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autores VANESSA ANELI BORGES JOSÉ MARCOS DA SILVA JOSÉ LEANDRO CIOF 1ª edição SESES rio de janeiro 2015 CONTABILIDADE BÁSICA Conselho editorial solange moura; roberto paes; gladis linhares; marta chaves Autores do original vanessa aneli borges, josé marcos da silva e josé leandro ciof Projeto editorial roberto paes Coordenação de produção gladis linhares Projeto gráfico paulo vitor bastos Diagramação bfs media Revisão linguística bfs media Revisão de conteúdo marta chaves Imagem de capa martin maun | dreamstime.com Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Editora. Copyright seses, 2015. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (cip) B732c Borges, Vanessa Aneli Contabilidade básica / Vanessa Aneli Borges ; José Leandro Ciof ; José Marcos da Silva.. Rio de Janeiro : SESES, 2015. 128 p. : il. isbn: 978-85-5548-014-0 1. Contabilidade. 2. Patrimônio. 3. Escrituração contábil. 4. Resultado. I. SESES. II. Estácio. cdd 657 Diretoria de Ensino — Fábrica de Conhecimento Rua do Bispo, 83, bloco F, Campus João Uchôa Rio Comprido — Rio de Janeiro — rj — cep 20261-063 Sumário 1. Fundamentos de Contabilidade Geral 7 1.1 Introdução 9 1.2 Definição de Contabilidade 10 1.2.1 Objetivo do estudo 11 1.2.2 Funções 12 1.2.3 Finalidade 12 1.3 Campo de atuação da Contabilidade 13 1.4 Usuários da Contabilidade 14 1.5 Princípios de Contabilidade 15 1.5.1 Princípio da Entidade 17 1.5.2 Princípio da Continuidade 18 1.5.3 Princípio da Oportunidade 19 1.5.4 Princípio do Registro pelo Valor Original 19 1.5.5 Princípio da Competência 22 1.5.6 Princípio da Prudência 22 1.6 Características qualitativas da informação contábil 23 2. Patrimônio: Conceitos e Aplicações 31 2.1 Representação gráfica do Patrimônio 34 2.2 Equação patrimonial 36 2.2.1 Situações líquidas patrimoniais possíveis 37 2.3 Conceitos de contas contábeis 39 2.4 Plano de contas 40 2.4.1 Plano de contas – Balanço Patrimonial 42 2.4.2 Plano de contas – Demonstração de resultado do exercício 43 2.5 Noções débito e crédito 45 2.6 Regime de caixa x Regime de competência 46 2.6.1 Regime de caixa 46 2.6.2 Regime de competência 47 2.6.3 Análise comparativa 48 2.6.3.1 Exemplo 49 3. Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido 55 3.1 Introdução 57 3.2 Ativo 59 3.2.1 Ativo Circulante 61 3.2.2 Ativo Não-Circulante 66 3.3 Redução ao Valor Recuperável de Ativos 69 3.3.1 Valor em uso 70 3.3.2 Reconhecimento e mensuração de perda por desvalorização 72 3.4 Passivo 73 3.4.1 Passivo circulante 74 3.4.2 Passivo não circulante 76 3.5 Patrimônio líquido 76 3.5.1 Capital Social 77 3.5.2 Reservas de Capital 78 3.5.3 Ajustes de avaliação patrimonial 78 3.5.4 Reservas de Lucro 80 3.5.4.1 Reserva Legal 80 3.5.4.2 Reservas Estatutárias 80 3.5.4.3 Reserva para Contingências 81 3.5.4.4 Reservas de Lucros a Realizar 81 3.5.4.5 Reserva de Lucros para Expansão (retenção de lucros) 81 3.5.4.6 Reserva de incentivos fiscais 82 3.5.4.7 Reserva especial para dividendo obrigatório não distribuído 82 3.5.4.8 Reserva de lucros – Benefícios fiscais 82 3.5.4.9 Dividendos Propostos 83 3.5.4.10 Ações em Tesouraria 83 3.6 Prejuízos Acumulados 84 3.6.1 Lucros acumulados 84 3.7 Outras contas do patrimônio líquido 85 3.8 Dividendos 85 3.9 Juros sobre o capital próprio 86 4. Registro de Informações: Processo de Lançamentos e Escrituração Contábil 91 4.1 Introdução 93 4.2 Formalidades na escrituração contábil 95 4.2.1 Razão Contábil 96 4.2.2 Retificação de lançamento contábil 97 4.3 Contas contábeis: natureza e movimentação 97 4.3.1 O razonete 98 4.4 Método das Partidas Dobradas 99 4.4.1 Exemplos de registros de operações no razonete 100 5. Apuração de Resultado 109 5.1 Apuração de Resultado 111 5.1.1 Reconhecimento das Contas de Resultado - Custo 115 5.1.1.1 Momento Inicial 115 5.1.1.2 Registro da Venda 116 5.1.1.3 Lançamentos Contábeis 116 5.1.2 Reconhecimento das Contas de Resultado – Receitas 117 5.1.3 Reconhecimento das Contas de Resultado – Despesas 118 5.1.4 Custos e Despesas – Qual a Diferença? 119 5.1.5 Demonstração de Resultado do Exercício – DRE 121 Fundamentos de Contabilidade Geral 1 8 • capítulo 1 Neste primeiro capítulo são apresentados os aspectos introdutórios da Ciên- cia Contábil, partindo da origem da Contabilidade, seu objetivo de estudo, campo de atuação e usuários, para finalizar com a abordagem das carreiras profissionais que se envolvem com a função contábil. OBJETIVOS Após o estudo deste capítulo você será capaz de: • Conhecer a origem da Ciência Contábil; • Compreender a necessidade da Contabilidade como linguagem homogênea no atual am- biente globalizado de negócios; • Conhecer o campo de atuação e os principais usuários da informação contábil; • Conhecer postulados contábeis, princípios e convenções (e características qualitativas da informação contábil). capítulo 1 • 9 1.1 Introdução O homem atual tornou-se vítima da sua própria evolução em relação aos números: horário para todo tipo de atividade, salários, contas a pagar, telefones, impostos, produção, transportes, informática, mercado financeiro, balanços, câmbio etc. A partir de um ponto de vista lógico, perguntamo-nos: alguém conseguiria viver sem números no mundo? Com o passar do tempo, a sociedade se desenvolveu e surgiram novos tipos de relações econômicas e também a propriedade privada, o que exigiu a criação de novas formas de controle empresarial. As primeiras notícias que se tem em relação a sistemas de controle remontam à Antiga Mesopotâmia, onde os regis- tros eram grafados em pequenos tijolos. A Contabilidade mais próxima da que se conhece hoje surgiu na Idade Média, mais precisamente no século XV, por volta de 1494, quando o Frei Franciscano Luca Pacioli, a pedido do Papa, foi encarregado de organizar uma enciclopédia que continha o conhecimento humano relativo à época, inclusive um sistema que era usado pelos mercadores de Veneza e que consistia na escrituração de livro cai- xa, de livro de inventário e no uso da Partida Dobrado. Coube a ele a divulgação dos primeiros princípios contábeis – princípios básicos do Método das Partidas Dobradas. Por esse método, cada crédito corresponde a um débito de igual valor. Grandes nomes, como o de Vicenzo Mazi (Teoria Patrimonialista – que refle- te o pensamento mais moderno sobre a classificação das contas), Fábio Besta e Gino Zappa (Teoria Materialista), Francesco Marci e Giuseppe Cerboni (Teoria Personalista), estão ligados à origem e evolução da Contabilidade, cabendo a Luca Pacioli o mérito de preconizador. Figura 1.1 – Frei Luca Pacioli 10 • capítulo 1 A Contabilidade tem por objeto o patrimônio e por finalidade registrar os fatos e produzir informações, propiciando possibilidades de planejamento e controle dele. A partir dessa definição, propõe-se a questão: se a Contabilidade tem por ob- jeto o patrimônio e sua finalidade, o registro dos fatos e a produção de informa- ções visando ao controle, ao desempenharem suas atividades os pastores não estavam, de forma primitiva, controlando seu patrimônio? Não foi inevitável a contagem e o controle de objetos? Pode-se expor com precisão que tal circuns- tância, apesar de primitiva, consiste nos primeiros passos da Contabilidade? Da mesma forma que a matemática utilizou os números, a Contabilidadetambém o fez. Assim, pode-se afirmar que a Contabilidade surgiu paralela à matemática, ou seja, de uma necessidade do homem de contar e controlar o produto de seu trabalho. 1.2 Definição de Contabilidade No Brasil, de 17 a 27 de agosto de 1924, foi realizado o lº CBC – Congresso Bra- sileiro de Contabilidade, na cidade do Rio de Janeiro. Naquela oportunidade, a Contabilidade foi definida da seguinte forma: Contabilidade é a ciência que estuda e pratica as funções de orientação, de controle e de registro relativas à administração econômica. Nesse mesmo sentido, Osni Moura Ribeiro, no seu livro Contabilidade básica, Editora Saraiva, definiu a Contabilidade do seguinte modo: A Contabilidade é uma ciência que permite, por meio de suas técnicas, manter um controle permanente do patrimônio da sociedade. capítulo 1 • 11 Por outro lado, Hilário Franco, no seu livro Contabilidade geral, assim a definiu: É a ciência (ou técnica, segundo alguns) que estuda, controla e interpreta os fatos ocorridos no patrimônio das entidades, mediante o registro, a demonstração expositiva e a revelação desses fatos, com o fim de oferecer informações sobre a composição do patrimônio, suas variações e o resultado econômico decorrente da gestão da riqueza patrimonial. A Contabilidade permite o controle da movimentação do patrimônio das sociedades. O patrimônio de uma sociedade é movimentado em função dos aconteci- mentos diários, tais como compras, vendas, pagamentos, recebimentos etc. Registrando esses acontecimentos, a Contabilidade terá condições de for- necer informações sobre a situação do patrimônio, sempre que solicitada. Observa-se que os autores até aqui citados deram contribuições significati- vas, pontuando os diferentes estágios da evolução do conceito da Contabilidade. Entretanto, o estágio atual dos cenários econômico, político e sociológico nos quais a Contabilidade tem de atuar, exigiu que os seus profissionais pudessem prover os diferentes tipos de usuários com informações seguras e eficazes que servissem de base para o processo decisório. Com essa visão foi que o Ibracon, em seu pronunciamento aprovado pela CVM, através da Deliberação CVM nº 29/86, definiu Contabilidade da seguinte maneira: A Contabilidade é, objetivamente, um sistema de informação e avaliação destinado a prover seus usuários com demonstrações e análises de natureza econômica, financeira, física e de produtividade, com relação à entidade objeto de contabilização. A seguir será discutido o objetivo do estudo da Contabilidade. 