Buscar

Pintura Clássica

Prévia do material em texto

Pintura Clássica
A pintura clássica é aquela que tem por objetivo copiar do real. Ser fiel ao que se vê. Antes da invenção da fotografia esse tipo de pintura era o mais utilizado. No final do século XIX surgiu o impressionismo, o expressionismo e esse tipo de pintura foi relegado. O importante são as cores e o sentimento, surgindo assim o Modernismo.
A pintura ou arte clássica, stricto senso, refere àquela praticada no período clássico dos antigos gregos e romanos.
Lato senso, pintura ou arte clássica implica a atitude estética que segue os cânones destes povos, como a pintura da Alta renascença, segundo Wölfflin (1990), ou seja, a pintura de Leonardo da Vinci, Michelângelo e Rafael Sanzio e outros.
Monet - Impression, soleil levant
É “a arte da beleza tranqüila”, diz Wölfflin (2000, pg. 47), referindo-se à Alta renascença: “beleza libertadora que experimentamos como um bem-estar geral e uma intensificação uniforme de nossa força vital. Em suas criações perfeitas não se encontra nada pesado ou perturbador, nenhuma inquietação ou agitação – todas as formas manifestam-se de modo livre, integral e sem esforço”.(id. ibidem)
Mas, “pintura clássica” pode, também, referir, em qualquer época ou estilo, àquelas obras – e por conseguinte, os artistas - que se tornaram o padrão, por excelência.
Podemos dizer, por exemplo: “Impression, soleil levant” é uma pintura “clássica” deMonet (vale dizer: do Impressionismo ou impressionista), assim como dizemos queGuernica é um “clássico” de Picasso.
Enquanto a história não encontrar termos mais bem definidos, dependerá sempre do contexto, o entendimento sobre o que é, ou não, uma “pintura clássica”.gs. pci
Tecnologia da Pintura Clássica
Tecnologia da Pintura Clássica baseada nas técnicas dos Mestres Italianos e Flamengos conforme ensinado nas Accademie di Belle Arte de Veneza e Roma.
Estas técnicas abaixo apresentadas são uma coletânea de notas feitas durante as lições recebidas na escola, primeiramente em Veneza e depois em Roma. As de Veneza foram recebidas naAccademia di Belle Arte di Veneziae em Roma naAccademia Nazionale di San Luca.
Por: Leonardo Perin Vichi
Estas notas estavam perdidas durante muito tempo em velhos cadernos dos tempos da escola esquecidos nos arquivos da biblioteca de casa. Somente agora, muitos anos depois, ao resolver desenvolver seriamente o aprendizado da pintura acadêmica, é que algumas dessas notas foram desenterradas e reunidas nesse texto.
Os saberes aqui registrados foram passados todos de forma oral, são técnicas que não estão descritas em teorias e tratados de pintura, por se tratarem de saber prático dos professores que os passaram e que os receberam de seus professores, dando, assim, continuidade a um ciclo que pode ter se iniciado nos grandes mestres do passado, como eles sempre se referiam, ou mesmo nos mestres desses mestres.
As notas seguem uma ordem, primeiramente no que tange às etapas da pintura. Contudo, os elementos, nem sempre, foram passados visando à pintura a óleo sobre tela, muitas vezes, um mesmo trecho traz elementos de uma aula de afresco, outra das aulas de iluminura, outras das aulas de técnica mural e outras das lições de desenho artístico, assim como também, às vezes, técnicas trabalhadas em Roma e em Veneza aparecem indistintamente num mesmo tema, com pouca ou nenhuma contradição entre elas, exceto no tocante às emulsões de têmpera, onde se diverge sobre o uso, ou não, do vinagre.
Em alguns momentos a linguagem é adaptada para melhor fluidez, principalmente no tangente às anotações de aula. Quanto às anotações dos meus diários, sobre conversas tidas diretamente com os professores, preferi manter a linguagem formal, os comentários dos professores e meus comentários pessoais.
