. Título até a 5ª edição: Legislação brasileira sobre meio ambiente: desenvolvimento urbano e regional e Legislação brasileira sobre meio ambiente: qualidade ambiental. 2009, 1ª edição; 2010, 2ª edição (e-book), 3ª edição; 2013, 4ª edição; 2015, 5ª edição; 2019, 6ª edição. SÉRIE Legislação n. 145 e-book Dados Internacionais de Catalogação-na-publicação (CIP) Coordenação de Biblioteca. Seção de Catalogação. Bibliotecária: Débora Machado de Toledo – CRB1-1303 Legislação sobre meio ambiente [recurso eletrônico] : ambiente urbano, poluição e gestão de desastres / Roseli Senna Ganem (organizadora) ; Ilidia da Ascenção Garrido Martins Juras, Lívia de Souza Viana, Rose Mirian Hofmann. – 6. ed. -- Brasília : Câmara dos Deputados, Edições Câmara, 2019. 333 p. – (Série legislação ; n. 145 e-book) Versão E-book. Modo de acesso: livraria.camara.leg.br Disponível, também, em formato impresso. “Edição atualizada até 22/5/2019”. ISBN 978-85-402-0746-2 1. Controle da poluição, legislação, Brasil. 2. Meio ambiente, legislação, Brasil. 3. Desastre ecológico, legislação, Brasil. I. Ganem, Roseli Senna, org. II. Juras, Ilidia da Ascenção Garrido Martins. III. Viana, Lívia de Souza. IV. Hofmann, Rose Mirian. V. Série. CDU 504(81)(094) ISBN 978-85-402-0745-5 (papel) ISBN 978-85-402-0746-2 (e-book) Direitos reservados e protegidos pela Lei nº 9.610, de 19/2/1998. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por qualquer meio sem prévia autorização da Edições Câmara. Venda exclusiva pela Edições Câmara. Câmara dos Deputados Centro de Documentação e Informação – Cedi Coordenação Edições Câmara – Coedi Palácio do Congresso Nacional – Anexo 2 – Térreo Praça dos Três Poderes – Brasília (DF) – CEP 70160-900 Telefone: (61) 3216-5833 livraria.camara.leg.br SUMÁRIO AMBIENTE URBANO ��������������������������������������������������������������������������������������������������������������� 9 Roseli Senna Ganem Lívia de Souza Viana LEI Nº 6.766, DE 19 DE DEZEMBRO DE 1979 .................................................................................................24 (Lei do Parcelamento do Solo Urbano) Dispõe sobre o parcelamento do solo urbano e dá outras providências. LEI Nº 10.257, DE 10 DE JULHO DE 2001 ......................................................................................................36 (Estatuto da Cidade) Regulamenta os arts. 182 e 183 da Constituição Federal, estabelece diretrizes gerais da política urbana e dá outras providências. LEI Nº 11.977, DE 7 DE JULHO DE 2009 ........................................................................................................46 (Lei do Programa Minha Casa, Minha Vida) Dispõe sobre o Programa Minha Casa, Minha Vida (PMCMV) e a regularização fundiária de assentamentos locali- zados em áreas urbanas; altera o Decreto-Lei nº 3.365, de 21 de junho de 1941, as Leis nos 4.380, de 21 de agosto de 1964, 6.015, de 31 de dezembro de 1973, 8.036, de 11 de maio de 1990, e 10.257, de 10 de julho de 2001, e a Medida Provisória nº 2.197-43, de 24 de agosto de 2001; e dá outras providências. LEI Nº 13.089, DE 12 DE JANEIRO DE 2015 ...................................................................................................62 (Estatuto da Metrópole) Institui o Estatuto da Metrópole, altera a Lei nº 10.257, de 10 de julho de 2001, e dá outras providências. LEI Nº 13.465, DE 11 DE JULHO DE 2017 ......................................................................................................66 Dispõe sobre a regularização fundiária rural e urbana, sobre a liquidação de créditos concedidos aos assentados da reforma agrária e sobre a regularização fundiária no âmbito da Amazônia Legal; institui mecanismos para apri- morar a eficiência dos procedimentos de alienação de imóveis da União; altera as Leis nos 8.629, de 25 de fevereiro de 1993, 13.001, de 20 de junho de 2014, 11.952, de 25 de junho de 2009, 13.340, de 28 de setembro de 2016, 8.666, de 21 de junho de 1993, 6.015, de 31 de dezembro de 1973, 12.512, de 14 de outubro de 2011, 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil), 11.977, de 7 de julho de 2009, 9.514, de 20 de novembro de 1997, 11.124, de 16 de junho de 2005, 6.766, de 19 de dezembro de 1979, 10.257, de 10 de julho de 2001, 12.651, de 25 de maio de 2012, 13.240, de 30 de dezembro de 2015, 9.636, de 15 de maio de 1998, 8.036, de 11 de maio de 1990, 13.139, de 26 de junho de 2015, 11.483, de 31 de maio de 2007, e a 12.712, de 30 de agosto de 2012, a Medida Provisória nº 2.220, de 4 de setembro de 2001, e os Decretos-Leis nos 2.398, de 21 de dezembro de 1987, 1.876, de 15 de julho de 1981, 9.760, de 5 de setembro de 1946, e 3.365, de 21 de junho de 1941; revoga dispositivos da Lei Complementar nº 76, de 6 de julho de 1993, e da Lei nº 13.347, de 10 de outubro de 2016; e dá outras providências. DECRETO Nº 7.499, DE 16 DE JUNHO DE 2011 .............................................................................................84 Regulamenta dispositivos da Lei nº 11.977, de 7 de julho de 2009, que dispõe sobre o Programa Minha Casa, Minha Vida, e dá outras providências. DECRETO Nº 9.310, DE 15 DE MARÇO DE 2018 .............................................................................................90 Institui as normas gerais e os procedimentos aplicáveis à Regularização Fundiária Urbana e estabelece os procedi- mentos para a avaliação e a alienação dos imóveis da União. POLUIÇÃO ������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������� 118 Ilidia da Ascenção Garrido Martins Juras Rose Mirian Hofmann CONVENÇÃO DE MINAMATASOBRE MERCÚRIO (KUMAMOTO, 2013) .......................................................131 DECRETO-LEI Nº 1.413, DE 14 DE AGOSTO DE 1975 ...................................................................................148 Dispõe sobre o controle da poluição do meio ambiente provocada por atividades industriais. LEI Nº 6.803, DE 2 DE JULHO DE 1980 ........................................................................................................149 (Lei do Zoneamento Industrial na Áreas Críticas de Poluição) Dispõe sobre as diretrizes básicas para o zoneamento industrial nas áreas críticas de poluição, e dá outras providências. LEI Nº 7.802, DE 11 DE JULHO DE 1989 ......................................................................................................151 (Lei dos Agrotóxicos) Dispõe sobre a pesquisa, a experimentação, a produção, a embalagem e rotulagem, o transporte, o armazenamento, a comercialização, a propaganda comercial, a utilização, a importação, a exportação, destino final dos resíduos e embalagens, o registro, a classificação, o controle, a inspeção e a fiscalização de agrotóxicos, seus componentes e afins, e dá outras providências. LEI Nº 8.723, DE 28 DE OUTUBRO DE 1993 .................................................................................................156 Dispõe sobre a redução de emissão de poluentes por veículos automotores e dá outras providências. LEI Nº 9.966, DE 28 DE ABRIL DE 2000 ........................................................................................................159 (Lei do Óleo) Dispõe sobre a prevenção, o controle e a fiscalização da poluição causada por lançamento de óleo e outras subs- tâncias nocivas ou perigosas em águas sob jurisdição nacional e dá outras providências. LEI Nº 11.445, DE 5 DE JANEIRO DE 2007 ...................................................................................................166 (Lei de Saneamento Básico) Estabelece diretrizes nacionais para o saneamento básico; altera as Leis nos 6.766, de 19 de dezembro de 1979, 8.036, de 11 de maio de 1990, 8.666, de 21 de junho de 1993, 8.987, de 13 de fevereiro de 1995; revoga a Lei nº 6.528, de 11 de maio de 1978; e dá outras providências. LEI Nº 12.305, DE 2 DE AGOSTO DE 2010 ....................................................................................................178 (Lei de Resíduos Sólidos) Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos; altera a Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências. DECRETO Nº 76.389, DE 3 DE OUTUBRO DE 1975 ......................................................................................193 Dispõe sobre as medidas de prevenção e controle da poluição industrial, de que trata o Decreto-Lei nº 1.413, de 14 de agosto de 1975, e dá outras providências. DECRETO Nº 4.074, DE 8 DE JANEIRO DE 2002 ..........................................................................................194 Regulamenta a Lei nº 7802, de 11 de julho de 1989, que dispõe sobre a pesquisa, a experimentação, a produção, a embalagem e rotulagem, o transporte, o armazenamento, a comercialização, a propaganda comercial, a utilização, a importação, a exportação, o destino final dos resíduos e embalagens, o registro, a classificação, o controle, a inspeção e a fiscalização de agrotóxicos, seus componentes e afins, e dá outras providências. DECRETO Nº 4.136, DE 20 DE FEVEREIRO DE 2002 ....................................................................................212 Dispõe sobre a especificação das sanções aplicáveis às infrações às regras de prevenção, controle e fiscalização da poluição causada por lançamento de óleo e outras substâncias nocivas ou perigosas em águas sob jurisdição nacional, prevista na Lei nº 9.966, de 28 de abril de 2000, e dá outras providências. DECRETO Nº 4.871, DE 6 DE NOVEMBRO DE 2003 .....................................................................................223 Dispõe sobre a instituição dos Planos de Áreas para o combate à poluição por óleo em