1.2.1 Objetivo do estudo O objetivo do estudo da Contabilidade é o patrimônio da entidade contábil. O patrimônio é um conjunto de bens, direitos e obrigações vinculados a uma pes- soa física ou jurídica. É o elemento sobre o qual se exercitará a função contábil. 12 • capítulo 1 Sobre esse conjunto de valores é que a Contabilidade atuará acompanhan- do sua evolução, suas variações e os efeitos da ação administrativa. 1.2.2 Funções As principais funções da Contabilidade são: captar, registrar, acumular, resu- mir e interpretar as modificações do patrimônio em virtude da atividade econô- mica ou social que a sociedade exerce no contexto econômico. Captar Registrar Acumular Resumir Interpretar Figura 1.2 – Funções da Contabilidade • Captar informações de todas as transações realizadas pela empresa; • Registrar todos os fatos que ocorrem e podem ser representados em valor monetário; • Acumular, por meio de sistema de controle adequado, informações para atender aos usuários da Contabilidade; • Resumir, com base nos registros realizados, periodicamente, por meio de demonstrativos, a situação econômica, patrimonial e financeira da sociedade; • Interpretar os demonstrativos com a finalidade de apuração dos resul- tados obtidos pela sociedade e executar os planos econômicos, prevendo os pagamentos a serem realizados e as quantias a serem recebidas de terceiros, alertando para eventuais problemas. 1.2.3 Finalidade A finalidade básica da Contabilidade é o acompanhamento das atividades reali- zadas pela sociedade, no sentido indispensável de controlar o comportamento de seu patrimônio, avaliando e comparando os resultados obtidos entre perío- dos analisados. A Contabilidade faz o registro metódico e ordenado dos negócios realizados e a verificação sistemática dos resultados obtidos. Ela deve identificar, classifi- car e anotar as operações da entidade e de todos os fatos que, de alguma forma, afetam sua situação econômica, financeira e patrimonial. capítulo 1 • 13 Com esse acúmulo de dados, convenientemente classificados, a Contabilidade procura apresentar de forma ordenada o histórico das atividades da sociedade, a interpretação dos resultados e produzir, através de relatórios, as informações que se fizerem precisas para o atendimento das diferentes necessidades. As finalidades fundamentais da Contabilidade referem-se à orientação da administração das sociedades no exercício de suas funções e tomada de deci- sões. Portanto, a Contabilidade permite o controle e o planejamento de toda e qualquer entidade socioeconômica. Controle: a administração, através das informações contábeis fornecidas via relatórios, pode se certificar, na medida do possível, de que a organização está agindo em confor- midade com os planos e políticas determinados. Planejamento: a informação contábil, principalmente no que se refere ao estabeleci- mento de padrões, ao inter-relacionamento da Contabilidade e aos planos orçamentá- rios, é de grande utilidade no processo de decisão sobre que curso de ação deverá ser tomado para o futuro. Todo e qualquer levantamento de informações administrativas e gerenciais deve ter como alicerce a Contabilidade. Relatórios baseados em informações, as quais não são provenientes dos livros contábeis, são especulativos, pois não refletem a realidade da sociedade, não têm consistência, não têm amparo na escrituração, não podem ser usados como prova contábil, são inexatos. Somente os dados retirados dos livros contábeis merecem boa-fé, tanto para fins comerciais, tributários e civis quanto para decisões judiciais. 1.3 Campo de atuação da Contabilidade O campo de atuação da Contabilidade é muito amplo visto que a complexidade das atividades industriais, agrícolas, comerciais, bancárias ou de prestação de serviços no mundo de hoje fez com que inúmeros registros e controles fossem criados. A Contabilidade capta, registra e interpreta fatos que afetam as situações patrimoniais, financeiras ou econômicas de qualquer entidade. 14 • capítulo 1 Assim, a pessoa física, a sociedade, a entidade de fins não lucrativos, as pes- soas de direito público como os órgãos pertencentes à administração direta, não controlarão seus patrimônios. Não atingirão seus fins e não serão passíveis de uma boa administração se não utilizarem a Contabilidade para tal. CONEXÃO Para conhecer e utilizar a aplicação das mudanças contábeis, leia o CPC 13 – Adoção Inicial da Lei nº. 11.638/07 e da Lei nº. 11941/2009, disponível em: http://www.cpc.org.br/ pronunciamentosIndex.php. 1.4 Usuários da Contabilidade Os usuários são as pessoas que se utilizam das informações contábeis com al- gum interesse. Os interesses desses usuários são os mais variados. Dentre eles podemos destacar: • Proprietários (sócios): têm interesse no futuro e no sucesso da empresa, tendem a ser cautelosos nas finanças. Procuram ver como a empresa está em comparação aos anos anteriores e a concorrência para garantir que o dinheiro que eles aplicaram está seguro. • Investidores (acionistas): são agentes que investem seus recursos em ações da empresa. A análise das demonstraçõescontábeis pelos investidores costuma ser detalhada, pois eles procuram informações sobre a empresa que permita comparações com outras companhias, de modo que dê pra escolher em qual investir. • Instituições financeiras ou credores: fazem empréstimos a serem pagos em até 12 meses (curto prazo) ou acima de 12 meses (longo prazo) e procuram indícios de que a empresa será capaz de pagar os juros das dívidas e os bens da empresa, caso a dívida não seja paga e o negócio sofra uma crise. • Concorrentes: estão interessados na atuação financeira da empresa e nas estatísticas empresariais dos rivais. Procuram aumento de vendas, da parcela de mercado, de lucros líquidos e da eficiência total da empresa e informações sobre a estrutura de custos. capítulo 1 • 15 • Gerentes/Empregados: são pessoas que trabalham para a empresa e de- pendem dela para receber os seus salários e procuram garantir que a empresa continue a operar com competitividade e números que reflitam o seu esforço e competência durante o ano. • Clientes/Fornecedores: são aqueles que precisam saber se estão lidando com empresas financeiramente sólidas, respeitadas e apresentam condições de continuidade em seus negócios, ou seja, se serão capazes de fornecer seus produtos e pagar suas contas. • Governo: examina os relatórios financeiros para ver se são aceitáveis e precisos; verificam o montante de impostos devidos, os quais procuram relató- rios bem preparados seguindo a legislação e solidez nas contas, quando com- paradas às de empresas similares. E, para que todos esses usuários possam tirar informações confiáveis dos re- latórios, a contabilidade segue as regras básicas apresentadas no tópico a seguir. 1.5 Princípios de Contabilidade A questão é: quais regras a contabilidade segue para conseguir demonstrar a situação patrimonial de uma empresa? Os Princípios de Contabilidade, nova denominação dada aos Princípios Fundamentais de Contabilidade pela Resolução CFC nº 1.282/10, foram fixa- dos pelo Conselho Federal de Contabilidade por meio da Resolução n° 750/93, cujos dispositivos passamos a comentar. A Resolução CFC nº 750, de 29 de dezembro de 1993 dispõe sobre os Princípios de Contabilidade. O Conselho Federal de Contabilidade, no exercício de suas atribuições legais e regimentais, considerando a necessidade de prover fundamentação apropriada para inter- pretação e aplicação das Normas Brasileiras de Contabilidade, resolve: Art. 1º - Constituem Princípios de Contabilidade (PC) os enunciados por esta Resolução. § 1º A observância dos Princípios de Contabilidade é obrigatória no exercício da profissão e constitui condição de legitimida- de das Normas Brasileiras de Contabilidade (NBC). § 2º Na aplicação dos Princípios de Contabilidade a situações concretas, a essência das transa- ções deve prevalecer sobre seus aspectos formais. 16 • capítulo 1 A referida Resolução, em sua redação original adotava a denominação “Princípios Fundamentais de Contabilidade”. Todavia, com a edição da Resolução CF C nº 1.282, de 28 de maio de 2010, essa denominação foi subs- tituída por “Princípios de Contabilidade”, expressão que, segundo o Conselho Federal de Contabilidade, é “suficiente para o perfeito entendimento dos usuá- rios das demonstrações contábeis e dos profissionais da Contabilidade”. Conforme informações contidas no Art. 2º da Resolução CFC nº. 1282/10, os Princípios de Contabilidade representam a essência das doutrinas e teorias relativas à ciência da Contabilidade, consoante o entendimento predominan- te nos universos científico e profissional de nosso país. Concernem, pois, a Contabilidade no seu sentido mais amplo de ciência social, cujo objeto é o pa- trimônio das entidades. Pelo Art. 3º são Princípios de Contabilidade: I. o da entidade; II. o da continuidade; III. o da oportunidade; IV. o do registro pelo valor original; V. o da atualização monetária; VI. o da competência; e VII. o da prudência. CONEXÃO Para você se atualizar e conhecer a aplicação das mudanças contábeis, acesse o site do CRC do seu estado e veja a adoção Inicial da Lei nº. 11.638/07 e da Lei nº. 11941/2009, disponível em: http://www.cpc.org.br/pronunciamentosIndex.php Por ser uma ciência social, portanto não exata, a Contabilidade necessita de princípios por meio dos quais sejam convencionados critérios uniformes de adoção obrigatória na sua execução. Se, por exemplo, uma empresa ado- tasse o regime de competência e outra o regime de caixa, seria impraticável a comparação de seus resultados nos períodos considerados. Assim, os princí- pios funcionam como um padrão a ser seguido por todos os que se ocupam da Contabilidade, pois possibilitam que as técnicas contábeis sejam desenvolvi- das uniformemente. capítulo 1 • 17 Os princípios são decorrentes da observância da aplicação das técnicas con- tábeis, da prática contábil e têm como objetivo tornar as informações contábeis divulgadas uniformes, confiáveis e úteis para o público nelas interessado. 