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ORGANIZAÇÃO Gabriel Rached Eduardo Helfer de Farias DIÁLOGOS INSTITUCIONAIS E POLÍTICAS DE ENFRENTAMENTO DA CRISE NOVAS TECNOLOGIAS, MEGADADOS E CIRCULAÇÃO DE INFORMAÇÃO COORDENAÇÃO Eduardo Helfer de Farias Anna Paula Mendes 22 a 24 de Setembro de 2020 ORGANIZAÇÃO Gabriel Rached (UFF) Eduardo Helfer de Farias (UNIG) COORDENAÇÃO GERAL Gabriel Rached (UFF) Eduardo Helfer de Farias (UNIG) COORDENAÇÃO ACADÊMICA Eduardo Helfer de Farias (UNIG) Anna Paula Mendes (UNIG) COORDENAÇÃO EXECUTIVA Grupo de Pesquisa sobre Estado e Instituições (GPEIA/UFF) Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Aline Graziele Benitez - Bibliotecária - CRB-1/3129 APOIO Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Sociologia e Direito da Universidade Federal Fluminense (PPGSD/UFF) S471 I Seminário Internacional sobre Estado e Instituições [livro eletrônico] Organização: Eduardo Helfer de Farias, Gabriel Rached. -- 1. ed. -- Rio de Janeiro: Gramma Editora; 2020. PDF / Outros colaboradores. ISBN 978-65-86052-27-5 1.Direito 2. Estado - Instituições 3. Política 4. Seminário 5. Crise Pandêmica I. Farias, Eduardo Helfer de. II. Rached, Gabriel. III. Título 058-341/47 CDD-341.76 CONSELHO CIENTÍFICO & EDITORIAL A Comissão Científica será presidida pelos Professores Gabriel Rached (UFF), Eduardo Helfer de Farias (UNIG) e Joyce Abreu de Lira (UVA), sendo composta pelos seguintes membros: Vitor Stuart Gabriel de Pieri (UERJ), Fabiana de Oliveira (UNIP), Giulia Parola (UNIRIO), Monique Falcão (USU) e Anna Paula Mendes (UNIG). COMISSÃO EXECUTIVA A Comissão Executiva será presidida pelos Professores Gabriel Rached (UFF), Eduardo Helfer de Farias (UNIG) e Joyce Abreu de Lira (UVA), sendo composta pelos seguintes membros: Bruna Figueiredo Costa Tiago, Guilherme Goes Rossetto, Jéssica Querino, Lucas Thomaz Pessôa, Marcella de Lourdes Silva Pereira, Nathan dos Santos de Oliveira, Rafaela Mello, Rebeca Toi Shi Alves e Ygor Alonso Alvares de Araujo. EDITORAÇÃO Gabriel Rached (PPGSD/UFF) Ygor Alonso Alvares de Araujo (UFF) REGISTRO, CATALOGAÇÃO E CAPA Gramma Editora É de inteira responsabilidade dos autores o conteúdo aqui apresentado. Reprodução dos textos autorizada mediante citação da fonte. SUMÁRIO APRESENTAÇÃO.....................................................................................................................8 ACKNOWLEDGEMENTS......................................................................................................11 PERFIS FALSOS E ANÔNIMOS NAS REDES SOCIAIS SOB A ÓTICA DA LEI DAS ELEIÇÕES................................................................................................................................13 Júlio Dias Taliberti; Frederico Thales de Araújo Martos AS NOTÍCIAS FRAUDULENTAS E O DISCURSO DE ÓDIO: UMA AFRONTA A DEMOCRACIA E AOS DIREITOS FUNDAMENTAIS NA SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO........................................................................................................................24 Yana Paula Both Voos; Riva Sobrado de Freitas A GESTÃO DAS MÍDIAS SOCIAIS: OS MECANISMOS DE CONTROLE EM RELAÇÃO AO COMBATE À DESINFORMAÇÃO EM TEMPOS DE PANDEMIA..............................37 Eduardo Helfer de Faria; Gabriel Rached POPULISMO E FAKE NEWS NO BRASIL E NO MÉXICO: DESAFIOS EM TEMPOS PANDÊMICOS.........................................................................................................................51 Carolina Adriano Alves; Fabiana de Oliveira; Rafaela Falcão Molina Carvalho VERDADES BANAIS E FARSAS URGENTES: O ALASTRAMENTO DAS FAKE NEWS E O COMPROMETIMENTO DA DEMOCRACIA.................................................................66 Aimée Schneider; Rodrigo Dias Rodrigues de Mendonça Fróes; Caio Magalhães Baldini Figueira A TUTELA DA PRIVACIDADE, A PROTEÇÃO DE DADOS PESSOAIS, A PUBLICIDADE DIRECIONADA E A RESPONSABILIDADE CIVIL NO CONTEXTO DA PANDEMIA: RISCOS E SOLUÇÕES.....................................................................................78 Alexandre Abbade Mansur; Brunno Roberto Araujo Lins Magalhães; Walter dos Santos Rodrigues A PRIVACIDADE EM TEMPOS DE PANDEMIA.................................................................94 Andréia Fernandes de Almeida Rangel; Luiz Augusto Castello Branco de Lacerda Marca da Rocha PERSPECTIVAS PARA A ATUAÇÃO DO ENCARREGADO NA PROTEÇÃO DE DADOS BRASILEIRA À LUZ DO DATA PROTECTION OFFICER (DPO) EUROPEU.................108 Allan Nascimento Turano; Gustavo Delvaux Parma METADADOS E O DILEMA DE COLLINGRIDGE: COMO COMPATIBILIZAR NOVAS TECNOLOGIAS E DIREITOS FUNDAMENTAIS NA SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO......................................................................................................................124 Anderson Röhe Fontão Batista SEGREDO E PANDEMIA: CONSTRUINDO UMA POLÍTICA DE INFORMAÇÃO EM TEMPOS DE COVID-19........................................................................................................140 Leonardo Mattietto; Diego Chagas de Souza ONLINE DISPUTE RESOLUTION EM SETORES REGULADOS.....................................155 Fernanda Bragança; Juliana Loss de Andrade; Renata Braga O PRINCÍPIO DA SOLIDARIEDADE DIGITAL EM TEMPOS DE PANDEMIA..............169 Felippe Borring Rocha; Pedro Dalese A ACELERAÇÃO DA POLÍTICA NACIONAL DE CONSENSUALIDADE DIGITAL NO JUDICIÁRIO BRASILEIRO EM RAZÃO DA PANDEMIA................................................185 Fernanda Bragança; Fernando Gama de Miranda Netto NOVAS TECNOLOGIAS E RELAÇÕES DE EMPREGO: DESDOBRAMENTOS E PERSPECTIVAS PARA O MERCADO DE TRABALHO....................................................197 Gabriel Zottis; Michel Scotti; Renan Eduardo da Silva A VALORIZAÇÃO DAS SOFT SKILLS NO MERCADO DE TRABALHO E A CRESCENTE DISSOCIAÇÃO ENTRE O ENSINO SUPERIOR NO BRASIL E A EMPREGABILIDADE DOS EGRESSOS.............................................................................209 Priscilla Menezes da Silva; Gracielle Lopes da Silva A EDUCAÇÃO E A EXCLUSÃO DIGITAL: REFLEXOS DA PANDEMIA NA ANÁLISE DA AGENDA 2030.................................................................................................................223 Elouise Mileni Stecanella; Isadora K. Lazaretti; Giovanni Olsson Os Organizadores do evento “Seminário Internacional sobre Estado e Instituições” têm a satisfação de dar as boas-vindas a todos e apresentar a sua primeira edição intitulada: “Diálogos Institucionais e Políticas de Enfrentamento da Crise”. A organização deste evento, que resulta no presente Ebook, remete a 2012, ocasião em que o Grupo de Pesquisa Estado, Instituições e Análise Econômica do Direito (GPEIA/UFF) foi criado. Ao longo dos anos, as parcerias desenvolvidas pelo Grupo resultaram em muitos frutos. Foram desenvolvidos seis eventos anuais, sendo que o último deles, com a temática “Perspectivas Latino-Americanas”, contou com o apoio e financiamento da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). O aprendizado e interação acadêmica ao longo desses anos, em colaboração com os parceiros institucionais no campo da pesquisa multidisciplinar, foi fundamental para chegar ao momento em que estamos, com o acúmulo de experiências que nos permitem dar um passo adiante. Em 2020, o GPEIA entra em uma nova fase, na qual assumo a coordenação geral do Grupo, representando o momento apropriado para, diante de tantos obstáculos e vicissitudes, termos a possibilidade de abrir o debate, de forma crítica e propositiva, em relação aos desafios no âmbito das Políticas Públicas e de policy-making para o enfrentamento do cenário da crise que assola a comunidadeglobal como um todo. O fato de estarmos passando por uma conjuntura complexa e repleta de particularidades (tanto em âmbito nacional quanto internacional) nos provocou a assumir essa empreitada, por meio do Grupo de Pesquisa, para abrirmos o espaço para reflexões pertinentes em quatro frentes principais a serem abordadas pelos Grupos de Trabalho (GTs) de forma interdisciplinar: Multilateralismo e Governança Global (GT 1); Estratégias Nacionais e Internacionais em Perspectiva Comparada (GT 2); Meio Ambiente e Sustentabilidade (GT 3); e, Novas Tecnologias e Circulação de Informação (GT 4). O GT 1 intitulado “Crise Pandêmica em Âmbito Global e Políticas Multilaterais” se propõe a debater os desafios globais colocados pela pandemia, assim como discutir as ações multilaterais que visam mitigar seus impactos e os possíveis desdobramentos da atual crise sobre a ordem internacional. A relevância da cooperação internacional diante de uma crise sanitária de escopo global, bem como a forma pela qual esse processo vem sendo conduzido, representa ponto fundamental dentro do debate necessário para a superação deste contexto crítico levando em conta sua complexidade. O GT 2 intitulado “Políticas Nacionais e Internacionais de Enfrentamento da Crise em Perspectiva Comparada” abre o espaço para o debate sobre o papel do Estado e das Instituições na gestão da pandemia, bem como das políticas nacionais e internacionais de enfrentamento da crise, buscando destacar a relevância da multidisciplinaridade que está envolvida nesse diálogo - em termos de combinação