3 1 - Módulo - Consulta pública voluntária - UNINABUCO

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Consulta pública voluntária
APRESENTAÇÃO
A consulta pública, apesar de prevista em Lei e de seguir certos critérios, pode ocorrer de 
forma voluntária. Essa postura é bem vista por parte da comunidade e melhora o 
relacionamento entre os envolvidos (empresa e comunidade principalmente, além do órgão 
fiscalizador). Esse tipo de consulta tem a vantagem de apresentar à empresa as preocupações, os 
valores e as perspectivas da comunidade de forma antecipada. 
Nesta Unidade de Aprendizagem, você verá o papel da consulta pública voluntária ao longo da 
vida de uma atividade. Verá que a consulta pública voluntária é um caminho muito positivo que 
as empresas poderiam praticar antecipando assim sua presença junto à população. 
Compreenderemos o que ela representa, qual o seu papel no contexto do EIA e como ela poderia 
ser estimulada e direcionada.
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Compreender o que é a consulta voluntária.•
Relacionar o papel da consulta voluntária no estudo de impacto ambiental.•
Identificar a importância da participação de todos nas consultas públicas.•
DESAFIO
Uma empresa estuda determinada área para expansão de uma refinaria, próximo a uma região 
que é considerada um grande centro de lazer de uma comunidade. Como essa é a melhor 
alternativa ambiental, por não prejudicar o meio físico, ela decide se antecipar e realizar uma 
consulta pública. 
A maneira definida para esse propósito é a divulgação de material explicativo em linguagem de 
fácil acesso juntamente com um questionário a ser respondido pela população. 
 
Você foi contratado para a elaboração desse questionário, de no mínimo cinco perguntas. Quais 
poderiam ser essas questões, de forma a apoiar e direcionar os próximos passos e 
abordagens da indústria para a população?
INFOGRÁFICO
No infográfico, é demonstrado como a consulta pública voluntária é importante em AIA, 
permitindo que a população exponha sua opinião sobre questões ambientais e formule um 
pensamento crítico sobre isso, enquanto possibilita que a empresa direcione seus estudos e sua 
estratégia ambiental para dada atividade.
CONTEÚDO DO LIVRO
Além da consulta pública, existe a consulta pública voluntária, que possui certas características 
e que não substitui a consulta voluntária oficial, mas pode complementá-la. 
Nesse sentido, a empresa pode se antecipar perante a população e verificar por diversas formas o 
grau de aceitação da comunidade sobre a implantação de uma atividade que poderia provocar 
impactos. 
No capítulo Consulta pública voluntária, do livro Avaliação de impactos ambientais, você vai 
compreender melhor o que representa uma consulta pública voluntária e qual o seu papel dentro 
de um EIA, importante estudo de base em AIA.
Boa leitura.
AVALIAÇÃO DE 
IMPACTOS 
AMBIENTAIS 
Márcio Leão
Revisão técnica:
Vanessa de Souza Machado
Bióloga 
Mestre e Doutora em Ciências
Ronei Stein
Engenheiro Ambiental 
Mestre em Engenharia Civil e Preservação Ambiental
Catalogação na publicação: Karin Lorien Menoncin CRB-10/2147
A945 Avaliação de impactos ambientais / Ronei Stein... [et al.] ;
[revisão técnica: Vanessa de Souza Machado, Ronei T. 
Stein]. – Porto Alegre: SAGAH, 2018.
428 p. : il. ; 22,5 cm
ISBN 978-85-9502-344-4
1. Engenharia ambiental. I. Stein, Ronei.
CDU 502.13
Avaliacao_de_Impactos_Ambientais_Book.indb 2 26/02/2018 16:48:10
Consulta pública voluntária 
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Defi nir o que é a consulta voluntária.
  Relacionar o papel da consulta voluntária no estudo de impacto 
ambiental.
  Identifi car a importância da participação de todos nas consultas 
públicas.
Introdução
Neste capítulo, veremos o papel da consulta pública voluntária ao longo 
da vida de uma atividade. Veremos que a consulta pública voluntária é um 
caminho muito positivo que as empresas poderiam praticar, antecipando, 
assim, sua presença junto à população. Compreenderemos o que ela 
representa, qual o seu papel no contexto do EIA e como ela poderia ser 
estimulada e direcionada.