Nem todas as técnicas recebidas ao longo dos anos de estudo estão aqui registradas. Muitas das anotações foram realmente perdidas, permanecendo apenas em algum lugar da minha memória, que, infelizmente, não está tão acessível. Técnicas como as produções das tintas através dos pigmentos naturais, da produção dos vernizes, dos tratamentos dos pergaminhos, da aplicação das folhas de ouro e prata e principalmente a preciosa técnica do ouro brunido de Cennini. Uma pesquisa que realizei na época, para proceder com as substituições das cores usadas em iluminura com tintas guaches e aquarelas disponíveis no mercado atualmente, se encontra em meu sítio pessoal. Todavia, a pesquisa continuará, para recuperar as técnicas do passado, já aprendidas por mim, ou não.
A pintura clássica e a velatura
Uma característica importante da pintura clássica são as velaturas, que desde Anton Van Dyck, passando depois por Leonardo, foram evoluindo, até que no período flamengo chegasse a um dos seus momentos máximos de expressão.
O objetivo da pintura clássica, não é o de representar os objetos o mais próximo da natureza, mas realizar uma bela composição de cores, tonalidades e texturas.
A velatura, assim, se consiste no inserir uma camada de tinta a óleo sobre uma outra camada bem seca, antes de começar a camada seguinte. Isto leva a um melhor contato do verniz da camada seca com o verniz da camada seguinte. Ou seja, melhora o processo de compenetração com a camada seca.
As fases da pintura.
Os pintores italianos e flamengos realizavam as suas composições através da sobreposição de diversas camadas de pintura.
Em cada camada vinha apresentado e resolvido um problema específico no processo pictórico, como: Definição da luz, estudo tonal, coloração, definição dos detalhes etc.
Cada camada vinha realizada de modo tal a simplificar o trabalho nas camadas seguintes.
Só se começava uma nova camada quando aquela anterior estava perfeitamente seca.
As fases da pintura italiana e flamenga são:
- Abbozzo [Esboço]
- Imprimatura [Campitura]
- Sottostrato delle Ombre [Camada das Sombras]
- Sottostrato Morto [Grisaille]
- Velature di colore:
- Strato di colore [camada de cor]
- Lumeggiatura [Brilhos]
- Verniciatura [Verniz]
- Esboço [Abozzo]
O princípio do esboço é o de criar uma estrutura precisa dos limites entre as áreas de sombra e luz, a luz e as cores médias, as cores médias e a sombra.
Faça seu desenho em um papel como se este fosse seu produto final. Copie-o em um papel vegetal e retrace as linhas na parte de traz dele com lápis pastel seco.
Não pense que o desenho é algo que não esteja diretamente relacionado com a pintura. Desenho é a melodia da arte figurativa e as cores são a harmonia. Tenha sempre em mente que é a harmonia que cria a atmosfera ou a impressão do momento, mas somente a melodia é que pode desvelar toda a estória.
Desenhando seus sujeitos com toda a riqueza de detalhes devida, você o estudará em um nível muito profundo que se apenas o delinear.
Eu sei que muitos de nós não têm paciência para desenhar seus sujeitos com todos os detalhes, mas nesse caso, o resultado final, soará como aquelas músicas que possuem apenas 3 acordes - Tudo bem, se for apenas um quadro para agradar a família ou os amigos, mas não uma obra para ser considerada como um exemplo das Belas Artes.
Por isso, desenhe com precisão, usando diferentes pressões e linhas espessas. Desenhe na superfície final primeiro com lápis e depois com pincel.
Transfira o desenho para a superfície final e retrabalhe depois com Sombra Queimada diluída usando um pincel fino.
Fixar o desenho
Depois de ter feito o esboço com lápis ou carvão sobre a tela, se deve sobrepor os traços com uma cor a óleo muito escura. A camada de óleo retirará o traço do lápis ou do carvão, deixando o desenho como a primeira camada da pintura. O desenho com a tinta a óleo permanece e o pintor ou iluminador não deve mais desenhar nada novamente sobre a composição.
A Imprimatura [Campitura]
Imprimatura é o termo clássico para uma camada de cor transparente ou semi-transparente usada para criar uma base tonal para a pintura. Significa literalmente: Aquilo que vem antes.