e complementaridade de diversos campos do conhecimento na busca por saídas e soluções criativas para essa conjuntura - incorporando para tanto o debate em perspectiva comparada. O GT 3 intitulado “Alternativas para o Meio Ambiente e a Plataforma da Sustentabilidade” possui como objetivo examinar o alcance e o impacto dos mecanismos estatais de gestão ambiental e de promoção da sustentabilidade para efetivação de direitos fundamentais, em níveis individual, comunitário e da sociedade. Para tanto, se propõe a discutir temas que promovem releitura crítica da crise pandêmica, suas causas e consequências, englobando formas alternativas ao tradicional direito ambiental - e instrumentos de administração de conflitos ambientais - que permitam pensar em cenários de reconstrução ética, social, política e jurídica do nosso relacionamento com a Natureza. Por sua vez, o GT 4 intitulado “Novas Tecnologias, Megadados e circulação de informação” busca estabelecer o debate trazendo reflexões sobre as novas tecnologias, o papel dos megadados e a circulação de informações no mercado, na política e na sociedade. Neste intuito, torna-se necessário estabelecer o processo de reflexão buscando compreender os impactos destes aspectos sobre: o processo político eleitoral; a elaboração de políticas públicas a nível municipal, estadual e federal; a privacidade; a censura e difusão de informações; abarcando também os reflexos desse campo nas novas formas de trabalho e na necessidade de repensar o formato das relações mediadas pelo mercado. No mais, agradeço sinceramente a todos os que acreditaram neste projeto. À Direção da Faculdade de Direito da Universidade Federal Fluminense, bem como ao Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Direito (PPGSD/UFF) agradeço o apoio e suporte. A todos os coordenadores dos Grupos de Trabalho: Eduardo Helfer de Farias, Fabiana de Oliveira, Giulia Parola, Monique Falcão, Joyce Abreu de Lira, Anna Paula Mendes e Vitor Stuart Gabriel de Pieri, meus sinceros agradecimentos por todo empenho dedicado ao evento e excelente trabalho realizado ao longo das etapas de produção. Aos palestrantes, que disponibilizaram seu conhecimento e dedicação para participarem dos Painéis, agradeço pela colaboração e solicitude em trazer consigo o debate em perspectiva multidisciplinar tão relevante e necessária para o enfrentamento dos desafios que se apresentam na conjuntura atual, meu profundo apreço: Pricila Maziero, Esther Dweck, Fabiana de Oliveira, Fabiana Rodrigues, Gabriel Mello, Ricardo Bruno Boff, Verônica Moreira dos Santos Pires e Vitor Stuart Gabriel de Pieri. À Profª. Cristina Albuquerque, cuja proposta para a Conferência Inaugural intitulada “Do outro lado do espelho”: Da compreensão das vulnerabilidades às políticas de enfrentamento e a exigência de uma ética político-social global, meu agradecimento especial por aceitar nosso convite e trazer consigo a temática ideal e mais que apropriada para a abertura do evento. À Comissão Executiva, minha mais sincera admiração pelo empenho, garra e dedicação com a qual cumpriram com todas suas funções. Não sei como poderia ser grato o suficiente para fazer jus à disposição dedicada em equipe nas madrugadas revisando todos os detalhes para assim, pensarmos em cada procedimento com o acabamento necessário para realizarmos uma boa edição inaugural do evento. Deixo registrado meu orgulho em relação a cada um de vocês: Bruna Figueiredo Costa Tiago, Lucas Thomaz Pessôa, Marcella de Lourdes Silva Pereira, Nathan dos Santos de Oliveira, Rafaela Mello, Rebeca Toi Shi Alves, Jéssica Querino, Guilherme Goes Rossetto e Ygor Alonso Alvares de Araujo. Cada qual com seu talento e contribuição representou uma peça fundamental dentro do encadeamento de produção e realização desta empreitada. Um agradecimento final a todos que, de forma direta ou indireta, colaboraram para a realização deste Ebook. Agradecemos a cada um dos autores e desejamos a todos uma boa leitura. Rio de Janeiro, 02 de Fevereiro de 2021. Gabriel Rached Colaboração: Eduardo Helfer de Farias The Organizers of the event “International Seminar on the State and Institutions” are pleased to welcome everyone and present their first edition of this Conference entitled: “Institutional Dialogues and Policies for Pandemic Times.” This event’s organization, which results in the present Ebook, refers to 2012 when the Research Group “State, Institutions, and Economic Analysis of Law” (GPEIA/UFF) began its activities. The learning experience and multidisciplinary interaction over the years, in academic collaboration with partners, has been fundamental for reaching this moment with the accumulated background that allows us to take a step ahead. In 2020, GPEIA entered a new phase, in which I assume the general coordination of the Group, representing the appropriate moment for, in the face of so many obstacles and uncertainties, to have the possibility of opening the debate, critically and purposefully, concerning challenges in the scope of Public Policies and policy-making to face the crisis scenario that reaches the global community as a whole. Based on the assumption that we are going through a complex conjuncture and full of particularities (both nationally and internationally), this evidence led us to undertake this endeavor, through the Research Group, to open the space for pertinent reflections on four main fronts to be addressed by the Working Groups (WGs) in an interdisciplinary way: Multilateralism and Global Governance (WG 1); National and International Strategies in Comparative Perspective (WG 2); Environment and Sustainability (WG 3); and, New Technologies and Information Diffusion (WG 4). The WG 1 entitled “The pandemic crisis on the global scale and multilateral policies” proposes to discuss the global challenges posed by the pandemic and discuss the multilateral actions that aim to mitigate its impacts and the possible consequences of the current crisis on the international order. The relevance of international cooperation in the face of a global health crisis and how this process has been conducted represents a fundamental point within the debate necessary to overcome this critical context, taking into account its complexity. The WG 2 entitled“National and international policies for crisis management in a comparative perspective,” opens the space for the debate on the role of the State and the Institutions in the management of the pandemic, as well as national and international policies to face the crisis, seeking to highlight the relevance of the multidisciplinarity that is involved in this dialogue - in terms of combination and complementarity of different fields of knowledge in a search for new opportunities and creative solutions for this situation - incorporating the debate in a comparative perspective. The WG 3, entitled “Alternatives for the environment and the sustainability platform,” aims to examine the scope and impact of State mechanisms for environmental management and the promotion of sustainability to accomplish the fundamental rights at the individual, communitarian, and social levels. To this end, it proposes to discuss themes that promote a critical reinterpretation of the pandemic crisis, its causes, and consequences, encompassing alternative forms to the traditional environmental law - and instruments for the management of environmental conflicts - that allows thinking about scenarios of ethical, social, political and legal reconstruction of our relation with Nature. Consecutively, the GT4 entitled “New Technologies, big data, and information diffusion” seeks to establish the debate by bringing reflections on new technologies and the role of big data and circulation of information in the market, in politics, and the whole society. To this end, it is necessary to establish the process of reflection seeking to understand the impacts of these aspects on: the electoral political process; the elaboration of public policies at the municipal, state, and federal level; privacy; censorship and dissemination of information; also encompassing the reflexes of this field in the new formats of working - and the necessity of rethinking the way the market mediates these relations. Last by not least, my most sincere admiration for the Executive Committee’s commitment, determination, and dedication to performing all their functions. I couldn’t be grateful enough to honor the team’s dedication, being available during many evenings reviewing all the details and deliberating on each procedure with the necessary “finishing touches” to make a good inaugural edition of the event. Each one with a particular talent and contribution represented a fundamental piece in this production. A final thanks to everyone who, directly or indirectly, contributed to the realization of this Ebook. We thank each one of the authors and wish everyone a pleasant reading. Rio de Janeiro, February 02nd, 2021. Gabriel Rached Collaboration: Eduardo Helfer de Faria PERFIS FALSOS E ANÔNIMOS NAS REDES SOCIAIS SOB A ÓTICA DA LEI DAS ELEIÇÕES Frederico Thales de Araújo Martos1 Júlio Dias Taliberti2 GT 4 – Novas tecnologias, megadados e circulação de informações RESUMO