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1 ANATOMIA HUMANA ADAMAR NUNES COELHO JÚNIOR EDUCAÇÃO A DISTÂNCIAFACULDADE ÚNICA 1 ANATOMIA HUMANA ADAMAR NUNES COELHO JÚNIOR 1 © 2021, Faculdade Única. Este livro ou parte dele não podem ser reproduzidos por qualquer meio sem Autoriza- ção escrita do Editor. FACULDADE ÚNICA EDITORIAL Diretor Geral:Valdir Henrique Valério Diretor Executivo:William José Ferreira Ger. do Núcleo de Educação a Distância: Cristiane Lelis dos Santos Coord. Pedag. da Equipe Multidisciplinar: Gilvânia Barcelos Dias Teixeira Revisão Gramatical e Ortográfica: Izabel Cristina da Costa Revisão/Diagramação/Estruturação: Bruna Luíza mendes Leite Carla Jordânia G. de Souza Guilherme Prado Design: Aline De Paiva Alves Bárbara Carla Amorim O. Silva Élen Cristina Teixeira Oliveira Taisser Gustavo Soares Duarte Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária Melina Lacerda Vaz CRB – 6/2920. NEaD – Núcleo de Educação a Distância FACULDADE ÚNICA Rua Salermo, 299 Anexo 03 – Bairro Bethânia – CEP: 35164-779 – Ipatinga/MG Tel (31) 2109 -2300 – 0800 724 2300 www.faculdadeunica.com.br Coelho Júnior, Adamar Nunes. Anatomia Humana / Adamar Nunes Coelho Júnior. – 1. ed. Ipatinga, MG: Editora Única, 2021. 153 p. il. Inclui referências. ISBN: 978-65-89764-23-6 1. Anatomia Humana. 2. Fisiologia Humana. 3. Corpo Humano. I. Coelho Júnior, Adamar Nunes. II. Título. CDD: 611 CDU: 611 C672a 2 ANATOMIA HUMANA 1° edição Ipatinga, MG Faculdade Única 2021 3 APRESENTAÇÃO Prezado aluno, É com muita honra que dirijo-me a você, felicitando-o pela escolha do seu curso. Es- tou muito feliz, como não poderia deixar de ser, porque sou um apaixonado pela anatomia humana e tudo que a cerca. Sou professor universitário há 26 anos e, nesse tempo todo, a disciplina que mais ministrei foi anatomia humana, seguida pela fisiologia humana. Logo, já estudei um pou- quinho sobre o conteúdo que você está prestes a ler. O livro que você está recebendo é fruto de um compilado de vários autores clássicos e modernos somados aos conhecimentos que adquiri em todos esses anos sem, contudo, ter a pretensão de esgotar o assunto, ao contrário, este livro apresenta de forma resumida, porém direta e objetiva os principais assuntos que são estudados na maioria dos cursos da área da saúde. Estudar anatomia humana é um desafio tremendo, mas ao mesmo tempo, é muito gratificante pois seus conteúdos são base para o entendimento das outras disciplinas na sequência do seu curso. Por isto, não desanime diante das dificuldades encontradas no estudo da anatomia, antes, porém, tome essas dificuldades como um desafio que prazero- samente será vencido em uma leitura atenciosa e metódica. Quero cumprimentar cada estudante e dizer que cada um que conheço me faz lem- brar do meu começo. Sei que muitos estão assustados com tanto conteúdo, mas se tive- rem disciplina e não permitirem que matérias se acumulem, certamente alcançarão êxito em sua empreitada. Faço votos que os momentos de estudo e leitura sejam intensos e extremamente prazerosos. Bom estudo. O autor. 4 LEGENDA DE Ícones Trata-se dos conceitos, definições e informações importantes nas quais você precisa ficar atento. Com o intuito de facilitar o seu estudo e uma melhor compreensão do conteúdo aplicado ao longo do livro didático, você irá encontrar ícones ao lado dos textos. Eles são para chamar a sua atenção para determinado trecho do conteúdo, cada um com uma função específica, mostradas a seguir: São opções de links de vídeos, artigos, sites ou livros da biblioteca virtual, relacionados ao conteúdo apresentado no livro. Espaço para reflexão sobre questões citadas em cada unidade, associando-os a suas ações. Atividades de multipla escolha para ajudar na fixação dos conteúdos abordados no livro. Apresentação dos significados de um determinado termo ou palavras mostradas no decorrer do livro. FIQUE ATENTO BUSQUE POR MAIS VAMOS PENSAR? FIXANDO O CONTEÚDO GLOSSÁRIO 5 SUMÁRIO UNIDADE 1 1.1 Introdução .......................................................................................................................................................................................10 1.2 Terminologia anatômica ........................................................................................................................................................11 1.3 Divisão do corpo humano ....................................................................................................................................................13 1.4 Sistema tegumentar ...............................................................................................................................................................14 1.4.1 Introdução ..............................................................................................................................................................................14 1.4.2 Pele .............................................................................................................................................................................................14 1.4.2.1 Camadas da epiderme .........................................................................................................................................15 1.4.2.2 Cor da pele ...................................................................................................................................................................16 1.4.2.3 Derme .............................................................................................................................................................................16 1.4.2.4 Hipoderme ..................................................................................................................................................................17 1.4.2.5 Glândula da pele ......................................................................................................................................................17 1.4.3 Pelos ..........................................................................................................................................................................................18 1.4.4 Unha ..........................................................................................................................................................................................19 1.4.5 Funções do sistema tegumentar .........................................................................................................................20 1.4.5.1 Proteção ........................................................................................................................................................................20 1.4.5.2 Regulação da temperatura .............................................................................................................................21 1.4.5.3 Excreção ........................................................................................................................................................................21 1.4.5.4 Sensação .......................................................................................................................................................................21 1.4.5.5 Produção de vitamina D ...................................................................................................................................211.5 Aparelho locomotor .................................................................................................................................................................23 1.6 Sistema esquelético ................................................................................................................................................................24 1.6.1 Funções do esqueleto ....................................................................................................................................................24 1.6.2 Osso ...........................................................................................................................................................................................24 1.6.2.1 Composição do osso .............................................................................................................................................25 1.6.2.2 Tipos de ossos ...........................................................................................................................................................25 1.6.2.3 Relevo ósseos ............................................................................................................................................................26 1.6.2.3.1 Funções dos relevos ósseos .....................................................................................................................27 1.6.3 Localização dos ossos ...................................................................................................................................................28 1.6.3.1 Cabeça ............................................................................................................................................................................28 1.6.3.1.1 Ossos do crânio .................................................................................................................................................28 1.6.3.1.2 Ossos da face .....................................................................................................................................................29 1.6.3.1.3 Ossos da audição ..........................................................................................................................................30 