A Imprimatura age como harmonizadora dos elementos para todas as camadas de cores sucessivas se elas forem dispostas de acordo com as leis da técnica clássica,permitindo que a imprimatura apareça em alguns lugares. Também determina o sombreamento (ou claridade) geral da composição.
A imprimatura é a primeira camada de tinta a óleo da técnica pictórica italiana e flamenga. Geralmente este tom deve ser levemente mais escuro em dois ou três tons, em relação às zonas de luz da pintura. A imprimatura deve ter uma cor neutra de terra ou verde oliva.
O grau de obscuridade ou leveza da imprimatura deve ser escolhida em relação ao grau de luz que se quer dar ao quadro.
A vantagem da imprimatura sobre uma superfície com tom de gesso é que a base branca reflete a luz através da imprimatura e sobre as camadas semitransparentes seguintes, criando uma mágica ilusão tri-dimensional.
A cor de uma imprimatura depende da fonte de luz na composição ou do sujeito que você deseja pintar.
Para se obter a cor da imprimatura deve-se misturar as seguintes cores:
- Azul da Prússia, 
- Ocre Amarelo,, 
- Terra de Sombra Queimada, 
- Preto de marfim,
- Branco Chumbo.
Se nós considerarmos uma Sombra Queimada como uma cor neutra para a imprimatura, então você poderá querer ir para cores mais quentes ou frias misturando ou ocre amarelo ou preto em diferentes proporções.
Nunca decida escurecer esta camada selecionando mecanicamente 50% de tons cinzas.
Você sempre pode pôr uma segunda camada ou adicionar tons mais escuros na próxima etapa - no estudo das sombras.
Nesta fase, a mistura dos Médiuns também é bastante importante de ser vista. Trabalharemos sempre com a versão do Médium Clássico Veneziano e uma outra versão modificada usando médium alquídico, que realmente ajuda a secar a camada de um dia para o outro, acelerando o trabalho.
Aqui estão detalhes dos médiuns que serão usados para passar primeiramente no pincel e depois pegar a tinta e aplicá-las à superfície que estiver sendo pintada:
Deve-se usar sempre a medida de um godê comum de pintura, que equivale aproximadamente a três colheres de sopa [colher de 15 ml, portanto, 45ml]. Usa-se também um conta-gotas comum para facilitar às medidas.
3/4 de godê de terebentina, adicione um conta-gota de verniz Dammar, ou então 1 conta-gota de Liquin Alquídico da Winsor & Newtone algumas gotas de óleo de lavanda.
Deve-se preferir a primeira mistura como sendo a receita tradicional e por possuir também uma melhor fluidez no pincel e no uso do sbatimento com o pincel sem tinta. A mistura moderna usando o Liquin irá secar muito mais rapidamente, mas irá endurecer e se tornar grudento em poucos minutos na tela o que atrapalhará vocês que estão apenas começando. O uso do sbatimento com o pincel seco requererá prática e o Verniz Dammar irá lhes permitir um tempo a mais para aperfeiçoar a técnica.
Por isso, usaremos primeiro o médium com base Dammar e só depois usaremos a base alquídica, quando vocês estiverem mais familiarizados com a técnica.
Esta proporção para a mistura serve apenas para a Imprimatura.
Outras camadas irão usar:
3/4 de godê de terebentina para 3 conta-gotas de médium ou verniz e 3 conta-gotas de óleo de linhaça. [Camada de sombras e Camada Morta]
Camadas de cores irão usar: 3/4 de godê de terebentina para 3 conta-gotas de médium ou verniz e 5 conta-gotas de óleo de linhaça, o mesmo vale para a camada de brilhos.
Note que usamos mais óleo à mistura conforme vamos subindo as camadas. Mistura gorda sobre mistura magra!
Então, agora que você já retraçou o desenho com tinta por cima do esboço, deve aplicar a primeira camada da pintura, a imprimatura.
Comece com pequenas quantidades de tinta, misturando branco e preto e então a sombra para se obter uma cor que dê o efeito de claro e escuro que você pretende para a obra.
Semi-cerre seus olhos para calcular os contrastes do material de referência que estiver utilizando ou da composição da natureza morta e então compare com sua mistura de tintas.