1.5.1 Princípio da Entidade Conforme Art. 4º da Resolução CFC nº. 1282/10, o Princípio da Entidade reco- nhece o patrimônio como objeto da Contabilidade e afirma a autonomia patri- monial, a necessidade da diferenciação de um patrimônio particular no univer- so dos patrimônios existentes, independentemente de pertencer a uma pessoa, um conjunto de pessoas, uma sociedade ou instituição de qualquer natureza ou finalidade, com ou sem fins lucrativos. Por consequência, nessa acepção, o patrimônio não se confunde com aqueles dos seus sócios ou proprietários, no caso de sociedade ou instituição. O objeto da Contabilidade ou assunto do qual ela trata é o patrimônio. É preciso, porém, delimitar-se o patrimônio que será objeto da orientação, do controle e do registro contábil. Em se tratando de sociedade, é necessário re- conhecer diferenças entre o patrimônio dos sócios e o da pessoa jurídica, pois esta e aqueles são sujeitos de direitos e obrigações legais diferentes. Uma ação trabalhista, por exemplo, deve ser proposta pelo empregado contra a pessoa jurídica empregadora, e não contra seus sócios, ainda que eles, por disposição contratual, pratiquem atos em nome da pessoa jurídica. No caso da pessoa física que desenvolve atividades comerciais, industriais, de produção rural etc., há necessidade da segregação dos bens, direitos e obri- gações afetadas por essas atividades. A pessoa física que utiliza parte de sua residência na exploração de atividade comercial, a rigor, deve manter registros contábeis separados para o controle dos bens, direitos e obrigações vinculados à atividade empresarial. Por determinação do Código Civil, o titular de um patrimônio é, necessaria- mente, pessoa física ou jurídica, uma vez que só quem tem personalidade pode ser titular de direitos e obrigações jurídicas. Isso explica o fato de o patrimônio pertencer à entidade, mas a entidade não pertencer ao patrimônio. A entidade é o sujeito dos direitos e obrigações que constituem o patrimô- nio. A soma ou agregação contábil de patrimônios autônomos não resulta em nova entidade. Da consolidação das demonstrações da controladora e de suas controladas, por exemplo, não surge uma nova entidade, mas apenas uma 18 • capítulo 1 unidade de natureza econômico-contábil. A unidade decorre do fato de as enti- dades envolvidas pertencerem a uma mesma pessoa (a sociedade controlado- ra), apesar de serem pessoas distintas do ponto de vista legal, cada uma com seus direitos e obrigações. 1.5.2 Princípio da Continuidade Segundo Art. 5º da Resolução CFC nº. 1282/10, o Princípio da Continuidade pressupõe que a entidade continuará em operação no futuro e, portanto,a mensuração e a apresentação dos componentes do patrimônio levam em conta esta circunstância. Salvo disposição legal, contratual ou evidências em contrário, presume-se que a vida da entidade é contínua e que ela deverá desempenhar suas ativida- des por um período indeterminado. Pode ocorrer de o contrato ou a lei, em caso excepcional, determinarem o prazo de duração da entidade, ou de as evi- dências nos levarem à conclusão de que ela não continuará a desenvolver suas operações por muito tempo. É o caso de uma entidade com falência decretada ou em fase de liquidação (situação anterior à extinção da sociedade, em que se promove a realização do ativo e o pagamento do passivo exigível – o acervo líquido, se houver, será dividido entre os acionistas). Os ativos de uma entidade normalmente sofrem efeitos negativos em fun- ção da descontinuidade das suas operações. Para ilustrar se uma companhia entra em liquidação, como regra o valor apurado por seus ativos é significati- vamente menor que o valor normal de realização dos bens, em virtude das cir- cunstâncias em que estão sendo vendidos. O passivo também pode ser afetado. Na liquidação, por exemplo, não há distinção entre dívidas vencidas e vin- cendas, exceto pelo desconto aplicável ao valor dessas. Se uma entidade traba- lha com a presunção de descontinuidade de suas operações, não há sentido na aplicação do princípio da competência no registro das suas transações. O diferimento de uma receita por vários exercícios, por exemplo, não pode ser aplicado a uma entidade que terá suas atividades encerradas no curto prazo. O mais adequado, nesse caso, será a adoção do regime de caixa e a avaliação pelo valor presente. capítulo 1 • 19 1.5.3 Princípio da Oportunidade Pelo Art. 6º da Resolução CFC nº. 1282/10, o Princípio da Oportunidade refere- se ao processo de mensuração e apresentação dos componentes patrimoniais para produzir informações íntegras e tempestivas. O princípio da oportunidade exige o registro de todas as variações sofridas pelo patrimônio da entidade no momento em que elas ocorrerem, ainda que sejam considerados valores estimados. Um exemplo é o registro da deprecia- ção. O tempo de vida útil de um bem é baseado numa hipótese mais ou menos fundamentada tecnicamente e dependente de diversos fatores aleatórios. Apesar disso, a depreciação deve ser registrada no momento em que há a perda de valor do bem. Como é difícil determinar o valor exato dessa perda, os cálculos são feitos por estimativas. A integridade diz respeito à necessidade de os registros serem confiáveis, isto é, sem faltas ou excessos. A tempestividade determina que as variações sejam registradas no momento oportuno, mesmo na hipótese de alguma incerteza de valor. A informação divulgada fora do momento adequado e/ou que não seja confiável nor- malmente deixa de ser importante para o público nela interessado. Por exemplo, no mercado de ações o investidor não pode esperar um relatório contábil por muito tempo antes de tomar decisões. Portanto, é preciso haver agilidade na divulgação da informa- ção, sem se perder de vista a segurança quanto a sua veracidade. 1.5.4 Princípio do Registro pelo Valor Original O Art. 7º da Resolução CFC nº. 1282/10 traz que o Princípio do Registro pelo Valor Original determina que os componentes do patrimônio devem ser inicial- mente registrados pelos valores originais das transações, expressos em moeda nacional. As seguintes bases de mensuração devem ser utilizadas em graus distintos e combinadas, ao longo do tempo, de diferentes formas: I. Custo histórico. Os ativos são registrados pelos valores pagos ou a serem pagos em caixa ou equivalentes de caixa ou pelo valor justo dos recursos que 20 • capítulo 1 são entregues para adquiri-los na data da aquisição. Os passivos são registrados pelos valores dos recursos que foram recebidos em troca da obrigação ou, em al- gumas circunstâncias, pelos valores em caixa ou equivalentes de caixa, os quais serão necessários para liquidar o passivo no curso normal das operações; e II. Variação do custo histórico. Uma vez integrados ao patrimônio, os com- ponentes patrimoniais, ativos e passivos, podem sofrer variações decorrentes dos seguintes fatores: a) Custo corrente. Os ativos são reconhecidos pelos valores em caixa ou equivalentes de caixa, os quais teriam de ser pagos se esses ativos ou ativos equivalentes fossem adquiridos na data ou no período das demonstrações con- tábeis. Os passivos são reconhecidos pelos valores em caixa ou equivalentes de caixa, não descontados, que seriam necessários para liquidar a obrigação na data ou no período das demonstrações contábeis; b) Valor realizável. Os ativos são mantidos pelos valores em caixa ou equi- valentes de caixa, os quais poderiam ser obtidos pela venda em uma forma ordenada. Os passivos são mantidos pelos valores em caixa e equivalentes de caixa, não descontados, que se espera seriam pagos para liquidar as correspon- dentes obrigações no curso normal das operações da entidade; c) Valor presente. Os ativos são mantidos pelo valor presente, descontado do fluxo futuro de entrada líquida de caixa que se espera seja gerado pelo item no curso normal das operações da entidade. Os passivos são mantidos pelo va- lor presente, descontado do fluxo futuro de saída líquida de caixa que se espe- ra seja necessário para liquidar o passivo no curso normal das operações da entidade; d) Valor justo. É o valor pelo qual um ativo pode ser trocado, ou um pas- sivo liquidado, entre partes conhecedoras, dispostas a isso, em uma transação sem favorecimentos; e e) Atualização monetária. Os efeitos da alteração do poder aquisitivo da moeda nacional devem ser reconhecidos nos registros contábeis mediante o ajustamento da expressão formal dos valores dos componentes patrimoniais. Uma vez integrado ao ativo, o valor do bem (seu custo histórico) pode sofrer variações em razão destes fatores: I. Custo corrente. O ativo (um equipamento, por