O que é a consulta pública voluntária?
Vimos que a participação pública pode ser motivada pela ética, pela igualdade 
e pelo senso de justiça. Apesar de estar prevista em Lei Federal, utilizando 
caminhos formais e vinculados ao processo de AIA, ela pode ocorrer de forma 
espontânea e voluntária por parte da empresa interessada na execução da 
atividade, você sabia? O motivo é muito simples. Essa postura é bem vista por 
parte da comunidade e melhora o relacionamento entre as partes envolvidas, 
principalmente em relação à população, que será diretamente atingida. Esse 
tipo de consulta tem a vantagem de apresentar à empresa as preocupações, os 
valores e as perspectivas da comunidade de forma antecipada.
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Se uma empresa deseja executar uma determinada atividade com potenciais riscos 
ou impactos ambientais, nada melhor que se antecipar junto à população atingida de 
forma a planejar melhor as atividades do projeto, não é mesmo? É muito importante que, 
nesse contato voluntário, estejam presentes os grupos de interesse, que, nesse caso, além 
da comunidade, ainda devem incluir as ONGs e os líderes comunitários, por exemplo.
Além disso, a consulta voluntária tem um caráter de interesse próprio, por 
parte da empresa, e também serve para honrar compromissos sociais que possam 
ser ou que foram assumidos com a população, que pode ser atingida pelo impacto 
ambiental. Independentemente da motivação, a consulta pública voluntária 
é positiva, genuína, cooperativa, interativa e aberta; sua prática já está nas 
premissas das grandes empresas, devido aos benefícios adquiridos. É fato que 
o representante da empresa que fará a consulta pública voluntária deve estar 
plenamente preparado para falar, sanando dúvidas e apresentando a atividade. 
Uma preparação ineficiente pode gerar impactos negativos, como, por exemplo, 
interpretações erradas dos impactos, geração de expectativas que podem não 
ser atendidas e medidas mitigadoras insuficientes. Na Figura 1, estão listadas 
algumas das vantagens da execução de uma consulta pública voluntária.
Figura 1. Benefícios da consulta pública voluntária.
Consulta pública voluntária392
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De toda forma, a aceitação pública de uma atividade que pode gerar impactos 
ambientais não é uma tarefa fácil. Ainda que as consultas públicas voluntárias 
sejam uma atitude positiva da empresa para a comunidade, não garantem que 
exista uma fórmula única cujo resultado será a aprovação do projeto.
Um famoso caso que podemos exemplificar trata de uma mineradora canadense que 
estava querendo licenciar a atividade exploratória de diamantes (Figura 2). Apesar de 
ser uma região pouco povoada, ela está inserida dentro de um território tradicional de 
comunidades indígenas, caracterizadas por serem aquelas que estão lá antes da chegada 
dos colonos. A mineradora realizou em torno de 300 reuniões, com mais de cinquenta 
grupos de interesse. Essa quantidade de encontros deixa claro que não é apenas um 
caráter informativo, mas uma verdadeira discussão e negociação. A partir das reuniões 
foram firmados compromissos assumidos no sentido de contratação preferencial de 
pessoas da região. 
Outra situação, agora no Brasil, refere-se a uma mina de areia para extração de 
matéria-prima para a fabricação de vidro. As equipes que estavam envolvidas no EIA 
aguardaram os trâmites formais da consulta pública para se pronunciar e, tardiamente, 
descobriram que o proprietário do terreno vizinho era um ativo militante ambiental, 
com bastante conhecimento. No fim, o projeto foi aprovado, porém com grandes 
modificações.
Veja, no link a seguir, a repercussão da atividade minera-
dora sobre os moradores de um condomínio próximo. 
Seráque se a consulta pública voluntária fosse praticada 
a repercussão seria tão alta?
Impactos ambientais da mineração de ferro
(IBICOARA, 2014)
https://goo.gl/9CQndf 
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Figura 2. Exemplo de mineradora de diamantes.
