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E-book GT4 - WG4 14 01 2021

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ORGANIZAÇÃO 
 
Gabriel Rached 
Eduardo Helfer de Farias 
 
 
DIÁLOGOS INSTITUCIONAIS E 
POLÍTICAS DE ENFRENTAMENTO 
DA CRISE 
 
 
 
 
NOVAS TECNOLOGIAS, MEGADADOS 
E CIRCULAÇÃO DE INFORMAÇÃO 
 
 
 
COORDENAÇÃO 
 
Eduardo Helfer de Farias 
Anna Paula Mendes 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
22 a 24 de Setembro de 2020 
 
ORGANIZAÇÃO 
Gabriel Rached (UFF) 
Eduardo Helfer de Farias (UNIG) 
 
COORDENAÇÃO GERAL 
Gabriel Rached (UFF) 
Eduardo Helfer de Farias (UNIG) 
 
COORDENAÇÃO ACADÊMICA 
Eduardo Helfer de Farias (UNIG) 
Anna Paula Mendes (UNIG) 
 
COORDENAÇÃO EXECUTIVA 
Grupo de Pesquisa sobre Estado e Instituições (GPEIA/UFF) 
 
 
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) 
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) 
 
 
 
 
 
 
 
Aline Graziele Benitez - Bibliotecária - CRB-1/3129 
 
APOIO 
Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Sociologia e Direito da 
Universidade Federal Fluminense (PPGSD/UFF) 
 
S471 
 
I Seminário Internacional sobre Estado e Instituições [livro eletrônico] 
Organização: Eduardo Helfer de Farias, Gabriel Rached. -- 1. ed. -- Rio de 
Janeiro: Gramma Editora; 2020. PDF / Outros colaboradores. 
 
 ISBN 978-65-86052-27-5 
 
1.Direito 2. Estado - Instituições 3. Política 4. Seminário 5. Crise Pandêmica I. 
Farias, Eduardo Helfer de. II. Rached, Gabriel. III. Título 
058-341/47 CDD-341.76 
 
CONSELHO CIENTÍFICO & EDITORIAL 
 
A Comissão Científica será presidida pelos Professores Gabriel Rached (UFF), 
Eduardo Helfer de Farias (UNIG) e Joyce Abreu de Lira (UVA), sendo 
composta pelos seguintes membros: Vitor Stuart Gabriel de Pieri (UERJ), 
Fabiana de Oliveira (UNIP), Giulia Parola (UNIRIO), Monique Falcão (USU) e 
Anna Paula Mendes (UNIG). 
 
 
COMISSÃO EXECUTIVA 
 
A Comissão Executiva será presidida pelos Professores Gabriel Rached 
(UFF), Eduardo Helfer de Farias (UNIG) e Joyce Abreu de Lira (UVA), sendo 
composta pelos seguintes membros: Bruna Figueiredo Costa Tiago, 
Guilherme Goes Rossetto, Jéssica Querino, Lucas Thomaz Pessôa, Marcella de 
Lourdes Silva Pereira, Nathan dos Santos de Oliveira, Rafaela Mello, Rebeca 
Toi Shi Alves e Ygor Alonso Alvares de Araujo. 
 
EDITORAÇÃO 
 
Gabriel Rached (PPGSD/UFF) 
Ygor Alonso Alvares de Araujo (UFF) 
 
 
REGISTRO, CATALOGAÇÃO E CAPA 
Gramma Editora 
 
 
 
 
É de inteira responsabilidade dos autores o conteúdo aqui apresentado. 
Reprodução dos textos autorizada mediante citação da fonte. 
 
SUMÁRIO 
 
APRESENTAÇÃO.....................................................................................................................8 
 
ACKNOWLEDGEMENTS......................................................................................................11 
 
PERFIS FALSOS E ANÔNIMOS NAS REDES SOCIAIS SOB A ÓTICA DA LEI DAS 
ELEIÇÕES................................................................................................................................13 
Júlio Dias Taliberti; Frederico Thales de Araújo Martos 
 
AS NOTÍCIAS FRAUDULENTAS E O DISCURSO DE ÓDIO: UMA AFRONTA A 
DEMOCRACIA E AOS DIREITOS FUNDAMENTAIS NA SOCIEDADE DA 
INFORMAÇÃO........................................................................................................................24 
Yana Paula Both Voos; Riva Sobrado de Freitas 
 
A GESTÃO DAS MÍDIAS SOCIAIS: OS MECANISMOS DE CONTROLE EM RELAÇÃO 
AO COMBATE À DESINFORMAÇÃO EM TEMPOS DE PANDEMIA..............................37 
Eduardo Helfer de Faria; Gabriel Rached 
 
POPULISMO E FAKE NEWS NO BRASIL E NO MÉXICO: DESAFIOS EM TEMPOS 
PANDÊMICOS.........................................................................................................................51 
Carolina Adriano Alves; Fabiana de Oliveira; Rafaela Falcão Molina Carvalho 
 
VERDADES BANAIS E FARSAS URGENTES: O ALASTRAMENTO DAS FAKE NEWS 
E O COMPROMETIMENTO DA DEMOCRACIA.................................................................66 
Aimée Schneider; Rodrigo Dias Rodrigues de Mendonça Fróes; Caio Magalhães Baldini 
Figueira 
 
A TUTELA DA PRIVACIDADE, A PROTEÇÃO DE DADOS PESSOAIS, A 
PUBLICIDADE DIRECIONADA E A RESPONSABILIDADE CIVIL NO CONTEXTO DA 
PANDEMIA: RISCOS E SOLUÇÕES.....................................................................................78 
Alexandre Abbade Mansur; Brunno Roberto Araujo Lins Magalhães; Walter dos Santos 
Rodrigues 
 
A PRIVACIDADE EM TEMPOS DE PANDEMIA.................................................................94 
Andréia Fernandes de Almeida Rangel; Luiz Augusto Castello Branco de Lacerda Marca da 
Rocha 
 
PERSPECTIVAS PARA A ATUAÇÃO DO ENCARREGADO NA PROTEÇÃO DE DADOS 
BRASILEIRA À LUZ DO DATA PROTECTION OFFICER (DPO) EUROPEU.................108 
Allan Nascimento Turano; Gustavo Delvaux Parma 
 
METADADOS E O DILEMA DE COLLINGRIDGE: COMO COMPATIBILIZAR NOVAS 
TECNOLOGIAS E DIREITOS FUNDAMENTAIS NA SOCIEDADE DA 
INFORMAÇÃO......................................................................................................................124 
Anderson Röhe Fontão Batista 
 
SEGREDO E PANDEMIA: CONSTRUINDO UMA POLÍTICA DE INFORMAÇÃO EM 
TEMPOS DE COVID-19........................................................................................................140 
Leonardo Mattietto; Diego Chagas de Souza 
 
ONLINE DISPUTE RESOLUTION EM SETORES REGULADOS.....................................155 
Fernanda Bragança; Juliana Loss de Andrade; Renata Braga 
 
 
O PRINCÍPIO DA SOLIDARIEDADE DIGITAL EM TEMPOS DE PANDEMIA..............169 
Felippe Borring Rocha; Pedro Dalese 
 
A ACELERAÇÃO DA POLÍTICA NACIONAL DE CONSENSUALIDADE DIGITAL NO 
JUDICIÁRIO BRASILEIRO EM RAZÃO DA PANDEMIA................................................185 
Fernanda Bragança; Fernando Gama de Miranda Netto 
 
NOVAS TECNOLOGIAS E RELAÇÕES DE EMPREGO: DESDOBRAMENTOS E 
PERSPECTIVAS PARA O MERCADO DE TRABALHO....................................................197 
Gabriel Zottis; Michel Scotti; Renan Eduardo da Silva 
 
A VALORIZAÇÃO DAS SOFT SKILLS NO MERCADO DE TRABALHO E A 
CRESCENTE DISSOCIAÇÃO ENTRE O ENSINO SUPERIOR NO BRASIL E A 
EMPREGABILIDADE DOS EGRESSOS.............................................................................209 
Priscilla Menezes da Silva; Gracielle Lopes da Silva 
 
A EDUCAÇÃO E A EXCLUSÃO DIGITAL: REFLEXOS DA PANDEMIA NA ANÁLISE 
DA AGENDA 2030.................................................................................................................223 
Elouise Mileni Stecanella; Isadora K. Lazaretti; Giovanni Olsson 
 
 
 