exemplo) inicialmente registrado pelo custo histórico terá seu valor corrente representado pelo de- sembolso necessário para adquiri-lo no mercado caso seja tomada como base capítulo 1 • 21 a data das demonstrações. Todavia, é preciso considerar o ativo no estado em que se encontra, e não o custo de um bem novo igual ou semelhante. De forma idêntica, um passivo registrado contabilmente pelo custo histórico terá valor corrente equivalente ao que seria desembolsado para quitá-lo na data das de- monstrações, sem desconto a valor presente. II. Valor realizável. Consiste no valor que seria apurado na hipótese de o ativo ser vendido em condições normais. Já o valor realizável (ou exigível) de um passivo é o que seria desembolsado, sem desconto a valor presente, para quitá-lo. III. Valor presente. É o valor atual do fluxo futuro de caixa que o ativo vai gerar. É o que acontece, por exemplo, no caso do ajuste a valor presente de con- tas a receber realizáveis a longo prazo. No caso do passivo é o valor atual dos pagamentos que serão necessários para saldá-lo. IV. Valor justo. Trata-se do valor pelo qual o ativo poderia ser trocado ou o passivo quitado sem favorecimento entre as partes. Assim, não pode ser um preço acima ou abaixo do mercado, em benefício ou prejuízo de uma das par- tes, como é possível acontecer nas transações entre pessoas ligadas. V. Atualização monetária. Eis aqui o extinto princípio do registro pelo valor original, agora como um dos critérios para registro das variações do custo histórico. A atualização monetária não representa aumento real de va- lor, e sim um mecanismo de manutenção do poder aquisitivo original dos valores registradoscontabilmente. Com os efeitos da inflação, se não for adotada a atualização monetária, os valores registrados pela Contabilidade deixam de representar o poder de compra original. Se considerarmos um de- terminado valor em moeda em duas datas diferentes, teoricamente, o valor em moeda na data 1 terá poder de compra igual a esse valor em moeda na data 2 acrescido da correção monetária. Isso significa que o valor na data 1 e o valor corrigido monetariamente na data 2 deveriam possibilitar a compra dos mesmos bens. Quanto a alguns bens, o mercado possui mecanismos de atualização. Uma parte significativa da alteração dos preços dos bens no mercado corresponde à correção de seus valores em virtude da inflação. Se imaginarmos essa correção aplicada a todos os bens, verificaremos que ela não representa um aumento real de valor, mas a atualização dos preços em virtude dos efeitos da inflação. O problema é que alguns grupos sociais não conseguem repassar os efeitos da inflação para os preços de seus bens e serviços. 22 • capítulo 1 1.5.5 Princípio da Competência Já o Art. 9º da Resolução CFC nº. 1282/10 define que o Princípio da Competên- cia determina que os efeitos das transações e outros eventos sejam reconhe- cidos nos períodos a que se referem, independentemente do recebimento ou pagamento. Conforme o princípio da competência, as receitas e despesas devem ser re- gistradas no período ao qual pertencem, ainda que não tenham sido recebidas ou pagas. Segundo esse raciocínio, a receita de venda é realizada quando da efetiva entrega da mercadoria e a receita de serviço, quando da sua efetiva pres- tação. Os valores recebidos antecipadamente, por conta da entrega de merca- doria ou prestação futura de serviço, devem ser registrados no passivo exigível. Por definição, despesa é um sacrifício patrimonial necessário à realização de receita. Trata-se da redução de um ativo ou do aumento de um passivo com a finalidade de gerar receita. Portanto, o resultado deve ser formado pelas re- ceitas realizadas, segundo o regime de competência, e pelas despesas neces- sárias à geração das receitas correspondentes, vale dizer, pela confrontação das receitas e despesas correlatas. Por exemplo, realizada a receita da venda de mercadoria ou da prestação de serviços, devem ser consideradas incorridas, simultaneamente, as despesas relativas aos custos das mercadorias vendidas ou serviços prestados. 1.5.6 Princípio da Prudência Conforme Art. 10 da Resolução CFC nº. 1282/10 o Princípio da Prudência deter- mina a adoção do menor valor para os componentes do ativo e do maior para os do passivo, sempre que se apresentem alternativas igualmente válidas para a quantificação das mutações patrimoniais que alterem o patrimônio líquido. O Princípio da Prudência deve ser considerado quando o contador tiver de avaliar o provável efeito de um evento sobre o patrimônio, diante de duas ou mais alternativas que ele julgue igualmente possíveis de se materializar. Nesse caso, deve ser adotada a opção da qual resulte menor valor para o ativo ou maior valor para o passivo exigível. É importante observar que as alternativas consideradas devem ser equivalentes, ou seja, envolver um grau semelhante de incerteza. capítulo 1 • 23 Se uma for mais provável que a outra, não será o caso da aplicação da opção que resulte em menor ou maior valor, e sim da mais provável. Por exemplo, se a companhia é acionada judicialmente, isso não é suficiente para seu contabi- lista constituir provisão. Com base na avaliação de casos semelhantes, caso se conclua que a Justiça tende a dar ganho de causa para a empresa, não deverá ser lançada provisão. A adoção de uma postura prudente na avaliação das hipóte- ses de incerteza é necessária para se evitar a superavaliação de ativos e receitas, bem como a subavaliação de passivos e despesas. 1.6 Características qualitativas da informação contábil Com o advento do CPC 00, conhecido como Framework ou “Pronunciamento Conceitual Básico (R1) – Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação de Relatório Contábil-Financeiro”, a informação contábil passou a ter que manter certas características qualitativas para melhor atender seus usuários. Segundo esta norma, as informações dos relatórios se destinam, primaria- mente a: investidores, financiadores e outros credores, sem hierarquia de prio- ridade. Assim, ficou firmada a posição de que prover prontamente informação fidedigna e relevante pode melhorar a confiança do usuário e assim contribuir para a promoção da estabilidade econômica. Por que essa preocupação em definir as características qualitativas das in- formações contábeis? Isso porque, os usuários podem utilizar dessa informação para vários as- pectos com relação as decisões econômicas, segundo a norma CPC 00, como: • Decidir quando comprar, manter ou vender um investimento em ações; • Avaliar a administração quanto à responsabilidade, qualidade de seu de- sempenho e prestação de contas; • Avaliar a capacidade da entidade de pagar seus empregados; • Avaliar a segurança quanto à recuperação dos recursos financeiros em- prestados à entidade; • Determinar a distribuição de lucros e dividendos. 24 • capítulo 1 Assim, as principais características são divididas em 2 grandes grupos com suas subcategorias: 1. Características Fundamentais • Relevância; • Materialidade; • Representação fidedigna. 2. Características de Melhoria • Comparabilidade; • Verificabilidade; • Tempestividade; • Compreensibilidade. Vamos conhecer um pouco sobre cada uma delas na tabela a seguir. CARACTERÍSTICAS FUNDAMENTAIS RELEVÂNCIA É a informação capaz de fazer diferença nas decisões que pos- sam ser tomadas pelos usuários. MATERIALIDADE A informação é material se a sua omissão ou sua divulgação distorcida (misstating) puder influenciar decisões. REPRESENTAÇÃO FIDEDIGNA Para ser representação perfeitamente fidedigna, a realidade retratada precisa ter três atributos, ser: a) Completa. b) Neutra. c) Livre de erro. CARACTERÍSTICAS DE MELHORIA COMPARABILIDADE Permite que os usuários identifiquem e compreendam similarida- des dos itens e diferenças entre eles. A comparação requer no mínimo 2 itens. VERIFICABILIDADE Significa que diferentes observadores podem chegar a um consenso, embora não cheguem necessariamente a um completo acordo. TEMPESTIVIDADE Ter informação disponível para tomadores de decisão a tempo de poder influenciá-los em suas decisões. COMPREENSIBILIDADE Classificar, caracterizar e apresentar a informação com clareza e concisão. Tabela 1.1 – Características qualitativas da informação contábil. Fonte: CPC 00 (2011) – Estrutura Conceitual (www.cpc.org.br). Assim, as empresas que divulgam sua contabilidade seguindo essas carac- terísticas qualitativas estão dando maior subsídio aos usuários para tomada de decisão. capítulo 1 • 25 ATIVIDADES 01. Com relação às características qualitativas da informação contábil, defina as seguintes: verificabilidade, compreensibilidade, verificação direta e verificação indireta. 02. Para que a contabilidade cumpra seu objetivo de informar aos usuários internos e exter- nos a posição econômica e financeira da empresa suas informações devem ter característi- cas como: relevância, representação fidedigna, comparabilidade e tempestividade. Com suas palavras explique o que seriam cada uma dessas características a luz da informação contábil. 