1.6.3.1.4 Hióide .....................................................................................................................................................................30 1.6.2.2 Coluna vertebral .....................................................................................................................................................30 1.6.2.3 Caixa torácica ............................................................................................................................................................32 1.6.2.4 Membro Inferior ......................................................................................................................................................36 1.6.2.4.1 Cingulos ...............................................................................................................................................................37 1.7 Sistema muscular .....................................................................................................................................................................38 1.7.1 Músculo estriado esquelético ...................................................................................................................................39 1.7.1.1 Anatomia microscópica do músculo estriado esquelético .........................................................40 1.7.1.2 Contração o músculo estriado esquelético ............................................................................................41 1.7.2 Músculo estriado cardíaco..........................................................................................................................................42 1.7.3 Músculo Liso ........................................................................................................................................................................43 FIXANDO O CONTEÚDO .............................................................................................................................................................47 INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA ANATOMIA HUMANA UNIDADE 2 2.1 Introdução ....................................................................................................................................................................................50 2.2 Coração ...........................................................................................................................................................................................50 2.2.1 Posição do coração ..........................................................................................................................................................51 2.2.2 Septos e valvas cardíacas ...........................................................................................................................................52 2.2.3 Vasos sanguíneos que chegam e que saem do coração .....................................................................53 2.2.4 Vascularização do coração .......................................................................................................................................54 2.2.5 Inervação do coração ....................................................................................................................................................55 2.2.6 Vasos sanquíneos ............................................................................................................................................................57 2.2.7 Artéria ......................................................................................................................................................................................58 2.2.8 Capilar .....................................................................................................................................................................................59 2.2.9 Veias .........................................................................................................................................................................................60 FIXANDO O CONTEÚDO .............................................................................................................................................................63 SISTEMA CIRCULATÓRIO 6 SUMÁRIO UNIDADE 3 UNIDADE 4 3.1. Introdução ....................................................................................................................................................................................66 3.2 Estruturas do sistema respiratório ...............................................................................................................................66 3.2.1 Fossas nasais.......................................................................................................................................................................66 3.2.2 Faringe....................................................................................................................................................................................67 3.2.3 Laringe ..................................................................................................................................................................................67 3.2.3.1 Esqueleto da laringe............................................................................................................................................683.2.4 Traquei ..................................................................................................................................................................................69 3.2.5 Brônquios ............................................................................................................................................................................69 3.2.6 Bronquíolos ........................................................................................................................................................................70 3.2.7 Alvéolos .................................................................................................................................................................................70 3.2.8 Pulmões ................................................................................................................................................................................71 3.2.8.1 Membrana pulmonar (pleura) .....................................................................................................................72 FIXANDO O CONTEÚDO .............................................................................................................................................................75 SISTEMA RESPIRATÓRIO 4.1. Introdução ....................................................................................................................................................................................78 4.2. Estruturas do tubo digestivo ..........................................................................................................................................78 4.2.1 Boca ..........................................................................................................................................................................................78 4.2.1.1 Língua .............................................................................................................................................................................79 4.2.1.2 Dentes ...........................................................................................................................................................................79 4.2.1.3 Glândulas salivares ...............................................................................................................................................80 4.2.2 Esôfago ...................................................................................................................................................................................81 4.2.3 Estômago ..............................................................................................................................................................................81 4.2.4 Intestino delgado ...........................................................................................................................................................82 4.2.4.1 Duodeno ......................................................................................................................................................................83 4.2.4.2. Jejuno ..........................................................................................................................................................................83 4.2.4.3 Íleo ..................................................................................................................................................................................84 4.2.5 Intestino grosso ...............................................................................................................................................................84 4.3 Estruturas anexas do tubo digestivo .........................................................................................................................85 4.3.1 Fígado ......................................................................................................................................................................................85 4.3.2 Vesícula .................................................................................................................................................................................86 