Uma vez que você conseguiu a proporção certa, aplique-a com um pincel largo para obter uma cobertura homogênea. Então, usando um pincel bem macio, levemente, com bastante movimento do pulso, apenas espane o pincel sobre a imprimatura, sem usar os lados, com movimentos para todas as direções.
Este movimento é muito similar ao de uma mulher colocando blush nas bochechas, apenas golpeando levemente a tinta para eliminar as marcas de pincel e obter uma camada mais suave. A isto damos o nome de sbatimento.
- Camadas das Sombras [Chiaro Scuro - Sottostrato delle Ombre]
Nesta fase se definem os tons da pintura, é necessário somente definir as áreas principais em sombra com a tinta muito diluída. Só podemos começar a pintar quando a imprimatura estiver bastante seca. Esta técnica se diferencia notavelmente do conceito tradicional de pintura à óleo, mesmo que estejamos pintando à óleo, nesta fase devemos pintar como se o estivéssemos fazendo com aquarela.
Agora chegaremos na Camada das Sombras. Escolhido o sujeito, tendo feito o desenho detalhado definitivo e depois realizada a imprimatura, deixe-a secar por tempo suficiente. Se utilizar Dammar, levará muitos dias, se já usou o médium Alquídico, no dia seguinte já poderá continuar.
A pintura já está pronta para receber a camada de sombras. Nesta camada você irá inserir todos os contrastes de sua pintura. E mais uma vez será necessário falar dos óleos e sempre usando os produtos naturais usados pelos grandes mestres venezianos e flamengos. Estes ingredientes naturais contém óleos e irão nos ajudar a trabalhar nossa obra. Nesta etapa usaremos os mesmos conceitos da Aquarela.
Lembre-se sempre desta regra de ouro. Não use as camadas posteriores para corrigir erros de uma camada anterior, pois o nível precedente só serve para facilitar o trabalho do nível sucessivo.
Devemos nos lembrar aqui também do sbatimento com pincel seco. Uma parte muito importante desta técnica. Realmente, elas são a arma secreta dos grandes mestres da arte veneziana, que eles passaram oralmente para seus discípulos há mais de 500 anos nestas mesmas salas que nos encontramos agora e onde vocês aprendem as mesmas técnicas aqui desenvolvidas por nossos mestres como Tintoretto e Tiziano. Quando vocês dominarem estas técnicas, poderão fazer verdadeiras obras de arte. Lembrem-se: Conhecimento é Poder!
Nesta camada devemos usar suco natural de cebola. É um produto natural, que, antes de se aplicar o óleo, servirá para preparar a tela, suavizando a última camada de tinta utilizada. O suco de cebola contém um óleo que nos ajudará nesta etapa.
Após partir a cebola, esfregue a carne dela diretamente na superfície. Sempre em movimentos circulares até cobrir a tela completamente.
[O cheiro da cebola misturada com o óleo de lavanda e o óleo de linhaça deixou o atelier da Accademia di Venezia com um cheiro ímpar!]
Após isso, pegue um pouco de óleo de linhaça, ponha na palma da mão e esfregue sobre sua tela ou superfície, sem tirar o suco de cebola. Esfregue a tela. O calor da mão irá ajudar os óleos a aderirem sobre a tela.
Após isso ter sido feito, deve-se remover o excesso dos óleos e enxugar a tela suavemente com uma gaze limpa, ou um pano muito fino e muito limpo. Isto irá deixar uma fina película ou brilho na tela, que irá lubrificá-la e facilitar a aplicação das tintas e o sbatimento.
A série fundamental de tintas a óleo para esta camada é a seguinte:
- Branco Chumbo,
- Ocre Amarelo Claro,
- Ocre Vermelho,
- Terra de sombra queimada,
- Azul da Prússia,
- Preto de marfim,
- Laca de Garança escura.
Depois de ter aplicado as tintas, use o pincel para corrigir as pinceladas, removendo ou colocando mais tintas nas áreas necessárias da tela.