As campanhas eleitorais têm, cada vez mais, aderido a formas virtuais de propaganda eleitoral. Com isto, uma série de novas situações têm surgido, dentre elas, os perfis falsos e anônimos nas redes sociais, que buscam criar engajamento positivo ou negativo a determinados candidatos; sendo identificados como uma das principais fontes de fake news. Diante disto, este trabalho se propõe a fazer um estudo sobre os perfis falsos e anônimos nas redes sociais sob a ótica da Lei das Eleições. De tal forma, far-se-á uma investigação sobre as disposições legislativas que tratam do referido tema. Ainda, será estabelecida e exposta uma diferenciação entre os perfis falsos e anônimos e, sob este prisma, será examinada a aplicação da legislação. Ademais, com o intuito de estabelecer uma abordagem prática, o trabalho buscará um procedimento apto a remover conteúdos publicados por estes perfis e, ao mesmo tempo, identificar o usuário responsável. Por fim, será analisado o Projeto de Lei n. 2.630/2020 como uma alternativa ao combate dos perfis falsos e anônimos, expondo os dispositivos capazes de inibi-las. Palavras-chave: perfil falso; perfil anônimo; rede social; Direito Eleitoral; tecnologia. ABSTRACT Electoral campaigns have increasingly adhered to virtual forms of electoral propaganda. With this, a series of new situations has emerged, among them, the false and anonymous profiles on social networks, which seek to create positive or negative engagement with certain candidates; being identified as one of the main sources of fake news. In view of this, this paper proposes to make a study about the false and anonymous profiles on social networks from the perspective of the Law of elections. In this way, an investigation will be made on the legislative provisions that deal with the referred topic. Furthermore, a differentiation between false and anonymou profiles will be established and exposed and, under this perspective, the application of the legislation will be examined. Furthermore, in order to establish a practical approach, the work seeks a procedure capable of removing content published by these profiles and, at the same time, identifying the responsible user. Finally, bill n. 2.630/2020 will be analyzed as an alternative to combating false and anonymous profiles, exposing devices capable of inhibiting them. 1 Doutor em Direito Civil pela FADISP. Professor titular de Direito Civil da Universidade do Estado de Minas Gerais e da Faculdade de Direito de Franca. Diretor Científico do IBDFAM/Franca. E-mail: fredmartos@gmail.com. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/4229908558905543. 2Graduando em Direito pela Faculdade de Direito de Franca. E-mail:juliotaliberti@gmail.com. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/0545742541227505. Keywords: fake profile; anonymous profile; social network. Electoral law; technology. INTRODUÇÃO Com a evolução nos meios de comunicação, a internet ganhou enorme protagonismo na forma de interação com o público nos mais diversos cenários. No âmbito eleitoral, os comícios e os eventos públicos de campanha passaram a ser substituídos por alternativas digitais, por meio da produção de conteúdo na forma de publicações, vídeos e transmissões ao vivo divulgados por sites e, especialmente, pelas redes sociais. Diante disso, passou a ser recorrente a criação e manutenção de perfis falsos e anônimos nas plataformas digitais com o objetivo de atuar de maneira favorável ou desfavorável a determinados candidatos, partidos ou ideologia; por meio da criação e compartilhamento de conteúdo. Contudo, é evidente que tal engajamento é fundado em fatores inverídicos e é prejudicial à democracia, principalmente tendo em vista os estados mentais que podem criar nos demais eleitores, causando resultados semelhantes àqueles observados nas pesquisas eleitorais, que GOMES (2020) chama de “efeito manada”, segundo o qual os indivíduos tendem a votar naqueles candidatos que despontam nas intenções de voto. Assim, existe a necessidade de se combater os perfis falsos e anônimos que são utilizados para fins eleitorais, especialmente mirando a verdade que deve imperar na democracia e no processo eleitoral. De tal forma, torna-se preciso diferenciar os perfis falsos e anônimos e enquadrá-los na legislação eleitoral, principalmente na Lei das Eleições. Em sequência, também se mostra necessário apresentar o procedimento para remoção de conteúdos publicado por tais perfis, bem como um processo para identificação do usuário, que deverá ser responsabilizado. Por fim, o presente trabalho visa apresentar aspectos do Projeto de Lei n. 2.630/2020, que visa instituir a Lei Brasileira de Liberdade, Responsabilidade e Transparência na Internet, como uma alternativa ao combate aos perfis falsos e anônimos nas redes sociais. 1. PERFIS FALSOS E ANÔNIMOS NAS REDES SOCIAISInicialmente, importa apontar que a Lei das Eleições possui disposições diferentes para o anonimato na internet e para os perfis falsos. Sobre o anonimato, ela assim dispõe: Art. 57-D. É livre a manifestação do pensamento, vedado o anonimato durante a campanha eleitoral, por meio da rede mundial de computadores - internet, assegurado o direito de resposta, nos termos das alíneas a, b e c do inciso IV do § 3o do art. 58 e do 58-A, e por outros meios de comunicação interpessoal mediante mensagem eletrônica. (...) § 2° A violação do disposto neste artigo sujeitará o responsável pela divulgação da propaganda e, quando comprovado seu prévio conhecimento, o beneficiário à multa no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a R$ 30.000,00 (trinta mil reais). Quanto aos perfis falsos, a disposição é a seguinte: Art. 57-B. A propaganda eleitoral na internet poderá ser realizada nas seguintes formas: (...) § 2° Não é admitida a veiculação de conteúdos de cunho eleitoral mediante cadastro de usuário de aplicação de internet com a intenção de falsear identidade. (...) § 5° A violação do disposto neste artigo sujeita o usuário responsável pelo conteúdo e, quando comprovado seu prévio conhecimento, o beneficiário, à multa no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a R$ 30.000,00 (trinta mil reais) ou em valor equivalente ao dobro da quantia despendida, se esse cálculo superar o limite máximo da multa. Apresentada a legislação pertinente, é preciso reconhecer a conexão entre o perfil falso e o anônimo. O dicionário Larousse Cultural aponta a definição de anonimato como “aquilo que é anônimo”, enquanto o anônimo é o “1. Que não tem nome. – 2. Que não leva a assinatura do autor” (BRASIL, 2000). Aprofundando a definição e aplicando-a também a um contexto cibernético, é possível entender o anonimato como a ocultação da verdadeira identidade do agente. Paralelo a isto, tem-se que o perfil falso é aquele criado com informações que não correspondem à realidade de quem está utilizando-o. Assim, pode-se observar que o perfil falso é uma espécie do gênero anonimato. A falsidade é configurada quando as informações fornecidas não possuem lastro com a verdadeira identidade de seu utilizador, podendo estas informações ser verdadeiras, mas de outra pessoa, ou totalmente forjadas, inventadas. Já o perfil anônimo é mais amplo, pois não só abrange o perfil falso como também aqueles que não possuem uma identificação que remete a uma pessoa. De toda sorte, fato é que os perfis anônimos e falsos obstam o reconhecimento do usuário. Diante disto, é preciso observar que o objetivo, a razão de ser, dos dispositivos citados está ligada com a responsabilização. Isto porque estes artigos da Lei das Eleições espelham o inciso IV do art. 5° da Constituição Federal, que ao garantir o direito à liberdade de expressão veda o anonimato. Sobre a disposição constitucional, BAHIA (2017, p.120) explica que: A manifestação do pensamento é um dos atributos da liberdade de expressão, entretanto deverá ser realizada de maneira responsável. A identificação da autoria da manifestação (seja em cartas, e-mails, artigos nos jornais) é indispensável para tentar coibir as manifestações que tenham como intuito apenas o prejuízo da moral ou do bom nome alheio (BAHIA, 2017, p. 120). Assim, é evidente que a Lei das Eleições também quis garantir a liberdade de expressão, primordial para a existência da democracia, mas, ao mesmo tempo, assegurar a responsabilização daquele que excede o exercício deste direito, proibindo a propaganda eleitoral através de perfis anônimos como uma forma de prevenção e inclusive de combate as contas fakes (PEREIRA; PECCININ, 2018) e as próprias fake news de maneira geral (BLASZAK, 2018, p. 157) Esta prevenção se deve principalmente pelo fato dos perfis anônimos serem a principal origem de diversos conteúdos inverídicos e desinformativos, no fenômeno que se popularizou como fake news. Neste sentido: A despeito deste tema, a veiculação de conteúdo inverídico talvez seja uma das maiores mazelas da propaganda eleitoral, destacando-se especialmente aquelas veiculadas através de redes sociais, no mais das vezes sob o manto do anonimato. Não por outro motivo a Lei nº 9.504/97 veda o anonimato nas manifestações eleitorais, na internet, ou mesmo aquelas em que é atribuída a autoria a terceiro, inclusive, candidatos, partidos