4.3.3 Pâncreas ...............................................................................................................................................................................87 FIXANDO O CONTEÚDO .............................................................................................................................................................92 SISTEMA DIGESTÓRIO UNIDADE 5 5.1 Introdução .....................................................................................................................................................................................95 5.2 Sistema urinário.........................................................................................................................................................................95 5.2.1 Rim ............................................................................................................................................................................................95 5.2.2 Ureter.......................................................................................................................................................................................97 5.2.3 Bexiga ....................................................................................................................................................................................98 5.2.4 Uretra .....................................................................................................................................................................................99 5.3 Sistema reprodutor masculino ....................................................................................................................................100 5.3.1 Testículo ..............................................................................................................................................................................100 5.3.2 Epidídimo ...........................................................................................................................................................................101 5.3.3 Ducto deferente .............................................................................................................................................................101 5.3.4 Vesícula seminal ...........................................................................................................................................................102 5.3.5 Próstata ...............................................................................................................................................................................102 5.3.6 Glândulas bulbouretrais ..........................................................................................................................................103 5.3.7 Pênis ......................................................................................................................................................................................103 5.4 Sistema reprodutor feminino .......................................................................................................................................104 5.4.1 Ovários .................................................................................................................................................................................104 5.4.2 Tubas uterinas.................................................................................................................................................................1055.4.3 Úteros ..................................................................................................................................................................................106 5.4.4 Vagina .................................................................................................................................................................................107 5.4.5 Vulva .....................................................................................................................................................................................108 APARELHO GENITOURINÁRIO 7 SUMÁRIO 5.4.6 Mama .................................................................................................................................................................................109FIXANDO O CONTEÚDO ............................................................................................................................................................115 UNIDADE 6 6.1.Introdução .....................................................................................................................................................................................118 6.2 Hipófise ..........................................................................................................................................................................................118 6.3 Tireoide ...........................................................................................................................................................................................119 6.4 Paratireoide ...............................................................................................................................................................................120 6.5 Adrenal ..........................................................................................................................................................................................120 6.6 Pâncreas ........................................................................................................................................................................................121 6.7 Gônadas ........................................................................................................................................................................................122 6.8 Sistema nervoso ......................................................................................................................................................................122 6.8.1 Sistema nervoso central ..........................................................................................................................................122 6.8.1.1 Telencéfalo ..............................................................................................................................................................123 6.8.1.2 Núcleos da base ................................................................................................................................................125 6.8.1.3 Diencéfalo ..............................................................................................................................................................125 6.8.1.4 Sistema límbico .................................................................................................................................................127 6.8.1.5 Mesencéfalo ........................................................................................................................................................127 6.8.1.6 Metencéfalo ..........................................................................................................................................................127 6.8.1.7 Ponte .........................................................................................................................................................................128 6.8.1.8 Cerebelo .................................................................................................................................................................128 6.8.1.9 Miencéfalo .............................................................................................................................................................128 6.8.1.10 Formação reticular ........................................................................................................................................129 6.8.1.11 Medula espinhal ...............................................................................................................................................129 6.8.1.12 Estruturas que protegem o sistema nervoso central ............................................................129 6.8.1.13 Meninges .............................................................................................................................................................133 6.8.1.14 Líquor.......................................................................................................................................................................134 6.8.1.15 Barreira hematoencefalica .......................................................................................................................135 6.8.2 Sistema nervoso periférico ...................................................................................................................................135 6.8.2.1 Nervos cranianos ..............................................................................................................................................136 6.8.2.2 Nervo olfatório ou I par de nervo craniano ....................................................................................136 6.8.2.3 Nervo óptico ou II par de nervo craniano .......................................................................................136 6.8.2.4 Nervo oculomotor ou III par de nervo craniano .........................................................................137 6.8.2.5Nervo troclear