Neste momento, inicia-se uma fase importante, o sbatimento com um pincel muito macio. Esta ferramenta propiciará um acabamento que parece realizado por um aerógrafo. As cerdas macias e o modo que você trabalhará irá criar uma camada muito homogênea de tinta. Removendo completamente as marcas das pinceladas, onde, então, somente as cores serão vistas.
Este processo ajudará também a criar uma gradação, transição do escuro para o claro, na pintura, que fará parecer muito com pinturas feitas em aguada ou aquarelas.Somente as pontas das cerdas deverão ser usadas. Sempre usando aquele movimento similar ao de uma mulher aplicando rouge em suas bochechas e sempre com bastante movimento dos pulsos.
Todas as camadas deverão receber o mesmo tratamento, exceto as camadas de finalização, onde as pinceladas, brilhos e detalhes finos são deixados de forma a levar ao observador um senso de pintura acabada, típica das Belas Artes.
Depois de ter deixado secar, pode-se querer escurecer algumas áreas um pouco mais, repetindo sempre o processo de sbatimento.
- Camada em branco e preto [Sottostrato Morto - Grisaille]
Esta técnica é chamada de camada morta por usar basicamente um escala composta principalmente por branco e preto. Esta fase também é chamada de Grisaille.
Esta camada é feita com:
- Branco Chumbo ou Titânio,
- Ocre claro [Caso precise de tons de cinzas mais quentes],
- Terra de sombra queimada,
- Azul da Prússia,
- Preto de marfim.
O escopo desta camada é o de fazer as imagens parecerem como se estivessem iluminadas somente com a luz da lua.
As cores obtidas da mistura é um cinza frio pendendo para o verde oliva.
Misturas:
Primeira cor: 2 partes de Preto de marfim + 1 parte de terra de sombra queimada + pouquíssimo de azul da Prússia.
Segunda Cor:Branco + pouquíssimo de preto.
Meio tom central: 2 partes da primeira cor e 1 parte da segunda [acrescentar pouquíssimo ocre amarelo, terra de sombra queimada e azul da Prússia, modificar estas quantidades com base na gradação de cor que se quer dar, verde-marron ou azul.]
Com a camada em branco e preto se escolhe a tonalidade. É possível fazer correções na tonalidade sem realizar modificações radicais.
Nesta camada, deve-se inserir todos os sombreamentos com grande detalhamento, seus tons médios e modelar cada objeto de forma definida na pintura. Deve-se gastar bastante tempo e esforço neste estágio. Se você fizer uma Camada Morta bem acabada todo o resto será facilitado.
Antes que eu me esqueça! Entre cada camada, antes de inserir o óleo, pegue uma navalha bem afiada ou uma gilete de ponta arredondada e raspe sua superfície muito delicadamente. Isso irá remover poeira, cerdas de pincel, cabelos, insetos e outras partículas que impedem que sua superfície esteja uniformemente lisa. Após raspar e untar a tela, podemos começar a camada morta. Deve-se começar aplicando tinta com um pincel redondo pequeno. Assim é possível uma distribuição equilibrada das tintas e também permite deixar uma parte da camada de sombras a mostra.
Além de nos ajudar a não exagerar nas gamas de contraste! Mantenha a camada de cinzas perto dos limites das sombras e o contraste de sua pintura será preservado.
Esta técnica de aplicar tintas, corrigindo e então sbatendo não é somente usada na Camada morta, mas é repetida em todas as etapas, exceto na finalização. Deve-se usar menos sbatimento nas camadas finais, pois o objetivo é deixar um maior detalhamento na pintura. Um pequeno truque para captar mais da luz disponível na sala.
Uma outra dica sobre correção que é parte desta técnica. Deve-se geralmente aplicar a tinta com um pequeno pincel redondo e então corrigir com um pincel filete ou um pincel chato. O objetivo é sempre remover o excesso de tintas, esfumaçar os limites de duas sombras diferentes, ou pôr mais tinta onde necessário. Mas nunca se deve esquecer de deixar os limites bem marcados nas camadas finais.
Neste ponto se começam as velaturas de cor, nas zonas de sombra as cores devem ser mais diluídas, nas zonas de luz as cores podem ser aplicadas com camadas mais espessas de cor.