ou coligações. (...) Neste tempo febril da política brasileira, as redes sociais têm sido utilizadas cada vez mais para uma verdadeira batalha destrutiva da imagem, especialmente dos detentores de mandatos eletivos, bem como dos partidos políticos. Não raro são compartilhadas informações cuja origem se desconhece, sem qualquer cuidado, sem verificar a seriedade e credibilidade da suposta fonte (PREZOTTO, 2017, p. 44-45). Contudo, existe o entendimento de que não há anonimato na internet, isto porque é possível localizar e rastrear um usuário através de seu IP (Internet Protocol). A Empresa Facebook, em diversas ações eleitorais3 nas quais é demandada para apresentar dados, oferta defesa dizendo que o usuário não pode ser condenado como incurso no art. 57-D da Lei das Eleições justamente diante da possibilidade de localizá-lo através do IP. O entendimento encontra-se respaldado inclusive pela Resolução 23.610/2019 do TSE, que em seu art. 38, §3°, assim dispõe: Art. 38. A atuação da Justiça Eleitoral em relação a conteúdos divulgados na internet deve ser realizada com a menor interferência possível no debate democrático. (...) § 3º A publicação somente será considerada anônima caso não seja possível a identificação dos usuários após a adoção das providências previstas no art. 40 desta Resolução. Entretanto, tais entendimentos e inclusive a referida Resolução mostram-se contrários ao espírito da Lei das Eleições e impedem que se produzam os efeitos práticos desejados. Isto porque, se todas as medidas para rastrear o usuário se mostrarem ineficazes não será possível localizá-lo e consequentemente puni-lo, o que torna o artigo e a sanção letra morta. Logo, mais eficaz e correto é que se puna todo aquele perfil anônimo, incluindo aqui os falsos, que sejam utilizados para fins eleitoreiros, como a propaganda positiva ou negativa a um candidato. Isto porque o anonimato previsto no art. 57-D da Lei das Eleições deve ser interpretado de maneira imediata, ou seja, se as informações de cadastro não permitirem facilmente identificar o usuário, este deverá ser considerado anônimo. Melhor dizendo: se o indivíduo colocar obstáculos no rastreamento de sua identidade é possível considerar a conta anônima. Entretanto, poderá a pessoa, quando representada como incursa no art. 57-D, apresentar defesa demonstrando que seu perfil não era anônimo. É claro que a vedação ao anonimato não pode restringir as páginas humorísticas, artísticas ou culturais de se manifestarem. Contudo, as informações de cadastro do usuário responsável pelo conteúdo devem ser verídicas para que se valore eventuais excessos que sejam cometidos. Entretanto, não é necessário que estas informações estejam ao alcance do público em geral, mas sim que, caso solicitada pelo juízo, sejam fornecidas e então se apure a existência ou não de anonimato ou falsidade. 3 Cita-se como exemplo a defesa apresentada nos autos da Representação n. 0600372-42.2020.6.26.0073. 2. DO PROCEDIMENTO PARA REMOÇÃO DO CONTEÚDO E IDENTIFICAÇÃO DO RESPONSÁVEL Diante de casos nos quais publicações de cunho eleitoral sejam feitas por usuários valendo-se de perfis anônimos ou falsos, torna-se possível a remoção do conteúdo e a identificação do indivíduo para que seja procedida sua responsabilização como incurso no art. 57-B, §2°, ou 57-D da Lei das Eleições. Para tanto, o procedimento que se mostramais eficaz é aquele previsto no art. 303 do CPC, através da tutela antecipada requerida em caráter antecedente, que assim está regulamentada: Art. 303. Nos casos em que a urgência for contemporânea à propositura da ação, a petição inicial pode limitar-se ao requerimento da tutela antecipada e à indicação do pedido de tutela final, com a exposição da lide, do direito que se busca realizar e do perigo de dano ou do risco ao resultado útil do processo. § 1º Concedida a tutela antecipada a que se refere o caput deste artigo: I – O autor deverá aditar a petição inicial, com a complementação de sua argumentação, a juntada de novos documentos e a confirmação do pedido de tutela final, em 15 (quinze) dias ou em outro prazo maior que o juiz fixar; (...) Tal procedimento mostra-se adequado uma vez que não se conhece quem é o verdadeiro réu. De tal modo, demanda-se contra a empresa responsável pela rede social, requerendo em caráter de tutela a remoção do conteúdo e o fornecimento dos dados cadastrais para a localização, inclusive o IP. A probabilidade do direito é demonstrada através da exposição sobre o anonimato ou a falsidade do referido perfil, bem como com a exibição da propaganda eleitoral difundida pelo usuário. Quanto ao risco ao resultado útil do processo, esse se configura de maneira diferente diante dos pedidos: em relação ao fornecimento de dados cadastrais e em relação à remoção do conteúdo. Sobre o fornecimento de dados cadastrais, o periculum in mora resta presente, vez que se torna impossível o desenvolvimento da ação e a responsabilização do indivíduo sem a identificação do usuário. Já no tocante à remoção do conteúdo o risco se mostra presente diante do potencial de acesso e engajamento que aquele conteúdo pode ter em um curto lapso de tempo. Ademais, aquele candidato que se beneficia de uma ilicitude traz um desequilíbrio para o pleito em comparação aos demais. Ainda, destaca-se que no caso da propaganda negativa, a honra e a imagem do candidato ofendido não são facilmente reparáveis e, tendo em vista a curta duração do período eleitoral, é preferível que se garanta a sobriedade do pleito. Por fim, destaca-se que o risco ao resultado útil do processo pode ser agravado caso a publicação realizada através de perfil anônimo ou falso tenha conteúdo manifestamente inverídico, o que deverá ser comprovado pelo requerente. Assim, mostram-se presente os requisitos para a concessão da tutela. Uma vez deferida e apresentados os dados cadastrais, se possível a imediata identificação do usuário não é caso para a manutenção da tutela. Contudo, se com a apresentação das informações forem necessárias outras diligências para o rastreamento da identidade, estará configurado o anonimato. Nesta segunda hipótese, encontra-se a árdua tarefa de localizar o indivíduo por trás do perfil anônimo. Para tanto, será necessário o IP (internet protocol) relacionado àquele perfil, o que deverá ser fornecido pela própria rede social na tutela, conforme já explanado. O Internet Protocol, de maneira simplificada e primitiva, pode ser entendido como o endereço eletrônico numérico atribuído a cada dispositivo conectado a uma rede de computadores que utiliza o protocolo de internet para a comunicação. Assim, com este dado é possível realizar uma pesquisa para encontrar o provedor de conexão da rede daquele usuário. A pesquisa pode ser feita por diversos sites, dentre eles o “Registro.br”4. Em posse da informação quanto ao provedor de conexão, deverá este ser intimado para que apresente os dados relativos àquela conexão, possibilitando a identificação do usuário. Após identificado o usuário, a petição inicial deverá ser emendada, nos termos do inciso I do §1° do art. 303, CPC, incluindo o réu responsável pelo perfil falso ou anônimo e complementando a argumentação utilizada. 3. O PROJETO DE LEI N. 2.630/2020 COMO UMA ALTERNATIVA AO COMBATE A Constituição Federal norteia que a liberdade de expressão é um direito a ser protegido e assegurado no Estado Democrático, contudo, ao mesmo tempo, estampa a vedação ao anonimato. Assim, tendo em vista o potencial danoso que os perfis anônimos e falsos possuem 4 https://registro.br/tecnologia/ferramentas/whois/. em um cenário eleitoral, é preciso que sejam encontradas alternativas que assegurem a melhor identificação e responsabilização dos indivíduos. Neste sentido é possível destacar o Projeto de Lei n. 2.630/2020 que visa instituir a Lei Brasileira de Liberdade, Responsabilidade e Transparência na Internet, dentre os objetivos está o fortalecimento do processo democrático através do combate ao comportamento inautêntico no universo virtual, para tanto, visa estabelecer normas, diretrizes e mecanismos para os provedores de redes sociais e serviços de mensageria privada. O Projeto de Lei, logo em seu artigo 5°, já estabelece uma importante diferença entre as contas identificadas e aquelas inautênticas: Art. 5º Para os efeitos desta Lei, considera-se: I – conta identificada: conta cujo titular tenha sido plenamente identificado pelo provedor de aplicação, mediante confirmação dos dados por ele informados previamente; II – conta inautêntica: conta criada ou usada com o propósito de assumir ou simular identidade de terceiros para enganar o público, ressalvados o direito ao uso de nome social e à pseudonímia nos termos desta Lei, bem como o explícito ânimo humorístico ou de paródia. O texto vem de encontro ao que propõe este artigo, pois visa assegurar a fácil identificação das contas e, ao mesmo tempo, proteger situações excepcionais como o uso do nome social e a pseudonímia. Diante dos objetivos propostos pelo projeto, o mesmo apresenta prudentes medidas que devem ser adotadas pelos provedores de redes sociais e serviços de mensagens, como por exemplo em seu art. 6°: Art. 6º Com o objetivo de proteger a