águas sob jurisdição nacional e dá outras providências. DECRETO Nº 7.217, DE 21 DE JUNHO DE 2010 ...........................................................................................227 Regulamenta a Lei nº 11.445, de 5 de janeiro de 2007, que estabelece diretrizes nacionais para o saneamento básico, e dá outras providências. DECRETO Nº 7.404, DE 23 DE DEZEMBRO DE 2010 ....................................................................................245 Regulamenta a Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos, cria o Comitê Interministerial da Política Nacional de Resíduos Sólidos e o Comitê Orientador para a Implantação dos Sistemas de Logística Reversa, e dá outras providências. DECRETO Nº 8.127, DE 22 DE OUTUBRO DE 2013 ......................................................................................260 Institui o Plano Nacional de Contingência para Incidentes de Poluição por Óleo em Águas sob Jurisdição Nacional, altera o Decreto nº 4.871, de 6 de novembro de 2003, e o Decreto nº 4.136, de 20 de fevereiro de 2002, e dá outras providências. DECRETO Nº 9.177, DE 23 DE OUTUBRO DE 2017 ......................................................................................269 Regulamenta o art. 33 da Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos, e complementa os art. 16 e art. 17 do Decreto nº 7.404, de 23 de dezembro de 2010 e dá outras providências. RESOLUÇÃO CONAMA Nº 18, DE 6 DE MAIO DE 1986 .................................................................................270 Dispõe sobre a criação do Programa de Controle de Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve). RESOLUÇÃO CONAMA Nº 5, DE 15 DE JUNHO DE 1988 .............................................................................278 Dispõe sobre o licenciamento ambiental de obras de saneamento. RESOLUÇÃO CONAMA Nº 279, DE 27 DE JUNHO DE 2001 .........................................................................279 Estabelece procedimentos para o licenciamento ambiental simplificado de empreendimentos elétricos com pequeno potencial de impacto ambiental. RESOLUÇÃO CONAMA Nº 342, DE 25 DE SETEMBRO DE 2003 ...................................................................282 Estabelece novos limites para emissões de gases poluentes por ciclomotores, motociclos e veículos similares novos, em observância à Resolução nº 297, de 26 de fevereiro de 2002, e dá outras providências. RESOLUÇÃO CONAMA Nº 491, DE 19 DE NOVEMBRO DE 2018 ..................................................................283 Dispõe sobre padrões de qualidade do ar. GESTÃO DE DESASTRES ������������������������������������������������������������������������������������������������������ 288 Roseli Senna Ganem LEI Nº 12.334, DE 20 DE SETEMBRO DE 2010 .............................................................................................303 Estabelece a Política Nacional de Segurança de Barragens destinadas à acumulação de água para quaisquer usos, à disposição final ou temporária de rejeitos e à acumulação de resíduos industriais, cria o Sistema Nacional de Informações sobre Segurança de Barragens e altera a redação do art. 35 da Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997, e do art. 4º da Lei nº 9.984, de 17 de julho de 2000. LEI Nº 12.340, DE 1º DE DEZEMBRO DE 2010 .............................................................................................307 Dispõe sobre as transferências de recursos da União aos órgãos e entidades dos Estados, Distrito Federal e Muni- cípios para a execução de ações de prevenção em áreas de risco de desastres e de resposta e de recuperação em áreas atingidas por desastres e sobre o Fundo Nacional para Calamidades Públicas, Proteção e Defesa Civil; e dá outras providências. LEI Nº 12.608, DE 10 DE ABRIL DE 2012 ......................................................................................................312Institui a Política Nacional de Proteção e Defesa Civil (PNPDEC); dispõe sobre o Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil (Sinpdec) e o Conselho Nacional de Proteção e Defesa Civil (Conpdec); autoriza a criação de sistema de informações e monitoramento de desastres; altera as Leis nos 12.340, de 1º de dezembro de 2010, 10.257, de 10 de julho de 2001, 6.766, de 19 de dezembro de 1979, 8.239, de 4 de outubro de 1991, e 9.394, de 20 de dezembro de 1996; e dá outras providências. LEI Nº 13.153, DE 30 DE JULHO DE 2015 ....................................................................................................316 Institui a Política Nacional de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca e seus instrumentos; prevê a criação da Comissão Nacional de Combate à Desertificação; e dá outras providências. LEI Nº 13.425, DE 30 DE MARÇO DE 2017 ....................................................................................................320 Estabelece diretrizes gerais sobre medidas de prevenção e combate a incêndio e a desastres em estabelecimentos, edificações e áreas de reunião de público; altera as Leis nos 8.078, de 11 de setembro de 1990, e 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil); e dá outras providências. DECRETO Nº 7.257, DE 4 DE AGOSTO DE 2010 ...........................................................................................323 Regulamenta a Medida Provisória nº 494 de 2 de julho de 2010, para dispor sobre o Sistema Nacional de Defesa Civil (Sindec), sobre o reconhecimento de situação de emergência e estado de calamidade pública, sobre as transferências de recursos para ações de socorro, assistência às vítimas, restabelecimento de serviços essenciais e reconstrução nas áreas atingidas por desastre, e dá outras providências. RESOLUÇÃO Nº 144, DE 10 DE JULHO DE 2012..........................................................................................329 Estabelece diretrizes para implementação da Política Nacional de Segurança de Barragens, aplicação de seus instru- mentos e atuação do Sistema Nacional de Informações sobre Segurança de Barragens, em atendimento ao art. 20 da Lei nº 12.334, de 20 de setembro de 2010, que alterou o art. 35 da Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997. LEGISLAÇÃO TEMÁTICA COMPLEMENTAR ������������������������������������������������������������������������������ 331 9 AMBIENTE URBANO AMBIENTE URBANO Roseli Senna Ganem1 Lívia de Souza Viana2 O Brasil é um dos países com maior índice de urbanização do mundo. De acordo com o censo do IBGE de 2010, 84% da população brasileira vive em área urbana. O número de pessoas nas nossas cidades aumentou em 23 milhões entre 2000 e 2010, ao passo que, nas áreas rurais, o acréscimo foi de apenas dois milhões. O incremento nas cidades decorre das migrações e do crescimento vegetativo nas próprias áreas urbanas (IBGE, 2011). A urbanização ocorre em todas as regiões do país. O grau de urbanização populacional é de 92,9% na região Sudeste, 88,8% na região Centro-Oeste, 84,9% na região Sul, 73,5% na região Norte e 73,1% na região Nordeste. Rio de Janeiro (96,7%), Distrito Federal (96,6%) e São Paulo (95,9%) são as unidades da federação com maiores graus de urbanização, enquanto Maranhão (63,1%), Piauí (65,8%) e Pará (68,5%) apresentam os menores valores (IBGE, 2011). O processo de urbanização constitui uma tendência mundial, tendo em vista que a vida na cidade proporciona mais facilidade de comunicação e de acesso a serviços públicos e a oportunidades de trabalho. No Brasil, esse processo resulta de profundas transformações econômicas ocorridas nas últimas décadas, em especial as mudanças do modelo de produção agrícola, da industrialização e das medidas de integração do território por meio da cons- trução de Brasília, da infraestrutura de transporte e, mais recentemente, das telecomunicações. A concentração cada vez maior da população brasileira em cidades tem ocorrido com custos sociais e ambientais muito altos. O crescimento urbano desordenado anda lado a lado com a concentração de renda, o mau uso do solo, a carência de empregos e de moradias e a redução da mobilidade urbana. A desordem urbana também resulta em injustiça social, violência e ilegalidade, tendo em vista que as populações carentes têm grandes dificuldades de acesso à cidade legal e aos serviços que ela proporciona. Em relação aos aspectos ecológicos, a implantação e a expansão do sítio urbano causam desmatamento, perda de biodiversidade, alteração da topografia, degradação do solo, aumento dos processos erosivos, alteração do regime de escoamento das águas, poluição hídrica e atmosférica. Impermeabili- zação do solo, ocupação do espaço aéreo, concentração de material particulado 1 Bióloga, mestre em ecologia, doutora em gestão ambiental pelo Centro de Desenvolvimento Ambiental, da Universi- dade de Brasília. Consultora legislativa da Câmara dos Deputados com atuação na área XI (meio ambiente e direito ambiental, organização territorial, desenvolvimento urbano e regional). Contato: roseli.ganem@camara.leg.br. 2 Engenheira Civil, mestranda em Poder Legislativo da Câmara dos Deputados. Consultora legislativa da Câmara dos Deputados com atuação na área XI (meio ambiente e direito ambiental, organização territorial, desenvol- vimento urbano e regional). Contato: livia.viana@camara.leg.br. 10 e outras formas de poluição alteram o clima urbano, pois modificam o sistema de circulação do ar e levam à formação de ilhas de calor. Comparando-se as áreas urbanas com as rurais, as primeiras têm radiação solar global cerca de 15% a 20% menor, temperatura média anual 0,5ºC a 1,0ºC maior, média anual de velocidade do vento 20% a 