Fonte: Alice Nerr/Shutterstock.com.
Não temos mais dúvidas de que a conscientização da população nas questões 
ambientais é significativa, mesmo que ainda necessite de certa organização. 
As empresas que percebem em tempo essa característica adotam inclusive 
certificações, que, mesmo não obrigatórias, são um ponto diferencial, gerando, 
inclusive, uma competição entre empresas que não a possuem. Elas podem ser 
apresentadas a uma determinada comunidade de forma a mostrar a preocupa-
ção da empresa nas questões ambientais. Considerando que os consumidores 
estão cada vez mais conscientes do seu papel ambiental nas decisões, imagine 
que entre dois produtos, de mesma qualidade e preço, exista o diferencial da 
preocupação ambiental; ele certamente irá optar pelo produto que não afete 
o meio ambiente, você não concorda?
Um ponto bastante interessante quando a empresa decide praticar a consulta 
pública voluntária é que ela deve ser feita considerando as características da 
comunidade. Não existe uma rotina padronizada e ela pode variar de local 
para local. Se, para um grupo ou comunidade, o bem público é particular, 
exclusivo e especial, outra pode pensar de outra forma. Então, se o poder de 
julgamento de uma ação relacionada a um bem público for favorável, isto é, 
se esta ação reflete o bem-estar e o contentamento do grupo, por exemplo, o 
julgamento é positivo. Caso contrário, se a ação for considerada prejudicial 
para o bem público, o valor seria negativo. 
Consulta pública voluntária394
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A consulta pública voluntária no EIA
Vimos, em nosso exemplo anterior, dois casos nos quais a consulta pública se tornou 
um processo oneroso e demorado para as empresas que tinham interesse em execu-
tar a atividade. Vimos, também, que a consulta pública, quando é voluntária, pode 
resultar em benefícios diretos, mesmo que não garanta a aprovação da atividade. 
Qual seria o seu impacto no contexto do Estudo de Impacto Ambiental (EIA)?
Se considerarmos que, entre os membros da comunidade e de outros grupos de 
interesse, existem pessoas com diferentes opiniões e interesses, podemos destacar 
três tipos de importância funcional existentes na consulta pública (Figura 3).
Figura 3. Impactos das opiniões de grupos de interesse 
sobre a aprovação do EIA.
Apesar do poder de veto pertencer basicamente aos órgãos ambientais, o 
grupo que tem influência direta desempenha um papel muito importante ou 
mesmo apresenta uma participação ativa naquele que tem o poder de veto, ou 
seja, os órgãos fiscalizadores. Inclusive o grupo que tem apenas uma influ-
ência indireta, quando não pode ter uma participação direta no processo de 
veto, pode, por meio de ações, influenciar aqueles que o tem. Cabe relembrar 
que, nessas consultas públicas, estão presentes não apenas representantes 
das agências fiscalizadoras e de grupos profissionais, mas também os grupos 
comunitários, líderes políticos, pessoas influentes e o próprio público; muitas 
395Consulta pública voluntária
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opiniões e interesses diferentes, representados na Figura 3, podem impactar 
positivamente ou negativamente um projeto. Será que se a empresa apresentasse 
de forma espontânea e voluntária os grupos listados na Figura 3 poderiam 
convergir para um mesmo interesse em comum, norteando a direção do projeto, 
inclusive chegando ao desfecho positivo diante dos órgãos fiscalizadores?
O êxito do EIA está não apenas na conceituação técnica envolvida e 
elaborada pela equipe multidisciplinar, mas também na atitude aberta, 
f lexível e em linguagem clara, sob a forma de consulta voluntária, sem 
procedimentos rígidos para identificação e previsão de impactos. A ausên-
cia da consulta pública voluntária pode causar um risco muito maior aos 
projetos em longo prazo.
Muitas questões podem ser evitadas ou mesmo pensadas conjuntamente 
durante uma consulta pública. Considerando que a população residente na 
área de influência da atividade é a maior voz direta nesse sentido, podemos 
apresentar, na Figura 4, os principais problemas sociais que devem ter grande 
atenção das equipes que geram o EIA.
Figura 4. Problemas sociais em EIA.