Os Organizadores do evento “Seminário Internacional sobre Estado e Instituições” 
têm a satisfação de dar as boas-vindas a todos e apresentar a sua primeira edição 
intitulada: “Diálogos Institucionais e Políticas de Enfrentamento da Crise”. 
A organização deste evento, que resulta no presente Ebook, remete a 2012, ocasião 
em que o Grupo de Pesquisa Estado, Instituições e Análise Econômica do Direito 
(GPEIA/UFF) foi criado. Ao longo dos anos, as parcerias desenvolvidas pelo Grupo 
resultaram em muitos frutos. Foram desenvolvidos seis eventos anuais, sendo que o 
último deles, com a temática “Perspectivas Latino-Americanas”, contou com o apoio e 
financiamento da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior 
(CAPES). 
O aprendizado e interação acadêmica ao longo desses anos, em colaboração com 
os parceiros institucionais no campo da pesquisa multidisciplinar, foi fundamental para 
chegar ao momento em que estamos, com o acúmulo de experiências que nos permitem 
dar um passo adiante. 
Em 2020, o GPEIA entra em uma nova fase, na qual assumo a coordenação geral do 
Grupo, representando o momento apropriado para, diante de tantos obstáculos e 
vicissitudes, termos a possibilidade de abrir o debate, de forma crítica e propositiva, em 
relação aos desafios no âmbito das Políticas Públicas e de policy-making para o 
enfrentamento do cenário da crise que assola a comunidadeglobal como um todo. 
O fato de estarmos passando por uma conjuntura complexa e repleta de 
particularidades (tanto em âmbito nacional quanto internacional) nos provocou a 
assumir essa empreitada, por meio do Grupo de Pesquisa, para abrirmos o espaço para 
reflexões pertinentes em quatro frentes principais a serem abordadas pelos Grupos de 
Trabalho (GTs) de forma interdisciplinar: Multilateralismo e Governança Global (GT 1); 
Estratégias Nacionais e Internacionais em Perspectiva Comparada (GT 2); Meio Ambiente 
e Sustentabilidade (GT 3); e, Novas Tecnologias e Circulação de Informação (GT 4). 
O GT 1 intitulado “Crise Pandêmica em Âmbito Global e Políticas Multilaterais” se 
propõe a debater os desafios globais colocados pela pandemia, assim como discutir as 
ações multilaterais que visam mitigar seus impactos e os possíveis desdobramentos da 
atual crise sobre a ordem internacional. A relevância da cooperação internacional diante 
de uma crise sanitária de escopo global, bem como a forma pela qual esse processo vem 
sendo conduzido, representa ponto fundamental dentro do debate necessário para a 
superação deste contexto crítico levando em conta sua complexidade. 
O GT 2 intitulado “Políticas Nacionais e Internacionais de Enfrentamento da Crise 
em Perspectiva Comparada” abre o espaço para o debate sobre o papel do Estado e das 
Instituições na gestão da pandemia, bem como das políticas nacionais e internacionais de 
enfrentamento da crise, buscando destacar a relevância da multidisciplinaridade que está 
envolvida nesse diálogo - em termos de combinação e complementaridade de diversos 
campos do conhecimento na busca por saídas e soluções criativas para essa conjuntura - 
incorporando para tanto o debate em perspectiva comparada. 
O GT 3 intitulado “Alternativas para o Meio Ambiente e a Plataforma da 
Sustentabilidade” possui como objetivo examinar o alcance e o impacto dos mecanismos 
estatais de gestão ambiental e de promoção da sustentabilidade para efetivação de 
direitos fundamentais, em níveis individual, comunitário e da sociedade. Para tanto, se 
propõe a discutir temas que promovem releitura crítica da crise pandêmica, suas causas 
e consequências, englobando formas alternativas ao tradicional direito ambiental - e 
instrumentos de administração de conflitos ambientais - que permitam pensar em 
cenários de reconstrução ética, social, política e jurídica do nosso relacionamento com a 
Natureza. 
Por sua vez, o GT 4 intitulado “Novas Tecnologias, Megadados e circulação de 
informação” busca estabelecer o debate trazendo reflexões sobre as novas tecnologias, o 
papel dos megadados e a circulação de informações no mercado, na política e na 
sociedade. Neste intuito, torna-se necessário estabelecer o processo de reflexão buscando 
compreender os impactos destes aspectos sobre: o processo político eleitoral; a 
elaboração de políticas públicas a nível municipal, estadual e federal; a privacidade; a 
censura e difusão de informações; abarcando também os reflexos desse campo nas novas 
formas de trabalho e na necessidade de repensar o formato das relações mediadas pelo 
mercado. 
No mais, agradeço sinceramente a todos os que acreditaram neste projeto. À 
Direção da Faculdade de Direito da Universidade Federal Fluminense, bem como ao 
Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Direito (PPGSD/UFF) agradeço o apoio e 
suporte. A todos os coordenadores dos Grupos de Trabalho: Eduardo Helfer de Farias, 
Fabiana de Oliveira, Giulia Parola, Monique Falcão, Joyce Abreu de Lira, Anna Paula 
Mendes e Vitor Stuart Gabriel de Pieri, meus sinceros agradecimentos por todo empenho 
dedicado ao evento e excelente trabalho realizado ao longo das etapas de produção. 
Aos palestrantes, que disponibilizaram seu conhecimento e dedicação para 
participarem dos Painéis, agradeço pela colaboração e solicitude em trazer consigo o 
debate em perspectiva multidisciplinar tão relevante e necessária para o enfrentamento 
dos desafios que se apresentam na conjuntura atual, meu profundo apreço: Pricila 
Maziero, Esther Dweck, Fabiana de Oliveira, Fabiana Rodrigues, Gabriel Mello, Ricardo 
Bruno Boff, Verônica Moreira dos Santos Pires e Vitor Stuart Gabriel de Pieri. 
À Profª. Cristina Albuquerque, cuja proposta para a Conferência Inaugural 
intitulada “Do outro lado do espelho”: Da compreensão das vulnerabilidades às políticas 
de enfrentamento e a exigência de uma ética político-social global, meu agradecimento 
especial por aceitar nosso convite e trazer consigo a temática ideal e mais que apropriada 
para a abertura do evento. 
À Comissão Executiva, minha mais sincera admiração pelo empenho, garra e 
dedicação com a qual cumpriram com todas suas funções. Não sei como poderia ser grato 
o suficiente para fazer jus à disposição dedicada em equipe nas madrugadas revisando 
todos os detalhes para assim, pensarmos em cada procedimento com o acabamento 
necessário para realizarmos uma boa edição inaugural do evento. Deixo registrado meu 
orgulho em relação a cada um de vocês: Bruna Figueiredo Costa Tiago, Lucas Thomaz 
Pessôa, Marcella de Lourdes Silva Pereira, Nathan dos Santos de Oliveira, Rafaela Mello, 
Rebeca Toi Shi Alves, Jéssica Querino, Guilherme Goes Rossetto e Ygor Alonso Alvares de 
Araujo. Cada qual com seu talento e contribuição representou uma peça fundamental 
dentro do encadeamento de produção e realização desta empreitada. 
Um agradecimento final a todos que, de forma direta ou indireta, colaboraram para 
a realização deste Ebook. Agradecemos a cada um dos autores e desejamos a todos uma 
boa leitura. 
 
 
 Rio de Janeiro, 02 de Fevereiro de 2021. 
 
Gabriel Rached 
Colaboração: Eduardo Helfer de Farias 
 
 
 
The Organizers of the event “International Seminar on the State and Institutions” 
are pleased to welcome everyone and present their first edition of this Conference 
entitled: “Institutional Dialogues and Policies for Pandemic Times.” 
 This event’s organization, which results in the present Ebook, refers to 2012 when 
the Research Group “State, Institutions, and Economic Analysis of Law” (GPEIA/UFF) 
began its activities. The learning experience and multidisciplinary interaction over the 
years, in academic collaboration with partners, has been fundamental for reaching this 
moment with the accumulated background that allows us to take a step ahead. 
 In 2020, GPEIA entered a new phase, in which I assume the general coordination 
of the Group, representing the appropriate moment for, in the face of so many obstacles 
and uncertainties, to have the possibility of opening the debate, critically and 
purposefully, concerning challenges in the scope of Public Policies and policy-making to 
face the crisis scenario that reaches the global community as a whole. 
Based on the assumption that we are going through a complex conjuncture and full 
of particularities (both nationally and internationally), this evidence led us to undertake 
this endeavor, through the Research Group, to open the space for pertinent reflections on 
four main fronts to be addressed by the Working Groups (WGs) in an interdisciplinary 
way: Multilateralism and Global Governance (WG 1); National and International 
Strategies in Comparative Perspective (WG 2); Environment and Sustainability (WG 3); 
and, New Technologies and Information Diffusion (WG 4). 
The WG 1 entitled “The pandemic crisis on the global scale and multilateral 
policies” proposes to discuss the global challenges posed by the pandemic and discuss the 
multilateral actions that aim to mitigate its impacts and the possible consequences of the 
current crisis on the international order. The relevance of international cooperation in the 
face of a global health crisis and how this process has been conducted represents a 
fundamental point within the debate necessary to overcome this critical context, taking 
into account its complexity. 
The WG 2 entitled“National and international policies for crisis management in a 
comparative perspective,” opens the space for the debate on the role of the State and the 
Institutions in the management of the pandemic, as well as national and international 
policies to face the crisis, seeking to highlight the relevance of the multidisciplinarity that 
is involved in this dialogue - in terms of combination and complementarity of different 
fields of knowledge in a search for new opportunities and creative solutions for this 
situation - incorporating the debate in a comparative perspective. 
The WG 3, entitled “Alternatives for the environment and the sustainability 
platform,” aims to examine the scope and impact of State mechanisms for environmental 
management and the promotion of sustainability to accomplish the fundamental rights at 
the individual, communitarian, and social levels. To this end, it proposes to discuss themes 
that promote a critical reinterpretation of the pandemic crisis, its causes, and 
consequences, encompassing alternative forms to the traditional environmental law - and 
instruments for the management of environmental conflicts - that allows thinking about 
scenarios of ethical, social, political and legal reconstruction of our relation with Nature. 
Consecutively, the GT4 entitled “New Technologies, big data, and information 
diffusion” seeks to establish the debate by bringing reflections on new technologies and 
the role of big data and circulation of information in the market, in politics, and the whole 
society. To this end, it is necessary to establish the process of reflection seeking to 
understand the impacts of these aspects on: the electoral political process; the elaboration 
of public policies at the municipal, state, and federal level; privacy; censorship and 
dissemination of information; also encompassing the reflexes of this field in the new 
formats of working - and the necessity of rethinking the way the market mediates these 
relations. 
Last by not least, my most sincere admiration for the Executive Committee’s 
commitment, determination, and dedication to performing all their functions. I couldn’t 
be grateful enough to honor the team’s dedication, being available during many evenings 
reviewing all the details and deliberating on each procedure with the necessary “finishing 
touches” to make a good inaugural edition of the event. Each one with a particular talent 
and contribution represented a fundamental piece in this production. 
A final thanks to everyone who, directly or indirectly, contributed to the realization 
of this Ebook. We thank each one of the authors and wish everyone a pleasant reading. 
 