30% menor e incidência de calmarias 5% a 20% maior (LIMA; KRÜGER, 2004). O desmatamento e a ocupação de áreas de risco nos perímetros urbanos contribuem decisivamente para a frequência e a intensidade dos desastres natu- rais, principalmente enchentes e deslizamentos de encostas. Conservar áreas verdes e manter taxas mínimas de permeabilidade do solo urbano são medidas importantes para aumentar a resiliência das cidades, isto é, a capacidade de, após a ocorrência de eventos naturais extremos, o ambiente e as populações urbanas se recuperarem rapidamente e voltarem à normalidade. Aumentar essa capacidade é uma necessidade cada vez mais imperiosa para enfrentar os efeitos das mudanças globais do clima. O controle de tantos processos, com a redução dos impactos ecológicos e sociais e a garantia de bem-estar e segurança das populações, depende de muitos fatores, mas, primordialmente, de um bom planejamento do uso, do par- celamento e da ocupação do solo urbano e do estímulo à construção sustentável. Parâmetros urbanísticos, como taxa de ocupação, coeficiente de apro- veitamento, área dos lotes, taxa de permeabilidade, número de unidades/área, recuos frontais, entre outros, podem contribuir para reduzir os impactos adversos e adequar a distribuição de serviços e dos fatores de degradação ambiental no sítio urbano e em sua zona de influência. Um bom planejamento pode oferecer diretrizes para melhorar o conforto da população e aumentar a eficiência funcional de cada segmento da cidade (LIMA; KRÜGER, 2004). O estímulo à construção sustentável também contribui para a redução da poluição, a melhoria do microclima, a manutenção de áreas verdes e o aumento do conforto urbano. A construção sustentável envolve o emprego de tecnologias que impliquem economia de água, energia e materiais, tanto no processo construtivo, quanto no uso da edificação. Realizar o planejamento urbano, introduzir medidas de sustentabilidade nas construções e reverter a desordem que hoje domina as cidades brasileiras constitui um grande desafio para os municípios. De acordo com o art. 182, caput, da Constituição Federal, a política de desenvolvimento urbano é competência do poder público municipal e visa ao pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e à garantiado bem-estar de seus habitantes. A Carta Magna institui o plano diretor como o instrumento básico do planejamento urbano, incluída a expansão urbana (art. 182, § 1º).3 3 Cf. os artigos da Constituição Federal relativos ao meio ambiente em Legislação sobre meio ambiente: funda- mentos constitucionais e normas básicas. 11 AMBIENTE URBANO A Constituição, em seu art. 5º, XXII e XXIII, também garante o direito de propriedade, mas determina que ela deve cumprir sua função social. No caso da propriedade urbana, a função social é cumprida quando se atende às exigências fundamentais de ordenação expressas no plano diretor (art. 182, § 2º). Além disso, o art. 225 da Lei Maior institui o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, “bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida”, que deve ser preservado para as presentes e as futuras gerações. Portanto, no caso das áreas urbanas, os mandamentos constitucionais determinam que o poder público municipal promova o ordenamento do uso do solo, especialmente por meio do plano diretor, o qual define os parâmetros para que as propriedades e o conjunto da cidade atinjam suas funções sociais. Essas funções são alcançadas quando são garantidos o bem-estar dos habitantes e o meio ambiente ecologicamente equilibrado. A Constituição Federal, no art. 183, ainda dispõe sobre o usucapião em área urbana, determinando que quem possuir área de até 250 m2, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, poderá adquirir o domínio dessa área, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural. Os arts. 182 e 183 da Carta Magna são regulamentados pela Lei nº 10.257/2001, conhecida como Estatuto da Cidade. Essa lei e os dispositivos constitucionais que regulamenta foram fruto de longo processo de luta dos movimentos sociais em prol da reforma urbana. Esses movimentos visam reduzir a segregação social vigente nas cidades brasileiras, onde “os altos preços do solo urbanizado determinam a segregação populacional por estratos de renda e impõem ônus sociais inversamente proporcionais à capacidade de pagamento de quem os suporta” (BASSUL, 2002, p. 1). Os arts. 182 e 183 da Constituição resultaram de emenda popular apresentada à Assembleia Nacional Constituinte pelo Movimento Nacional pela Reforma Urbana (BASSUL, 2002). Ao regulamentar esses artigos, o Estatuto da Cidade institui diversos instrumentos destinados à democratização do espaço urbano. Entretanto, vai além, definindo dispositivos que inserem a sustentabilidade ambiental entre as diretrizes norteadoras da política urbana. Assim, o Estatuto determina que a política urbana deve garantir o direito a cidades sustentáveis, “entendido como o direito à terra urbana, à moradia, ao saneamento ambiental, à infraestrutura urbana, ao transporte e aos serviços públicos, ao trabalho e ao lazer, para as presentes e futuras gerações” (art. 2º, I). “O planejamento do desenvolvimento das cidades, da distribuição espacial da população e das atividades econômicas do município e do território sob sua área de influência” deve “evitar e corrigir as distorções do crescimento urbano e seus efeitos negativos sobre o meio ambiente” (art. 2º, IV). O ordenamento do uso do solo deve evitar a poluição e a degradação ambiental. Segundo a lei, 12 a política urbana deve prever a proteção, preservação e recuperação do meio ambiente natural e construído, do patrimônio cultural, histórico, artístico, pai- sagístico e arqueológico, bem como estimular a utilização de sistemas opera- cionais, padrões construtivos e aportes tecnológicos que objetivem a redução de impactos ambientais e a economia de recursos naturais nos parcelamentos do solo e nas edificações. Conforme alteração ao Estatuto da Cidade inserida pela Lei nº 12.608/2012, que dispõe sobre a Política Nacional de Proteção e Defesa Civil,4 o ordenamento urbano deve evitar ainda a exposição da população a risco de desastre. Essa recente alteração visa aumentar a resiliência das cidades aos eventos extremos. O Estatuto também foi alterado pela Lei nº 13.116/2015, para incluir, entre as diretrizes da política urbana, o tratamento prioritário às obras de edificação de infraestrutura de energia, telecomunicações, abastecimento de água e sanea- mento, com vistas a aprimorar o acesso a serviços públicos essenciais. Outras diretrizes do Estatuto da Cidade, como as relativas à gestão demo- crática por meio da participação popular na elaboração de planos e programas de desenvolvimento urbano, à prevenção ao uso inadequado dos imóveis, à proximidade entre usos incompatíveis do solo e à precaução contra polos gera- dores de tráfego, também são importantes para compatibilizar a política urbana com a conservação ambiental. Além das diretrizes gerais, o Estatuto da Cidade prevê diversos instru- mentos de política urbana. O plano diretor é o principal instrumento de orde- namento territorial do município e deve englobar todo o limite municipal, con- ferindo poderes e deveres ao governo local que extrapolam a gestão urbana e alcançam a gestão do meio ambiente natural. “A diretriz é plenamente justifi- cável, uma vez que é impossível planejar o desenvolvimento das áreas urbanas sem levar em consideração as implicações desse desenvolvimento para as áreas rurais, e vice-versa” (ARAÚJO, 2003, p. 10). A Constituição Federal obriga a sua elaboração aos municípios com mais de vinte mil habitantes, mas o Estatuto da Cidade estende essa obrigação às cidades integrantes de regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e de áreas de especial interesse turístico, bem como àquelas inseridas na área de influência de empreendimentos ou atividades com significativo impacto ambiental em nível regional ou nacional. A Lei nº 12.608/2012 incluiu alguns dispositivos no Estatuto da Cidade, tendo em vista a prevenção a desastres em áreas urbanas. Passou-se a exigir o plano diretor também das cidades incluídas no cadastro nacional de muni- cípios com áreas suscetíveis à ocorrência de deslizamentos de grande impacto, inundações bruscas ou processos geológicos ou hidrológicos correlatos, mas esse cadastro ainda não foi regulamentado nem instituído. Exige-se, ainda, o 4 Cf. a Lei nº 12.608/2012, disponível neste livro, no capítulo sobre gestão de desastres. 