Consulta pública voluntária396
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Observando a Figura 4, os problemas sociais podem ocorrer sob os mais 
amplos aspectos e, dessa forma, a implantação de uma dada atividade pode 
gerar modificações no meio ambiente quanto: ao emprego e crescimento eco-
nômico (aumento das construções, modificação da economia local e aumento 
das oportunidades de emprego), aos custos públicos fiscais (aumento dos cus-
tos dos serviços públicos e arrecadação de taxas e impostos, fiscalização e 
indenizações), ao uso do solo (mudanças no planejamento, planos principais e 
distribuição zonal, mudanças em edifícios e construções, mudanças nos padrões 
de crescimento), à saúde pública (impactos associados com a operação do sistema 
de controle de contaminação e resíduos sólidos, tratamento de água, controle 
de inundações, erosão, combate a vetores e doenças, impactos associados com 
acidentes nas etapas de projeto), aos aspectos visuais (aspectos paisagísticos, 
impacto na identidade visual de uma área, destruição das paisagens), aos recursos 
históricos (impacto em patrimônios culturais e de valor histórico, monumentos 
e sítios arqueológicos), às populações indígenas (perda de valores culturais) e à 
recreação (impactos em áreas de lazer). Perceba que a quantidade de questões 
sociais, além de ser ampla, pode variar em efeito e interesse sobre determinada 
parcela da população e, por isso, é fundamental que a consulta pública voluntária 
seja praticada, evitando que pontos não abordados possam ser os decisivos na 
decisão favorável ou desfavorável à atividade.
Vamos exemplificar uma situação de benefício a uma comunidade, mas que pode ser 
interpretada com impactos negativos. Como vimos, as pessoas têm opiniões distintas 
e interesses que, muitas vezes, diferem do objetivo comum. Uma determinada estação 
de tratamento será construída em uma região. Dessa forma, o governo contrata uma 
empresa que elabora um EIA. Ao abrir a consulta pública, a comunidade levanta 
questionamentos, como, por exemplo, “haverá aumento de custos para pessoas 
físicas e jurídicas?”, “haverá aumento de demanda de serviços públicos?”, “as obras 
complementares à estação de tratamento (construção de deságues, terraplenagem 
e esgotamento sanitário), gerarão empregos para as pessoas da região?”, “os terrenos 
que são vizinhos à estação de tratamento terão seus valores venais reduzidos?”. Esse é 
mais um exemplo de que a consulta pública voluntária pode ser benéfica na intenção 
de nortear o EIA e o planejamento do projeto devido a esses questionamentos.
Veja que apesar de a estação de tratamento beneficiar uma grande parcela 
da população, melhorando a qualidade da saúde pública, reduzindo o risco 
de propagação de doenças pela água, além de influenciar diretamente outros 
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setores como entretenimento, agricultura e indústria, ainda podem ser lista-
dos aspectos negativos, já que sempre haverá grupos que, além do benefício, 
poderão ser impactados negativamente pela atividade.
Ainda utilizando o exemplo da estação de tratamento, podem surgir questões ao 
longo da consulta pública, postergando a aprovação do empreendimento. Entre os 
impactos negativos que podem gerar conflito estão: destruição/modificação total/
parcial da área da estação, introduçãode elementos visuais, auditivos ou atmosféricos 
novos, transferência ou venda de propriedade do governo sem medidas restritivas, 
controle da preservação, manutenção ou uso, além do próprio abandono do local 
sem a execução do projeto, levando à sua destruição ou deterioração.
Uma maneira interessante de apoiar a consulta pública voluntária é utilizar 
indicadores sociais, que apontam a necessidade aspirações, prioridades e ati-
tudes da população diante de uma atividade com potencial risco. Esse tipo de 
abordagem pode ser usado como alternativa ou mesmo complemento aos dados 
estatísticos de apoio aos estudos técnicos. Entre as ferramentas que podem 
ser utilizadas na consulta pública voluntária existe a chamada autopromoção 
social, que pode medir o nível de satisfação em uma localidade sobre um 
determinado aspecto, avaliando as atividades da comunidade em relação aos 
problemas locais e regionais. Na Figura 5, apresenta-se um exemplo.
