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ELETRÔNICA DE POTÊNCIA I Vinícius Novicki Obadowski TRIACs e DIACs Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Caracterizar a simbologia e as curvas dos TRIACs e DIACs. Analisar as características reais dos TRIACs e DIACs. Analisar circuitos de comando e acionamento com TRIACs e DIACs. Introdução Os diodos possuem várias aplicações em projetos de circuitos elétricos, servindo como um meio de garantir que a corrente flua em um único sentido e como um caminho alternativo para a interrupção abrupta de uma carga fortemente indutiva ou até mesmo como um elemento de chaveamento, garantindo que somente em certas condições ocorra a circulação da corrente. Contudo, caso se deseje que um diodo funcione com uma corrente em ambos os sentidos, necessita-se de uma topologia mais complexa para construção do circuito. Como alternativa a essa limitação, existem os Triodes for Alternating Current (TRIACs) e os Diodes for Alternating Current (DIACs): o primeiro funciona de maneira similar a um Silicon Controlled Rectifier (SCR), enquanto o segundo funciona de forma análoga a um diodo, mas os dois permitem a condução em ambos os sentidos. Para entender melhor as aplicações nas quais esses dois componentes podem ser empregados e como funcionam, neste capítulo, você verá como caracterizar a simbologia e as curvas dos TRIACs e DIACs. Além disso, aprenderá a analisar as características reais de ambos os circuitos de comando e acionamento com esses dois dispositivos. Simbologia, curva e características O primeiro passo para que você inicie seus estudos em Triode for Alternating Current (TRIAC) e Diode for Alternating Current (DIAC) é reconhecer a simbologia padrão empregada para ambos os componentes, pois, ao trabalhar em muitos projetos, a nomenclatura desses dispositivos eletrônicos não é feita de forma explícita nos diagramas elétricos — normalmente, você verá o símbolo acompanhado do modelo do componente. Para ilustrar, na Figura 1, você verá a simbologia para o TRIAC e o DIAC e, na Figura 2, um exemplo de um circuito com um TRIAC do tipo CPQ150. Figura 1. (a) TRIAC; (b) DIAC. Fonte: Hart (2012, p. 8). Figura 2. CPQ150 (TRIAC) acionado por uma chave manual. Com base na Figura 2, fica um pouco mais clara a importância de reconhecer a simbologia, pois, em circuitos de aplicações — dimmers, controladores de velocidade, dentre tantos outros —, você verá menções à especificação do TRIACs e DIACs2 componente. Isso significa também que você deve saber encontrar esse tipo de informação junto aos fabricantes de componentes. Todo e qualquer projeto, não importa em que área, depende de informações confiáveis e adequadas de seus fornecedores. Lembre-se de manter consigo dados (características, fabricante, data de aquisição) de todos os projetos com os quais irá trabalhar. Isso pode lhe poupar muito tempo em projetos futuros, especialmente na área de eletrônica de potência, cujos projetos podem empregar, às vezes, dezenas de dispositivos diferentes. Observando a simbologia do DIAC, perceba que, na realidade, ele é uma composição de dois diodos em antiparalelo que representa de forma precisa o comportamento desse componente. Se pensar na curva característica de um diodo, você perceberá que, para uma tensão anodo-catodo positiva, ele permite a condução de corrente no mesmo sentido. Se você considerar dois diodos em antiparalelo, cada vez que ocorrer a inversão da tensão, o diodo que está conduzindo irá parar e o outro iniciará a condução. Essa característica é percebida na curva do DIAC, que, independentemente de como for polarizado, permitirá a condução de corrente. Por outro lado, o TRIAC remete à estrutura do SCR, que, somente após receber uma corrente no gatilho, permite a condução de corrente pelo dispo- sitivo. O TRIAC necessita também dessa corrente para iniciar a condução, com a diferença de que permite conduzir em ambos os sentidos. Você pode imaginar que, assim como o DIAC está para o diodo comum, o TRIAC está para o SCR. Os dois conduzem em ambos sentidos: o primeiro depende apenas de que a polarização ocorra e o segundo requer que uma corrente no gatilho seja fornecida além da polarização adequada. Para saber mais detalhes acerca da curva do SCR, consulte o livro Eletrônica de Potência análise e projetos de circuitos, de Hart (2012). 