13 AMBIENTE URBANO mapeamento das áreas de risco baseado em cartas geotécnicas. Além disso, a lei alterou o Estatuto da Cidade para determinar que a ampliação do perímetro urbano seja precedida de projeto específico que inclua, entre outros aspectos, os trechos com restrições à urbanização e os sujeitos a controle especial em função de ameaça de desastres naturais, a previsão de áreas para habitação de interesse social e os instrumentos específicos para proteção ambiental. Essas medidas são importantes, pois muitos desastres poderão ser evitados com ações de gestão ambiental e fiscalização. O plano diretor deve ser revisto a cada dez anos. Os municípios com mais de vinte mil habitantes, bem como os integrantes de regiões metropolitanas e aglomerações urbanas, deveriam ter aprovado seus respectivos planos diretores até 30 de junho de 2008, e grande parte dos governos municipais cumpriu as suas obrigações nesse sentido. Os municípios com áreas suscetíveis à ocorrência de desastres e sem plano diretor teriam o prazo de cinco anos para o seu enca- minhamento para aprovação pela Câmara Municipal (contados a partir da data de aprovação da Lei nº 12.608/2012, que inseriu essa norma no Estatuto da Cidade). Note-se que tais prazos estão vencidos, mas esses dispositivos legais continuam em vigor. Deve-se destacar ainda que o Estatuto da Cidade promove a gestão democrática e a participação social no processo de planejamento urbano. O plano diretor não é um instrumento tecnocrático, pois deve ser objeto de con- sulta pública prévia e submetido à aprovação por lei municipal. Deve, ainda, ser concebido para espelhara resolução de eventuais conflitos entre os diferentes grupos de atores que afetam ou são afetados pela gestão urbana, e entre os limites ambientais à ocupação do território e as necessidades da população. Lamentavelmente, o grau de participação da sociedade civil no processo de elaboração dos planos diretores é baixo, em função da ausência de uma cul- tura de valorização das políticas públicas preventivas como estratégias para alcançar benefícios individuais e coletivos. Acrescentem-se a isso as dificuldades de acesso à informação e de compreensão do conteúdo técnico dos planos dire- tores pela população em geral. Por outro lado, a elaboração de plano diretor não assegura, por si só, a boa gestão do solo urbano e o controle da ocupação desordenada. Como todo instrumento, sua utilidade reside na efetiva implementação, o que significa investimento municipal em publicidade das normas, conscientização da popu- lação, fiscalização das áreas edificáveis e constante monitoramento dos resul- tados, a fim de aferir se os objetivos relacionados à boa gestão do solo urbano e ao controle da ocupação desordenada estão sendo atingidos. A implementação do plano também permite que eventuais dissonâncias entre o planejado e a realidade sejam resolvidas nas revisões. 14 Além do plano diretor, há outros instrumentos previstos no Estatuto da Cidade que podem auxiliar na gestão ambiental, dentre os quais se destacam o Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV), o direito de preempção, a outorga onerosa do direito de construir, a operação urbana consorciada, a transferência do direito de construir e o direito de superfície (ARAÚJO, 2003). O EIV deve contemplar os efeitos positivos e negativos de um empreendi- mento ou atividade quanto à qualidade de vida da população residente na área e suas proximidades. Os empreendimentos sujeitos ao EIV devem ser definidos em lei municipal. A análise deve abranger, entre outros aspectos, o adensamento populacional, o uso e a ocupação do solo, a valorização imobiliária, a geração de tráfego, a ventilação e a iluminação e a paisagem urbana. Todos esses aspectos têm implicação direta sobre a gestão ambiental da cidade, mas o Estatuto res- salta que a elaboração do EIV não substitui a elaboração e a aprovação de Estudo Prévio de Impacto Ambiental (EIA), instrumento de maior complexidade vin- culado ao licenciamento ambiental.5 O direito de preempção confere ao poder público municipal preferência para aquisição de imóvel urbano objeto de alienação onerosa entre particulares. As áreas a ele sujeitas e o prazo de vigência devem ser definidos em lei municipal. Entre outros objetivos, o instrumento destina-se à criação de espaços públicos de lazer, de áreas verdes, de unidades de conservação e de outras áreas de inte- resse ambiental e paisagístico. A outorga onerosa do direito de construir constitui a cobrança de con- trapartida a quem exerce o direito de construir acima do coeficiente de apro- veitamento básico6 adotado para determinada zona urbana. As áreas onde o instrumento pode ser aplicado devem ser definidas no plano diretor. Os recursos auferidos com a adoção da outorga onerosa do direito de construir e de alteração de uso devem ser aplicados nas mesmas finalidades previstas para o direito de preempção, aí incluídas a criação de áreas verdes, unidades de conservação etc. A operação urbana consorciada abrange o conjunto de intervenções e medidas coordenadas pelo poder público municipal, com a participação dos pro- prietários, moradores, usuários permanentes e investidores privados, que tem como objetivo alcançar, em certa área, transformações urbanísticas estruturais, melhorias sociais e a valorização ambiental. A área objeto da ação é delimitada por meio de lei municipal baseada no plano diretor. As intervenções podem visar, entre outras medidas: à modificação de índices e características de parcelamento, uso e ocupação do solo e subsolo e das normas edilícias, devendo-se considerar o impacto ambiental decorrente dessas mudanças; à concessão de incentivos ao 5 Cf. sobre EIA em Legislação sobre meio ambiente: fundamentos constitucionais e normas básicas. 6 Coeficiente de aproveitamento é o índice que, multiplicado pela área do lote em que é permitido construir, indica a superfície total construída no lote, computados todos os pavimentos da edificação. Deve ser combi- nado com a taxa de ocupação e o gabarito de altura máxima para a edificação. A taxa de ocupação indica a porcentagem da área do lote que a edificação poderá cobrir, em sua projeção horizontal. 15 AMBIENTE URBANO uso de tecnologias que possibilitem reduzir impactos ambientais e economizar recursos naturais. A aprovação da lei depende de elaboração prévia do EIV. Araújo (2003) destaca que, durante a tramitação do projeto que gerou a Lei nº 10.257/2001, surgiram preocupações variadas a respeito dos limites a serem impostos às operações urbanas consorciadas, temendo-se que o poder público municipal fosse cooptado para a implantação de operações que visassem a atender exclusivamente os interesses do setor empresarial. A exigência de lei municipal específica para cada operação teve o objetivo de evitar essa distorção. A transferência do direito de construir consiste na autorização, a proprie- tário de imóvel urbano, privado ou público, para exercer o direito de construir em outro local, ou aliená-lo. A autorização pode ser dada para, entre outros objetivos, a preservação de imóvel de interesse ambiental ou paisagístico e para programas de regularização fundiária, urbanização de áreas ocupadas por popu- lação de baixa renda e habitação de interesse social. O direito de superfície abrange o direito de utilizar o solo, o subsolo ou o espaço aéreo relativo ao terreno, na forma estabelecida em contrato, aten- dida a legislação urbanística. O proprietário urbano pode conceder o direito de superfície do seu terreno a outrem, por tempo determinado ou indeterminado, mediante escritura pública registrada no cartório de registro de imóveis. Segundo Araújo (2003), o direito de superfície visa flexibilizar a utilização dos terrenos urbanos e pode ter aplicação importante na regularização fundiária. No caso de áreas públicas, o direito de superfície para fins de moradia pode ser concedido diretamente à população beneficiária. No caso de áreas particulares, o proprietário pode conceder o direito de superfície para que o poder público promova a urbanização e a regularização. O instrumento pode gerar benefícios ambientais ao promover a ocupação mais racional do espaço urbano. O Estatuto da Cidade também prevê que lei municipal poderá determinar o parcelamento, a edificação ou a utilização compulsórios de solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado. Considera-se subutilizado o imóvel cujo aproveitamento seja inferior ao mínimo definido no plano diretor ou em legislação dele decorrente. A lei deve fixar as condições e os prazos para o cum- primento do parcelamento, a edificação ou a utilização compulsórios. Em caso de descumprimento dessas determinações, o município procederá à aplicação do Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU) progressivo no tempo, mediante a majoração da alíquota pelo prazo de cinco anos consecu- tivos. Caso a obrigação de parcelar, edificar ou utilizar não esteja atendida em cinco anos, o município manterá a cobrança pela alíquota máxima, até que se cumpra a referida obrigação. Conforme o Estatuto da Cidade, decorridos cinco anos de cobrança do IPTU progressivo sem que o proprietário tenha cumprido a obrigação de parcela- mento, edificação ou utilização, o município poderá proceder à desapropriação 16 do imóvel, com pagamento em títulos da dívida pública. Trata-se de desapro- priação-sanção com lógica similar à aplicada a imóveis rurais improdutivos para fins de reforma agrária. O parcelamento ou edificação compulsórios, o IPTU progressivo e a desa- propriação com pagamento mediante títulosda dívida pública estão previstos na Constituição Federal (art. 182, § 4º). Como esses instrumentos “objetivam con- trolar a retenção especulativa de imóveis urbanos, sua aplicação contribuirá para a redução do ritmo de espraiamento das manchas urbanas” (ARAÚJO, 2003, p. 6). A expansão desnecessária do território devido à retenção especulativa dos imóveis impacta o meio ambiente e força a ampliação dos serviços públicos. Essa expansão acarreta aumento das emissões de gases de efeito estufa e des- matamento. As cidades devem buscar a compactação, na medida da capacidade de suporte dos sistemas de saneamento, fornecimento de energia, transporte e demais serviços e infraestrutura (CAMPOS FILHO, 2012). O autor ressalta que, nas cidades brasileiras, está em curso o adensamento predatório das áreas com melhor infraestrutura, mas acima de sua capacidade de suporte. O resultado são os congestionamentos cada vez piores, a emissão de CO2 e poluentes, o estresse da população e prejuízos à saúde (CAMPOS FILHO, 2012). Por outro lado, é importante a conservação de espaços verdes na malha urbana, como parques públicos e áreas de preservação permanente (APP)7, tendo em vista manter a drenagem da água por meio do solo não impermeabi- lizado, conservar a biodiversidade, garantir boas condições microclimáticas e outros serviços ecossistêmicos. Além do Estatuto da Cidade, há outras duas normas urbanísticas muito importantes: a Lei nº 13.089/2015, que institui o Estatuto da Metrópole, e a Lei nº 6.766/1979, conhecida como Lei do Parcelamento Urbano. Deve-se mencionar, ainda, a Lei nº 12.651/2012 – a Lei Florestal; a Lei nº 11.977/2009, que dispõe sobre o Programa Minha Casa, Minha Vida; e a recente Lei nº 13.465/2017, que dispõe, entre outras questões, sobre a regularização fundiária rural e urbana. O Estatuto da Metrópole estabelece diretrizes gerais para planejamento e gestão de regiões metropolitanas e aglomerações urbanas. Entre outras deter- minações, afirma que a governança interfederativa das regiões metropolitanas e aglomerações urbanas deve buscar o desenvolvimento sustentável, incluin- do-se, entre os instrumentos do desenvolvimento integrado dessas regiões, a compensação por serviços ambientais prestados pelo município à unidade territorial urbana e o plano de desenvolvimento urbano integrado. Esse plano deve contemplar o macrozoneamento da unidade territorial urbana e a delimi- tação das áreas com restrições à urbanização, visando à proteção do patrimônio ambiental ou cultural, bem como das áreas sujeitas a controle especial pelo risco de desastres naturais. Importante mencionar que a elaboração do plano 7 Cf. sobre áreas de preservação permanente em Legislação sobre meio ambiente: biodiversidade. 17 AMBIENTE URBANO de desenvolvimento integrado não exime os municípios integrantes da região metropolitana de formularem seus respectivos planos diretores. Assim, o § 3º do art. 10 do Estatuto da Metrópole determina aos municípios que compatibilizem seus planos diretores ao plano de desenvolvimento urbano integrado de sua unidade territorial. O Estatuto da Metrópole fixou prazo de três anos para elaboração e aprovação do plano de desenvolvimento urbano integrado. O prazo começou a contar da entrada em vigor do Estatuto para as regiões metropolitanas ou aglomerações urbanas já existentes e, para as demais, seria contado a partir da instituição da unidade territorial. O governador (ou o agente público atuante na estrutura de governança interfederativa) que deixasse de tomar as provi- dências necessárias para elaboração e aprovação do plano no prazo estipulado incorreria em improbidade administrativa. Entretanto, em virtude da comple- xidade e abrangência temática desse plano, somadas às crônicas deficiências técnicas e financeiras de diversos estados e municípios, o prazo de três anos não foi suficiente para grande parte das regiões metropolitanas e aglomerações urbanas cumprirem as obrigações impostas pelo Estatuto da Metrópole. Esse fato motivou a revogação desse dispositivo pela Lei nº 13.683/2018, de forma que não há mais prazo definido para elaboração e aprovação do plano de desen- volvimento urbano integrado. A carência de implementação de instrumentos de governança metropo- litana e gestão urbana não atinge apenas tais planos. Pode-se citar, também, o Sistema Nacional de Desenvolvimento Urbano que, de acordo com o Estatuto da Metrópole, deveria contar com subsistema de planejamento e informações metropolitanas, reunindo dados estatísticos, cartográficos, ambientais, geoló- gicos e outros. O sistema não foi implantado e o art. 20, que o instituía, também foi revogado pela Lei nº 13.683/2018. Passou-se a determinar que a União pro- mova “a instituição de um sistema nacional de informações urbanas e metropo- litanas, observadas as diretrizes do plano plurianual, as metas e as prioridades fixadas pela leis orçamentárias anuais” (art. 16-A). No que se refere à Lei do Parcelamento do Solo Urbano, trata-se de norma- tivo que define os requisitos urbanísticos mínimos para os projetos de parcela- mento, os quais contribuem para o controle da ocupação do solo e da degra- dação do ambiente. Entre esses critérios, ela exige que as áreas destinadas a sistemas de circulação, a implantação de equipamento urbano e comunitário, bem como a espaços livres de uso público sejam proporcionais à densidade de ocupação prevista pelo plano diretor ou aprovada por lei municipal. A Lei nº 6.766/1979 também aponta os locais onde é vedado o parce- lamento, devido a restrições ambientais. Aí se incluem as áreas alagadiças e sujeitas a inundações, aterradas com material nocivo à saúde, com declivi- dade igual ou superior a 30%, onde as condições geológicas não aconselhem a 18 edificação, as áreas de preservação ecológica ou onde a poluição impeça con- dições sanitárias suportáveis. São ainda definidos os procedimentos gerais para aprovação dos pro- jetos de loteamento e de desmembramento do solo. Cabe à prefeitura municipal definir as diretrizes de uso do solo na área a ser parcelada. Para tanto, exige-se que o loteador apresente previamente a planta do imóvel contendo diversas informações, entre as quais as curvas de nível do terreno, a localização dos cursos d’água, bosques e construções existentes e a indicação das áreas livres. A prefeitura municipal disciplinará então a ocupação da área, indicando, entre outros aspectos, as faixas necessárias ao escoamento das águas pluviais e as não edificáveis. Aprovado o loteamento, o loteador não pode alterar a destinação dos espaços livres de uso comum, das vias e praças, das áreas destinadas a edifícios públicos e de outros equipamentos urbanos constantes do projeto e do memorial descritivo. Importante mencionar que, por meio da Lei nº 13.465/2017, a Lei nº 6.766/1979 foi modificada para incluir duas novas modalidades de lotea- mento, a saber: o condomínio de lotes e o loteamento de acesso controlado. Nos condomínios de lotes poderão ser instituídas limitações administrativas e direitos reais sobre coisa alheia em benefício do poder público, da população em geral e da proteção da paisagem urbana, tais como servidões de passagem, usufrutos e restrições à construção de muros. A já mencionada Lei nº 12.608/2012, que institui a Política Nacional de Proteção e Defesa Civil, alterou também a Lei nº 6.766/1979, a fim de exigir que, nos municípios cadastrados por terem áreas suscetíveis à ocorrência de desas- tres naturais, a aprovação do projeto de parcelamento fique vinculada ao aten- dimento dos requisitos constantes de carta geotécnica de aptidão à urbanização. Essa medida visa impedir a aprovação de parcelamento do solo em áreas de risco de desastre. Com isso, busca-se evitar o aumento do passivo ambiental acumulado nas cidades pela ocupação irregular de APP. As APPs são atualmente definidas pela Lei Florestal.8 APPs são áreas com a função de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidadegeológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas. A lei define como APP faixas de terra ao longo das margens dos corpos d’água e nascentes, encostas de alta declividade, bordas de tabuleiros e chapadas e outras áreas ecologicamente frágeis, onde a remoção da vegetação compromete a estabilidade dos ecossis- temas e a segurança da população.9 8 Cf. em Legislação brasileira sobre meio ambiente: biodiversidade. 9 Cf. sobre biodiversidade em Legislação brasileira sobre meio ambiente: biodiversidade. Cf. sobre gestão de de- sastres no capítulo dedicado ao tema neste livro. 19 AMBIENTE URBANO Como regra geral, as APPs das áreas urbanas e rurais têm o mesmo tamanho e a mesma localização em relação aos acidentes geográficos. Também não podem ser alteradas, ou seja, devem ser mantidas com sua vegetação intacta. A lei, entretanto, estabelece regras de exceção, entre as quais as atividades de utilidade pública,10 de interesse social11 ou de baixo impacto ambiental.12 A Lei nº 12.651/2012 estabelece ainda que pode ser autorizada a inter- venção ou a alteração de APP para execução de obras habitacionais e de urba- nização, inseridas em projetos de regularização fundiária de interesse social, em áreas urbanas consolidadas ocupadas por população de baixa renda. A autori- zação é dispensável no caso de obras de interesse da defesa civil destinadas à prevenção e mitigação de acidentes em áreas urbanas. Além das APPs, a Lei nº 12.651/2012, art. 3º, XX, define as áreas verdes urbanas, que abrangem os espaços, públicos ou privados, com predomínio de vegetação, preferencialmente nativa, natural ou recuperada, previstos no plano diretor, nas leis de zoneamento urbano e uso do solo do município, indisponíveis para construção de moradias, destinados aos propósitos de recreação, lazer, melhoria da qualidade ambiental urbana, proteção dos recursos hídricos, manu- tenção ou melhoria paisagística, proteção de bens e manifestações culturais. De acordo com a lei, para implantar as áreas verdes urbanas, o poder público municipal pode fazer uso do direito de preempção previsto no Estatuto da Cidade para aquisição de remanescentes florestais relevantes, e pode esta- belecer a exigência de áreas verdes nos loteamentos e empreendimentos comer- ciais. Pode, também, aplicar os recursos oriundos da compensação ambiental exigida na implantação de infraestrutura. A Lei Florestal prevê também a manutenção da vegetação nativa em parte da superfície dos imóveis rurais, a reserva legal. No caso de inserção do imóvel rural em perímetro urbano, mediante lei municipal, o proprietário ou posseiro deve manter a reserva legal até o registro do parcelamento urbano. A lei pos- sibilita que, nas expansões urbanas, o poder público municipal transforme as reservas legais em áreas verdes. 