 Rio de Janeiro, February 02nd, 2021. 
 
Gabriel Rached 
Collaboration: Eduardo Helfer de Faria
PERFIS FALSOS E ANÔNIMOS NAS REDES SOCIAIS SOB A ÓTICA DA LEI DAS 
ELEIÇÕES 
 
Frederico Thales de Araújo Martos1 
 
Júlio Dias Taliberti2 
 
GT 4 – Novas tecnologias, megadados e circulação de informações 
 
RESUMO 
As campanhas eleitorais têm, cada vez mais, aderido a formas virtuais de propaganda eleitoral. 
Com isto, uma série de novas situações têm surgido, dentre elas, os perfis falsos e anônimos 
nas redes sociais, que buscam criar engajamento positivo ou negativo a determinados 
candidatos; sendo identificados como uma das principais fontes de fake news. Diante disto, este 
trabalho se propõe a fazer um estudo sobre os perfis falsos e anônimos nas redes sociais sob a 
ótica da Lei das Eleições. De tal forma, far-se-á uma investigação sobre as disposições 
legislativas que tratam do referido tema. Ainda, será estabelecida e exposta uma diferenciação 
entre os perfis falsos e anônimos e, sob este prisma, será examinada a aplicação da legislação. 
Ademais, com o intuito de estabelecer uma abordagem prática, o trabalho buscará um 
procedimento apto a remover conteúdos publicados por estes perfis e, ao mesmo tempo, 
identificar o usuário responsável. Por fim, será analisado o Projeto de Lei n. 2.630/2020 como 
uma alternativa ao combate dos perfis falsos e anônimos, expondo os dispositivos capazes de 
inibi-las. 
Palavras-chave: perfil falso; perfil anônimo; rede social; Direito Eleitoral; tecnologia. 
 
ABSTRACT 
Electoral campaigns have increasingly adhered to virtual forms of electoral propaganda. With 
this, a series of new situations has emerged, among them, the false and anonymous profiles on 
social networks, which seek to create positive or negative engagement with certain candidates; 
being identified as one of the main sources of fake news. In view of this, this paper proposes to 
make a study about the false and anonymous profiles on social networks from the perspective 
of the Law of elections. In this way, an investigation will be made on the legislative provisions 
that deal with the referred topic. Furthermore, a differentiation between false and anonymou 
profiles will be established and exposed and, under this perspective, the application of the 
legislation will be examined. Furthermore, in order to establish a practical approach, the work 
seeks a procedure capable of removing content published by these profiles and, at the same 
time, identifying the responsible user. Finally, bill n. 2.630/2020 will be analyzed as an 
alternative to combating false and anonymous profiles, exposing devices capable of inhibiting 
them. 
 
1 Doutor em Direito Civil pela FADISP. Professor titular de Direito Civil da Universidade do Estado de Minas 
Gerais e da Faculdade de Direito de Franca. Diretor Científico do IBDFAM/Franca. E-mail: 
fredmartos@gmail.com. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/4229908558905543. 
2Graduando em Direito pela Faculdade de Direito de Franca. E-mail:juliotaliberti@gmail.com. Currículo Lattes: 
http://lattes.cnpq.br/0545742541227505. 
 
Keywords: fake profile; anonymous profile; social network. Electoral law; technology. 
 
INTRODUÇÃO 
 
Com a evolução nos meios de comunicação, a internet ganhou enorme protagonismo na 
forma de interação com o público nos mais diversos cenários. No âmbito eleitoral, os comícios 
e os eventos públicos de campanha passaram a ser substituídos por alternativas digitais, por 
meio da produção de conteúdo na forma de publicações, vídeos e transmissões ao vivo 
divulgados por sites e, especialmente, pelas redes sociais. 
Diante disso, passou a ser recorrente a criação e manutenção de perfis falsos e anônimos 
nas plataformas digitais com o objetivo de atuar de maneira favorável ou desfavorável a 
determinados candidatos, partidos ou ideologia; por meio da criação e compartilhamento de 
conteúdo. 
Contudo, é evidente que tal engajamento é fundado em fatores inverídicos e é prejudicial 
à democracia, principalmente tendo em vista os estados mentais que podem criar nos demais 
eleitores, causando resultados semelhantes àqueles observados nas pesquisas eleitorais, que 
GOMES (2020) chama de “efeito manada”, segundo o qual os indivíduos tendem a votar 
naqueles candidatos que despontam nas intenções de voto. 
Assim, existe a necessidade de se combater os perfis falsos e anônimos que são 
utilizados para fins eleitorais, especialmente mirando a verdade que deve imperar na 
democracia e no processo eleitoral. 
De tal forma, torna-se preciso diferenciar os perfis falsos e anônimos e enquadrá-los na 
legislação eleitoral, principalmente na Lei das Eleições. Em sequência, também se mostra 
necessário apresentar o procedimento para remoção de conteúdos publicado por tais perfis, bem 
como um processo para identificação do usuário, que deverá ser responsabilizado. 
Por fim, o presente trabalho visa apresentar aspectos do Projeto de Lei n. 2.630/2020, 
que visa instituir a Lei Brasileira de Liberdade, Responsabilidade e Transparência na Internet, 
como uma alternativa ao combate aos perfis falsos e anônimos nas redes sociais. 
 
1. PERFIS FALSOS E ANÔNIMOS NAS REDES SOCIAISInicialmente, importa apontar que a Lei das Eleições possui disposições diferentes para 
o anonimato na internet e para os perfis falsos. Sobre o anonimato, ela assim dispõe: 
 
Art. 57-D. É livre a manifestação do pensamento, vedado o anonimato durante a 
campanha eleitoral, por meio da rede mundial de computadores - internet, assegurado 
o direito de resposta, nos termos das alíneas a, b e c do inciso IV do § 3o do art. 58 e 
do 58-A, e por outros meios de comunicação interpessoal mediante mensagem 
eletrônica. 
(...) 
§ 2° A violação do disposto neste artigo sujeitará o responsável pela divulgação da 
propaganda e, quando comprovado seu prévio conhecimento, o beneficiário à multa 
no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a R$ 30.000,00 (trinta mil reais). 
 
Quanto aos perfis falsos, a disposição é a seguinte: 
 
Art. 57-B. A propaganda eleitoral na internet poderá ser realizada nas seguintes 
formas: 
(...) 
§ 2° Não é admitida a veiculação de conteúdos de cunho eleitoral mediante cadastro 
de usuário de aplicação de internet com a intenção de falsear identidade. 
(...) 
§ 5° A violação do disposto neste artigo sujeita o usuário responsável pelo conteúdo 
e, quando comprovado seu prévio conhecimento, o beneficiário, à multa no valor de 
R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a R$ 30.000,00 (trinta mil reais) ou em valor equivalente 
ao dobro da quantia despendida, se esse cálculo superar o limite máximo da multa. 
 
Apresentada a legislação pertinente, é preciso reconhecer a conexão entre o perfil falso 
e o anônimo. O dicionário Larousse Cultural aponta a definição de anonimato como “aquilo 
que é anônimo”, enquanto o anônimo é o “1. Que não tem nome. – 2. Que não leva a assinatura 
do autor” (BRASIL, 2000). 
Aprofundando a definição e aplicando-a também a um contexto cibernético, é possível 
entender o anonimato como a ocultação da verdadeira identidade do agente. Paralelo a isto, 
tem-se que o perfil falso é aquele criado com informações que não correspondem à realidade 
de quem está utilizando-o. 
Assim, pode-se observar que o perfil falso é uma espécie do gênero anonimato. A 
falsidade é configurada quando as informações fornecidas não possuem lastro com a verdadeira 
identidade de seu utilizador, podendo estas informações ser verdadeiras, mas de outra pessoa, 
ou totalmente forjadas, inventadas. 
Já o perfil anônimo é mais amplo, pois não só abrange o perfil falso como também 
aqueles que não possuem uma identificação que remete a uma pessoa. De toda sorte, fato é que 
os perfis anônimos e falsos obstam o reconhecimento do usuário. 
Diante disto, é preciso observar que o objetivo, a razão de ser, dos dispositivos citados 
está ligada com a responsabilização. Isto porque estes artigos da Lei das Eleições espelham o 
inciso IV do art. 5° da Constituição Federal, que ao garantir o direito à liberdade de expressão 
veda o anonimato. 
Sobre a disposição constitucional, BAHIA (2017, p.120) explica que: 
 
A manifestação do pensamento é um dos atributos da liberdade de expressão, 
entretanto deverá ser realizada de maneira responsável. A identificação da autoria da 
manifestação (seja em cartas, e-mails, artigos nos jornais) é indispensável para tentar 
coibir as manifestações que tenham como intuito apenas o prejuízo da moral ou do 
bom nome alheio (BAHIA, 2017, p. 120). 
 