Figura 5. Exemplo de autopromoção social.
Consulta pública voluntária398
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Assim, é feita uma investigação na comunidade, a fim de verificar sua 
satisfação em relação à sua vida atual, em geral, abordando bem amplamente 
o projeto. Esse nível de satisfação seria abordado em uma escala de 0 a 10 
(da insatisfação absoluta à satisfação total). Também se verifica como foi 
a impressão há cinco anos e como seria após a implantação do projeto (os 
resultados são apresentados na Figura 5). A partir da análise dos resultados, 
é possível ver uma tendência e, dessa forma, avaliar a satisfação das comu-
nidades. Essa avaliação pode, ainda, utilizar ferramentas estatísticas para 
tratamento dos dados.
A importância da participação de todos na 
consulta pública voluntária
A divulgação pública do projeto, principalmente de forma voluntária, auxilia 
a identifi cação de grupos de interesse. A grande difi culdade na participação 
de todos está na desinformação, o que, depois de algumas etapas avançadas, 
faz com que a população acabe descobrindo que poderá ser impactada. Essa 
descoberta de forma tardia gera um grande desconforto e um sentimento 
de desconfi ança.
A desinformação é uma grande inimiga: se por um lado ela prejudica a população, 
eliminando possibilidades de fazê-la avaliar um potencial impacto, por outro, ela 
impacta negativamente a empresa que busca executar a atividade. A consequência 
é um sentimento de extremo desconforto, que pode vir acompanhado com ações 
mais drásticas, como, por exemplo, fechamento de vias principais, piquetes e protestos. 
Dependendo da etapa do projeto, ele pode ser paralisado ou mesmo executado, 
gerando problemas permanentes para a população.
 O descontentamento popular pela falta de desinformação pode não impactar 
a execução e a conclusão de um projeto, mas poderia levar a ações judiciais e 
atrasos na implantação da obra. Essas paralisações geram custos não previstos 
no cronograma orçamentário, produzindo informações incompletas que só 
aumentam o clima de conflito.
399Consulta pública voluntária
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Informar e replicar essa informação é o segredo para que a consulta pública 
voluntária alcance todos os interessados. Para isso, podem ser utilizados 
recursos como material impresso e digital, palestras, contato pessoal, por 
exemplo. O que irá determinar a forma como será a abordagem será o nicho 
da população a ser alcançado. Após a informação alcançar a comunidade, é 
fundamental que as pessoas sejam ouvidas. Nesse momento, deverão surgir 
temas relacionados ao projeto que tratarão de dúvidas de entendimento do 
EIA, de atendimento a determinada demanda que possa surgir ou mesmo de 
caminhos alternativos a determinada ação.
A construção de um túnel pode gerar desconfortos visuais, sonoros e que poluam o 
ar. Nesse contexto, a empresa pode estudar traçados alternativos que mitiguem ou 
minimizem os impactos, antes que o projeto seja iniciado e que gastos sejam gerados. 
Problemas que surjam após um projeto ser iniciado podem obrigar a empresa a fazer 
modificações que podem ser muito onerosas para o orçamento.
As empresas devem ser estimuladas, por meio de seus gestores, a promo-
verem a consulta pública voluntária, baseada em muito diálogo e informação 
transparente. Esse caminho é o segredo para que exista um clima harmonioso 
e de confiança entre as partes interessadas, principalmente entre a empresa 
e a comunidade. É esperado que essa abertura resulte em discussões longas, 
mas a empresa deve sempre retornar ao objetivo inicial, planejar as atividades 
sem perder o foco, além de documentar tudo.
Após todos os pontos serem entendidos e acordados, os compromissos 
serão assumidos, seja da empresa, da população ou de ambas as partes. 
Saiba que é muito importante que todos os pontos levantados tenham seus 
resultados monitorados.
