Aula 4 Provas de pista corridas de meio-fundo e fundo

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Metodologia do ensino do atletismo
Aula 4: Provas de pista: corridas de meio-fundo e fundo
Apresentação
Exporemos as provas olímpicas de pista — as corridas de meio-fundo de 800m e 1.500m e as corridas de fundo de
5.000m e 10.000m — abrangendo suas origens e evolução até os dias atuais. Será realizada uma diferenciação quanto à
organização, ao funcionamento e às regras básicas dessas provas. Elas assumem a mesma importância que as corridas
de velocidade pela facilidade em promover suas vivências no contexto escolar, na iniciação esportiva e no alto rendimento.
Serão apresentados, também, os fundamentos básicos das corridas de meio-fundo e fundo, tais como técnica e
coordenação de corrida, técnica da saída alta e ritmo.
Objetivos
Diferenciar as corridas de meio-fundo e fundo (rasas) quanto a sua organização, seu funcionamento e suas regras
básicas.
Compreender os fundamentos básicos e técnicos das corridas de meio-fundo e fundo: técnica básica de corrida,
coordenação de corrida e técnica da saída alta.
Premissa
A origem das corridas de meio-fundo está na Era Moderna (século XIX), mas a das corridas de fundo está nos Jogos Olímpicos
da Antiguidade, quando da criação do dólikhos (720 a.C.). Esta prova podia ser realizada com sete ou mesmo 20 voltas, na
distância da prova mais antiga, que é o stádion (776 a.C.).
Ambas as provas, meio-fundo e fundo, passaram por grandes evoluções de performance ao logo de sua existência. Podemos
citar como exemplo, entre outros, os “�nlandeses voadores”, que, ao longo das décadas de 1920 e 1930, conquistaram muitas
medalhas e quebraram vários recordes. Os atletas africanos são mais um exemplo de evolução de performance. Eles
começaram suas conquistas gradativamente na década de 1960, com o emblemático soldado etíope Abebe Bikila, que ganhou
a maratona dos Jogos Olímpicos de Roma (1960) correndo — pasme você — descalço. Quatro anos depois, retornou para os
Jogos Olímpicos de Tóquio (1964) e venceu mais uma vez a maratona. Atualmente, os africanos, simplesmente, dominam
mais de 90% das principais provas de meio-fundo e fundo do mundo.
Saiba mais
Para complementar o conteúdo, assista aos vídeos:
Finlandeses voadores.
A história do etíope Abebe Bikila.
Talento.
Corridas de meio-fundo
As corridas de meio-fundo são as provas disputadas nas distâncias o�ciais de 800m, 1.000m, 1.500m, 1.609m (milha) e
2.000m. Essas provas também são conhecidas como corridas de média distância. O atleta que as pratica é denominado meio-
fundista. A aptidão física para essas provas são as resistências anaeróbica lática e aeróbica (MATTHIESEN, 2017). Deve-se
destacar que, para alguns especialistas, a distância de 3.000m rasos deveria ser inserida nesse grupo de provas.
O ritmo das corridas de meio-fundo nos últimos anos aumentou consideravelmente. Essas provas são disputadas, na maior
parte do tempo, em velocidade submáxima. Para Fernandes (2003), as provas de 800m são 30% aeróbicas e 70% anaeróbicas,
e as de 1.500m são 50% aeróbicas e 50% anaeróbicas. Essas provas são consideradas mistas por envolverem mais de um
sistema energético com participação importante.
Corridas de fundo
As corridas de fundo são as provas disputadas nas distâncias o�ciais de 3.000m até a maratona em diferentes pisos, tais
como pista de atletismo, asfalto (pedestrianismo ou corrida de rua), chão batido e grama (cross country), entre outros. Aqui,
nos dedicaremos a conhecer as provas de pista. As provas de fundo também são conhecidas como corridas de longa
distância, longa duração ou resistência. Os atletas que praticam essas provas são denominados fundistas ou corredores de
longa distância. A aptidão física para essas corridas são as resistências anaeróbica lática e aeróbica (MATTHIESEN, 2017).
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Conheça características principais das corridas de meio-fundo e fundo:
Prova anaeróbica lática (predominante) + aeróbica;
Velocidades submáxima e média;
Resistência à fadiga;
Atleta ectomorfo;
Fibras de contração lenta;
Coordenação ritmada de braço e perna.
 Fonte: Por sportpoint Shutterstock.
Atividade
1. Correlacione as provas aos tipos de corrida. 
 
I - Corridas de velocidade / II - Corridas de meio-fundo / III - Corridas de fundo
a) 5.000m digite a resposta
b) 1.500m digite a resposta
c) 200m digite a resposta
d) 400m digite a resposta
e) 800m digite a resposta
f) 1.609m digite a resposta
g) 1 hora digite a resposta
h) 100m digite a resposta
Biomecânica da corrida
A biomecânica da corrida é importante para qualquer atleta que corre. Contudo, dá-se muito mais atenção para a técnica dos
velocistas do que para a dos fundistas, no entanto podemos dizer que esse foi um erro que se cometeu muito no passado. Nos
dias de hoje, com as performances dos africanos, nunca se discutiu tanto qual seria a melhor técnica de corrida de longa
distância. Então, a biomecânica da corrida é importante, sim, para os corredores de meio-fundo e fundo, pois tem um papel
fundamental na melhoria da coordenação do movimento, no aumento da velocidade de deslocamento e na economia de
energia, entre outros.