Assim, é evidente que a Lei das Eleições também quis garantir a liberdade de expressão, 
primordial para a existência da democracia, mas, ao mesmo tempo, assegurar a 
responsabilização daquele que excede o exercício deste direito, proibindo a propaganda 
eleitoral através de perfis anônimos como uma forma de prevenção e inclusive de combate as 
contas fakes (PEREIRA; PECCININ, 2018) e as próprias fake news de maneira geral 
(BLASZAK, 2018, p. 157) 
Esta prevenção se deve principalmente pelo fato dos perfis anônimos serem a principal 
origem de diversos conteúdos inverídicos e desinformativos, no fenômeno que se popularizou 
como fake news. Neste sentido: 
 
A despeito deste tema, a veiculação de conteúdo inverídico talvez seja uma das 
maiores mazelas da propaganda eleitoral, destacando-se especialmente aquelas 
veiculadas através de redes sociais, no mais das vezes sob o manto do anonimato. 
Não por outro motivo a Lei nº 9.504/97 veda o anonimato nas manifestações 
eleitorais, na internet, ou mesmo aquelas em que é atribuída a autoria a terceiro, 
inclusive, candidatos, partidos ou coligações. 
(...) 
Neste tempo febril da política brasileira, as redes sociais têm sido utilizadas cada vez 
mais para uma verdadeira batalha destrutiva da imagem, especialmente dos detentores 
de mandatos eletivos, bem como dos partidos políticos. Não raro são compartilhadas 
informações cuja origem se desconhece, sem qualquer cuidado, sem verificar a 
seriedade e credibilidade da suposta fonte (PREZOTTO, 2017, p. 44-45). 
 
Contudo, existe o entendimento de que não há anonimato na internet, isto porque é 
possível localizar e rastrear um usuário através de seu IP (Internet Protocol). A Empresa 
Facebook, em diversas ações eleitorais3 nas quais é demandada para apresentar dados, oferta 
defesa dizendo que o usuário não pode ser condenado como incurso no art. 57-D da Lei das 
Eleições justamente diante da possibilidade de localizá-lo através do IP. 
O entendimento encontra-se respaldado inclusive pela Resolução 23.610/2019 do TSE, 
que em seu art. 38, §3°, assim dispõe: 
 
Art. 38. A atuação da Justiça Eleitoral em relação a conteúdos divulgados na internet 
deve ser realizada com a menor interferência possível no debate democrático. 
(...) 
§ 3º A publicação somente será considerada anônima caso não seja possível a 
identificação dos usuários após a adoção das providências previstas no art. 40 desta 
Resolução. 
 
Entretanto, tais entendimentos e inclusive a referida Resolução mostram-se contrários 
ao espírito da Lei das Eleições e impedem que se produzam os efeitos práticos desejados. Isto 
porque, se todas as medidas para rastrear o usuário se mostrarem ineficazes não será possível 
localizá-lo e consequentemente puni-lo, o que torna o artigo e a sanção letra morta. 
Logo, mais eficaz e correto é que se puna todo aquele perfil anônimo, incluindo aqui os 
falsos, que sejam utilizados para fins eleitoreiros, como a propaganda positiva ou negativa a um 
candidato. 
Isto porque o anonimato previsto no art. 57-D da Lei das Eleições deve ser interpretado 
de maneira imediata, ou seja, se as informações de cadastro não permitirem facilmente 
identificar o usuário, este deverá ser considerado anônimo. Melhor dizendo: se o indivíduo 
colocar obstáculos no rastreamento de sua identidade é possível considerar a conta anônima. 
Entretanto, poderá a pessoa, quando representada como incursa no art. 57-D, apresentar defesa 
demonstrando que seu perfil não era anônimo. 
É claro que a vedação ao anonimato não pode restringir as páginas humorísticas, 
artísticas ou culturais de se manifestarem. Contudo, as informações de cadastro do usuário 
responsável pelo conteúdo devem ser verídicas para que se valore eventuais excessos que sejam 
cometidos. Entretanto, não é necessário que estas informações estejam ao alcance do público 
em geral, mas sim que, caso solicitada pelo juízo, sejam fornecidas e então se apure a existência 
ou não de anonimato ou falsidade. 
 
 
3 Cita-se como exemplo a defesa apresentada nos autos da Representação n. 0600372-42.2020.6.26.0073. 
2. DO PROCEDIMENTO PARA REMOÇÃO DO CONTEÚDO E IDENTIFICAÇÃO 
DO RESPONSÁVEL 
 
Diante de casos nos quais publicações de cunho eleitoral sejam feitas por usuários 
valendo-se de perfis anônimos ou falsos, torna-se possível a remoção do conteúdo e a 
identificação do indivíduo para que seja procedida sua responsabilização como incurso no art. 
57-B, §2°, ou 57-D da Lei das Eleições. 
Para tanto, o procedimento que se mostramais eficaz é aquele previsto no art. 303 do 
CPC, através da tutela antecipada requerida em caráter antecedente, que assim está 
regulamentada: 
 
Art. 303. Nos casos em que a urgência for contemporânea à propositura da ação, a 
petição inicial pode limitar-se ao requerimento da tutela antecipada e à indicação do 
pedido de tutela final, com a exposição da lide, do direito que se busca realizar e do 
perigo de dano ou do risco ao resultado útil do processo. 
§ 1º Concedida a tutela antecipada a que se refere o caput deste artigo: 
I – O autor deverá aditar a petição inicial, com a complementação de sua 
argumentação, a juntada de novos documentos e a confirmação do pedido de tutela 
final, em 15 (quinze) dias ou em outro prazo maior que o juiz fixar; 
(...) 
 
Tal procedimento mostra-se adequado uma vez que não se conhece quem é o verdadeiro 
réu. De tal modo, demanda-se contra a empresa responsável pela rede social, requerendo em 
caráter de tutela a remoção do conteúdo e o fornecimento dos dados cadastrais para a 
localização, inclusive o IP. 
A probabilidade do direito é demonstrada através da exposição sobre o anonimato ou a 
falsidade do referido perfil, bem como com a exibição da propaganda eleitoral difundida pelo 
usuário. 
Quanto ao risco ao resultado útil do processo, esse se configura de maneira diferente 
diante dos pedidos: em relação ao fornecimento de dados cadastrais e em relação à remoção do 
conteúdo. 
Sobre o fornecimento de dados cadastrais, o periculum in mora resta presente, vez que 
se torna impossível o desenvolvimento da ação e a responsabilização do indivíduo sem a 
identificação do usuário. 
 Já no tocante à remoção do conteúdo o risco se mostra presente diante do potencial de 
acesso e engajamento que aquele conteúdo pode ter em um curto lapso de tempo. Ademais, 
aquele candidato que se beneficia de uma ilicitude traz um desequilíbrio para o pleito em 
comparação aos demais. 
Ainda, destaca-se que no caso da propaganda negativa, a honra e a imagem do candidato 
ofendido não são facilmente reparáveis e, tendo em vista a curta duração do período eleitoral, 
é preferível que se garanta a sobriedade do pleito. 
Por fim, destaca-se que o risco ao resultado útil do processo pode ser agravado caso a 
publicação realizada através de perfil anônimo ou falso tenha conteúdo manifestamente 
inverídico, o que deverá ser comprovado pelo requerente. Assim, mostram-se presente os 
requisitos para a concessão da tutela. 
Uma vez deferida e apresentados os dados cadastrais, se possível a imediata 
identificação do usuário não é caso para a manutenção da tutela. Contudo, se com a 
apresentação das informações forem necessárias outras diligências para o rastreamento da 
identidade, estará configurado o anonimato. 
Nesta segunda hipótese, encontra-se a árdua tarefa de localizar o indivíduo por trás do 
perfil anônimo. Para tanto, será necessário o IP (internet protocol) relacionado àquele perfil, o 
que deverá ser fornecido pela própria rede social na tutela, conforme já explanado. 
O Internet Protocol, de maneira simplificada e primitiva, pode ser entendido como o 
endereço eletrônico numérico atribuído a cada dispositivo conectado a uma rede de 
computadores que utiliza o protocolo de internet para a comunicação. 
Assim, com este dado é possível realizar uma pesquisa para encontrar o provedor de 
conexão da rede daquele usuário. A pesquisa pode ser feita por diversos sites, dentre eles o 
“Registro.br”4. Em posse da informação quanto ao provedor de conexão, deverá este ser 
intimado para que apresente os dados relativos àquela conexão, possibilitando a identificação 
do usuário. 
Após identificado o usuário, a petição inicial deverá ser emendada, nos termos do inciso 
I do §1° do art. 303, CPC, incluindo o réu responsável pelo perfil falso ou anônimo e 
complementando a argumentação utilizada. 
 
3. O PROJETO DE LEI N. 2.630/2020 COMO UMA ALTERNATIVA AO COMBATE 
 
A Constituição Federal norteia que a liberdade de expressão é um direito a ser protegido 
e assegurado no Estado Democrático, contudo, ao mesmo tempo, estampa a vedação ao 
anonimato. Assim, tendo em vista o potencial danoso que os perfis anônimos e falsos possuem 
 
4 https://registro.br/tecnologia/ferramentas/whois/. 
em um cenário eleitoral, é preciso que sejam encontradas alternativas que assegurem a melhor 
identificação e responsabilização dos indivíduos. 
Neste sentido é possível destacar o Projeto de Lei n. 2.630/2020 que visa instituir a Lei 
Brasileira de Liberdade, Responsabilidade e Transparência na Internet, dentre os objetivos está 
o fortalecimento do processo democrático através do combate ao comportamento inautêntico 
no universo virtual, para tanto, visa estabelecer normas, diretrizes e mecanismos para os 
provedores de redes sociais e serviços de mensageria privada. 
 O Projeto de Lei, logo em seu artigo 5°, já estabelece uma importante diferença entre 
as contas identificadas e aquelas inautênticas: 
 
Art. 5º Para os efeitos desta Lei, considera-se: 
I – conta identificada: conta cujo titular tenha sido plenamente identificado pelo 
provedor de aplicação, mediante confirmação dos dados por ele informados 
previamente; 
II – conta inautêntica: conta criada ou usada com o propósito de assumir ou simular 
identidade de terceiros para enganar o público, ressalvados o direito ao uso de nome 
social e à pseudonímia nos termos desta Lei, bem como o explícito ânimo humorístico 
ou de paródia. 
 