3TRIACs e DIACs As Figuras 3 e 4 apresentam as curvas características para TRIACs e DIACs de forma genérica. Nelas, você perceberá quais elementos são mais ou menos importantes para cada um dos componentes. Figura 3. Curva característica do TRIAC para diferentes cor- rentes de disparo IG. Fonte: Silva (2019, p. 94). Figura 4. Curva característica do DIAC. Fonte: Silva (2019, p. 106). Perceba como a questão da corrente do gatilho é notável em ambos os dispositivos: no TRIAC, ele faz com que o dispositivo dispare assim que TRIACs e DIACs4 ultrapassa um valor mínimo de tensão, enquanto no DIAC isso somente ocorre após a tensão sobre seus terminais ultrapassar o valor de barreira VD. Aqui é importante destacar que, similar ao SCR, o TRIAC possui uma tensão de quebra VBO que representa o momento no qual a tensão de polarização (direta ou reversa) ultrapassa um valor no qual acontece indesejadamente o disparo do tiristor. Você deve ficar muito atento a esse valor em seus projetos, pois, na ocorrência de um surto de tensão com duração longa o suficiente (varia de fabricante para fabricante), o TRIAC entrará em condução e pode ocasionar na destruição de seu projeto. Além da tensão VBO, um TRIAC pode disparar: em função de uma variação muito elevada de tensão sobre seus terminais (disparo por dV/dt), devido à elevação repentina de temperatura ou até mesmo em função da má conservação do componente (excesso de umidade ou exposição inadvertida à radiação ionizante) (SEGUNDO; RODRIGUES, 2015). Aplicações O uso de TRIACs e DIACs em algum circuito elétrico em geral é destinado ao acionamento de alguma carga, para os primeiros, ou como elemento de auxílio no disparo, no caso dos últimos. Você deve ter em mente que, embora tenham comportamentos similares, as aplicações de cada um são bem distintas. Você perceberá circuitos que fazem o controle de potência sobre uma carga empregando TRIAC e DIAC em que o tríodo será empregado como elemento de regulação e o DIAC como meio de acionar o TRIAC no momento adequado. Para que fique mais claro este ponto, analise o circuito da Figura 5. Figura 5. Circuito de controle de potência. Fonte: Silva (2019, p. 107). 5TRIACs e DIACs Para compreender perfeitamente o que o circuito da Figura 5 faz, você deve analisar cada um dos componentes individualmente. Primeiramente, o objetivo do circuito é controlar a potência sobre o resistor “Carga”. Essa definição genérica serve para quase todo o tipo de elemento elétrico que realize algum trabalho: conversão de energia elétrica em calor ou em movimento. A título de exemplo, considere que aquela carga é o resistor de um chuveiro elétrico. A tensão de rede Vrede, representa a alimentação da concessionária. Após a fonte e a carga está o circuito de acionamento, composto por um resistor R1, um potenciômetro R2, um capacitor C1, um TRIAC Q1 e um DIAC Q2. Consequentemente, o ajuste de potência do chuveiro é feito por meio desses elementos: ao variar a potência, a água do chuveiro aquece mais ou menos. O usuário, ao variar a posição do potenciômetro, aumenta ou diminui a resistên- cia, fazendo com que o capacitor C1 demore mais ou menos para carregar. Como o DIAC real dispara em tensões relativamente elevadas (20 V a 30 V), a carga mais lenta do capacitor faz com que o disparo do TRIAC aconteça mais tardiamente. Com a demora no disparo do TRIAC, a carga fica menos tempo submetida à tensão, o que faz com que sua potência média seja mais baixa. Portanto, ao aumentar a resistência R2, o usuário faz com que o capacitor demore mais tempo em sua carga,implicando disparos mais lentos do TRIAC. Em contrapartida, o potenciômetro R2 ajustado para seu mínimo implica a consideração contrária: o capacitor carregará mais rápido e fará com o DIAC conduza antes, o que, por sua vez, faz com que o TRIAC dispare antes. Ao analisar qualquer tipo de circuito com TRIAC e DIAC, lembre-se sempre de que o DIAC somente dispara quando a tensão atinge certo valor; antes disso, ele permanece em bloqueio, enquanto o TRIAC somente dispara ao receber corrente no gatilho. O emprego de um capacitor em paralelo com o DIAC tem a função de ajustar de forma mais precisa o tempo necessário do disparo — associado à constante de tempo 1/RC. HART, D. W. Eletrônica de potência análise e projetos de circuitos. Porto Alegre: AMGH, 2012. SEGUNDO, A. K. R.; RODRIGUES, C. L. C. Eletrônica de potência e acionamentos elétricos. Ouro Preto: Instituto Federal de Minas Gerais, 2015. Disponível em: https://www.ufsm.br/ unidades-universitarias/ctism/cte/wp-content/uploads/sites/413/2018/12/02_arte_ele- tronica_de_potencia.pdf. Acesso em: 11 ago. 2019. SILVA, J. P. Apostila de eletrônica de potência. Natal: IFRN, 2019. TRIACs e DIACs6
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