liberdade de expressão e o acesso à informação e fomentar o livre fluxo de ideias na internet, os provedores de redes sociais e de serviços de mensageria privada, no âmbito e nos limites técnicos de seu serviço, devem adotar medidas para: I – vedar o funcionamento de contas inautênticas; II – vedar contas automatizadas não identificadas como tal, entendidas como aquelas cujo caráter automatizado não foi comunicado ao provedor de aplicação e, publicamente, aos usuários. Ainda, o art. 7° do projeto trata do cadastro de contas nas redes sociais e aplicativos de mensagens e cria a possibilidade destes serviços solicitarem a confirmação da identidade do usuário, inclusive por meio de apresentação de documentos, caso haja indício de que aquele perfil se trata de uma conta inautêntica ou não identificada: Art. 7º Os provedores de redes sociais e de serviços de mensageria privada poderão requerer dos usuários e responsáveis pelas contas, em caso de denúncias por desrespeito a esta Lei, no caso de indícios de contas automatizadas não identificadas como tal, de indícios de contas inautênticas ou ainda nos casos de ordem judicial, que confirmem sua identificação, inclusive por meio da apresentação de documento de identidade válido. Parágrafo único. Os provedores de redes sociais e de serviços de mensageria privada deverão desenvolver medidas técnicas para detectar fraude no cadastro e o uso de contas em desacordo com a legislação, devendo informá-las em seus termos de uso ou em outros documentos disponíveis aos usuários. Apesar de eventuais críticas que se faça a rigidez destas disposições, é preciso evidenciar que é necessário encontrar mecanismos que possibilitem que as leis existentes sejam aplicadas na internet; não é admissível que se veja a internet como um ambiente no qual a legislação possui pequena incidência pela dificuldade de se localizar o indivíduo que atenta contra a ordemjurídica. CONSIDERAÇÕES FINAIS Levando em conta o que foi desenvolvido ao longo do trabalho, tem-se que a legislação eleitoral apresenta disposições diferentes para o anonimato na internet e para cadastro de usuário com dados falsos em aplicações de internet, entendido como perfis falsos. A Lei das Eleições, em seu artigo 57-D, ao garantir a livre manifestação do pensamento, veda expressamente o anonimato na rede mundial de computadores. Paralelamente, o §2° do art. 57-B do mesmo diploma relaciona a vedação à veiculação de conteúdos de cunho eleitoral mediante cadastro de usuário de aplicação de internet com a intenção de falsear a identidade. Em ambos os casos, a violação pune o responsável pelo conteúdo e, quando comprovado seu prévio conhecimento, o beneficiário da conduta, com multa de cinco mil a trinta mil reais. Tais dispositivos mostram a possibilidade de enquadrar perfis falsos e anônimos nas redes sociais que promovem conteúdo de cunho eleitoral. Contudo, o presente trabalho concluiu que o perfil falso é uma espécie do gênero anonimato, tendo em vista que em ambos os casos não é possível identificar a identidade do usuário. Entretanto, o trabalho também apontou que o anonimato, incluindo os perfis falsos, que tratam a Lei das Eleições deve ser interpretado de maneira imediata, isto é, se as informações de cadastro não permitirem facilmente a identificação do usuário, este deverá ser considerado anônimo. Esta interpretação vai à contramão do que dispõe a resolução 23.610/2019 do TSE, que em seu art. 38, §3° determina que a publicação somente será considerada anônima caso não seja possível a identificação dos usuários após serem tomadas uma série de medidas previstas no art. 40 da mesma resolução. Contudo, esta não se mostra a mais eficaz solução, isto porque, se o usuário não for identificado depois de tomadas todas aquelas medidas, não se mostrará possível seu rastreamento e, consequentemente, sua responsabilização. No entanto, é preciso fazer a ressalva de que a vedação ao anonimato não deverá restringir as páginas humorísticas, artísticas ou culturais nas redes sociais; todavia, as informações de cadastro do responsável por estes conteúdos deverão ser verídicas, mesmo que não estejam ao acesso direto do público. Feitas tais considerações sobre os perfis anônimos e falsos, o presente trabalho se dispôs a expor um procedimento apto a remover o conteúdo irregularmente publicado e promover a identificação do usuário. Para tanto, recorreu-se ao artigo 303 do CPC, que estabelece a tutela antecipada requerida em caráter antecedente. O procedimento demonstrou-se o mais adequado pois permite que se ingresse inicialmente em desfavor da rede social, requerendo a remoção do conteúdo e o fornecimento dos dados cadastrais do usuário, inclusive o IP (internet protocol) do computador, para a identificação do usuário. Após removido o conteúdo e identificado o usuário, é possível, nos termos do inciso I, §1°, do mesmo artigo, promover o aditamento da inicial, colocando no polo passivo o indivíduo responsável pelo perfil anônimo, bem como complementando a argumentação. Por fim, o trabalho ainda se dispôs a analisar o Projeto de Lei n. 2.630/2020 que visa instituir a Lei Brasileira de Liberdade, Responsabilidade e Transparência na Internet, como uma alternativa ao combate de perfis falsos e anônimos. O referido projeto apresenta se mostra eficaz para o fim proposto, vez que estabelece importante diferenciação entre as contas identificadas e aquelas inautênticas. Ainda, o mesmo estabelece que os provedores de redes sociais e serviços de mensageria privada devem adotar medidas para vedar o funcionamento de contas inautênticas e contas automatizadas. Não só, também permite que os serviços de mensagens e provedores de redes sociais exijam a identificação do usuário, inclusive através da apresentação de documento de identidade válido. Desta forma, o projeto se apresenta como interessante alternativa para o combate aos perfis falsos e anônimos nas redes sociais, pois permite que a legislação eleitoral melhor incida no ambiente virtual, trazendo a responsabilização aos usuários que excedam o exercício de seus direitos. REFERÊNCIAS BAHIA, F. Direito Constitucional. 3. Ed. Recife: Armador, 2017. BLASZAK, J. L. Propaganda Eleitoral – novos tempos, novos desafios. Revista do TRE-RS/ Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Sul. – v.23, n. 44, p. 143-166, 2018. BRASIL. Lei nº 9.504, de 30 de setembro de 1997. Brasília, DF, Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9504.htm. Acesso em: 13 nov. 2020. BRASIL. Projeto de Lei nº 2630/2020, de 2020. Brasília, DF, de autoria do Senador Alessandro Vieira. Disponível em: https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=2256735. Acesso em: 13 nov. 2020. GOMES, J. J. Crimes Eleitorais e Processo Penal Eleitoral. 3. Ed. São Paulo: Atlas, 2018. PEREIRA, L. F. C; PECCININ, L. E. Tutela Específica da Propaganda Eleitoral na Internet: Entre a Liberdade e o Controle do Debate Político Virtual. In: FUX, L. et al (Coord.). Direito Eleitoral: Temas Relevantes. Curitiba: Juruá Editora, 2018. p. 303-322. PREZOTTO, M. A. Propaganda eleitoral negativa como instrumento de convencimento do eleitor. In: FUX, Luiz et al (comp.). Tratado de Direito Eleitoral: propaganda eleitoral. Belo Horizonte: Fórum, 2018. p. 31-44. AS NOTÍCIAS FRAUDULENTAS E O DISCURSO DE ÓDIO: UMA AFRONTA A DEMOCRACIA E AOS DIREITOS FUNDAMENTAIS NA SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO Yana Paula Both Voos1 Riva Sobrado de Freitas2 GT 4 – Novas tecnologias, megadados e circulação de informação RESUMO A presente pesquisa se desenvolve a partir da análise de como as notícias fraudulentas e o discurso de ódio podem promover a desinformação e violar direitos fundamentais. Para tanto, fora proposto um estudo de caso sobre a suspensão de contas e exclusão de postagens com conteúdo fraudulento e/ou discurso do ódio, demonstrando seus impactos e objetivando encontrar meios reputados adequados para enfrentar esse fenômeno na sociedade da informação, sem descuidar da proteção à liberdade de expressão, imprescindível no Estado Democrático de Direito. A metodologia utilizada é a descritiva explicativa qualitativa crítica, através do exame bibliográfico e documental, de forma dedutiva, em fontes primárias, a partir da Constituição brasileira e casos concretos e em fontes secundárias, através a análise bibliográfica, jornalística e científica. Com o desenvolvimento da pesquisa, restará demonstrado que, na sociedade da informação, a propagação e disseminação de notícias fraudulentas se acentuou, notícias estas que atentam contra a democracia e o debate público e que além de ter potencialidade de incitar o ódio, lesionam direitos fundamentais, fomentando uma possível ilegitimidade do sistema democrático brasileiro. Assim, as medidas de exclusão e suspensão de notícias, adotadas por algumas empresas, foram, prima facie, adequadas no momento, todavia, o método deve ser repensado, de modo a permitir um ambiente livre e que não recaia em censura. Palavras-chave: democracia; discurso do ódio; fake news; liberdade de expressão; pós- verdade. ABSTRACT This research is based on the analysis of how fraudulent news and hate speech can promote misinformation and violate fundamental rights. To this end, a case study on the suspension of accounts and exclusion of posts with fraudulent content and/or hate speech had been proposed, demonstrating its impacts and aiming at finding adequate means to face this phenomenon in the 1 Mestranda em Direito pela Universidade do Oeste de Santa Catarina (UNOESC) com bolsa integral financiada pela PROSUC/CAPES. Especialista em Direito Penal e Criminologia pela Uninter. E-mail: yanapaula04@hotmail.com. CurrículoLattes: http://lattes.cnpq.br/0931683734378259. 