ou IV par de nervo craniano ....................................................................................137 6.8.2.6 Nervo trigêmeo ou V par de nervo craniano ..............................................................................137 6.8.2.7 Nervo abducente o VI par de nervo craniano .............................................................................137 6.8.2.8 Nervo facial ou VII par de nervo craniano .....................................................................................137 6.8.2.9 Nervo vestibulococlear ou VIII par de nervo craniano ...........................................................138 6.8.2.10 Nervo glossofaríngeo ou IX par de nervo craniano ...............................................................138 6.8.2.11 Nervo vago ou X par de nervo craniano ..........................................................................................138 6.8.2.12 Nervo acessório ou XI par de nervo craniano .............................................................................139 6.8.2.13 Nervo hipoglosso ou XII par de nervo craniano ........................................................................139 6.8.2.14 Nervos espinhais .............................................................................................................................................141 6.8.3 Sistema nervoso autônomo ................................................................................................................................1436.8.4 Sistema nervoso simpático .................................................................................................................................144 6.8.5 Sistema nervoso parasimpatico .......................................................................................................................145 6.8.6 Funções do Sistema nervoso autônomo ...................................................................................................145 FIXANDO O CONTEÚDO ...........................................................................................................................................................147 RESPOSTAS DO FIXANDO O CONTEÚDO .................................................................................................................149 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................................................................150 SISTEMAS DE CONTROLE ORGÂNICO 8 UNIDADE 1 Estudaremos generalidades da anatomia humana como terminologia anatômica e divisão do corpo humano para, logo em seguir, estudarmos o Sistema Tegumentar que é constituído pela pele e seus anexos. Ainda estudaremos, nesta Unidade, o Sistema Locomotor Humano que foi dividido em Sistema Esquelético e Muscular. UNIDADE 2 Você encontrará uma abordagem sobre o Sistema Circulatório, também conhecido como Sistema Cardiovascular, enfatizando o coração e os vasos sanguíneos com destaque vascularização e inervação do coração. UNIDADE 3 Estudaremos o Sistema Respiratório dividido em suas vias aéreas superior e inferior. Estudaremos cada estrutura pertencente a este importante sistema e o que acontece no interior do alvéolo (última estrutura da via aérea inferior). Além disto, você vai perceber a inter-relação que existe entre o Sistema Respiratório e o Sistema Circulatório (Unidade II) justificando o estudo destes dois sistemas em sequência. UNIDADE 4 Abordagem direta sobre o Sistema Digestório. Você conseguirá fazer a distinção entre Tubo Digestivo e Anexos do Tubo Digestivo e saberá que todas as estruturas deste importante sistema que têm como objetivo, promover a digestão, “trabalham” em sequência e em uma relação de interdependência. Cada estrutura tem sua função própria que se complementa com a função da outra estrutura posicionada logo à frente. UNIDADE 5 O Aparelho Gênito Urinário que é constituído pelo Sistema Excretor (Urinário) e os Sistemas Reprodutores Masculino e Feminino. Esses três sistemas, devido a sua proximidade e por terem algumas estruturas comuns podem e devem estar juntos em uma mesma unidade. Existem diferenças anatômicas e funcionais entre os gêneros masculino e feminino até mesmo em alguns detalhes do Sistema Excretor. UNIDADE 6 Você vai estudar as estruturas que fazem o sistema de controle e comando das funções orgânicas. O Sistema Nervoso é a estrutura principal desta unidade, mas o Sistema Endócrino é também abordado para demonstrar que as substâncias produzidas por seus componentes (hormônios) são usadas também para incentivar, aumentar ou inibir o funcionamento de outras estruturas. Você estudará a divisão do Sistema Nervoso enfatizando a função de cada parte. C O N FI R A N O L IV R O 9 INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA ANATOMIA HUMANA UNIDADE 01 10 1.1 INTRODUÇÃO Dangelo e Fattini (2004) definiram a anatomia como a ciência que estuda, macro e microscopicamente, a constituição e o desenvolvimento dos seres organizados. Spence (1991) já havia definido a anatomia como o estudo da estrutura de um organismo e das relações entre suas partes. O termo “anatomia” vem do grego; ana (parte) + tômus (corte), ou seja, a anatomia estuda o corpo humano em suas diversas partes separadas e no conjunto delas. Também é objeto de estudo da anatomia a inter-relação existente entre as diversas estruturas do corpo humano. A inter-relação entre as diversas estruturas pode ser explicada pela locali- zação anatômica, uma sendo ponto de referência da outra, estudo comparativo entre cada estrutura abrangendo forma, tamanho, textura, relevância para esta ou aquela região do corpo. Importante salientar que os seres humanos são formados por células que são as me- nores unidades estruturais e funcionais básicas. O conjunto de células similares quanto à estrutura, funcionamento e origem embrionária, e que são mantidas juntas por quantida- de variável de material intercelular, forma o tecido orgânico. Os tecidos orgânicos se agrupam para formar órgãos que interagem entre si, de- sempenhando funções interdependentes e complementares para formarem o sistema e o somatório de todos os sistemas orgânicos forma o organismo. Resumidamente temos: CÉLULA TECIDO ORGÃO SISTEMA Os sistemas que, em conjunto, formam o organismo humano possuem funções dis- tintas, bem delimitadas e específicas, porém estão agrupados de tal forma que a disfunção de um deles pode ser capaz de causar prejuízo no funcionamento de outros. No corpo humano existe um sistema complexo que controla o funcionamento de todos os outros. Devido a sua complexidade anatômica e funcional, esse sistema é dividido em três outros. Cada um guarda sua característica mas no geral, desempenham funções interdependentes. Esse é o sistema nervoso que é formado pelo Sistema Nervoso Central (SNC), Sistema Nervoso Perifério (SNP) e o Sistema Nervoso Autônomo ou Neurovegetati- vo (SNA). Muitos sistemas possuem funções complementares e, por este motivo, podem também serem divididos em aparelhos, exemplo: aparelho locomotor – formado pelos sis- temas esquelético e muscular; aparelho gênito urinário ou urogenital – formado pelos sis- temas urinário e genital masculino ou feminino. Assim, como dito anteriormente, no nível estrutural mais básico, o corpo humano é formado por células. No início da formação embrionária, células similares agrupam-se em três folhetos: ectoderme (forma o tegumento do corpo e o sistema nervoso), endoderme (forma o revestimento interno do tubo digestório e das estruturas associadas), mesoderme (forma o esqueleto e os músculos do corpo). Figura 1: Formação básica dos sistemas do organismo humano Fonte: Elaborado pelo Autor (2020) 11 Os três folhetos embrionários dão origem aos quatro tipos de tecidos – epitelial; conjuntivo; muscular e nervoso. O tecido epitelial cobre a superfície do corpo e forma as diversas cavida- des corporais, ductos e vasos; o tecido conjuntivo deriva da mesoderme e forma ossos e car- tilagens, tendões, ligamentos e fáscias e o sangue; o tecido muscular é formado por células especializadas com capacidade de contrair e relaxar; o tecido nervoso, por sua vez, é forma- do por células com prolongamentos protoplasmáticos que transmitem mensagens nervosas por todo o corpo. FIQUE ATENTO O agrupamento de tecidos forma o órgão que realiza atividades fisiológicas mais complexas do que as que são realizadas por uma célula em sua individualidade. Um mes- mo órgão pode ser formado por mais de um tecido. O estômago, por exemplo, é formado em sua periferia, por tecido epitelial, mas sua parede média é formada por tecido muscu- lar. Os órgãos se “associam” a outros que são complementares em suas funções. A fun- ção de um é interdependente da função de outro em um verdadeiro sinergismo, ou seja, a função de um órgão é vital para o bom funcionamento de outro que por sua vez também é fundamental para o bom funcionamento do primeiro. Essa organização forma o sistema onde cada órgão cumpre sua parte específica na função geral daquele sistema, ou seja, o somatório das funções dos órgãos é vital para as funções do sistema. 