10 As atividades de utilidade pública incluem, entre outras: as destinadas à segurança nacional e à proteção sani- tária; as obras de infraestrutura destinadas às concessões e aos serviços públicos de transporte, sistema viário, incluindo aquele necessário aos parcelamentos de solo urbano aprovados pelos municípios, saneamento, ges- tão de resíduos, energia, telecomunicações, radiodifusão, instalações necessárias à realização de competições esportivas estaduais, nacionais ou internacionais; atividades e obras de defesa civil. 11 As atividades de interesse social incluem, entre outras: a implantação de infraestrutura pública destinada a esportes, lazer e atividades educacionais e culturais ao ar livre em áreas urbanas consolidadas; a regularização fundiária de assentamentos humanos ocupados predominantemente por população de baixa renda em áreas urbanas consolidadas; a implantação de instalações necessárias à captação e condução de água e de efluentes tratados. 12 As atividades de baixo impacto incluem, entre outras: pequenas vias de acesso interno e suas pontes e ponti- lhões; instalações necessárias à captação e condução de água e efluentes tratados; rampa de lançamento de barcos e pequeno ancoradouro; construção e manutenção de cercas na propriedade. 20 Finalmente, devem-se comentar as normas relativas ao Programa Minha Casa, Minha Vida (PMCMV) e à regularização urbana e sua interface com a conser- vação ambiental. O PMCMV foi instituído pela Lei nº 11.977/2009, que inclui pro- gramas específicos para áreas urbanas e rurais. Os beneficiários desse programa devem obedecer a critérios de enquadramento e priorização, para então partici- parem efetivamente dos procedimentos de seleção. A renda é um dos principais critérios de enquadramento, mas destacam-se, também, os casos de famílias residentes em áreas de risco ou insalubres ou que tenham sido desabrigadas. O Decreto nº 7.499/2011, que regulamenta o PMCMV, determina que os entes da federação que aderirem ao programa devem executar o trabalho técnico e social após a ocupação dos empreendimentos implantados, tendo em vista o desenvolvimento da população beneficiária, de forma a favorecer a sustentabilidade do empreendimento, por meio da mobilização e organização comunitária, educação sanitária e ambiental e geração de trabalho e renda. Um dos dois subprogramas do PMCMV,13 o Programa Nacional de Habi- tação Urbana (PNHU), abrange a produção ou aquisição de novas unidades habi- tacionais e a requalificação de imóveis urbanos. Para implantação de empreen- dimentos no âmbito do PNHU, devem ser observados alguns critérios, entre os quais a adequação ambiental, a previsão de infraestrutura básica, que inclua vias de acesso, iluminação pública e “solução de esgotamento sanitário e de drenagem de águas pluviais” e permita ligações domiciliares de abastecimento de água e energia elétrica (art. 5º-A). A Lei nº 11.977/2009 também tratava da regularização fundiária de assen- tamentos urbanos. Seus dispositivos relacionados à matéria foram, no entanto, revogados com o recente advento da Lei nº 13.465/2017, que instituiu as normas gerais e os procedimentos aplicáveis à Regularização Fundiária Urbana (Reurb). A Reurb abrange medidas jurídicas, urbanísticas, ambientais e sociais desti- nadas à incorporação dos núcleos urbanos informais ao ordenamento territorial urbano e à titulação de seus ocupantes. Importa mencionar que a Lei nº 13.465/2017 originou-se da Medida Pro- visória (MP) nº 759/2016. O Poder Executivo Federal, por ocasião do envio da MP ao Congresso Nacional, elaborou Cartilha de Esclarecimentos,14 na qual explicou que o grande objetivo da medida era simplificar e desburocratizar procedimentos que se mostravam ineficientes e insuficientes para atender as demandas de regularização fundiária urbana. Adicionalmente, explicou que a MP objetivava trazer também inovações, por meio do estabelecimento de novos institutos jurídicos e novos mecanismos, a fim de dar resposta rápida e segura às necessidades existentes no meio urbano informal. Assim, em relação às normas 13 O outro é o Programa Nacional de Habitação Rural (PNHR). 14 BRASIL. Medida Provisória nº 759, de 22 de dezembro de 2016. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 23 dez. 2016. 21 AMBIENTE URBANO anteriormente dispostas na Lei nº 11.977/2009 sobre regularização fundiária urbana, a Lei nº 13.465/2017 trouxe algumas modificações conceituais, alteração de alguns mecanismos e instrumentos e modificações no processo de regula- rização fundiária. Os conceitos relacionados a núcleo urbano informal, por exemplo, foram ampliados e flexibilizados, incorporando situações que antes não eram abran- gidas pelas regras de regularização fundiária. O conceito de “ocupação conso- lidada” também foi ampliado e passou a ser definido de forma mais subjetiva, com menos parâmetros técnicos. Consoante as regras vigentes, pode ser consi- derado núcleo urbano informal consolidado aquele de difícil reversão, de acordo com as circunstâncias e critériosavaliados pelo município. Ainda no que se refere à modificação de conceitos, a Lei nº 13.465/2017 definiu duas modalidades de regularização fundiária, quais sejam, a Regulari- zação Fundiária de Interesse Social (Reurb-S) e a Regularização Fundiária de Interesse Específico (Reurb-E). A Reurb-S é aplicável aos núcleos urbanos infor- mais ocupados predominantemente por população de baixa renda. A Reurb-E é aplicada nos demais casos. A Reurb-S se diferencia da Reurb-E, essencialmente, pela sua gratuidade. Na Reurb-E, os interessados deverão arcar com as custas e os emolumentos da regularização. A nova norma ampliou o rol de legitimados para requerer a regularização e criou o instrumento da legitimação fundiária. Esta constitui forma originária de aquisição de direito real de propriedade conferido por ato do Poder Público, exclu- sivamente no âmbito da Reurb, àquele que detiver em área pública ou possuir em área privada, como sua, unidade imobiliária com destinação urbana, integrante de núcleo urbano informal consolidado existente em 22 de dezembro de 2016. Ademais, foram ampliadas as possibilidades de regularização fundiária urbana em APP. Anteriormente à Lei nº 13.465/2017, era exigido, para a regulari- zação fundiária de interesse social, que a ocupação tivesse sido implantada até 31 de dezembro de 2007. Já para a regularização fundiária de interesse especí- fico, nenhum marco temporal era fixado como critério. Com a nova legislação, há possibilidade de regularização fundiária de interesse social e de interesse específico para núcleos urbanos informais inseridos em APP implantados até 22 de dezembro de 2016 (data de publicação da MP 759/2016). Assim, a Lei Florestal também foi modificada pela Lei nº 13.465/2017. A regularização fundiária de interesse social (Reurb-S) e de interesse específico (Reurb-E) dos núcleos urbanos informais que ocupam APPs depende de apro- vação de projeto de regularização fundiária, na forma da lei específica. O projeto deverá incluir estudo técnico que demonstre a melhoria das condições ambien- tais em relação à situação anterior. O § 2º do art. 64 e o § 1º do art. 65 da Lei Florestal trazem, respectivamente, os elementos mínimos que deverão compor o estudo técnico do projeto da Reurb-S e da Reurb-E. Vale sublinhar, ainda, que 22 a Lei nº 12.651/2012 apenas admite a Reurb-E para aqueles núcleos urbanos informais localizados em APPs que não sejam identificadas como áreas de risco. Essa restrição não foi fixada para a Reurb-S. Foi exigido, no entanto, que o res- pectivo estudo técnico contenha proposição de intervenções para a prevenção e o controle de riscos geotécnicos e de inundações. A Lei nº 13.465/2017 manteve vigentes as normas que impõem articulação entre a regularização fundiária e as políticas setoriais de habitação, de meio ambiente, de saneamento básico e de mobilidade urbana. No caso de população de baixa renda, deve-se priorizar sua permanência na área ocupada, assegurados o nível adequado de habitabilidade e a melhoria das condições de sustentabili- dade urbanística, social e ambiental. O projeto de regularização fundiária deve possuir elementos mínimos, entre os quais: estudo preliminar das desconformidades e da situação jurídica urbanística e ambiental; proposta de soluções para questões ambientais; estudo técnico para situação de risco e estudo técnico ambiental para os fins previstos em lei. A aprovação municipal da Reurb corresponde à aprovação urbanística do projeto de regularização fundiária, bem como à aprovação ambiental, se o muni- cípio tiver órgão ambiental capacitado. A Certidão de Regularização Fundiária (CRF) é o ato administrativo de aprovação da Reurb e deverá ser acompanhado do projeto aprovado. Normas regulamentares aplicáveis à Reurb foram instituídas pelo Decreto nº 9.310/2018. O decreto detalha procedimentos de demarcação urbanística, legitimação fundiária, legitimação da posse e da Reurb. Também dispõe sobre direito real de laje, condomínios de lotes, conjuntos habitacionais, condo- mínio urbano simples, arrecadação de imóveis abandonados, loteamento e desmembramento. Finalmente, observa-se que a Lei nº 13.465/2017 trouxe novas flexibiliza- ções às regras de regularização fundiária, tornando possível a legitimação e a permanência de situações que deveriam ter sido evitadas pelo poder público ou, após a sua instalação, deveriam ter sido saneadas, por meio da reversão da área ao status quo ante. O que se verifica, no entanto, é a persistência da lógica segundo a qual a inércia do poder público permite a ocorrência e per- manência de ocupações irregulares, prejudiciais ao planejamento urbano e ao meio ambiente, que