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AULA 8 - INTERVENÇÃO ESTATAL NA PROPRIEDADE PRIVADA - INSTITUTOS AFINS A DESAPROPRIAÇÃO

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DIREITO ADMINISTRATIVO II
Profª MSc. Patrícia Knöller // 14/04/2021
patriciaknol@ig.com.br
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AULA 8
ROTEIRO 
INTERVENÇÃO DO ESTADO NA PROPRIEDADE PRIVADA. 
Modalidades 
INTERVENÇÕES RESTRITIVAS: servidão administrativa; requisição administrativa; ocupação temporária; limitação administrativa; tombamento. 
INTERVENÇÃO SUPRESSIVA: desapropriação. 
Fundamentos: supremacia do interesse público sobre o interesse privado;
 função social da propriedade. Arts. 5º, XXII, XXIII; art. 170, III da CF; art. 1228 CC. 
Competência para legislar sobre direito de propriedade, desapropriação e requisição administrativa: União Federal (art. 22, I, II e III da CF). 
 Competência para legislar sobre as restrições e condicionamentos ao uso da propriedade é concorrente entre os entes federativos. 
Art. 2º, §2º DL 3.365/41: “pr. da ‘hierarquia’ federativa” (instituição da servidão). 
SERVIDÃO ADMINISTRATIVA. 
Natureza jurídica: direito real público, autorizando o Estado a se utilizar da propriedade privada para permitir a execução de obras e serviços de interesse da coletividade. 
Fundamentos: art. 5º, XXII, XXIII; art. 170, III da CF; art 40 DL 3.365/41. 
 O art. 1378 CC elenca os dois elementos da servidão de direito privado (autonomia da vontade + contrato privado). O dono do prédio serviente se obriga a tolerar o seu uso pelo prédio dominante, que será favorecido para algum fim específico. 
 
 prédio dominante X prédio serviente. 
Não confundir com a servidão administrativa, imposta pela Administração Pública: passagem de fios da rede elétrica em propriedade privada; placas com nomes de ruas nos imóveis privados; implantação de gasodutos ou oleodutos em áreas privadas; servidão de trânsito, atravessando a propriedade particular. 
SERVIDÃO ADMINISTRATIVA. 
Objeto da servidão administrativa: bens imóveis (doutrina majoritária) privados, podendo também ser instituída sobre bem público. 
Formas de instituição: 
Acordo entre o proprietário e a Administração Pública, por escritura pública (RGI). 
b) Sentença judicial (RGI). 
c) Por lei (controvertido). 
Formas de extinção: regra é a permanência do instituto, mas podem ocorrer fatos supervenientes que levem à sua extinção. 
Perecimento do bem gravado.
b) Incorporação do bem gravado ao patrimônio da pessoa administrativa a que foi instituída. 
SERVIDÃO ADMINISTRATIVA. 
C) Desinteresse público sobre o bem gravado.
Em qualquer caso, observar a formalidade da desconstituição da servidão administrativa (RGI). 
Indenização: regra = efetivo prejuízo (prévia e condicionada). Prazo de cinco anos (art. 10, parágrafo único, DL 3.365/41). 
 QUALQUER MODALIDADE RESTRITIVA PODE RECAIR NUMA SITUAÇÃO DE DESAPROPRAÇÃO INDIRETA. 
Servidão ex lege em terrenos reservados – servidão ex lege de trânsito (Súmula 479 STF). 
 
REQUISIÇÃO ADMINISTRATIVA. 
Forma de intervenção estatal na propriedade privada decorrente de situação de iminente perigo público. Art. 5º, XXV da CF. É sempre um ato de império e discricionário do poder estatal, mas condicionado ao perigo/calamidade pública iminente.
Fundamentos: art. 5º, XXII, XXIII; XXV da CF; art. 170, III da CF. Art. 1228, §3º CC. 
Objeto: bens móveis, imóveis e serviços. 
 - Pode haver a requisição administrativa de bens públicos? 
    - Cuidado com a redação do artigo 136, §1º, II da CF = requisição administrativa. 
Forma de instituição: ato administrativo. Extingue-se tão logo cesse o perigo público. 
Indenização: regra = efetivo prejuízo (ulterior ou a posteriori). Prazo de cinco anos, contados do uso efetivo do bem pelo Poder Público. 
OCUPAÇÃO TEMPORÁRIA. 
Forma de intervenção estatal que recai sobre bens imóveis privados (regra), na qual o Poder Público se utiliza transitoriamente desses bens, como meio de apoio à execução de obras e serviços púbicos, SEM que haja situação de perigo público iminente. 
Fundamentos: art. 5º, XXII, XXIII; art. 170, III da CF; art. 36 DL 3.365/41. 
 