O texto vem de encontro ao que propõe este artigo, pois visa assegurar a fácil 
identificação das contas e, ao mesmo tempo, proteger situações excepcionais como o uso do 
nome social e a pseudonímia. 
Diante dos objetivos propostos pelo projeto, o mesmo apresenta prudentes medidas 
que devem ser adotadas pelos provedores de redes sociais e serviços de mensagens, como por 
exemplo em seu art. 6°: 
 
Art. 6º Com o objetivo de proteger a liberdade de expressão e o acesso à informação 
e fomentar o livre fluxo de ideias na internet, os provedores de redes sociais e de 
serviços de mensageria privada, no âmbito e nos limites técnicos de seu serviço, 
devem adotar medidas para: 
I – vedar o funcionamento de contas inautênticas; 
II – vedar contas automatizadas não identificadas como tal, entendidas como aquelas 
cujo caráter automatizado não foi comunicado ao provedor de aplicação e, 
publicamente, aos usuários. 
 
Ainda, o art. 7° do projeto trata do cadastro de contas nas redes sociais e aplicativos de 
mensagens e cria a possibilidade destes serviços solicitarem a confirmação da identidade do 
usuário, inclusive por meio de apresentação de documentos, caso haja indício de que aquele 
perfil se trata de uma conta inautêntica ou não identificada: 
 
Art. 7º Os provedores de redes sociais e de serviços de mensageria privada poderão 
requerer dos usuários e responsáveis pelas contas, em caso de denúncias por 
desrespeito a esta Lei, no caso de indícios de contas automatizadas não identificadas 
como tal, de indícios de contas inautênticas ou ainda nos casos de ordem judicial, que 
confirmem sua identificação, inclusive por meio da apresentação de documento de 
identidade válido. 
Parágrafo único. Os provedores de redes sociais e de serviços de mensageria privada 
deverão desenvolver medidas técnicas para detectar fraude no cadastro e o uso de 
contas em desacordo com a legislação, devendo informá-las em seus termos de uso 
ou em outros documentos disponíveis aos usuários. 
 
Apesar de eventuais críticas que se faça a rigidez destas disposições, é preciso evidenciar 
que é necessário encontrar mecanismos que possibilitem que as leis existentes sejam aplicadas 
na internet; não é admissível que se veja a internet como um ambiente no qual a legislação 
possui pequena incidência pela dificuldade de se localizar o indivíduo que atenta contra a ordemjurídica. 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Levando em conta o que foi desenvolvido ao longo do trabalho, tem-se que a legislação 
eleitoral apresenta disposições diferentes para o anonimato na internet e para cadastro de 
usuário com dados falsos em aplicações de internet, entendido como perfis falsos. 
A Lei das Eleições, em seu artigo 57-D, ao garantir a livre manifestação do pensamento, 
veda expressamente o anonimato na rede mundial de computadores. Paralelamente, o §2° do 
art. 57-B do mesmo diploma relaciona a vedação à veiculação de conteúdos de cunho eleitoral 
mediante cadastro de usuário de aplicação de internet com a intenção de falsear a identidade. 
Em ambos os casos, a violação pune o responsável pelo conteúdo e, quando comprovado 
seu prévio conhecimento, o beneficiário da conduta, com multa de cinco mil a trinta mil reais. 
Tais dispositivos mostram a possibilidade de enquadrar perfis falsos e anônimos nas 
redes sociais que promovem conteúdo de cunho eleitoral. Contudo, o presente trabalho concluiu 
que o perfil falso é uma espécie do gênero anonimato, tendo em vista que em ambos os casos 
não é possível identificar a identidade do usuário. 
Entretanto, o trabalho também apontou que o anonimato, incluindo os perfis falsos, que 
tratam a Lei das Eleições deve ser interpretado de maneira imediata, isto é, se as informações 
de cadastro não permitirem facilmente a identificação do usuário, este deverá ser considerado 
anônimo. 
Esta interpretação vai à contramão do que dispõe a resolução 23.610/2019 do TSE, que 
em seu art. 38, §3° determina que a publicação somente será considerada anônima caso não seja 
possível a identificação dos usuários após serem tomadas uma série de medidas previstas no 
art. 40 da mesma resolução. 
Contudo, esta não se mostra a mais eficaz solução, isto porque, se o usuário não for 
identificado depois de tomadas todas aquelas medidas, não se mostrará possível seu 
rastreamento e, consequentemente, sua responsabilização. 
No entanto, é preciso fazer a ressalva de que a vedação ao anonimato não deverá 
restringir as páginas humorísticas, artísticas ou culturais nas redes sociais; todavia, as 
informações de cadastro do responsável por estes conteúdos deverão ser verídicas, mesmo que 
não estejam ao acesso direto do público. 
Feitas tais considerações sobre os perfis anônimos e falsos, o presente trabalho se dispôs 
a expor um procedimento apto a remover o conteúdo irregularmente publicado e promover a 
identificação do usuário. 
Para tanto, recorreu-se ao artigo 303 do CPC, que estabelece a tutela antecipada 
requerida em caráter antecedente. O procedimento demonstrou-se o mais adequado pois 
permite que se ingresse inicialmente em desfavor da rede social, requerendo a remoção do 
conteúdo e o fornecimento dos dados cadastrais do usuário, inclusive o IP (internet protocol) 
do computador, para a identificação do usuário. 
Após removido o conteúdo e identificado o usuário, é possível, nos termos do inciso I, 
§1°, do mesmo artigo, promover o aditamento da inicial, colocando no polo passivo o indivíduo 
responsável pelo perfil anônimo, bem como complementando a argumentação. 
Por fim, o trabalho ainda se dispôs a analisar o Projeto de Lei n. 2.630/2020 que visa 
instituir a Lei Brasileira de Liberdade, Responsabilidade e Transparência na Internet, como uma 
alternativa ao combate de perfis falsos e anônimos. 
O referido projeto apresenta se mostra eficaz para o fim proposto, vez que estabelece 
importante diferenciação entre as contas identificadas e aquelas inautênticas. Ainda, o mesmo 
estabelece que os provedores de redes sociais e serviços de mensageria privada devem adotar 
medidas para vedar o funcionamento de contas inautênticas e contas automatizadas. 
Não só, também permite que os serviços de mensagens e provedores de redes sociais 
exijam a identificação do usuário, inclusive através da apresentação de documento de 
identidade válido. 
Desta forma, o projeto se apresenta como interessante alternativa para o combate aos 
perfis falsos e anônimos nas redes sociais, pois permite que a legislação eleitoral melhor incida 
no ambiente virtual, trazendo a responsabilização aos usuários que excedam o exercício de seus 
direitos. 
 
REFERÊNCIAS 
 
BAHIA, F. Direito Constitucional. 3. Ed. Recife: Armador, 2017. 
BLASZAK, J. L. Propaganda Eleitoral – novos tempos, novos desafios. Revista do TRE-RS/ 
Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Sul. – v.23, n. 44, p. 143-166, 2018. 
BRASIL. Lei nº 9.504, de 30 de setembro de 1997. Brasília, DF, Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9504.htm. Acesso em: 13 nov. 2020. 
BRASIL. Projeto de Lei nº 2630/2020, de 2020. Brasília, DF, de autoria do Senador Alessandro 
Vieira. Disponível em: 
https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=2256735. 
Acesso em: 13 nov. 2020. 
GOMES, J. J. Crimes Eleitorais e Processo Penal Eleitoral. 3. Ed. São Paulo: Atlas, 2018. 
PEREIRA, L. F. C; PECCININ, L. E. Tutela Específica da Propaganda Eleitoral na Internet: 
Entre a Liberdade e o Controle do Debate Político Virtual. In: FUX, L. et al (Coord.). Direito 
Eleitoral: Temas Relevantes. Curitiba: Juruá Editora, 2018. p. 303-322. 
PREZOTTO, M. A. Propaganda eleitoral negativa como instrumento de convencimento do 
eleitor. In: FUX, Luiz et al (comp.). Tratado de Direito Eleitoral: propaganda eleitoral. Belo 
Horizonte: Fórum, 2018. p. 31-44. 
AS NOTÍCIAS FRAUDULENTAS E O DISCURSO DE ÓDIO: UMA AFRONTA A 
DEMOCRACIA E AOS DIREITOS FUNDAMENTAIS NA SOCIEDADE DA 
INFORMAÇÃO 
 
Yana Paula Both Voos1 
 
Riva Sobrado de Freitas2 
 
GT 4 – Novas tecnologias, megadados e circulação de informação 
 
RESUMO 
A presente pesquisa se desenvolve a partir da análise de como as notícias fraudulentas e o 
discurso de ódio podem promover a desinformação e violar direitos fundamentais. Para tanto, 
fora proposto um estudo de caso sobre a suspensão de contas e exclusão de postagens com 
conteúdo fraudulento e/ou discurso do ódio, demonstrando seus impactos e objetivando 
encontrar meios reputados adequados para enfrentar esse fenômeno na sociedade da 
informação, sem descuidar da proteção à liberdade de expressão, imprescindível no Estado 
Democrático de Direito. A metodologia utilizada é a descritiva explicativa qualitativa crítica, 
através do exame bibliográfico e documental, de forma dedutiva, em fontes primárias, a partir 
da Constituição brasileira e casos concretos e em fontes secundárias, através a análise 
bibliográfica, jornalística e científica. Com o desenvolvimento da pesquisa, restará 
demonstrado que, na sociedade da informação, a propagação e disseminação de notícias 
fraudulentas se acentuou, notícias estas que atentam contra a democracia e o debate público e 
que além de ter potencialidade de incitar o ódio, lesionam direitos fundamentais, fomentando 
uma possível ilegitimidade do sistema democrático brasileiro. Assim, as medidas de exclusão 
e suspensão de notícias, adotadas por algumas empresas, foram, prima facie, adequadas no 
momento, todavia, o método deve ser repensado, de modo a permitir um ambiente livre e que 
não recaia em censura. 
Palavras-chave: democracia; discurso do ódio; fake news; liberdade de expressão; pós-
verdade. 
 