“Quer se trate de um atleta de 100 metros, quer se trate de
um atleta da maratona, o movimento que utilizam durante os
seus treinos e as suas provas é o mesmo, a corrida. Correndo
mais depressa ou mais devagar, quanto melhor é a técnica de
corrida de um atleta, mais e�caz ela se torna, menor é o
dispêndio de energia em cada passada de corrida e,
logicamente, melhor será o resultado �nal. Assim, podemos
dizer que uma boa técnica de corrida é importante a dois
níveis diferentes. Por um lado, está diretamente relacionada
com a velocidade, ou seja, quanto melhor a técnica de corrida
de um atleta, mais rápido ele é capaz de correr. Por outro
lado, uma boa técnica torna a corrida mais econômica e
e�caz.”
(ABRANTES, s/d.)
Saiba mais
Para adquirir mais informações sobre o que acabamos de discutir, consulte o texto A importância da técnica da corrida.
Veja as técnica das corridas de meio-fundo e fundo:
Tronco reto ou levemente inclinado (de 15° a 20°) para
frente;
Braço a 90°;
Joelhos levemente �exionados;
Pisada com o calcanhar (retropé) — mais usada pelo
atleta amador;
Pisada com meio do pé (mediopé) — usada pelos
pro�ssionais;
Perna de impulsão estendida. Por aarrows / Shutterstock.
A biomecânica de ambas as corridas é muito parecida, mas, como as provas
de meio-fundo são mais intensas que as de fundo, alguns movimentos
podem sofrer pequenas alterações, como é o caso do joelho, que será um
pouco mais elevado, assim como a angulação de inclinação do tronco é
ligeiramente maior.
Saiba mais
Complemente seus estudos com os seguintes vídeos:
Série Como correr corretamente: #1 A ativação do quadril.
Série Como correr corretamente: #2 Qual a postura correta na corrida?
Série Como correr corretamente: #3 O Movimento dos braços na corrida.
Atividade
2. A técnica de corrida de meio-fundo e fundo tem muitas semelhanças com a das corridas de velocidade. Assinale uma
dessas semelhanças.
a) Há uma busca por maior amplitude da passada, conseguida pela projeção da flexão do joelho.
b) Os membros superiores movimentam-se alternadamente em um ângulo de 90°.
c) Há sempre uma fase aérea.
d) Pisada com o retropé.
e) Perna de impulsão esticada.
Orientações e sugestões didático-pedagógicas para vivenciar as
corridas de meio-fundo e fundo
Assim como demonstramos na aula sobre as corridas de velocidade, os educativos de corrida são fundamentais para a
melhoria da e�ciência mecânica da técnica dos corredores de meio-fundo e fundo.
E quais seriam esses educativos? Os mesmos vivenciados pelos corredores de velocidade, com alguma adaptação. Veja
alguns deles:
Fonte: Muller e Ritzdorf (2000).
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Skipping alto, médio e baixo Anfersen
Hopserlauf
Kick out Corrida saltada
Esses educativos têm a função de aquecimento, coordenação,
postura, memória motora e performance, uma vez que, com a
melhoriada e�ciência mecânica geral da corrida, os tempos
consecutivamente melhoram.
Organização e funcionamento
A organização e o funcionamento de ambas as modalidades de provas acontecem na parte externa da pista de atletismo, que
mede o�cialmente 400m, separada por raias (exceto a maratona, que, no caso de Jogos Olímpicos, normalmente possui a
largada e a chega na pista, mas também pode ser disputada somente na rua).
Essas provas não necessitam de blocos de partida, uma vez que realizam a saída alta (ou saída em pé). Os atletas devem
obedecer a dois comandos: “às suas marcas” e o tiro (festim) de partida. Os atletas que queimarem a largada serão
desclassi�cados. As distâncias são percorridas em raia livre por toda a prova (exceto os primeiros 100m dos 800m). A
classi�cação geral será determinada com a ultrapassagem do tronco de cada atleta pela linha de chegada. A cronometragem
pode ocorrer por dois métodos: o manual e o elétrico (CBAt, 2019).
Vejamos a seguir a organização e funcionamento das provas:
Prova de 800m
• Saída alta 
• Balizamento parcial 
• Escalonamento – primeiros 100m 
• Raia livre 
• 2 voltas
Provas de 1.500m a 10.000m
• Saída alta 
• Balizamento livre 
• Raia livre 
• 1.500m ➠ 3 voltas + 300m 
• 5.000m ➠ 12 voltas + 200m 
• 10.000m ➠ 25 voltas
Atividade
3. A organização e o funcionamento das corridas de meio-fundo e fundo são muito parecidos. Assinale abaixo duas
características comuns às duas provas.
a) Não é permitido queimar a largada (saída falsa).
b) Os atletas correm todo o tempo em balizamento livre (ou raia livre).
c) A classificação geral é feita pela passagem da cabeça do competidor pela linha de chegada.
d) É permitido ocorrer uma saída falsa.
e) É obrigatório o uso de bloco de partida (saída alta).
NotasReferências
FERNANDES, J. L. Atletismo: corridas. Capítulo IV. 3. ed. São Paulo: EPU, 2003.
MATTHIESEN, S. Q. Educação Física no Ensino Superior – Atletismo: teoria e prática. São Paulo: Guanabara Koogan, 2017.
MULLER, H.; RITZDORF, W. Correr! Saltar! Lançar!: la guia IAAF de la ensenanza de atletismo. Espanha: Edición Castellana,
2000.
Próxima aula
Corridas de revezamento 4x100m e 4x400m, compreendendo suas origens e evolução até os dias atuais;
Corridas de revezamento 4x100m e 4x400m, compreendendo as regras básicas de organização e funcionamento.
Explore mais
Realize a leitura do livro didático da disciplina da página 36 à 42.
Realize a leitura do capítulo 2 (da página 84 à 88) do livro Aspectos pedagógicos do atletismo, disponível na Biblioteca
Virtual.
Assista ao vídeo:
Kenya Form Running.
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