terminam por se tornar de difícil reversão, levando o poder público a adotar soluções mais simples e populares, tal como a regularização. Por evidente, não se pode deixar de reconhecer que a regularização envolve diversas questões complexas, como o déficit habitacional e a baixa renda, que atingem parcela significativa da população e a impede de adquirir, de forma regular, sua moradia. No entanto, a simples flexibilização de regras e a regularização de situações irregulares devem ser vistas com a máxima cautela. Essas medidas tendem a sinalizar à sociedade que é vantajoso ocupar de forma 23 AMBIENTE URBANO irregular o espaço urbano, haja vista a grande chance de regularização no futuro. São medidas, portanto, que tendem a incentivar o crescimento desordenado das cidades, a poluição, a deterioração do meio ambiente e a ocupação de áreas de risco. O caminho mais seguro é o efetivo enfrentamento dos desafios, com medidas urgentes de fortalecimento dos órgãos municipais com competências ambientais e urbanísticas. Além disso, é preciso integrar as políticas urbanística e habitacional à gestão ambiental. O planejamento e a gestão do solo urbano devem levar em consideração a gestão da bacia hidrográfica, o controle do des- matamento e as políticas de saneamento básico. Por fim, a população precisa ser capacitada para bem utilizar os meca- nismos de participação social no processo de planejamento previsto nas leis. Cidades são ambientes altamente complexos e estão sujeitas a múltiplos inte- resses conflitantes. O debate democrático, preconizado no Estatuto da Cidade para o planejamento urbano, continua sendo o melhor caminho para a nego- ciação em torno desses conflitos. Referências ARAÚJO, Suely Mara Vaz. O Estatuto da Cidade e a questão ambiental. 2003. Disponível em: <http://www2.camara.leg.br/a-camara/documentos-e-pesquisa/estudos-e-notas- tecnicas/arquivos-pdf/pdf/304366.pdf>. Acesso em: 3 out. 2012. BASSUL, José Roberto. Reforma urbana e Estatuto da Cidade. EURE, Santiago, v. 28, n. 84, p. 1-8, set. 2002. CAMPOS FILHO, Cândido Malta. [Palestra] In: BRASIL. Câmara dos Deputados. Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável/Subcomissão Rio+20. Ciclo de palestras e debates para a Rio+20 em busca de uma economia sustentável: meio ambiente urbano. Brasília: Câmara dos Deputados, 2012. CARMONA, Paulo Afonso Cavichioli. Curso de Direito Urbanístico. Bahia: Editora Jus Podivm, 2015. IBGE. Primeiros resultados definitivos do Censo 2010: população do Brasil é de 190.755.799 pessoas. 2011. Disponível em: <https://censo2010.ibge.gov.br/noticias- censo.html?busca=1&id=3&idnoticia=1866&t=primeiros-resultados-definitivos-censo- 2010-populacao-brasil-190-755-799-pessoas>. Acesso em: 3 out. 2012. LIMA, Paulo Rolando de; KRÜGER, Eduardo L. Políticas públicas e desenvolvimento urbano sustentável. Desenvolvimento e Meio Ambiente, v. 9, p. 1-22, 2004. 24 LEI Nº 6�766, DE 19 DE DEZEMBRO DE 1979 (LEI DO PARCELAMENTO DO SOLO URBANO) (Publicado no DOU de 17/6/2011) Dispõe sobre o parcelamento do solo urbano e dá outras providências. O presidente da República, Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Art. 1º O parcelamento do solo para fins urbanos será regido por esta Lei. Parágrafo único. Os Estados, oDistrito Federal e os Municípios poderão estabelecer normas com- plementares relativas ao parcelamento do solo municipal para adequar o previsto nesta Lei às peculiaridades regionais e locais. CAPÍTULO I DISPOSIÇÕES PRELIMINARES Art. 2º O parcelamento do solo urbano poderá ser feito mediante loteamento ou desmembramento, observadas as disposições desta Lei e as das legis- lações estaduais e municipais pertinentes. § 1º Considera-se loteamento a subdivisão de gleba em lotes destinados a edificação, com aber- tura de novas vias de circulação, de logradouros públicos ou prolongamento, modificação ou am- pliação das vias existentes. § 2º Considera-se desmembramento a subdi- visão de gleba em lotes destinados a edificação, com aproveitamento do sistema viário existente, desde que não implique na abertura de novas vias e logradouros públicos, nem no prolongamento, modificação ou ampliação dos já existentes. § 3º (Vetado na Lei nº 9.785, de 29/1/1999) § 4º Considera-se lote o terreno servido de in- fraestrutura básica cujas dimensões atendam aos índices urbanísticos definidos pelo plano diretor ou lei municipal para a zona em que se situe. (Pa- rágrafo acrescido pela Lei nº 9.785, de 29/1/1999) § 5º A infraestrutura básica dos parcelamentos é constituída pelos equipamentos urbanos de escoamento das águas pluviais, iluminação pú- blica, esgotamento sanitário, abastecimento de água potável, energia elétrica pública e domici- liar e vias de circulação. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 9.785, de 29/1/1999, e com nova redação dada pela Lei nº 11.445, de 5/1/2007) § 6º A infraestrutura básica dos parcelamentos situados nas zonas habitacionais declaradas por lei como de interesse social (ZHIS) consistirá, no mínimo, de: (Parágrafo acrescido pela Lei nº 9.785, de 29/1/1999) I – vias de circulação; II – escoamento das águas pluviais; III – rede para o abastecimento de água potá- vel; e IV – soluções para o esgotamento sanitário e para a energia elétrica domiciliar. § 7º O lote poderá ser constituído sob a forma de imóvel autônomo ou de unidade imobiliária in- tegrante de condomínio de lotes. (Parágrafo acres- cido pela Lei nº 13.465, de 11/7/2017) § 8º Constitui loteamento de acesso controlado a modalidade de loteamento, definida nos termos do § 1º deste artigo, cujo controle de acesso será regulamentado por ato do poder público Muni- cipal, sendo vedado o impedimento de acesso a pedestres ou a condutores de veículos, não resi- dentes, devidamente identificados ou cadastra- dos. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 13.465, de 11/7/2017) Art. 3º Somente será admitido o parcelamento do solo para fins urbanos em zonas urbanas, de expansão urbana ou de urbanização específica, assim definidas pelo plano diretor ou aprovadas por lei municipal. (Caput do artigo com redação dada pela Lei nº 9.785, de 29/1/1999) Parágrafo único. Não será permitido o parcela- mento do solo: I – em terrenos alagadiços e sujeitos a inunda- ções, antes de tomadas as providências para as- segurar o escoamento das águas; II – em terrenos que tenham sido aterrados com material nocivo à saúde pública, sem que sejam previamente saneados; III – em terrenos com declividade igual ou supe- rior a 30% (trinta por cento), salvo se atendidas exi- gências específicas das autoridades competentes; IV – em terrenos onde as condições geológicas não aconselham a edificação; V – em áreas de preservação ecológica ou na- quelas onde a poluição impeça condições sanitá- rias suportáveis, até a sua correção. CAPÍTULO II DOS REQUISITOS URBANÍSTICOS PARA LOTEAMENTO Art. 4º Os loteamentos deverão atender, pelo menos, aos seguintes requisitos: I – as áreas destinadas a sistemas de circulação, a implantação de equipamento urbano e comuni- 25 LEI Nº 6.766, DE 19 DE DEZEMBRO DE 1979 tário, bem como a espaços livres de uso público, serão proporcionais à densidade de ocupação prevista pelo plano diretor ou aprovada por lei municipal para a zona em que se situem. (Inciso com redação dada pela Lei nº 9.785, de 29/1/1999) II – os lotes terão área mínima de 125 m² (cento e vinte e cinco metros quadrados) e frente mí- nima de 5 (cinco) metros, salvo quando a legis- lação estadual ou municipal determinar maiores exigências, ou quando o loteamento se destinar a urbanização específica ou edificação de conjun- tos habitacionais de interesse social, previamente aprovados pelos órgãos públicos competentes; III – ao longo das águas correntes e dormentes e das faixas de domínio público das rodovias e ferrovias, será obrigatória a reserva de uma faixa não-edificável de 15 (quinze) metros de cada lado, salvo maiores exigências da legislação específica; (Inciso com redação dada pela Lei nº 10.932, de 3/8/2004) IV – as vias de loteamento deverão articular-se com as vias adjacentes oficiais, existentes ou pro- jetadas, e harmonizar-se com a topografia local. § 1º A legislação municipal definirá, para cada zona em que se divida o território do Município, os usos permitidos e os índices urbanísticos de parce- lamento e ocupação do solo, que incluirão, obriga- toriamente, as áreas mínimas e máximas de lotes e os coeficientes máximos de aproveitamento. (Pa- rágrafo com redação dada pela Lei nº 9.785, de 29/1/1999) § 2º Consideram-se comunitários os equipa- mentos públicos de educação, cultura, saúde, lazer e similares. § 3º Se necessária, a reserva de faixa não-edi- ficável vinculada a dutovias será exigida no âm- bito do respectivo licenciamento ambiental, ob- servados critérios e parâmetros que garantam a segurança da população e a proteção do meio am- biente, conforme estabelecido nas normas técni- cas pertinentes. (Parágrafo acrescido com redação dada pela Lei nº 10.932, de 3/8/2004) § 4º No caso de lotes integrantes de condomínio de lotes, poderão ser instituídas limitações admi- nistrativas e direitos reais sobre coisa alheia em be- nefício do poder público, da população em geral e da proteção da paisagem urbana, tais como servi- dões de passagem, usufrutos e restrições à cons- trução de muros. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 13.465, de 11/7/2017) Art. 5º O Poder Público competente poderá com- plementarmente exigir, em cada loteamento, a reserva de faixa non aedificandi destinada a equi- pamentos urbanos. Parágrafo único. Consideram-se urbanos os equi- pamentos públicos de abastecimento de água, ser- viços de esgotos, energia elétrica, coletas de águas pluviais, rede telefônica e gás canalizado. CAPÍTULO III DO PROJETO DE LOTEAMENTO Art. 6º Antes da elaboração do projeto de lotea- mento, o interessado deverá solicitar à Prefeitura Municipal, ou ao Distrito Federal quando for o caso, que defina as diretrizes para o uso do solo, traçado dos lotes, do sistema viário, dos espaços livres e das áreas reservadas para equipamento urbano e comunitário, apresentando, para este fim, requeri- mento e planta do imóvel contendo, pelo menos: I – as divisas da gleba a ser loteada; II – as curvas de nível à distância adequada, quando exigidas por lei estadual ou municipal; III – a localização dos cursos d’água, bosques e construções existentes; IV – a indicação dos arruamentos contíguos a todo o perímetro, a localização das vias de comu- nicação, das áreas livres, dos equipamentos ur- banos e comunitários existentes no local ou em suas adjacências, com as respectivas distâncias da área a ser loteada; V – o tipo de uso predominante a que o lotea- mento se destina; VI – as características, dimensões e localização das zonas de uso contíguas. Art. 7º A Prefeitura Municipal, ou o Distrito Federal quando for o caso, indicará, nas plantas apresenta- das junto com o requerimento, de acordo com as diretrizes de planejamento estadual e municipal: I – as ruas ou estradas existentes ou projetada, que compõem o sistema viário da cidade e do município, relacionadas com o loteamento pre- tendido e a serem respeitadas; II – o traçado básico do sistema viário principal; III – a localizaçãoaproximada dos terrenos des- tinados a equipamento urbano e comunitário e das áreas livres de uso público; IV – as faixas sanitárias do terreno necessárias ao escoamento das águas pluviais e as faixas não edificáveis; V – a zona ou zonas de uso predominante da área, com indicação dos usos compatíveis. 26 Parágrafo único. As diretrizes expedidas vigora- rão pelo prazo máximo de quatro anos. (Parágrafo único com redação dada pela Lei nº 9.785, de 29/1/1999) Art. 8º Os Municípios com menos de cinquenta mil habitantes e aqueles cujo plano diretor conti- ver diretrizes de urbanização para a zona em que se situe o parcelamento poderão dispensar, por lei, a fase de fixação de diretrizes previstas nos arts. 6º e 7º desta Lei. (Artigo com redação dada pela Lei nº 9.785, de 29/1/1999) Art. 9º Orientado pelo traçado e diretrizes oficiais, quando houver, o projeto, contendo desenhos, memorial descritivo e cronograma de execução das obras com duração máxima de quatro anos, será apresentado à Prefeitura Municipal, ou ao Distrito Federal, quando for o caso, acompanhado de certidão atualizada da matrícula da gleba, ex- pedida pelo Cartório de Registro de Imóveis com- petente, de certidão negativa de tributos muni- cipais e do competente instrumento de garantia, ressalvado o disposto no § 4º do art. 18. (Caput do artigo com redação dada pela Lei nº 9.785, de 29/1/1999) § 1º Os desenhos conterão pelo menos: I – a subdivisão das quadras em lotes, com as respectivas dimensões e numeração; II – o sistema de vias com a respectiva hierarquia; III – as dimensões lineares e angulares do pro- jeto, com raios, cordas, arcos, pontos de tangência e ângulos centrais das vias; IV – os perfis longitudinais e transversais de todas as vias de circulação e praças; V – a indicação dos marcos de alinhamento e ni- velamento localizados nos ângulos de curvas e vias projetadas; VI – a indicação em planta e perfis de todas as linhas de escoamento das águas pluviais. § 2º O memorial descritivo deverá conter, obri- gatoriamente, pelo menos: I – a descrição sucinta do loteamento, com as suas características e a fixação da zona ou zonas de uso predominante; II – as condições urbanísticas do loteamento e as limitações que incidem sobre os lotes e suas construções, além daquelas constantes das dire- trizes fixadas; III – a indicação das áreas públicas que passa- rão ao domínio do município no ato de registro do loteamento; IV – a enumeração dos equipamentos urbanos, comunitários e dos serviços públicos ou de utili- dade pública, já existentes no loteamento e ad- jacências. § 3º Caso se constate, a qualquer tempo, que a certidão da matrícula apresentada como atual não tem mais correspondência com os registros e averbações cartorárias do tempo da sua apresen- tação, além das consequências penais cabíveis, serão consideradas insubsistentes tanto as dire- trizes expedidas anteriormente, quanto as apro- vações consequentes. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 9.785, de 29/1/1999) CAPÍTULO IV DO PROJETO DE DESMEMBRAMENTO Art. 10. Para a aprovação de projeto de desmem- bramento, o interessado apresentará requeri- mento à Prefeitura Municipal, ou ao Distrito Fe- deral quando for o caso, acompanhado de certidão atualizada da matrícula da gleba, expedida pelo Cartório de Registro de Imóveis competente, res- salvado o disposto no § 4º do art. 18, e de planta do imóvel a ser desmembrado contendo: (Caput do artigo com redação dada pela Lei nº 9.785, de 29/1/1999) I – a indicação das vias existentes e dos lotea- mentos próximos; II – a indicação do tipo de uso predominante no local; III – a indicação da divisão de lotes pretendida na área. Art. 11. Aplicam-se ao desmembramento, no que couber, as disposições urbanísticas vigentes para as regiões em que se situem ou, na ausência des- tas, as disposições urbanísticas para os loteamen- tos. (Caput do artigo com redação dada pela Lei nº 9.785, de 29/1/1999) Parágrafo único. O Município, ou o Distrito Fe- deral quando for o caso, fixará os requisitos exi- gíveis para a aprovação de desmembramento de lotes decorrentes de loteamento cuja destinação da área pública tenha sido inferior à mínima pre- vista no § 1º do art. 4º desta Lei. CAPÍTULO V DA APROVAÇÃO DO PROJETO DE LOTEAMENTO E DESMEMBRAMENTO Art. 12. O projeto de loteamento e desmembra- mento deverá ser aprovado pela Prefeitura Muni- cipal, ou pelo Distrito Federal quando for o caso, a quem compete também a fixação das diretrizes a que aludem os arts. 6º e 7º desta Lei, salvo a ex- ceção prevista no artigo seguinte. 27 LEI Nº 6.766, DE 19 DE DEZEMBRO DE 1979 § 1º O projeto aprovado deverá ser executado no prazo constante do cronograma de execução, sob pena de caducidade da aprovação. (Parágrafo único acrescido pela Lei nº 9.785, de 29/1/1999, transformado em § 1º e com redação dada pela Medida Provisória nº 547, de 11/10/2011, convertida na Lei nº 12.608, de 10/4/2012) § 2º Nos Municípios inseridos no cadastro na- cional de municípios com áreas suscetíveis à ocorrência de deslizamentos de grande impacto, inundações bruscas ou processos geológicos ou hidrológicos correlatos, a aprovação do projeto de que trata o caput ficará vinculada ao atendi- mento dos requisitos constantes da carta geotéc- nica de aptidão à urbanização. (Parágrafo acrescido pela Medida Provisória nº 547, de 11/10/2011, e com reda- ção dada pela Lei nº 12.608, de 10/4/2012, publicada no DOU de 11/4/2012, em vigor dois anos após a publicação) § 3º É vedada a aprovação de projeto de lotea- mento e desmembramento em áreas de risco de- finidas como não edificáveis, no plano diretor ou em legislação dele derivada. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 12.608, de 10/4/2012) Art. 13. Aos Estados caberá disciplinar a aprova- ção pelos Municípios de loteamentos e desmem- bramentos nas seguintes condições: (Caput do artigo com redação dada pela Lei nº 9.785, de 29/1/1999) I – quando localizados em áreas de interesse es- pecial, tais como as de proteção aos mananciais ou ao patrimônio cultural, histórico, paisagístico e arqueológico, assim definidas por legislação es- tadual ou federal; II – quando o loteamento ou desmembramento localizar-se em área limítrofe do município, ou que pertença a mais de um município, nas regiões metropolitanas ou em aglomerações urbanas, de- finidas em lei estadual ou federal; III – quando o loteamento abranger área supe- rior a 1.000.000 m². Parágrafo único. No caso de loteamento ou des- membramento localizado em área de município integrante de região metropolitana, o exame e a anuência prévia à aprovação do projeto caberão à autoridade metropolitana. Art. 14. Os Estados definirão, por decreto, as áreas de proteção especial, previstas no inciso I do artigo anterior. Art. 15. Os Estados estabelecerão, por decreto, as normas a que deverão submeter-se os projetos de loteamento e desmembramento nas áreas previs- tas no art. 13, observadas as disposições desta Lei. Parágrafo único. Na regulamentação das nor- mas previstas neste artigo, o Estado procurará atender às exigências urbanísticas do planeja- mento municipal. Art. 16. A lei municipal definirá os prazos para que um projeto de parcelamento apresentado seja aprovado ou rejeitado e para que as obras executadas sejam aceitas ou recusadas. (Caput do artigo com redação dada pela Lei nº 9.785, de 29/1/1999) § 1º Transcorridos os prazos sem a manifestação do Poder Público, o projeto será considerado rejei- tado ou as obras recusadas, assegurada a indeni- zação por eventuais danos derivados da omissão. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 9.785, de 29/1/1999) § 2º Nos Municípios cuja legislação for omissa, os prazos serão de noventa dias para a aprovação ou rejeição e de sessenta dias para a aceitação ou recusa fundamentada das obras de urbanização. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 9.785, de 29/1/1999) Art. 17. Os espaços livres de uso comum, as vias e praças, as áreas destinadas a edifícios públicos
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