- Camada Colorida [Strato di Colore]
Para chegar a esta fase já deveremos ter resolvido o problema do tom e do claro-escuro da nossa pintura, agora teremos de dar as cores finais do quadro, enquanto devemos nos concentrar nas reproduções das variações tonais do nosso sujeito.
Aplicaremos as cores no nosso quadro sempre como uma velatura, aproveitando o trabalho feito nas camadas inferiores. Preste atenção para não cobrir com uma camada muito densa a pintura, a nossa pintura deve ser resultado das várias camadas de cor realizadas. Neste modo se obtém uma textura de cor mais vibrante e pictórica.
Cada cor, para cada objeto, deve ser exatamente tão escuro ou claro quanto era na camada anterior. Para áreas claras e áreas sombreadas, use misturas de um tom mais claro ou mais escuro. Algumas vezes será preciso muitas camadas de cor para completar este estágio. A cada camada, estreite as áreas iluminadas e as de sombra, pintando cada vez mais suavemente.
Introduziremos agora o método de cores que foi começado, desenvolvido e aperfeiçoado no Renascimento.
Em geral, é interessante notar o quão pouca tinta se usa neste tipo de paleta e as maravilhas que se consegue com ela. Porque se usa uma paleta tão reduzida? Se você tivesse vivido na época em que este método que estamos vendo agora foi desenvolvido, para obter as tintas você seria visto procurando insetos, plantas, pedras, secando-os e então os triturando e por fim adicionando óleo de linhaça até que você tivesse a tinta que hoje basta apenas ir a uma loja e encontrar em tubos.
Bem, não exatamente. O pigmento que nossos grandes mestres da pintura veneziana utilizavam eram, às vezes, muito perigosos, mas dotados de cores muito brilhantes! As fábricas de tintas modernas chegam bastante perto do resultado final, mas é certo que as tintas do passado simplesmente funcionavam melhor que os nossos equivalentes modernos.
A melhor forma para se trabalhar as cores é usando primeiramente uma Roda Cromática, até que se acostume bem com as misturas. Sempre que possível reduza ao máximo sua paleta para obter as cores que precisa. Misture sempre pequenas quantidades de tinta, primeiro, para testá-las. Uma vez misturadas, ponha um pouco da tinta sobre uma espátula e segure-a na frente do objeto que você está representando e semi-cerre os olhos. Se a espátula desaparecer, é porque a cor foi alcançada. Não se preocupe muito em obter o tom exato. Se seu verde ou seu vermelho não for exatamente o mesmo, ninguém irá saber. O cérebro humano só mantém registrado por seis minutos as impressões das cores reais!
Agora, isto não quer dizer que se deve permitir uma maçã pintada com Alizarim Crimsom! Tente manter suas cores o mais próximo possível do natural, mas não gaste mais de 10 minutos tentando achar o matiz correto!
O princípio da primeira camada de cor consiste no fazer as áreas de sombra mais escuras e mais coloridas. As áreas de luz devem ter camadas de cor mais leves, mas igualmente coloridas. Nesta fase, é necessário dar cor ao quadro, evidenciando as partes que estão na luz e na sombra.
Misture as cores reais dos objetos. Para as primeiras camadas de cor use:
- Azul Ultramarinho,
- Azul da Prússia,
- Laca de Garança Escura,
- Vermelho Chinês,
- Vermelho de Cádmio,
- Amarelo de Cádmio.
- Estágio Final - Brilhos [Lumeggiatura]
No estágio final, quando as cores estiverem bem secas, podemos finalizar as áreas mais iluminadas, em particular, os reflexos dos olhos ou dos objetos reflexivos, esta fase é apenas para refinamento e criação de efeito.
Brilhos podem ser feitos com cores transparentes ou semi-transparentes. Não exagere nesta parte e tome muito cuidado na hora de escolher as áreas onde os brilhos vão entrar. Após os brilhos terem sido dados, as áreas de sombra muito escuras são finalizadas com cores semi-transparentes, quase opacas se necessário, e, então, as últimas pinceladas de brilho dos detalhes são inseridas.
