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Medicamentos e Legislação

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BRASIL. Secretaria Geral. Brasília, DF, 2017.
BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. 2011 
A Resolução Nº 52, estabelecida no ano de 2011 dispõe acerca da proibição da fabricação e venda de medicamentos compostos pelas substâncias: anfepramona, femproporex e mazindol, assim como de seus sais, isômeros e intermediários. Além de vedar a venda desses compostos, esta resolução também estabelece parâmetros a serem seguidos pelos farmacêuticos e médicos sobre a prescrição e venda de medicamentos que contenham em sua fórmula a substância sibutramina, seus sais, isômeros e intermediários. No que se refere a este composto, é determinada a necessidade da realização de notificações com relação a venda e prescrição de medicamentos que o contenham, assim como a notificação de qualquer tipo de eventos adversos que venham a ocorrer. Em contrapartida, a Lei Nº 13454 de 2017, autoriza a fabricação e a comercialização de anorexígenos compostos pelas substâncias anteriormente vedadas de uso: anfepramona, femproporex e mazindol. Além disso, esta autorização também é estendida para o uso de sibutramina, no entanto sem nenhum tipo de normatização. 
É de grande importância considerar as alterações que a lei de 2017 trouxe, principalmente em relação a ausência de um controle efetivo acerca da venda e consequentemente do uso de substâncias que atuam sobre estruturas específicas do sistema nervoso central (SNC). Nota-se a necessidade de uma gerência acerca do uso dessas substâncias, tendo em vista a possibilidade do estabelecimento de dependência medicamentosa (mazindol e anfepramona, principalmente). Além disso, também há a chance de intoxicação e o desenvolvimento de efeitos adversos devido consumo inadequado ou excessivo, colocando em risco a vida do paciente. A forma como a Resolução de 2011 foi organizada, entretanto, apresenta uma preocupação com o controle do consumo dessas substâncias, aspecto de extrema importância tendo em vista os efeitos e riscos citados anteriormente. 
Portanto, pode ser observada certa irresponsabilidade por parte dos órgãos responsáveis pelo controle das regulamentações farmacológicas. O ato de apenas permitir a venda e consumo das substâncias já citadas pode desencadear em utilização inadequada e no aumento da dependência química destes medicamentos. Além disso, a Lei de 2017 também não apresenta orientações para os médicos e farmacêuticos no que se refere a população específica que deve evitar o uso desses compostos, consideração importante que foi realizada na Resolução anterior, mas que não foi mantida posteriormente. Outrossim, a Resolução de Nº 52 também traz indicações de informações que são pertinentes ao paciente estar ciente, assim como a importância do uso do medicamento (contendo a substância sibutramina, especificamente) associado a outras estratégias não farmacológicas. Estas informações também são descartadas pela Lei, que não reafirma a necessidade da comunicação destas informações e da realização de outras atividades terapêuticas.
Ao tratar desta questão referente a utilização de estimulantes do SNC no tratamento de doenças específicas, também é pertinente o debate acerca do papel destes e tantos outros fármacos no tratamento de TDAH e da obesidade. É notável a importância destes medicamentos no processo terapêutico destas doenças, no entanto, cabe destacar que estes atuam principalmente sobre os sintomas das doenças (no caso da hiperatividade) e na catalisação dos resultados esperados quando o medicamento é utilizado associado a outros métodos (obesidade). 
A respeito do TDHA, pode ser observada a importância do uso dos medicamentos para o controle do estado mental assim como de outros sintomas que podem ser observados, mas também se nota a forte influência positiva da realização de psicoterapia, especificamente voltada para a regulação comportamental (Terapia Cognitivo-Comportamental). Em relação a obesidade, é necessário destacar a relevância do acompanhamento no que se refere a alteração do estilo de vida e da integração de novos hábitos (equipe com nutricionista, psicólogo, entre outros profissionais) que irão auxiliar no controle da doença. Vale destacar que todas essas estratégias atuam em uma dimensão global do indivíduo, sendo assim, os fármacos devem ser utilizados como uma parte destas técnicas e não como o ponto central e essencial para que o objetivo, alcançar o bem-estar do sujeito, seja alcançado de maneira satisfatória.

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