1.2 TERMINOLOGIA ANATÔMICA Os anatomistas, para facilitarem o estudo e a compre- ensão da localização das diversas estruturas do corpo huma- no, criaram terminologias próprias que servem de base para o estudo anatômico em todo mundo. Entender essas terminolo- gias é imprescindível para a sequência do estudoda anatomia. Inicialmente, é relevante conceituar a posição anatômica (Fig. 1). De forma simples dizemos que posição anatômica é a posição do corpo humano para ser estudado. Essa posição é o ponto inicial para a avaliação de um doente pelo profissional da saúde. Assim, posição anatômica consiste em: corpo humano posicionado em decúbito dorsal (barriga para cima), membros superiores estendidos ao longo do corpo com as palmas das mãos voltadas para cima, membros inferiores estendidos ao longo do corpo com tornozelos e pés em posição neutra.Figura 2- Posição anatômica Fonte: HANSEN; LAMBERT, 2007 Desta forma, o examinador (profissional de saúde, professor, aluno) analisa o corpo humano de frente e deve imaginar uma linha passando exatamente ao centro do corpo. Essa linha é chamada de linha média. A linha média é uma linha imaginária que inicia-se no ponto mais alto da cabeça, “desce” pelo meio da testa, nariz, boca, queixo e pescoço, “segue” no meio exato do tórax, abdome, cicatriz umbilical, sínfise púbica, genitália e “continua” até uma região entre os 12 dois pés. A linha média “corta”, “separa” o corpo humano em dois lados parecidos, não total- mente iguais. Cada lado (direito e esquerdo), têm características semelhantes, porém de- talhes que vão diferenciá-los em um olhar mais atento. Por exemplo: as mãos e os pés de uma mesma pessoa podem ser ligeiramente diferentes no tamanho e até no formato; a mama direita é diferente da mama esquerda; fígado, apêndice vermiforme são estruturas localizadas do lado direito; o baço está localizado do lado esquerdo; a hemicúpula diafrag- mática é mais elevada do lado direito, etc. Todas as estruturas que estão localizadas mais próximas da linha média dizemos que são estruturas mediais e aquelas que estiverem localizadas mais distantes da linha média são laterais. Para entendermos melhor, consideremos os dois ossos do antebraço: rádio e ulna. Qual deles está localizado na região medial desse segmento? Resposta: ulna. Lembrem que devemos observar sempre a posição anatômica, dessa forma, com a palma da mão voltada para fren- te, temos a ulna mais próxima da linha média, por isso ela está na região medial do antebra- ço. Um detalhe para facilitar ainda mais a localização dos ossos do antebraço é um ditado po- pular: “o polegar é a antena do rádio”, onde lê-se polegar – primeiro dedo da mão e rádio – osso do antebraço. (Fig. 3) FIQUE ATENTO Outra terminologia que merece desta- que é o binômio proximal e distal. Diz-se que uma estrutura é proximal quando ela estiver mais “próxima” da cabeça e distal quando esti- ver mais “distante” da cabeça (Fig. 3). Exemplo: o dedo polegar possui duas falanges uma pro- ximal e a outra distal. Como localizá-las? Fácil: a falange que estiver mais próxima da cabeça é a proximal e a outra é a distal, então, a falange que está na região que tem unha por ser mais distante é a distal, e a outra é a proximal. Pode- mos, a grosso modo, dizer também que a falan- ge que está na “ponta”, na “extremidade” é a distal.A parte da frente do corpo dizemos que é a região anterior ou ventral e a parte de trás é a posterior ou dorsal. Além disto, estruturas que estão localizadas na parte “de cima” do corpo dizemos que são estruturas que estão na parte “superior” ou “cranial” e as que estão na parte “inferior” ou “caudal” são as contrárias. Resumindo, temos os termos que são contrários: medial e la- teral; proximal e distal, anterior e posterior e superior e inferior. Os termos ventral e dorsal; cranial e caudal, para efeito de localização das diversas estruturas corporais, não são muito usados. Figura 3 – Posição anatômica dos ossos do antebraço. Notem que o rádio está do mesmo lado que o polegar. Fonte: HANSEN; LAMBERT, 2007 Figura 4 – Proximal e distal Fonte: Adaptado de Levine (2020) 13 Além disto, para facilitar ainda mais a localização das diversas estruturas do cor- po humano em uma visão mais espacial, pensemos em dividí-lo em planos. Conse- guimos separá-lo em quatro planos distin- tos: sagital (mediano); frontal; transverso; oblíquo. (Fig. 4). Figura 4. Planos de divisão do corpo humano Fonte: LIPPINCOTT, WILLIAMS & WILKINS, 2003 1.3 DIVISÃO DO CORPO HUMANO A maior parte dos autores de anatomia consideram que o corpo humano é dividido em três partes (cabeça, tronco, membros). Nesta obra consideramos a divisão do corpo humano em quatro partes (cabeça, pescoço, tronco e membros). (Fig. 5) A cabeça é a região superior do corpo. É unida ao tronco pelo pescoço que é uma porção mais estreita. Podemos dividir a cabeça em face (região anterior) e crânio (região póstero superior). O pescoço é a porção intermediária entre a cabeça e o tórax. Nesta região estão a sete vértebras da coluna cervical e músculos próprios que vão permitir movimentos que comumente dizemos serem movimentos da cabeça quando, na verdade, são do pescoço. O pescoço, por ser região de transição, tem vasos sanguíneos com fluxo ascendente e outro descendente, o mesmo é observado quando analisamos o sistema nervoso, prolon- gamento do encéfalo (medula espinhal) “desce” pelo pescoço (no canal vertebral formado pelas vértebras cervicais), nervos “descem” e “sobem” por esta região. O tronco é dividido em tórax e abdome. No tórax existe a cavidade torácica e no ab- dome a cavidade abdominal. Os membros são separados em membros superiores e mem- bros inferiores. Os membros superiores se dividem em braço, antebraço e mão (palma e dorso) e os membros inferiores se dividem em coxa, perna e pé (planta e dorso). As extremidades dos membros superiores (mãos) e dos membros inferiores (pés) também se dividem em três partes. A mão é dividida em carpo, metacarpo e falanges e o pé é dividido em tarso, metatarso e falanges. Ao analisarmos mão e pé é comum percebermos que a maioria dos estudantes ini- ciais de anatomia confundem o carpo (mão) e o tarso (pé) como sendo nomes de ossos. Esta confusão talvez esteja na forma como são estudadas as extremidades do corpo. Carpo é uma região da mão. É a sua região proximal. É formada por oito ossos Tarso, da mesma forma, é uma região do pé. É formado por sete ossos que, diferente dos ossos do carpo, não estão posicionados em duas fileiras. No capítulo de sistema esquelético fala- remos desses ossos. 14 1.4 SISTEMA TEGUMENTAR 1.4 1 Introdução O Sistema Tegumentar é o conjunto de estruturas que formam o revestimento externo do corpo humano. É formado pela pele e suas estruturas acessórias (fâneros e glândulas). Os fâneros são cabelos, pêlos e unhas. O Sistema Tegumentar proporciona ao corpo um revestimento protetor. Figura 5 – Divisão do corpo humano Fontes: Borges, FAGUNDES. 2018 1.4.2 Pele A principal estrutura do Sistema Tegumentar é a pele. No adulto, a pele tem área de aproximadamente 2 m² e espessura variável de 1 a 4 mm de acordo com a região. Nas superfícies dorsais e extensoras a pele é mais espessa do que nas ventrais e flexoras. Em áreas de pressão (palma das mãos e plantas dos pés) é também mais espessa e nas pálpebras é bem fina. A idade também influi na espessura da pele. Quanto mais nova, mais fina é a pele e o contrário acontece quanto mais velho for a pessoa. A pele possui elasticidade própria que também varia de acordo com a idade. Quanto mais jovem maior é a distensibilidade da pele. A distensibilidade também varia de acordo com a região do corpo, no dorso da mão é mais distensível do que na palma. A pele forma o revestimento completo e externo do corpo. Ela é contínua com as mucosas que revestem os sistemas respiratório, digestório e urogenital. “A pele é composta de duas camadas principais: epiderme e a derme. A epiderme é a camada su- perficial formada por células epiteliais intimamente unidas. A derme é a camada mais profunda forma- da por tecido conjuntivo denso irregular. A derme está conectada com a fáscia dos músculos por uma camada de tecido conjuntivo frouxo chamada hipo- derme”. (BORGES; FAGUNDES, 2018) 15Em muitas áreas gordura é depositada no tecido conjuntivo frouxo, formando o tecido adiposo. A hipoderme conecta frouxamente a pele à fáscia dos músculos subjacentes o que permite a eles contrair-se sem “repuxar” a pele (Fig. 6). Figura 6. Camadas da pele Fonte: LIPPINCOTT, WILLIAMS &WILKINS, 2003 Em áreas onde não há músculos abaixo da derme, há somente uma pequena quantidade de hipoderme e, em regiões onde áreas ósseas são muito superficiais, a pele está aderida diretamente no periósteo (na região anterior da perna). A epiderme deriva-se do ectoderma. A epiderme é geralmente muito fina. Possui menos de 0,12 mm na maior parte do corpo, mas é mais espessa em áreas sujeitas a constante pressão ou fricção, tais como sola dos pés e palmas das mãos. A pressão contínua num dado local causa o espessamento da epiderme em calos e calosidades. 1.4.2.1 Camadas da Epderme É possível identificar quatro camadas na epiderme quando ela é espessa. A camada mais interna é a camada germinativa. Acima da camada germinativa existe a camada granulosa, depois a transparente (lúcida) e a mais externa é a camada córnea. Em regiões onde a epiderme é fina, frenquentemente falta a camada transparente. É na camada germinativa que acontecem mitoses para substituir aquelas células que são perdidas na camada mais superficial da epiderme. As células da camada basal estão unidas entre si por desmossomos. As células mais profundas que estão em contato com a derme, são cilíndricas. A camada granulosa (granuloso – granular) possui células achatadas e estão arranjadas em cerca de três planos de células, superficialmente à camada germinativa. A camada transparente é superficial à camada granulosa. Consiste de várias camadas de células achatadas intimamente ligadas, a maioria das quais tem limites indistintos e perderam todas as suas inclusões citoplasmáticas, exceto as fibrilas de queratina e algumas gotículas de eleidina que é transformada em queratina assim que as células da camada transparente tornam-se parte da camada córnea, a mais externa. Esta camada é mais proeminente em áreas de pele mais espessa. Camada córnea (cornu – corno – ponta) é a camada mais superficial da epiderme. Desde que seu citoplasma tenha sido substituído por uma proteína fibrosa chamada queratina, estas células mortas são referidas com corneificadas. As células corneificadas formam uma cobertura ao redor de toda a superfície do corpo e não só protegem o corpo contra invasão por substâncias do meio externo como também contribuem para a perda menor de água do corpo. As células das camadas mais superficiais da camada córnea são constantemente perdidas como resultado da abrasão (atrito pela roupa, banho, massagens esfoliantes, etc). 