2 Pós doutora em Direitos Humanos pela Universidade de Coimbra. Doutora e Mestre pela PUC-SP. Docente do Programa de Pós Graduação da UNOESC e Docente Convidada da UFSC. E-mail: rivafreit@gmail.com. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/0491714025952661. information society, without neglecting the protection of freedom of expression, indispensable in the Democratic State of Law. The methodology used is the critical qualitative explanatory descriptive, through the bibliographic and documentary examination, in a deductive way, in primary sources, from the Brazilian Constitution and concrete cases and in secondary sources, through the bibliographic, journalistic, and scientific analysis. With the development of research, it will be demonstrated that, in the information society, the propagation and dissemination of fraudulent news has increased, news that attack democracy and public debate and that besides having the potential to incite hatred, they damage fundamental rights, fomenting a possible illegitimacy of the Brazilian democratic system. Thus, the measures of exclusion and suspension of news, adopted by some companies, were, prima facie, adequate at the time, but the method must be rethought in order to allow a free environment that does not fall into censorship. Keywords: democracy; hate speech; fake news; freedom of expression; post-truth. INTRODUÇÃO A presente pesquisa é desenvolvida a partir da análise da liberdade de expressão no Brasil e de como as notícias fraudulentas podem promover e disseminar o discurso do ódio e a desinformação, comprometendo a democracia. Para tanto, foi proposto um estudo de casos sobre a suspensão de contas e exclusão de postagens com conteúdo fraudulento ou de discurso do ódio, o que demonstra o impacto social, democrático e econômico causado pelo discurso de ódio e pela disseminação de notícias fraudulentas. Busca, para tanto, encontrar meios de enfrentamento reputados adequados para atuar contra esse fenômeno tão atual na sociedade da informação, visando proteger a liberdade de expressão, tão cara ao ordenamento jurídico brasileiro. A vida em sociedade não é possível sem a comunicação e a relação com o outro. Em razão disso a liberdade de expressão é pressuposto fundamental, seja na perspectiva individual como um direito fundamental individual, seja na seara coletiva, ao garantir a democracia. Desta forma, a liberdade de expressão pode ser visualizada como uma das mais importantes liberdades humanas e que tem como pressuposto a sociabilidade, a fim de que o pensamento individual e coletivo seja construído através da dialética, além de ser imprescindível para a construção da identidade do sujeito. E é em razão deste caráter de fundamentalidade que a Constituição brasileira de 1988, em seu artigo 5º, garante a inviolabilidade do direito à liberdade. Além disso, o Supremo Tribunal Federal demonstra, através de suas decisões, dar posição de preferência à liberdade de expressão, quando em choque com outros direitos fundamentais. Esta pesquisa encontra justificativa a partir do fato de que com a era da pós-verdade o fenômeno da desinformação e da propagação de notícias fraudulentas se acentuou, o que acarretou na disseminação e incitação ao discurso do ódio através das mais variadas formas de intolerância, principalmente através do cyberespaço, onde foi se desenvolvendo um ambiente hostil e com potencialidade de danos irreversíveis. Esta situação desafia os atores públicos e privados, colocando em risco a democracia e os direitos fundamentais. Exemplos claros são as eleições norte-americanas e o Brexit em 2016, além do caso brasileiro desdobrado na CPMI da Fake News instaurado pelo Congresso Nacional brasileiro, ainda em andamento. Além disso, outros direitos fundamentais são passíveis de afetação, como por exemplo a saúde. Esta situação desafia os atores públicos e privados, colocando em risco tanto a democracia quanto os direitos humanos fundamentais. Não obstante, é possível afirmar que a liberdade de expressão, apesar de ser um direito fundamental positivado na Constituição Federal e imprescindível para a expressão livre e pública, vez que permite uma articulação nos meios sociais, não é absoluta, encontrando limites no próprio texto constitucional ao assegurar concomitantemente outros direitos fundamentais, tais como os direitos da personalidade e a dignidade da pessoa humana, além do regime político democrático, visando não cair num liberalismo autoritário, nas palavras de Lênio Luiz Streck (2020), o qual pode desdobrar-se em fake news, conforme será verificado no presente trabalho. A metodologia adotada é a descritiva explicativa qualitativa crítica, através do exame bibliográfico e documental, de forma dedutiva, uma vez que parte da perspectiva jurídica brasileira sobre a suspensão de contas e exclusão de postagens com conteúdo falso e/ou de discurso do ódio, buscando reconhecer a relação existente entre a liberdade de expressão, as notícias fraudulentas e o discurso do ódio. O estudo é feito em fontes primárias, a partir da Constituição brasileira e casos concretos e em fontes secundárias, através da análise bibliográfica, jornalística e científica. Num primeiro momento será examinado o direito fundamental à liberdade de expressão, sua conceituação e suas implicações, para posteriormente analisar e delimitar as notícias fraudulentas e o discurso do ódio, adentrando nos casos concretos brasileiro, buscando encontrar soluções plausíveis para o fenômeno. 1. LIBERDADE DE EXPRESSÃO COMO DIREITO FUNDAMENTAL A liberdade de expressão é pressuposto fundamental, seja na perspectiva individual como um direito fundamental individual, seja como na seara coletiva, ao garantir a democracia. Heidegger (2003) afirma que a linguagem é a morada do ser e a partir dessa linguagem é que construímos a nossa identidade e em razão disso, afirma que ela não é solipsista, pois está atrelada à convivência humana. A partir deste viés é inserida a liberdade de expressão, que talvez seja a mais importante liberdade humana e que necessita da sociabilidade, a fim de que o pensamento individual e coletivo seja construído através da dialética. A liberdade de expressão como direito individual é essencial à dignidade da pessoa humana na medida em que ninguém se constrói em silêncio, ou seja, mesmo que a pessoa não consiga se expressar através da voz, ela utiliza outros meios como linguagem e identidade. Já na perspectiva coletiva, ela é necessária para o desenvolvimento da democracia e da cidadania. Em decorrência disso, tornou-se de vital importância o reconhecimento e a positivação dos direitos fundamentais e a partir desta necessidade que surgiram os direitos e principalmente os chamados fundamentais consagrados na Constituição Federal de 1988 os quais, para atingirem a configuração atual passaram por um processo histórico, chegando à concepção clássica dos direitos fundamentais, denominados de primeira dimensão ou geração. Neste contexto, assumem relevo as liberdades, sejam elas de expressão, imprensa, manifestação, entre outras, de cunho individualista, com o intuito de proteger o indivíduo frente ao Estado e também aos particulares, configurando-se como um direito de defesa e de uma não intervenção do Estado e ascensão da autonomia do indivíduo. A liberdade foi um dos tripés da Revolução Francesa de 1789, fruto do pensamento liberal-burguês do século XVIII, segundo Ingo Wolfgang Sarlet (2015). Segundo José Joaquim Gomes Canotilho (2003, p. 394), a consagração da liberdade ocorreu sob a forma de “direitos naturais e civis”, garantindo a liberdade de ir, permanecer e partir; a liberdade de falar, escrever, imprimir e publicar o pensamento; liberdade de exercer o culto religioso ao qual esteja ligado; a liberdade aos cidadãos de se reunirem pacificamentee sem armas; a liberdade de enviar, às autoridades constituídas, petições assinadas individualmente. Após a Declaração Francesa de 1789, outros documentos surgiram no mundo, consagrando a liberdade como um direito inalienável, destacando-se a Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948), que afirma ser a liberdade de expressão uma garantia a qual o Estado deve garantir e não deve interferir, ou seja, com status negativus3, principalmente em seus artigos 184 e 195. Já na perspectiva constitucional brasileira, a Constituição de 1988, em 3 Segundo Bodo Pieroth e Bernhard Schlink (2012, p. 16) o status negativus é o estado de liberdade em frente ao Estado, ou seja, quando o particular possui autonomia para determinar as suas escolhas sem a interferência dos poderes públicos. Este status é assegurado pelos direitos fundamentais, como direitos de defesa, protegendo liberdades ou bens contra o Estado. 