ABSTRACT 
This research is based on the analysis of how fraudulent news and hate speech can promote 
misinformation and violate fundamental rights. To this end, a case study on the suspension of 
accounts and exclusion of posts with fraudulent content and/or hate speech had been proposed, 
demonstrating its impacts and aiming at finding adequate means to face this phenomenon in the 
 
1 Mestranda em Direito pela Universidade do Oeste de Santa Catarina (UNOESC) com bolsa integral financiada 
pela PROSUC/CAPES. Especialista em Direito Penal e Criminologia pela Uninter. E-mail: 
yanapaula04@hotmail.com. CurrículoLattes: http://lattes.cnpq.br/0931683734378259. 
2 Pós doutora em Direitos Humanos pela Universidade de Coimbra. Doutora e Mestre pela PUC-SP. Docente do 
Programa de Pós Graduação da UNOESC e Docente Convidada da UFSC. E-mail: rivafreit@gmail.com. Currículo 
Lattes: http://lattes.cnpq.br/0491714025952661. 
information society, without neglecting the protection of freedom of expression, indispensable 
in the Democratic State of Law. The methodology used is the critical qualitative explanatory 
descriptive, through the bibliographic and documentary examination, in a deductive way, in 
primary sources, from the Brazilian Constitution and concrete cases and in secondary sources, 
through the bibliographic, journalistic, and scientific analysis. With the development of 
research, it will be demonstrated that, in the information society, the propagation and 
dissemination of fraudulent news has increased, news that attack democracy and public debate 
and that besides having the potential to incite hatred, they damage fundamental rights, 
fomenting a possible illegitimacy of the Brazilian democratic system. Thus, the measures of 
exclusion and suspension of news, adopted by some companies, were, prima facie, adequate at 
the time, but the method must be rethought in order to allow a free environment that does not 
fall into censorship. 
 
Keywords: democracy; hate speech; fake news; freedom of expression; post-truth. 
 
INTRODUÇÃO 
 
A presente pesquisa é desenvolvida a partir da análise da liberdade de expressão no 
Brasil e de como as notícias fraudulentas podem promover e disseminar o discurso do ódio e a 
desinformação, comprometendo a democracia. Para tanto, foi proposto um estudo de casos 
sobre a suspensão de contas e exclusão de postagens com conteúdo fraudulento ou de discurso 
do ódio, o que demonstra o impacto social, democrático e econômico causado pelo discurso de 
ódio e pela disseminação de notícias fraudulentas. Busca, para tanto, encontrar meios de 
enfrentamento reputados adequados para atuar contra esse fenômeno tão atual na sociedade da 
informação, visando proteger a liberdade de expressão, tão cara ao ordenamento jurídico 
brasileiro. 
A vida em sociedade não é possível sem a comunicação e a relação com o outro. Em 
razão disso a liberdade de expressão é pressuposto fundamental, seja na perspectiva individual 
como um direito fundamental individual, seja na seara coletiva, ao garantir a democracia. Desta 
forma, a liberdade de expressão pode ser visualizada como uma das mais importantes liberdades 
humanas e que tem como pressuposto a sociabilidade, a fim de que o pensamento individual e 
coletivo seja construído através da dialética, além de ser imprescindível para a construção da 
identidade do sujeito. E é em razão deste caráter de fundamentalidade que a Constituição 
brasileira de 1988, em seu artigo 5º, garante a inviolabilidade do direito à liberdade. Além disso, 
o Supremo Tribunal Federal demonstra, através de suas decisões, dar posição de preferência à 
liberdade de expressão, quando em choque com outros direitos fundamentais. 
Esta pesquisa encontra justificativa a partir do fato de que com a era da pós-verdade o 
fenômeno da desinformação e da propagação de notícias fraudulentas se acentuou, o que 
acarretou na disseminação e incitação ao discurso do ódio através das mais variadas formas de 
intolerância, principalmente através do cyberespaço, onde foi se desenvolvendo um ambiente 
hostil e com potencialidade de danos irreversíveis. Esta situação desafia os atores públicos e 
privados, colocando em risco a democracia e os direitos fundamentais. Exemplos claros são as 
eleições norte-americanas e o Brexit em 2016, além do caso brasileiro desdobrado na CPMI da 
Fake News instaurado pelo Congresso Nacional brasileiro, ainda em andamento. Além disso, 
outros direitos fundamentais são passíveis de afetação, como por exemplo a saúde. Esta situação 
desafia os atores públicos e privados, colocando em risco tanto a democracia quanto os direitos 
humanos fundamentais. 
Não obstante, é possível afirmar que a liberdade de expressão, apesar de ser um direito 
fundamental positivado na Constituição Federal e imprescindível para a expressão livre e 
pública, vez que permite uma articulação nos meios sociais, não é absoluta, encontrando limites 
no próprio texto constitucional ao assegurar concomitantemente outros direitos fundamentais, 
tais como os direitos da personalidade e a dignidade da pessoa humana, além do regime político 
democrático, visando não cair num liberalismo autoritário, nas palavras de Lênio Luiz Streck 
(2020), o qual pode desdobrar-se em fake news, conforme será verificado no presente trabalho. 
A metodologia adotada é a descritiva explicativa qualitativa crítica, através do exame 
bibliográfico e documental, de forma dedutiva, uma vez que parte da perspectiva jurídica 
brasileira sobre a suspensão de contas e exclusão de postagens com conteúdo falso e/ou de 
discurso do ódio, buscando reconhecer a relação existente entre a liberdade de expressão, as 
notícias fraudulentas e o discurso do ódio. O estudo é feito em fontes primárias, a partir da 
Constituição brasileira e casos concretos e em fontes secundárias, através da análise 
bibliográfica, jornalística e científica. Num primeiro momento será examinado o direito 
fundamental à liberdade de expressão, sua conceituação e suas implicações, para 
posteriormente analisar e delimitar as notícias fraudulentas e o discurso do ódio, adentrando 
nos casos concretos brasileiro, buscando encontrar soluções plausíveis para o fenômeno. 
 
1. LIBERDADE DE EXPRESSÃO COMO DIREITO FUNDAMENTAL 
 
A liberdade de expressão é pressuposto fundamental, seja na perspectiva individual 
como um direito fundamental individual, seja como na seara coletiva, ao garantir a democracia. 
Heidegger (2003) afirma que a linguagem é a morada do ser e a partir dessa linguagem é que 
construímos a nossa identidade e em razão disso, afirma que ela não é solipsista, pois está 
atrelada à convivência humana. A partir deste viés é inserida a liberdade de expressão, que 
talvez seja a mais importante liberdade humana e que necessita da sociabilidade, a fim de que 
o pensamento individual e coletivo seja construído através da dialética. 
A liberdade de expressão como direito individual é essencial à dignidade da pessoa 
humana na medida em que ninguém se constrói em silêncio, ou seja, mesmo que a pessoa não 
consiga se expressar através da voz, ela utiliza outros meios como linguagem e identidade. Já 
na perspectiva coletiva, ela é necessária para o desenvolvimento da democracia e da cidadania. 
Em decorrência disso, tornou-se de vital importância o reconhecimento e a positivação dos 
direitos fundamentais e a partir desta necessidade que surgiram os direitos e principalmente os 
chamados fundamentais consagrados na Constituição Federal de 1988 os quais, para atingirem 
a configuração atual passaram por um processo histórico, chegando à concepção clássica dos 
direitos fundamentais, denominados de primeira dimensão ou geração. 
Neste contexto, assumem relevo as liberdades, sejam elas de expressão, imprensa, 
manifestação, entre outras, de cunho individualista, com o intuito de proteger o indivíduo frente 
ao Estado e também aos particulares, configurando-se como um direito de defesa e de uma não 
intervenção do Estado e ascensão da autonomia do indivíduo. A liberdade foi um dos tripés da 
Revolução Francesa de 1789, fruto do pensamento liberal-burguês do século XVIII, segundo 
Ingo Wolfgang Sarlet (2015). Segundo José Joaquim Gomes Canotilho (2003, p. 394), a 
consagração da liberdade ocorreu sob a forma de “direitos naturais e civis”, garantindo a 
liberdade de ir, permanecer e partir; a liberdade de falar, escrever, imprimir e publicar o 
pensamento; liberdade de exercer o culto religioso ao qual esteja ligado; a liberdade aos 
cidadãos de se reunirem pacificamentee sem armas; a liberdade de enviar, às autoridades 
constituídas, petições assinadas individualmente. 
Após a Declaração Francesa de 1789, outros documentos surgiram no mundo, 
consagrando a liberdade como um direito inalienável, destacando-se a Declaração Universal 
dos Direitos Humanos (1948), que afirma ser a liberdade de expressão uma garantia a qual o 
Estado deve garantir e não deve interferir, ou seja, com status negativus3, principalmente em 
seus artigos 184 e 195. Já na perspectiva constitucional brasileira, a Constituição de 1988, em 
 