Não é raro que a participação de uma parcela da comunidade acompanhe 
até determinada etapa e, então, pare de acompanhar. De forma semelhante, 
grupos novos podem surgir durante a consulta pública voluntária. Será que 
essa mudança poderia impactar o fluxo do projeto? Apenas se o foco não 
for mantido e os objetivos iniciais seguidos. É muito importante que não 
transpareça à comunidade qualquer descontentamento e, assim, que novos 
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grupos sejam recebidos e ouvidos. A criação de um centro de informações com 
pessoal treinado para lidar com a população é muito bem vista pela sociedade. 
Mesmo que a consulta pública já tenha sido finalizada, o contínuo acesso à 
informação contribui para a boa relação.
Por fim, podemos resumir na Figura 6 as principais etapas praticadas na 
consulta pública voluntária e, assim, estimular a participação de todos nesse 
importante momento do processo de licenciamento ambiental.
Figura 6. Tarefas de uma consulta pública voluntária.
Fonte: Adaptada de Sánchez (2013).
Com base na Figura 5, podemos considerar a grande importância não apenas 
da prática da participação de todos na consulta pública, mas também de que a 
mesma seja estimulada voluntariamente pelas empresas. Para a comunidade, 
ela pode ser uma forma de entender o que irá acontecer e seus impactos. 
Para a empresa, representa um primeiro termômetro sobre a aceitação de seu 
empreendimento, como também verificar o custo x benefício. Nesse sentido, 
401Consulta pública voluntária
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a consulta pública voluntária tem a finalidade de: (i) identificar quais serão 
os custos do projeto (recursos financeiros, perdas econômicas, ambientais, 
sociais e turísticas) e (ii) avaliar quais serão os benefícios do projeto (impos-
tos, taxas, empregos gerados, salários, assistência social, bens de consumo, 
matéria-prima e energia necessárias). Além disso, em termos de variáveis 
ambientais, ela pode: (i) fornecer o valor natural (grau de conservação do ecos-
sistema, aspectos geológicos, paisagismo, depósitos fossilíferos e patrimônio 
histórico), (ii) o valor da produção (produção agrícola, criação de animais e 
plantação de árvores para corte), (iii) os valores perceptivos culturais e (iv) 
os relacionados a aspectos críticos (vulnerabilidade da poluição, capacidade 
de dispersão atmosférica, erosão e recursos dos aquíferos).
Perceba que muitas são as variáveis e os pontos que podem ser explora-
dos e levantados nas consultas públicas voluntárias. Independentemente dos 
lados de interesse, ela permite que sejam identificados e analisados conflitos 
potenciais. Mesmo que uma atividade respeite todas as premissas ambientais, 
ela pode favorecer apenas uma pequena parcela da população.
Por fim, podemos concluir que o sucesso de uma consulta pública está 
na forma com que a atividade é apresentada e discutida. A atividade deve 
alcançar um desenvolvimento sustentável e, nesse ponto, são consideradostodos os fatores ambientais, ou seja, ecológicos, econômicos e sociais em 
níveis regionais e locais na fase de planejamento.
No link a seguir você pode ver um exemplo de chamada 
à população para a consulta pública voluntária de uma 
atividade com potencial impacto ambiental. Note que a 
empresa mantém um constante canal de comunicação 
com acesso à documentação. (BRASIL, 2017).
https://goo.gl/hSidG4 
Consulta pública voluntária402
Avaliacao_de_Impactos_Ambientais_Book.indb 402 26/02/2018 16:50:17
1. Uma empresa decide saber sobre 
a aprovação de sua atividade 
por parte da população. O 
que ela poderia fazer?
a) Fazer uma enquete em uma 
rede social sobre o tema.
b) Promover reuniões informais 
com grupos da sociedade 
para explicar sobre o tema.
c) Realizar uma consulta 
pública voluntária conforme 
é previsto em Lei.
d) Solicitar ao órgão ambiental 
que seja agendada uma 
consulta pública com um 
representante da comunidade, 
como um líder comunitário.
e) Divulgar seus documentos 
ambientais conforme 
previsto em AIA.