03. Preencha o quadro a seguir com as principais informações e interesses que os respec- tivos usuários tem sobre a contabilidade de uma empresa. USUÁRIO DA INFORMAÇÃO CONTÁBIL INFORMAÇÃO UTILIZADA Acionista minoritário Acionistamajoritário ou com grande parti- cipação Acionista preferencial Fontes de Empréstimo Governo Funcionários Administração REFLEXÃO Nesse primeiro capítulo você conheceu a importância e os objetivos da contabilidade com foco na obtenção de informações úteis no processo de tomada de decisão; conheceu os usuários e o que eles procuram na contabilidade; e quais as características qualitativas da informação contábil. Muitos profissionais da área não conhecem os aspectos introdutórios da profissão contábil, bem como a origem da ciência, seu objeto de estudo, campo de atuação e carreira profissional. Tais aspectos são bases para compreender a evolução da profissão. 26 • capítulo 1 Com o advento da convergência contábil, o país passa por um processo de transição em que o profissional precisa atualizar-se – o que já era da natureza das Ciências Contábeis –, porém, nesta fase, com maior afinco. Neste processo e diante das mudanças que surgem, a profissão contábil torna-se mais valorizada, e o profissional com mais domínio do conheci- mento contábil mais procurado. Desse modo, é importante que esse profissional conheça a origem da Ciência Contábil; compreenda a necessidade da contabilidade como linguagem homogênea no atual ambiente de negócios globalizado e conheça os diversos fatores que impactam na diversidade das práticas contábeis de país para país. LEITURA IUDÍCIBUS, S. de. MARION, J. C. Curso de contabilidade para não contadores: para as áreas de administração, economia, direito e engenharia. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2011. MARION, J. C. Contabilidade básica. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2009. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ASSAF NETO, A. Finanças corporativas e valor. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2014. IUDÍCIBUS, S. de. MARION, J. C. Curso de contabilidade para não contadores: para as áreas de administração, economia, direito e engenharia. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2011. MARION, J. C. Contabilidade básica. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2009. MARION, J. C. Contabilidade empresarial. 16. ed. São Paulo: Atlas, 2012. PADOVEZE, C. L. Manual de contabilidade básica. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2014. PRONUNCIAMENTO BÁSICO (R1) – CPC 00 – Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação de Relatório Contábil-Financeiro. Disponível em: < http://static.cpc.mediagroup.com. br/Documentos/147_CPC00_R1.pdf>. Acesso em junho de 2015. RIBEIRO, O. M. Contabilidade básica. São Paulo: Saraiva, 2009. RIBEIRO, O. M. Contabilidade intermediária. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2009. Patrimônio: Conceitos e Aplicações 2 32 • capítulo 2 No presente capítulo são estudados conceitos primordiais para o processo de execução da escrituração contábil. São apresentados os mecanismos de lan- çamentos contábeis, estruturação de contas e grupos de contas, natureza das contas, bem como o plano de contas. OBJETIVOS Após o estudo deste capítulo você será capaz de: • Compreender a estruturação das contas contábeis; • Aprender a aplicabilidade e a utilidade de cada conta contábil e dos grupos de contas; • Conhecer as principais modificações da legislação brasileira pertinentes à Contabilidade brasileira na atualidade. capítulo 2 • 33 Introdução O termo patrimônio significa, a princípio, o conjunto de bens pertencentes a uma pessoa ou a uma empresa. Bens – Satisfazem as necessidades de uma entidade contábil, podendo ser mensura- dos economicamente. Contabilmente, eles podem ser de dois tipos: tangíveis e intan- gíveis. O Código Civil Brasileiro distingue, ainda, os bens em: • Imóveis: vinculados ao solo, que não podem ser retirados sem destruição ou danos, como edifícios, construções, árvores etc. • Móveis: que podem ser removidos por si próprios ou por outras pessoas, como animais, máquinas, equipamentos, estoques de mercadorias etc. Compõe-se também de valores a receber (ou dinheiro a receber). Por isso, em Contabilidade esses títulos são denominados direitos a receber ou, sim- plesmente, direitos. Direitos – São todos valores que a entidade contábil tem para receber de terceiros, como duplicatas a receber, promissórias a receber, aluguéis a receber etc. Relacionando-se, todavia, bens e direitos não se pode identificar a verdadei- ra situação de uma pessoa ou empresa. É necessário evidenciar as obrigações (dívidas) referentes aos bens ou direitos. Por exemplo, se você disser que tem como patrimônio um apartamento e não fizer referência à dívida com o banco financiador (em caso de ter sido adquirido por meio desse sistema de crédito), sua informação será incompleta e pouco esclarecedora (MARION, 2009, p. 37). Obrigações – Abrangem os valores que a sociedade tem de pagar a terceiros, isto é, compromissos que serão exigidos no futuro, como resultado de eventos ou transações passadas. 34 • capítulo 2 O patrimônio, portanto, constitui-se objeto da Contabilidade e pode ser re- presentado pelo conjunto de bens, direitos e obrigações mensuradas em moe- da corrente e pertencente a uma entidade contábil. 2.1 Representação gráfica do Patrimônio A figura 2.1 a seguir apresenta a forma como o patrimônio deve ser representa- do graficamente. PATRIMÔNIO DE UMA ENTIDADE Bens e direitos Obrigações Figura 2.1 – Patrimônio de uma entidade Fonte: elaborado pelo autor. Pela análise da figura acima é possível inferir que, no lado esquerdo, tam- bém denominado ativo, são classificados os elementos positivos do patrimô- nio, ou seja, os bens e os direitos. No lado direito, denominado passivo, são clas- sificados os elementos negativos, ou seja, as obrigações. Veja figura a seguir: BALANÇO PATRIMONIAL ATIVO Bens e direitos PASSIVO Obrigações PATRIMÔNIO LÍQUIDO Capital e suas variações Figura 2.2 – Balanço Patrimonial de uma entidade. Fonte: elaborado pelo autor. Para compreender o Balanço Patrimonial, inicialmente é necessário co- nhecer um conceito básico demonstrado nesse relatório: origens = aplicações. Todas as vezes que recebemos um dinheiro que se originou do nosso trabalho ou de um empréstimo que fizemos no banco, utilizamos esse valor em alguma coisa, ou seja, nenhuma parte desse dinheiro fica perdida sem que você saiba capítulo 2 • 35 onde foi utilizada. Na empresa também é assim, todo o recurso que entra é apli- cado nela mesma e, por meio da Contabilidade, é feito esse controle. Enfim, a Contabilidade controla o patrimônio da empresa. Você pode estar pensando: — Mas, se o dinheiro para a abertura da empresa ainda não foi utilizado para comprar ou pagar nada, onde ele está aplicado? No disponível da empresa. O disponível também é uma forma de aplicação do recurso, isso porque, quando nos referimos ao Balanço Patrimonial, o termo aplicação indica onde o dinheiro foi colocado ou no que ele foi usado, portan- to, não precisa propriamente ter sido feita uma aplicação financeira que renda juros. Retomando o conceito de que todas as origens de recursos possuem aplica- ções, graficamente podemos ilustrar esse conceito na seguinte figura, demons- trando o patrimônio de uma entidade. PATRIMÔNIO DE UMA ENTIDADE Aplicações de recursos Origens de recursos Figura 2.3 – Origens e aplicações de recursos. Fonte: elaborado pelo autor. No Balanço Patrimonial está demonstrado exatamente de onde veio o di- nheiro da empresa, ou seja, as origens dos recursos e onde esses recursos foram aplicados. Os tipos de origens de recursos ou de capital são capitais de terceiros (pessoas que não são as proprietárias do negócio) e capital próprio (proprietá- rios da empresa e os lucros gerados por ela). Esses recursos obtidos de terceiros e dos sócios/empresa são aplicados em bens e direitos da empresa. Os bens são as instalações, máquinas, equipamen-tos, veículos, dinheiro (moeda no caixa), estoques, entre outros. Os direitos são as contas a receber dos clientes, investimentos em ações que a empresa possua, depósitos em contas bancárias (direito do saque), entre outras. Ambos possuem a característica de ser mensuráveis monetariamente. Quando uma empresa faz um financiamento e compra uma máquina, a origem do recurso é o capital de terceiros, banco que fez o financiamento, e a 36 • capítulo 2 aplicação é a máquina, considerado um bem da empresa. No caso da empresa que usa o capital inicial e os lucros para compra de novas instalações, a origem do recurso é o capital próprio e a aplicação é o prédio adquirido. A seguir são apresentadas as equações patrimoniais. 2.2 Equação patrimonial A expressão Balanço Patrimonial pressupõe uma situação de igualdade, ou seja, de equilíbrio entre o total do ativo e o total do passivo. Entretanto, na vida real, nem sempre a soma dos bens e direitos é igual à soma das obrigações. A diferença apurada entre o ativo (bens e direitos) e o passivo (obrigações), que se denomina situação líquida, ou patrimônio líquido, será evidenciada sempre do lado do passivo, como se fosse um peso no prato da balança para manter o equilíbrio entre os dois lados. Veja: Total das aplicações recursos = Total das origens de recursos Ativo = passivo + patrimônio líquido Se: Então... Figura 2.4 – Equação patrimonial. Fonte: elaborado pelo autor. Conforme já tivemos a oportunidade de discutir, os bens, direitos e obriga- ções que compõem o patrimônio são avaliados em moeda e, quando do seu re- gistro, serão contabilizados pelo valor correspondente da moeda do local onde a entidade contábil estiver funcionando. Portanto, adicionando os valores dos bens e dos direitos, teremos o total do ativo. Por outro lado, somando os valores das obrigações, teremos o total do passivo. A diferença entre o total de bens e direitos, das obrigações, representa o valor do patrimônio líquido. Veja: capítulo 2 • 37 Balanço patrimonial O que eu tenho O que eu devo Ativo: Aplicação de recursos $ 100 Passivo: Origem de recursos $ 20 Patrimônio líquido: Origem de recursos $ 80 Figura 2.5 – Balanço Patrimonial. Fonte: elaborado pelo autor. O Balanço Patrimonial é uma demonstração resumida e estática, como uma foto, da situação financeira e patrimonial da empresa em um determinado mo- mento. A maioria dos países adota essa forma de representação: valores ativos do lado esquerdo e passivo (dívidas com terceiros ou capital de terceiros) com o patrimônio líquido (capital próprio) do lado direito. Essa demonstração contá- bil será estudada com mais detalhes nos próximos capítulos. 