4 Artigo 18 - Todo o homem tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; este direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela observância, isolada ou coletivamente, em público ou em particular. 5 Artigo 19 - Todo o homem tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferências, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e ideias por quaisquer meios, independentemente de fronteiras. seus artigos 5º, incisos6 e artigo 2207, garante expressamente a inviolabilidade do direito à liberdade, destacando ser livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença. De acordo com Riva Sobrado de Freitas e Matheus Felipe de Castro (2013) a dignidade humana corresponde à ideia de justiça e de desenvolvimento da vida humana na sua plenitude. Em outras palavras, sem o exercício da liberdade de expressão, o indivíduo não consegue externar seus desejos e suas convicções, resultando na impossibilidade de comunicação, interação e articulação com a sociedade. Não obstante, quando há o exercício da liberdade de expressão, o cidadão possui voz, e, a partir dessa garantia é assegurada a possibilidade de manifestação do seu pensamento, seja ele político ou ideológico, além da oportunidade, conjugada com outros direitos, da participação no debate político, exercendo, assim, a sua cidadania. Dessa forma, segundo Fernanda Carolina Tôrres (2013, p. 62) a liberdade de expressão “é condição necessária ao exercício da cidadania e ao desenvolvimento democrático do Estado, na consolidação de uma sociedade bem informada e coautora de seus sistemas político e jurídico”. Em razão da importância da liberdade de expressão em sentido amplo ou estrito, Machado (2009) o considera como um direito mãe – cluster right – das liberdades comunicativas. Desta forma, depreende-se que a liberdade de expressão está ligada de forma intrínseca e implicitamente com outros direitos, entre eles o direito de resposta, de réplica, liberdade religiosa, de reunião, de crença e também à liberdade de imprensa, tratando-se, portanto, de um direito primário que se faz alicerce e pressuposto de outros (MONTEIRO, 2012). De acordo com Fabio Konder Comparato (2001) para se estabelecer um debate autêntico, bem como a verdadeira dialética enquanto processo de exame da verdade, pressupõe- se a liberdade e a capacidade de proposta das questões a serem discutidas. É o ambiente da liberdade de escolha que dá guarida à livre difusão de notícias, fatos, opiniões, ideias, e é neste pano de fundo que se proliferam as notícias fraudulentas. 6 “Art. 5º (...) IV – é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato; V – é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem; IX – é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica ou de comunicação, independentemente de censura ou licença; XIV – é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional”. 7 Art. 220. A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto nesta Constituição. § 1º Nenhuma lei conterá dispositivo que possa constituir embaraço à plena liberdade de informação jornalística em qualquer veículo de comunicação social, observado o disposto no art. 5º, IV, V, X, XIII e XIV. § 2º É vedada toda e qualquer censura de natureza política, ideológica e artística. 2. A ASCENSÃO DAS NOTÍCIAS FRAUDULENTAS NA ERA DA PÓS-VERDADE Com a consagração da liberdade de expressão, a profusão de notícias e se fortaleceu e atingiu níveis não vistos na história global. Inicialmente a difusão das notícias se dava através do rádio e depois através do meio analógico, pela televisão. Neste meio, a difusão das informações ocorria de forma passiva e não havia o debate e a discussão de ideias, eis que os telespectadores e ouvintes apenas ouviam as informações que eram transmitidas. Apesar deste meio exercer influências sobre as pessoas, ele não era de forma tão intensa e individualizada como é possível verificar na atualidade. Com o advento da rede mundial de computadores, as pessoas se tornaram protagonistas da história e poderem expressar e externalizar suas opiniões pelo “peer to peer”, o qual é uma arquitetura que, de acordo com Gustavo Binenbojm (2020) permite o compartilhamento de serviços e dados através das próprias pessoas, através da alta tecnologia, o que coloca nas mãos dos indivíduos um alto poder decisório tanto no âmbito individual quanto social. Essa nova ferramenta trouxe a superação da escassez dos meios, tornando mais democrático e acessível para todos, configurando a ágora digital perfeita, onde, no mundo ideal, iriam prevalecer as melhores ideias e a verdade seria evidenciada e as mentiras seriam facilmente desmascaradas. Todavia, mesmo nos anos 90, Manuel Castels e Umberto Eco já se manifestavam de maneira contrária, como por exemplo em um discurso proferido por Eco, em Turim, na Itália, no qual ele afirma que a internet não é uma ágora digital, mas sim, uma Torre de Babel, onde o mais fraco será cada vez mais oprimido, vez que as vozes são misturadas e a compreensão não é possível, principalmente em razão de que, qualquer um em qualquer momento pode se pronunciar na internet sobre qualquer assunto, o que assume um verdadeiro drama, promovendo os idiotas da aldeia à portadores da verdade (SILVA, 2015). Com o crescente acesso à informação, provocado pelos avanços tecnológicos, Castels (2003) afirma que em nossa época é possível comparar a internet com uma rede elétrica ou a um motor elétrico, uma vez que possui capacidade de distribuir a força da informação por todo o domínio da atividade humana. Principalmente com o advento da era da pós-verdade8, foi evidenciado uma maior comunicação e também disseminação de notícias, através dos mais variados meios e com a intensificação e o acirramento da utilização da internet se estabeleceu um óbice acerca da veracidade das informações que são propagadas, sendo possível perceber 8 O dicionário de Oxford escolheu a palavra pós-verdade como a palavra do ano de 2016, definindo-a como “circunstâncias em que os fatos objetivos são menos influentes em formar a opinião pública do que os apelos à emoção e à crença pessoal”. alguns fenômenos neste meio, como o discurso do ódio (hate speech), propagação de notícias falsas e fraudulentas (fake news) e revenge porn. Em razão da divergência na conceituação, é necessário identificarmos ospontos de divergência e de convergência, para fins de melhor compreensão. Desta forma, as notícias falsas, conhecidas também como misinformation, não são preocupação do Estado em razão de que não buscam causar danos à indivíduos e instituições, podendo ser conceituadas como notícias incorretas ou com informações não factuais, sem potencialidade e dolo danoso (BINENBOJM, 2020). Neste sentido, pode se estabelecer um paradoxo com os “fatos alternativos” aduzidos por Winston Smith na obra 1984, de George Orwell (2009), quando os fatos do passado eram modificados, a fim de que o partido pudesse manipular a população, dominando-a e controlando-a9. As misinformation não podem ser consideradas um fenômeno recente, eis que elas sempre existiram, como é possível citar que Procópio publicou “Anekdota” com notícias falsas sobre a reputação do imperador Justiniano, na Idade Antiga, no século VI, de acordo com Robert Darnton (2017). Todavia, demanda atenção, também, as notícias fraudulentas, que, de acordo com Binenbojm (2020) podem ser conceituadas como sendo mensagens falsas, construídas e divulgadas de maneira consciente e deliberada com uso de artifícios fraudulentos e com objetivo de desinformar e causar danos às pessoas, grupos e instituições. Neste caso, o conteúdo falso das mensagens é apenas um elemento, havendo também o ardil e objetivo de desinformar e causar danos. Com o crescente avanço da difusão e propagação de notícias, as notícias fraudulentas despertam a atenção e preocupam atores públicos e privados, principalmente em razão da sua maior propagação em relação às notícias verdadeiras, de acordo com estudo feito pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), divulgado pelo Jornal Estadão (2018). Da mesma forma, a liberdade do indivíduo, apesar de ser reconhecida como viga mestra de todos os outros direitos, não possui caráter absoluto, podendo ser relativizada quando a conduta estiver em desacordo com o estabelecido pelo ordenamento jurídico pátrio. Assim, a manifestação da vontade do indivíduo, ao passo que deve ser respeitada pelo Estado, também pode ser restringida na medida em que exorbita as barreiras legais, a fim de respeitar outros direitos concomitantemente assegurados pela carta constitucional, tais como a dignidade da pessoa humana e o direito geral da personalidade, além do regime político democrático. 9 Neste sentido, Winston idealizava um momento em que a verdade existisse e que o passado não pudesse ser desfeito. 