16 1.4.2.2 Cor da pele A cor da pele é determinada principalmente pela presença e distribuição de um pigmento escuro chamado melanina. A melanina é produzida por células chamadas melanócitos que migram na epiderme e transferem o pigmento às células da camada germinativa. FIQUE ATENTO As diferenças na cor da pele são devidas principalmente na quantidade de melanina produzida e sua distribuição. As pessoas de pele escura têm uma grande quantidade de melanina em todas as camadas da epiderme. Nas pessoas de pele clara, a relativamente pouca melanina está distribuída entre as camadas da epiderme, exceto em áreas intensamente pigmentadas, como os mamilos das mamas. A presença de pigmento amarelo, caroteno, nas camadas da epiderme, em combinação com a melanina, produz o matiz amarelado típico do povo oriental. A tonalidade da pele é também devido a tom avermelhado proveniente dos vasos sanguíneos da derme que “reflete” na epiderme. Enquanto a quantidade de caroteno na pele é relativamente constante para cada pessoa, mudanças na quantidade de sangue nos capilares da derme, ou na quantidade de oxigênio do sangue desses capilares, pode causar mudança intensa e temporária na cor da pele. Por exemplo: o rubor (vermelhidão) pode ser causado pela expansão do leito capilar, enquanto o azulado, que é característico da cianose, resulta do decréscimo da quantidade de hemoglobina oxigenada no sangue dos capilares. 1.4.2.3 Derme A derme é uma camada de tecido conjuntivo fibroso irregular que se localiza abaixo da camada germinativa da epiderme. Em contraste com a epiderme, a derme desenvolve-se a partir da mesoderme embrionária, assim como os músculos e o esqueleto. A derme é formada de fibras elásticas e reticulares e colágenas. É bem suprida por vasos sanguíneos, vasos linfáticos e nervos. A derme contém também glândulas especializadas e órgãos dos sentidos. A espessura da derme varia em diferentes locais, mas, em média é de cerca de 2 mm. É composta de duas camadas: papilar e reticular. “A camada mais externa da camada papilar está intimamente ade- rida ao estrato basal da camada germinativa. Na palma das mãos e planta dos pés, estas papilas estão dispostas em sulcos paralelos e encurvados, o que obriga ao aparecimento na epiderme supraja- cente das características impressões digitais, palmares e plantares. Muitas papilas contêm alças capilares; outras contêm receptores sensoriais especializados que reagem a estímulos externos, como mudanças da temperatura e pressão”. (BORGES; FAGUNDES, 2018) A camada reticular da derme consiste de feixes densos de fibras colágenas orientadas em várias direções, assim formando um retículo. As fibras são contínuas com as da hipoderme. 17 1.4.2.4 Hipoderme A hipoderme não integra a pele, mas é importante porque fixa a pele nas estruturas subjacentes. A hipoderme é tecido subcutâneo. É formada por tecido conjuntivo frouxo com células adiposas depositadas entre as fibras. Em algumas regiões do corpo como abdome e nas nádegas, acúmulo de gordura no tecido subcutâneo pode ser muito amplo. A hipoderme é bem suprida de vasos sanguíneas e terminações nervosas. 1.4.2.5 Glândulas da pele A pele possui dois tipos básicos de glândulas: sebáceas e sudoríparas (Fig. 6). Existem outros tipos de glândulas especializadas como: glândulas cerumosas (formadoras de cera) do me- ato acústico externo, glândulas ciliares e as tarsais das pálpebras e as gândulas mamárias. FIQUE ATENTO As glândulas da pele se desenvolvem a partir da ectoderme embrionária, como invaginações sólidas. Os cordões em brotamento tornam-se tubos ocos e continuam a crescer em direção à derme, formando as glândulas na pele e seus ductos associados. “As glândulas sudoríparas ou sudoríferas estão distribuídas na maior parte da superfície do corpo e não estão presentes nos lábios, mamilos e porções da pele dos órgãos genitais. As glândulas sudoríparas são glândulas merócrinas, cada uma com a forma de um túbulo simples que se torna espiralado dentro da derme. Quando estimuladas as glândulas secre- tam solução aquosa de cloreto de sódio, com traços de uréia, sulfatos e fosfatos. A quantidade de suor secretado depende de fatores como a temperatura e umidade do meio, a quan- tidade de atividade muscular e várias condições que causam fadiga”. (SPENCE, 1991) As glândulas sudoríparas que estão localizadas na axila, ao redor do ânus, no escroto e nos grandes lábios da genitália feminina são usualmente grandes e se estendem até dentro do tecido subcutâneo. Estas glândulas secretam num folículo piloso e não diretamente na superfície da pele. Essas grandes glândulas são glândulas sudoríparas apócrinas, isto é, parte do citoplasma das células secretoras está incluído na secreção, que é mais espessa e mais complexa que o suor verdadeiro. As glândulas ceruminosas, que produzem cerume no meato acústico externo, também são glândulas apócrinas que são consideradas glândulas sudoríparas modificadas. “As glândulas sebáceas desenvolvem-se a partir dos folícu- los pilosos, e neles eliminam suas secreções. Sua secreção é substância oleosa, rica em lipídeos. O sebo, secreção das glân- dulas sebáceas, lubrifica a pele e os pêlos prevenindo-os do ressecamento econtém substâncias tóxicas para algumas bactérias. As glândulas sebáceas, que são estimuladas pela 18 presença dos hormônios sexuais, são particularmente ativas durante a adolescência”. (SPENCE, 1991) A maioria das regiões do corpo sem pêlos (regiões glabras), como nas palmas das mãos e as plantas dos pés, não têm glândulas sebáceas. Entretanto, em algumas áreas onde faltam pelos, como os lábios, a glande do pênis e os pequenos lábios, há glândulas sebáceas que secretam diretamente na superfície da epiderme. Estruturalmente, as glândulas sebáceas são do tipo alveolar simples, embora algumas sejam alveolaras compostas (por exemplo as glândulas tarsais das pálpebras). Funcionalmente, todas as glândulas sebáceas são glândulas holócrinas. Figura 8 – Estrutura anatômica da pele Fonte: HANSEN; LAMBERT, 2007 1.4.3 Pêlos Os pêlos se localizam por todo o corpo, mas são mais presentes na cabeça e nas regiões axilares e púbicas e ausentes nos lábios, palmas das mãos, plantas dos pés, mamilos e partes dos genitais externos. Os pêlos crescem devido a atividade mitótica de células epidérmicas na base do folículo piloso. Uma camada externa de tecido conjuntivo que se desenvolve a partir da derme, envolve o folículo. Uma porção da derme forma a papila do pelo porque projeta-se do fundo de cada folículo. Terminando nos folículos pilosos existem uma ou mais glândulas sebáceas, cuja secreção ajuda a amaciar o pêlo. A matriz do pêlo é formada por células mitoticamente ativas que recobrem a papila e a raiz do pêlo é a região que se situa logo acima da matriz. A haste do pêlo se desenvolve a partir da matriz. A ponta livre da haste ultrapassa a superfície da pele. A medula do pêlo é o núcleo central da haste do pêlo que consiste de células corneificadas dispostas em espaços aéreos entre elas. O córtex do pêlo, que envolve a medula é formado de células queratinizadas fortemente comprimidas. Por fora do córtex está a cutícula do pêlo, formada de células queratinizadas endurecidas (Fig. 8). Os pêlos retos são cilíndricos ou ovais enquanto os encaracolados são um pouco achatados. Embora haja muitas variações na cor dos pêlos, existem apenas três pigmentos: preto (melanina), castanho e amarelo. Combinações variadas desses três pigmentos produzem as diferentes cores dos pêlos; a melanina é formada por melanócitos do folículo e fica localizada no córtex e na medula de cada pêlo. Figura 9 – Anatomia do pêlo Fonte: Martini, Timmons e Tallitsch (2009, p. 97) 19 Os pêlos ficam gradualmente cinzentos à medida que envelhecemos. Esse processo é devido à diminuição do pigmento, possivelmente como resultado de uma queda no nível de enzima específica que é necessária para a produção da melanina. Quando os pigmentos acabam, os pêlos tornam-se brancos. FIQUE ATENTO Os folículos pilosos têm atividade cíclica com momentos de atividade alternando com momentos de inatividade. Durante o período ativo as células na matriz de um folículo dividem-se por mitose, empurrando as células mais velhas para cima e causando alongamento do pêlo. Durante os períodos inativos, quando as células da matriz não estão em divisão mitótica, a raiz dos pêlos destaca-se da matriz e o pêlo gradualmente se move para fora do folículo. O pêlo solto pode ser retirado do folículo por atrito ou escovação, ou pode permanecer no folículo até o próximo período de atividade, quando o novo pêlo produzido pela matriz o empurrará para fora. Os folículos pilosos de diferentes partes do corpo têm comportamentos distintos de ativida- de cíclica. Por exemplo, no couro cabeludo os folículos podem permanecer ativos e causar o alongamento contínuo dos pêlos por muitos anos antes de se tornarem inativos por um período de meses. Em outras regiões do corpo, os folículos podem se manter ativos somente por poucos meses e depois entrar em uma fase inativa. O corte dos pêlos ou o barbear, por não afetarem a atividade cíclica dos folículos, não têm qualquer influência no crescimento do pêlo. FIQUE ATENTO Por causa da formação repetida de novos pêlos durante os períodos ativos, a queda normal dos pêlos não indica a calvície. A calvície é uma característica genética que requer a