2. Muitas empresas têm certa resistência 
sobre a consulta pública ainda mais 
quando ela é voluntária, com medo 
de que uma população informada 
possa atrapalhar ainda mais a 
aprovação da atividade. Entretanto, 
um dos benefícios da consulta 
pública voluntária para a empresa é:
a) Contribuir para o entendimento 
entre a empresa e o 
órgão ambiental.
b) Compreender o escopo do 
projeto, se for detalhado 
tecnicamente.
c) Permitir que a população 
desenvolva um pensamento 
sustentável.
d) Avaliar o contentamento da 
população e direcionar os 
próximos passos dentro da AIA.
e) Permitir que a população se 
expresse e sinta-se ouvida, sem 
o compromisso de acatar já que 
ela não tem poder de decisão.
3. A consulta pública voluntária em AIA 
possui um importante papel já que:
a) a voz da população é a palavra 
final em um processo decisório.
b) os órgãos ambientais sempre 
consideram a opinião das 
pessoas para aprovar projetos.
c) as empresas necessitam que 
a consulta pública prevista 
em Lei seja feita para acatar as 
opiniões e seguir o processo.
d) a voz popular, apesar de 
não decidir, pode trazer 
consequências negativas 
para a empresa e pra quem 
decide, caso não seja ouvida.
e) representa um processo 
formal na renovação das 
licenças das empresas.
4. Uma estratégia da consulta pública 
voluntária é a possibilidade de 
identificar problemas sociais. Estes 
problemas quando devidamente 
abordados podem favorecer tanto 
a comunidade quanto a empresa 
que busca decide apoiá-la. Dentre 
os impactos (positivos ou negativos) 
das atividades e suas consequências 
403Consulta pública voluntária
Avaliacao_de_Impactos_Ambientais_Book.indb 403 26/02/2018 16:50:17
BRASIL. A Empresa de Pesquisa Energética – EPE disponibiliza para download a íntegra do 
Diagnóstico Socioambiental da bacia hidrográfica do rio Negro. Brasília, DF: EPE, 2017. 
Disponível em: <http://antigo.epe.gov.br//meioambiente/Paginas/default.aspx>. 
Acesso em: 13 dez. 2017.
IBICOARA DE TODOS. Impactos ambientais da mineração de ferro. YouTube, 2014. 
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=7sfsF_GlXB0>. Acesso em: 13 
dez. 2017.
SANCHÉZ, L. E. Avaliação de Impacto Ambiental Conceitos e Métodos: princípios e práticas 
de impacto estratégico. 2. ed. São Paulo: Oficina de Textos, 2013. 
Leitura recomendada
PHILIPPI JUNIOR, A.; ROMÉRO, M. A.; BRUNA, G. C. Curso de Gestão Ambiental. 2. ed. 
São Paulo: Manole, 2014.
podemos relacionar corretamente:
a) Impactos positivos na saúde 
pública pela cobrança de taxas 
e impostos das empresas.
b) Impactos positivos pela atividade 
na geração de empregos locais.
c) Impactos negativos visuais pela 
manutenção da identidade 
visual de uma área.
d) Impactos positivos em 
culturas indígenas pelo 
acesso à tecnologia e 
serviços desconhecidos de 
sua cultural de origem.
e) Impactos positivos pela 
construção de museus para 
preservação de sítios históricos 
nos locais das atividades.
5. Considerando a importância da 
consulta pública voluntária pela 
população, podemos afirmar que:
a) Ela garante que todos os 
pedidos da população sejam 
atendidos pela empresa.
b) Permite que a população 
altere leis e decisões dos 
órgãos ambientais.
c) Apoie tecnicamente os 
estudos ambientais de base.
d) Garante que representantes 
populares possuam cadeiras 
dentro de conselhos da 
tomada de decisão.
e) Permite a consciência 
ambiental da comunidade 
e o monitoramento de que 
compromissos assumidos pela 
empresa sejam cumpridos.
Avaliacao_de_Impactos_Ambientais_Book.indb 404 26/02/2018 16:50:18
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para 
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual 
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
Conteúdo:
DICA DO PROFESSOR
Na Dica do Professor, veja sobre a importância da consulta pública voluntária, seu papel em 
AIA e como todos os envolvidos estão relacionados. 
Veremos a apresentação do caso do Complexo Hidrelétrico - Rio Madeira, onde a consulta 
pública voluntária foi tratada como uma avaliação ambiental estratégica, permitindo que a 
empresa enaltecesse os pontos positivos do empreendimento com a população. 