3. NOTÍCIAS FRAUDULENTAS NO CONTEXTO PANDÊMICO A partir do que se apresentou até aqui, é possível admitir que o fenômeno da propagação das notícias fraudulentas é relevante, pois tanto a criação quanto a divulgação das notícias se dão de forma veloz e em grande escala, interferindo diretamente na vida das pessoas, isso porque, acentua a possibilidade da produção de danos irreversíveis e não acompanha a rapidez e a eloquência para a resposta, podendo tornar impossível retornar ao status quo no direito à imagem e honra, tanto de indivíduos quanto instituições. Segundo Baudrillard (1991), vivemos em um mundo onde há cada vez mais informação e menos significado e, apesar de nossos esforços de impulsionar mensagens com conteúdo, o significado está perdido e é devorado cada vez mais rápido do que pode ser reintroduzido e desta forma, quando achamos que a informação produz significado, ocorre o contrário. Para tanto, neste sentido, o autor sustenta que a tecnologia das comunicações subverte nossas noções do real e, em razão disso, serve como propulsor da desinformação. Exemplo disso pode ser considerado as eleições americanas e o Brexit em 2016, além da CPMI das Fake News no Brasil. No Brasil, instaurou-se uma Comissão Permanente Mista de Inquérito das Fake News pelo Congresso Nacional brasileiro, a fim de apurar e investigar os ataques cibernéticos que atentam contra a democracia e o debate público, a utilização de perfis falsos para influenciar os resultados das eleições de 2018, a prática de cyberbullying e o aliciamento e orientação para o cometimento de crimes de ódio e suicídio, o qual ainda não foi concluído. Nas eleições americanas, notícias associavam uma das candidatas à presidência à uma rede de pedófilos (D’ANCONA, 2018) e também seu envolvimento no envio das armas químicas à Assad, na Síria (EL PAÍS, 2020), houve uma verdadeira propulsão de notícias fraudulentas, que acabaram influenciando no resultado das eleições. Da mesma forma, os indivíduos favoráveis ao Brexit10, divulgavam cartazes contendo imagens com longas filas de refugiados sírios tentando entrar no Reino Unido. Com isso, afirmavam que estes refugiados eram parasitas que iriam privar os britânicos nativos de lugares nas escolas, moradias, empregos e assistência médica (D’ANCONA, 2018). Todavia, o que vem despertando maior atenção, principalmente na situação pandêmica na qual ainda estamos vivenciando, é que, as notícias falsas e fraudulentas tomaram conta, principalmente das redes sociais, o que fez com que a sociedade precisasse se organizar de 10 Brexit, de acordo com D’Ancona (2018) significa Britain exit, ou seja, plano que prevê a saída da Grã-Bretanha da União Europeia. forma a advertir a população quantos aos possíveis danos causados pelas notícias, principalmente no que se refere ao direito fundamental à saúde, que, como isso, tinha potencial possibilidade de ser lesionado. A população, ansiosa por informações sobre o vírus, recebe e compartilha textos e vídeos sem confirmar a sua veracidade, o que causa desinformação, medo e estado de caos a todos os receptores. Notícias como “Café previne o coronavírus”, “Chá de limão com bicarbonato quente cura coronavírus”, “Beber muita água e fazer gargarejo com água morna, sal e vinagre previne coronavírus”, “Vacina da gripe aumenta risco de adoecer por coronavírus”, “Óleo consagrado cura coronavírus” (BRASIL, 2020), dentre outras notícias de fácil acesso e que repercutiram muito, principalmente nos meios sociais, são grandes preocupações, eis possuem grande potencial de lesar a saúde humana. Nesta perspectiva, de acordo com De Souza Júnior, et al (2020) percebe-se que, na área de saúde, a disseminação de notícias falsas e fraudulentas instaura o medo e o caos entre seus receptores, trazendo problemas graves em relação à luta que os órgãos de saúde travam para conscientizar e prevenir a população de diversas patologias, por exemplo, o caso do sarampo no Brasil, doença erradicada nacionalmente, porém, após uma série de informações falsas que mobilizou uma parcela da sociedade a se voltar contra a vacinação, culminando na volta da doença a níveis alarmantes no Brasil, havendo mais de 13 mil casos confirmados e 15 mortes no ano de 2019. Em razão disso, alguns mecanismos vêm sendo utilizados no combate às notícias falsas e fraudulentas, como por exemplo canais na internet como o site do Ministério da Saúde, no qual busca-se corrigir as notícias fraudulentas, além de esclarecer a veracidade sobre aquela informação. Nesta mesma perspectiva, outras atitudes vêm sendo tomadas, como por exemplo as empresas Twitter, Facebook e Instagram, excluíram uma postagem do presidente brasileiro na qual o referido afirma que o remédio hidroxicloroquina11 é eficaz contra o coronavírus, além de defender o fim do isolamento social (BBC, 2020). As empresas decidiram remover o conteúdo em razão de que as postagens violavam as regras de uso da plataforma por potencialmente "colocar as pessoas em maior risco de transmitir covid-19". Na mesma toada, postagens do presidente americano também foram excluídas pelo Twitter e Facebook, no qual ele afirmava que as crianças são "quase imunes" ao coronavírus - o que é rejeitado oficialmente pelas próprias autoridades de saúdedo país, segundo as quais 11 A hidroxicloroquina é uma medicação utilizado no tratamento de doenças para a prevenção e o tratamento da malária e em doenças autoimunes como artrite reumatoide e lúpus eritematoso sistêmico, entre outras, de acordo com o infectologista Marco Aurelio Safadi (2020), não possui eficácia comprovada no tratamento da Covid-19. crianças não têm imunidade à nova doença, de acordo com a BBC (2020). Outro perfil bastante relevante e que também sofreu penalidades foi o do filho do presidente americano, em razão de ter compartilhado conteúdo que promovia "desinformação" sobre coronavírus e hidroxicloroquina. Desta forma, apesar de as medidas adotadas pelas empresas - conforme os exemplos supracitados - serem extremas e de grande impacto, elas foram as mais plausíveis no momento, eis que, ao mesmo tempo em que é necessário garantir a liberdade de expressão, também é necessário combater as notícias fraudulentas, principalmente as que impactam diretamente em direitos fundamentais como a saúde, o que se torna imprescindível para a concretização da dignidade humana. Apesar das autoras considerarem a necessidade da ampliação de políticas públicas para a promoção da educação nas mídias como melhor forma de enfrentamento para a diminuição da propagação de notícias falsas e fraudulentas, isto não garante uma eficácia a curto prazo, sendo, portanto, as medidas adotadas pelas empresas as mais corretas no momento, a fim de preservar a saúde e a vida humana. CONSIDERAÇÕES FINAIS Com o desenvolvimento da pesquisa, foi possível demonstrar que a liberdade de expressão é pressuposto fundamental, tanto na perspectiva individual quanto na coletiva, como meio de salvaguardar o desenvolvimento da personalidade e a livre circulação das ideias, garantindo, de forma conjunta, direitos com caráter individuais, mas também com dimensão eminentemente coletiva, por participar na orientação da opinião pública, como por exemplo, na democracia. Desta forma, a Constituição Federal de 1988 avaliza com o devido cuidado a proteção aos direitos fundamentais, dando ênfase às liberdades, sejam elas de expressão, imprensa, manifestação, entre outras, com o intuito de proteger o cidadão frente ao Estado e também aos particulares. Com o advento da rede mundial de computadores, as pessoas se tornaram protagonistas da história e puderam se expressar e externalizar suas opiniões. Todavia, juntamente com a facilidade do acesso sobrevieram alguns fenômenos que trazem prejuízos aos indivíduos, como por exemplo a propagação de notícias falsas e fraudulentas, conforme desenvolvido no trabalho, sendo perceptível que a propagação e disseminação de notícias fraudulentas, tornam suscetíveis de lesão, tanto de forma direta quanto indireta, a liberdade e a dignidade dos cidadãos, fomentando uma possível ilegitimidade do sistema democrático brasileiro, podendo afetar inclusive a saúde e a vida humana. Desta forma, é possível concluir que, a liberdade de expressão não assume vestes de direito absoluto, eis que encontra limites tanto na legislação infraconstitucional quanto no próprio texto constitucional, necessitando ser manejada de forma cautelosa, além da possibilidade de ser restringida quando imprescindível para salvaguardar outros direitos que não possam ser protegidos de outra maneira menos gravosa. Portanto, é justamente no contexto da disseminação de notícias fraudulentas, durante a pandemia da Covid-19, que a restrição deve ser mais significativa, sendo possível concluir que as medidas adotadas pelas empresas foram adequadas no momento, a fim de evitar um problema de saúde pública ainda mais preocupante. Todavia, os métodos devem ser repensados, buscando encontrar soluções a partir do qual se estabeleça o que deve ser punido e quais os meios a serem utilizados, de modo a permitir um ambiente livre evitando o sacrifício de valores tão caros ao ordenamento jurídico, como é a liberdade de expressão, a fim de que não se recaia em censura, episódio triste da memória brasileira. REFERÊNCIAS BAUDRILLARD, J. Simulacros e simulação. Lisboa: Editora Relógio D’água, 1991. BINENBOJM, G. Fake news, liberdade de expressão e a defesa da democracia. Entrevista cedida à Fundação Escola do Ministério Público do Paraná. 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