presença de hormônios masculinizantes, os andrógenos, para que a tendência hereditária se torne efetiva. Por essa razão, a calvície é mais comum nos homens do que nas mulheres, que podem ter herdado o caráter, mas não têm os andrógenos necessários para ativá-lo. 1.4.4 Unha Nas superfícies dorsais das falanges distais dos dedos das mãos e dos pés, os dois folhetos epidérmicos mais externos (camada córnea e camada transparente) são intensamente corneificados, formando as unhas. O leito da unha é formado por células germinativas. É onde a unha está posicionada. Esta camada é espessada abaixo da extremidade proximal da unha, formando uma área esbranquiçada, com forma de meia lua, chamada lúnula, que é visível através da unha. A matriz da unha é a região espessada da camada germinativa. É nesta matriz que ocorrem as mitoses, empurrando para frente as células previamente formadas que 20 já se corneificaram e, assim, causando o crescimento da unha. Na extremidade proximal da unha, forma-se o eponíquo ou cutícula que é uma prega da epiderme que se estende sobre a superfície livre. O hiponíquo é a camada córnea que se espessa e está localizado abaixo da ponta livre da unha. As unhas geralmente têm Figura 10- Anatomia da unha Fonte: LIPPINCOTT, WILLIAMS & WILKINS, 2003 uma coloração rosada por causa da rede de capilar que existe abaixo dela e que se torna visível através das células corneificadas. (Fig. 9) 1.4.5 Funções o Sistema Tegumentar O Sistema Tegumentar tem função de: proteção, regulação da temperatura do corpo, excreção, sensação e produção de vitamina D. 1.4.5.1 Proteção A pele forma uma barreira física que protege o corpo contra a invasão de microrganismos e a entrada de substâncias estranhas do meio externo, incluindo a água. Também protege contra o excesso da radiação ultravioleta e reduz grandemente a perda de água do corpo. A superfície da pele está protegia por uma fina película líquida que tende para a acidez (pH 4 a 6,9). Por causa de sua acidez, essa película pode atuar como camada anti séptica e retardar o crescimento de microrganismos na superfície da pele. 1.4.5.2 Regulação da temperatura corporal Mesmo sob condições de elevada temperatura do meio ou durante um exercício, a temperatura do corpo se mantém normal, em parte porque uma considerável quantidade de calor é perdida pela pele. As arteríolas da derme se dilatam quando a temperatura do corpo começa a aumentar, trazendo maior volume de sangue para a superfície do corpo e assim permite que o calor interno seja perdido para o meio. No mesmo instante, a superfície corporal fica úmida, devido ao aumento da atividade secretora das glândulas sudoríparas. A evaporação do suor facilita a perda de calor pelo corpo. Do mesmo modo, no frio, o calor do corpo é conservado pela constrição das arteríolas da derme. Esta constrição diminui o volume de sangue que circula pela superfície do corpo, de tal forma que menos calor será perdido para o meio externo. O fluxo de sangue pode variar intensamente. Em condições normais, o fluxo de sangue no sistema tegumentar é de aproximadamente 400 ml por minuto, porém, em condições extremas, mais de 2.500 ml de sangue podem circular pelos vasos deste sistema por minuto. O arranjo dos vasos sanguíneos da pele torna possível esse enorme fluxo sanguíneo. Existem extensos plexos venosos subcutâneos, localizados próximos à superfície, além dos leitos capilares comuns, que são capazes de comportar grandes volumes de sangue. Estes plexos permitem que o calor passe do sangue para a superfície e então seja perdido pelo corpo. Além disso, em alguns locais é possível que o sangue possa fluir nos plexos venosos diretamente a partir das artérias, por meio de anastomosesarteriovenosas. (Fig. 10) 21 Figura 11– Regulação da temperatura corporal pelo sistema tegumentar Fonte: LIPPINCOTT, WILLIAMS & WILKINS, 2003 1.4.5.3 Excreção Além do seu efeito refrescante, o suor funciona como um meio de excreção. Porções pequenas de resíduos nitrogenados e de cloreto de sódio saem do corpo pelo suor. 1.4.5.4 Sansação Devido a presença de terminações nervosas e receptores especializados, a pele guarnece o corpo com muitas informações do meio externo. Alterações da temperatura, u m toque suave e rápido ou não, pressão, e um trauma doloroso estimulam os receptores tegumentares. Estes receptores, alertam o sistema nervoso central sobre o ocorrido e, assim, possibilita que seja deflagrada uma ação apropriada. Esta ação pode ser simples e automática, como retirar a mão do fogo, ou pode requerer um ato mais complicado, como decidir que tipo de agasalho dever ser usado. 1.4.5.5 Produção de Vitamina D A pele também participa da produção de vitamina D. Na presença de luz solar ou de radiação ultravioleta, um dos esteroides (7-deidrocolesterol) encontrados na pele é alterado de tal maneira que fora a vitamina D3 (colecalciferol). Depois de ser metabolicamente transformada, a vitamina D3 participa da absorção de cálcio e de fosfato de origem alimentar, A vitamina D3 é ainda importante na manutenção do nível ótimo de cálcio e de fosfato no corpo, facilitando assim, o crescimento normal dos ossos e seu reparo pós fratura. 1.5 APARELHO LOCOMOTOR O aparelho locomotor é formado por um conjunto de todas as estruturas envolvidas na locomoção humana. Por questão prática, formam o aparelho locomotor o sistema esquelético e o sistema muscular e, por esta razão, muitos autores consideram sistema musculoesquelético. 22 Por uma questão funcional, não concordamos em unir os nomes dos dois sistemas pois, “musculoesquelético” pode dar a ideia de estarmos falando apenas de músculos que envolvem o esqueleto. Na verdade, se pensarmos apenas na locomoção humana de per si, poderíamos pensar apenas nos músculos esqueléticos realmente, porém, o conceito de locomoção que trazemos nesta unidade vai muito além dos movimentos corporais como o aluno poderia pensar inicialmente. Pensamos também no movimento do sangue dentro dos vasos sanguíneos, nas contrações rítmicas do coração, nos movimentos durante a respiração, no trânsito intestinal ou mesmo na ejeção das substâncias químicas produzidas pelas glândulas. Tudo isto é movimento e, como tal, é determinado por tipos diferentes de músculos que veremos a seguir. Antes, porém, estudamos o sistema esquelético. 1.6 SISTEMA ESQUELÉTICO Sistema esquelético é a união dos diversos tipos de esqueleto, ou seja, é o conjunto de ossos, cartilagens que se interligam para formar o arcabouço do corpo humano e desempenhar suas funções (Fig. 11). O esqueleto divide-se em dois tipos: esqueleto axial (eixo do corpo, parte central) e esqueleto apendicular (membros). O esqueleto axial é formado pelos seguintes ossos: ossos da cabeça, ossos da caixa torácica, ossos da coluna vertebral. O esqueleto apendicular é formado pelos ossos dos membros superiores e inferiores. Articulando os dois tipos de esqueleto existem os ossos de transição (escápula, clavícula e ilíaco). Esses ossos permitem a articulação do esqueleto apendicular no esqueleto axial da seguinte forma: o úmero, osso do braço, se articula com a escápula que, por sua vez se articula com a clavícula; e o fêmur, osso da coxa, se articula com o ilíaco. A articulação entre os esqueletos apendicular e axial forma duas cinturas anatômicas que são representadas por linhas imaginárias que circundam as articulações. A primeira cintura é chamada de cintura escapular e é formada por uma linha imaginária que circunda os dois ombros. É formada pelos ossos escápula, clavícula e úmero direitos juntamente com a escápula, Figura 12- . Esqueleto humano Fonte: LIPPINCOTT, WILLIAMS & WILKINS, 2003 clavícula e úmero esquerdos. A segunda cintura é a cintura pélvica que é formada por uma linha imaginária que circunda os dois quadris. É formada pelos ossos fêmur e ilíaco direitos juntamente com o fêmur e ilíaco esquerdos. O termo cintura vem de círculo ou circunferência, por isso a linha imaginária “dá” a volta ao redor dos dois ombros e dos dois quadris. 23 1.6.1 Funções do esqueleto O esqueleto humano desempenha várias funções como suporte, movimento, proteção, estoque ou reserva de minerais e participa da hematopoiese. O esqueleto atua como arcabouço do corpo, dando suporte aos tecidos moles e provendo pontos de fixação para a maioria dos músculos do corpo humano. Pelo fato de muitos músculos estarem fixados ao esqueleto, e muitos ossos estarem organizados, agrupados, articulados em articulações móveis, o esqueleto desempenha um papel importante na determinação do tipo e extensão do movimento corporal. O esqueleto protege de lesões muitos dos órgãos vitais internos pois os envolve. É fácil en- tender quando percebemos que o encéfalo está localizado no interior da cavidade craniana, protegido por todos os ossos que formam o crânio, da mesma forma, ao analisarmos as es- truturas da caixa torácica veremos que a proteção maior do coração, pulmões, vasos impor- tantes se dá pelos ossos, o mesmo acontece com as estruturas nobres da cavidade pélvica. FIQUE ATENTO O esqueleto é fonte de reserva de minerais. Cálcio, fósforo, sódio, potássio entre outros, estão estocados, armazenados nos ossos. Estes minerais podem ser mobilizados e distribuídos pelo corpo por meio do sistema circulatório de acordo com a necessidade de cada região. Após o nascimento, a medula óssea vermelha de certos ossos produz células sanguíneas. 