Têmperas com base de ovo e mesmo ícones eram freqüentemente finalizados com óleos. Cuidado, contudo, se alguém sugerir usar alguma receita mágica antiga para este propósito, como Médiuns Maroger industrializados ou Verniz Âmbar. Você poderá arruinar sua obra completamente se não souber o que, como e quando usá-los.
- Envernizamento [Verniciatura]
Depois que a pintura tiver secado por pelo menos seis meses, é necessário aplicar uma cobertura de verniz. Cobrir a tela com Verniz Dammar usando um pincel muito macio.
Existem muitos produtos sendo desenvolvidos na área dosvernizes acrílicos e poliuretanos que não amarelam com o tempo. Infelizmente, a maioria deles não é removível. Por outro lado, alguns deles são extremamente duráveis e podem ser a melhor e a única escolha para proteger obras de arte de valor.
Pintura Contemporânea
É a que se faz hoje. Contemporâneo, é o que pertence ao nosso tempo. Isto não significa que muitos artistas que estão produzindo atualmente o façam com a linguagem do “hoje”. O legado que a Arte Moderna nos deixou é rico o suficiente para ainda influenciar artistas em todo o mundo. 
A arte de linguagem contemporânea, como diz o crítico Alberto Beuttenmuller, é aquela que traz as influências características desta época: são as performances, as ocupações de espaço, as instalações,as interferências, a arte virtual. Quase todas efêmeras e circunstanciais. 
A pintura, a escultura, gravura e outras técnicas muito usadas na manifestação artística do homem enfrentam hoje o desafio de atualizar-se , de inserir-se nestes tempos de individualizações e de imagens, instantâneas. Superar a riqueza do Periodo Moderno ou introduzir um novo discurso: eis o desafio de fazer arte na contemporaneidade.
A arte contemporânea  é construída não mais necessariamente com o novo e o original, como ocorria no Modernismo e nos movimentos vanguardistas. Ela se caracteriza principalmente pela liberdade de atuação do artista, que não tem mais compromissos institucionais que o limitem, portanto pode exercer seu trabalho sem se preocupar em imprimir nas suas obras um determinado cunho religioso ou político.
Esta era da história da arte nasceu em meados do século XX e se estende até a atualidade, insinuando-se logo depois da Segunda Guerra Mundial. Este período traz consigo novos hábitos, diferentes concepções, a industrialização em massa, que imediatamente exerce profunda influência na pintura, nos movimentos literários, no universo ‘fashion’, na esfera cinematográfica, e nas demais vertentes artísticas. Esta tendência cultural com certeza emerge das vertiginosas transformações sociais ocorridas neste momento.
Os artistas passam a questionar a própria linguagem artística, a imagem em si, a qual subitamente dominou o dia-a-dia do mundo contemporâneo. Em uma atitude metalingüística, o criador se volta para a crítica de sua mesma obra e do material de que se vale para concebê-la, o arsenal imagético ao seu alcance.
Nos anos 60 a matéria gerada pelos novos artistas revela um caráter espacial, em plena era da viagem do Homem ao espaço, ao mesmo tempo em que abusa do vinil. Nos 70 a arte se diversifica, vários conceitos coexistem, entre eles a Op Art, que opta por uma arte geométrica; a Pop Art, inspirada nos ídolos desta época, na natureza celebrativa desta década – um de seus principais nomes é o do imortal Andy Warhol; o Expressionismo Abstrato; a Arte Conceitual; oMinimalismo; a Body Art; a Internet Street e a Art Street, a arte que se desenvolve nas ruas, influenciada pelo grafit e pelo movimento hip-hop. É na esteira das intensas transformações vigentes neste período que a arte contemporânea se consolida.
Ela realiza um mix de vários estilos, diversas escolas e técnicas. Não há uma mera contraposição entre a arte figurativa e a abstrata, pois dentro de cada uma destas categorias há inúmeras variantes. Enquanto alguns quadros se revelam rigidamente figurativos, outros a muito custo expressam as características do corpo de um homem, como a Marilyn Monroe concebida por Willem de Kooning, em 1954. No seio das obras abstratas também se encontram diferentes concepções, dos traços ativos de Jackson Pollok à geometrização das criações de Mondrian. Outra vertente artística opta pelo caos, como a associação aleatória de jornais, selos e outros materiais na obra Imagem como um centro luminoso, produzida por Kurt Schwitters, em 1919.