3 Segundo Bodo Pieroth e Bernhard Schlink (2012, p. 16) o status negativus é o estado de liberdade em frente ao 
Estado, ou seja, quando o particular possui autonomia para determinar as suas escolhas sem a interferência dos 
poderes públicos. Este status é assegurado pelos direitos fundamentais, como direitos de defesa, protegendo 
liberdades ou bens contra o Estado. 
4 Artigo 18 - Todo o homem tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; este direito inclui a 
liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença, pelo ensino, pela 
prática, pelo culto e pela observância, isolada ou coletivamente, em público ou em particular. 
5 Artigo 19 - Todo o homem tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem 
interferências, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e ideias por quaisquer meios, 
independentemente de fronteiras. 
seus artigos 5º, incisos6 e artigo 2207, garante expressamente a inviolabilidade do direito à 
liberdade, destacando ser livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de 
comunicação, independentemente de censura ou licença. 
De acordo com Riva Sobrado de Freitas e Matheus Felipe de Castro (2013) a dignidade 
humana corresponde à ideia de justiça e de desenvolvimento da vida humana na sua plenitude. 
Em outras palavras, sem o exercício da liberdade de expressão, o indivíduo não consegue 
externar seus desejos e suas convicções, resultando na impossibilidade de comunicação, 
interação e articulação com a sociedade. Não obstante, quando há o exercício da liberdade de 
expressão, o cidadão possui voz, e, a partir dessa garantia é assegurada a possibilidade de 
manifestação do seu pensamento, seja ele político ou ideológico, além da oportunidade, 
conjugada com outros direitos, da participação no debate político, exercendo, assim, a sua 
cidadania. Dessa forma, segundo Fernanda Carolina Tôrres (2013, p. 62) a liberdade de 
expressão “é condição necessária ao exercício da cidadania e ao desenvolvimento democrático 
do Estado, na consolidação de uma sociedade bem informada e coautora de seus sistemas 
político e jurídico”. 
Em razão da importância da liberdade de expressão em sentido amplo ou estrito, 
Machado (2009) o considera como um direito mãe – cluster right – das liberdades 
comunicativas. Desta forma, depreende-se que a liberdade de expressão está ligada de forma 
intrínseca e implicitamente com outros direitos, entre eles o direito de resposta, de réplica, 
liberdade religiosa, de reunião, de crença e também à liberdade de imprensa, tratando-se, 
portanto, de um direito primário que se faz alicerce e pressuposto de outros (MONTEIRO, 
2012). 
De acordo com Fabio Konder Comparato (2001) para se estabelecer um debate 
autêntico, bem como a verdadeira dialética enquanto processo de exame da verdade, pressupõe-
se a liberdade e a capacidade de proposta das questões a serem discutidas. É o ambiente da 
liberdade de escolha que dá guarida à livre difusão de notícias, fatos, opiniões, ideias, e é neste 
pano de fundo que se proliferam as notícias fraudulentas. 
 
6 “Art. 5º (...) IV – é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato; V – é assegurado o direito 
de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem; IX – é livre a 
expressão da atividade intelectual, artística, científica ou de comunicação, independentemente de censura ou 
licença; XIV – é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao 
exercício profissional”. 
7 Art. 220. A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo 
ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto nesta Constituição. § 1º Nenhuma lei conterá 
dispositivo que possa constituir embaraço à plena liberdade de informação jornalística em qualquer veículo de 
comunicação social, observado o disposto no art. 5º, IV, V, X, XIII e XIV. § 2º É vedada toda e qualquer censura 
de natureza política, ideológica e artística. 
 
2. A ASCENSÃO DAS NOTÍCIAS FRAUDULENTAS NA ERA DA PÓS-VERDADE 
 
Com a consagração da liberdade de expressão, a profusão de notícias e se fortaleceu e 
atingiu níveis não vistos na história global. Inicialmente a difusão das notícias se dava através 
do rádio e depois através do meio analógico, pela televisão. Neste meio, a difusão das 
informações ocorria de forma passiva e não havia o debate e a discussão de ideias, eis que os 
telespectadores e ouvintes apenas ouviam as informações que eram transmitidas. Apesar deste 
meio exercer influências sobre as pessoas, ele não era de forma tão intensa e individualizada 
como é possível verificar na atualidade. 
Com o advento da rede mundial de computadores, as pessoas se tornaram protagonistas 
da história e poderem expressar e externalizar suas opiniões pelo “peer to peer”, o qual é uma 
arquitetura que, de acordo com Gustavo Binenbojm (2020) permite o compartilhamento de 
serviços e dados através das próprias pessoas, através da alta tecnologia, o que coloca nas mãos 
dos indivíduos um alto poder decisório tanto no âmbito individual quanto social. Essa nova 
ferramenta trouxe a superação da escassez dos meios, tornando mais democrático e acessível 
para todos, configurando a ágora digital perfeita, onde, no mundo ideal, iriam prevalecer as 
melhores ideias e a verdade seria evidenciada e as mentiras seriam facilmente desmascaradas. 
Todavia, mesmo nos anos 90, Manuel Castels e Umberto Eco já se manifestavam de 
maneira contrária, como por exemplo em um discurso proferido por Eco, em Turim, na Itália, 
no qual ele afirma que a internet não é uma ágora digital, mas sim, uma Torre de Babel, onde o 
mais fraco será cada vez mais oprimido, vez que as vozes são misturadas e a compreensão não 
é possível, principalmente em razão de que, qualquer um em qualquer momento pode se 
pronunciar na internet sobre qualquer assunto, o que assume um verdadeiro drama, promovendo 
os idiotas da aldeia à portadores da verdade (SILVA, 2015). 
Com o crescente acesso à informação, provocado pelos avanços tecnológicos, Castels 
(2003) afirma que em nossa época é possível comparar a internet com uma rede elétrica ou a 
um motor elétrico, uma vez que possui capacidade de distribuir a força da informação por todo 
o domínio da atividade humana. Principalmente com o advento da era da pós-verdade8, foi 
evidenciado uma maior comunicação e também disseminação de notícias, através dos mais 
variados meios e com a intensificação e o acirramento da utilização da internet se estabeleceu 
um óbice acerca da veracidade das informações que são propagadas, sendo possível perceber 
 
8 O dicionário de Oxford escolheu a palavra pós-verdade como a palavra do ano de 2016, definindo-a como 
“circunstâncias em que os fatos objetivos são menos influentes em formar a opinião pública do que os apelos à 
emoção e à crença pessoal”. 
alguns fenômenos neste meio, como o discurso do ódio (hate speech), propagação de notícias 
falsas e fraudulentas (fake news) e revenge porn. Em razão da divergência na conceituação, é 
necessário identificarmos ospontos de divergência e de convergência, para fins de melhor 
compreensão. 
Desta forma, as notícias falsas, conhecidas também como misinformation, não são 
preocupação do Estado em razão de que não buscam causar danos à indivíduos e instituições, 
podendo ser conceituadas como notícias incorretas ou com informações não factuais, sem 
potencialidade e dolo danoso (BINENBOJM, 2020). Neste sentido, pode se estabelecer um 
paradoxo com os “fatos alternativos” aduzidos por Winston Smith na obra 1984, de George 
Orwell (2009), quando os fatos do passado eram modificados, a fim de que o partido pudesse 
manipular a população, dominando-a e controlando-a9. 
As misinformation não podem ser consideradas um fenômeno recente, eis que elas 
sempre existiram, como é possível citar que Procópio publicou “Anekdota” com notícias falsas 
sobre a reputação do imperador Justiniano, na Idade Antiga, no século VI, de acordo com 
Robert Darnton (2017). Todavia, demanda atenção, também, as notícias fraudulentas, que, de 
acordo com Binenbojm (2020) podem ser conceituadas como sendo mensagens falsas, 
construídas e divulgadas de maneira consciente e deliberada com uso de artifícios fraudulentos 
e com objetivo de desinformar e causar danos às pessoas, grupos e instituições. Neste caso, o 
conteúdo falso das mensagens é apenas um elemento, havendo também o ardil e objetivo de 
desinformar e causar danos. 
Com o crescente avanço da difusão e propagação de notícias, as notícias fraudulentas 
despertam a atenção e preocupam atores públicos e privados, principalmente em razão da sua 
maior propagação em relação às notícias verdadeiras, de acordo com estudo feito pelo Instituto 
de Tecnologia de Massachusetts (MIT), divulgado pelo Jornal Estadão (2018). Da mesma 
forma, a liberdade do indivíduo, apesar de ser reconhecida como viga mestra de todos os outros 
direitos, não possui caráter absoluto, podendo ser relativizada quando a conduta estiver em 
desacordo com o estabelecido pelo ordenamento jurídico pátrio. Assim, a manifestação da 
vontade do indivíduo, ao passo que deve ser respeitada pelo Estado, também pode ser 
restringida na medida em que exorbita as barreiras legais, a fim de respeitar outros direitos 
concomitantemente assegurados pela carta constitucional, tais como a dignidade da pessoa 
humana e o direito geral da personalidade, além do regime político democrático. 
 