2.2.1 Situações líquidas patrimoniais possíveis Os componentes patrimoniais devidamente equacionados poderão apresentar três situações líquidas patrimoniais diferentes: I. Ativo maior que o passivo BALANÇO PATRIMONIAL ATIVO PASSIVO Bens 90 Obrigações 100 Direitos 60 Situação líquida 50 TOTAL 150 TOTAL 150 SITUAÇÃO LÍQUIDA = (R$ 150 – R$ 100) = R$ 50 Diferentes formas de se referir a essa situação líquida: Situação líquida posi- tiva; Situação líquida ativa; Situação líquida superavitária; A = P + SL; P = A – SL; SL = A – P; Ativo maior que zero e passivo maior que zero: situação líquida maior que zero. 38 • capítulo 2 II. Ativo menor que passivo BALANÇO PATRIMONIAL ATIVO PASSIVO Bens 90 Obrigações 170 Direitos 60 Situação líquida 20 TOTAL 150 TOTAL 150 SITUAÇÃO LÍQUIDA = (R$ 150 – R$ 170) = (R$ 20) Diferentes formas de se referir a essa situação líquida: Situação líquida ne- gativa; Situação líquida passiva; Situação líquida deficitária; Passivo a desco- berto; A = P – SL; P = A + SL; SL = P – A; Ativo maior que zero, passivo maior que zero e situação líquida menor que zero (desde que o ativo seja menor que o passivo). III. Ativo igual ao passivo BALANÇO PATRIMONIAL ATIVO PASSIVO Bens 90 Obrigações 150 Direitos 60 Situação líquida 0 TOTAL 150 TOTAL 150 SITUAÇÃO LÍQUIDA = (R$ 150 – R$ 150) = R$ 0 Diferentes formas de se referir a essa situação líquida: Situação líquida nula; Situação líquida inexistente; A = P; P = A; SL = Zero; Ativo maior que zero, passivo maior que zero e situação líquida igual a zero (desde que o ativo seja igual ao passivo). IV. Outros casos Observa-se que, nas três situações apresentadas, ativo e passivo sempre foram maiores que zero. Em raras ocasiões, porém, poderão ser iguais a zero. Nesses casos, teremos: a) Ativo igual a situação líquida (passivo = zero) BALANÇO PATRIMONIAL ATIVO PASSIVO Bens 10 Obrigações 0 Direitos 20 Situação líquida 30 TOTAL 30 TOTAL 30 SITUAÇÃO LÍQUIDA = (R$ 30 – R$ 0) = R$ 30 capítulo 2 • 39 Na prática, o momento da constituição da entidade contábil é uma das raras ocasiões em que essa situação poderá ocorrer. b) Situação líquida igual ao passivo (ativo = zero) BALANÇO PATRIMONIAL ATIVO PASSIVO Bens 0 Obrigações 25 Direitos 0 (-) Situação líquida (25) TOTAL 0 TOTAL 0 SITUAÇÃO LÍQUIDA = (R$ 0 – R$ 25) = (R$ 25) O momento do encerramento de atividades é uma das raras ocasiões em essa situação poderá ocorrer. 2.3 Conceitos de contas contábeis Em sua linguagem cotidiana você pode imaginar que a palavra conta pode tra- duzir uma série de conceitos diferentes: • Uma operação matemática de soma, subtração, etc.; • A conta de energia elétrica, de internet ou telefone que temos que pagar; • Uma conta corrente que temos em um banco; • Um valor a pagar em uma loja, um supermercado, etc. Acontece, porém, que do ponto de vista contábil, a conta representa a des- crição dos componentes patrimoniais (contas de ativo e passivo), assim, como elementos do resultado (despesas e receitas, que serão vistas a frente). O título de uma conta deve expressar o significado adequado das operações nela regis- tradas. Seguem alguns exemplos: contas a receber, caixa, salários a pagar, fi- nanciamentos a longo prazo, etc. De acordo com o editorial da IOB, a importância da adequada denomina- ção das contas decorre do fato de que as demonstrações contábeis não são de utilização apenas da própria empresa; são também analisadas por auditores, fornecedores, instituições financeiras, e, é claro, pelo fisco. Além disso, se a empresa for uma sociedade anônima de capital aberto (com ações negociadas em bolsas de valores), é fundamental que suas demonstrações 40 • capítulo 2 tenham uma linguagem precisa e, tanto quanto possível, clara, para facilidade de seus acionistas em particular e do mercado em geral. Resumindo, como pes- soas diferentes e, principalmente, pessoas fora da Contabilidade da empresa e mesmo do dia a dia da empresa devem entender os relatórios contábeis, é essencial que saibam e confiem nos conteúdos de cada conta contábil. Na realidade, pode-se representar elementos de características semelhan- tes em uma mesma conta, a qual receberá o nome que melhor represente os elementos agrupados. Exemplificando tal situação: a) O conjunto formado por cadeiras, mesas, máquinas de escrever, má- quinas de somar, etc., poderia ser registrado em uma única conta, que teria por nome: Móveis e utensílios (a não ser é claro, em se tratando de um comércio de móveis que vise vender esses itens, onde, nessa situação, deveriam ser alocados na Conta estoques). b) Todos os grupos de materiais que são comprados ou produzidos com finalidade de venda ou obtenção de receita poderiam ser registrados na conta de Estoque de produtos acabados. c) Diversos valores a receber de diversos clientes, sem necessidade de re- presentação (e não registro) isolada, poderiam ser registrados na mesma conta Contas a receberou Valores a receber. d) Diversos valores a pagar de diversos fornecedores, sem a necessidade de representação (e não registro) isolada, poderiam ser registrados na mesma conta “Contas a pagar” ou “Valores a pagar. 2.4 Plano de contas O conjunto de todas as contas contábeis de uma empresa forma o chamado plano de contas. Trata-se de um conjunto de contas e normas que disciplina as tarefas do setor de Contabilidade focando a uniformidade dos registros contá- beis, ou seja, é instrumento de grande importância no processo contábil. Cada organização deve elaborar um plano de contas específico que obedeça aos seus objetivos e a legislação da atividade que a mesma exerce. Obviamente que um plano de contas contábil deve seguir a ordenação e a codificação bási- ca, sendo modificado em cada empresa apenas com suas especificidades, ou seja, toda empresa deverá ter em seu plano de contas, um grupo chamado ativo e um grupo chamado passivo, porém empresas de serviços talvez não precisem da conta de estoques de mercadorias, por exemplo. capítulo 2 • 41 Na realidade, na confecção do plano de contas temos dois tipos contas con- tábeis relacionadas ao seu cadastro ou lançamento: contas sintéticas e contas analíticas. Imagine que você tenha em sua casa um almoxarifado de materiais gerais que esteja dividido em: materiais de escritório, materiais de copa e cozinha, materiais de limpeza, etc. Ao comprar, por exemplo, uma caneta, você saberá que ela pertence ao grupo de materiais de escritório e poderá lançar no controle específico de canetas (esse controle específico seria uma ficha de estoque). Perceba, neste caso, que mesmo não classificando o gasto como material de escritório e sim como caneta, o valor ou a quantidade do grupo material de escritório também aumentou, afinal ninguém compra material de escritório, mas sim canetas, papéis, lápis, borracha, etc., sendo que estes itens comprados podem se classificar como materiais. Caso você queira saber quanto em dinhei- ro ou mesmo em valor está estocado de materiais de escritório, você deveria somar as canetas, lápis, borrachas, papel, etc. É como se o grupo material de escritório fizesse parte das contas sintéticas, aquelas que concentram os bens, direitos e obrigações de acordo com a sua natureza em comum (exemplo: 1.1.2.01 contas a receber) e que não recebem lançamento, apenas sumarizam ou totalizam grupos de contas de natureza similar. As canetas, lápis, borrachas, etc., seriam as contas contábeis analíticas, aquelas que descrevem cada direito, bem ou obrigação específica, sendo alo- cadas dentro da conta contábil sintética que pertence, ou seja, as contas que recebem os lançamentos (exemplo: 1.1.2.001 Cia Outorgada S S/A – contas a receber). Abaixo segue exemplo que ilustra esta situação: 1.1.1.02. Caixa / Bancos → Conta sintética 1.1.1.02.001 Banco. Papa Juros S/A 1.1.1.02.002 Banco Faz-Me Rir S/A 1.1.1.02.003 Banco Colorado → Contas analiticas 1.1.1.02.004 Fundo Fixo De Caixa – Matriz Figura 2.6 – Plano de contas Caixa e Bancos. Fonte: elaborado pelo autor. A seguir é apresentado o Plano de contas para elaboração do Balanço Patrimonial. 