Assista.
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
EXERCÍCIOS
1) Uma empresa decide saber sobre a aprovação de sua atividade por parte da 
população. O que ela poderia fazer?
A) Fazer uma enquete em uma rede social sobre o tema.
B) Promover reuniões informais com grupos da sociedade para explicar sobre o tema.
C) Realizar uma consulta pública voluntária conforme é previsto em Lei.
D) Solicitar ao órgão ambiental que seja agendada uma consulta pública com um 
representante da comunidade, como um líder comunitário.
E) Divulgar seus documentos ambientais conforme previsto em AIA.
Muitas empresas têm certa resistência à consulta pública, sobretudo quando ela é 
voluntária, com medo de que uma população informada possa atrapalhar ainda mais 
a aprovação da atividade. Entretanto um dos benefícios da consulta pública 
2) 
voluntária para a empresa é:
A) o entendimento entre a empresa e o órgão ambiental.
B) a compreensão do escopo do projeto se for detalhado tecnicamente.
C) permitir que a população desenvolva um pensamento sustentável.
D) avaliar o contentamento da população e direcionar os próximos passos dentro da AIA.
E) permitir que a população se expresse e sinta-se ouvida, sem o compromisso de acatá-la, já 
que ela não tem poder de decisão.
3) A consulta pública voluntária em AIA tem um importante papel, já que:
A) a voz da população é a palavra final em um processo decisório.
B) os órgãos ambientais sempre consideram a opinião das pessoas para aprovar projetos.
C) as empresas necessitam que a consulta pública prevista em Lei seja feita para acatar as 
opiniões e seguir o processo.
D) a voz popular, apesar de não decidir, pode trazer consequências negativas para a empresa e 
para quem decide, caso não seja ouvida.
E) representa um processo formal na renovação das licenças das empresas.
Uma estratégia da consulta pública voluntária é a possibilidade de identificar 
problemas sociais. Esses problemas, quando devidamente abordados, podem 
favorecer tanto a comunidade quanto a empresa que decide apoiá-la. 
4) 
Dentre os impactos (positivos ou negativos) das atividades e suas consequências, 
podemos relacionar corretamente:
A) impactos positivos na saúde pública pela cobrança de taxas e impostos das empresas.
B) impactos positivos pela atividade na geração de empregos locais.
C) impactos negativos visuais pela manutenção da identidade visual de uma área.
D) impactos positivos em culturas indígenas pelo acesso a tecnologia e serviços 
desconhecidos de sua cultural de origem.
E) impactos positivos pela construção de museus para preservação de sítios históricos nos 
locais das atividades.
5) Considerando a importância da consulta pública voluntária pela 
população, podemos afirmar que: 
A) ela garanteque todos os pedidos da população sejam atendidos pela empresa.
B) permite que a população altere Leis e decisões dos órgãos ambientais.
C) apoie tecnicamente os estudos ambientais de base.
D) garante que representantes populares possuam cadeiras dentro de conselhos da tomada de 
decisão.
E) permite a consciência ambiental da comunidade e o monitoramento de que compromissos 
assumidos pela empresa sejam cumpridos.
NA PRÁTICA
Muitas atividades, como a mineração, necessitam apresentar um PRAD, que deve ser 
cuidadosamente preparado e pensado, além de possuir viabilidade de execução. 
Tanto a Austrália quanto o Brasil possuem um forte segmento mineiro, porém em termos de 
consulta pública voluntária, as empresas de lá e as do nosso País se diferenciam um pouco. 
Vamos entender.
SAIBA MAIS
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do 
professor:
Serviço Voluntário de Pesquisa
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Fatores determinantes da divulgação de informações voluntária social: evidências 
empíricas no Brasil
Esse artigo trata de como as informações de caráter ambiental são divulgadas voluntariamente 
pelas empresas brasileiras.
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Inventário de Emissões de Gases de Efeito Estufa
Aqui você vai encontrar os resultados do cálculo de emissões de GEE das dezesseis empresas 
Eletrobras para o ano de 2016.
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