 
9 Neste sentido, Winston idealizava um momento em que a verdade existisse e que o passado não pudesse ser 
desfeito. 
3. NOTÍCIAS FRAUDULENTAS NO CONTEXTO PANDÊMICO 
 
A partir do que se apresentou até aqui, é possível admitir que o fenômeno da propagação 
das notícias fraudulentas é relevante, pois tanto a criação quanto a divulgação das notícias se 
dão de forma veloz e em grande escala, interferindo diretamente na vida das pessoas, isso 
porque, acentua a possibilidade da produção de danos irreversíveis e não acompanha a rapidez 
e a eloquência para a resposta, podendo tornar impossível retornar ao status quo no direito à 
imagem e honra, tanto de indivíduos quanto instituições. 
Segundo Baudrillard (1991), vivemos em um mundo onde há cada vez mais informação 
e menos significado e, apesar de nossos esforços de impulsionar mensagens com conteúdo, o 
significado está perdido e é devorado cada vez mais rápido do que pode ser reintroduzido e 
desta forma, quando achamos que a informação produz significado, ocorre o contrário. Para 
tanto, neste sentido, o autor sustenta que a tecnologia das comunicações subverte nossas noções 
do real e, em razão disso, serve como propulsor da desinformação. 
Exemplo disso pode ser considerado as eleições americanas e o Brexit em 2016, além 
da CPMI das Fake News no Brasil. No Brasil, instaurou-se uma Comissão Permanente Mista 
de Inquérito das Fake News pelo Congresso Nacional brasileiro, a fim de apurar e investigar os 
ataques cibernéticos que atentam contra a democracia e o debate público, a utilização de perfis 
falsos para influenciar os resultados das eleições de 2018, a prática de cyberbullying e o 
aliciamento e orientação para o cometimento de crimes de ódio e suicídio, o qual ainda não foi 
concluído. 
Nas eleições americanas, notícias associavam uma das candidatas à presidência à uma 
rede de pedófilos (D’ANCONA, 2018) e também seu envolvimento no envio das armas 
químicas à Assad, na Síria (EL PAÍS, 2020), houve uma verdadeira propulsão de notícias 
fraudulentas, que acabaram influenciando no resultado das eleições. Da mesma forma, os 
indivíduos favoráveis ao Brexit10, divulgavam cartazes contendo imagens com longas filas de 
refugiados sírios tentando entrar no Reino Unido. Com isso, afirmavam que estes refugiados 
eram parasitas que iriam privar os britânicos nativos de lugares nas escolas, moradias, empregos 
e assistência médica (D’ANCONA, 2018). 
Todavia, o que vem despertando maior atenção, principalmente na situação pandêmica 
na qual ainda estamos vivenciando, é que, as notícias falsas e fraudulentas tomaram conta, 
principalmente das redes sociais, o que fez com que a sociedade precisasse se organizar de 
 
10 Brexit, de acordo com D’Ancona (2018) significa Britain exit, ou seja, plano que prevê a saída da Grã-Bretanha 
da União Europeia. 
forma a advertir a população quantos aos possíveis danos causados pelas notícias, 
principalmente no que se refere ao direito fundamental à saúde, que, como isso, tinha potencial 
possibilidade de ser lesionado. A população, ansiosa por informações sobre o vírus, recebe e 
compartilha textos e vídeos sem confirmar a sua veracidade, o que causa desinformação, medo 
e estado de caos a todos os receptores. 
Notícias como “Café previne o coronavírus”, “Chá de limão com bicarbonato quente 
cura coronavírus”, “Beber muita água e fazer gargarejo com água morna, sal e vinagre previne 
coronavírus”, “Vacina da gripe aumenta risco de adoecer por coronavírus”, “Óleo consagrado 
cura coronavírus” (BRASIL, 2020), dentre outras notícias de fácil acesso e que repercutiram 
muito, principalmente nos meios sociais, são grandes preocupações, eis possuem grande 
potencial de lesar a saúde humana. 
Nesta perspectiva, de acordo com De Souza Júnior, et al (2020) percebe-se que, na área 
de saúde, a disseminação de notícias falsas e fraudulentas instaura o medo e o caos entre seus 
receptores, trazendo problemas graves em relação à luta que os órgãos de saúde travam para 
conscientizar e prevenir a população de diversas patologias, por exemplo, o caso do sarampo 
no Brasil, doença erradicada nacionalmente, porém, após uma série de informações falsas que 
mobilizou uma parcela da sociedade a se voltar contra a vacinação, culminando na volta da 
doença a níveis alarmantes no Brasil, havendo mais de 13 mil casos confirmados e 15 mortes 
no ano de 2019. 
Em razão disso, alguns mecanismos vêm sendo utilizados no combate às notícias falsas 
e fraudulentas, como por exemplo canais na internet como o site do Ministério da Saúde, no 
qual busca-se corrigir as notícias fraudulentas, além de esclarecer a veracidade sobre aquela 
informação. Nesta mesma perspectiva, outras atitudes vêm sendo tomadas, como por exemplo 
as empresas Twitter, Facebook e Instagram, excluíram uma postagem do presidente brasileiro 
na qual o referido afirma que o remédio hidroxicloroquina11 é eficaz contra o coronavírus, além 
de defender o fim do isolamento social (BBC, 2020). As empresas decidiram remover o 
conteúdo em razão de que as postagens violavam as regras de uso da plataforma por 
potencialmente "colocar as pessoas em maior risco de transmitir covid-19". 
Na mesma toada, postagens do presidente americano também foram excluídas pelo 
Twitter e Facebook, no qual ele afirmava que as crianças são "quase imunes" ao coronavírus - 
o que é rejeitado oficialmente pelas próprias autoridades de saúdedo país, segundo as quais 
 
11 A hidroxicloroquina é uma medicação utilizado no tratamento de doenças para a prevenção e o tratamento da 
malária e em doenças autoimunes como artrite reumatoide e lúpus eritematoso sistêmico, entre outras, de acordo 
com o infectologista Marco Aurelio Safadi (2020), não possui eficácia comprovada no tratamento da Covid-19. 
crianças não têm imunidade à nova doença, de acordo com a BBC (2020). Outro perfil bastante 
relevante e que também sofreu penalidades foi o do filho do presidente americano, em razão de 
ter compartilhado conteúdo que promovia "desinformação" sobre coronavírus e 
hidroxicloroquina. 
Desta forma, apesar de as medidas adotadas pelas empresas - conforme os exemplos 
supracitados - serem extremas e de grande impacto, elas foram as mais plausíveis no momento, 
eis que, ao mesmo tempo em que é necessário garantir a liberdade de expressão, também é 
necessário combater as notícias fraudulentas, principalmente as que impactam diretamente em 
direitos fundamentais como a saúde, o que se torna imprescindível para a concretização da 
dignidade humana. Apesar das autoras considerarem a necessidade da ampliação de políticas 
públicas para a promoção da educação nas mídias como melhor forma de enfrentamento para a 
diminuição da propagação de notícias falsas e fraudulentas, isto não garante uma eficácia a 
curto prazo, sendo, portanto, as medidas adotadas pelas empresas as mais corretas no momento, 
a fim de preservar a saúde e a vida humana. 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Com o desenvolvimento da pesquisa, foi possível demonstrar que a liberdade de 
expressão é pressuposto fundamental, tanto na perspectiva individual quanto na coletiva, como 
meio de salvaguardar o desenvolvimento da personalidade e a livre circulação das ideias, 
garantindo, de forma conjunta, direitos com caráter individuais, mas também com dimensão 
eminentemente coletiva, por participar na orientação da opinião pública, como por exemplo, na 
democracia. Desta forma, a Constituição Federal de 1988 avaliza com o devido cuidado a 
proteção aos direitos fundamentais, dando ênfase às liberdades, sejam elas de expressão, 
imprensa, manifestação, entre outras, com o intuito de proteger o cidadão frente ao Estado e 
também aos particulares. 
Com o advento da rede mundial de computadores, as pessoas se tornaram protagonistas 
da história e puderam se expressar e externalizar suas opiniões. Todavia, juntamente com a 
facilidade do acesso sobrevieram alguns fenômenos que trazem prejuízos aos indivíduos, como 
por exemplo a propagação de notícias falsas e fraudulentas, conforme desenvolvido no trabalho, 
sendo perceptível que a propagação e disseminação de notícias fraudulentas, tornam suscetíveis 
de lesão, tanto de forma direta quanto indireta, a liberdade e a dignidade dos cidadãos, 
fomentando uma possível ilegitimidade do sistema democrático brasileiro, podendo afetar 
inclusive a saúde e a vida humana. 
Desta forma, é possível concluir que, a liberdade de expressão não assume vestes de 
direito absoluto, eis que encontra limites tanto na legislação infraconstitucional quanto no 
próprio texto constitucional, necessitando ser manejada de forma cautelosa, além da 
possibilidade de ser restringida quando imprescindível para salvaguardar outros direitos que 
não possam ser protegidos de outra maneira menos gravosa. 
Portanto, é justamente no contexto da disseminação de notícias fraudulentas, durante a 
pandemia da Covid-19, que a restrição deve ser mais significativa, sendo possível concluir que 
as medidas adotadas pelas empresas foram adequadas no momento, a fim de evitar um problema 
de saúde pública ainda mais preocupante. Todavia, os métodos devem ser repensados, buscando 
encontrar soluções a partir do qual se estabeleça o que deve ser punido e quais os meios a serem 
utilizados, de modo a permitir um ambiente livre evitando o sacrifício de valores tão caros ao 
ordenamento jurídico, como é a liberdade de expressão, a fim de que não se recaia em censura, 
episódio triste da memória brasileira. 
 
REFERÊNCIAS 
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cedida à Fundação Escola do Ministério Público do Paraná. Disponível em: 
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