42 • capítulo 2 2.4.1 Plano de contas – Balanço Patrimonial Por definição, as contas do Balanço Patrimonial da empresa recebem numera- ção 1 para o grupo de ativos e numeração 2 para o grupo de passivos e patrimô- nio líquido. Na sequência, as demais contas de ativos, passivos e patrimônio líquido são numeradas. A título de exemplo vamos conhecer as possíveis divi- sões em um grupo de ativos: BALANÇO PATRIMONIAL 1.1 Ativo circulante 1.1.1 Caixa/Banco 1.1.1.1 Banco do Brasil 1.1.1.2 Santander 1.1.2 Aplicações financeiras 1.1.3 Contas a receber 1.1.3.1 Cliente A 1.1.3.2 Cliente B 1.1.4 Estoque de mercadorias 1.2 Ativo não circulante 1.2.1 Investimentos 1.2.1.1 Cia A 1.2.1.2 Cia B 1.2.2 Imobilizado 1.2.2.1 Máquinas 1.2.2.1.1 Máquinas 4 válvulas 1.2.2.1.2 Máquinas 8 válvulas 1.2.2.2 Equipamentos 1.2.2.3 Terreno Figura 2.7 – Plano de Contas para Ativo. Fonte: elaborado pelo autor. Percebam o seguinte, o grupo de ativo é 1; este grupo é dividido em ati- vo circulante (1.1) e ativo não circulante (1.2). Se pegarmos o ativo circulante como exemplo, vamos ver que a próxima conta é de banco (1.1.1), a qual se abre em mais duas contas, recebendo mais um dígito no código: Banco do Brasil (1.1.1.1) e Santander (1.1.1.2) e assim sucessivamente. capítulo 2 • 43 No grupo de passivo e patrimônio líquido temos a mesma lógica, contudo, o número dominante e inicial passa a ser o “2”. Vamos ver um exemplo: BALANÇO PATRIMONIAL 2.1 Passivo circulante 2.1.1 Fornecedores 2.1.1.1 Fornecedores X (CP) 2.1.1.2 Fornecedores Y (CP) 2.1.2 Salários a pagar (CP) 2.1.3 Empréstimos de CP 2.2 Passivo não circulante 2.2.1 Debêntures LP 2.2.2 Empréstimos LP 2.3 Patrimônio líquido 2.3.1 Capital social 2.3.2 Reserva de lucro Total passivo + PL Figura 2.8 – Plano de Contas para Passivo e PL. Fonte: elaborado pelo autor. De modo semelhante à análise do ativo, percebam o seguinte, o grupo de passivo e patrimônio líquido é 2; este grupo é dividido em passivo circulante (2.1), passivo não circulante (2.2) e patrimônio líquido (2.3). Se pegarmos o pas- sivo circulante como exemplo, vamos ver que a próxima conta é de fornecedo- res (2.1.1), a qual se abre em mais duas contas, recebendo mais um dígito no código: fornecedor X (2.1.1.1) e fornecedor Y (2.1.1.2) e assim sucessivamente. 2.4.2 Plano de contas – Demonstração de resultado do exercício De maneira semelhante às contas do Balanço Patrimonial, as contas da De- monstração de Resultados do Exercício apresentam uma numeração, no caso 3 para todas as contas. A título de exemplo vamos conhecer as possíveis divisões em uma demonstração de resultados do exercício: 44 • capítulo 2 DRE 3.1 Receita de vendas 3.2 (–) Custo das mercadorias vendidas 3.3 Lucro bruto 3.4 Administrativas e gerais 3.4.1 Despesa com salários 3.4.2 Despesa de férias 3.4.3 Despesa com encargos 3.4.4 Despesa com aluguel 3.4.5 Despesa com energia 3.4.6 Despesa de manutenção 3.4.7 Despesa de propaganda 3.4.8 Despesa com jornais e revistas 3.4.9 Despesa de fretes 3.5 Financeiras 3.5.1 Despesas financeiras 3.5.2 Receitas financeiras 3.6 Outras receitas e despesas 3.6.1 Outras receitas 3.7 (=) Lucro antes do imposto de renda (LAIR) 3.8 (–) IR e CS 3.9 (=) Resultado do período Figura 2.9 – Plano de Contas para contas de resultado. Fonte: elaborado pelo autor. Grande destaque e atenção na elaboração de uma Demonstração de Resultados do Exercício é para as contas de maior código, como: receitas de vendas, custo da mercadoria vendida, lucro bruto, despesas administrativas e gerais, financeiras, outras receitas e despesas, lucro antes do imposto de renda (LAIR) e resultado do período. CONEXÃO Leia mais sobre Plano de Contas em http://www.portaldecontabilidade.com.br/guia/plano- decontas.htm. capítulo 2 • 45 2.5 Noções débito e crédito Em nosso cotidiano, nos termos de nossa linguagem comum, conceituamos a palavra débito como algo ruim, relacionando a dívidas, situação negativa, ter saldo negativo na conta corrente do banco. De forma análoga, crédito é con- ceituado como algo bom, relacionado à possibilidade de comprar a prazo, ter crédito na praça, saldo positivo na conta do banco. Na realidade contábil, precisamos desmistificar estes conceitos e extrapolá- -los para o seu significado quando de sua criação pela Contabilidade. Isso não quer dizerque você possa, a partir daqui, achar que uma conta devedora no banco seja fantástico, ok? Esses conceitos são da Contabilidade e não de sua vida particular. Para facilitar o entendimento desses conceitos, vamos pensar no enquadra- mento do débito em relação ao gráfico em forma de “T”, ou seja, o razonete, que será estudado em detalhes nos próximos capítulos. Pelo razonete, o lado esquerdo de uma conta é chamado de débito e o lado direito de uma conta é chamado de crédito. Quando lançamos no lado esquer- do de uma conta denominamos lançamento a débito ou debitando. Abaixo a figura demonstra esta situação: (Título da Conta) Lado do Débito Lado do Crédito A diferença que deve ocorrer entre a totalidade de débitos e créditos feitos em uma determinada conta contábil e em determinado período, é denominado saldo. Se o valor de débitos for maior que o valor de créditos, a conta terá um saldo devedor. Se o valor de créditos for maior que o valor de débitos, a conta terá um saldo credor. Exemplo de saldo devedor: Caixa (1) 50 30 (2) 20 46 • capítulo 2 Os principiantes em Contabilidade são levados a pensar muitas vezes que débito significa algo desfavorável e crédito algo favorável. Na verdade, isto não ocorre, pois tais denominações são simplesmente convenções contábeis, com uma função específica em cada conta. As contas possuem dois lados – esquerdo e direito – dessa forma, os aumen- tos podem ser registrados em um lado e as diminuições no outro. A natureza da conta é que irá determinar o lado a ser utilizado para os aumentos e o lado para as diminuições. A regra, que como qualquer regra, tem suas exceções, coloca que: GRUPO NATUREZA Ativo Devedora Passivo Credora PL CREDORA Os grupos de contas contábeis serão detalhados no Capítulo 3, a seguir. 2.6 Regime de caixa x Regime de competência A seguir são apresentados os regimes de caixa e competência, destacando-se suas utilidades e principais diferenças. 2.6.1 Regime de caixa O regime de caixa, conhecido também como regime financeiro, apura o re- sultado da empresa considerando como receita aquela efetivamente recebida (havendo a entrada de dinheiro na empresa) e gastos (custos/despesas) quando forem realmente pagos no período (havendo a saída de dinheiro). Esse regime é adotado para que os gestores possam ter um controle geren- cial do caixa da empresa, vital para a continuidade e manutenção da situação fi- nanceira da empresa, e é apresentado na demonstração do fluxo de caixa (DFC). Contudo, esta metodologia não é permitida por lei para elaboração das de- monstrações financeiras (Balanço Patrimonial e Demonstração de Resultados capítulo 2 • 47 do Exercício). Para elaboração destas demonstrações a norma contábil exige a utilização do regime de competência, cujo conceito será visto no tópico a seguir. Assim, características do regime de caixa podem ser resumidas em: • Não aceito oficialmente; • Desenvolvido nas empresas como Contabilidade auxiliar. Deste modo podemos resumir o registro das receitas e das despesas como sendo: • Receita – considera a receita do exercício aquela efetivamente recebida, ou seja, quando houver a entrada de dinheiro; • Despesa – considera a despesa do exercício aquela efetivamente paga, ou seja, quando houver a saída de dinheiro. 2.6.2 Regime de competência A Contabilidade é formada e desenvolvida considerando-se alguns princípios ou regras gerais, as quais são base e fundamento para criação das demais nor- mas. Um desses princípios é o chamado regime de competência. O regime de competência é a outra forma de registro das operações da em- presa, mais propriamente das receitas e das despesas, sendo que, diferente- mente do regime caixa, este é aceito e exigido pelas normas contábeis. Então a divulgação das demonstrações financeiras das empresas quando elaboradas e divulgadas aos usuários externos estão sob bases do regime de competência. Além disso, o conceito do regime de competência está atrela- do à necessidade do fato gerador, ou seja, ocorrendo o fato gerador as recei- tas e despesas podem ser reconhecidas. Mas o que seria o fato gerador das receitas e despesas que permite o reconhecimento das mesmas pelo regime competência? Resumidamente teríamos: • Receita – a Contabilidade considera a receita gerada em determinado exercício social, não importando seu recebimento, mas considera o período em que a receita foi ganha, ou seja, o fato gerador, não o seu recebimento. Assim, reconhece a Receita quando os serviços forem entregue ao cliente, ou estiver pronto para entrega ou quando todos os esforços da empresa para deixar o 48 • capítulo 2 produto em condições de venda estiverem sido cumpridos, mesmo que não haja o recebimento do dinheiro propriamente dito. • Despesa – a Contabilidade considera a despesa consumida, incorrida, em determinado período contábil, sendo irrelevante o período de pagamento. Portanto, basta ter havido o consumo, sem necessidade de ter tido o pagamen- to ou a saída do dinheiro da empresa. Assim, o regime de competência, também conhecido por regime econô- mico, é uma forma de se contabilizar o resultado da empresa, registrando as receitas no momento em que elas são geradas e os gastos (despesas e custos) no momento em que são consumidos, independentes de seus recebimentos ou pagamentos. Não se contabiliza somente a receita recebida, e sim a receita gerada. Os gastos são contabilizados conforme o consumo ocorrido no período (compe- tentes àquele período) e não conforme o pagamento desses gastos. Este regi- me de competência é indicado pela Teoria da Contabilidade e pelo Imposto de Renda (Legislação Fiscal) e deve ser adotado na apuração do resultado. 