Os artistas nunca tiveram tanta liberdade criadora, tão variados recursos materiais em suas mãos. As possibilidades e os caminhos são múltiplos, as inquietações mais profundas, o que permite à Arte Contemporânea ampliar seu espectro de atuação, pois ela não trabalha apenas com objetos concretos, mas principalmente com conceitos e atitudes. Refletir sobre a arte é muito mais importante que a própria arte em si, que agora já não é o objetivo final, mas sim um instrumento para que se possa meditar sobre os novos conteúdos impressos no cotidiano pelas velozes transformações vivenciadas no mundo atual.
Arte contemporânea, reunião de uma notável diversidade de estilos, movimentos e técnicas. Essa ampla variedade de estilos inclui a penetrante pintura realista Gótico americano (Grant Wood, 1930, Art Institute of Chicago, Illinois), que retrata um casal de agricultores do Centro-oeste americano e, ainda, os ritmos abstratos da tinta salpicada da pintura Preto e branco (Jackson Pollock, 1948, acervo particular). No entanto, mesmo que fosse possível dividir a arte contemporânea por obras figurativas, como o Gótico americano, e por obras abstratas, como Preto e branco, encontraríamos uma surpreendente variedade de estilos dentro dessas duas categorias.
Da mesma forma que o Gótico americano, pintado com precisão, é figurativo, a Marilyn Monroe (Willem de Kooning, 1954, acervo particular) pode ser considerada figurativa, apesar de suas pinceladas largas mal sugerirem os rudimentos de um corpo humano e características faciais.
O abstracionismo, além disso, apresenta uma série de abordagens distintas: desde os ritmos dinâmicos de Pollok em Preto e branco à geometria de ângulos retos da Composição em vermelho, amarelo e azul (Piet Mondrian, 1937-1942, Tate Gallery, Londres), cujas linhas e retângulos sugerem a precisão mecânica da máquina.
Outros artistas preferiram uma estética da desordem, como no caso do artista alemão Kurt Schwitters, que misturou jornais, selos e outros objetos para criar a Imagem com um centro luminoso (1919, Museu de Arte Moderna, Nova York).
Assim, o século XX apresenta mais do que variedade de estilos. Foi no período moderno que os artistas produziram pinturas não somente com materiais tradicionais, como o óleo sobre tela, mas também com qualquer material que estivesse disponível. Essa inovação levou a criações ainda mais radicais, como a arte conceitual e a arte performática. Com isso, ampliou-se a definição de arte, que passou a incluir, além de objetos palpáveis, idéias e ações.
A pintura contemporânea foi marcada de forma inquestionável por uma série de movimentos artísticos que se desenvolveram a partir de 1945, que não só contribuíram com novas técnicas, novas materiais mas também com novas formas pictóricas, onde a figuração era pura e simplesmente deixava de ser o sujeito de representação. Abarcando toda uma gama que vai desde a abstracção ao realismo, da estilização purista à monumentalização da trivialidade, das revelações de subculturas imbuídas de disfarçada ironia à representação sóbria senão mesmo visionária de traumas políticos ou individuais. Os Estados Unidos, afirma-se como um novo centro artístico e as obras de Jackson Pallock e Willem De Kooning davam uma nova dimensão pictórica expressa na livre abstracção. A qualidade da cor foram levadas ao extremo, nas suas formulações pictóricas como se observa nas obras de Ad Reinhard, Barnett Newman e Kenneth Noland. A sociedade consumo, tornou-se fonte de inspiração para Andy Warhol, Roy Lichtenstein entre outros, os seus motivos eram gerados num universo protagonizado pelo consumo de massas, ao gosto do consumidor graças à publicidade não faltando as estrelas e a sua glorificação. Nos retratos de bacon ou nas obras de Baselitz, Kiefer e Richter, a pintura clássica, em tempos declarada morta, parece encontrar a sua continuação.

Continue navegando