1.6.2 Osso A unidade funcional do esqueleto é o osso que é formado por tecido conjuntivo. É esbranquiçado, duro complexo e dinâmico, que está em constante atividade. Sua principal característica é a mineralização de sua matriz óssea que é formada também de fibras colágenas e proteoglicanas. No osso existem três tipos de células: osteócito (célula madura, derivada do osteoblasto, célula óssea propriamente dita); osteoblasto (célula jovem responsável pela síntese dos componentes orgânicos da matriz óssea, colágeno, proteoglicanas, glicoproteínas e, por isso, está relacionada com a formação óssea) e osteoclasto (célula grande, polinucleada, responsável pela absorção da matriz óssea e de células velhas do osso. O indivíduo adulto possui 206 ossos. Esse número pode variar levando-se em conta algumas situações: (1) fator etário – no nascimento, vários ossos são divididos para auxiliar no momento do parto, permitir o crescimento de estruturas que eles protegem ou permitir o desenvolvimento e crescimento da região onde estão; (2) fator individual – em algumas pessoas, por característica hereditária podem existir ossos extranumerários como é o caso do osso occipital que na verdade é osso único, ímpar, na grande maioria das pessoas, mas em algumas, esse osso apresenta uma protuberância que é, na verdade, outro osso. Os ossos possuem camadas. A camada externa do osso é o periósteo que é uma dupla camada de tecido conjuntivo fibroso. A camada externa do periósteo é vascularizada 24 e inervada, a camada interna do periósteo está fixada ao osso por feixes colágenos, fibras perfurantes do osso ou Fibras de Sharpey. A outra camada do osso é o endósteo que é formado por tecido conjuntivo frouxo e reveste o interior da cavidade medular do osso (Fig. 12). Figura 13 – Camadas do osso Fonte: Adaptado de Vanputte, Regan e Russo (2016) Os ossos possuem uma parte compacta e outra esponjosa. Em uma análise microscópica do osso percebemos que o osso compacto é visto como sendo formado por muitos sistemas organizados de canais interconectados. A unidade do osso compacto é o sistema haversiano ou osteônio. Cada sistema haversiano tem um canal central (canal central do osteônio ou Canal de Havers) que é rodeado por lamelas oucamadas concentricamente arranjadas de osso. Pelo fato dos osteônios estarem paralelos ao longo do eixo do osso, os canais aparecem em secção longitudinal como longos tubos. Esta posição do sistema haversiano dá ao osso, capacidade de resistir a forças compressivas. Cavidades pequenas, lacunas, estão localizadas entre lamelas adjacentes num osteônio. Cada lacuna contém um osteócito. Todas as lacunas estão interconectadas por finíssimos canalículos. Os osteócitos têm pequenos processos protoplasmáticos nas suas superfícies que entram nos canalículos e conectam com os processos celulares dos osteócitos localizados em lacunas adjacentes. No ponto de contato, dentro dos canalículos, os processos celulares dos osteócitos adjacentes são mantidos unidos por junções comunicantes que tornam possível a rápida passagem de nutrientes e resíduos de um para o outro. Cada canal central do osteônio (canal haversiano) contém pelo menos um capilar sanguíneo, que proporciona uma fonte de nutrientes e um meio de eliminação de resíduos dos osteócitos que estão alojados nas lacunas. Os nutrientes e resíduos somente podem se difundir a curta distância através do tecido fluido das lacunas e canalículos, seja para entrar ou sair do canal haversiano. Após entrar no osteócito, os nutrientes provenientes dos vasos sanguíneos são distribuídos para osteócitos adjacentes por meio dos processos citoplasmáticos dentro dos canalículos. Os vasos sanguíneos que alcançam os canais são provenientes de vasos maiores que se encontram localizados ou na superfície do osso (camada vascular do periósteo) ou na cavidade medular. Os vasos sanguíneos, bem como os vasos linfáticos e nervos, entram e saem da cavidade medular por meio dos canais nutrícios que perfuram o osso desde a superfície e se comunicam com a cavidade medular. Os vasos sanguíneos de ambas as fontes alcançam os canais centrais dos osteônio através dos canais perfurantes ou Canais de Volkmann que correm perpendicularmente aos canais centrais dos osteônios. Na superfície externa do osso, logo por baixo do periósteo, são encontradas várias lamelas circunferenciais, que acompanham a circunferência da diáfise, como que rodeando à distância um canal haversiano (Fig. 13). O osso esponjoso é organizado de forma diferente do osso compacto. Embora os 25 osteócitos estejam alojados em lacunas e estas se comuniquem através dos canalículos, como no osso compacto, as lamelas não estão arranjadas em camadas concêntricas. As lamelas estão distribuídas em várias direções que correspondem às linhas de máxima pressão ou tensão. Os capilares sanguíneos alcançam a vizinhança dos osteócitos passando nos espaços da medula óssea entre as placas de osso formadas pelas lamelas. Figura 14 – Visão interna do osso Fonte: LIPPINCOTT, WILLIAMS & WILKINS, 2003 1.6.2.1 Composição do osso A substância intercelular ou matriz do osso é formada por dois componentes principais: arcabouço orgânico e sais inorgânicos. O arcabouço orgânico é formado por fibras colágenas semelhantes às encontradas nos demais tecidos conjuntivos. Cálcio e fosfato são, em grande maioria, os sais inorgânicos do osso. As fibras colágenas conferem ao osso grande força de tensão, fazendo com que ele tenha resistência ao alongamento e à torção. Os sais permitem ao osso resistir à compressão. Esta combinação de fibras e sais confere ao osso extraordinária força sem torná-lo quebradiço. O mesmo princípio é usado para reforçar o concreto, onde cabos de aço conferem a força de tensão, e o cimento, areia e brita fornecem a força de compressão. 1.6.2.2 Tipos de ossos Existem vários tipos de ossos: longos; curtos; laminar, chatos ou planos; alongados; pneumáticos; sesamóides e irregulares. Os ossos longos são aqueles que apresentam o comprimento maior do que sua largura. Os exemplos clássicos de ossos longos são: úmero, rádio, ulna, fêmur, tíbia, fíbula, falanges. Reparem que osso longo não é necessariamente osso comprido ou grande. Se compararmos o fêmur (maior osso do corpo humano) com a falange proximal do dedo indicador (segundo dedo da mão) perceberemos facilmente uma diferença descomunal no tamanho, porém, os dois ossos são longos pois o comprimento deles é maior do que a largura. O osso longo se divide em três partes: duas extremidades que são as epífises proximal e distal e a diáfise entre elas (Fig. 14). Esta divisão não é meramente didática e sim anatômica e funcional. Entre a diáfise e as epífises (proximal e distal) existem uma região chamada fise óssea ou zona (área) de crescimento do osso. Nestas regiões existem cartilagens epifisárias que permitirão, em um processo de ossificação, o crescimento do osso. A diáfise é o “corpo” do osso. No Figura 15 – Divisão do osso longo Fonte: Adaptado de Martini, Timmons e Tallitsch (2009) 26 Os ossos curtos são ossos pequenos que não possuem diferenças marcantes entre suas dimensões. Os ossos do carpo e alguns ossos do tarso são exemplos de ossos curtos. Os ossos laminares também chamados planos ou chatos ou ainda achatados, apresentam comprimento e largura equivalentes predominando sobre a espessura. Esses ossos são finos e um pouco curvos. Os exemplos clássicos desses ossos são ossos do crânio, escápula, ilíaco, etc. Os ossos alongados são curvos, achatados, longos, mas que não possuem canal central, ou seja, não são tubulares como os ossos longos tradicionais. O exemplo deste tipo de osso é a costela. Osso pneumático é osso que possui, em seu interior, cavidades preenchidas por ar. A palavra pneu significa “ar”, logo, osso pneumático é aquele osso que possui ar dentro dele. Embora a definição deste tipo de osso possa dar idéia de osso “oco”, frágil, é justamente o contrário. Esses ossos são muito resistentes, são fortes e suportam traumas que por sua aparente fragilidade não suportariam. As cavidades destes ossos são preenchidas por ar, em uma pressão absoluta, para conferir uma maior resistência àquela porção do osso. Essas cavidades formam os “sinus” ou seios da face. Os ossos que são exemplos deste tipo são: frontal, maxilar, etimóide, esfenoide, temporal. Os ossos sesamóides são ossos que estão localizados entre tendões, membranas, cápsulas. Os ossos sesamóides que estão localizados entre tendões são intratendíneos e os localizados entre membranas, cápsulas são peri articulares. A patela é um exemplo de osso sesamóide. Os ossos irregulares são os mais fáceis de todos. São ossos que por sua aparência, localização e formato, não se enquadram em nenhuma das outras classificações. São ossos que não possuem forma geométrica definida. Temporal, zigomático, calcâneo, vértebras são exemplos de ossos irregulares. O Quadro 1, apresenta exemplos de todos os tipos de ossos do corpo humano, separados em cada tipo e representados nas Figuras 15,16,17,18,19,20,21 1.6.2.3 Relevos ósseos Todo osso possui acidentes anatômicos também conhecidos como relevos ósseos. Esses re- levos estão presentes de forma mais marcante em muitos ossos. São imperfeiçoes, detalhes encontrados na superfície dos ossos. Podem ser protuberância, pontas, depressões, eleva- ções, buracos. Os mais comuns são: superfície articular – extremidade proximal e distal do osso que se articula com outro; crista – linha óssea proeminente, aguda; côndilo – proemi- nência arredondada que se articula com outro osso; epicôndilo – pequena projeção localiza- da acima ou no côndilo; sulco – vale entre duas projeções ósseas; faceta – superfície articular quase achatada, lisa; fissura – passagem estreita como uma fenda; forame – buraco; fossa – depressão, frequentemente usada como superfície articular; fóvea – depressão pequena geralmente usada como fixação, mais do que articulação; cabeça – geralmente a extremi- dade maior de um osso longo, frequentemente separada do corpo do osso por um colo es- treitado; linha – margem óssea suave; meato – canal; processo – proeminência ou projeção; espinha – projeção afilada; trocânter – processo
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