2.6.3 Análise comparativa Os tipos de registro da Contabilidade (regime de caixa e regime de competên- cia) apresentam diferentes regras para reconhecimento das receitas e despe- sas, além da exigência ou não pelas normas contábeis. Resumidamente pode- mos destacar as seguintes características de cada um desses regimes: REGIME CAIXA REGIME COMPETÊNCIA RECONHECIMENTO DA RECEITA Apenas quando houver o recebimen- to do dinheiro pela empresa. Há uma entrada de dinheiro. Quando houver o fato gerador: receita incorrida. RECONHECIMENTO DA DESPESA Apenas quando houver o pagamento da conta pela empresa. Há uma saída de dinheiro. Quando houver o fato gerador: despesa consumida. APROVADO POR LEI OU NÃO? Não é permitido por lei, mas usado internamente como contabilidade auxiliar. Exigido por lei Tabela 1.1 – Regime de caixa x regime de competência. Fonte: elaborado pelo autor. capítulo 2 • 49 2.6.3.1 Exemplo Imagine uma empresa que tem receita de $10 milhões no período (sendo que apenas 60% foram recebidos) e despesa totalizando 8 milhões (sendo que 6 mi- lhões já foram pagos). Como ficaria o resultado desta empresa considerando o regime competência e regime caixa? Poderíamos chegar aos seguintes resultados: ITENS REGIME (EM MILHÕES) COMPETÊNCIA CAIXA (+) Receita 10 6 Efetivamente recebido (–) Despesa (8) (6) Efetivamente pago (=) Resultado 2 0 Portanto, percebemos que o resultado é diferente entre os dois regimes. De fato, o resultado tende a ser diferente pois a regra de reconhecimento destes dois regimes não é igual. Contudo, o resultado apurado pelo regime de caixa e pelo regime de com- petência pode ser igual quando as vendas e despesas ocorrem à vista. Para vi- sualizar esse efeito, vamos retomar o exemplo anterior alterando o montante recebido em caixa e o montante pago. ATIVIDADES 01. O Sr. J.Z.T está muito satisfeito com sua riqueza acumulada até o momento. Abaixo temosum conjunto de “bens e direitos” e “deveres e obrigações”. Leia atentamente e classi- fique os bens e os deveres. Automóveis 50.000 Empréstimos 28.000 Fornecedores 34.000 Imóvel 100.000 Financiamento 22.000 Caixa 10.000 Títulos a pagar 8.000 Contas a receber 25.000 Estoque 12.000 Contas a pagar 7.000 Investimentos na Petrobrás 30.000 Salários a pagar 15.000 Apartamento 150.000 Imposto a pagar 6.000 Computadores 2.000 50 • capítulo 2 BENS E DIREITOS DEVERES E OBRIGAÇÕES 02. A empresa Santa Bárbara apurou R$ 200.000,00 de capital de terceiros e R$ 186.000,00 de capital próprio. Qual o total do seu ativo? 03. Admitindo-se que o ativo de uma empresa é de R$ 250.000,00 e o passivo R$ 230.000,00, qual o patrimônio líquido? Qual o montante de origem e aplicação? 04. A empresa Bemviver S.A possui um capital de terceiros que é exatamente o dobro do patrimônio líquido. O capital próprio, por sua vez, é exatamente o montante de bens da em- presa que é igual a R$ 5.000,00. Preencha o balanço patrimonial abaixo: BALANÇO PATRIMONIAL CIA BEMVIVER ATIVO Valores PASSIVO + PL Valores Bens Passivo Direitos Patrimônio Líquido TOTAL TOTAL REFLEXÃO Nesse capítulo foi estudada a composição do patrimônio de uma empresa, que se divide em bens, direitos e obrigações. Esses conceitos são essenciais para a composição das equa- ções patrimoniais, que permitem mensurar o valor do patrimônio líquido da entidade contábil. capítulo 2 • 51 Aprendemos também a classificação das contas contábeis em contas patrimoniais e contas de resultado; o que é plano de contas, a divisão das contas em natureza devedora e natureza credora e, por fim, a diferença entre os regimes de caixa e de competência. Conhe- cendo essas duas metodologias de apuração do resultado do exercício é possível identificar as diferenças entre elas e o impacto em uma tomada de decisão. LEITURA Para se aprofundar mais nos estudos de Contabilidade é importante que você acompanhe as alterações das normas contábeis por meio do site do Comitê de Pronunciamentos Contábeis. Lá você vai encontrar todas as normas atualizadas. Para completar os estudos desta unidade vale a pena ler os seguintes pronunciamentos: • Pronunciamento Conceitual Básico (R1) – Estrutura Conceitual para Elaboração e Divul- gação de Relatório Contábil-Financeiro. Disponível em: http://www.cpc.org.br/pdf/CPC00_ R1.pdf • CPC 13 – Adoção Inicial da Lei nº. 11.638/07 e da Medida Provisória nº. 449/08. Dispo- nível em: http://www.cpc.org.br/pdf/CPC_13.pdf • CPC 26 (R1) – Apresentação das Demonstrações Contábeis. Disponível em: http://www. cpc.org.br/pdf/CPC26_R1.pdf REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ASSAF NETO, A. Finanças corporativas e valor. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2014. IUDÍCIBUS, S. de. MARION, J. C. Curso de contabilidade para não contadores: para as áreas de administração, economia, direito e engenharia. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2011. MARION, J. C. Contabilidade básica. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2009. MARION, J. C. Contabilidade empresarial. 16. ed. São Paulo: Atlas, 2012. PADOVEZE, C. L. Manual de contabilidade básica. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2014. PRONUNCIAMENTO BÁSICO (R1) – CPC 00 – Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação de Relatório Contábil-Financeiro. Disponível em: < http://static.cpc.mediagroup.com. br/Documentos/147_CPC00_R1.pdf>. Acesso em junho de 2015. RIBEIRO, O. M. Contabilidade básica. São Paulo: Saraiva, 2009. RIBEIRO, O. M. Contabilidade intermediária. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2009. 52 • capítulo 2 Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido 3 56 • capítulo 3 O terceiro capítulo apresenta os conceitos primordiais que serão base para a escrituração contábil do Balanço Patrimonial: o Ativo, o Passivo e o Patri- mônio Líquido. Além de apresentar essa distinção, demonstra também como eles devem ser classificados em grupos Circulante e Não Circulante. OBJETIVOS Após o estudo deste capítulo, você será capaz de: • compreender a estruturação das contas contábeis; • aprender a aplicabilidade e a utilidade de cada dos grupos de contas contábeis; • apresentar as principais modificações da legislação brasileira pertinentes à contabilidade. capítulo 3 • 57 3.1 Introdução Como exposto, essa unidade tem como objetivo o estudo dos grupos de contas contábeis: Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido e suas subdivisões em Circulan- te e Não Circulante. Esses grupos de contas são os que compõe o Balanço Patri- monial e sua apresentação deve seguir as normatizações do Pronunciamento Técnico CPC 26: Apresentação das Demonstrações Contábeis, aprovado pelo Conselho Federal de Contabilidade sob a NBC TG 26 (R2). Nesse documento estão as diretrizes para as bases das demonstrações contábeis, de modo a dar uniformização e possibilitar a comparação entre as demonstrações contábeis da mesma organização (entre períodos anteriores) e das demonstrações entre organizações distintas. Desse modo, cabe diferenciar inicialmente os grupos do Balanço Patrimonial. O Ativo abrange, basicamente, os bens e os direitos da entidade, como o dinheiro em Caixa ou disponível nas contas correntes no Banco, além das aplicações financeiras, dos estoques, das marcas e patentes, dos imóveis, dos veículos, das máquinas e dos equipamentos, das contas a receber de clien- tes. Todos esses itens são bens e direitos da empresa e que, quando somados, compõe o seu Ativo. Lembre-se que as contas do Ativo são apresentadas do lado esquerdo do Balanço Patrimonial. Já o Passivo, também de forma simplificada, abrange as obrigações assumi- das pela empresa com terceiros, ou seja, é composto pelas dívidas que a empre- sa possui, como os salários a pagar de seus empregados, os fornecedores, os em- préstimos e financiamentos, os impostos a pagar, entre outros. Lembre-se que as contas do Passivo são apresentadas do lado direito do Balanço Patrimonial. Por fim, tem-se o Patrimônio Líquido (PL) que pode ser definido como a di- ferença entre o valor registrado no Ativo e no Passivo em determinado período de tempo. Por exemplo, se uma empresa possui R$ 20.000 em ativos e R$ 12.000 de passivos, logo terá R$ 8.000 de Patrimônio Líquido, respeitando a equa- ção fundamental da contabilidade. Lembre-se que as contas do Patrimônio Líquido são apresentadas do lado direito do Balanço Patrimonial, logo abaixo do Passivo. Porém, isso não significa dizer que o Patrimônio Líquido não possui as suas próprias contas, como já visto anteriormente. Inicialmente, o Patrimônio Líquido é composto por duas grandes fontes: os investimentos dos sócios e os lucros auferidos pela empresa e que não foram distribuídos aos sócios. Por 58 • capítulo 3 exemplo, nos R$ 8.000 de Patrimônio Líquido que foi encontrado no exemplo acima, ele poderia ser distribuído em R$ 6.000 de Capital Social (Investimento dos Sócios na Entidade) e de R$ 2.000 de Reservas de Lucros (lucros não distri- buídos aos sócios). Dada essa natureza do Patrimônio Líquido, de ser a diferença entre o Ativo e o Passivo, pode ocorrer a situação da empresa possuir mais Passivos do que Ativos. Por exemplo: se uma empresa possui R$ 20.000 em ativos e R$ 32.000 de passivos, logo terá um valor negativo de R$ 12.000 de Patrimônio Líquido, res- peitando a equação fundamental da contabilidade, também chamado Passivo a Descoberto. Feita essa primeira distinção, cabe agora separar os Ativos e Passivos entre Circulante e Não Circulante. Tanto os Ativos quanto os Passivos devem ser apre- sentados em ordem de liquidez decrescente no Balanço Patrimonial, iniciando com o Ativo ou Passivo mais líquido. Aqui, a “liquidez” é a capacidade do Ativo ou do Passivo se converter em dinheiro em determinado
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