Modalidades: - OCUPAÇÃO TEMPORÁRIA VINCULADA À DESAPROPRIAÇÃO;
 
 Formal (decreto); indenização obrigatória (prejuízo presumido).
 - OCUPAÇÃO TEMPORÁRIA DESVINCULADA A UMA DESAPROPRIAÇÃO. 
 Só indeniza mediante prejuízo devidamente comprovado 
 (prazo de 05 anos). 
OCUPAÇÃO TEMPORÁRIA / LIMITAÇÃO ADMINISTRATIVA.
Forma de instituição: (controvertida). 
 Decreto administrativo (vinculada a uma desapropriação) ou acordo administrativo. Cessada a atividade administrativa que tenha levado à utilização do bem, a propriedade deverá ser devolvida ao seu proprietário. 
LIMITAÇÕES ADMINISTRATIVAS: são imposições do poder estatal, através de atos legislativos ou administrativos gerais, impessoais e abstratos, que condicionam o exercício de direitos ou atividades privadas em prol do bem estar da coletividade. Têm fundamento no poder de polícia (art. 78 CTN). 
 Para a validade da limitação administrativa, esta deve estar embasada pela supremacia do interesse público sobre o interesse privado e a existência de uma lei ou ato normativo equivalente que respalde o ao administrativo que irá condicionar a atividade do particular (obrigação de fazer ou de não fazer). 
 Ex: Imposição de o particular não construir sobre área non aedificandi. 
 Imposição de gabaritos de prédios (limitação de altura). 
LIMITAÇÃO ADMINISTRATIVA. 
Ex: Imposição de área de preservação ambiental. 
Indenização: em regra, não são indenizáveis, devido ao caráter geral e abstrato da norma que traz a limitação ao particular. Apenas mediante prejuízo devidamente comprovado pelo particular, dentro do prazo de 05 anos. Conforme entendimento jurisprudencial pacificado, “ viola o princípio da boa-fé objetiva o particular que adquire, por sua conta e risco, imóvel dentro de área de proteção a mananciais, ciente das limitações impostas à propriedade, e, posteriormente, vem a exigir indenização do Estado a pretexto dessas mesmas limitações”. 
TOMBAMENTO – DECRETO-LEI Nº 25/1937. 
Implica em um ato de reconhecimento do valor histórico, artístico, paisagístico, turístico, cultural ou científico de coisas e locais, transformando-os em patrimônio oficial e instituindo-lhes um regime jurídico especial, com a inscrição desse ato em livro próprio (livro do tombo – RGI). 
Fundamento legal: art. 216, §1º da CF e Decreto-Lei 25/37. 
Natureza jurídica do ato de tombamento é controvertida: ato discricionário para uns, ato vinculado para outros; para uns é declaratório, para outros, é constitutivo. E há quem entenda que a restrição imposta pelo tombamento se trata de uma servidão administrativa, mas para outros trata-se de uma limitação administrativa. 
Competência para a instituição: todos os entes federativos podem tombar e legislar a respeito (competência suplementar para os Municípios e concorrente para os demais). 
 Na esfera federal, o IPHAN tem a competência técnica para decidir sobre o tombamento. 
 - REGRA para as modalidades de intervenção estatal na propriedade privada: art. 2º, §2º DL 3.365/41. EXCEÇÃO PARA O TOMBAMENTO (STJ). 
TOMBAMENTO. 
Objeto: bens móveis, imóveis, corpóreos e incorpóreos. 
 
Modalidades: 
VOLUNTÁRIO; 
COMPULSÓRIO;
DE OFÍCIO. 
- PROVISÓRIO (notificação ao proprietário);
- DEFINITIVO (RGI – inscrição no Livro do Tombo). 
Efeitos: imutabilidade do bem; dever de conservação pelo proprietário dentro de suas características culturais; limitação para as construções vizinhas em torno do bem tombado (servidão administrativa: dominante é o bem tombado, servientes são as construções vizinhas). 
 O bem não poderá ser desapropriado, exceto para a própria preservaçãodo bem. 
 O tombamento acompanha o bem, este poderá ser alienado, mas não modificado. 
TOMBAMENTO – fases do procedimento administrativo: 
 
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TOMBAMENTO. 
Anulação e revogação: razões de ilegalidade ou discricionariedade administrativa por motivos de interesse público superveniente ao ato de tombamento. 
DESTOMBAMENTO
Na proteção ao patrimônio histórico, o tombamento não é o único instituto passível de utilização: Direito de Petição (art. 5º, XXXIV, a da CF); Ação Popular (Lei nº 4.717/65); Ação Civil Pública (Lei nº 7.347/85).

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